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São Paulo, 6 de outubro de 1994 .
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Exmo. Sr.
Subprocurador-Geral da República
DR. HAROLDO FERRAZ DA NÓBREGA
Coordenador da 6a Câmera Técnica de Coordenação e Revisão dos Direitos Indígenas e das Minorias
Brasília, DF.
Ref.: REPRESENTAÇÃO
PROCESSO Nº 08100.002615/94-53
Prezado Dr. Haroldo Ferraz
Eu, AILTON ALVES LACERDA KRENAK, qualificado nos autos da Representação
---....__ promovida por Megaron Txucarramãe, Nicolau Tscrenowee David de Oliveira
perante essa Procuradoria, dirijo-me
à
V. Exa., em atendimento ao ofício datado de...____ 05/09/94, nº 185/94/CaDIM/MPF, para apresentar as seguintes considerações:
1. Os Representantes fundam as suas denúncias, em grande medida, no pressuposto
de que a ação penal movida contra FERNANDO SCHIA VINI DE CASTRO ( Queixa-
Crime nº 920385460 - 12° Vara Criminal de Goiânia
l,
pela prática dos crimes deinjúria e difamação, tenha chegado a seu termo com a absolvição do Querelado em 1 a. instância (ítens 01 a 04 da Representação}. E mais ainda, que a
improcedência da acusação deveu-se ao fato de o Querelante ter provado, na instrução da causa, a verdade dos fatos tidos como desonrosos.
2. Por duas razões, o pressuposto adotado pelos Representantes conforma uma falsa conjectura.
3. A uma, porque ar: sentença do Juízo 12a. Vara Criminal da Comarca de Goiânia absolveu o Querelado ao fundamento de que não vislumbrara nas suas denúncias a intencão deliberada de difamar ou caluniar e não, em virtude da atípicidade dos fatos imputados ao G)uerelante. Fernando Schiavini de Castro não argüiu a
exceção de verdade.
,
4. A duas, porque a absolvicão do Querelado não é definitiva, uma vez que, por não se conformar com os termos da r. sentynça. o Querelante interpôs Recurso de Apelação (Art. 47 da Lei nº 5.250, de 09/02/1967) para o egrégio Tribunal de Justiça de Goiás (Processo nº 145.074/213- 2a. Câmara Criminal, Relator Des. João
Canedo Machado), o qual, desde o dia 14/09 /94, encontra-se com vistas
à
douta5. Em relação aos itens 05 e 06 da Representação, não cabe a mim fazer qualquer comentário, visto que. como afirmam os próprios Representantes. a procuração de que trata foi outorgada pela Associação Xavante de Pimentel Barbosa, por
intermédio de um dos seus dirigentes. A cooperação que existe entre o Núcleo
de
Cultura Indígena - Centro
de
Pesquisa Indígena e Assoe. Xavante de PimentelBarbosa
é
fundada no respeitoà
autonomia e reciprocidade, não cabendo a nósinterferir ou tomar decisões por esta ou qualquer outra organização a nós associada.
6.
No tocante ao alegado no item07.
o mesmo também não procede, posto que otrabalho exercido pela organização da qual sou
o
Diretor Executivo - Centro dePesquisa Indígena é resultado de propostas construídas em conjunto. com parcerias
definidas a longo prazo com objetivos claros e publicamente divulgados. Não temos qualquer pretensão nem possibilidade de atender às demandas dos povos
indígenas do Brasil cuja responsabilidade
é
da política indigenista do Estado. Alémdisso, prestamos contas das atividades que desenvolvemos. como se pode verificar da publicação em anexo (Doe. 01 ).
7.
Integrei, juntamente com membros de diferentes nações indígenas a coordenaçãoda UNI por um período de
5
anos - 1983/1989. Mas nunca chegamos a constituirpersonalidade jurídica para esta entidade, sendo que desde 1990 me encontro fora de qualquer representação da UNI, ou de qualquer organização política de caráter geral.
8.
Posso afirmar sim, que a organização da qual fui presidente - o Núcleo de CulturaIndígena. recebeu da Prefeitura do Município de São Paulo a cessão de uso da "Casa do Sertanista", a título precário e gratuito (veja-se o Termo de Permissão - Doe. 02).
9. Essa cessão de uso se fez para fins de desenvolvimento de atividades de
divulgação da cultura indígena. conforme se verifica a leitura do item 3, do mesmo
Termo de Permissão de Uso a Título Precário e Gratuito (Doe. 02, já citado).
1 O.Ressalto que a Casa do Sertanista não mais se encontra ocupada pelo Núcleo de
Cultura Indígena, que procedeu a sua devolução em 31/01/93. na forma do documento em anexo (Doe. 03).
1 l .Com relação ao item 09 da Representação, respondo-o relatando as atividades
desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa Indígena que estão detalhadas no
documento 01. também já citado. o qual contém ainda o elenco das instituições que apoiam cada uma das iniciativas desta organização.
12.Quanto ao "laudo" da FUNAI citado no ítem l O, só me cabe lamentar e dizer que não é a primeira vez que aquele órgão emite pronunciamento no sentido de que uma determinada pessoa. ou até mesmo um povo inteiro, não guarda a condição
de indígena.
É
deplorável, mas a FUNAI já fez isso com os índios Tapeba, do estadodo Ceará, para negar-lhes seus direitos territoriais. o mesmo acontecendo com
representantes do povo Tikuna. que, ao proporem uma Ação Declaratória contra a
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ou
União e a FUNAl, obtendo inclusive
o
devido respaldo do Ministério Público Federal. foram acusados, na contestação do órgão indigenista, de não serem índios.13.0 que mais me causa espécie neste aspecto, porém, é o uso desse tipo de argumento pelos Representantes, como forma de tentar dar veracidade às suas alegações.
14.Por fim, desejaria registrar que, da leitura da Representação contra mim dirigida,
não consegui encontrar qualquer alegação da qual me defender. Afinal, de que ilícito civil ou penal estou sendo acusado?
l S.A organização da qual sou dirigente tem caráter privado e presta contas ao seus integrantes, bem como às instituições que a apoiam e cooperam com seus fins. 16.Como fica claro em toda a argumentação que ofereci até aqui, as atividades que
tenho desenvolvido não incluem representar "povos indígenas" ou qualquer outro agrupamento de indivíduos.
Por tudo isso, dirijo-me a V. Ex.a. prestando esses esclarecimentos, que têm o intuito de
auxiliar os integrantes da 6a. Câmara Técnica a formarem um juízo mínimo de valor sobre os fatos constantes da referida representação. Desde já, entretanto coloco-me
à
disposição para apresentar quaisquer outras informações adicionais, ou até mesmocomparecer a essa instituição, caso se faça necessário.
Sendo só, despeço-me com votos de estima
e
consideração.Atenciosamente.
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B~as{li~, 09 d~ Junho d~ 1994
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