Caso Poblete Vilches c/ Chile
de 08/03/2018
(e outros casos)
Corte Interamericana de
Direitos Humanos
Profa. Bibiana Graeff (01/2020)
EACH - USP
Fatos
• 76 anos de idade
• Hospital público, jan. e fev. de 2001
• Primeira internação de urgência, por insuficiência respiratória grave: 4 dias na UTI, sedado e com a consciência comprometida (sem contato com a família); familiares foram informados pelo médico de que Sr. Vilches estava em bom estado de saúde e que seria levado para a sala de cirurgia apenas para uma punção no coração e retirada de eventual líquido. A família advertiu o médico de que Sr. Vilches era diabético e de que uma cirurgia nessas condições seria arriscado. Mesmo sem autorização (que foi posteriormente falsificada pela equipe médica), foi feita a cirurgia e, após 3 dias, deixou o hospital com tubos de drenagem e em péssimo estado de saúde (foi dada alta de maneira precipitada e sem maiores orientações para a família).
Fatos
•
2 dias depois da alta, o idoso retornou ao
hospital com dores e febre. Não tendo um
diagnóstico e tratamento adequados, veio a óbito
no dia 07/02/2001, em decorrência da
negligência da equipe médica e das condições
sanitárias inapropriadas do hospital.
•
Falhas nas informações aos familiares, diversos
diagnósticos divergentes entre si e falta de
cuidados especiais com o idoso
Tramitação no Sistema Interamericano
de Direitos Humanos
•
15/05/2002: familiares apresentam petição à
Comissão Interamericana de Direitos
Humanos
•
26/08/2016: diante não cumprimento pelo
Chile das recomendações da Comissão, o caso
foi submetido à Corte
•
08/03/2018: sentença da Corte
Especial importância de Direitos da
Pessoa Idosa
• Cita tanto textos vinculantes (Protocolo de San salvador, por exemplo) como não vinculantes (Planos de Ação de Viena e Madri, por exemplo) • Não aplica a Convenção Interamericana de Direitos Humanos dos Idosos pois o Chile ainda não tinha ratificado, mas destaca a importância do tratado • Destaca a pessoa idosa como sujeito de Direito • Na condenação, além de danos materiais e imateriais em benefício dos familiares, obriga o Estado chileno a fortalecer o Instituto Nacional de Geriatria e a adotar uma política geral de proteção integral às pessoas idosasDireito à saúde
•
Primeiro caso, em 40 anos, em que a Corte Interamericana
condena um Estado por violação do direito à saúde!
•
O Chile não garantiu o direito à saúde (art. 26, sem
discriminação, com acesso a serviços básicos necessários e
urgente em relação à sua situação de vulnerabilidade como
pessoa idosa, o que levou ao seu óbito
•
Violou o direito à vida, o direito à integridade pessoal, o
direito ao consentimento prévio esclarecido e o direito à
informação em matéria de saúde em relação ao Sr. Poblete
e seus familiares, e o direito de acesso à justiça e de
integridade pessoal (em relação aos familiares)
Outros casos
• 02/05/2019: Muelle flores c/ Peru: o Peru é condenado por não pagar
aposentadoria a um idoso, por mais de 27 anos, apesar do pagamento da pensão ter sido determinado por decisão judicial; isso causou prejuízos à qualidade de vida e à cobertura de saúde de uma pessoa em situação de risco e de proteção especial por ser idosa e em condição de incapacidade (deficiência) ; os direitos à seguridade social, à integridade pessoal e a dignidade humana estão inter-relacionados, e isso é acentuado no caso dos idosos. Medidas de reparação: a) que o Estado restabeleça a pensão, garantindo assistência médica através do seguro ESSALUD; b) que a sentença e o resumo oficial sejam publicados; c) pagamento por danos materiais e imateriais, perda de renda previdenciária, ressarcimento de despesas e custas e despesas do fundo de assistência às vítimas. Citou a Convenção Interamericada de Direitos dos Idosos duas vezes: direito de acesso a uma justiça diligente e preferencial (art. 31) e vulnerabilidade agravada da pessoa idosa pela condição econômica desfavorável (embora o Peru não seja parte e nem tenha assinado a Convenção).