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A VOZ FEMININA NOS SÁBADOS LITERÁRIOS: RECORRÊNCIA TEMÁTICA

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REVISTA INTERLINGUAGENS Vol. 09 3ª ed 2016 I S S N 2 1 7 8 - 955X A VOZ FEMININA NOS SÁBADOS LITERÁRIOS: RECORRÊNCIA

TEMÁTICA

Paulo Cezar Czerevaty - G (UNICENTRO/I) Dr. Edson Santos Silva (UNICENTRO/I)

Resumo. O presente artigo tem por objetivo discutir a recorrência temática em obras das autoras que foram trabalhadas na quinta edição do evento de extensão Sábados

Literário, em Irati, na Unicentro. Para tanto, um ponto norteador foi estabelecido para a

orientação: as revoluções e teorias feministas.

Palavras-chave: Feminismo; Mulher; Discriminação.

Abstract. This article aims to discuss the theme recurrence in the works of authors which were presented in the fifth edition of the extension event Sábados Literários. For this purpose, a guiding point has been established for orientation: the revolutions and feminist theories.

Keywords : Feminism; woman; discrimination.

Quem acompanha as mídias televisivas e, principalmente, as redes sociais, com toda a certeza se surpreendeu com a repercussão que uma questão da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2015 gerou nesses meios. “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.” A célebre frase da filósofa francesa Simone de Beauvoir foi o centro do alvoroço, dividindo opiniões e servindo como alarme a uma questão séria e que precisa, ainda, ser muito discutida: o estatuto da mulher dentro da sociedade.

Somente o fato de uma frase publicada em obra de 1949 fazer tanto sentido no contexto atual já é motivo para preocupação. Isso prova que, apesar de todos os avanços desde o século XX, o preconceito, a violência e a discriminação permanecem vivos e visíveis ao menor esforço ou motivação.

A prova de que esses males ainda não estão bem resolvidos é a própria repercussão já apontada. Enquanto pessoas ou grupos de pessoas vibravam pela visibilidade que o tema ganhara, outros usavam o mesmo assunto para propagarem seus preconceitos. Entre piadas e críticas, diversas pessoas se mostraram contrárias ao tema, apontando, inclusive, para a organização da prova como “irresponsável”. Alarmante, porém, não é o fato desses indivíduos tomarem uma posição diferente quanto ao tema, mas a maneira

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grotesca com que esse assunto foi tratado. Só isso já basta para provar a atualidade do tema.

Todo o alvoroço em torno das questões feministas inspirou a quinta edição do evento de extensão Sábados Literários. No ano de 2015, os encontros foram marcados pelo contato e aprendizado da literatura portuguesa, tendo como motivação o centenário da revista Orpheu. Em 2016, aproveitando a polêmica com o exame do ENEM, os encontros buscaram dar visibilidade à literatura produzida pelas mulheres, e mais: contando apenas com mulheres como palestrantes. Por isso o subtítulo: Elas por Elas.

Não é preciso muita argumentação para ficar clara a notoriedade que ganha um evento com essa inspiração. Não se busca por meio dele “dar voz” às mulheres, até porque essa voz há tempos vem ecoando com força, mas enfatizar a sua relevância. Durante séculos – e nos dias atuais – várias foram as tentativas para silenciá-las; agora, mais do que nunca, é momento para que isso seja mudado.

1. O feminismo e as mulheres nos Sábados Literários

Não é possível discutir a literatura e as lutas femininas sem destacar o termo feminismo. Campo de polêmicas e que divide opiniões, inclusive entre as próprias mulheres – escritoras, por exemplo. As primeiras expressões do movimento surgem na França, em 1789, apresentando, como destaca Gurgel (2010), “ações de ruptura estrutural-simbólica com os mecanismos que perpetuam as desigualdades sociais e estruturam os pilares da dominação patriarcal capitalista na contemporaneidade.” (GURGEL, 2010, p.01).

É notório que essa voz feminina, ou feminista, não sugere uma autoafirmação social, muito pelo contrário, além de as mulheres buscarem seu espaço, alastram as lutas e discussões a outros grupos chamados “minoritários”. Dessa forma, o grito acaba ecoando com muito mais força e propriedade. O objetivo principal, portanto, é encontrar e propagar a justiça, o fim da opressão, alcançando a totalidade da sociedade.

Dando destaque ao movimento feminista, bem como deixando em evidência a época de seu surgimento, surgem outros aspectos relevantes: a industrialização e a ascensão da burguesia. Várias obras literárias desse período – não necessariamente feministas – retratam essa passagem histórica, discutindo a presença do dinheiro, alguns valores de época e, inevitavelmente, a “inferioridade” com que a mulher era tratada.

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A própria literatura brasileira dos séculos anteriores traz isso. No romance Senhora, de José de Alencar, por exemplo, é notável que Aurélia – personagem principal – mesmo rica e com aparente independência, só poderia “realizar-se”, de fato, por meio do amor e da união matrimonial, cumprindo a máxima social da ordem familiar hierarquizada, como o sexo masculino é indispensável pelo sexo feminino, sob a necessidade de seguir e respeitar as conveniências sociais necessárias para alcançar a “felicidade”. O exemplo – embora não seja de uma obra trabalhada nos Sábados Literários – já serve para situar o leitor acerca do assunto que aqui é tratado, mostrando um pouco os retratos dos séculos XVIII e XIX.

Porém, deve-se direcionar a discussão para o cenário europeu, em que as reivindicações como “movimento” surgem. Se, como aponta Andrea Nya (2001), a Revolução Francesa representou pouca mudança na situação das mulheres, foi por outro lado uma grande bandeira levantada e visualizada pelo mundo. Os poderes da época até chegaram a considerar legítimas as lutas feministas, mas o homem ainda carregava estatuto superior: “A revolução iria melhorar a sorte das mulheres, mas apenas porque os homens iriam aprender a tratá-las melhor na nova atmosfera moral” (NYA, 2001, p. 24)

Uma das principais reivindicações dessa época foi o direito ao sufrágio. Sinônimo de democracia, o voto despertava a crença que representaria, também, o direito à opinião, ao envolvimento em questões públicas e políticas, como na criação de legislações que garantissem alguma forma de compensação às mulheres por toda a opressão até então sofrida. Não foi isso o que ocorreu, pelo menos de imediato, talvez ainda hoje não ocorra.

O direito ao voto e à participação política das mulheres representava, naquele contexto, um caos social; porque – segundo uma ideologia vigente – elas não possuíam a capacidade para uma ativa vida pública, além de terem suas “funções” bem demarcadas: “As mulheres são para a reprodução, não para a vida pública”, como diria Rousseau; ou ainda, no pensamento coletivo, a mulher deve se “especializar” em agradar ao homem, tendo de ser, também, um símbolo de castidade.

A conversa nesse ponto parece dizer respeito somente a esse período histórico da revolução, pode pensar o leitor. Diante da distância de anos e do tanto que evoluiu o mundo de lá para cá, é normal levantar a inferência de que isso virou apenas página de um passado. Porém, quem não se lembrará da expressão: “bela, recatada e do lar”?

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Os últimos acontecimentos no cenário político brasileiro trouxeram à tona algumas indagações: o que mudou das eras medievais para o que se chama de modernidade? Será que não foram trocadas, apenas, algumas máscaras?

Longe de um desvio para assuntos de ordem partidária, o Brasil demorou anos para conseguir colocar uma mulher na presidência, o cargo político mais importante. Porém, não tardaram os esforços para que essa conquista não durasse, ao menos, o tempo previsto constitucionalmente. Talvez seja apenas um engano, mas não há como negar a possível carga de preconceito imbricado no problema.

Para comprovar a tese levantada no parágrafo acima, reporte-se à matéria publicada em uma coluna da revista Veja, no dia dezoito de abril de dois mil e dezesseis: “Marcela Temer: Bela, recatada e ‘do lar”; “A quase primeira-dama, 43 anos mais jovem que o marido, aparece pouco, gosta de vestido na altura dos joelhos e sonha em ter mais um filho com o vice.”1

A matéria, como era de se esperar, causou muita polêmica e se espalhou rapidamente pelo país, virando motivo de piadas, sarcasmos e discussões. A questão pode ser analisada de duas formas: como jogo irônico de Juliana Linhares (jornalista responsável pela matéria), tentando trazer à tona as ideologias escondidas na sociedade brasileira; ou como descrição de um “ideal feminino” a ser seguido, da mulher criada única e exclusivamente para as funções do lar, o cuidado para com o marido e os filhos, longe da política, por exemplo.

Gritante da história é que os “fins” parecem justificar os “meios”. Tirar sem grandes argumentos uma forte representação feminina da política brasileira e exaltar as “qualidades domésticas” e de “dama” da esposa de um dos principais beneficiados no processo é no mínimo engraçado. Afinal: cumpre-se ou não a ideologia? Esses apontamentos, de forma alguma, buscam fazer peso de responsabilidade por outras questões que nem caberiam neste artigo; apenas mostrar que o problema não está tão longe como se julga.

Ainda no tocante à revolução feminista, a implementação do sistema capitalista foi uma das grandes pedras encontradas pelo movimento; “a entrada das mulheres no mundo do trabalho enfrentou forte resistência por parte dos trabalhadores que, dominados pela ideologia patriarcal, consideraram essa presença, além de uma ameaça

1

Disponível em: http://veja.abril.com.br/brasil/marcela-temer-bela-recatada-e-do-lar/Acesso em: 18 abr. 2016.

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aos seus empregos, uma deturpação do papel tradicional das mulheres que para eles devia ser reduzido ao lar”. (GURGEL, 2010, p.04)

É difícil apresentar todas as reivindicações que o movimento feminista tinha – e tem. Podem ser resumidas em dois termos: autonomia e justiça. Autonomia com o corpo, com as próprias decisões, sem nenhum tipo de imposição “patriarcal”. Justiça na obtenção dos mesmos direitos do que os homens, partindo, não do princípio de igualdade, mas da isonomia, ou seja, da garantia de que as oportunidades e participações serão condizentes para cada um dos lados.

Na mesma época, conquistas como do voto pelos negros já davam mostras de que era possível mudar. Era válido lutar. Mesmo sem imediatas conquistas, o acontecimento já denunciava que uma verdadeira revolução social aos poucos começava. A organização e os sistemas da época foram postos em xeque, o que tornou o assunto tema para discussões e futuras transformações.

As lutas das mulheres por seu espaço ocorreram e ocorrem de diversas formas. Uma delas – objeto deste trabalho - é a escrita literária. A autoria feminina soa como uma negação a toda forma de imposição social que seja instrumento de opressão e redução de um indivíduo. Dentro dessa perspectiva, uma das principais “correntes” a se destacar é a chamada literatura “pós-colonialista”, com obras que carregam questões relacionadas à presença do colonizador, a desvirtuação cultural, dentre outras.

Destaca-se que essa característica não se aplica somente à literatura feminista. Praticamente todos os escritores de países que tiveram a difícil transição de colonizado para independente – mesmo que na realidade a história não seja tão rasa assim – discutiram tais problemas em suas obras. A diferença é que quando se pensa em mulher, a dificuldade aumenta. Se, em geral, a população desses países sofria com a exploração, a mulher, que histórica e culturalmente vinha sendo vítima, sofreria muito mais.

A índole carregada de sentimento pós-colonialista vai aparecer muito claramente em duas das autoras apresentadas nos encontros dos Sábados Literários: Anita Desai (Índia) e Paulina Chiziane (Moçambique), pela forte exploração europeia em seus países; a primeira, inglesa; e a segunda, portuguesa. De certa forma, a questão aparece, também, em Marina Colasanti, escritora brasileira, mas em menor amplitude.

O período colonial trouxe um choque de culturas que desfavoreceu ainda mais a mulher. Os colonizadores que chegavam de seus países traziam consigo as ideias de gêneros de seus povos, as fortes influências de instituições religiosas, além de se tornarem exploradores sexuais, torturadores, etc.

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Quando se fala em literatura pós-colonial, deve-se relacionar diretamente a uma nova voz, de contestação, demostrando valores diferentes daqueles estabelecidos.

Esses grupos assumem lentamente um espaço que os tira da condição de subalternos e coadjuvantes da modernidade, para protagonistas do questionamento. Embora isso não queira definir o fim dos cânones, indica que não há mais um único referencial de identidade no mundo moderno. (PAULA, 2010, p.01).

Na Índia, por exemplo, as mulheres – de todas as castas – têm um histórico de silenciamento. O mais gritante disso tudo é que “esse absurdo persiste num país que se moderniza. São absurdos muitos semelhantes aos que enfrentamos em nosso país.” (PAULA, 2010, p.04). Essa situação, em parte, corrobora a tese política apresentada anteriormente, somando-se a todos os outros vários absurdos – grandes que aparecem nas pequenas coisas – em países que ainda têm no seio da sua população um sentimento patriarcalista.

Da Índia destaca-se a escritora Anita Desai, uma dessas vozes femininas chamadas de transgressoras, “uma mulher indiana. Uma mulher escritora que não mora com o marido. Uma mulher, escritora, que não mora com o marido e que cortou os cabelos.” (PAULA, 2010, p.04). Que mulher incorreta, quantos desvios das normas culturais, das leis do lar... Anita representa, e representa muito. Com sua literatura e postura diante do mundo, mostra a necessidade da mudança.

Para conhecer um pouco suas obras, o romance Sob Custódia foi escolhido para fazer parte deste artigo. Aliás, este é o primeiro da autora a ser lançado no Brasil. O título já é sugestivo; afinal, Sob Custódia de quê? O livro, embora pareça centralizar-se, basicamente, em dois ou três personagens principais, abre espaço para diversas outras possibilidades.

Deven – personagem principal – é professor de uma universidade “arcaica” de uma pequena cidade indiana. É o retrato da pessoa que foi esmagada pela realidade social, que teve os sonhos sufocados e que leva a vida sob custódia de tudo isso. Admirador do poeta Nur, vê subitamente a oportunidade de conhecê-lo, por intermédio de um “amigo”, Muhad. Aturdido pela ideia de realização, aceita todo o tipo de imposição e humilhação. De todos os lados surgiam problemas que tornavam distante seu objetivo.

Quando finalmente chegou até o poeta, viu que a realidade era totalmente outra daquela imaginada. A idealização se quebrou com a realidade sórdida, pelo ambiente comum, mal frequentado; pelo mau humor de Nur e pela sua estranha família. Mesmo

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com tudo isso, Deven mantinha a admiração, talvez não pela figura, mas pela obra já criada, e pelo que ainda poderia ser revelado. Com a incumbência de gravar as poesias declamadas por Nur, arquivo que serviria para a Biblioteca da Universidade em que lecionava e para a escrita de um artigo que seria publicado na revista de Muhad; o professor acaba mesmo é fracassado.

Mesmo com tantos esforços, nunca conseguiu um arquivo com qualidade. Foi enganado por todos, contraiu inúmeras dívidas. Nada do que Deven objetivava foi possível, a sociedade venceu. O romance todo gira em torno desse conflito, mas o que aqui realmente quer se destacar é a presença de algumas personagens nas entrelinhas da história. A primeira delas é Sarla, esposa do personagem principal. Nota-se, logo nas primeiras páginas, que não há nenhum tipo de afeto entre o casal. O casamento – como a maioria naquele contexto – é apenas uma conveniência. Não há respeito entre as partes, principalmente do lado de Deven. Ela, por vezes, se mostra insatisfeita com o marido, mas em momento algum questiona sua posição. “Sarla era um caso diferente. Jamais erguia a voz na presença do marido – incontáveis gerações de mulheres hindus a impediam de demonstrar abertamente sua revolta” (DESAI, 1988, p.147).

Nas várias ausências do marido por conta dos afazeres e da corrida atrás de Nur, e sem muitas satisfações do seu paradeiro, Sarla mostrava-se incomodada, mas continuava a cumprir suas funções de esposa: cuidar da casa, dos filhos, e aguardar o marido para então servi-lo, mesmo contrariada. Além disso, o narrador – em terceira pessoa – dá vários indícios da infelicidade daquela mulher. Tudo aquilo que idealizou do casamento não se cumpriu, tudo se tornou decepção, e pior, uma sina. Estava sob custódia do marido, das conveniências, tradições, da cultura.

Outras duas mulheres ainda precisam ser destacadas: as esposas de Nur. O poeta guardava em seu lar a dupla presença feminina. Uma jovem e outra mais velha. Pelo narrador sabe-se que a segunda – Safira Begum – é trocada por conta da idade, porque já não agradava ao marido. É somente procurada pelo seu talento com a cozinha. Exemplo muito pertinente da mulher vista como produto, com prazo de validade; um dia acaba sendo deixada de lado.

Bibi, a outra, mais jovem, em um primeiro momento talvez possa gerar no leitor uma espécie de repulsa. Suas atitudes são distintas. A relação com Nur também era de caos, mas não de submissão. Escrevia poemas, cantava e dançava nas festas promovidas pelo poeta, era diferente. Representa claramente o oposto da primeira apresentada. É um

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símbolo da autonomia, do “protesto”, o que aparece claramente em uma carta contestadora enviada a Deven:

Sem dúvida, os homens com quem consorcia e com quem fez Nur Sahib consorciar encheram seus ouvidos com o veneno da intriga. Como todos eles, pensou que eu era uma prostituta que, depois de enfeitiçar Nur Sahib com minha dança, consegui sair de uma casa de prostituição instalando-me na casa do famoso poeta. Não será isso um insulto ao poeta que diz adorar, além de um insulto a mim? Pensa que seria possível a uma dançarina comum conquistar o coração do grande poeta? Não é evidente que foi atraído pelo meu intelecto, que, se consegui entrar no seu coração foi por minha conversa, minha poesia e me espírito?

Julgados pelos padrões da obra de Nur Sahib, os poemas que estou mandando podem parecer de pouca importância. Por favor, lembre-se que, ao contrário de Nur Sahib e ao contrário de sua respeitada pessoa, sou mulher e não tenho cultura, a não ser a que encontrei e aprendi sozinha. Ao contrário dos poetas e estudiosos que se distinguiram, nunca tive protetor, a não ser meu honrado marido, nenhum encorajamento, nenhuma simpatia. Contudo, deve haver algum talento natural, uma vez que o próprio Nur Sahib ficou impressionado com meus primeiros versos. Por isso casou comigo em sua velhice, para ter ao seu lado companheira intelectual, o que não teve em seu primeiro casamento. Nenhum dos seus amigos lhe concede o crédito de tanta inteligência, embora todos digam que o adoram.

Sendo assim, torna-se necessário provar meus dons e habilidades aos senhor e aos outros estudiosos e amantes da arte da poesia. Por isso estou anexando meus últimos poemas para que leia e julgue se tem algum mérito próprio. Quero ver se é bastante forte para encará-los e admitir seu mérito. Ou talvez o façam sentir medo e insegurança por representarem a ameaça de um perigo – o perigo que sua superioridade sobre as mulheres venha a ser questionada. Quando o senhor se levantou e deixou o mehfil enquanto eu cantava meus versos, não foi por temer que eu pudesse eclipsar a poesia de Nur Sahib e de outros poetas aos quais adora? Não achou intolerável da ideia de que uma mulher pudesse igualar seus dons e até mesmo superá-los? Não se considera culpado por achar que , sendo homem, tem direito a um cérebro, ao talento, reputação e sucesso, enquanto que eu, por ter nascido mulher, sou condenada a me contentar com a calúnia, a zombaria, o desprezo e esquecimento? Não foi o senhor quem me fez representar o papel de mulher de maus-costumes com roupas espalhafatosas quando se recusou a levar a sério minha obra, negando-me a atenção que não negaria sequer a um fracasso, desde que se tratasse de um homem? Neste mundo injusto criado pelos homens o que mais eu poderia ter sido do que sou?

Enquanto lê meus versos, pergunte a si mesmo se tem coragem... (DESAI, 1988, p.200-201).

De fato, Deven não teve essa coragem. É difícil em uma sociedade machista aceitar a grandeza feminina. Para muitos, parece inconcebível que uma mulher se iguale a um homem, que ultrapasse já é uma afronta. É muito nítida a crítica feita por Desai por

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meio da personagem Bibi. Crítica à submissão feminina, ao sentimento masculino de superioridade e aos padrões culturais que foram impostos.

A questão cultural como opressora e silenciadora da voz feminina é, também, muito criticada por outra autora: a moçambicana Paulina Chiziane. O que representa ser mulher em uma sociedade machista? O que é ser mulher em uma sociedade machista e imersa em uma cultura que rebaixa ainda mais? O que é ser mulher em uma sociedade machista, culturalmente opressora e, ainda, da cor negra. É basicamente esse o contexto de Chiziane, ou que ela descreve.

Com a colonização as situações de submissão se agravaram, além da tentativa de homogeneização social e desestruturação quanto à formação das tribos e das famílias, houve a imposição dos costumes europeus, e segregação total das mulheres tanto no meio social quanto familiar.

A vida para essas mulheres africanas foi sempre se restrições quanto ao que lhes era oferecido. A elas, não era permitido participação à vida social e econômica do país, tampouco era consentido opinar nos assuntos da casa, já que no lar e na relação a dois era a voz masculina quem ditava as regras, restando a sujeição e o silenciamento, este acentuado durante o período colonial (FERRO DA CUNHA, 2010, p.65)

Paulina Chiziane escreve em uma época em que as guerras coloniais já haviam acabado, porém, a estrutura do país e do continente como um todo estava ainda abalada. “Durante a colonização se misturaram ou separaram tribos, acabando por mesclar a cultura nesses espaços, sob a égide da maneira de viver e concepções de sociedade europeia” (FERRO DA CUNHA, 2010, p.66).

O romance Niketche: Uma História de Poligamia trabalha amplamente essa temática. Por meio de várias vozes femininas o leitor fica a par da amplitude cultural africana, bem como diante da forte crítica a essa sociedade machista enraizada ao longo dos anos.

Narrado em primeira pessoa, o livro de Chiziane tem muito de oralidade, uma marca que ela faz questão de acentuar, dizendo não se considerar uma escritora, mas sim, uma contadora de histórias. Dando a voz para a personagem Rami, Paulina Chiziane desenhou uma imagem da condição feminina na África, especialmente em Moçambique. O livro em si já se coloca como uma conquista; o primeiro romance moçambicano de autoria feminina.

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Se a mulher, de forma geral, em todas as culturas já é uma vítima de preconceito, é de se imaginar – ou não imaginar – o que seja ser mulher em uma sociedade conservadora, e ser negra em um contexto que discrimina, escraviza, etc. Paulina Chiziane teve de pisar nessas pedras. De origem humilde, muito lutou para se firmar como escritora em Moçambique.

Em Nicketche, Paulina volta os olhos do leitor, primeiro, para a “inferioridade” feminina, buscando suscitar um estranhamento e revolta:

Até na Bíblia a mulher não presta. Os santos nas suas pregações antigas, dizem que a mulher nada vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonte de todas as discussões, querelas e injustiças. É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas, encurraladas em haréns como gado, é porque não fazemos falta nenhuma. Mas se não fazemos falta nenhuma, por que é que Deus nos colocou no mundo? E esse Deus, se existe, por que nos deixa sofrer assim? O pior de tudo é que Deus parece não ter mulher nenhuma. Se ele fosse casado, a deusa – sua esposa – intercederia por nós. Através dela pediríamos a benção de uma vida harmoniosa. Mas a deusa deve existir, penso. Deve ser tão invisível como todas nós. O seu espaço é, de certeza, a cozinha celestial.

Se ela existisse teríamos a quem dirigir nossas preces e diríamos: Madre nossa que estais nos céus, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino – das mulheres é claro – venha a nós a tua benevolência, não queremos mais violência. Sejam ouvidos os nossos apelos, assim na terra como no céu. A paz nossa de cada dia nos dai hoje e perdoais as nossas ofensas – fofocas, má-língua, bisbilhotices, vaidade, inveja – assim como nós perdoamos a tirania, traição, imoralidades, insultos dos nossos maridos, amantes, namorados, companheiros e outras relações que nem sei nomear. Não nos deixeis cair na tentação de imitar as loucuras deles – beber, maltratar, roubar, expulsar, casar e divorciar, violar, escravizar, comprar, usar, abusar e nem nos deixeis morrer nas mãos desses tiranos – mas livrai-nos do mal, amém. Uma mãe celestial nos dava muito jeito, sem dúvida alguma. (CHIZIANE, 2004, p.68)

O romance é narrado em primeira pessoa pela personagem Rami, esposa legítima de Tony. Porém, ao longo da narrativa, várias outras mulheres vão aparecendo – o que popularmente se chamaria de “amantes” – totalizando, assim, seis. Rami, por ser a única que por lei tem os “direitos” ao marido, sai em busca das rivais. A cada encontro, várias surpresas vão aparecendo, brigas, desabafos e tristezas.

Tony pouco sofre com as queixas que seguidamente são feitas pelas mulheres, mostra-se indiferente e afirma sempre sua posição como indivíduo superior do sexo masculino: “[...] a pureza é masculina, e o pecado feminino. Só as mulheres podem trair, os homens são livres, Rami.” (CHIZIANE, 2004, p.29).

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A mulher que encontramos em Niketche não consegue mais fechar os olhos e atender pacificamente aos modelos sociais. Está enraizada na figura da narradora a luta interna constante, não lhe permitindo mais deixar de ser crítica, e acaba hesitando entre o que lhe diz a tradição e o que parece o mais coerente diante da situação social emergente. (FERRO DA CUNHA, 2010, p.70).

Por meio de Rami, Tony se vê obrigado a assumir seis mulheres e seus filhos, passando para um estatuto de família e não apenas de “casos”, como se chamaria naturalmente. A cada uma delas a protagonista vai dando a chance de firmar a sua independência, e uma das formas disso ser possível é pelo aspecto econômico. Com a ajuda de Rami, todas vão tendo essa autonomia, criando seus próprios negócios, tornando-se donas de si mesmas.

Dessa forma, a narrativa passa pela submissão, pela revolta da situação vivida, pelo encorajamento e pela libertação da mulher. “O que Paulina Chiziane fez nesse texto foi dar voz às mulheres moçambicanas, permitindo retratar a alma feminina e favorecendo nova visão exemplar de como é longo e doloroso o processo de libertação da mulher” (FERRO DA CUNHA, 2010, p.71).

Com Marina Colasanti não foi diferente. Ela não só tomou consciência de sua condição de mulher, como também colaborou para difundi-la, por meio da sua função de jornalista. “Nas décadas de 70/80, quando a situação da mulher brasileira ainda era de submissão, a ação feminista de Colasanti, tanto na imprensa (jornais e revistas) como nos livros que publicou sobre o assunto, ajudou a modernizar os costumes no Brasil” (SANTOS ALVES; RONQUI, 2009, p.27).

Como as outras autoras até aqui apontadas, o principal meio encontrado por Colasanti de libertação e protesto contra a prisão social em que viviam foi a literatura. Um dos gêneros em que essas características aparecem mais fortemente é nos contos por ela escritos. Ressalte-se Para que Ninguém a Quisesse, retirado do livro Contos de Amores Rasgados:

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Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as jóias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras. Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda (COLASANTI, 1986, p.111).

O primeiro aspecto que com toda certeza chama a atenção do leitor é a extensão do conto. Define-se esse modelo como miniconto, marca da literatura de Colasanti. Mas longe de diálogos a respeito da estruturação da obra, a atenção real precisa ser dada ao que ela representa, o que quer dizer ao público e à sociedade.

Nota-se claramente em Para que Ninguém a Quisesse o sentimento de poder e dominação que o homem adquire para com a mulher. Pouco a pouco, todo o brilho, a liberdade, a vaidade e a espontaneidade foram sendo retirados da esposa. O ciúme é o problema que se instala, mas não o central. O principal erro é que a mulher nesse sentido é vista como um produto da posse de alguém do sexo masculino, que se torna dono do corpo, além de matar a essência ali guardada.

Chama a atenção, em especial, uma das passagens do conto: “E vendo que ainda assim um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.” Esse ato adquire uma grande simbologia. É válido recordar o romance O Primo Basílio, de Eça de Queiroz, em que Luiza, no seu leito de morte, tem os cabelos cortados pelo marido. Essa atitude enfatiza uma afirmação masculina na ação de arrancar da mulher aquilo que lhe pertence e que afirma sua feminilidade.

Mesmo que nesse caso – e no próprio romance citado de Eça – não haja nenhum tipo de violência física – como é possível encontrar nas outras escritoras apresentadas – ocorre violência igualmente devastadora: a psicológica. O conto em questão faz “refletir sobre a situação da mulher na contemporaneidade; mulher que apesar de muitas

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conquistas em todos os âmbitos, ainda luta com coragem pelos seus direitos e por igualdade em relação aos homens.” (SANTOS ALVES; RONQUI, 2009, p.131).

Dando sequência a essa apresentação de escritoras femininas, chega-se à literatura feminina polonesa. Não muito diferente dos outros casos, nessas terras, a mulher teve de lutar pelos direitos do próprio corpo, ganhou, perdeu, briga ainda hoje para reconquistá-los em sua totalidade. Como o país é fortemente influenciado pelas religiões, várias regras de ordem moral atuam como instrumento de segregação das mulheres. O conservadorismo tem ainda seu espaço; porém, aos poucos, algumas conquistas e avanços vão aparecendo.

Wislawa Szymborska, escritora natural da Polônia, é uma prova de que a mulher já começa a romper barreiras e impor sua grandeza na sociedade polonesa. Ganhadora do Prêmio Nobel em 1986, a autora já representa uma geração pronta para mudar as velhas concepções de mundo. Seus temas variam desde a Filosofia até à Política, mas ela não deixou de falar, também, a respeito do sexo feminino, deixando um Retrato de Mulher:

Deve ser para todos os gostos. Mudar só para que nada mude. É fácil, impossível, difícil, vale tentar.

Seus olhos são, se preciso, ora azuis, ora cinzentos, negros, alegres, rasos d'água sem nenhuma razão.

Dorme com ele como a primeira que aparece, a única no mundo. Dá-lhe quatro filhos, nenhum filho, um.

Ingênua, mas a que melhor aconselha. Fraca, mas aguenta.

Não tem cabeça, pois vai tê-la. Lê Jaspers e revistas de mulher.

Não entende de parafusos mas constrói uma ponte. Jovem, como sempre jovem, ainda jovem.

Segura nas mãos um pardalzinho de asa partida

seu próprio dinheiro para uma viagem longa e longínqua um cutelo para carne, uma compressa, um cálice de vodca. Corre para onde, não está cansada.

Claro que não, só um pouco, muito, não importa. Ou ela o ama ou é teimosa.

Para o bem, para o mal e para o que der e vier. (SZYMBORSKA, 2011, p.60).

É notável que todas as autoras apresentadas nos encontros dos Sábados Literários escrevem a respeito das lutas femininas. Coloca-se aqui “femininas” e não “feministas”, pelo fato de que nem todas elas concordam plenamente com o termo. Paulina Chiziane, por exemplo, nega a aplicação da nomenclatura. Marina Colasanti, por outro lado,

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afirma-se como feminista. Essas questões não chegaram a ser aprofundadas neste artigo porque o que realmente importa é a índole da escrita dessas mulheres.

Cada uma, a sua maneira, construiu uma literatura que visa dar notabilidade a essa minoria até então oprimida. Cada obra soa como protesto e, acima de tudo, demonstração de toda a força feminina. É preciso quebrar preconceitos, estabelecer a justiça. O grito pela liberdade e igualdade continuará ecoando, cada vez mais forte.

REFERÊNCIAS

CHIZIANE, Paulina. Niketche: Uma História de Poligamia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

COLASANTI, Marina. Contos de Amores Rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. DESAI, Anita. Sob Custódia. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

FERRO DA CUNHA, Raquel. A voz Feminina: Constituição da Literatura Pós-Colonial Moçambicana. In: Revista Historiador. Bagé: Unipampa, 2010, p.64-72. Disponível em: http://www.historialivre.com/revistahistoriador/tres/raquel.pdf. Acesso em: 21 jul. 2016.

GURGEL, Telma. Feminismo e Luta de Classe: História, Movimentos e Desafios Teórico-Políticos do Feminismo na Contemporaneidade. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero. Florianópolis, 2010, p.01-09.

NYE, Andrea. Teoria Feminista e as Filosofias do Homem. Rio de Janeiro: Record, 1995.

PAULA, Anna Beatriz. A Inscrita da Mulher na Literatura Indiana de Língua Inglesa Contemporânea. In: Seminário da Mulher. Florianópolis: Universidade Estadual de Santa Catarina, 2010, p.01-10. Disponível em: http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/Mesas/Anna%20Beatriz%20Paula.pdf. Acesso em: 21 jul.2016.

SANTOS ALVES, Regina Célia; RONQUI, Ângela Simone. A Representação da violência contra a Mulher em Alguns Contos de Marina Colasanti. Juiz de Fora:

Ipotesi, 2009, p.127-133. Disponível em:

http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2009/10/a-represeta%C3%A7%C3%A3o-da-viol%C3%AAncia-contra-a-mulher.pdf. Acesso em: 21 jul. 2016.

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