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A FORMAÇÃO CONTINUADA PEDAGÓGICA NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA NAS TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES NO PERÍODO DE 2003 A 2013

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ISSN 2176-1396

UNIVERSITÁRIA NAS TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES NO

PERÍODO DE 2003 A 2013

Nathali Gomes da Silva1 - UFPE Maria da Conceição Carrilho de Aguiar2 - UFPE Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: CAPES

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo compreender como a formação continuada pedagógica na docência universitária vem sendo tratada, nos últimos anos, nos trabalhos de Teses e Dissertações da CAPES. Para tanto, utilizamos como fundamentação teórica a Docência Universitária e, mais especificamente, a Formação Continuada Pedagógica no contexto dessa docência. Nessa perspectiva realizamos um levantamento das pesquisas desenvolvidas nos últimos 11 anos, no período que corresponde de 2003 a 2013 publicadas em Teses e Dissertações na CAPES. Constatamos que quanto aos trabalhos encontrados no período delimitado para a presente pesquisa, listamos 22 publicações, sendo destes, 15 Teses de Doutorado e 07 Dissertações de Mestrado. Os resultados apontam que as atuais exigências advindas da sociedade para o contexto da Universidade implicam na necessidade de uma formação específica para esses docentes. Contudo, como há a presença de lacunas nessa formação para o exercício da docência, a formação continuada pedagógica é imprescindível, uma vez que essa disporá de conhecimentos para esse exercício docente. Essa formação se constitui num importante momento de reflexão para a docência universitária, uma vez que permitem aos docentes, seja em início de carreira ou em desenvolvimento e consolidação dela, pensar e repensar a docência e a instituição de ensino nos aspectos que compõem a construção e socialização de conhecimentos acadêmicos e sociais. Compreendemos que, a presença de trabalhos desenvolvidos no contexto da docência na universidade visa contribuir para repensar essa docência em sua dinamicidade, contemporaneidade, sem deixar perder de vista o caráter crítico e reflexivo na construção e produção de conhecimentos, visto que, a instituição, ainda se constitui em um espaço próprio para essa ação, contudo, se faz necessária

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Graduada em Pedagogia e, atualmente, Mestranda da linha de Formação de Professores e Prática Pedagógica da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: nathalig8@gmail.com.

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Doutora e Pós- Doutora em Ciências da Educação pela Universidade do Porto / Portugal. Atualmente é Professora Associada do Departamento de Administração Escolar e Planejamento Educacional da Universidade Federal de Pernambuco. Pesquisadora da Linha de Pesquisa em Formação de Professores e Prática Pedagógica do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE. Leciona na Graduação do Curso de Pedagogia e das Licenciaturas Diversas e na Pós- Graduação.Membro do Núcleo de Formação Didático Pedagógica dos Professores da UFPE. NUFOPE. E-mail: carrilho1513@gmail.com.

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a compreensão de que tais processos estão permeados de desafios que precisam ser rompidos para a obtenção de uma docência de qualidade.

Palavras-chave: Docência universitária. Formação continuada pedagógica. CAPES. Introdução

A docência universitária vem se configurando uma temática que tem adquirido certa centralidade nas discussões no campo da Educação Superior por seu papel na formação dos sujeitos, como também, a sua influência na sociedade, contudo, ainda apresenta lacunas no que concerne a políticas de investimentos nessa docência.

Nesse contexto, a qualidade do Ensino Superior tem sido alvo, nas últimas décadas, de constantes preocupações, no que diz respeito à estrutura das instituições, ao ensino aprendizagem, às relações presentes no seu espaço. Tais preocupações têm culminado em numerosas pesquisas e debates com o intuito de traçar reflexões que visem à melhoria no desenvolvimento das instituições superiores e na formação de seus participantes, uma vez que a docência universitária se configura em características próprias desse espaço de formação.

Diante da presente realidade, essa docência envolve aspectos pedagógicos, conhecimentos específicos, éticos, profissionais, pessoais e efetivação da carreira, a fim de alcançar a qualidade desejada na formação dos estudantes direcionando para suas aprendizagens. Dessa maneira, faz-se necessário uma atenção voltada para a formação dos profissionais docentes, visto que, ao serem exigidos conhecimentos específicos de sua profissão, os conhecimentos pedagógicos são direcionados para segundo plano (ZABALZA, 2004; ENRICONE, 2009).

Zabalza (2004), nessa perspectiva, contextualiza a docência universitária como aquela que apresenta características que especificam o espaço do ensino universitário dos demais, tornando-o assim um ambiente “complexo e multidimensional” (p. 10) onde reúnem políticas e currículo específico, ciência e tecnologia, professores e mundo profissional, estudantes e mercado de trabalho, tais relações se entrecruzam exercendo influências umas as outras sem perder seu caráter formativo.

Ainda nessa discussão, Enricone (2009) afirma a presença de uma instituição “dinâmica, unificada, aberta para todos, tridimensional, sistemática e sustentável” (p. 148) com o intuito de oferecer maior assistência as demandas atuais da sociedade permanecendo o aspecto formativo.

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Contudo, segundo Santos (2005), o modelo capitalista e a globalização direcionaram para uma nova reconfiguração da universidade levando-a a deixar de lado o seu lugar de prestígio e passando para uma massificação desse ensino, o que por sua vez, ocasionou uma crise hegemônica desse conhecimento, de legitimidade de sua função formadora e, consequentemente, institucional. Para tanto, o autor propõe como desafio a transformação do modelo universitário para um “modelo pluriversitário”, em que o conhecimento torna-se contextualizado, transdisciplinar, dialógico e heterogêneo (SANTOS, 2005).

Como resultado desse processo, coube ao professor estar em constante construção de conhecimentos, uma vez que houve uma transformação na dinamicidade e exigências postas à universidade, a fim de contribuir para o desenvolvimento desses estudantes focando em suas aprendizagens para a atuação profissional.

Nessa perspectiva, ao refletirmos sobre o caráter formativo dessa instituição compreendemos a necessidade de uma formação contínua que não foi encerrada na educação básica e não está limitada a um espaço e tempo na graduação. Uma vez que diante das realidades sociais e mercadológicas exigem, desses sujeitos, conhecimentos abrangentes e abertos, formações mais contínuas. Para tanto, torna-se necessário pensar o currículo dessas instituições a fim de atender as realidades e exigências sociais sem perder seu caráter crítico de refletir e construir conhecimentos.

Como bem coloca Zabalza (2004), não se pode falar de docência universitária e qualidade nessa formação sem antes fazer referências sobre as atuais configurações em que se enquadram as universidades, visto que, apesar de ser um lugar de prestígio social e construção de conhecimentos não podem mais serem entendidas como lugares fechados de acesso para poucos. Essas novas configurações universitárias estão relacionadas a aspectos que influenciam direta e indiretamente a formação curricular, dos docentes, da gestão e dos discentes nesses espaços.

Contudo, mesmo diante dessas exigências sociais, que implicam na busca de um profissional que, para além dos conhecimentos específicos, tenha também conhecimentos pedagógicos para o exercício de sua profissão, há uma lacuna no que diz respeito ao docente universitário, visto que, não há critérios em sua contratação que o legitime para o exercício dessa docência (ZABALZA, 2004; ALMEIDA e PIMENTA, 2011).

A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), em seu Título VI, Art. 66, preconiza que “a preparação para o exercício do magistério

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superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado”.

De um modo geral as atribuições à Educação Superior trazem à baila as necessidades de uma formação acadêmica que defenda uma atuação profissional propiciadora de avanços para a sociedade, mas as condições adaptadas pelas instâncias governamentais competentes nem sempre corroboram para o cumprimento das disposições legais.

Segundo colocação de Enricone (2009), no atual contexto em que se configuram as universidades brasileiras, uma vez que, mesmo tendo suas bases na Europa Medieval, no contexto da contemporaneidade, se faz necessária pensar numa instituição “dinâmica, unificada, aberta para todos, tridimensional, sistemática e sustentável” (p. 148). Para tanto, essa nova constituição e perfil universitário na formação e exercício da profissão docente precisa estar articulada a outros aspectos, como, uma inserção às novas tecnologias, uma dedicação e flexibilização das novas maneiras de ensino aprendizagem.

Para Isaia e Bolzan (2009), o percurso que diz respeito à articulação na construção da docência universitária, – apesar dessas novas estruturas da sociedade, que visam à fragmentação do sujeito para colocá-lo alienado às questões e problemáticas sociais emergentes –, busca continuamente a integralidade entre o pessoal e o profissional formando-os conjuntamente para atuar nesse contexto.

Nessa compreensão, a construção da docência universitária se dá no processo de aprender e contribuir na formação dos estudantes, onde entendemos que, no contexto da universidade, se estende para além da articulação e prática engessada e isolada entre ensino e a pesquisa, visto que envolve uma ação contínua de reflexão na e sobre a prática por parte do sujeito, para assim ressignificar, transformar e partilhar experiências.

Nessa totalidade se faz necessário pensar em uma pedagogia universitária que abarque as dimensões da pesquisa, políticas e formação sem estar desarticulada com o que é próprio dessa docência, a saber, a “indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão” (CUNHA, 2009, p. 365), visto que, por se tratar de uma atividade polissêmica, se faz necessário pensar uma formação que atenda os mais diversos sentidos atribuídos a ela (CUNHA, 2009).

A articulação entre ensino-pesquisa-extensão, mas também na gestão e avaliação institucional cria condições mais que suficientes para a problematização das ações para que esse profissional docente exerça sua profissão de maneira efetiva e autônoma. É nesse contexto que se faz necessária uma atenção especial para os docentes em sua dinamicidade e

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pluralidade presentes na sala de aula, uma vez que o espaço acadêmico também é múltiplo e plural, o professor precisa “deixar marcas indeléveis nos alunos” (GOULART, 2013, p. 39).

Diante do exposto até o presente momento, podemos inferir que a docência universitária vem se firmando enquanto concepções, políticas, funções, características e atribuições, construídas no desenvolvimento de sua trajetória, contribuindo assim para o desenvolvimento de suas ações, contudo, nos colocamos diante do presente questionamento: Como a temática da Docência Universitária no contexto da formação continuada pedagógica dos seus docentes estão sendo abordados nos trabalhos de teses e dissertações publicados na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), uma vez que esses, como observamos anteriormente, foram e são sujeitos a essas contínuas transformações sociais que acabam por influenciar em suas concepções e práticas?

Nessa perspectiva o presente trabalho tem como objetivo compreender como a formação continuada pedagógica da docência universitária vem sendo tratada, nos últimos anos, nos trabalhos de Teses e Dissertações da CAPES. Para tanto está dividido em quatro seções, a saber: a primeira delas diz respeito à metodologia utilizada para a coleta e análise dos dados da referida pesquisa. Em um segundo momento, trataremos da temática Docência Universitária abordada nos trabalhos de Teses e Dissertações da CAPES, posteriormente, para um terceiro momento, direcionaremos a nossa atenção para a temática da Formação Continuada Pedagógica na Docência Universitária presente nesses trabalhos. E, por fim, traçaremos algumas considerações diante dos achados na pesquisa.

Metodologia

Diante do debate inicial desse estudo e para dar conta do objetivo proposto, a presente pesquisa tem uma abordagem de natureza qualitativa. Segundo Minayo (2008, p.21) a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”. Ainda conforme a referida autora, a pesquisa qualitativa tem como objeto, o universo da produção humana que inclui as relações, representações e intencionalidade. No nosso caso, procuramos realizar um levantamento dos estudos atuais referentes à temática Docência Universitária, mais especificamente a formação continuada pedagógica do docente universitário.

Esse levantamento foi realizado com base nas pesquisas desenvolvidas nos últimos 11 anos, no período que corresponde de 2003 a 2013, com o objetivo de compreender como a

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temática da docência universitária vem se constituindo nas pesquisas no Brasil. A opção pelo intervalo de 11 anos justifica-se pelo fato de ser um período marcado por sucessivas transformações culturais, sociais, políticas, ideológicas e simbólicas que marcam o início do século XXI, como também a reconfiguração e maior inserção dos estudantes nas instituições de Ensino Superior.

Nessa perspectiva, analisamos as publicações dos trabalhos presentes no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), levando em consideração o Título, Resumo e Palavras-Chave, contudo, foi necessária a leitura detalhada de alguns trabalhos tendo em vista a necessidade de aprofundamento. Vale frisar que a escolha dessa instituição se deu pela seriedade e o rigor que possui ao divulgar, anualmente, trabalhos a nível nacional e disponibilizá-los online.

Quanto aos trabalhos encontrados no período delimitado para a presente pesquisa, listamos 22 publicações, sendo destes, 15 Teses de Doutorado e 07 Dissertações de Mestrado. Os trabalhos elencados foram lidos, organizados e analisados de acordo com o objetivo do presente artigo.

E, para dar a conhecer como estes estão estruturados, trataremos inicialmente de um apanhado geral sobre a temática da docência universitária nas teses e dissertações e, em um segundo momento, apresentaremos de maneira mais específica como as temáticas de formação continuada pedagógica na docência universitária está presente nestes trabalhos.

A temática da Docência Universitária nas Teses e Dissertações da CAPES

Ao levarmos em consideração o levantamento inicial dos trabalhos de Teses e Dissertações da presente instituição, a docência universitária ainda é considerada uma temática em desenvolvimento nas pesquisas devido às gradativas atenções despertada nos debates e estudos acadêmicos, mostrando-se assim a necessidade de pesquisar continuamente a identidade, formação, práticas e programas direcionados a esses profissionais. Tal afirmação pode ser legitimada na tabela abaixo.

Tabela 1: Temáticas Abordadas em Teses e Dissertações da CAPES sobre Docência Universitária de 2003-2013

Temática Quantidade

Formação Pedagógica 7

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Professor Iniciante 3

Identidade Profissional Docente 1

Profissionalidade Docente 1 Didática 1 Prática Docente 1 Concepções de Docência 1 Avaliação 1 Qualidade na Docência 1 Saúde Docente 1 Movimentos Sociais 1 Total 22

Fonte: Portal de Periódicos CAPES/MEC

Podemos inferir diante dos dados presentes nesta tabela que há uma maior preocupação em pesquisar, entender e debater sobre a formação de caráter pedagógico direcionando o olhar para esse professor tanto em início de carreira como aqueles que já possuem experiências nessa docência.

Contudo, podemos perceber que a própria temática da Docência Universitária permite, mesmo que ainda de maneira tímida, a abertura para a discussão com outras questões e problemáticas que estão presentes nesses espaços, tais como, a saúde desses docentes, suas atuações com movimentos sociais, a avaliação desenvolvida por esses profissionais, programas de qualidade dessa docência.

No que diz respeito ao quantitativo de trabalhos publicados no mesmo período podemos observar que há uma maior concentração nos anos de 2009 a 2011, como observamos na tabela abaixo.

Tabela 2: Teses e Dissertações publicadas na CAPES do período de 2003 a 2013

Fonte: Portal de Periódicos CAPES/MEC

ESTADO DO CONHECIMENTO DOS TRABALHOS PUBLICADOS EM TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES DE 2003 A 2013 CATEGORIAS 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total Docência Universitária e no Ensino Superior 1 1 1 1 1 1 4 6 3 2 1 22

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Podemos perceber, a partir de uma leitura dos dados acima na relação ao momento político em que o país vivenciava, que essa maior incidência de pesquisas desenvolvidas nos anos de 2009 a 2011, pode ser resultado de um reflexo das constantes políticas de incentivo dados pelo governo, iniciado em 2003, onde mostrou concretização no decorrer dos anos, com uma maior abertura de vagas para Universidades e Instituições de Ensino Superior e, consequentemente, uma maior entrada e permanência desses estudantes nos espaços de formação, que por sua vez houve uma relação direta com a qualidade das formações oferecidas nessas instituições, como também, dos seus profissionais docentes, levando assim, a necessidade de investimento em pesquisas que tenham como objetivo o ensino aprendizagem e as demais instâncias que as norteiam.

Nessa conjuntura, as instituições de ensino superior direcionaram sua atenção para a atual realidade em que a sociedade se configurou e, gradativamente, vem se configurando, exigindo tanto de seus currículos como de seus profissionais uma transformação de posturas, conceitos e práticas, o docente, por sua vez, encontra-se diante de sua prática e da relação de ensino aprendizagem presentes na dinamicidade da sala de aula, a fim de alcançar a qualidade na formação dos estudantes sem perder o caráter científico próprio da instituição (FARIA e CASAGRANDE, 2004; RAMOS, 2010).

Diante do exposto até o presente momento, e como anunciado anteriormente, nos propomos a debater como a temática da formação continuada pedagógica na docência universitária está presente nas teses e dissertações da CAPES, foco desta investigação, pela qual nos debruçaremos a seguir.

A Formação Continuada Pedagógica na Docência Universitária nas Teses e Dissertações da CAPES

Após realizarmos um levantamento das pesquisas sobre a docência universitária direcionamos a atenção e filtro para a formação continuada pedagógica tratada nestes trabalhos de investigação. Para tanto, a partir de uma leitura detalhada das pesquisas podemos perceber que dos trabalhos listados com o descritor Docência Universitária, 07 estavam relacionados com a formação continuada pedagógica dos professores, sendo 01 dissertação e 06 teses.

Nesse contexto, apesar da presente temática apresentar uma correlação com os demais assuntos pesquisados, percebemos que nos trabalhos contabilizados, o tema relacionado à

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formação pedagógica universitária, é tratada nas pesquisas listadas como fundamental para a atuação do docente em sala de aula, visto que este possui uma carga de conhecimentos específicos de sua profissão e tais conhecimentos pedagógicos passa a oferecer subsídios para auxiliar na construção do conhecimento pelo estudante.

No âmbito da dissertação encontrada o trabalho de Camargo (2012), intitulado “Docência universitária e formação pedagógica: um olhar para a Universidade Estadual de Londrina”, e que teve como objetivo analisar os aspectos institucionais da docência universitária e sua formação pedagógica presentes na referida Universidade, foi verificado que a formação pedagógica universitária trata-se de uma formação fundamental para o exercício dessa docência a fim de promover a qualidade do ensino na instituição. Contudo, a autora destaca que ainda não existe uma efetivação das ações de formação continuada pedagógicas, chamando, para tanto, a necessidade de valorizá-las.

Concernente as teses listadas, Cóssio (2008) e, posteriormente, Maraschin (2012), pesquisaram sobre a implementação e importância de políticas de formação pedagógica para a docência universitária, visto que diante das atuais demandas sociais e mercadológicas o conhecimento pedagógico fundamentará e auxiliará a ação dos docentes para com a aprendizagem dos estudantes, atendendo assim as realidades e necessidades destes promovendo uma educação superior de qualidade.

Por sua vez, Broilo (2004), que trata da formação docente a partir do seu caráter pedagógico e Rabelo (2011), onde buscou, nas engenharias, compreender a ação pedagógica dos docentes, afirmam que a construção do conhecimento pedagógico se dá a partir do momento em que os docentes param para refletir sobre suas práticas. Neste sentido as ações de formação continuada pedagógica tornam-se de fundamental importância para a constituição e transformação do exercício dessa docência.

Por fim, tanto Ponce (2010), que buscou investigar os docentes que atuam no ensino superior das ciências médicas e não possuem formação pedagógica para o exercício da docência, como Souza (2010) que objetivou discutir sobre a ação formativa do docente do ensino superior no contexto dos núcleos de formação pedagógica, ambas concordam com a importância da implementação e valorização das formações pedagógicas, visto que, essas oferecem suporte para a construção e efetivação de conhecimentos próprios da docência universitária. No momento em que os docentes ingressam no exercício da docência sem este conhecimento pedagógico passam a recorrer a experiências vivenciadas enquanto estudantes

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da educação básica e graduação, resultando assim, muitas das vezes, apenas na reprodução de práticas, “técnicas” de ensino.

Diante do exposto podemos confirmar o que fora dito anteriormente, no fato de que não se pode falar de Docência Universitária desarticulada de uma formação específica para seu exercício. É notório e de comum acordo, nos resultados aqui expostos, a presença de alguns pontos que merecem ser destacados. Uma vez que os cursos de pós-graduação stricto sensu não proporcionam essa formação, cabe a instituição de ensino superior promovê-las e efetivá-las institucionalmente a fim de alcançar a qualidade desejada do ensino. Contudo, ainda é importante frisar que tal formação não pode está desarticulada às realidades, ao cotidiano, às deficiências e possibilidades enfrentadas por esses profissionais. Nessa perspectiva, mostram a importância do caráter pedagógico nas formações a fim de fundamentar o exercício da docência, uma vez que contribuem na construção e apropriação dos saberes necessários para a prática e profissionalização docente.

Dessa maneira os trabalhos apontam para outro fator no diz respeito à ausência do caráter didático-pedagógico na formação inicial e stricto sensu, uma vez que não trazem elementos próprios para a ação em sala de aula. Para tanto destacam a importância da oferta e participação dos docentes nos encontros de formação continuada, enfatizando sua seqüencialidade para a socialização, construção e materialização, na prática, dos saberes necessários ao exercício da profissão.

Nesse contexto, podemos inferir que a formação continuada pedagógica, assume um papel importante na formação do profissional docente, uma vez que auxilia na construção de saberes próprios para sua ação em sala de aula, permitindo-o também refletir e reconstruir suas práticas e constituir sua identidade pessoal e profissional, uma vez que essa é formada e transformada nas relações e interações sociais (LAHIRE, 2002; AGUIAR, 2004; PACHANE, 2005; RAMOS, 2010).

Nessa perspectiva concordamos com Tardif (2002) ao afirmar que os saberes disciplinares, profissionais e curriculares são importantes para a formação do profissional docente, contudo, os saberes da experiência, que é adquirido na ação individual e coletiva, quando associado a esses demais saberes, formam o docente quanto ao ser e fazer próprios da profissão, visto que esses saberes são plurais e temporais, ou seja, são obtidos “no contexto de uma história de vida e de carreira profissional” (p. 20).

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Ainda no âmbito dos resultados apresentados nos trabalhos, chamamos a atenção para as exigências externas ao ambiente de trabalho, mas postas ao exercício da docência, que ultrapassa o campo da didática e da ação em sala de aula, contudo, influencia diretamente na construção e transformação desses saberes, levando esses profissionais a sentirem-se, continuamente, despreparados.

Considerações Finais

Compreender como a formação continuada pedagógica do docente universitário vem sendo tratada nos últimos anos, nos trabalhos de Teses e Dissertações da CAPES foi o objetivo proposto no presente trabalho e diante do exposto podemos perceber aspectos quanto à composição e concepções da docência no contexto universitário, os quais dividimos em dois grupos. O primeiro agrupamento, presente nas conclusões das pesquisas dos autores acima referidos, destaca as atuais exigências advindas da sociedade para o contexto da Universidade, o que implica na necessidade de uma formação específica para esses docentes que, para além de atender a essas demandas, não perca o caráter próprio do ensino e a produção crítica de conhecimentos. Contudo, como há a presença de lacunas nessa formação para o exercício da docência, a formação continuada de caráter pedagógico é imprescindível, uma vez que essa disporá de conhecimentos para esse exercício docente.

Nessa perspectiva, podemos inferir que a formação continuada de caráter pedagógico se constitui num importante momento de formação e reflexão sobre a docência universitária, uma vez que permitem aos docentes, seja em início de carreira ou em desenvolvimento e consolidação dela, pensar e repensar a docência e a instituição de ensino nos aspectos que compõem a construção e socialização de conhecimentos acadêmicos e sociais.

Ratificando assim, o que fora afirmado em 2012 por Silva e Ramos, que a oferta de formação continuada pedagógica proporciona a elaboração e (re)elaboração de representações e práticas, uma vez que permite aos docentes estarem debatendo temas próprios da docência, muitas vezes desconhecidos e que já possuem uma carga de representações, a fim de que possam fundamentar suas práticas. Contudo, ao serem socializados e refletidos são repensados e (re)elaborados proporcionando novas transformações de representações e práticas.

O segundo grupo de achados chama a atenção para os aspectos que constituem a docência, propriamente dita. Essa, como podemos perceber, é formada por aspectos internos e

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externos ao exercício da docência. Internos, no que diz respeito às experiências vividas pelos sujeitos durante a formação pessoal e profissional, que são socializadas pelos docentes, e, externos, concernentes as políticas voltadas ao exercício dessa docência diante da realidade social, política e econômica que influenciam, de certa maneira, esses processos de construção e efetivação da prática docente.

Nesse contexto, compreendemos que a presença de trabalhos desenvolvidos no contexto da docência na universidade visam contribuir para repensar essa docência em sua dinamicidade e contemporaneidade, sem deixar perder de vista o caráter crítico e reflexivo na construção e produção de conhecimentos, visto que, a universidade ainda se constitui em um espaço próprio para essa ação, contudo, se faz necessária a compreensão de que tais processos estão permeados de desafios que precisam ser rompidos para a obtenção de uma docência de qualidade.

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Referências

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