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ADRIANE SHIBATA SANTOS

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Academic year: 2021

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ADRIANE SHIBATA SANTOS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE APLICAÇÃO DE FIBRAS DA PUPUNHEIRA (Bactris gasepaes H. B.K) COMO ALTERNATIVA À FIBRA DE VIDRO NO

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Dissertação de mestrado apresentada como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, na Universidade da Região de Joinville. Orientador: Profª. Drª. Denise Abatti K. Silva. Co-orientador: Profª. Drª. Ana Paula T. Pezzin.

JOINVILLE 2007

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Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

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Termo de Aprovação

Estudo da viabilidade de aplicação de fibras da pupunheira (Bactris gasepaes H. B.K) como alternativa à fibra de vidro no desenvolvimento de produtos.

por

Adriane Shibata Santos

Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração Meio Ambiente e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Saúde e

Meio Ambiente da Universidade da Região de Joinville.

Profa. Dra. Denise Abatti Kasper Silva Orientadora (UNIVILLE)

Profa. Dra. Ana Paula Testa Pezzin Co-orientadora (UNIVILLE)

Profa. Dra. Mônica Lopes Gonçalves

Coordenadora do Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Denise Abatti Kasper Silva Orientadora (UNIVILLE)

Profa. Dra. Ana Paula Testa Pezzin Co-orientadora (UNIVILLE)

Prof. Dr. Rogério de Almeida Vieira (UNIVILLE)

Profa. Dra. Elizabete Maria Saraiva Sanchez (UNICAMP)

(4)

A meu querido Eduardo, aos meus pais e irmãs pelo apoio, amor

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente da Universidade da Região de Joinville e ao Programa de Qualificação Docente desta mesma instituição. À Fundação Municipal de Desenvolvimento Rural 25 de Julho pelo apoio técnico e auxílio na escolha dos materiais a serem trabalhados e propriedades parceiras. Ao seu Vigano e dona Agnes, por nos permitir por diversas vezes a “invasão” em sua propriedade para a coleta dos resíduos vegetais. Às empresas Busscar Ônibus S.A, principalmente divisão de Plásticos, Cray Valley de Joinville, Cicloterm Indústria e Comércio de Plástico e CCT/Udesc Joinville pelo apoio, materiais doados e serviços prestados. À orientadora, Profa. Dra. Denise Abatti Kasper Silva pela colaboração, incentivo e acompanhamento competente. À Profa. Dra. Ana Paula T. Pezzin, pela co-orientação, à Marina e ao Carlos e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

(6)

SUMÁRIO RESUMO ... 7 ABSTRACT ... 8 LISTA DE FIGURAS ... 9 LISTA DE TABELAS ... 12 1 INTRODUÇÃO ... 13 2 REVISÃO... 15 2.1 COMPÓSITOS ... 15

2.2 APLICAÇÕES DE FIBRAS EM COMPÓSITOS ... 19

2.2.1 Compósitos poliméricos com fibra de vidro ... 21

2.2.2 Compósitos com fibras vegetais... 24

2.3 PUPUNHEIRA (BACTRIS GASEPAES H.B.K.): CULTURA E APLICAÇÃO DE RESÍDUOS ... 31

2.4 ANÁLISES MORFOLÓGICAS E TÉRMICAS ... 34

2.4.1 Análise morfológica por microscopia eletrônica de varredura (MEV)... 35

2.4.2 Ensaio térmico - Termogravimetria (TG) e termogravimetria derivada (DTG)... 37

2.5 MÉTODOS DE ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITOS ... 41

2.5.1 Ensaio de resistência à tração ... 42

2.5.2 Ensaio de resistência ao impacto ... 45

2.6 DESIGN E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 47

2.6.1 Ecodesign ... 52

2.6.2 Aumento da vida útil de um produto - o produto durável... 55

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 60

3.1 MATERIAIS ... 60

3.2. MÉTODOS... 61

3.2.1 Extração e obtenção das fibras ... 61

3.2.2 Tratamentos superficiais... 63

3.2.2.1. Tratamento com hidróxido de sódio ... 63

3.2.2.2. Tratamento com acrilonitrila ... 64

3.2.2.3.Tratamento com peróxido de hidrogênio ... 64

3.2.3 Análise morfológica das fibras... 65

3.2.4 Análise térmica ... 65

3.2.5 Obtenção dos compósitos e preparação dos corpos de prova ... 66

3.2.6 Ensaios Mecânicos... 66

3.2.6.1 Ensaio de Tração... 67

3.2.6.2 Ensaio de Impacto Izod ... 68

3.2.7 Método estatístico... 68

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 70

4.1 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DE FIBRA DE VIDRO EM COMPÓSITOS ... 70

4.2 IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DAS FIBRAS VEGETAIS ... 70

4.3 EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO DAS FIBRAS ... 72

vi 4.4 ANÁLISE DO EFEITO DO TRATAMENTO SUPERFICIAL NA MORFOLOGIA DAS FIBRAS... 75

4.4.1 Superfície da fibra sem tratamento... 76

(7)

4.4.3 Superfície da fibra com tratamento acrilonitrila ... 78

4.4.4 Superfície da fibra com tratamento H2O2 20 V em 144 h... 78

4.5 EFEITO DOS TRATAMENTOS SUPERFICIAIS NA ESTABILIDADE TÉRMICA DAS FIBRAS... 80

4.5.1 Fibras sem tratamento... 80

4.5.2 Fibras tratadas com NaOH ... 82

4.5.2 Fibras tratadas com C3H3N ... 83

4.5.3 Fibras tratadas com H2O2 20 V 144 h ... 85

4.6 CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA ... 86

4.7 ENSAIOS DE TRAÇÃO... 89

4.8 MICROGRAFIAS DAS FRATURAS ... 93

4.9 ANÁLISE DOS ENSAIOS DE IMPACTO IZOD ... 94

5 CONCLUSÃO... 96

(8)

RESUMO

Questões tocantes aos cuidados com o meio ambiente estão em evidência nos dias atuais, principalmente devido à escassez de recursos naturais e aos impactos causados pela ação do homem. Além disso, apesar da fibra de vidro ser muito utilizada no desenvolvimento de produtos, principalmente por suas propriedades físico-mecânicas, é um material considerado tóxico. Visando contribuir com o desenvolvimento sustentável, minimizar a exposição de trabalhadores à fibra de vidro, melhorando sua saúde e qualidade de vida e verificar a possibilidade de agregar valor a resíduos agroindustriais da extração do palmito de pupunha, cultura que está em ascensão na região de Joinville, averiguou-se a oportunidade de aplicar estes resíduos em compósitos do tipo resina poliéster/fibra vegetal. Deste modo, o presente estudo investigou a viabilidade de aplicação da fibra da folha da pupunheira como alternativa à fibra de vidro no desenvolvimento de compósitos e fez-se uma análise preliminar da aplicação desses em produtos. Para o estudo foram retiradas as fibras das folhas das palmáceas, resíduos gerados na extração do palmito. Estas fibras foram submetidas a três tratamentos químicos para que posteriormente fossem verificadas as alterações promovidas sobre a morfologia e estabilidade térmica destas fibras e seus reflexos no comportamento mecânico dos compósitos obtidos. Os tratamentos usados foram peróxido de hidrogênio (H2O2) 20 V, hidróxido de sódio (NaOH) 5 % v/v e acrilonitrila (C3H3N) 3 % v/v, a 144 h, 72 h e 24 h respectivamente. As fibras tratadas foram aplicadas em resina poliéster insaturada ortoftálica na proporção de 10 % m/m. Os compósitos obtidos foram submetidos aos ensaios de tração conforme norma ISO 527 e impacto, norma ASTM D-256 e o efeito dos tratamentos químicos puderam ser avaliados utilizando Teste t das amostras. As fibras tratadas com acrilonitrila registraram um ataque mais agressivo nas primeiras 24 h que aquelas tratadas com NaOH. Os resultados do ensaio de tração mostraram que os compósitos obtidos com fibras sem tratamento não têm propriedades significativamente diferentes daqueles com fibras tratadas, embora sejam evidenciadas alterações na superfície das fibras. Nos ensaios de impacto observou-se que os compósitos com fibras tratadas com H2O2 apresentaram características superiores às demais, mostrando que esse tratamento permite ampliar a resistência ao impacto desse material com as fibras na proporção de 10 %.

(9)

ABSTRACT

Moving questions to the cares with the environment are in evidence in the current days, mainly due to scarcity of natural resources and the impacts caused for the man’s action. Moreover, despite the fiberglass being a material very used in the development of products, mainly for its physical-mechanical properties, it is considered a material toxic. Aiming at to contribute with the sustainable development, to minimize the exposition of workers to the fiberglass, being improved its health and quality of life and to verify the possibility to add value to agro-industrial residues of the pejibaye palm extraction, culture that is in ascension in the region of Joinville (SC, Brazil), inquired the chance to apply these residues in composites type polyester resin/vegetal fiber. In this way, the present study investigates the viability to apply the fiber of pejibaye leaves as alternative to the fiberglass in the development of composites and makes a preliminary analysis of this application in products. For the study were used the fibers of pejibaye leaves that turn residues when the extraction of the fruit palm of pejibaye. These fibers had been submitted for three chemical treatments so that later it was verified the alteration promoted on the morphology and thermal stability of these fibers and its consequences in the mechanical behavior of the gotten composites. The used treatments had been hydrogen peroxide (H2O2) 20 V, (sodium hydroxide) NaOH 5 % v/v and acrylonitrile (C3H3N) 3 % v/v, 144 h, 72 h and 24 h respectively. The treated fibers had been applied on unsaturated orthophtalic polyester resin in the ratio of 10 % m/m. The gotten composites had been submitted to the assays of in agreement traction norm ISO 527 and impact, ASTM D-256 norm and the effect of the chemical treatment could be evaluated using Test t of the samples. The fibers dealt with C3H3N had registered a more aggressive attack in first 24 h that those treated with NaOH. The results of the traction assay had shown that the composites gotten with fibers without treatment do not have significantly different properties of those with treated fibers, even so are evidenced alterations in the surface of fibers. In the impact assays it was observed that the composites with fibers dealt with H2O2 had presented superior characteristics to the others, showing that this treatment allows extending the resistance to the impact of this material with fibers in the ratio of 10 %.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representações esquemáticas das diversas características geométricas e espaciais das partículas da fase dispersa que podem influenciar as propriedades dos compósitos: (a) concentração, (b) tamanho, (c)

forma, (d) distribuição e (e)

orientação... 17

Figura 2 – Esquema de classificação para os tipos de compósitos ... 18 Figura 3 – Representação esquemática de compósitos reforçados com fibras: (a)

contínuas e alinhadas; (b) descontínuas e alinhadas; (c) descontínuas

aleatórias... 19 Figura 4 – Efeito do tratamento com acrilonitrila nas propriedades de resistência à

tração e módulo de elasticidade do compósito de resina/fibra de

cânhamo. A= resina pura; B= compósito sem tratamento; C=

compósito com tratamento de

acrilonitrila... 25

Figura 5 – Micrografia de superfícies rompidas por tração: (a) compósito sem

tratamento; (b) compósito com tratamento de acrilonitrila (ampliação 150x)... 26 Figura 6 – Micrografias da superfície de fratura do corpo de prova do compósito de

resina poliéster com fibras de bagaço de cana após ruptura no teste de impacto: (a) sem tratamento; (b) com tratamento de NaOH a 10%. (ampliação

800x)... 27

Figura 7 – Fibra da bananeira: (a) com tratamento em solução de NaOH 5%; (b) sem

tratamento... 28

Figura 8 – Fruto da pupunha... 32 Figura 9 – Palmito da pupunha. ... 32 Figura 10 – Aparador revestido com o compensado da madeira da pupunha... 33 Figura 11 – Exemplo de micrografia de uma fibra da folha da pupunheira sem tratamento (ampliação 500x)... 35 Figura 12 – Modos de termogravimetria: (a) TG quase-isotérmica; (b) TG dinâmica ou convencional ... 37 Figura 13 – Características de uma curva TG de uma reação de decomposição

térmica que ocorre em uma única etapa... 38 Figura 14 – Curvas TG (linha tracejada) e DTG (linha sólida) de uma reação de

decomposição térmica que ocorre em uma única etapa. Características

da curva DTG.

... 40 Figura 15 – Representação esquemática do dispositivo de

ensaio de tração uniaxial. ... 43 Figura 16 – Designação dos parâmetros no ensaio de tração... 44 Figura 17 – Representação esquemática: (a) equipamento de ensaios; (b) corpos

de prova Charpy e

(11)

Figura 18 – Roda de Deming... 55 Figura 19 – Chaise long LC4 Cheval de Le Corbusier, projetada em 1928... 58 Figura 20 – Fluxograma do processo de obtenção, limpeza, caracterização das

fibras das folhas de palmito pupunha e sua aplicação em compósitos de

resina poliéster/ fibra vegetal... 61 x

Figura 21 – Plantação de Palmito de Pupunha em propriedade localizada na

Estrada do

Quiriri... 62

Figura 22 – Resíduos fibrosos da Pupunha. ... 62 Figura 23 – Equipamento de ensaio de tração

(marca EMIC, modelo DL 10000/700) ... 67 Figura 24 – Aparelho de Impacto AIC da marca EMIC... 68 Figura 25 – Pontos de localização de cultivo

da pupunha na região de Joinville...71 Figura 26 – Fibras existentes no caule secundário... 73 Figura 27 – Fibras existentes nas folhas... 73 Figura 28 – Fibras trituradas do resíduo do caule

secundário da pupunheira... 74 Figura 29 – Processo de obtenção das fibras das folhas da palmácea... 75 Figura 30 – Micrografias obtidas por MEV da superfície transversal de uma

fibra de pupunha sem tratamento: (a) ampliação 500x;

(b) ampliação 1000x... 76 Figura 31 – Micrografias obtidas por MEV da superfície transversal de uma

fibra de pupunha com tratamento NaOH 5%: (a) 24h; (b) 48h;

(c) 72h (ampliação 500x)... 77 Figura 32 – Micrografias obtidas por MEV da superfície transversal de uma

fibra de pupunha com tratamento acrilonitrila: (a) 24h;

(b) 48h (ampliação 500x)... 78 Figura 33 – Micrografias obtidas por MEV da superfície transversal de uma

fibra de pupunha com tratamento com H2O2 20V com agitação: (a) 24h; (b) 48h; (c) 72h; (d) 96h; (e) 120h; (f) 144h (ampliação 1000x) ... 79 Figura 34 – Curvas de TG e DTG para as fibras fina e grossa de

palmito pupunha sem tratamento... 81 Figura 35 – Curvas de TG e DTG para as fibras de pupunha

tratadas com NaOH 5% - 1) 24h, 2) 48h, 3) 72h

e fibra sem tratamento... 82 Figura 36 – Curvas de TG e DTG para as fibras de pupunha tratadas

com acrilonitrila 3%: 1) 24h, 2) 48h e sem tratamento... 84 Figura 37 – Curvas de TG e DTG para as fibras de pupunha sem

tratamento e tratadas com H2O2 20V – 144h... 85 Figura 38 – Estudos preliminares de resina/fibra vegetal variando a espessura e a

percentagem de fibra: (a) 16%, (b) 12% (c) 12%, (d) 10%... 87 Figura 39 – Placa de compósito resina/fibra 10% (m/m) fibra/ resina para

confecção de corpos de prova para ensaios de tração... 88 Figura 40 – Comparação entre os dados: (a) Resistência à tração (MPa),

(b) Módulo de Young (MPa) e (c) Alongamento (%)

obtidos dos ensaios de tração... 90 Figura 41 – Curvas com os valores médios do Módulo de Young dos

compósitos: sem tratamento; NaOH; C3H3N; H2O2; FV 10%... 92 Figura 42 – Micrografias das superfícies de fraturas dos corpos de prova

(12)

obtidas por MEV dos compósitos de resina/fibra de pupunha após o ensaio de tração: (a) C3H3N; (b) H2O2; (c) NaOH; (d) sem tratamento (ampliação 500x)... 93 Figura 43 – Comparação entre os dados obtidos nos ensaios de resistência ao impacto Izod (J/m) ... 95

(13)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Resultados obtidos na caracterização mecânica dos compósitos... 28 TABELA 2 – Dados de temperatura onset (Tonset), temperatura máxima de

degradação (Tp) e porcentagem de perda de massa, determinados a partir das curvas de TG e DTG das fibras não tratadas ... 81 TABELA 3 – Tabela 3 – Dados de temperatura onset (Tonset), temperatura máxima

de degradação (Tp) e porcentagem de perda de massa determinados a partir das curvas de TG e DTG das fibras não tratadas e tratadas com NaOH... 83 TABELA 4 – Dados de temperatura onset (Tonset), temperatura máxima de

degradação (Tp) e porcentagem de perda de massa determinados a partir das curvas de TG e DTG das fibras não tratadas e tratadas com C3H3N... 84 TABELA 5 – Dados de temperatura onset (Tonset), temperatura máxima de

degradação (Tp) e porcentagem de perda de massa determinados a partir das curvas de TG e DTG das fibras não tratadas e tratadas com H2O2 20V... 86 TABELA 6 – Resultados obtidos no ensaio de tração dos compósitos... 90 TABELA 7 – Resultados obtidos no ensaio de impacto... 94

(14)

1 INTRODUÇÃO

A fibra de vidro é o material mais utilizado no desenvolvimento de produtos,

principalmente por apresentar excelente resistência à corrosão e à umidade,

retenção das propriedades mecânicas em altas temperaturas, facilidade de

processamento e baixo custo. Além disso, quando usado em um compósito, permite

o trabalho com formas complexas e de grande porte, tais como cascos de barcos,

peças para frentes e traseiras de ônibus e caminhões, carrocerias de carros

esportivos, piscinas, tubos para esgoto, etc. Porém, é bastante poluente; seus

resíduos sólidos são de difícil reaproveitamento, além de ser altamente tóxico às

pessoas que estão em contato direto com o produto, podendo ocasionar doenças

respiratórias, entre elas o câncer de pulmão.

A aplicação de fibras vegetais como substitutas da fibra de vidro em matrizes

poliméricas para a confecção de compósitos vem sendo estudada principalmente

porque são consideradas fontes renováveis e compreendidas como importantes para

o desenvolvimento sustentável. Para este trabalho selecionou-se a fibra do palmito

de pupunha entre as fibras provenientes de resíduos agroindustriais da região de

Joinville (SC), tanto para criar uma alternativa de reaproveitamento desses resíduos,

quanto buscar a minimização da exposição de trabalhadores à fibra de vidro, o que

pode refletir na saúde e qualidade de vida desses indivíduos. Este trabalho pondera

tanto questões ambientais como os reflexos sobre a saúde dos trabalhadores,

evidenciando a inter-relação saúde e ambiente.

Utilizar fibras vegetais, com ou sem tratamento, em substituição à fibra de

vidro e caracterizar algumas propriedades desse material antes e depois de

(15)

aplicações desses compósitos em produtos. A caracterização térmica das fibras e

mecânica dos compósitos, bem como o perfil do produto a ser viabilizado por esses

sistemas foi verificado e será apresentado neste estudo.

Na seção 1 é apresentado o estado da arte, apontando o que já foi

trabalhado a respeito do tema. São abordados os materiais compósitos e suas

aplicações, a cultura e aplicação dos resíduos do palmito de pupunha, os métodos

de análise: morfológica, térmica, das propriedades mecânicas de compósitos, além

de abordar o Design e o desenvolvimento sustentável.

A seção 2 descreve a metodologia e os instrumentos de pesquisa usados

para o estudo, mostrando as etapas e atividades desenvolvidas. Apresenta desde a

análise da aplicação da fibra de vidro em compósitos, identificação e seleção,

extração e obtenção das fibras vegetais, os processos de tratamentos químicos

realizados, para melhoramento das propriedades das fibras, até a obtenção dos

compósitos, a confecção de corpos de prova e caracterização mecânica desse novo

material.

Na seção 3 são apresentados e discutidos os resultados deste estudo,

(16)

2 REVISÃO

2.1 Compósitos

A evolução tecnológica e a crescente demanda por novos produtos exige

materiais altamente capacitados para a execução das aplicações propostas. O

desenvolvimento de materiais compósitos surgiu da necessidade de se obter

materiais que pudessem atender a algumas exigências técnicas, tais como:

- Leveza e facilidade de transporte: produtos fabricados a partir de

compósitos apresentam um baixo peso específico, sendo amplamente utilizados nos

setores aeronáutico, naval, automobilístico e outros.

- Resistência química: esta característica permite sua utilização em uma

ampla gama de ambientes quimicamente agressivos, além dos aditivos especiais e

resinas específicas que estão à disposição para aplicações que requeiram

propriedades além das usuais.

- Resistência às intempéries: umidade, vento, sol, oscilações térmicas

tem baixa ação prejudicial sobre os compósitos e quando características não usuais

são requeridas, aditivos como protetores de UV, agentes anti-pó, resinas especiais

são amplamente utilizados.

- Flexibilidade arquitetônica: moldes com formas complexas são

facilmente adaptáveis aos processos em utilização.

- Durabilidade: devido à sua composição e à reticulação polimérica

formada durante o processo de moldagem, apresenta como característica uma alta

(17)

- Fácil manutenção: apresentam técnicas simples de reparo e

manutenção.

- Resistência mecânica: apresentam excelente resistência mecânica que

possibilita a sua aplicação em peças de grande porte.

Essas exigências são consideradas as principais características dos

compósitos segundo a Associação Brasileira de Materiais Compósitos (ABMACO,

2007).

Os compósitos são materiais criados através da combinação de dois ou mais

componentes distintos, de maneira a alcançar uma melhor combinação de

propriedades. Muitas tecnologias modernas requerem materiais com propriedades

incomuns que não podem ser atendidas por materiais convencionais, ligas metálicas

ou cerâmicas (CALLISTER, 2002).

Para um material ser considerado compósito, deve atender a alguns critérios:

ser composto por dois ou mais materiais insolúveis, ou seja, que mantêm sua

identidade no material final, mas com formas e/ou propriedades distintas; as

propriedades finais dos compósitos necessitam ser diferentes das de seus materiais

constituintes, que devem estar presentes em proporções razoáveis (no mínimo 5%);

e as diferentes fases devem estar separadas por uma interface de escala

microscópica (AMICO, 2006).

Dentre os segmentos de mercado que utilizam compósitos como

matéria-prima, destacam-se segundo a ABMACO (2007):

- Saneamento básico: fabricação de tubos e estações de tratamento de

água e efluentes.

- Transporte (automotivo, ferroviário, marítimo e aéreo): o Brasil é um dos

(18)

investimentos das montadoras internacionais em nosso país e ao constante

crescimento deste segmento, sinaliza um excelente potencial de desenvolvimento

para a indústria de compósitos. A destacada atuação do Brasil nos setores de

transporte ferroviário e aeronáutico também abre boas perspectivas para as

empresas.

- Químico e Petroquímico: 20% das plataformas de petróleo da Petrobrás

já utilizam produtos fabricados a partir de compósitos, substituindo, por exemplo, as

grades de piso em aço.

- Construção Civil: o compósito já é amplamente utilizado por este

segmento, principalmente na fabricação de caixas d'água, tanques, coberturas,

perfis, mármore sintético, banheiras e telhas.

- Eletro-eletrônico: as concessionárias de telefonia e energia elétrica já

estão utilizando amplamente o compósito em suas obras de manutenção e

expansão em leitos para cabos, antenas, elementos de isolação e cabines

telefônicas.

- Lazer: utilização de compósitos de fibra de vidro para fabricação de

materiais para parques temáticos e piscinas.

A maioria dos materiais compósitos é constituída por duas fases distintas: a

matriz, que é contínua e envolve a outra fase, chamada de fase dispersa,

normalmente mais dura, mais rígida e mais resistente que a matriz (com algumas

exceções). Como as duas fases estão ligadas por uma interface, a carga aplicada ao

compósito é compartilhada pela fibra e pela matriz, sendo o reforço quase sempre

responsável pela maior sustentação do esforço (AMICO, 2006).

As propriedades finais dos compósitos são uma função das propriedades de

(19)

distribuição e orientação das partículas (CALLISTER, 2002). A geometria do reforço

é um dos fatores que determinam sua efetividade, pois as propriedades mecânicas

dos compósitos são diretamente influenciadas por seu formato e dimensões

(AMICO, 2006). Na Figura 1 são apresentadas algumas representações referentes

às diversas características da fase dispersa dos compósitos.

Figura 1 – Representações esquemáticas das diversas características geométricas e espaciais das partículas da fase dispersa que podem influenciar as propriedades dos compósitos: (a) concentração, (b) tamanho, (c) forma, (d) distribuição e (e) orientação. Fonte: Callister (2002).

Os materiais compósitos podem ser classificados em três divisões principais:

os compósitos reforçados com partículas, os reforçados com fibras e os estruturais,

(20)

Figura 2 – Esquema de classificação para os tipos de compósitos. Fonte: Callister (2002).

Nos compósitos reforçados com partículas, a fase dispersa tem eixos iguais,

sendo as dimensões das partículas aproximadamente as mesmas em todas as

direções. Para os compósitos reforçados com fibras, a fase dispersa tem a

geometria de uma fibra, com uma grande razão entre o comprimento e o diâmetro; já

os compósitos estruturais são combinações de compósitos e materiais homogêneos

(CALLISTER, 2002).

2.2 Aplicações de fibras em compósitos

Os compósitos reforçados com fibras são classificados de acordo com o

comprimento das mesmas. As características mecânicas de um compósito reforçado

com fibras não dependem somente das propriedades da fibra, mas também do grau

segundo o qual uma carga aplicada é transmitida para as fibras pela matriz. Desta

(21)

resistência, além do fortalecimento do material compósito. Este comprimento crítico

(lc) vai depender do diâmetro da fibra (d) e de sua resistência final (σ*f), como

também da força de ligação entre a fibra e a matriz (Τc), de acordo com a equação 1

(CALLISTER, 2002):

lc= σ*f d (1) 2 Τc

A orientação, concentração e distribuição das fibras também exercem

influência na resistência e em outras propriedades dos compósitos reforçados com

fibras. Existem duas possibilidades de orientação: alinhamento paralelo ao eixo

longitudinal das fibras e alinhamento totalmente aleatório. Normalmente, as fibras

contínuas (longas) estão alinhadas e as fibras descontínuas (curtas) podem estar

alinhadas ou orientadas aleatoriamente (Figura 3). A melhor combinação das

propriedades dos compósitos se dá quando a distribuição das fibras é uniforme

(CALLISTER, 2002).

Figura 3 – Representação esquemática de compósitos reforçados com fibras: (a) contínuas e alinhadas; (b) descontínuas e alinhadas; (c) descontínuas aleatórias Fonte: Callister (2002).

A matriz pode ser metálica, cerâmica ou polimérica, sendo que de maneira

(22)

são rígidos e quebradiços e os metais têm resistência e módulos intermediários,

sendo também dúcteis. Devem dar suporte e proteção à fibra, evitando falhas de

superfície e suportando tensões de cisalhamento (AMICO, 2006).

Da mesma forma os reforços também podem ser metálicos, cerâmicos ou

poliméricos. Pode ser em partículas ou fibras, sendo que a fibra é geralmente usada

e pelo menos uma das dimensões desta fibra deve ser pequena (1-500µm) (AMICO,

2006).

2.2.1 Compósitos poliméricos com fibra de vidro

Compósitos poliméricos são materiais de moldagem estrutural, compostos por

uma fase contínua polimérica (matriz) reforçada por uma fase descontínua,

normalmente formada por fibra de vidro, aramida ou de carbono dependendo da

aplicação final. Estas duas fases agregam-se físico-quimicamente após um processo

de cura (reticulação polimérica) (ABMACO, 2007).

Dentre os compósitos, os que utilizam fibra de vidro são aplicados no

desenvolvimento de diversos produtos, como caixas d’água, piscinas, cascos de

barco, etc. Segundo Mano e Mendes (1999), a fibra de vidro ou fiberglass é ainda

um material comumente utilizado em alguns segmentos de mercado, devido às

características como resistência a variações de temperatura e por não permitir

alterações substanciais das propriedades mecânicas. É um material rígido, com

resistência química e às intempéries. Devido à sua facilidade de processamento,

(23)

corrugadas, cascos de barcos, carrocerias de carros, piscinas, silos, tubos para

esgoto industrial e luminárias decorativas.

Os compósitos com fibra de vidro utilizam fibras contínuas ou descontínuas

em uma matriz polimérica, sendo o vidro considerado um dos mais utilizados

compósitos por várias razões (CALLISTER, 2002):

- é facilmente estirado na forma de fibras de alta resistência a partir do seu

estado fundido;

- é um material amplamente disponível e pode ser fabricado

economicamente para formar um plástico reforçado com vidro, empregando-se uma

variedade de técnicas de fabricação de materiais compósitos;

- como uma fibra, ele é relativamente forte e, quando se encontra no

interior de uma matriz polimérica produz um compósito que possui resistência

específica muito alta;

- quando associado com diferentes polímeros, possui uma inércia química

que torna o compósito útil para aplicação em meio a uma variedade de ambientes

corrosivos.

As resinas mais utilizadas para constituir compósitos reforçados com fibra de

vidro são os poliésteres e as vinil ésteres; são também as de menor custo. Já as

resinas epóxi possuem um custo mais elevado, sendo muito utilizadas em

aplicações aeroespaciais, por apresentarem melhores propriedades mecânicas e

melhor resistência à umidade que as demais. Para aplicações a altas temperaturas

são usadas as resinas poliimidas e as termoplásticas (CALLISTER, 2002).

Apesar de suas características apropriadas para o desenvolvimento de

compósitos, a fibra de vidro é um material de manuseio complexo, tóxico para os

(24)

exige operações adicionais de tratamento, poluindo com maior facilidade o meio

ambiente. Estudos para melhorar estas condições de reciclagem vêm sendo

trabalhados. No trabalho de Sánchez et. al. (2007) é feita a aplicação do processo

de pirólise em materiais compósitos de poliéster insaturado/ fibra de vidro, de forma

a separar a fibra e recuperar o polímero na forma de gás e líquidos.

Segundo Ferreira (2004), a corrente da sustentabilidade entende que

poluição é uma forma de desperdício e ineficiência dos processos produtivos pela

perda de matérias-primas e insumos na fabricação de produtos. Assim, a busca da

qualidade ambiental passa pela concepção do produto e do próprio processo

produtivo, através de gerenciamento de resíduos, utilização de forma consciente das

matérias-primas, minimização do consumo energético e dos insumos necessários ao

processo.

Problemas relacionados à saúde das pessoas que ficam em contato direto

com a fibra de vidro também são levantados. Porém, existem controvérsias entre

alguns autores. Segundo Yam (1996) a inalação da fibra de vidro expõe seus

manipuladores a grandes riscos de câncer. O autor relata que estudos realizados

pelo Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC; Washington), mostram que

os riscos de câncer ocasionados pela inalação da fibra de vidro são iguais ou

maiores que os ocasionados por amianto. O câncer pode ocorrer nos olhos, pele ou

sistema respiratório. Nos estudos feitos por Hesterberg et al. (1999) com hamesters,

todos os animais expostos à fibra tiveram inflamações pulmonares e elevada perda

das células pulmonares. Para os autores, tanto a fibra quanto o amianto induzem à

fibrose e mesotelioma pleural. Estas descobertas apoiam a idéia do potencial tóxico

da fibra de vidro. Para Baan e Grosse (2004) materiais como a fibra de vidro são

(25)

transportadas pelo ar e inaladas em sua produção, uso e eliminação. Segundo

afirmam, estas partículas têm propriedades físicas similares às do amianto. O

comportamento de suas fibras proporciona a mesma propriedade aerodinâmica e

leva à sedimentação das fibras transportadas por todo o sistema respiratório.

Analisando suas características, a fibra de vidro é muito fina, semelhante a um

alfinete, facilitando sua aspiração e sedimentação. Mas, ao contrário do amianto, a

fibra de vidro é sintética e amorfa e geralmente tem uma menor biopersistência no

pulmão. Os autores afirmam ainda que as fibras de amianto podem causar dois tipos

diferentes de malignidades em humanos: mesotelioma maligno, que surge no

revestimento das cavidades do corpo e o carcinoma do pulmão, que aparece nas

células epiteliais pulmonares. Por esta razão, estudos epidemiológicos da fibra de

vidro são focados principalmente nestes dois tipos de câncer. Entretanto, nas

avaliações feitas em um estudo de coorte em 2001 (FAYERWEATHER, 2002) existe

uma evidência inadequada para carcinogenicidade em humanos, com base em

informação epidemiológica. Segundo esse estudo, para a exposição de pessoas em

ambientes contendo 0,05 fibras/cm³, o risco de câncer não é estatisticamente

diferente daquelas que não se expõem à fibra de vidro. Os autores afirmam que não

há registro de relação tempo-dependente entre a primeira exposição e a presença

de tumor.

2.2.2 Compósitos com fibras vegetais

Atualmente é crescente o número de pesquisas que envolvem compósitos

com fibras vegetais, principalmente referentes à substituição de fibras sintéticas.

(26)

Salazar et. al. (2005) destacam a utilização destas fibras em substituição a fibras

como fibra de vidro, amianto, Kevlar, nylon, boro e carbono, principalmente por estas

apresentarem uma ou mais das seguintes características: custo elevado, serem

abrasivas a equipamentos de processamento, possuírem alta densidade, não serem

biodegradáveis, além de gerar um alto custo de reciclagem e potenciais problemas à

saúde e ao ambiente. O uso de fibras vegetais se torna vantajoso justamente por ter

características opostas: baixo custo, baixa densidade, não serem abrasivas, serem

fonte de recursos naturais renováveis, biodegradáveis, não tóxicas, podendo ser

incineradas e facilmente modificadas por agentes químicos.

Metha et al. (2004) também destacam o estudo dos biocompósitos. Segundo

eles, são materiais do futuro por gerar a possibilidade de manter o balanço entre

ecologia e economia. Estes autores destacam que o interesse e a pesquisa nesta

área têm crescido de forma exponencial na última década e que o benefício maior

está na utilização de fibras naturais como reforço em componentes termoplásticos e

termofixos. Embora os termoplásticos tenham a vantagem de permitir a reciclagem,

os termofixos têm como meta o aperfeiçoamento de suas propriedades mecânicas

na utilização de biocompósitos. Como já visto, as fibras naturais oferecem muitas

vantagens, mas existem algumas limitações, pois as biofibras são hidrofílicas e têm

baixa compatibilidade com as respectivas matrizes poliméricas hidrofóbicas,

necessitando de tratamentos químicos para melhorar suas propriedades (METHA et

al., 2004).

Estudos demonstram que a adesão de fibras vegetais com uma matriz é um

fator crítico na melhoria das propriedades mecânicas dos compósitos e que as

soluções ainda estão sendo testadas. Estas recaem principalmente na utilização de

(27)

nas resinas, melhorando as características de interface entre a matriz e a fibra

(SANCHEZ et al., 2002; AZIZ et al., 2006; BRAHIM & CHEIKH, 2007).

Para Metha et al. (2004) a aplicação de um tratamento químico nas fibras

naturais pode tornar possível o emprego de compósitos com essas fibras e poliéster,

uma vez que consegue melhorar suas características mecânicas. Sem a aplicação

de tratamentos, a utilização destes biocompósitos pode ficar comprometida ou

limitada, pois a característica hidrofílica é responsável pela absorção de água, sendo

contrária à característica da fibra de vidro, por exemplo, de resistir às intempéries.

Nesse trabalho os autores mostram que a fibra de cânhamo, quando tratada com

acrilonitrila, aumenta em 80 % sua resistência à tração, comparando-se com o

compósito utilizando fibra sem tratamento, além de aumentar também seu módulo

de elasticidade (Figura 4).

Figura 4 – Efeito do tratamento com acrilonitrila nas propriedades de resistência à tração e módulo de elasticidade do compósito de resina/fibra de cânhamo. A= resina pura; B= compósito sem tratamento; C= compósito com tratamento de acrilonitrila. Fonte: Metha et al., 2004.

Nas micrografias realizadas neste estudo (Figura 5) verifica-se que nos

ensaios de tração, os compósitos com fibras tratadas com acrilonitrila apresentaram

(28)

Figura 5 – Micrografia de superfícies rompidas por tração: (a) compósito sem tratamento; (b) compósito com tratamento de acrilonitrila (ampliação 150x). Fonte: Metha et al., 2004.

Já Cavani et al. (2004) aplicaram sobre fibras de bagaço de cana, tratamentos

com solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 10 % por 24 h e com solução metanol

e silano 2 %, também por 24 h. Os ensaios de impacto realizados mostraram que os

compósitos de resina poliéster confeccionados com o bagaço tratado com hidróxido

de sódio apresentaram resultados superiores aos compósitos com bagaço sem

tratamento. As análises por microscopia eletrônica de varredura - MEV (Figura 6) -

confirmaram a adesão entre as fibras tratadas e a matriz polimérica, o que evidencia

a mudança da superfície do bagaço em função do tratamento químico.

Figura 6 – Micrografias da superfície de fratura do corpo de prova do compósito de resina poliéster com fibras de bagaço de cana após ruptura no teste de impacto: (a) sem

(29)

tratamento; (b) com tratamento de NaOH a 10 % (ampliação 800x). Fonte: Cavani et al., 2004.

Campomanes-Santana et al. (2004) avaliaram o efeito de tratamentos

químicos em fibras de bambu nas propriedades destes compósitos. As fibras foram

submetidas a tratamento com água a 100 °C por 1 h e solução de NaOH em 3 diferentes concentrações de massa (1, 5 e 10 % m/m) a 85 °C por 15 min. O tratamento químico com alta concentração de NaOH exerceu forte influência nas

propriedades físicas dos compósitos, tais como decréscimo da densidade e aumento

da umidade e absorção de água.

Fibras extraídas do caule da bananeira foram utilizadas por Wessler et al.

(2004) que fizeram experimentos realizando tratamento superficial com solução

aquosa a 5 % de NaOH e tratamento de imersão na própria resina poliéster. De

acordo com os resultados dos experimentos (Tabela 1), o tratamento efetuado pela

imersão prévia das fibras na resina não resultou em compósitos com boas

propriedades. Embora o material preparado com fibras tratadas com NaOH tenha

apresentado maior resistência à tração, a resistência ao impacto foi comprometida.

Tabela 1 – Resultados obtidos na caracterização mecânica dos compósitos.

Compósitos - fibras com 10mm Compósitos - fibras com 50mm Propriedades Sem

tratamento Imersão em NaOH Imersão em resina tratamento Sem Imersão em NaOH Imersão em resina Resistência à tração (MPa) 12,02 (±0,99) (±1,51) 18,28 (±0,7899) 8,45 (±1,46) 13,33 (±0,97) 12,68 (±1,83) 7,10 Alongamento (%) (±0,37) 3,25 (±0,35) 3,68 (±0,33) 2,32 (±0,54) 3,12 (±0,34) 2,66 (±0,36) 2,43 Resistência ao impacto (KJ/m²) (±0,76) 7,46 (±0,26) 1,76 (±2,79) 5,88 (±2,84) 7,30 (±1,18) 3,40 (±3,81) 6,63

(30)

Nas micrografias obtidas por MEV no estudo com a fibra da bananeira (Figura

7), verifica-se que a fibra tratada apresentou uma superfície mais irregular que a não

tratada (que apresentou uma regularidade não esperada para uma fibra natural,

provavelmente atribuída ao método de raspagem no processo de extração da fibra).

Segundo Wessler et. al (2004), isto pode permitir uma maior adesão e maior

facilidade de dispersão na matriz polimérica.

Figura 7 – Fibra da bananeira: (a) com tratamento em solução de NaOH 5 %; (b) sem tratamento. Fonte: Wessler et al., 2004.

Nas curvas termogravimétricas obtidas para fibras de bananeira tratadas com

NaOH e sem tratamento, verificou-se que o teor de umidade situou-se próximo a 9

% nos dois casos. Quanto à temperatura de início de decomposição, averiguou-se

que o tratamento superficial efetuado apresentou uma variação de aproximadamente

15 °C na estabilidade térmica da fibra, sendo a temperatura de início de degradação para a fibra não tratada igual a 295 °C e para a fibra tratada, 270 °C.

No Brasil, outras fibras que estão se destacando em pesquisas de

biocompósitos são as de coco, sisal e curauá. A fibra de coco está sendo

amplamente usada em compósitos com látex, principalmente na fabricação de

(31)

Salazar et. al. (2005), este compósito apresentou várias vantagens em relação à

espuma de poliuretano, entre elas ótima aeração, biodegrabilidade, reciclabilidade,

custo equivalente ao da espuma, produto renovável e combustão sem gases tóxicos.

A aplicação de fibras de sisal no reforço de matrizes poliméricas

apresentam-se como alternativa uma vez que apresentam-seus compósitos mostram elevada resistência ao

impacto, além de moderada resistência à tração e em flexão quando comparadas a

compósitos reforçados com outras fibras vegetais (JOSEPH et. al.,1999).

Outro material com potencial de aplicação é o curauá, que produz uma fibra

de alta resistência. Segundo Mothé e Araújo (2004), quando misturada a polímeros,

pode originar produtos com menor densidade, promover a diminuição de custo

referente à matéria-prima, além da vantagem de se empregar uma matéria-prima de

fonte renovável.

Estudos mais recentes apontam a utilização de duas ou mais substâncias

como reforço para uma mesma matriz, que originam os chamados compósitos

híbridos. Conforme Idicula et al. (2006), é crescente o interesse pela hibridização

com diferentes fibras naturais a fim de produzir materiais compósitos com maior

performance. Destacam o uso de fibras de banana/ sisal e fibras de folhas de

abacaxi/ fibra de vidro em compósitos híbridos de poliéster. Também são apontados

estudos de outros autores com híbridos de rami/ tecido de algodão em matriz

poliéster e sisal/ fibra de dendê como reforços de compósitos com borracha natural

(32)

2.3 Pupunheira (Bactris gasepaes H.B.K.): cultura e aplicação de resíduos

O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de palmito do mundo.

Segundo Santos et. al. (2006), estima-se que aproximadamente 99% do palmito

comercial brasileiro, aproximadamente 70 mil toneladas, originam-se do extrativismo,

principalmente, do açaí, na região do delta do rio Amazonas, e, em menor escala, da

juçara na Mata Atlântica das regiões Sul e Sudeste do país. Para Chaimsohn e

Durigan (2006), em função do esgotamento das reservas naturais do palmito juçara

devido à acentuada devastação, o cultivo de palmáceas alternativas para produção

de palmito tem crescido no Centro-Sul do país. Esta cultura foi inicialmente

introduzida nesta região aproximadamente há 20 anos, tendo sua maior expansão a

partir de meados da década de 90. Neste contexto, Santos et. al. (2006) afirmam

que “o cultivo da pupunha e da palmeira real para palmito constituem-se em

importantes alternativas agroecológicas para diversificação e fonte de renda para

sistemas de produção em várias regiões brasileiras”.

A pupunheira é uma palmeira da família das palmáceas, nativa dos trópicos

úmidos americanos, cultivada por índios da América Central e Amazônia desde

aproximadamente 1545, porém não se sabe com exatidão a sua origem apesar do

conhecimento de seu uso por índios que ocupavam as regiões quentes desde o

Estado do Pará ao sul do México (CARMO et al., 2003).

Uma iniciativa do grupo de pesquisa com a Pupunha, liderado pelo Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a descreve como uma espécie

domesticada, ocorrendo apenas onde é plantada e sua abundância depende da

(33)

domesticada, a tolerância ecológica da pupunha é muito mais ampla do que

qualquer um de seus prováveis ancestrais”. (PUPUNHA-NET, 2006).

O habitat natural da pupunheira são regiões de mata úmida, com índices

pluviométricos variando entre 1500 a 6000 mm, com uma distribuição adequada de

chuvas. A altitude também é variável, indo desde o nível do mar a até

aproximadamente 2000 m. A temperatura média anual das regiões onde é

encontrada varia entre 22 e 28 ºC, com umidade relativa do ar acima de 80 %

(CARMO et al., 2003; PUPUNHA-NET, 2006).

Da pupunheira é usado praticamente tudo. Os principais usos destacados são

para consumo, seja in natura, a partir do fruto cozido (Figura 8), o fruto em forma de

farinha ou para ração animal, além do palmito (caule secundário), apresentado na

Figura 9. Também são usadas as sementes em consumo direto como noz e as

flores como condimentos para saladas (CARMO et al., 2003; PUPUNHA-NET,

2006).

(34)

Figura 9 – Palmito da pupunha. Fonte: INPA, 2006.

Também são destacados alguns usos secundários como a utilização do fruto

para óleo e a utilização dos espinhos como agulha pelos índios. O crescimento da

pupunha é muito rápido, tornando-se alta demais para a fácil coleta dos frutos,

sendo indicada a renovação periódica das plantações para frutos, eliminando-se

alguns dos estipes e utilizando a madeira de sua parte externa. Esta madeira pode

ser usada em pequenas construções, arcos e flechas, varas de pescar (CARMO et

al., 2003; PUPUNHA-NET, 2006). A madeira possui uma cor parda-escura com

fibras amarelas, é forte e durável, fácil de trabalhar, aceitando um bom acabamento.

Pesquisas do INPA identificaram qualidades especiais que também sugerem seu

uso em instrumentos musicais e artesanato. Outro uso obtido a partir de ripas do

estipe da pupunheira é o compensado (FIBRA DESIGN SUSTENTÁVEL, 2007). As

ripas são prensadas horizontalmente com adesivo de base vegetal. Este material

possui um acabamento final de alta qualidade proporcionada por sua textura fina. Na

Figura 10 é possível observar um aparador revestido com o compensado de

(35)

Figura 10 – Aparador revestido com o compensado da madeira da pupunha. Fonte: Fibra Design Sustentável, 2007.

Além disso, seu perfilhamento a torna uma espécie perene (ou semiperene),

propiciando o corte de mais de um palmito/planta a partir do corte da planta mãe,

aumentando o rendimento do agricultor. Os resíduos resultantes do corte do palmito

são suas folhas e resíduos do caule secundário, parte da palmácea usada na

alimentação como palmito.

2.4 Análises morfológicas e térmicas

Para acompanhamento dos efeitos de tratamentos químicos sobre as fibras

vegetais e da interação resina/ fibra são realizadas rotineiramente análises

(36)

2.4.1 Análise morfológica por microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Dentre as formas de monitorar a qualidade mecânica dos compósitos

poliméricos e para o estudo da estrutura fina e da morfologia de materiais,

costuma-se usar técnicas de inspeção morfológica, destacando-costuma-se aqui a microscopia

eletrônica de varredura (MEV). Por meio de um microscópio eletrônico são obtidas

imagens tridimensionais a partir da utilização de elétrons (GONÇALVES, 2003).

Na utilização de um microscópio eletrônico em relação a um microscópio

óptico, a vantagem destacada é a alta resolução das imagens, garantindo obter alta

ampliação de detalhes próximos sem perder a nitidez. Por meio dos equipamentos

eletrônicos podem ser verificados detalhes menores que 1 nanômetro

(GONÇALVES, 2003).

Padilha (2004) ressalta que a microestrutura observada no microscópio

eletrônico apresenta uma descrição qualitativa dos diferentes microconstituintes e

dos defeitos presentes na mesma. O autor destaca ainda que as propriedades dos

materiais dependem da sua microestrutura, citando as influências do tamanho do

grão e da dispersão de uma segunda fase sobre as propriedades mecânicas.

As amostras para verificação devem ser preparadas, pois materiais não

condutores, como a maioria dos polímeros, devem receber revestimentos condutivos

ou o uso de baixa voltagem de aceleração do feixe de elétrons para evitar o acúmulo

de carga negativa. A montagem da amostra é feita sobre suportes metálicos,

aplicando adesivos condutivos como fitas de carbono. Os revestimentos condutivos

mais empregados são o ouro, liga ouro-paládio, platina, alumínio e carbono,

(37)

mascarar a topografia da superfície, mas a ponto de conduzir o excesso de carga

negativa (GONÇALVES, 2003).

Na Figura 11 observa-se o exemplo de uma micrografia obtida a partir de um

MEV.

Figura 11 – Exemplo de micrografia de uma fibra da folha da pupunheira sem tratamento (ampliação 500x). Fonte: arquivo pessoal.

O MEV é um método que permite visualizar a morfologia e o entrelaçamento

das fibras, verificando sua estrutura e a implicação do uso de tratamentos químicos.

Também pode ser avaliado o grau de adesão interfacial das fibras na matriz

polimérica. Gonçalves (2003) também destaca a avaliação mais detalhada do

comportamento mecânico de um processo de fratura em experimentos de

deformação e os diferentes domínios em materiais multifásicos, aplicando-se

técnicas de ataque seletivo.

As análises térmicas permitem obter informações, tais como o perfil de

degradação do material, bem como a interação entre a resina e a fibra, no caso dos

(38)

2.4.2 Ensaio térmico - Termogravimetria (TG) e termogravimetria derivada (DTG)

A termogravimetria permite verificar a variação da perda de massa e

degradação térmica dos materiais durante o aquecimento e o tipo de decomposição

do material (SCHWEDT, 1999). Segundo Mothé e Araujo (2004) esta é uma

importante técnica analítica usada para avaliar a estabilidade térmica dos

compósitos e estabelecer um melhor entendimento da relação estrutura/propriedade,

fornecendo dados como o limite máximo de temperatura do compósito para sua

aplicação, possibilitando também a realização de um estudo cinético para

determinação de parâmetros cinéticos.

Dois modos de TG são comumente usados, como ilustrado na Figura 12.

Figura 12 – Modos de termogravimetria: (a) TG quase-isotérmica; (b) TG dinâmica ou convencional. Fonte: Matos e Machado, 2003.

Na Figura 12a tem-se uma TG quase-isotérmica, sendo a amostra aquecida a

uma razão de aquecimento linear enquanto não ocorre variação de massa; a partir

do momento em que a balança detecta a variação de massa, a temperatura é

(39)

para amostra, e assim sucessivamente; na Figura 12b é apresentada uma TG

dinâmica ou convencional, na qual a amostra é aquecida ou resfriada num ambiente

em que a temperatura varia de maneira pré-determinada, de preferência, à razão de

aquecimento ou resfriamento linear (MATOS; MACHADO, 2003).

O método termogravimétrico convencional ou dinâmico apresenta curvas de

massa da amostra (m) registradas em função da temperatura (T) ou do tempo (t),

conforme equação 2 (MATOS E MACHADO, 2003):

m = f (T ou t) (2)

Essas curvas são denominadas curvas termogravimétricas ou, simplesmente,

curvas TG (IONASHIRO & GIOLITO, 1980). A Figura 13 apresenta as

características de uma curva TG para um processo de decomposição térmica que

ocorre em uma única etapa. Observa-se que a substância X é termicamente estável

entre os pontos a e b (patamar inicial). O ponto b, correspondente a Ti (temperatura

na qual as variações acumuladas de massa totalizam o valor que a balança é capaz

de detectar), mostra o início do processo de decomposição térmica com a liberação

total do volátil Z e a completa formação da substância Y, que se torna termicamente

estável a partir do ponto C (início do patamar final). O degrau bc, correspondente à

diferença Tf -Ti (intervalo de reação), admite a obtenção de dados quantitativos

sobre a variação de massa sofrida pela amostra (Δm) em relação ao eixo de

ordenadas (IONASHIRO & GIOLITO, 1980). O início extrapolado do evento térmico

e que corresponde ao ponto de intersecção da linha base extrapolada é denominado

temperatura de onset. Esta temperatura (Tonset) é usada com o propósito de

comparação, visto que é mais fácil de ser determinada do que a Ti. Da mesma

forma, a temperatura de endset (Tendset) corresponde ao final extrapolado do

(40)

Figura 13 – Características de uma curva TG de uma reação de decomposição térmica que ocorre em uma única etapa. Fonte: Matos e Machado, 2003.

A termogravimetria derivada (DTG) corresponde à derivada primeira da

variação de massa em relação ao tempo (dm/dt) em função da temperatura ou do

tempo (IONASHIRO & GIOLITO, 1980). É registrada a partir da curva TG,

representada conforme a equação 3 (MATOS E MACHADO, 2003):

dm/dt = f (T ou t) (3)

Pode também ser representada pela derivada primeira da variação de massa

em relação à temperatura (dm/dT), também registrada em função da temperatura ou

do tempo, conforme a equação 4 (ibidem):

dm/dT = f(T ou t) (4)

Independentemente do caso, a curva resultante é a derivada primeira da

curva TG. Essa curva pode ser obtida por métodos de diferenciação manual da

curva TG ou por diferenciação eletrônica do sinal de TG. A Figura 14 apresenta as

características de uma curva DTG para um processo de decomposição térmica

(41)

Verifica-se que o degrau bc da curva TG, ilustrado na Figura 13, é submetido por um

pico bcd, que delimita uma área proporcional à variação de massa sofrida pela

amostra. Os patamares horizontais da curva TG (Figura 13) correspondem aos

patamares horizontais ab e de na curva DTG, pois dm/dt = 0. O ponto b corresponde

à Ti, temperatura em que dm/dt passa a ser diferente de zero, ou seja, temperatura

em que se inicia a decomposição térmica da substância X. O ponto c corresponde

ao máximo na curva DTG, obtido quando a curva TG apresenta um ponto de

inflexão, e a temperatura do pico (Tp) é aquela em que a massa está variando mais

rapidamente. O ponto d corresponde à Tf, temperatura em que dm/dt volta a ser

igual à zero, indicando o final da etapa de decomposição térmica (liberação total do

volátil Z) e início do patamar que caracteriza a estabilidade térmica do produto final

Y. A largura do pico bd, indicativo do intervalo de reação, está relacionada à cinética

do processo de decomposição térmica (MATOS; MACHADO, 2003; IONASHIRO &

GIOLITO, 1988).

Figura 14 – Curvas TG (linha tracejada) e DTG (linha sólida) de uma reação de decomposição térmica que ocorre em uma única etapa. Características da curva DTG. Fonte: Matos e Machado, 2003.

(42)

A curva DTG apresenta os mesmos dados da curva TG integral, porém de

uma forma diferente. De acordo com Matos e Machado (2003) pode ser resumida da

seguinte forma:

- as informações apresentadas pela curva DTG possuem um formato mais

facilmente visualizável;

- permite a pronta determinação da temperatura em que a taxa de variação de

massa é máxima (Tp), fornecendo informações adicionais para a Tonset e Tendset.

No entanto, as três temperaturas respondem às variações nas condições

experimentais e os valores de Tp são mais característicos de um material do que

aqueles de Ti e Tf;

- a área do pico sob a curva DTG é diretamente proporcional à variação de

massa;

- a altura do pico da curva DTG a qualquer temperatura fornece a razão de

variação de massa naquela temperatura. Com esses valores se obtêm informações

cinéticas, sendo a equação descrita por:

_ dm = Ae (-E/RT) f(m) (5)

dt

Na equação tem-se A como fator pré-exponencial, E como energia de

ativação e R, a constante da lei dos gases (MATOS; MACHADO, 2003).

2.5 Métodos de análise das propriedades mecânicas de compósitos

Para análise dos corpos de prova utilizando fibras naturais em compósitos é

(43)

aplicabilidade no desenvolvimento de produtos. Os dois ensaios mecânicos

comumente usados são descritos a seguir:

2.5.1 Ensaio de resistência à tração

O ensaio de resistência à tração consiste na aplicação de uma carga de

tração em um corpo, de maneira crescente até que este se rompa. Por meio deste

ensaio, são verificados dados quantitativos das características mecânicas dos

materiais, destacando-se o limite de resistência à tração, limite de escoamento,

módulo de elasticidade, módulo de tenacidade, ductibilidade, coeficiente de

encruamento e coeficiente de resistência. A resistência à tração, dada em kN/m, é

definida como a força máxima de tração por unidade de largura que um corpo

suporta antes de se romper, sendo a principal característica a ser observada neste

ensaio (GARCIA et.al., 2000).

Os ensaios de tração são executados em um aparelho chamado de “Máquina

Universal de Ensaios”. Este equipamento consiste basicamente de um arranjo

constituído por duas travessas (sendo uma fixa e outra móvel), uma célula de carga,

um mecanismo de direcionamento, acessórios de fixação dos corpos de prova e

extensômetros. A máquina de ensaios deve ter capacidade para manter velocidades

constantes em um intervalo de tempo de 1 a 500 mm/s, com tolerância de erro

geralmente menor que 20%. A célula de carga registra a carga durante o ensaio,

devendo ter uma precisão maior que 99% do valor real da carga. Normalmente tem

capacidade para 0,5, 5 e 50 kN, devendo ser escolhidas de modo a se obter uma

(44)

célula de carga, seu erro percentual e os valores estimados da carga necessária

máxima para ensaio do material (CANTO & PESSAN, 2003).

Os corpos de prova usados nestes testes utilizam geometrias, dimensões e

tolerâncias dimensionais que devem atender às normas ISO 527-1 ou ASTM D-638.

São normalmente preparados por injeção, chapas extrudadas, placas moldadas por

compressão, laminação, entre outros, sendo que um número mínimo de cinco

corpos de prova é exigido para este tipo de ensaio mecânico (CANTO & PESSAN,

2003).

Os corpos de prova devem ser fixados em garras acopladas às travessas fixa

e móvel do equipamento. A taxa de deformação é controlada pelo mecanismo de

direcionamento, sendo a tensão de tração registrada pela célula de carga (CANTO &

PESSAN, 2003). A Figura 15 representa esquematicamente o dispositivo utilizado

em ensaios de tração uniaxial.

Figura 15 – Representação esquemática do dispositivo de ensaio de tração uniaxial. Fonte: Canto e Pessan, 2003.

Conforme Canto e Pessan (2003), os principais parâmetros mecânicos

verificados nos ensaios de tração são descritos a seguir, sendo alguns identificados

(45)

- Tensão de tração nominal (σt): é a razão entre a carga ou força de tração

(F) e a área da seção transversal inicial do corpo de prova (Ao). Expressa em MPa (megapascal).

- Resistência à tração nominal: é a máxima tensão sob tração suportada pelo

corpo de prova durante o ensaio de tração. Quando a tensão máxima ocorre no

ponto de escoamento, a resistência à tração é chamada de Resistência à Tração no

Escoamento (ponto B da Figura 16). Quando a tensão máxima ocorre na ruptura, a

resistência à tração é chamada de Resistência à Tração na Ruptura (pontos A e E

da Figura 16). Expressa em MPa.

- Ponto de escoamento: é o primeiro ponto na curva tensão x deformação em

que um aumento de deformação ocorre sem haver aumento de tensão (pontos B e D

da Figura 16).

- Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young (E): é a razão entre a tensão

de tração nominal e a deformação correspondente, abaixo do limite de

proporcionalidade do material. Quanto maior é o módulo, menor é sua deformação

elástica. Também expresso em MPa.

(46)

Figura 16 – Designação dos parâmetros no ensaio de tração. Fonte: Canto e Pessan, 2003.

2.5.2 Ensaio de resistência ao impacto

A resistência ao impacto é capacidade de um material em suportar elevadas

taxas de deformação, quando submetido a solicitações de tensão elevada num curto

espaço de tempo (HAGE Jr., 2003).

A resistência ao impacto é uma das propriedades mais requisitadas na

especificação do comportamento mecânico de polímeros, mas apesar de sua

importância, é uma das propriedades mecânicas de menor confiança, pois não é

uma propriedade intrínseca do material (HAGE Jr., 2003). Apesar do resultado deste

ensaio apresentar indicações menos confiáveis sobre o comportamento de toda a

estrutura, permite observar as diferenças de comportamento entre materiais, o que

não é possível verificar em ensaios de tração. Desta forma, dados de resistência ao

impacto podem ser aplicados como uma etapa inicial de seleção de materiais,

baseando-se em um nível desejado de tenacidade sobre impacto (GARCIA et al.,

2000; HAGE Jr., 2003). A resistência ao impacto depende de uma série de variáveis,

tais como a temperatura do ensaio, a velocidade do impacto durante o teste, a

sensibilidade a entalhes padronizados, a força com que o corpo de prova sofre o

impacto, a geometria do corpo de prova, as condições de fabricação do corpo de

prova, as condições ambientais do ensaio, entre outras (HAGE Jr., 2003).

O impacto pode ser definido como a energia cinética necessária para iniciar a

fratura e continuá-la até que ocorra a ruptura do corpo de prova. Este ensaio pode

ser usado como comparação entre materiais em relação à resistência ou como

(47)

ensaio refere-se à caracterização do comportamento dos materiais, possibilitando a

determinação da faixa de temperatura na qual um material muda de dúctil para frágil

(GARCIA et al., 2000).

A tenacidade é a capacidade de um material se deformar durante uma

solicitação mecânica. Quando a tenacidade de um material é solicitada sob impacto

é conhecida como resistência ao impacto, mas talvez o termo mais adequado fosse

tenacidade sob impacto. Materiais com alto valor de tenacidade são classificados

como dúcteis, enquanto que os materiais com baixa tenacidade são classificados

como frágeis (HAGE Jr., 2003).

Os ensaios de impacto mais conhecidos são denominados Charpy e Izod,

dependendo da configuração geométrica do entalhe e do modo de fixação do corpo

de prova na máquina. Tanto no ensaio de Charpy como no Izod, o corpo de prova

tem o formato de uma barra de seção transversal quadrada, na qual é usinado um

entalhe em forma de V. O equipamento de ensaio, juntamente com os tipos de corpo

(48)

Figura 17 – Representação esquemática: (a) equipamento de ensaios; (b) corpos de prova Charpy e Izod (Segundo ASTM E23-94a). Fonte: Garcia et. al, 2000.

O entalhe procura simular o processo de ruptura sob impacto de um material

que apresente um defeito estrutural inerente à sua constituição química ou gerado

no processo de fabricação do mesmo. Desta forma, o ensaio de impacto realizado

em corpos entalhados representa o caso extremo de solicitação mecânica no

mesmo (HAGE Jr., 2003).

As normas mais utilizadas que regulamentam o ensaio de impacto Izod são

ASTM D-256, ISO 180 e NBR 8425.

2.6 Design e o desenvolvimento sustentável

De acordo com dados do Population Reference Bureau (PRB, 2005), o

crescimento da população mundial é atualmente de 1,2 % ao ano, resultando num

adicional de mais 80 milhões de pessoas anualmente, colocando em perigo o

desenvolvimento econômico e social e repercutindo no meio ambiente com o

aumento do lixo e a exploração inadequada de recursos naturais. Desta maneira, é

essencial a formação de uma mentalidade que posicione o ser humano como parte

integrante e dependente dos recursos do planeta, para que seja possível reverter

este processo de degradação, como afirmam Fernandes e Armellini (2004).

Em 1967 na Conferência Intergovernamental pelo Uso Racional e

Conservação da Biosfera da Organização das Nações Unidas para Educação,

Ciência e Cultura (UNESCO), o conceito de desenvolvimento ecologicamente

(49)

ambiental, conforme Manzini e Vezzoli (2005), só foi introduzido no debate

internacional, pelo documento da Comissão Mundial pelo Desenvolvimento e Meio

Ambiente (WCED) em 1987. Esta idéia também foi base da Conferência das Nações

Unidas pelo Desenvolvimento e Meio Ambiente (UNCED), a Eco-92, que ocorreu no

Rio de Janeiro em 1992, sendo referência fundamental do Quinto Plano de Ação da

União Européia para o Ambiente.

O evento mais recente ocorreu em fevereiro de 2007 em Paris, a Conferência

Internacional sobre a Governança Ecológica Mundial, em que o então presidente

Jacques Chirac pede uma revolução para salvar o planeta após tomar conhecimento

das últimas conclusões do Grupo de Peritos Intergovernamental sobre a Evolução

do Clima (sigla em francês: GIEC), que detalham a gravidade do aquecimento

climático. As conclusões do GIEC também comprovam a necessidade de

solidariedade internacional e de estudos que auxiliem o financiamento de países

mais pobres na adaptação às conseqüências da mudança climática

(AMBAFRANCE, 2007).

Cada um dos milhões de produtos que são usados para "melhorar" a

qualidade de vida das pessoas tem alguma associação com impactos ambientais,

sendo que alguns produtos proporcionam pequenos impactos e outros podem

consumir recursos finitos em grande quantidade. Através do desenvolvimento

sustentável é possível objetivar a criação de novos produtos, partindo-se do princípio

do reaproveitamento de matérias-primas renováveis, visando à preservação do meio

ambiente e a minimização de custos. O grande desafio do design é impedir ou

minimizar os impactos ambientais dos produtos e que, como todo desafio, constitui

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