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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA: UMA CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Palhoça 2014

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CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA: UMA CONTRIBUIÇÃO Á INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Inteligência em Seguran-ça Pública, da Universidade do Sul de Santa Catari-na, como requisito à obtenção do título de Especialis-ta em Inteligência em Segurança Pública.

Orientação: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Palhoça 2014

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CLAUDIA MULLER GOLDBERG SENNA

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA: UMA CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Inteligência em Segurança Públicae aprovado em sua forma final peloCurso de Pós-Graduação Lato Sensu em Inteligência em Segurança Pública, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 30 de junho de 2014.

___________________________________________ Professor orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________ Professor argüidor: Dr. Giovani de Paula

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

PAPILOSCOPIA COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA: UMA CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Inteligência em Segurança Pública, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Palhoça, 30 de junho de 2014.

____________________________________ Claudia Muller Goldberg Senna

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Esse estudo é dedicado a todos os papiloscopistas, que com seu trabalho incansável, transformam a impressão digital em uma “marca de valor”.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meu companheiro, amigo, pela referência de superação, dedicação e sucesso.

Agradeço a minha mãe, exemplo de força, batalha e honestidade, sem a qual todo o meu caminho acadêmico seria inexistente.Agradeço por todas as vezes em que teve que abdicar de algo em favor do meu crescimento pessoal.Agradeço aminha irmã, pela paciência, doação e apoio no momento mais crucial da minha jornada. E a meu pai, que está sempre presente.

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O mundo é perigoso não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles queobservam e deixam o mal acontecer.

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RESUMO

Este estudo apresenta a perícia papiloscópica e seus procedimentos em locais de crime e em material, definindo que as atividades desenvolvidas pela perícia criminal através da análise da impressão digital, podem incrementar o valor da imparcialidade da Justiça Criminal.O universo teórico buscou fundamentar o estudo em autores de referência na área da papiloscopia, em conjunto com a doutrina brasileira, a análise de manuais práticos de procedimentos e algumas outras obras. Afunção da prova pericial é de estabelecer a materialidade do delito, vinculando o autor à cena do crime e contribuindo para a elucidação do fato. O serviço deve considerar a acessibilidade a todos os envolvidos, principalmenteaos segmentos excluídos, propiciando assim a inclusão social. Concluiu-se que a papiloscopia apresenta várias vantagens em relação a outros métodos de identificação humana existentese que a perícia criminalé um meio para alcançar a equanimidade da Justiça.

Palavras chave: Papiloscopia. Impressão Digital.Cena de crime.Identificação

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ABSTRACT

This study presents the expertise papiloscopica and its procedures in crime scenes and in material, through analysis of the fingerprint, pointing that the activities developed by the forensic science can increase the value of the impartiality of the Criminal Justice.The theoretical universe used in the study sought support in reference authors in papiloscopia, together with the Brazilian doctrine, practical manuals of procedures and some other works. The usefulness of the criminal investigation service is in the sense of producing the proof of the crime, linking the author to the crime scene, contributing to the elucidation of the criminal fact. The service should consider the access conditions for all the involved, mainly for the excluded segments, aiming the social inclusion.It was ended that the papiloscopia has many advantages despite of other existing human identification methods and that through the forensic scienceit is possible to accomplish the value of equality of the Justice.

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LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1: Desenhos de uma mesma impressão e seus elementos principais ... 24

Quadro 1: Relação entre as glândulas e os compostos excretados pelo corpo

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 OBJETIVOS ... 16 1.1.1 Objetivo geral ... 16 1.1.2 Objetivos específicos ... 16 1.2 JUSTIFICATIVA... 16 2 FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA ... 19 2.1 ATIVIDADEPERICIAL ... 20 2.2IMPRESSÃODIGITAL ... 22 2.3TERMINOLOGIA ... 25 2.3.1 Perícia Papiloscópica ... 25 2.3.2 Papilograma ... 26

2.3.3 Fragmento de impressão papilar ... 26

2.3.4 Impressão questionada e Impressão padrão ... 26

2.3.5 Padrão de exclusão e padrão de confirmação ... 26

2.3.6 Tipos de impressões papilares ... 27

2.3.7 Suporte ... 27

2.3.8 Revelação de impressões ... 27

2.3.9 Minúcias ... 28

2.3.10 Tipos de Perícia Papiloscópica ... 28

2.4TÉCNICAS DE REVELAÇÃO DE DIGITAIS LATENTES ... 28

2.5 PERÍCIA PAPILOSCÓPICA ... 30

2.5.1 Perícia Papiloscópica em local ... 31

2.5.2 Perícia Papiloscópica em material ... 33

2.6 A PRODUÇÃO DO SERVIÇO PERICIAL CRIMINAL... 35

2.7 A AVALIAÇÃO DE JUSTIÇA DA PROVA PERICIAL ... 36

3 METODOLOGIA ... 38

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 47

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1 INTRODUÇÃO

O interesse do homem pela impressão digital remonta à pré-história. Arqueólogos observaram que os povos primitivos deixavam o desenho da palma da mão nas cavernas em que habitavam e também em objetos de uso pessoal, utilizando-se de pigmentos disponíveis na época ou de materiais moldáveis como barro.

Na antiguidade, entre os anos 300 a.C e 600 a.C, as civilizações do continente asiático costumavam legitimar contratos e certidões com a impressão do polegar direito aposta sobre os documentos, mas é impossível precisar se estas culturas conheciam a singularidade dos desenhos papilares e não houve um uso sistemático da impressão digital.

No século XVII iniciaram-se os estudos científicos das papilas dérmicas, tendo como precursor o anatomista Marcelo Malpighi que se dedicou ao estudo das palmas das mãos e ponta dos dedos. Posteriormente, pesquisas conduzidas por William Hershel , Henry Faulds e Francis Galton, começaram a delinear alguns dos princípios fundamentais da papiloscopia, como a perenidade, imutabilidade e variabilidade.

Juan Vucetich, um austríaco que se naturalizou como cidadão argentino, elaborou um método de classificação para as impressões digitais sistematizando o uso da papiloscopia como método científico de identificação em 1891, tornando-se o primeiro cientista a resolver um caso de homicídio alicerçado no confronto da impressão digital.

Baseada nos desenhos papilares, a papiloscopia, enquanto ciência forensevale-se de poderosas ferramentas tecnológicas epode ser aproveitada como prova jurídica em processos penais.

A possibilidade dearmazenamento de impressões digitais em bancos de dados, aprimoramento daanálisedas características morfológicas das impressões digitaisbem como a ampliação de técnicas periciaispara fazer o levantamentodessas impressões papilares com maior clareza e definição, abre um novo panorama para o combate à criminalidade, imprimindo maior velocidade às investigações.

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O maior desafio em toda e qualquer ocorrência policial, é identificar o seu protagonista.Definir a identidade de um sujeito de forma incontestável sempre foi, e ainda é, uma das maiores metas da ciência forense e das investigações criminais. Neste sentido, através de métodos científicos, busca-se reconhecer uma pessoa com segurança e vinculá-la de modo indubitável a seus atos.Valendo-se de várias técnicas de identificação humana,pode-sedescartar suspeitos ou colocarnovos indivíduos na cena do crime, o que contribui significativamente para a elucidação dos casos.

Uma das técnicas empregadas que merece destaque é apapiloscopia. Esta técnica utiliza os desenhos existentes nas extremidades dos dedos, denominados de cristas dérmicas (papilas dérmicas), para realizar a identificação do indivíduo, uma vez que esta impressão é única e acompanha a pessoa por toda a sua vida. Ao se observar uma impressão digital, alguns princípios são evidenciados: princípio da variabilidade – não existem, em toda a humanidade, dois desenhos digitais idênticos; princípioda imutabilidade – não haverá alterações ao longo da sua existência; princípio da perenidade – os desenhos da impressão digital já se apresentam no ventre materno.

Encontramos em Araújo, uma explicação mais aprofundada para cada um destes princípios:

Variabilidade é a propriedade que tem os desenhos papilares de não se repeti-rem, variando, portanto, de região para região papilar e de pessoa para pes-soa. Não há possibilidade de se encontrar dois desenhos papilares idênticos, nem mesmo em uma mesma pessoa.

Perenidade é a propriedade que tem os desenhos papilares definidos desde a vida intra-uterina até a completa putrefação cadavérica. O desenho papilar ob-servado em um recém-nascido permanece até a sua velhice, com a única dife-rença do aumento de tamanho, como se fosse uma ampliação fotográfica. Imutabilidade é a propriedade que tem os desenhos papilares de não mudarem a sua forma original, desde o seu surgimento até a completa decomposição cadavérica. Os desenhos aumentam de tamanho durante o crescimento do corpo humano, porém, eles mantém constantes as características que permi-tem identificá-las. (ARAÚJO, 2009, p.06)

Além destas características, outros fatores corroboram para que a análise da impressão digital seja amplamente usada, como o princípio da praticidade, por ser um método rápido e eficaz, além de apresentar baixo custo. As digitais também permitem arquivamento, podendo ser classificadas, evidenciando a papiloscopia como uma ferramenta singular de identificação (MACEDO;CAMPOS,2013).

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A papiloscopia divide-se em: datiloscopia, que consiste na identificação por meio das pontas dos dedos, em quiroscopia, que trata da identificação através da análise das impressões palmares e, por fim, podoscopia, identificação pela planta dos pés.

Devido a sua fácil aplicação e segurança no resultado, a identificação humana pela impressão digital apresenta larga vantagemfrente a outros métodos existentes.

As impressões digitais que podem ser encontradas em locais de crimes resumem-se a três tipos: as moldadas, localizadas em materiais que gravam os sulcos dos tecidos (exemplo: gesso); as visíveis, que são nítidas, perceptíveis a olho nu por estarem impregnadas por tintas, graxa ou sangue deixado no local ao manusear materiais e, por último, as latentes, que somente podem ser visualizadas utilizando-se técnicas específicas.(MACEDO;CAMPOS,2013)

O cuidado dos profissionais envolvidos na análise de uma cena de crime deve pautar todas as etapas do processo, para que não haja contaminação da prova.

Ludwig (1996)salienta que, para que uma evidência seja considerada idônea, técnicas apropriadas, pautadas em rigoroso método científico devem ser empregadas, observando-se sempre a cadeia de custódia para evitar alteração e destruição do material.

Dúvidas quanto ao momento que determinado vestígio foi produzido são pertinentes naesfera das ciências forenses. Em termos práticos, a relevância de um dado vestígio pode ser questionada notribunal pela defesa que pode argumentarque “a atividadeque gerou o vestígio foi anterior ou posterior ao crime; nesse contexto, destaca-se a datação de impressões latentes”. (RIBAUX et al. 2010 apud BARROS, 2013, p.2)

A informação precisa do lapso temporal em que foi produzida determinada impressão em uma cena de crime, pode ser crucial para um convencimento de autoria do delito.

“As impressões deixadas em um tempo distinto do momento do crime poderiam ser excluídas antes da investigação”, permitindoque se reduza significativamente“o tempo e os gastos com análise de impressões de indivíduos não envolvidos no caso em questão”.(MERKEL et al.,2012a apud BARROS, 2013, p.02).

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Uma vez que seja possível estabelecermos quando um determinado vestígio foi transferido para a cena de um crime, torna-se possível determinar a época de contato entre pessoas e/ou objetos e, dessa forma, acrescentar uma valiosa informação para as investigações criminais. A datação de um vestígio se define como a atribuição de uma idade absoluta ou relativa na determinação de um intervalo de tempo que separe os elementos entre uma data e o tempo presente. (BARROS, 2013, p. 2)

Diante deste contexto, impõe-se o questionamento acerca do papel da papiloscopia como procedimento de vital importância para a identificação humana,método seguro e eficaz, capaz de estabelecer uma relação unívoca entre os elementos envolvidos em um evento, criando um conjunto de provas que possam diferenciar pessoas, individualizando-as e estabelecendo uma identidade.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1Objetivo geral

Apresentar as vantagens da papiloscopia como método de identificação humana em relação a outros métodos conhecidos.

1.1.2 Objetivos específicos

• Definir perícia e atividade pericial;

• Detalhar os elementos da impressão digital;

• Definir as técnicas de revelação de digitais latentes;

• Conceituar os elementos técnicos da papiloscopia (terminologia);

• Elencar os tipos de impressões que podem ser encontradas em locais de crime;

• Descrever a produção daprova pericial;

• Apresentar a avaliação de justiça diante de um serviçotécnico acessível a todos;

• Demonstrar os vários aspectos da perícia papiloscópica em local de crime e em material.

1.2JUSTIFICATIVA

Os métodos de identificação humana evoluíram com o passar do tempo no sentido de proporcionar absoluta segurança nos resultados. Vários processos foram

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utilizados ao longo da história, alguns são ainda empregados tais como nome e fotografia, entretanto estes processos não garantem a individualização de um indivíduo, sendo apenas complementares à identificação.

Outras formas de identificação de pessoas em diversas civilizações foram por vezes cruéis, como as mutilações (por exemplo o corte dos dedos ou mão dos criminosos), queimaduras com ferro incandescente e tatuagens. Apesar de sua importância na evolução histórica dos processos de identificação, estes métodos também possuíam falhas, pois as mutilações podiam decorrer de acidentes e as tatuagens poderiam ser alteradas ou removidas.

Apenas na segunda metade do século XIX,surgiu o primeiro método científico de identificação desenvolvido pelo francês Alphonse Bertillon, baseado nas medidas do esqueleto humano. Este sistema foi bastante popular na época, mas invariavelmente, provou ser ineficiente e sujeito a erros.

Depois de longos estudos e pesquisas, surgiu a papiloscopia (ciência que trata da identificação humana a partir das papilas dérmicas); os desenhos papilares são individuais, perenes e imutáveis. (OLIVEIRA et al., 2004)

A papiloscopia, calcada nos preceitos técnicos introduzidos por Juan Vucetich, mostrou eficácia em seu desempenho e substituiu o sistema antropométrico no mundo todo.

Embora as impressões digitais tenham sido usadas desde os tempos mais ancestrais para identificar as pessoas, estas passaram a sermais acentuadamente utilizadas na criminalística a partir do século XX.(SNUSTAD; SIMMONS, 2008)

Juan Vucetich, chefe de polícia na província de Buenos Aires, Argentina, pela primeira vez, resolveu um caso de homicídio após confronto das digitais. Uma mãe, que acusou o vizinho de ter matado seus dois filhos, foi identificada como a verdadeira culpada das mortes.

Com a consagração da papiloscopia como ciência, unidades policiais passaram a adotá-la pra identificação de criminosos e análise de digitais encontradas em locais de crime.

Na atualidade o DNA forense é usadonas esferas criminal e civil, para a investigação policial e verificação de paternidade, respectivamente.Entretanto, o exame de DNA tem um custo mais elevado e ainda são necessários maiores estudos nessa área para que seu uso possa ser ampliado. (SAGARA et al., 2008)

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Indubitavelmente, o DNA se apresenta como uma ferramenta promissora de investigação, mas sua aplicação ainda é limitada e novas tecnologias precisam ser desenvolvidas para a redução de custos em sua aplicação.

Farah (2007) argumenta que a probabilidade de ocorrer algum tipo de coincidência entre traços de impressões digitais produzidas por indivíduos diferentes é extremamente remota.Sabemos ainda que, inclusive no mesmo indivíduo, não se encontram impressões digitais idênticas.

O método papiloscópicoé verdadeiro ainda para estabelecer a distinção entre gêmeos univitelinos, o que não acontece com os exames de DNA.

O emprego das digitais como ferramenta de identificação humana tanto pode afirmar ou negar a identidade de um indivíduo. (TRINDADE, 2007)

A papiloscopia, desta forma, quando aplicada no âmbito judicial, resguarda também o direito daspessoas inocentes, pois impede que alguém seja acusado injustamente quando houver equívoco de identidade.

Para estabelecer diferenças entre uma pessoa e outra, impõe-se a necessidade de um método que as individualize, pautado em características próprias que as identifiquem. Historicamente, dentre os diversos métodos existentes, o papiloscópico apresenta-se como sendo o mais eficaz por conseguir individualizar indivíduos tanto civil quanto criminalmente. (LADEIRA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2013)

A unicidade dos desenhos papilares assegura uma individualização com alto grau de precisão, comprovando a assertividade da papiloscopia.

As impressões latentes e as particularidades dos desenhos papilares (únicas para cada ser) são formadas pelas cristas de fricção, pequenas saliências situadas na parte superficial da pele, utilizadas para fins de identificação. Os desenhos presentes nas polpas digitais, na região das palmas das mãos e das solas dos pés, bastam para estabelecer uma individualização. (BUDOWLE et al., 2006)

O presente trabalho de pesquisa se justifica, pois em primeiro lugar, os operadores do direito eagentes públicos envolvidos na Segurança Pública, precisam de meios eficazes e atuantes para vencer a criminalidade, objetivando a paz social, imprescindível em um Estado Democrático de Direito.

Outra razão se deve ao fato de que abordagens recentes na gestão da administração pública frente à segurança pública,prevêemque os serviços prestados devem atender primeiramente às necessidades dos cidadãos e não da burocracia. (RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010)

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Diante dos casos de impunidade com os quais a sociedade se depara, uma gestão eficiente em segurança pública precisa apresentar uma prova incontestável que corrobore o processo penal e diminua os índices de criminalidade através de uma efetiva aplicação da lei.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O homem, desde os primórdios da civilização, sempre buscou formas de identificar-se e estes processos, ao longo da história, têm sido estudados por historiadores e arqueólogos.

Os primeiros métodos de individualização estavam ligados ao direito de propriedade, objetos eram marcados para definir seus donos, a posteriori, o homem iniciou um processo de identificação de pessoas perigosas à sociedade, era preciso identificar aqueles que se tornassem nocivos, utilizou-se para isso muitas vezes de meios atrozes e sem embasamento científico, tais como os relatados porAraújo:

Processo ferrete consistia na marcação com ferro incandescente na fronte, na face ou nas espáduas, utilizado em vários países, com a finalidade de identificar criminosos, de modo que cada um fosse reconhecido pela corres-pondência das figuras ou letras, determinando o tipo de crime cometido. Com um duplo objetivo: punir e identificar.

A mutilação consistia na mutilação de órgãos essenciais de criminosos, tais como dedos, pés mãos e, até mesmo, a castração. O órgão mutilado varia-va de acordo com o crime e com as leis do país que a adotavaria-vam como pro-cesso de identificação. Esse propro-cesso tinha como finalidade identificar o au-tor do delito e reprimir o crime. Entretanto, bania o indivíduo da sociedade, impedindo dessa forma sua possível reintegração.

A tatuagem era utilizada como forma de distinção por muitos povos da anti-guidade como sinal de distinção. Heródoto informava que os tebanos prisio-neiros eram marcados na fronte com o nome e as armas do rei. [...] (ARAÚ-JO,2009, p.03)

A criminalidade atingiu níveis espantosos, desconhece fronteiras e atinge todas as regiões do país, um crime bárbaro se sobrepõe a outro nos meios de comunicação.Em um Estado Democrático de Direito,uma investigação eficiente de práticas criminosas, precisa estar associada ao pleno respeito dos direitos humanos. Neste contexto, a perícia criminal se insere e adquire primordial importância, pois é o

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setor responsável por produzir a prova técnica, respaldada pela competência dos profissionais envolvidos e pela tecnologia de ponta.(RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010)

A Constituição Federalem seu artigo 5º, prevê os direitos e garantias individuais dos cidadãos, quais sejam: “ninguém será submetido à tortura; as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis; a pessoa que for presa será informada de seus direitos, entre os quais o de permanecer calada e o de ter a assistência da família e de advogado”, dispondo também que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. O método papiloscópico coaduna-se perfeitamente ao preceito de um Estado Democrático, pois baniu quaisquer excessos e constrangimentos praticados contra pessoas que eram suspeitas de cometimento de crimes, possibilitando a individualização das penas e infratores.

Diante desta realidade, a prova pericial produzida cientificamenteobtém destaque,pois promove e assegura o respeito aos direitos humanos nocurso das investigações criminais.

2.1 ATIVIDADE PERICIAL

A perícia é fundamental para que se conheça todos os aspectos envolvendo a materialidade do delito e que dependam de uma análise técnico-científica. Neste sentido, podemos inferir que a atividade pericial é bastante abrangente e dispõe de incontáveis possibilidades de análise.As perícias podem ser realizadas nos instru-mentos utilizados no crime, nas pessoas envolvidas no delito, em locais, documen-tos e cadáveres.

A atividade pericial é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo PenalBrasileiro (CPP). Os peritos são enquadrados como auxiliares da Justiça (art. 275), com conhecimento especializado em determinada área e possuem autonomia garantida pela Lei 12030/2009, não havendo qualquer tipo de subordinação com a autoridade requisitante. A perícia insere-se no título das provas (art. 158-250), que são dez: pericial; interrogatório do acusado; confissão; perguntas

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à vítima; testemunhal; reconhecimento de pessoas ou coisas; acareação; documental; indiciária; e busca e apreensão. (BRASIL, 2005)

Em termos etimológicos, o termo perícia advém do latim PERITIA e significa conhecimento adquirido pela experiência, um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos.Nucci (2008, p.400), define perícia como “o exame de algo ou alguém realizado por técnicos ou especialistas em determinados assuntos, podendo fazer afirmações ou extrair conclusões pertinentes ao processo penal. Trata-se de um meio de prova”. Perito é "o apreciador técnico, assessor do juiz com a função de fornecer dados instrutórios de ordem técnica (...)."(MIRABETE, 2000, p.420)

A perícia criminal é obrigatória nas infrações penais que deixarem vestígios (art. 158 do CPP), sob pena de nulidade do processo, não podendo ser dispensada nem mesmo que o criminoso confesse a prática do crime. (BRASIL, 2005)

A polícia judiciária ao ser notificada da prática criminosa, dá início às investigações e para garantir a materialidade do delito, faz-se necessário a realização de vários tipos de perícias, dentre elas, a perícia papiloscópica.

O papiloscopista é o profissional imbuído da responsabilidade de realizar a perícia papiloscópica, para tanto, ele deve recolher as impressões na própria cena do delito, para posterior análise, confronto e confecção do laudo pericial papiloscópico.

A papiloscopia é utilizada, primordialmente, para estabelecer a identidade entre as pessoas, visando sua individualização por meio da análise das impressões digitais. De acordo com Araújo (2009), a ampla e variada classificação dos padrões nos dez dedos, possibilitou a criação de vastos arquivos de impressões digitais, permitindo a expedição de carteiras de identidade e aumentando as possibilidades de identificação criminal, fatos que ganharam novo impulso com o advento do software AFIS, Sistema Automático de Impressões Digitais(sigla oriunda do inglês AutomatedFingerprintIdentification System). Este sistema economiza recursos físicos e materiais durante a pesquisa de uma impressão em um banco de dados e permite a pesquisa também de minúsculos fragmentos coletados nos locais de práticas criminosas.

O local de um delito guarda informações importantes para sua

resoluçãoPequenos detalhes, como um mero fragmento de impressão papilar, podem proporcionar uma identificação positiva e consequente resolução do caso.

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Por este motivo, além das ferramentas tecnológicas atualmente disponíveis para incrementar o trabalho da perícia, é importante o cuidado, a paciência e experiência do profissional ao examinar as cenas de crimes.

A perícia papiloscópica subsidia os inquéritos policiais e futuros processos penais, tornando-se prova irrefutável da presença de um indivíduo no local onde suas impressões digitais forem encontradas.

O laudo é imprescindível para o arquivamento do inquérito policial ou a possível denúncia de um acusado, pois traz os elementos de prova (materialidade) e indícios de autoria. (RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010, p. 848)

O laudo pericial é um documento redigido pelo perito, deve ser bem minucioso e relatar todas as etapas envolvidas no atendimento de determinada ocorrência, quais foram oscritérios utilizados e sua conclusão– que é o resumo do ponto de vista do perito, fundamentada em elementos objetivos.

2.2IMPRESSÃO DIGITAL

A datiloscopia criminal é muito utilizada na atualidade, principalmente com o intuito de identificar indivíduos indiciados em inquéritos e processos criminais.Com o aprimoramento dosmeios para revelação de latentes e com o refinamento da habilidade em realizar o comparativo entre as cristas papilares, caracteriza-se por ser uma técnica segura, econômica e com alto grau de precisão nos resultados.

Os postulados fundamentais da papiloscopia, já citados anteriormente(perenidade, imutabilidade e variabilidade), são aceitos e validados mundialmente, uma vez que são considerados verdadeiros princípios científicos.

Conforme oreferencial teórico adotado por Macedo e Campos (2013), as particularidades dos desenhos papilares encontrados nos dedos, palmas das mãos e planta dos pés, foram estudados, a partir do século XVIII, por vários pesquisadores, até ser possível instituir- se um sistema de classificação datiloscópico como o utilizado atualmente.

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O desenho digital é encontrado na parte mais externa da pele, nele é possível observar três sistemas de linhas: sistema marginal, sistema nuclear e sistema basilar. Diz-se que o sistema de linhas precede os tipos de impressões, pois é a partir dos desenhos formados por estas linhas, que surge a sua classificação.

As linhas do sistema basilar e marginal são geralmente paralelas, abauladas e assumem uma direção contínua, com pouca variação no seu sentido.As linhas que formam o sistema nuclear, por sua vez, apresentam formas diversas e são as mais utilizadas para fins de classificação datiloscópica.

O delta é um elemento importante da impressão digital, formado pela confluência dos três sistemas de linhas, sua posição é determinante para definir o tipo e subtipo da impressão digital.

O método de classificação adotado hoje em dia, foi desenvolvido por Juan Vucetich, que definiu quatro tipos fundamentais de impressões digitais: o arco, que geralmente não possui delta, a presilha interna cujo delta está à direita do observador, a presilha externa, que apresenta um delta à esquerda do observador e, por fim, o verticilo, que possui dois deltas, um de cada lado.

Para se classificar os quatro tipos descritos acima, utilizam-se, para o dedo polegar, as letras A (arco), I (presilha interna), E (presilha externa) e V (verticilo), e os números (1 a 4) para qualquer um dos outros dedos.

A classificação alfa-numérica,facilita o arquivamento e posterior pesquisa em arquivos datiloscópicos.

A figura a seguir apresenta os desenhos de uma mesma impressão e seus elementos principais.

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Figura 1: Desenhos de uma mesma impressão e seus elementos principais Fonte:Macedo e Campos (2013, p. 6).

Quando se fala em impressões digitais latentes, além do conhecimento dos tipos de desenhos digitais, é imprescindível ao papiloscopista saber a composição dos elementos que são excretados pela pele humana, pois este dado é fundamental para a escolha do agente que será empregado em sua revelação.

O quadro abaixo traz os componentes químicos encontrados em uma impressão digital:

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Glândulas Compostos inorgânicos Compostos orgânicos

Sudoríparas Cloretos, íons metálicos, amônia, sulfatos, fosfatos, água.

Aminoácidos, uréia, ácido lático, açúcares, creatinina, colina, ácido úrico.

Sebáceas Ácidos graxos, glicerídeos,

hidrocarbonetos, álcoois.

Apócrinas Ferro Proteínas, carboidratos,

colesterol.

Quadro 1: Relação entre as glândulas e os compostos excretados pelo corpo humano Fonte:Macedo e Campos (2013, p. 7).

2.3 TERMINOLOGIA

Para um perfeito entendimento de alguns conceitos básicos restritos ao mundo da perícia papiloscópica, porém fundamentais para a compreensão deste estudo, elencamos alguns tópicos que devem ser conhecidos, conforme o postulado por Araújo (2004):

2.3.1 Perícia Papiloscópica

A Perícia Papiloscópica caracteriza-se por um apurado conjunto de técnicas empregadas na coleta e análise de impressões digitais com o intuito de identificar a identidade de quem a produziu, avaliando-se o valor de prova dos vestígios e inserindo-os na cena do crime.

A perícia papiloscópica divide-se em duas etapas: o levantamento de impressões (digitais, palmares e plantares) na cena delituosa e o posterior confronto de impressões, ou seja, o exame comparativo entre as impressões questionadas, recolhidas da cena do crime e as impressões padrões dos prováveis suspeitos.

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2.3.2 Papilograma

Impressão digital que possibilita a identificaçãode todos os elementos importantes para sua classificação como sistema de linhas e delta, incluindo-se aqui, também as impressões palmares (quirograma) e palmares (podograma).

2.3.3 Fragmento de impressão papilar

No fragmento de impressão papilar, não é possível verificar os elementos que permitem sua classificação, por estarem ausentes ou apenas parciais. Válido também para as impressões da palma das mãos e planta dos pés.

2.3.4 Impressão questionada e Impressão padrão

Impressão questionada é aquela da qual se desconhece o autor e cuja autoria se busca, principalmente por meio do confronto com a impressão padrão, que é aquela de autoria comprovada.

2.3.5 Padrão de exclusão e padrão de confirmação

Padrão de exclusão são aquelas impressões que devem ficar fora do rol de suspeitos, como por exemplo, as impressões da própria vítima. Padrão de confirmação é a impressão do(s) suspeito(s).

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2.3.6 Tipos de impressões papilares

São classificadas em três: visíveis, caracterizam-se por serem diretamente observáveis sem o auxílio de qualquer objeto óptico, normalmente estão impregnadas com sangue, tinta ou qualquer produto corante; as modeladas, que possibilitam um molde do desenho digital pois estão apostas em superfícies como gesso, argila, etc.; e, finalmente, as latentes, isto é, que necessitam de reveladores que reajam com as substâncias excretadas pela pele para tornarem-se aparentes.

2.3.7 Suporte

É a superfície onde a impressão papilar se encontra, tal como vidro, papel, metal e outros. Suporte primário é a superfície onde originalmente se encontrou uma impressão. Suporte secundário é aquele preparado para receber a impressão transportada do suporte original.

2.3.8 Revelação de impressões

É a técnica que utiliza produtos especiais para visualização de latentes, como pós e reagentes químicos.

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2.3.9Minúcias

São pequenos pontos presentes na digital que conferem à impressão sua individualidade.

2.3.10 Tipos de Perícia Papiloscópica

Quanto à aplicação classificam-se em:material, que consiste nas técnicas e procedimentos realizados nos mais diversos materiais visando localizar e revelar impressões digitais; veículo, são técnicas empregadas em veículos com o mesmo objetivo da perícia papiloscópica em material; local, compreendem técnicas e procedimentos realizadas em cenas de crime com o objetivo de identificar pessoas que estiveram no local e cadáveres,que busca identificar o morto através da digital. Neste trabalho, vamos nos ater somente à perícia papiloscópica em local e em material.

2.4 TÉCNICAS DE REVELAÇÃO DE DIGITAIS LATENTES

Enquanto que as impressões moldadas e visíveis podem ser facilmente identificadas numa cena de crime, bastando removê-las juntamente com o suporte em que se encontram ou fotografá-las para análise posterior, as latentes necessitam do emprego de alguma substância química para que fiquem aparentes.

Há uma gama de fatores que influenciam nas digitais encontradas em cenas de crimes, desde a pressão exercida pelo sujeito sobre o suporte, a quantidade de suor depositada na superfície, fatores climáticos (frio ou calor), e se o ambiente é aberto ou fechado. Alguns materiais preservam mais as digitais, como vidro, metal e cerâmica, outros que possuem superfície porosa tal como madeira não tratada, que dificultam a boa fixação das substâncias excretadas pela pele.

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A revelação do desenho papilar no local de crime, se resume, muitas vezes, a meros fragmentos papilares deixados pelos dedos, mãos e pés descalços, que denunciam a presença do suspeito no local.

São inúmeras as técnicas atualmente utilizadas, levando-se em conta o tipo de suporte onde se encontram as digitais, pois alguns compostos são indicados apenas para determinados tipos de superfície.

A habilidade técnica do papiloscopista é um quesito importante na seleção e manuseio do material utilizado. Algumas substâncias são extremamente tóxicas e requerem condições especiais para uso.

A escolha da técnica para visualizar a impressão digital latente é importante, pois aescolha incorreta pode destruir a impressão, inutilizando-a de forma permanente.

Entre as técnicas difundidas para a revelação de digitais latentes, a técnica

do pó é uma das mais empregadas, indicada para casos em que a impressão

encontra-se em superfície lisa, não absorvente, seca e macia. Cabe ressaltar a existência de uma ampla variedade de pós (dissulfeto de molibdênio, pó branco, pó de chumbo, pó magnético, etc.), cada qual utilizado em uma situação especifica.

O pó deve ser aplicado com um pincel macio, tomando-se o cuidado de provocar movimentos leves e suaves, pois o atrito das cerdas do pincel pode destruir a impressão. Existem também pós luminescentes utilizados quando a impressão não se encontra em um plano de fundo bem definido, que possibilite contraste. Em tais ocasiões, depois de aplicar o pó, a digital é submetida à luz forense (ou ultravioleta) para sua visualização. (CHEMELLO, 2006)

Dependendo do tipo de suporte em questão, o pó pode não ser suficiente para revelar com clareza uma latente, havendo necessidade de empregar outros agentes reveladores.

O vapor de iodoé um revelador gasoso, perfeito para uso em pequenos objetos, pois os cristais de iodo reagem com as gorduras excretadas revelando o desenho da impressão. Recomenda-se fotografar a impressão imediatamente para posterior análise, pois desaparece quando exposta ao meio ambiente.

Atualmente, entre os reveladores químicos, o cianocrilatoou vaporização

com cola, é muito utilizado pelos papiloscopistas. O cianocrilato, quando

vaporizado, forma uma cola que adere ao desenho da digital, permitindo sua visualização que pode ser aprimorada com substâncias fluorescentes.

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Outro revelador largamente usado é a ninidrina, principalmente para latentes buscadas em papel. A ninidrina em contato com aminoácidos produz um produto de cor púrpura que promove a revelação. É um material muito tóxico e deve ser manipulado em um local com boa exaustão para evitar a inalação de vapores e com uso de luvas para que não seja absorvido pela pele.

No caso específico de impressões impregnadas com sangue, o amido black é o mais adequado. Quando em contato com sangue, esta substância assume uma coloração azul escura.

A tecnologia do laser também se aplica à revelação de latentes, através de um aparelho que emite ondas luminosas, é possível localizar as impressões.

O papiloscopista, de posse de todas estas técnicas, precisa ser cauteloso ao optar por qualquer uma delas, pois enquanto alguns reagentes podem ser combinados, a maioria apresenta caráter irreversível após sua aplicação.

2.5 PERÍCIA PAPILOSCÓPICA

Qualquer sistema legal requer precisão, a culpabilidade precisa ser identificada para que a pena seja aplicada e a justiça estabelecida. A perícia papiloscópica, enquanto atividade técnico-científica, promove o embasamento necessário para que as penas sejam aplicadas aos verdadeiros culpados.

Segundo conceituam Álvaro Codeço e Flávio Amaral: “A Perícia Papiloscópica em local de crime é feita através do estudo detalhado e minucioso do local, das peças encontradas, das impressões ou fragmentos papilares visando à elucidação do delito”. (CODEÇO; AMARAL, 1992, p. 244)

É evidente a importância das perícias na investigação criminal, elas nortearão o inquérito policial para que, no âmbito processual, os elementos de prova sirvam de base para a busca da justiça.

Para Trindade (2007), apapiloscopia busca a identificação positiva, assegurandoque duas impressões foram produzidas ou não pelo mesmo indivíduo.Para alcançar esse objetivo, considera-se as impressões digitais

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(datiloscopia), impressões palmares (quiroscopia) e impressões plantares (podoscopia).

Quando se apresenta a necessidade específica de imputar-se uma responsabilidade a uma pessoa, o termo “identificação” precisa ser diferenciado de “reconhecimento” (ARAÚJO, 2009). Uma testemunha pode reconhecer um suspeito como semelhante ao que estava no local do crime, mas cabe à perícia, através de técnicas especificas, de cunho objetivo como o confronto papiloscópico, por exemplo, o ônus da afirmativa de que aquela pessoa é idêntica ou não a que estava na cena do crime e responsável pelo fato delituoso. Assim, enquanto o reconhecimento é subjetivo, baseado nas percepções individuais de alguém, a identificação é rigorosamente cientifica.

A coleta de fragmentos papilares em locais de crimes, deve obedecer uma rotina como acompanharemos a seguir.

2.5.1 Perícia Papiloscópica em local

A perícia papiloscópica em local compreende um levantamento preliminar. O papiloscopista deve buscar vestígios que possam vir a identificar os sujeitos relacionados com a atividade criminosa. Além das impressões digitais, é preciso estar atento também quanto à presença de impressões plantares ou palmares. Em uma perícia, é importante reunir o máximo de informações e, para isto, o profissional da papiloscopia vale-se de todos os recursos disponíveis, tais como anotações, fotografias e croquis. A partir do levantamento inicial, o papiloscopista concentra sua busca no local onde provavelmente estão concentrados os vestígios e, após o exame das superfícies, elege o revelador apropriado e procede ao registro fotográfico das impressões moldadas e visíveis, dependendo do caso. Não sendo possível a revelação das impressões papilares no local, o material deve ser criteriosamente transportado para o laboratório.

As impressões devem ser selecionadas levando-se em conta sua relevância no local do delito, isto é, onde ela foi encontrada (por exemplo, no cabo de uma arma) e também seu grau de nitidez quanto à presença de minúcias.

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As impressões que possibilitarem condições de análise,precisam ser numeradas obedecendo às normas de registro com a identificação de quem as coletou, data, local.

O material recolhido para laboratório precisa ser acondicionado em perfeitas condições e seu transporte deve ser feito com cautela, pois disso depende a integridade do vestígio.

Ressalta-se que “o fato de o técnico utilizar luvas não garante a integridade das impressões, impede apenas que as impressões do perito contaminem o material que manuseou. Nesse sentido, os objetos devem ser sempre manuseados pelas bordas ou arestas, a fim de minimizar os riscos de destruição das impressões”. (MÜLLER, 2012, p.30)

A idoneidade dos vestígios recolhidos no local do crime deve ser analisada dentro de um conjunto de fatores, desde ações diretas dos peritos envolvidos até os exames complementares que se fizerem necessários.

O registro fotográfico é outro ponto importante, pois as fotografias vão reproduzir fielmente acena, tal como esta foi encontrada, as áreas adjacentes ao local também merecem registro. Nas fotografias de cena de crime, é importante partir do macro para o micro, ou seja, o ambiente como um todo, o objeto no ambiente e finalmente, a impressão no objeto.

Neste sentido, Müller (2012), destaca:

Fotografia Direta: é a fotografia da impressão papilar no suporte original. Sua finalidade é prevenir um possível acidente no processo de decalcagem ou registrar a impressão papilar que não possa ser processada pelo método convencional (ex:.impressõesentintadas). Fotografia Indireta: é aquela produzida após o decalque/moldagem da impressão papilar revelada e sua transferência para outro suporte (MULLER, 2012, p. 29-30).

O principal objetivo do registro fotográfico é possibilitar ao judiciário e demais partes interessadas, uma posterior visualização da cena de crime. Vale destacar que somente após a tomada de fotografias, o papiloscopista ou qualquer outro perito está autorizado a manusear os objetos.

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2.5.2 Perícia Papiloscópica em material

Aperícia papiloscópicacaracteriza-se pela análise de materiais que foram manuseados pelos suspeitos a fim de se detectar e identificar impressões digitais.

Os materiais geralmente chegam ao Instituto de Identificação após encaminhamento realizado por outros Núcleos de Perícias do estado ou então, são coletados em ocorrências de crimes na capital.

A fase do local é uma das mais importantes do trabalho policial. Os vestígios colhidos e as informações descritas nesta fase, podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de um julgamento. A manipulação inadequada de uma coleta pode acarretar a invalidação ou a impossibilidade de uma análise laboratorial.

Müller destaca:

1. No caso de papéis, em princípio a revelação deverá ser feita em laboratório, devido à toxidez dos seus reveladores torna-se inviável o trabalho de revelação de impressões dos mesmos no local. Estes preferencialmente serão acondicionadas em sacolas plásticas limpas, sem serem dobrados;

2. No caso de objetos pequenos dever-se-á apoiar nas bordas a fim de minimizar os riscos de destruição de possíveis impressões ali existentes; 3. Os objetos deverão ficar com suas superfícies livres de atrito, e

devidamente fixadas em caixas para transportes;

4. Deverá o técnico estar calçado de luvas e ainda utilizar pinças, de modo a ter o menor contato possível com a superfície do objeto a ser examinado;

5. As remoções de objetos do local deverão ser precedidas de fotografia. Estes deverão ser relacionados e comunicado o fato às pessoas responsáveis pela guarda ou proprietários, bem como às autoridades competentes. (MÜLLER, 2012, p.32)

O local de um crime é um ambiente extremamente vulnerável, qualquer atitude imprudente ou negligente, pode invalidar de modo irreversível um vestígio em potencial. As ações voltadas para as cenas de crime, não são aleatórias, pelo contrário, obedecem a uma série de rotinas e procedimentos que seguidos rigorosamente, garantem a legitimidade da prova pericial.

Neste sentido, Campos (2007), enfatiza a importância do registro documental de todo o processo, para que as evidências quando analisadas

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isoladamente ou quando colocadas em cheque com declarações de pessoas envolvidas na investigação, não suscitem qualquer dúvida quanto a sua idoneidade.

Desde o momento em que são recolhidos da cena do crime até a sua chegada ao laboratório, os vestígios passam por vários funcionários, técnicos e administrativos. A cadeia de custódia permite a sua rastreabilidade, determinando que aquele vestígio que será submetido à análise é efetivamente o mesmo que saiu do local do delito.

A sociedade como um todo tem interesse em uma Justiça Criminal que encontre e puna os responsáveis por delitos cometidos (ou inocente aqueles erroneamente acusados), e ao mesmo tempo respeite os direitos humanos. A perícia contribui para este anseio da sociedade com provas científicas que ajudam a Polícia e a Justiça Criminal, respectivamente, a identificar e julgar os verdadeiros autores dos delitos. (RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010)

A responsabilidade penal demanda a certeza da autoria, embasada por um método seguro e eficaz, capaz de estabelecer uma relação unívoca entre os elementos em questão (nexo de causalidade). Afinal, mais do que apenas reconhecer uma pessoa, é preciso individualizá-la estabelecendo uma identidade.

A perícia papiloscópica é fundamental, pois determina de maneira irrefutável a quem pertence as impressões digitais coletadas em locais de crime. Entretanto, esta deve ser contextualizada junto aos demais elementos probatórios, para que possa subsidiar de forma inconteste o inquérito policial e posterior processo penal. Desta forma, podemos inferir que a identificação criminal papiloscópica também se constitui em um meio de prova para auxiliar pessoas inocentes quando houver equívoco de identidade.

Para preservar a integridade de uma evidência, todas as etapas do processo de perícia devem ser devidamente documentadas, como passos de um procedimento único que garanta a credibilidade da prova. O perito sempre deve observar as recomendações técnicas para garantir a idoneidade do vestígio

Tavares Júnior ressalta que:

[...] nos casos em que não exista material indispensável para efetuar o levantamento de impressões latentes no local o perito deverá saber improvisar uma maneira para acondicionar os suportes, fazendo o possível para evitar o atrito destes com outros materiais, para que não ocorra a perda dos indícios. [...] é aconselhável o uso de luvas cirúrgicas para o manuseio de objetos.(TAVARES,1991, p. 81)

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Uma prova pericial irrefutável depende não só dos recursos materiais que estão à disposição dos peritos, mas também da sua conduta atenta e vigilante.

2.6 A PRODUÇÃO DO SERVIÇO PERICIAL CRIMINAL

O processo de produção do serviço de Perícia Criminal,inicia-se com o acionamento da perícia pelo Delegado de Polícia, dentro do que preconiza o art. 6º,VII, do Código de Processo Penal.

Apresentada a demanda,e conforme a natureza da ocorrência, cabe ao profissional da perícia empregar o material apropriado na cena delituosa. O tempo de resposta deve ser o menor possível, para não haver prejuízo dos vestígios, não obstante isolamento do local realizado pela autoridade policial e seus agentes.Em Santa Catarina, os crimes ocorridos na grande Florianópolis são atendidos pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) da capital,enquanto que as ocorrências do interior do estado são de responsabilidadedos Núcleos Regionais de Perícia.

A preservação fidedigna da cena de crime está intimamente ligada ao resultado final da perícia. Toda e qualquer alteração, deve ser comunicada ao perito para fins de registro.

Após uma vistoria preliminar, o perito inicia a busca minuciosa pelos vestígios (impressões digitais, sangue, fios de cabelo, objetos, corpos, etc).Realiza as medições e elabora um desenho da cena. Nos locais de crime vários detalhes relacionados com o exame, tais como modus operandi, meio utilizado para ingressar no local, marcas de violência, objetos fora da posição original, devem ser observados. Concluído o trabalho, o local é liberado e o perito retorna ao IGP para exames complementares (papiloscópicos,laboratoriais,balísticos, residuográficos,etc) e feitura do laudo. Importante reforçar que, uma vez liberado o local, este passará a sofrer influências imediatas, alterando-se os elementos da cena.

Durante as investigações é comum, segundo Rodrigues, Silva e Truzzi:

[...] a polícia solicitar para eventuais suspeitos o fornecimento de padrões (sangue, fio de cabelo, impressões digitais, caligrafia, etc.), para que sejam comparados e analisados com aqueles vestígios que o perito criminal coletou no local. Esses exames são realizados no back office [...].Os peritos do back office ao final emitem um laudo, que é encaminhado ao perito do caso. Posteriormente, há a elaboração do laudo, outro fator crítico. O laudo

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descreve em detalhes a cena do crime, analisa e interpreta as evidências e a dinâmica dos fatos. Ao final, é emitida uma conclusão. O laudo contém fotografias e croquis para ilustrar o local e as evidências e fundamentar as conclusões. ( RODRIGUES; SILVA; TRUZZI, 2010, p. 850)

Após a conclusão, o laudo é encaminhado à Delegacia de Polícia ou juízo requisitante. Os peritos podem ter que responder a quesitos escritos ou serem intimados a comparecer perante o tribunal para esclarecer sobre o laudo pericial à autoridade competente.

2.7 A AVALIAÇÃO DE JUSTIÇADA PROVA PERICIAL

Todo rito processual penal existe para regular a persecução do Estado,a períciase insere neste contexto como requisito fundamental para resguardar os direitos e garantias dos imputados, assegurando a imparcialidade da justiça.

A principal função da justiça é permitir que todos tenham acesso aos serviços prestados pelo Estado de modo igualitário. O senso de justiça deve franquear o serviço a todos, estabelecendo as condições para que os indivíduos o utilizem de fato, independentemente de suas condições econômicas e sociais. (ZARIFIAN, 2001)

O caráter social da perícia é percebido nesse cenário por meio da produção de provas com o intuito de auxiliar no processamento das demandas judiciais, para que as decisões sejam tomadas de forma transparente e todo e qualquer julgamentopossa se apoiar em fatos analisados científica e tecnicamente.

Na perícia criminal, todos os cidadãos, sem exceção, são beneficiários do serviço, é facultado também àqueles que precisam comprovar sua inocência.Cada caso deve receber o tratamento apropriado, entretanto, algumas localidades dispõem de mais recursos tecnológicos propiciando umatendimentode maior qualidade.

Zarifian (2001) preconiza que por ser acessível a todos, a perícia criminal promove a solidariedade à medida que contribui para a inclusão social de segmentos marginalizados.

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Cabe ao Estado o papel de mediador de conflitos e garantidor da justiça. A perícia evita que indivíduos sofram constrangimentos para confessar atos ilícitos que não cometeram e oslaudos periciais podem atenuar um crime ou até mesmo absolver um inocente. Aindividualização dos infratores é também uma questão de cidadania.

A aplicação da justiça não tem caráter somente punitivo, pois visa também garantir que o infrator repare os danos causados à sociedade. Tem ainda o aspecto pedagógico, isto é, prevê a recondução moral do cidadão para que passe a se comportar de forma aceitável pela sociedade. (ARAUJO, 2009)

Embora casos de destacada repercussão na mídia e impacto na sociedade recebam maior atenção, todos deveriam ser tratados com a mesma importância. No entanto, no âmbito do Estado de Santa Catarina, percebe-se que por falta de recursos, principalmente humanos, não se faz, como regra, coleta de digitais em furtos de pequenos valores, seja em veículos ou residências.O volume de ocorrências dessa natureza é muito grande e inviabilizaria o trabalho dos papiloscopistas, que atualmente contam com apenas 42 profissionais para atender a todo o estado,tornando insuficiente o dever de inserção social da perícia.

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3 METODOLOGIA

A metodologia adotada no presente trabalho, por tratar-se de um estudo na área de ciências humanas e sociais,foia abordagem qualitativa.Segundo os subsídios teóricos de Godoy (1995 a), a pesquisa quantitativa preocupa-se com a medição objetiva e quantificação dos resultados obtidos; enquanto que a pesquisa qualitativa não pretende enumerar ou medir os eventos analisados, mas compreendê-los.

Apesar de sua importância, a papiloscopia ainda é desconhecida por muitos e este estudo, sem querer esgotar o tema, procurou apresentar alguns aspectos relevantes que envolvem esta ciência.

Godoy (1995 b) e Lüdke e André (1988), enfatizam que a pesquisa qualitativa possui cinco características principais, sendo: tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento principal; os dados coletados são descritivos tornando a palavra escrita essencial; os pesquisadores qualitativos preocupam-se mais com o processo;o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são a preocupação fundamental do investigador; os pesquisadores empregam o enfoque indutivo na análise dos seus dados.

Tendo em vista o caráter de relativa subjetividade da pesquisa qualitativa, uma vez que os dados compilados são apresentados pelo viés da autora, as fontes escolhidas assumem papel de destaque.

A papiloscopia ainda é uma área sobre a qual ainda existem poucas publicações. A pesquisa bibliográfica utilizada neste estudo, contemplou os autores mais renomados no tema, tanto no idioma nacional, no espanhol e na língua inglesa. As fontes de coleta de informações foram selecionadas com o objetivo de garantir a qualidade do material aqui descrito. Vergara (2005, p. 48), refere-se à pesquisa bibliográfica como “[...] o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais e redes eletrônicas, isto é material acessível ao público em geral” e, de fato, fez-se uma análise exaustiva de todo material ao alcance desta pesquisadora.

O cuidado na escolha dos referenciais teóricos adotados também teve como objetivo assegurar a possibilidade de confirmação posterior dos dados.

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Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 16) o objetivo da pesquisa qualitativa é “tentar conhecer e explicar os fenômenos que ocorrem no mundo existencial”. Asseveram ainda que, é necessário entender “como esses fenômenos operam, qual a sua função e estrutura, quais as mudanças efetuadas, por que e como se realizam, e até que ponto podem sofrer influências ou ser controlados”.(MARCONI E LAKATOS 2007, p. 16)

A metodologia empregada possibilitou um estudo em profundidade do tema proposto, destacando a importância da papiloscopia como método de identificação humana e suas vantagens. Permitiu ainda, traçar um panorama das atividades dos profissionais papiloscopistas e de como sua atuação é fundamental para o resultado final da Justiça Criminal.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O homem, desde a antiguidade, sempre se preocupou com questões volta-das à identificação. Inicialmente a identificação assumiu um cunho privado, o homem “marcava” o que lhe pertencia. Mais tarde, a necessidade de identificação estendeu-se ao próprio homem em si, era preciso algum sinal que o distinguisestendeu-se perfeitamen-te, sobre o qual não restasse nenhuma dúvida. Da individualização de uma pessoa entre os seus semelhantes, pode depender a segurança de uma transação comerci-al ou a segurança da sociedade contra um criminoso. A identificação resguarda direi-tos e exige o cumprimento de deveres.

“[...]O homem como organismo vivo ou morto, distingue-se como indivíduo por características biológicas. [...] Confiando na imutabilidade de algumas caracterís-ticas ao longo do tempo, civilizações antigas ou mais recentes, marcaram os corpos de alguns para serem mais facilmente reconhecidos posteriormente”.(GARCIA, 2009,p.01)

Se no passado era necessário marcar a pele de um condenado para identifi-cá-lo, hoje o reconhecimento de um indivíduo pode ser realizado pela impressão di-gital.

As contribuições da criminalística englobam um sem número de ciências que auxiliam os processos de identificação humana. A tecnologia aplicada a estas ciên-cias, biometria, possibilita o reconhecimento “[...] da identidade de alguém por meio de atributos físicos ou comportamentais, como a face, impressões digitais, voz e íris, utilizando para isso tecnologia eletrônica e recursos informáticos [...]”.(GARCIA,2009,p.1)

Em uma sociedade moderna, informatizada, como a que vivenciamos hoje, que exige respostas rápidas, apesar de todas as novas técnicas de identificação existentes, a papiloscopia ainda é o método mais acessível, confiável, econômico e, por que não, mais rápido, pois apesar de beneficiar-se também da biometria através do sistema AFIS (AutomatedFingerprintIdentification System), o olho treinado do pai-loscopista é recurso mais que suficiente para estabelecer a identidade de uma pes-soa pela análise e confronto de sua digital ( impressão digital questionada e impres-são padrão).

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Dentre os diversos tipos de biometria atuais, a biometria de voz apresenta-se como um processo de identificação através da verificação de características comportamentais de um ser humano, avaliando os atributos biométricos de sua voz, que são individuais, comparando-acom amostras do sinal de voz, que através de gráficos possibilitam o perito confrontar dois áudios para determinar se foram produ-zidos pelo mesmo aparelho fonador. (SILVA et al., 2012, p.443)

O processo de análise vocal é bastante demorado, uma vez que não existe um sistema computacional que seja capaz de extrair da fala as características real-mente indispensáveis à identificação, o perito precisa dispor de várias ferramentas para obter os dados necessários e organizá-los manualmente para comparação.

Além disto, hoje em dia, os sistemas computacionais que são utilizados para processar o sinal de voz, dependem de softwares de alto custo e difícil operação. (BOERSMA; WEENINK 2012 apud SILVA et al., 2012,p.443)

A identificação por voz é relativamente precisa, entretanto, este método não se aplica se a pessoa estiver rouca por exemplo, ainda, ao contrário das digitais que não se alteram no decorrer da vida (princípio da perenidade), a voz sofre alterações ao longo dos anos. Ruídos externos podem prejudicar a técnica e saliente-se que estados emocionais influem diretamente na voz.

A identificação pelo DNA, material genético humano, é imbatível para a con-firmação de paternidade, mas não é válida para o estabelecimento de identidade de gêmeos univitelinos. Em casos de estupro, o DNA também se impõe como técnica importante, pois o exame de corpo de delito da vítimapermite recolher o material ge-nético do suspeito. Entretanto, em alguns países como por exemplo no Reino Unido, devido ao potencial risco de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, é usual o cometimento de estupros com uso de camisinha, evitando também que o autor deixe amostras de seu DNA no corpo da vítima. (BRADSHAW et al., 2011)

Nesses casos, novamente temos a importância da papiloscopia, pois uma técnica desenvolvida por uma universidade da Inglaterra em parceria com um labo-ratório de ciências forenses dos Estados Unidos,pode comprovar se uma pessoa teve contato com uma camisinha, colocando-a no local de crime sexual.

O método criado pelos pesquisadoresconsegue identificar lubrificante de camisinha em impressões digitais do suspeito encontradas na cena delituosa, fazen-do a comparação com o resíduo fazen-do lubrificante encontrafazen-do na secreção vaginal da

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vítima. Quando o exame for compatível (mesmo tipo de lubrificante), o suspeito fica imediatamente vinculado ao fato.

Cabe destacar que os exames para extração do DNA, são mais caros e de-morados que o papiloscópico e, enquanto o sistema AFIS proporciona um banco de dados para confronto de digitais, no caso do DNA, no Brasil, não dispomos de ban-cos para comparação.

A possibilidade de detectar impressões latentes deixadas por um assassino no corpo da vítima vem sendo questionada por especialistas forenses. Um projeto de pesquisa iniciado na Alemanha propõe um estudo para recuperar impressões laten-tes da pele dos cadáveres e avaliar se o DNA do assassino poderia ser reconstituído a partir dessas impressões. Aproximadamente dez por cento das impressões, foram consideradas capazes de fornecer uma individualização, o que pode ser de grande valia para excluir ou identificar um provável homicida. (FÄRBER et al., 2010)

A papiloscopia, apesar de ser um método antigo de identificação, não deve ser desconsiderada frente às técnicas mais atuais, uma vez que a todo momento surgem novas possibilidades para sua aplicação.

A biometria ocular, seja da íris ou da retina, é uma tecnologia bastante re-cente e apesar de ter se revelado eficaz em muitas situações, seu uso em larga es-cala ainda depende de vários estudos. A leitura da íris ou retina, é realizada através da utilização das imagens capturadas por meio de uma câmera digital. No entanto, segundo Garcia (2009, p.88), a biometria das estruturas oculares “ainda pouco ofe-rece para a identificação médico-legal. A rigor, uma correspondência entre o modelo biométrico apresentado e o arquivado diz apenas isto: os modelos tem grande pro-babilidade de corresponderem a caracteres biométricos idênticos mas que não iden-tificam por si só ninguém [...]”.

A habilidade do operador da câmera é um fator importante, pois qualquer distorção no momento da captura da imagem, pode gerar erro no resultado.

A identificação pela íris e a retina dificilmente pode ser fraudada, mas suas estruturas se alteram com o envelhecimento. A identificação pela retina é um proce-dimento invasivo, que requer cooperação do usuário, ainda, lentes e óculos podem dificultar sua captura. O alto custo da biometria ocular e a não aceitação de alguns usuários, dificulta a sua aplicação.

Outro ponto negativo deve-se ao fato de que as biometrias oculares “reque-rem que o indivíduo esteja vivo para a sua aplicação. Tanto para a íris, quanto para

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a retina, a opacidade dos meios oculares que surge no pós-morte, prejudica o exa-me [...]. (GOMES, 2004, p.106)

Pelas impressões papilares, é possível identificar um cadáver logo após sua morte e antes da completa putrefação através de técnicas relativamente simples, como lavar as mãos do morto com água quente ou injeção de substância oleosa nos dedos.

Garcia (2009, p.39) afirma que “a datiloscopia transformse no padrão ou-ro em identificação judiciária hoje, sendo utilizada em todo mundo. Além de permitir a identificação de um indivíduo ou corpo, possibilita a demonstração de alguém em local de investigação”.

Osdesenhos digitais obtêm vantagens por meio de tecnologias de imagem e informática para obtenção de impressões e seu arquivamento, como o AFIS, já men-cionado anteriormente. O escaneamento de papilas digitais de um indivíduo vivo ou morto através de scaner biométrico, pode comparar o modelo obtido com os elemen-tos de um arquivo.

A Polícia Federal Americana (FBI), emprega o sistema AFIS como banco de impressões digitais de indivíduos investigados criminalmente para comparações fu-turas.

Na ocasião da expedição do documento de identidade, o indivíduo apresenta seu registro civil, fotografia e fornece suas impressões digitais para registro papilos-cópico a ser arquivado pelo órgão de identificação do estado. Em nível federal, o Instituto de Identificação Nacional, coordena as informações de identidade forneci-das pelos órgãos identificadores estaduais.

A importância de se estabelecer a identidade dos indivíduos na sociedade é facilmente compreensível. Especificamente na área da segurança pública, há que se definir as identidades da vítima e do agressor pra que o processo atinja seu objetivo de correta aplicação da pena e efetivo senso e justiça.

O CPP determina em seu artigo 6°inciso VIII, que se deve realizar no inqué-rito policial “a identificação do indiciado pelo processo papiloscópico, se possível. O artigo 5° inciso LVIII, da Carta Magna, prevê que quem for civilmente identificado, pode ser dispensado da identificação criminal, salvo exceções previstas em lei. As-sim, os estados possuem arquivos civis e criminais.

A facilidade no arquivamento e catalogação das impressões digitais, através da informatização, possibilita um intercâmbio dessas informações aos institutos

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