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Sobre dinâmicas urbanas brasileiras: permanências e impermanências

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Academic year: 2021

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Sobre dinâmicas urbanas brasileiras: permanências e impermanências

Katia Atsumi Nakayama1A B C D E F

Programa de pós-graduação em gestão urbana, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, Paraná - Brasil. E-mail: nakayama.katia@gmail.com

Marcio Siqueira Machado A B C D E F

Programa de pós-graduação em gestão urbana, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, Paraná - Brasil. E-mail: marciomachado80@gmail.com

Fernanda Cantarim A B C D E F

Programa de pós-graduação em gestão urbana, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, Paraná - Brasil. E-mail: fernandacantarim@hotmail.com

Resumo

O artigo discute a cidade e suas dinâmicas a partir de um enfoque teórico de tempo e espaço no século XX. Objetiva-se discutir dois cenários sobre a perspectiva da cidade: um de natureza permanente; e outro, de natureza transitória ou impermanente. Para tanto procede-se ao estudo de caso, que relata o surgimento das principais instituições e iniciativas de soluções urbanas no Brasil, categorizadas em três tipos de usos e/ou apropriações do espaço urbano: habitação, comércio e mobilidade. A prioridade analítica deste artigo é de natureza temporal, com foco no período entendido como modernidade. Observa-se que a multiplicação de inovações criadas em resposta aos dilemas urbanos globalizados demonstra uma aceleração nas dinâmicas urbanas em diversas escalas. Em meio a esse cenário mais impermanente, chega-se à conclusão de que as impermanências se aceleram e repetem-se tanto, que elas passam a ser rotineiras; quase um novo tipo de permanência.

Palavras-chaves: Permanências. impermanências. Globalização. Modernidade. Dinâmicas urbanas.

NAKAYAMA, Katia, Atsumi; MACHADO, Marcio, Siqueira; CANTARIM, Fernanda. Sobre dinâmicas urbanas brasileiras: permanências e impermanências. Revista Políticas Públicas & Cidades, Belo Horizonte, ano 2019, v. 8, n. 3, 14 dez. 2019. Seção artigos, p. 32-48. https://doi.org/10.23900/2359-1552v8n3_3

Submetido: 30 de abril de 2019 Aceito: 10 de dezembro de 2019 Publicado: 14 de dezembro de 2019

1 Contribuição: A. fundamentação teórico-conceitual e problematização; B. pesquisa de dados e análise estatística; C. elaboração de figuras e tabelas; D. ilustrações; E. elaboração e redação do texto; F. seleção das referências bibliográficas.

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Introdução

Entre as discussões sobre a modernidade, uma bastante recorrente versa sobre a intensificação da velocidade das transformações nos últimos anos (GIDDENS, 1997; CASTELLS, 1999; BAUMAN, 2001). Em termos de processo há predomínio da ideia de que a mais recente fase da globalização agiu como dinamizadora na velocidade do tempo e na diminuição das fronteiras físicas. Constata-se que as transformações causadas pela globalização são responsáveis por uma fase de transição dentro da modernidade, sem rupturas bruscas visíveis nesse momento. Essa transição é caracterizada por um percurso entre dois momentos: um mais permanente e outro mais impermanente.

Entre os autores que discutem tais processos de transição dentro da modernidade, Bauman (2001) a divide em sociedade sólida e líquida; Ulrich Beck (2005) a classifica em primeira modernidade e segunda modernidade e Giddens (1997) analisa a modernidade, introduzindo o conceito de modernidade reflexiva após período da globalização. Haveria assim, esses dois momentos, nos quais dentro de um processo incremental, o último estaria condicionado a uma maior instabilidade em suas estruturas. Nessas teorias a variável tempo altera-se mais frequentemente. Os momentos passam a ser definidores dos processos, mas a percepção do espaço também se altera. A cidade é palco de diferentes dinâmicas urbanas e sociais, e, portanto, é sensível às transformações nas estruturas e relações sociais.

Nesse contexto, entre os poucos consensos existentes no modo de se pensar a cidade hoje, dois podem ser ressaltados neste artigo. O primeiro é a ruptura representada pela revolução industrial com a consequente urbanização advinda dela. O conceito que se convencionou chamar de modernidade, que é racional, setorizado e tradicional, caracteriza esse momento. O segundo entendimento é menos hegemônico e descreve os efeitos da globalização ou da atual fase da globalização. Existe uma discordância na literatura sobre datas ou recortes temporais que identifiquem o início e fim dessa fase. Também há dissenso sobre a intensidade desse processo: alguns a qualificam como uma nova ruptura (HARVEY, 2007; BAUMAN, 2001; SASSEN, 1991); outros a compreendem apenas como uma fase de intensificação da própria modernidade (HABERMAS, 2000, BECK, 1986; GIDDENS, 1997).

O objetivo deste artigo é discutir o percurso de transformação entre dois contextos da cidade: da permanente, fixa ou reduzida; à impermanente, flexível ou global. A partir da distinção entre cidade permanente e impermanente, busca-se identificá-las em temas urbanos, discutindo e comparando os cenários em três categorias (habitacional; trabalho/comércio; e mobilidade) a partir de dados para o contexto urbano brasileiro. A discussão parte de perspectiva teórica para comparar as fases da modernidade desde seu início, a primeira revolução industrial, até a atualidade.

Existe certa tendência no campo acadêmico e prático de estudos urbanos de focar em estruturas visíveis e fixas, uma vez que elas são, muitas vezes, mais fáceis de se analisar e modificar. Ao discutir as permanências e impermanências abrem-se novas perspectivas para debates epistemológicos e práticos no contexto urbano. Desse modo, apresenta-se uma proposta de entendimento de planejamento urbano na modernidade em um paradoxo entre a condição mais permanente do espaço da cidade e a velocidade de transformação política social impostas pela modernidade.

O artigo é divido em três partes. A primeira discute o contexto de permanências e impermanências, a partir de alguns fundamentos teóricos e suas aplicações na cidade. Na segunda parte são apresentadas descrições dos cenários a partir de dados empíricos e discussão teórica sobre permanências e impermanências da modernidade. Por último, a terceira parte traz as considerações finais, onde se especula sobre o futuro desse processo.

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Contexto de permanências e impermanências urbanas

O crescimento das estruturas físicas e sociais temporárias tem caracterizado grande parte dos processos do mundo em globalização. Cresce a necessidade de se compreender quais dinâmicas são efêmeras e quais apresentam maior permanência; e de perceber as continuidades, rupturas ou inflexões nos processos avaliados. Segundo Foucault (2008), deve-se avaliar como:

as continuidades se puderam estabelecer; de que maneira um único e mesmo projeto pôde-se manter e constituir, para tantos espíritos diferentes e sucessivos, um horizonte único; que modo de ação e que suporte implica o jogo das transmissões, das retomadas, dos esquecimentos e das repetições; [...] - o problema não é mais a tradição e o rastro, mas o recorte e o limite; não é mais o fundamento que se perpetua, e sim as transformações (pg.6).

Castells (1999) ao discorrer sobre as lógicas das Revoluções Tecnológicas, analisa as características dessa revolução a partir dos subsídios fornecidos pelas transformações ocorridas desde a primeira Revolução Industrial. Conforme o autor, a construção das estruturas sociais modernas são resultado de dois momentos relevantes na história.

O primeiro momento é a Revolução Industrial, com início no século XVIII - período em que há substituição das tarefas manuais pelas máquinas e a descoberta de fontes de energia e subsequente meios de comunicação. Nesse sentido, as Revoluções Industriais deram respaldo para outras mudanças na história; sendo responsáveis pela base material para “distribuir, produzir e comunicar” (CASTELLS, 1999, p. 75) a era moderna. A primeira ruptura verificada acontece na revolução industrial. Nesse momento, o visível é separado do invisível; os objetos passam a ser separados dos processos.

O segundo momento relevante, intensificado a partir na metade do século, foi a Revolução Tecnológica, caracterizada por inovações nos meios de tecnologias e produção. A velocidade da comunicação, invenção da internet, avanço digital e facilidade em transpor longas distâncias são as principais características.

De fato, as transformações de comportamento e novas descobertas das revoluções deram suporte para a condição globalizada com início na Revolução Tecnológica; caracterizada pela intensidade de troca de fluxos em diversos setores da sociedade. Os efeitos da recente globalização geraram novos paradigmas sociais, sobre os quais se fundamentaram as discussões de diversos autores (SASSEN, 1991; BECK, 1997; GIDDENS, 1997), entre outros. A teoria das metapoles de Ascher (GUALLART, 2003), em grande parte fala desse mesmo processo:

este “meta-lugar” ou “lugar dos lugares”, identificável - mais de forma abstrata e menos fisicamente - como uma estrutura múltipla e multiescalar composta de diferentes encarnações (ou realidades) combinatórias de transformações e evoluções superpostas: um quadro “de rede” ou “de redes” dinâmico, flutuante e definitivamente inacabado, que compreende situações singulares e relações mutáveis (p. 430).

A mutabilidade se torna a qualidade mais exacerbada dos tempos atuais. Essa característica se reflete nas relações na cidade e entre cidades, conferindo uma complexa dinâmica para as redes. A cidade e suas relações com fluxos, polarizações e hierarquias nas redes urbanas são questões que ganharam mais visibilidade no mundo científico a partir de 1930. A princípio, a percepção de seu estudo era baseada em uma leitura locacional e organizada em uma hierarquia rígida, embasado em aspectos mais materiais e práticos - normalmente relacionadas a distância, perecibilidade dos produtos e ao capital. Christaller apresentou sua teoria dos lugares centrais na publicação Central Places in South Germany (CHRISTALLER,

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1933); mais tarde, August Losch se apropria e a complementa em The Economics of Location (LOSCH, 1954). Braudel (2006, p.27), em Perspectives of the World discute essa rede em escala ampliada e conclui que a economia mundial teria um centro urbano de gravidade que polariza cidades subordinadas. Peter Hall (1966) tipifica e hierarquiza o posicionamento de cidades em redes urbanas, nomeando-as “cidades mundiais” (HALL, 1966).

A partir de 1970 os estudos sobre a forma das redes urbanas e interpretação das relações entre cidades se adaptam para compreender os impactos da globalização em suas estruturas. Influências culturais, trocas intelectuais, generalização de serviços, comércio, equipamentos e alta especialização se tornam aspectos chaves das interações entre cidades. No meio científico, intensificam-se discussões sobre relações horizontais e verticais e o desmonte da hierarquia urbana tradicionalmente rígida (CANTARIM, 2015). As barreiras geográficas e distâncias físicas se tornam menos determinantes na constituição das redes urbanas. Saskia Sassen (2003) teoriza que a capacidade de uma cidade se tornar global está vinculada com seu nível de conectividade social, funções centrais, suas alianças internacionais, elite e projetos desnacionalizados.

Lencione (2010) classifica as redes urbanas em duas tipologias distintas - a de proximidade territorial/absoluta e a de proximidade relativa. A primeira se baseia em uma lógica de análise territorial e física; a segunda diz respeito a uma rede fortemente centrada em fluxos imateriais, de informação, serviços e produtos imateriais - onde barreiras e distâncias físicas são diluídas. Nesse momento, a capacidade de se comunicar em uma rede ampliada torna-se tão importante quanto a estrutura física do centro urbano. Segundo Harvey (2007, p.220), existe o que se convencionou chamar de compressão simultânea do espaço-tempo - fenômeno que possibilitou a rede global de cidades criar conexões que praticamente independem das distâncias físicas.

Saskia (1991), na teoria das cidade globais, se apropria das cidades mundiais de John Friedman (FRIEDMAN, 2006), mas se distingue ao apresentar a premissa de que essas cidades estariam: 1- reforçando as relações entre as cidades, 2- servindo de base para a atuação de serviços especializados destinados a empresas, e 3- realçando as habilidades de comando e controle que empresas localizadas em seus territórios concentram (SASSEN, 1991). No mesmo sentido, Ultramari conecta o fato urbano a um mundo mais amplo: “Desaparece a aldeia, o fato urbano isolado, e surge a cidade espacial, concreta e virtualmente integrada com o mundo, confundindo-se com ele” (ULTRAMARI, 2005, p.35).

Existem diferenças cada vez mais claras entre a cidade tradicional e a cidade globalizada, a primeira é constituída de dinâmicas mais lentas e rígidas, e transformava-se por adição de novas partes urbanizadas ou por crescimento vertical; a segunda, a cidade global, é mutante e fundamentalmente ligada a impermanência. Clark, ao classificar as cidades globais, descreve três tipos: estabelecidas, emergentes e novas (CLARK, 2016, p.118). Passa a existir uma hierarquia flexível, sujeita a modificações, sensíveis às mudanças políticas, econômicas e sociais em escala mundial e quase instantânea.

A Figura 1. procura sintetizar os cenários identificados a partir das discussões deste artigo e de acordo com autores e teorias selecionadas.

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Figura 1: Descrição dos cenários de permanências e impermanências. Fonte: Os autores, 2019.

A revolução industrial surgiu como inflexão que levou a uma nova dinâmica no processo de urbanização, introduzindo a modernidade. Caracterizam essa fase o crescimento urbano, a racionalidade, a padronização e a valorização da tradição nos processos. As cidades eram dominadas pelas permanências. Não há limites claros ou inflexões mais significativas a partir de então, a ruptura entre as dinâmicas urbanas permanentes e impermanentes parece ser mais gradual.

Há na literatura uma divergência de interpretações sobre essas mudanças do século XX. Para alguns é uma fase de aceleração do capitalismo e como uma onda da globalização, formada por mais permanências do

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que impermanências. Para outros, existem rupturas mais visíveis, nomeada por alguns de Revolução Tecnológica. Os períodos e datas estipulados na literatura não são precisos e consensuais; porém há uma concordância sobre o aumento da influência da globalização nos processos sociais e urbanos e o paulatino crescimento das impermanências nas dinâmicas urbanas.

Por fim, alguns autores (a exemplo de HARVEY, 2007) vislumbram uma nova fase, na qual a modernidade já foi superada e há o surgimento de uma terceira fase, caracterizada pela predominância de impermanências cada vez mais efêmeras e repetitivas, gerando certa continuidade.

Ao analisar as transições da modernidade causadas pela recente globalização, Bauman (2001) a divide em duas fases: a modernidade sólida e a líquida. A modernidade sólida é ordenada, racional e previsível; onde as estruturas sociais são mais estáveis e se verifica a presença de linhas burocráticas como forma de organização racional das instituições humanas. Já a modernidade líquida é relacionada pelo autor a um cenário de constantes fluxos de informações e incertezas em setores que vão desde a instabilidade dos indivíduos – como a instabilidade ocupacional pela competitividade das empresas em nível global – até a dissolução das estruturas sociais e de identidades (BAUMAN, 2001). Desse modo, a definição da modernidade líquida seria a desintegração de estruturas do trabalho, tempo, espaço e comunidade - entre outras estruturas formais da sociedade.

Segundo o autor, a transição entre os dois períodos estaria no momento de ruptura causado pela globalização, o qual ocasionou “quebras nas formas” (BAUMAN, 2001, p. 14) para se adequar a novas ordens da sociedade, ou seja, a transformação das estruturas sólidas em um estado mais dinâmico e fluido.

Beck e Lau (2005) também caracterizam a modernidade em duas etapas, classificando-a em primeira modernidade e segunda modernidade. Segundo os autores a primeira modernidade é baseada em uma sociedade: de estado-nação; de individualização programática; maior estabilidade de empregos; presença de um conceito cientificamente definido de racionalidade e marcados pela compreensão segmentada dos diversos setores sociais (economia, política, cultura, ciência...), sendo esses últimos interpretados de formas funcionais e individualizadas. A segunda modernidade é vinculada às características multidimensionais da globalização; à individualização radicalizada; à crise ambiental global; à evolução dos gêneros (igualdade dos mesmos nos aspectos empregatícios) e uma terceira revolução industrial (SORESEN; CHRISTIANSEN, 2013). Segundo Beck (1997) essa última fase é resultado dos processos de modernização reflexiva, onde a modernidade se auto confronta, como processo de continuidade da modernização.

Outra classificação para as fases modernas é apresentada por Giddens (1997). Segundo o autor, a nova fase de modernidade representa uma ruptura nas tradições, ao mesmo tempo que também entende que estas não desaparecem, apenas tornam-se opcionais. Dessa forma, a tradição não é mais uma obrigação, mas um processo de criação e recriação a partir de condicionantes. O processo de reflexibilidade da modernidade nunca é completamente estável, ao contrário, está sempre se renovando.

Em complemento a essa dinâmica temporal, o espaço segue essa mesma tendência de tornar-se cada vez mais impermanente. A escala do pensamento urbano amplia-se, valorizando uma visão global e em redes. Como resultado desse processo a complexidade das dinâmicas urbanas aumenta e consequentemente a incerteza sobre seu funcionamento.

Mesmo havendo diferenças, as teorias de Bauman (2001), Beck e Lau (2005), Harvey (1997) e Giddens (1997) – são delimitadas a partir das características de descontinuidades, as quais separam a modernidade

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em fases. Gane (2001) ao comparar as interpretações de modernidade de Beck, Bauman e Giddens, identifica um grande ponto de convergência entre as teorias, apontando para o fato de que todas levantam o surgimento de um mundo mais efêmero depois da recente globalização.

É evidente a existência de um momento de descontinuidade entre essas duas fases, que segundo Gane (2001), faz surgir preocupações em todas as teorias sobre as políticas em tempos de globalização, buscando encontrar soluções, principalmente, no que diz respeito à justiça social e compromisso com revitalização da esfera pública.

A partir das teorias apresentadas, a próxima seção discute os cenários permanentes e impermanentes em três categorias selecionadas (habitação, comércio e mobilidade). As comparações são ordenadas segundo critérios de análise propostos. Busca-se compreender os aspectos de permanências e impermanências em contextos urbano e estender as análises desses cenários para conjecturas.

Das comparações empíricas entre permanências e impermanências urbanas

Com base nas teorias apresentadas, desenvolve-se um quadro síntese com os três principais critérios de discussão das mudanças ocorridas após início da recente globalização. A figura 2. reúne três tipologias de critérios de análise para nortear as discussões das permanências e impermanências desta seção. A primeira é a organização política e territorial da sociedade, na qual se analisam as tipologias de planejamento, ocupação e gestão urbana. A segunda refere-se às instituições das sociedades, que analisa as perspectivas dos padrões de vida da sociedade. A terceira tipologia é de critério, processos e gerência, que analisa formas de produção e administração das categorias observadas.

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As comparações entre os dois cenários são realizadas a partir da fundamentação teórica apresentada; levando ao desenvolvimento de comparações por meio da classificação em três subdivisões de temas urbanos: 1) habitação; 2) comércio e 3) mobilidade. Para cada uma foram definidos dois eixos de análise: um permanente e outro impermanente (ver Quadro 02). As comparações são realizadas em um contexto brasileiro, por meio de análises qualitativas exploratórias e discussão teórico conceitual.

Para a seleção de dados dos cenários permanentes utilizou-se de marcos regulatórios (marcos legislativos e planos) no Brasil para as três subdivisões. Para os cenários impermanentes foram selecionados uma amostra de no mínimo três instituições/organizações recentes, cujos os dados são disponibilizados pela mídia ou em websites próprios.

Verifica-se neste último cenário a dificuldade em selecionar as instituições/organizações impermanentes, considerando sua característica efêmera (algumas startups podem durar poucos anos ou meses; seja por insucesso, seja devido a fusões ou vendas); fato que é relacionado à própria modernidade. Neste sentido, a amostra dos cenários permanente e impermanente são parâmetros balizadores de uma realidade maior e mais complexa. Cabe ressaltar que essas instituições e marcos regulatórios são em nível nacional, ou seja, são responsáveis por alinhar políticas e ações de planejamento urbano para posterior apropriação em escala local. No caso das instituições/organizações do cenário impermanente, utilizou-se como referência o ano em que estas foram criadas e/ou introduzidas no país. A figura 4 apresenta a relação e ano de criação das principais instituições/organizações e marcos regulatórios envolvidos com cada subdivisão de análise.

As três subdivisões são exemplos de usos e formas de apropriação da cidade que fazem parte de um conjunto complexo de estruturas e relações que a compõem. Entende-se que o contexto urbano é um mundo maior; onde há diversas possibilidades de categorias de análise para os cenários de permanência e impermanência. Este artigo limita-se a uma discussão preliminar baseada apenas em três, mas que potencialmente pode ser ampliada para demais usos e apropriações do espaço urbano.

O recorte temporal possui ênfase nos cenários urbanos modernos: do primeiro período da revolução industrial até o momento atual. A partir deste último cenário são também discutidas as possibilidades de extensão das discussões para as conjecturas urbanas. A figura 3. faz a apresentação de alguns exemplos de usos e apropriações urbanas nos cenários de permanências e impermanências.

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Figura 3: exemplos de usos e apropriações urbanas em cenários de permanência e impermanência. Fonte: Os autores: 2019. As categorias de uso e apropriação do espaço urbano são apresentadas por meio de uma leitura temporal dos cenários permanentes e impermanentes, com inserção de dados empíricos que explicam algumas comparações. Os resumos das informações obtidas em cada categoria são apresentadas nas figuras 5, 6 e 7.

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Ao analisar a categoria de habitação sob a perspectiva das condicionantes de sua implantação, observam-se desconformidades entre o tempo do planejamento urbano tradicional - baobservam-seado na formalidade de planos, períodos de aprovação e burocracias legislativas - e o da sua efetivação no espaço. O tempo do planejamento é mais lento que as mudanças sociais e tecnológicas que acontecem na cidade. Essa discrepância aumenta com os efeitos da globalização e a aceleração da velocidade de transformações que ocorrem na sociedade. Sobre tais diferenças de velocidades de tempo da modernidade e do planejamento urbano, Ultramari e Silva (2017) ao discutir mudanças em instrumentos do planejamento urbano (Planos Diretores) ao longo na história, observam que as relações:

são importantes por sugerirem um pensar sobre a cidade como um fenômeno mutável, sempre relacionado com contextos diversos, porém já verdadeiramente constituído. Este seria um fenômeno significativo para as décadas recentes em termos do urbano brasileiro que é o da consolidação de seu processo: prosseguem as mudanças, porém paradoxalmente, como um objeto finalizado, como alterações de suas partes, envelhecendo e criando.

Uma observação sobre essa diferença de tempo do planejamento urbano, constata-se que o Estatuto das Cidades (2001), cria um cenário anacrônico entre permanências e impermanências, por ser considerada uma lei que valoriza o planejamento tradicional por meio do Plano Diretor, e ao mesmo tempo, surge em meio a uma concentração de fenômenos impermanentes.

Conforme apresentado na figura 4, na categoria habitação as impermanências costumam surgir de duas formas: uma condicionada pelas novas propostas de habitação definidas pelo setor de planejamento urbano; e outra pela insurgência de mudanças advindas da própria sociedade. Respectivos exemplos são a introdução de novas soluções de políticas habitacionais (exemplos: aluguel social, mudança de zoneamento) e a execução de habitações emergenciais em locais risco2 coordenadas por Organizações Não-Governamentais (ONGs) ou ainda o surgimento de habitações irregulares. Estes dois últimos exemplos correspondem com as teorias da modernidade de Beck (1986) sobre a intensificação da sociedade de risco e impermanências, após efeitos da última globalização.

Habitações informais são em sua criação idealmente impermanentes, mas apresentam a singularidade de se tornarem muitas vezes permanentes. Este mesmo paradoxo, também se repete nas áreas destinadas ao acolhimento de refugiados. No Brasil a lei de refúgios está em vigor desde 1997. Em alguns campos em zonas de conflito na África e Ásia, assentamentos para pessoas em algum tipo de risco permanecem montados há décadas. Alguns refugiados nasceram e viveram dentro dos campos, que em alguns casos são comparáveis a cidades. Alguns campos, como o de Zaatari na Jordânia, abriga mais de 80 mil pessoas; e estima-se que o tempo médio de permanência dos campos seja de 17 anos. Especialistas como Killian Kleinchmidt afirmam que essas estruturas devem ser tratadas como permanentes, formando o que ele chama de cidades do amanhã (RADFORD, 2015).

Em relação ao processos e gerências das diretrizes habitacionais, atualmente existem diferentes formas utilizadas pelo poder público e parcerias público-privadas. Um exemplo é a trajetória dos programas de incentivo habitacional no Brasil. O Banco Nacional de Habitação (1964) possui um roteiro de acompanhamento completo do processo de implementação e construção das habitações sociais; diferentemente, o programa “Minha Casa Minha Vida” (2009) mesmo que ainda coordenado por 2 Conforme dados disponibilizados pela TETO, Organização sem fins lucrativos, no Brasil até 2017, foram construídas 4.100

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instituições públicas, apresenta uma certa fragmentação das atividades, que agora são terceirizadas e distribuídas entre parcerias público-privadas. Outra mudança notável é a flexibilizações de uso e desenhos dos projetos habitacionais, com carácter múltiplo.

No cenário impermanente, cabe ressaltar o surgimento de habitações transitórias on-line, as quais oportunizam uma nova forma de espacialização para a categoria. A alternativa de uso de aplicativos em redes, permite o contrato temporário de novas formas de habitar; com possibilidade de contratação remota desde qualquer parte do mundo. Esta abrangência geográfica do serviço altera a setorização pré-determinada pelo zoneamento urbano, possibilitando a extensão de quaisquer áreas para usos diferentes; uma consequência da intensificação de usos na cidade e uma quebra das lógicas impostas pelo setorizações do planejamento tradicional.

Ainda em relação às instituições/organizações privadas de habitação transitórias, observa-se que algumas adaptam seus serviços de acordo com adversidades urbanas. Um exemplo é o Open Homes3 - programa vinculado aos serviços de aluguéis de curta duração do Airbnb - plataforma que disponibiliza habitação temporária em casos emergenciais. Nesse contexto, observa-se a atuação das instituições e organizações impermanentes como auxiliares em dilemas urbanos onde o tempo de resposta do planejamento urbano tradicional se mostra moroso e burocrático. Dessa forma, reitera-se que as permanências e impermanências coexistem, e que por vezes dialogam e se complementam. Essa comunicação possibilita que demandas não respondidas rapidamente pelo instituições tradicionais de planejamento urbano sejam temporariamente remediadas pelas instituições/organizações impermanentes (normalmente não-governamentais ou de iniciativa privada). Essa lógica de comunicação também está presente em outros usos e apropriações do espaço urbano4. A figura 5 resume as características dos cenários de permanência e impermanências para a subdivisão de habitação.

3https://www.airbnb.com.br/openhomes

4 Como por exemplo na categoria mobilidade. Segundo informações da empresa Uber, em alguns casos há a flexibilização das tarifas por demanda em casos de evacuação - como em episódio de áreas de risco de furacão na Flórida.

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Figura 5: Habitação - cenários de permanências e impermanências no Brasil. Fonte: Os autores, 2019

Da mesma forma, as dinâmicas de trabalho e do setor comercial também se adaptaram de acordo com os processos de aceleração da modernidade. Práticas tradicionais coexistem com novos modelos de comercialização e trabalho nos espaços urbanos; gerando umamultiplicação e diversificação dos tipos de serviços comerciais. Os produtos não apenas se atualizam, mas diversificam-se na ânsia de atender ao individualismo da modernidade (BAUMAN, 2001). A figura 6 resume os cenários permanente e impermanente relacionados à categoria comercial.

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Figura 6: Comércio - cenários de permanência e impermanência no Brasil. Fonte os Autores, 2019.

Formas móveis de comercialização de produtos sempre existiram, a exemplo das feiras livres. Serviços de entrega em domicílio mediante pedidos por telefone também são usuais há décadas em diversos setores comerciais. Contudo, a disseminação de pedidos online5 por meio de aplicativos criou um paradigma6. No Brasil, o setor de entrega de comida movimentou R$ 205 bilhões em 2018.7

O mesmo aconteceu com as formas de territorialização do trabalho. Com o crescimento do setor de serviços e sua posterior especialização cada vez mais acentuada, as dinâmicas entre trabalho e espaço se adaptaram. A terceirização contribui nesse processo - existem empresas especializadas em prestar serviços ao setor comercial, alguns exemplos são espaços de coworking e laboratórios colaborativos, que permitem fornecer uma sede temporária para profissionais e pequenas empresas que não dispõem de sede física fixa. Existem também serviços feitos exclusivamente de maneira remota, eliminando a necessidade de espaço formal de trabalho.

Por sua vez, a mobilidade, por mais paradoxal que seja, apresenta diversos aspectos permanentes. A infraestrutura é eminentemente fixa; paradas, estações, pontos de táxi, e terminais. As linhas de 5Portal Endeavour, 10/02/2019. Disponivel em: https://endeavor.org.br/historia-de-empreendedores/digital-verticalizada-e-no-brasil-conheca-a-estrategia-da-amaro-para-construir-a-marca-de-moda-mais-amada-do-pais/

6 Revista Forbes, 28/01/2019: How ghost restaurants are changing the restaurant business model?, Disponivel em: https://www.forbes.com/sites/lanabandoim/2019/01/28/how-ghost-restaurants-are-changing-the-restaurant-business-model/#4439ab3a41d7

7 Revista Forbes Brasil,, 30/06/2019. Disponivel em: https://forbes.uol.com.br/negocios/2019/06/conheca-o-bilionario-mercado-de-entregas-de-comida/

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transporte público podem alterar-se com o tempo, ou variar a frequência, mas seguem a lógica de uma infraestrutura mais permanente. Assim como na categoria habitacional, há um retardo por parte do planejamento tradicional em acompanhar as novas demandas de mobilidade. Diferentes modalidades de transporte urbano cresceram e ganharam público nas cidades - como caronas compartilhadas, bicicletas e patinetes.

As novas tecnologias associadas à aplicativos vieram para responder a esses problemas de maneira rápida. A tarifa praticada pelos aplicativos de carona, assim como a quantidade de motoristas disponíveis, se tornaram grandes facilitadores do deslocamento intra-urbano. A Figura 7 resume os cenários permanente e impermanente para a categoria de mobilidade.

Figura 7: Mobilidade - cenários de permanências e impermanências no Brasil. Fonte: os autores, 2019.

Mesmo as políticas públicas de transporte, aparentemente mais flexíveis, sofrem de um certo atraso em relação ao atual ritmo das mudanças sociais. Aplicativos como o Waze e Googlemaps, por exemplo, alteraram a dinâmica de percursos em muitas vias. Caminhos normalmente pouco utilizados, passam a ganhar mais relevância devido às sugestões realizadas pelos aplicativos aos usuários.

Em situações de desastres, esse atraso das políticas públicas de mobilidade em relação às plataformas baseadas em tecnologia fica ainda mais claro. Durante a passagem de furacões nos EUA, empresas como a Uber não aplicaram a tarifa dinâmica, e em algumas ocasiões, zeraram suas cobranças para a população em perigo. Novamente, percebe-se que as instituições/organizações de caráter impermanente se

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flexibilizam para auxiliar em questões urbanas que o planejamento urbano tradicional não consegue responder com agilidade.

O próximo item apresenta reflexões baseadas nas descrições de cenários permanente e impermanente apresentados neste artigo.

Considerações Finais

As observações realizadas sobre as categorias urbanas de habitação, comércio e mobilidade evidenciam a intensificação do cenário impermanente, seguindo a lógica das teorias sobre modernidade apresentadas. Em sua maioria, as impermanências urbanas são vinculadas aos avanços de tecnologia - como a internet e o desenvolvimento de aplicativos - como facilitadores8 que diminuem os limites de tempo e espaço nas novas dinâmicas urbanas. Nesse contexto, as transformações das Revoluções Tecnológicas citada por Castells (1999) teriam uma função relevante nas definições dessas subdivisões na cidade.

Ao analisar o critério das instituições da sociedade, observa-se que este apresenta novos paradigmas como resultado da individualização (BAUMAN, 2001); fragmentação das instituições tradicionais (GIDDENS, 1997), bem como, o surgimento de uma nova pluralidade de instituições familiares (BAUMAN, 2001). Em todas as categorias analisadas esse aspecto apresenta transformações nas relações individuais e coletivas orientadas pelas mudanças sociais que, por consequência, influenciam o urbano. Na habitação a transformação deste critério reflete em novas soluções e tipologias habitacionais; no comércio, em facilidade de acesso a qualquer tipo de produto; e na mobilidade em uma pluralidade de ofertas coletivas e privadas de serviço.

Desse modo, a observação dos cenários apresentados permite ensaiar quatro considerações. Primeiro, confirma as mudanças nas dinâmicas urbanas após metade do século XX. Segundo, de que as ações propostas pelo planejamento urbano tradicional possuem um tempo de reação mais lento do que a intensidade das dinâmicas urbanas recentes, deixando lacunas que por vezes são supridas por instituições/organizações de caráter mais impermanente. Essa sobreposição do planejamento urbano formal e do planejamento impermanente (privado e/ou não-governamental) por vezes é resultado de diálogo e complementaridade entre as partes, e, por vezes pode resultar em embates ou contratempos. Por um lado, o acréscimo das estratégias de parceria pública e privada e terceirização de serviço pelas políticas públicas habitacionais favorecem a velocidade de tratamento dos problemas dessa categoria; por outro, a característica burocrática e morosa do poder público em regulamentar novas formas de comércio e serviço (a exemplo de comércios itinerantes, como os foodtrucks; e de aplicativos de soluções em mobilidade, como Uber e Yellow) podem resultar em conflitos temporários.

Em terceiro, pode-se dizer que a sequência de mudanças aponta uma impermanência contínua. As transformações se repetem tão rapidamente que se tornam um padrão, como permanências mais curtas e rápidas. Seria, como descreve Habermas (2000, p. 11): “Um presente que se compreende, a partir do horizonte dos novos tempos, como a atualidade da época mais recente, tem de reconstituir a ruptura com o passado como uma renovação contínua”. No mesmo sentido, Ultramari e Duarte (2009, p.35) falam de processos cumulativos, pequenas inflexões ou de uma longa sobreposição de coisas que podem ser sintetizadas em uma sucessão de alterações (2009, p.27). Espacialmente, um exemplo é a fragmentação

8 Conforme a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) atualmente são aproximadamente mais de doze mil startups cadastradas no Brasil.

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de serviços do comércio; muitos fora de zoneamento pré-determinado, de forma dispersa e menos controlada, refletindo uma dissolução de usos e subjugação a velocidade das demandas.

Por último, as características da modernidade de inconstância e pluralidade também são refletidas nesta pesquisa. Há uma dificuldade em se analisar cenários mais impermanentes, considerando que estão em processo constante de transformação. Nesse sentido, reforça-se que a discussão proposta se limita a debater possíveis percepções de permanências e impermanências sob a ótica urbana, podendo ser ampliada para outras perspectivas e escalas.

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About Brazilian urban dynamics: permanencies and impermanences Abstract

The paper discusses the city and its dynamics from a theoretical approach of time and space in the 20th century. The aim is to discuss two scenarios about the perspective of the city: one of a permanent nature; and other, of a transitory or impermanent nature. To achieve that, it is proposed a case study witch reports about the rise of main urban solutions institutions and initiatives in Brazil, categorized in three uses and/or appropriations of the urban space: housing, retail and mobility. The analytical priority of this paper is time oriented, with focus on the period understood as modernity. The multiplication of innovations created as a response to the globalized urban dilemmas demonstrate an acceleration of urban dynamics in several scales. Inside this more permanent scenario, the conclusion reached is that impermanences repeat so often that they become ordinary; almost as a new form of permanence.

Keywords: permanence. impermanence. globalization. modernity. urban dynamics. Sobre la dinámica urbana brasileña: permanencias e impermanencias

Resumen

El artículo analiza la ciudad y su dinámica por medio de un enfoque teórico del tiempo y del espacio en el siglo XX. El objetivo del artículo es discutir dos escenarios sobre la perspectiva de la ciudad: uno de naturaleza permanente; y otro de naturaleza transitoria o impermanente. Se utiliza de un estudio de caso, sobre el surgimiento de las principales instituciones e iniciativas para soluciones urbanas en el Brasil, clasificadas en tres tipos de usos y/o apropiaciones del espacio urbano: vivienda, comercio y movilidad. La prioridad analítica de este artículo es de naturaleza temporal, centrándose en el período entendido como la modernidad. La multiplicación de las innovaciones creadas en respuesta a los dilemas urbanos globalizados demuestra una aceleración en la dinámica urbana en varias escalas. En este escenario más impermanente, se concluye que las impermanencias se aceleran y repiten tanto que si pueden convertirse en rutinas; o un nuevo tipo de permanencia.

Palavras-claves: permanencia. impermanencia. globalización. modernidad. dinámica urbana.

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