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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO CARLOS EDUARDO RIGOLO LOPES

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

CARLOS EDUARDO RIGOLO LOPES

PROCESSOS PARTICIPATIVOS EM PLANOS DIRETORES: O CASO DE JUNDIAÍ-SP

SÃO PAULO 2021

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CARLOS EDUARDO RIGOLO LOPES

PROCESSOS PARTICIPATIVOS EM PLANOS DIRETORES: O CASO DE JUNDIAÍ-SP

Caso de ensino apresentado à Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão e Políticas Públicas

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Teixeira

São Paulo 2021

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CARLOS EDUARDO RIGOLO LOPES

PROCESSOS PARTICIPATIVOS EM PLANOS DIRETORES: O CASO DE JUNDIAÍ-SP

Caso de ensino apresentado à Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão e Políticas Públicas

Orientador: Marco Antônio Carvalho Teixeira

Pareceristas:

________________________________ Prof. Dr. Gustavo Andrey Fernandes

________________________________ Prof. Dr. Antônio Sérgio Fernandes

São Paulo 2021

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RESUMO

Quando assumiu a Prefeitura de Jundiaí (2013-2016), a então administração municipal decidiu implementar um amplo processo de participação da população com o intuito de revisar o Plano Diretor. Com aproximadamente 400 mil habitantes e décadas de experiência com planos diretores, pela primeira vez o modelo participativo foi utilizado no município para discussão da principal lei urbanística que norteia o crescimento da cidade por dez anos. Até então, a formulação deste instrumento era um debate entre técnicos, especialistas e grupos de interesse. O plano diretor participativo amplia o campo das discussões para que cidadãos também tenham oportunidade de deliberar sobre as diretrizes de ordenamento territorial. Entretanto, no caso de Jundiaí, em 17 de maio de 2016, quando a primeira versão do Projeto de Lei (PL) chega à Câmara dos Vereadores, após três anos de discussões transparentes com a população, 150 emendas legislativas alteravam significativamente o texto, colocando em risco toda a legitimidade do processo participativo. As emendas foram consideradas, pela então Secretária de Planejamento e Meio Ambiente, resultado da mobilização de grupos de interesse, principalmente do setor imobiliário e construtivo, que perderam espaço na formulação do plano, pois passaram a dividi-lo com moradores de bairros e outros grupos que tradicionalmente não participavam. Agora, prosseguir para a aprovação da Lei depende de superar o desafio imposto pela descaracterização do texto original pelas emendas legislativas, mantendo a transparência e legitimidade que foram presentes ao longo de todo o processo participativo.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

O PROCESSO PARTICIPATIVO: "DA JUNDIAÍ QUEM TEMOS PARA A JUNDIAÍ QUE QUEREMOS" ... 13

"COMO CONSTRUIR A JUNDIAÍ QUE QUEREMOS?" ... 15

A VEZ DOS VEREADORES ... 17

2. NOTA DE ENSINO ... 19

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 23

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13 1. INTRODUÇÃO

No início de 2014, o Coletivo de Cultura Jundiaí abordou em um dos seus encontros o início do Plano Diretor Participativo (PDP) que chegava a conhecimento da população através de formulários nas contas de água e notícias no portal oficial da Prefeitura. “Venha discutir a Jundiaí que queremos para os próximos dez anos” eram a frase que chamou a atenção dos membros deste coletivo.

Era algo novo na cidade e pouco se conhecia de experiências participativas na formulação de políticas públicas locais. O grupo decidiu conferir se o que estava iniciando era pra valer. Foram nas primeiras oficinas de sensibilização que aconteciam à noite nas escolas municipais, onde obtinham as primeiras informações sobre a Lei do Estatuto das Cidades e o poder decisório que um processo como este traria à população interessada.

Daniel Motta era um dos membros do Coletivo de Cultura e passou a frequentar estes encontros. Percebeu que esta era uma oportunidade de aproximar as demandas do coletivo com o poder público local. Temas como economia criativa, cidades criativas, espaços públicos para atividades culturais, dentre outros, eram frequentes nas discussões do grupo e simbolizavam uma ideia de cidade que queriam para os próximos dez anos.

Jundiaí nunca havia passado por um processo participativo na revisão do Plano Diretor. O atual plano vinha sendo criticado por determinados grupos da sociedade pela permissibilidade que contribuiu com o boom imobiliário. Nos últimos anos, a cidade experimentou um crescimento acelerado que transformou a paisagem urbana. Altas torres residenciais e comerciais em bairros sem infraestrutura adequada, aumento de problemas com trânsito diário e expansão da área urbana através de loteamentos em regiões importantes para a segurança alimentar e hídrica do município, foram algumas das mudanças sentidas pela população.

O PROCESSO PARTICIPATIVO: "DA JUNDIAÍ QUEM TEMOS PARA A JUNDIAÍ QUE QUEREMOS"

Antes de iniciar as oficinas de sensibilização nos bairros, a Prefeitura firmou contrato, por meio de licitação de proposta técnica e preço, com a consultoria Demacamp que iria assessorar a Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente (SMPMA) e seu corpo técnico na implantação do processo participativo. O escopo de atividades

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14 iniciou com o Plano de Trabalho, única etapa de todo processo que envolveu somente contratante e contratada.

A fase seguinte era a de sensibilização da população, entre os meses de fevereiro e maio de 2014. O primeiro passo foi construir um diagnóstico da situação do município por meio de três pesquisas com públicos diferentes, ao mesmo tempo que informava a população sobre o início do processo de revisão da legislação vigente.

Chamada de "Leitura Comunitária", esta etapa teve distribuição de formulários nas contas de água, envio de questionários para entender a satisfação com os serviços públicos pelos alunos das escolas públicas aos seus responsáveis (19,6% de respostas) (Anexo I) e pesquisa com entidades e grupos organizados da sociedade civil (resposta de 23 das 70 contatadas) (Anexo II), onde se encaixa o Coletivo de Cultura que Daniel fazia parte.

Os questionários enviados focavam nos pontos positivos e negativos da situação da cidade ao mesmo tempo que coletavam sinais sobre a expectativa dos cidadãos para os próximos dez anos. "Da Jundiaí que temos para a Jundiaí que queremos", foi o slogan desta fase que acabou reunindo, aproximadamente, oito mil questionários respondidos incorporados ao diagnóstico (cerca de 2% da população).

Esta quantidade foi considerada muito positiva para a então secretária de Planejamento e Meio Ambiente, pasta responsável pelo PDP, e mostrava que havia uma demanda da população por se expressar quanto ao que vinha ocorrendo de transformações na cidade.

Ainda nesta fase de escuta, ocorreram as primeiras atividades presenciais através das oficinas em escolas com moradores de bairros. Estas atividades tinham o intuito educativo, de informar sobre a importância de revisão do Plano Diretor, prosseguir com o trabalho de diagnóstico e engajamento.

A Leitura Comunitária chegou ao fim com a realização do I Fórum apresentando o resultado dos diagnósticos e a construção de 12 eixos estratégicos que foram comuns nas respostas até aqui e norteariam a revisão do Plano Diretor (Anexo III). Uma nova etapa de consulta pública foi aberta para alterações ou composições dos objetivos estratégicos apresentados no Fórum. Esta etapa poderia ser feita através da plataforma online do PDP ou mesmo preenchendo formulário na SMPMA. No período de vinte dias,

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15 em meados de 2015, a comissão recebeu 290 propostas para análise. Os servidores da secretaria fizeram a análise técnica que levou alguns meses e sistematizaram as propostas no que acabou se tornando o texto-base do Plano Diretor, ainda com uma linguagem acessível sem a estrutura de uma Lei, e com colaboração de outras pastas e órgãos municipais.

"COMO CONSTRUIR A JUNDIAÍ QUE QUEREMOS?"

A apresentação do texto-base foi a oportunidade para realizar o II Fórum do Plano Diretor Participativo, realizado em 3 de outubro de 2015, com o objetivo de apresentar o texto e realizar a eleição de 101 delegados1 como representantes da sociedade civil, entidades setoriais/profissionais, organizações não governamentais/coletivos e governo. Estes seriam os atores principais na deliberação das propostas e construção de um anteprojeto de Lei. Dava início à etapa "Como construir a Jundiaí que queremos".

Daniel Motta foi um dos delegados eleitos durante o II Fórum e estava representando o Coletivo de Cultura na categoria organizações não-governamentais/coletivos. Esta seria uma etapa de conquista de espaço para as pautas de cultura. Neste momento, estariam presentes não só moradores de todas as regiões da cidade, que também vivenciaram o processo pela primeira vez, mas também representantes do setor imobiliário, da associação de engenheiros e servidores, públicos que de alguma forma já haviam discutido leis e parâmetros urbanísticos em outros Planos Diretores.

O processo entrava então na etapa deliberativa e, para isso, precisava colocar os participantes em condições iguais. Assim, iniciaram as "Oficinas de Capacitação" com os delegados eleitos, para justamente equalizar os participantes a respeito de questões técnicas que seriam abordadas no plano.

Esta junção de diferentes atores da cidade num mesmo espaço de discussão foi, na percepção de Daniel, o momento em que ele teve a certeza de que o processo participativo, agora, era pra valer. Os delegados passariam os próximos meses

1 Foram escolhidos titulares de 10 delegados de empresários urbanos e rurais, 31 delegados de

moradores de regiões da cidade, 8 delegados de entidades acadêmicas e profissionais, 8 delegados de sindicatos de trabalhadores e 4 delegados de organizações não-governamentais/coletivos, além de 40 delegados do poder público.

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16 frequentando longas reuniões no período noturno, em muitos casos terminando tarde com os participantes exaustos. "Era muita informação, muito conteúdo novo, muita discussão, muito tarde, ou seja, muito tudo" expressa bem o clima vivenciado por Daniel, demais delegados e servidores da SMPMA.

Até o final de 2015 foram dezenas de oficinas e encontros. Primeiro com as oito "Oficinas de Capacitação", depois com seis "Oficinas de Construção de Propostas", momento de rica troca de experiências, e formulação de 457 propostas conjuntas entre os delegados. Na passagem de 2015 para 2016, a plataforma online do PDP esteve aberta para o recebimento de uma nova rodada de propostas complementares e, no dia 25 de janeiro de 2016, aconteceu a primeira Audiência Pública na Câmara dos Vereadores.

Na tribuna aberta aos inscritos tiveram falas críticas do setor imobiliário aos controles de verticalização excessiva e outras questões que limitavam as áreas passíveis de expansão urbana, por exemplo. Mas também tiveram manifestações em apoio às propostas de preservação ambiental, proteção dos mananciais e fortalecimento das áreas rurais que o Plano Diretor Participativo estava propondo.

Nesta etapa, a secretária Daniela percebia que enquanto o processo era muito bem aceito por quem o vivenciava pela primeira vez, aos demais grupos organizados que tradicionalmente participavam da construção de Planos Diretores, surgiam tentativas de boicote e geração de questionamentos quanto a eficácia do resultado final. Outro grupo de representantes importantes na cidade que foram convidados a participar das reuniões abertas com os delegados, eram os vereadores.

Para a Daniela, o objetivo em atrair os vereadores para processo, dentro de suas bases eleitorais, era que eles atuassem somando às demandas que vinham sendo discutidas publicamente entre os delegados. "Ocorre que a cidade de Jundiaí teve, tradicionalmente, as discussões de planos diretores e de uso do solo fechadas em gabinetes, envolvendo, predominantemente, donos de terras e legisladores".

Dos 19 vereadores municipais, apenas 4 acompanharam e validaram o que vinha sendo discutido na época com a presença de assessores nas oficinas. Acontece que a grande maioria não aceitou o processo, resultando no surgimento de uma manifestação silenciosa dos vereadores para não participarem.

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17 Mesmo assim, o processo participativo continuou entrando em nova fase. De tudo que havia sido construído até então, quase 200 conflitos foram mapeados. A nova etapa, chamada de "Oficina de Consensos", colocou os delegados empenhados em encontrar soluções para cada uma das propostas. O resultado dos conflitos foram: 75 aprovações, 28 aprovadas com alguma contraproposta e 95 em que não houve acertos e seriam levados para a "Mesa de Negociação e Reuniões Bilaterais". Ocorreram 5 mesas, das quais não foram solucionados 16 conflitos que, por fim, foram votados num Congresso.

Ao longo destes extensivos encontros, Daniel enfatiza que as opiniões diferentes iam sempre aparecendo como pontos de vista que ele nunca havia pensado. As coisas iam acontecendo, propostas eram formuladas, debatidas e votadas. Em sua concepção, o processo participativo estava acontecendo, fazendo-o refletir que "qualquer proposta isolada de cidade sem ampla participação que ganhasse seria pior do que a construção coletiva. Não tem bandido e mocinho, não tem certo e errado, não tem bom e mal. Nesse momento de discussão do plano diretor tivemos a oportunidade de confrontar e entender as diferentes visões de cidade. Encarar e discutir a cidade do ponto de vista do meio ambiente, da cultura, da indústria, do comércio, das pessoas que estão em situação precária, do setor imobiliário, de quem precisa de moradia. Esse embate de ideais gerou uma proposta de cidade melhor do que qualquer outra isolada."

A VEZ DOS VEREADORES

Dia 17 de maio de 2016 a primeira versão do Projeto de Lei (PL) foi enviada para a Câmara dos Vereadores. Muitos vereadores que não tinham acompanhado o processo, teriam conhecimento agora do resultado. Para isso, duas Comissões Especiais foram montadas para analisar o projeto de lei. Foi quando mais de 150 emendas surgiram pedindo alterações no PL. As emendas se referiam à retomada de temas específicos que já haviam sido superados no processo decisório participativo.

Para a secretária Daniela da Câmara não só o número de emendas era excessivamente alto, como também o grau de alterações sugeridas no texto original do PL. A secretária se viu numa posição delicada, pois as emendas ameaçavam os últimos três anos de trabalhos de discussões e debates entre diferentes grupos da sociedade que acreditaram no processo participativo proposto pelo poder público. Era o caso do Daniel

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18 e muitos outros, que durante meses dedicaram noites de suas vidas para discutir o Plano. A secretária chegou à decisão de que se as emendas não fossem postas para o mesmo grupo de participantes para solucioná-las, ela colocaria o seu cargo à disposição e o Prefeito estaria exposto politicamente.

Daniel lembra que havia uma disputa política nesta fase. Quem sempre mandou nas diretrizes de crescimento da cidade agiu como estava acostumado. Durante a fase de discussões entre os delegados, muitas pautas destes setores foram vencidas pela maioria que incluía o próprio governo, que assumiu a posição em temas como conservação de áreas rurais, de abastecimento hídrico e limitações nos gabaritos das edificações, o que incomodava os setores imobiliário e da construção civil.

Para chegar à grande quantidade de emendas, não faltou lobby junto aos vereadores, com pareceres e notas técnicas que questionavam importantes conquistas do PDP. O momento era difícil e muitos delegados viram como falta de transparência o modo como foi conduzido junto à Câmara dos Vereadores. "Parecia que todo o Plano Diretor Participativo de Jundiaí tinha sido um apanhando de sonhos, e que com as emendas apresentadas, derrubaram-se todos estes sonhos" era o sentimento que Daniel deixou transparecer.

A visão da secretária era similar. O Plano Diretor é uma peça técnica de fácil manipulação interna nos gabinetes, envolvendo relações de construtoras e poder político. É uma relação comum nas discussões de uso do solo em que vereadores acabam se valendo da posição decisória para promover interlocução e interesse com estes grupos organizados.

A mudança do modus operandi na época, trouxe esvaziamento do poder legislativo, mas capacitou a população interessada nas discussões e deliberações. Depois de todas as etapas de participação popular, que reunia trabalho de vários voluntários e servidores da Prefeitura, o executivo via em cheque o futuro do processo participativo. Havia o respeito entre os poderes, mas havia pressão política sobre o Prefeito para que as emendas fossem acatadas. Do outro lado, havia um compromisso muito forte com a população que acreditou no processo e muitas das emendas contrariavam o caráter participativo e, caso acatadas, simbolizaria a fraude de todo o processo.

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19 2. NOTA DE ENSINO

1. Sinopse - resumo voltado ao professor

Em 2014 a Prefeitura de Jundiaí, através da Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente, deu início ao primeiro processo participativo na revisão do Plano Diretor que duraria até metade de 2016, ano de eleição. Batizado de Plano Diretor Participativo de Jundiaí, durante o período diversos encontros, oficinas, fóruns e audiência pública foram organizados para legitimar o processo. A espinha dorsal do processo, foi a eleição de delegados que teriam poder decisório na formulação do plano e colocaria grupos da sociedade civil que nunca haviam discutido um plano diretor em igualdade com entidades representativas que tradicionalmente norteavam os critérios de crescimento da cidade. Com o processo chegando ao fim, no momento que ele vai para apreciação dos vereados na Câmara Municipal, o plano recebe 155 emendas que alteram significativamente o conteúdo do texto, comprometendo o processo participativo que envolveu mais de 10 mil participações diretas ao longo entre 2014 e 2016. Esta situação coloca a Secretária de Planejamento e Meio Ambiente (SMPA) de Jundiaí sob pressão dos participantes do processo, pois as emendas descontruiriam todo o trabalho realizado.

2. Aplicação e objetivos pedagógicos

A aplicação do Caso de Ensino em questão pode ser de interesse dos alunos de graduação e pós-graduação em Administração Pública e Arquitetura e Urbanismo.

O caso traz como objetivos pedagógicos os seguintes aspectos:

• Discutir as vantagens e desvantagens na implantação de processos participativos na esfera municipal;

• Mapear os distintos interesses políticos quando está em jogo a visão sobre o território - "tabuleiro de interesses";

• Discutir a não previsibilidade em processos participativos; • Aspectos de transparência pública.

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20 Com base na análise do caso, as principais questões para discussão são:

• Como reverter a quantidade de emendas que vieram da Câmara dos Vereadores para não deslegitimar o processo?

• Se fosse você a secretária de Planejamento e Meio Ambiente, como procederia? • Se fosse você um delegado representante da sociedade civil, como procederia? • Quais são os interesses em disputa?

• De que forma o processo participativo de Jundiaí poderia ter previsto este embate? • Este caso pode ser utilizado como aprendizado para outros municípios?

4. Análise teórica (principais conceitos e como podem ser usados no caso) - Processos participativos de gestão pública

Processos participativos são formas de gestão política que ampliam o processo de tomada de decisão da sociedade, entendendo que a democracia não se dá apenas nos pleitos eleitorais, de quatro em quatro anos, mas também na construção das bases orientadoras da política, na definição de prioridades e controle social de sua implementação.

A legislação brasileira, após a Constituição Federal de 1988, assegurou diversas possibilidades de participação na gestão pública, de maneira geral, e na gestão educacional, de forma específica. Os conselhos de políticas públicas, as conferências, audiências e consultas públicas são exemplos de processos participativos previstos na legislação.

A ampliação dos processos participativos está pautada pelos princípios da inclusão, do pluralismo e da justiça social, buscando responder problemas não resolvidos pela democracia representativa, ou seja, a não representação de vários interesses existentes na sociedade. Os processos participativos podem captar interesses e informações por vezes não percebidos nos processos representativos, embora fundamentais para garantir os direitos dos cidadãos.

Se por um lado os processos participativos são importantes para captar melhor as demandas, interesses e problemas sociais, por outro, permitem a formação dos cidadãos, ampliando a visão acerca da realidade, bem como dos aspectos que limitam ou facilitam a ação dos governos.

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21 Transparência é uma das reivindicações morais fundamentais nas sociedades democráticas. É uma medida prática que contribui para reduzir a corrupção e corrigir baixa performance. Ela tem um efeito positivo na confiança e na accountability permitindo aos cidadãos monitorar o poder público e encorajar os governos a melhorarem o modo como os serviços são prestados. A ausência de transparência possibilita práticas de corrupção e conduta ilegal dos representantes (ZUCCOLOTO e TEIXEIRA, 2019).

Apesar da disponibilização de informações públicas ocorrer em todas as esferas de governo, nos municípios ela adquire especial importância, devido à maior proximidade do cidadão com o poder público municipal. Com a publicação da Lei Complementar 131/2009 – Lei da Transparência, diferentes mecanismos de transparência na gestão pública municipal passaram a ser instituídos em escala local, facilitando o processo de troca de informação com a população.

5. Roteiro de discussão proposto (principais seções e questão central de cada uma) Para a discussão do caso, sugerimos a divisão em duas partes:

a) Processos Participativos podem ocorrer com metodologias e formatos diferentes. Para iniciar a discussão, abordem a estrutura do processo participativo adotado em Jundiaí. Alguns pontos podem ser destacados:

- A Prefeitura Municipal de Jundiaí junto com a consultoria contratada Demacamp, estruturaram o processo participativo envolvendo as seguintes etapas:

Etapa 1 – Da Jundiaí que temos para a Jundiaí que queremos:

- Leitura comunitária: (i) questionários nas contas de água, (ii) questionários aos pais de alunos das escolas municipais e alunos do ensino médio das escolas estaduais e (iii) Pesquisa com entidades e grupos organizados da sociedade civil

- Oficinas territoriais de sensibilização nos bairros (com o objetivo de esclarecer a população sobre o que é um Plano Diretor)

- I Fórum do Plano Diretor Participativo (apresentando para a sociedade o resultado deste Diagnóstico, resultado das leituras, das oficinas territoriais, das reuniões com segmentos e setores públicos, tornando-se um documento que retrata o resultado de um planejamento urbano de uma época.

- Recebimento de propostas online;

- Construção do primeiro texto base do Plano Diretor.

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22 - II Fórum do Plano Diretor Participativo com o objetivo de apresentar o texto e realizar a eleição de 101 delegados;

- Oficinas de Capacitação;

- Oficinas de Construção de Propostas; - Oficinas de Consenso;

- Mesa de Negociação e Reuniões Bilaterais

- Congresso das Cidades (última etapa do processo participativo com votação dos últimos conflitos não solucionados nas mesas de negociação)

Etapa 3 – Projeto de Lei

- Primeira versão do Projeto de Lei (PL) - Envio à Câmara dos Vereadores

b) O dilema da Secretária para garantir um processo participativo do começo ao fim. O segundo bloco de discussão deve ser ater na situação final do Plano Diretor Participativo de Jundiaí, quando o Projeto de Lei vai à Câmara dos Vereadores e recebe inúmeras emendas que colocariam em risco todo o processo. Neste bloco recomenda-se discutir a cerca das possibilidades que a situação impõe à Secretária de Planejamento e Meio Ambiente, e como vencer uma situação que envolve diversos interesses políticos superados ao longo do processo participativo.

6. O que aconteceu no caso real?

O Poder Executivo, através de solicitação dos delegados, realizou análise técnica das emendas apresentadas e com o apoio da sociedade, que pressionou a Câmara Municipal, conseguiu que o Plano Diretor fosse aprovado por unanimidade, com algumas emendas, mas sem grandes perdas em relação às decisões tomadas no processo participativo.

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23 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Entrevista com Daniel Motta, delegado do Plano Diretor Participativo de Jundiaí no dia 10 de Julho de 2020.

Entrevista com a ex-Secretária de Planejamento e Meio Ambiente de Jundiaí, Daniela da Câmara no dia 24 de Junho de 2020.

FREITAS, Eleusina Lavor Holanda de; BUENO, Laura Machado de Melo. Processos participativos para elaboração de Planos Diretores Municipais: inovações em experiências recentes. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana, Curitiba, v. 10, n. 2, p.

304-321, Aug. 2018. Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-33692018000200304&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 Julho 2020.

JUNQUEIRA, Vitoria. A importância da transparência na gestão pública municipal. Texto publicado no Blog da empresa Gove. 2020 Disponível em: <https://www.gove.digital/outras-tematicas/transparencia-gestao-municipal/>. Acessado em: março de 2021.

MOTTA, Daniel; BERNARDINI, Sidney. O Mundo da Vida de Habermas e a Participação Social como Ferramenta Qualificadora para o Desenvolvimento da Legislação Urbanística Municipal: O Processo Participativo na Elaboração do Plano Diretor de Jundiaí de 2016. II Simpósio Nacional de Gestão e Engenharia Urbana - USP. São Paulo, 2019.

POLO, Daniel. A dimensão subjetiva do processo participativo no planejamento da cidade: o caso do Plano Diretor Participativo de Jundiaí-SP. Dissertação para obtenção do título de Mestre em Psicologia Social. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2018.

ZUCCOLOTTO, Robson; TEIXEIRA, Marco Antonio Carvalho. Transparência: aspectos conceituais e avanços no contexto brasileiro. Enap, Brasília, 2019.

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24 4. ANEXOS

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28 II - MODELO DE QUESTIONÁRIO ÀS ENTIDADES

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29 III - OS 12 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

1. Preservação, Conservação e Recuperação de Ecossistemas Hídricos e Naturais. 2. Proteção, Promoção e Recuperação de Bens e Imóveis de Interesse Histórico e Cultural. 3. Proteção e Promoção do Desenvolvimento Rural e da Produção Agrícola. 4. Fortalecimento da Base Econômica Local.

5. Melhoria na Mobilidade Urbana e Acessibilidade.

6. Regulação do Uso e Ocupação do Solo e da Produção Imobiliária. 7. Contenção da Urbanização Dispersa e Desordenada.

8. Aproveitamento de Imóveis Ociosos em Áreas Urbanas Consolidadas.

9. Melhoria de Condições Urbanas dos Bairros, com Oferta Adequada de equipamentos. 10. Provisão Habitacional de Interesse Social.

11. Urbanização e Regularização Fundiária de Assentamentos.

12. Gestão Democrática com fortalecimento da participação popular nos rumos da cidade.

Referências

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