PORTUGAL
REGENERADO
em
1820.
Adelíno
da
Uotta
LISJOA-í
Na
Typogra.fia
Lacerdina.
1820.[3]
PORTUGAL
JL/esdè
oprincipio assentárao osho-mens que
lhes convinha viverem
socie-dade
, e unir suas forças para secoad-juvarem
reciprocamente.Fundárão
pri-meiro
pequenas povoações; depoisCi-dades , Províncias , e Reinos :
dividí-rão-nos pormontes, rios, e mares ; li.
mites
que
a naturezamesmo
haviaassi-gnallado; edesde entãoestasassossiações
tinhão ,
além da
ditamutua
coadjuva-ção , outro fim
que
era repellirquaes-quer tentativas
do Povo
vizinho.Cum-pria
que
nestas sociedades nascenteshouvesse
hum
vinculoque
as prendesse,hum
centroque
lhes desse uuidade, E*«REGENERADO
EM
1820.tabelecêrao pois de
cominum
acordo asjLeis , sob que devião viver ; elegérão
hum
ou
mais Chefes, que asfizessemexe-cutar; e tiverão
hum
Rei ouhum
Colle-gio de Magistrados, Depositárão neste
Chefe a autoridade que todos não
po-dião exercer
sem
tumulto ; e aliberda-de e independência absoluta de que
go-zaria cada individuo ,
quando
isoladonos bosques, renunciarãoparte delia
pe-lo melhor
bem
de viverem
sociedade.Por
estasLeis prohibírão tudo oquepo-desse encontrar ou perturbar os fins por
que
sc havião reunida; e deixárão ficarlivres a cada individuo aquellas acções
que
não encontravão osmesmos
fins.Fi-cárão pois todos obrigados a obedecer
ao Chefe
com
mu
m
: este obrigado afa-zer executar as Leis. Se ousasse
alterá-las, a sociedade se insurgiria contra
el-le ,
como
contra o infractordo
vinculoque
devia manter.O
bem
commum
foipor tanto a
suprema
lei , e o ultimo fimdestas sociedades.
Deos
,que
pela lei erazão natural havia dictado aos
homens
que
as estabelecessem , confirmou pelarevelação esta voz da natureza, e veio a
Religião ,
como
hum
segundo vinculo(«), firmareapertar mais tão sabias
ins-tituições.
[ 5 ]
II.
Quando
, pelo decurso dostempos
ou pela occuíreiícia de éircunstancias
extraordinárias , foi necessário alterar
as Leis primittivas , a sociedade se
reu-nio, e fez nellas as
mudanças
que obem
commum
exigia.Porém
se amesma
so-ciedade erajá
mui numerosa,
estasreu-niões se fizerão por pessoas que todos
elegião para a representarem. Estais
as-sembleas representativas tiverão
diver-sos
nomes
nos diífe-rentes paizes daEu-ropa.
Chamárão-se
Estadosgeraes,Die-tas, Estados da
Nação
, e naHespanha
Cortes
do Latim
cokors , cohortisajun-tamento.
As
deAragão
,que
forão asprimeiras , diziãd' áo seu Rei : Nós..,,
cada
hum
dosquaés.h.e tãobom
como
vós , e todos juntos somos melhores
qné
que
vós , vos fazemos Rei paraque
nosgoverneis segundo nossas Leis, costumes
e foros: seassim ofizerdes, reinareis
so-bre nós; senão,não.^ Semelhantemente
em
Portugal dizião os Tres Estadosdo
Reino
convocados na" Igreja de SantaMaria
deAlmacave
da Cidade deLame-go
:U Queremos
que seja nosso Rei Jifcjonso ,
aquém
por talacclamámos U9
Campo
de Ourique.Façamos
Leisn
Fi%zerão-naslogo 3 e sendo^hes lidas
[6]
Chanceller
do
Rei disserão:u Sao
boasejustas: queremo-las para nós
epara
osque
vierem depois de hós.w (a)Os
Au-gustos suceessorcs daquelle Rei não
fo-ra odesde então até hoje levantados
sem
(a) Eis aqui alguns lugares destas Cortes
re-lativos ao presente objecto.
^
Congregavií vosRex
Alfonsus, quem vos feçhtis Regem incanimfo Auriouio, ut videatis bonastiiterasdominiRa» pA, et dicath si vultisquodsit iiíeRex». .• Et
dominasRexcum spatanuda Inmanasua .... dl»
&it.... Vosmeferistis.Regemetsocium vestrum•
siquiàem mefecistis Regemt constituamus leges, per quas terranostrasitInpace. Dlxerunt omnest
Vc/umas domine Rex, et placet nohis constituert legesf quas vohis hene visumfuerit.... Vocavlt
citiusdominasRexEpiscopos, yiros nobilesetpro» curatores (Civitãtum), etdlxerunt imerse- Fa» clamas in principio leges de kereditate regni• Et
fecerunt istassequentes .... Et legit eas ^Albertus
CanceUarius domini Régis ai omnes et dixerunt:
BonA sunt,justa sunti volumus easpernos etper
sémen nostrumpostnos.... EtdlcitdominusRext Vultis
f
acerelegesde nobilitate etjusti! ia? Etres*ponde runt omnes: Plac et nobis• sit ita innominc Dei. Etfecerunt istas ....
Etdixit procuratorRégisLaurentiusVanegas:
Vultis quoâ dominas Rex vadat adCortes de Leo» ne, vel det tributumUli, aitt alicui personA,for
dominiPap&, qui illum Regemçreavit? Etomnes surre xerunt , et spatis nudts in altum dixerunt:
Nosllberisumusi RexnosterUberestt manasnos»
iranos liberaveruntetdominas Rex* qui taliacm»
senserit, moriatur, et si Rex fuerit, non regnet super tios. Et dominas Rex.... dixit.... Si fi» tiasaat neposmeusfueritt nonregnet. Etdixerunt
8t
tn
primeiro jurarem de guardar aquellat
Leis fundameiitaes,
bem como
oscostu-pmnes1 Banum verhtm: morlentur, *í*iRexfue*
rittalis <juodconstntlatâomlnium allenum, «0»
r*-g-Wtfí....-HíiterumRexs Ita fiat<
Em
Portuguez.~
Affonso ( Henriques ) tquem vós fizestes Rei no campo de Ourique,
vos mandou convocar para quevendo asbpas
le-tras do senhor Papa.... digais se querei* que
clle seja Rei... . E o Senhor Rei, tendo na
mão a espada nua..., disse.... Vós me
fi-zestes vosso Rei e companheiro : e por quanto
me fizestes Rei, estabeleçamos Leis, pelas quaes
a nossa terra seconserveempaz. Responderão
ti-tios» Queremos, Senhor Rei, e nos apraz esta belecer asLeisque bemvos parecer.••• Mandou o Senhor.Rei chamar depressa qs Bispos
, os No-bres, e osProcuradores (das Cidades) , e disst-yáo todosj Primeiramente façamos Leis sobre a successãodo Reino.E fizerãoas queseseguem....
%sendo lidas perante todos por Alberto
Chançel-!er do Senhor Rei disserâoz SSoboas, são
jus-tas s queremo-las para nós e para os nossos
des-cendentes .. E diz oSenhor Rei» Quereis fa-zer Leis sobre a nobreza e a justiça? E
respon-derão todos: Assimnos aprazj seja assimem
no-irtede Decsi Eíizerâo as que seseguem ....
Dis-se então Lourenço Viegas Procurador do Rei : Quereis que o Senhor Rei vá ás Cortes de Leão, dé tributo áquelle Rei, ou a alguma cutra
pes-sôa, afora o senhor Papa, que o creou Rei? E íevantando^se todos com as espadas nuas ergui-das ao alto , disserâo» Nós somos livresi o
nos-so Rei he livret as nossas mãos e o> senhor Rei nos libertarão • quem tal consentir, morra; e s«
for o Rei, não reine sobre nós. E o senhor Rei disse! Se esse tal for meufilho ou neto, não
rei-C 8 ]
iíies, liberdades e forosdo
Reino
; aoque
estão ligadoscom
gravíssimas'inj.precaçoes, (a)
ne. li responderão todos : Boa palavra; morrão,
e^se for oKeiesseque consentirdomínioalheio,
nao reine-
-
. o Rei tornou:'Assim seja.
A. autenticidade destasCortes, e a.faculdade
de fazer ou derogar Leis que geralmente reside nas Cortes , Çot reconhecida em outras Leis
pos-teriores. Sirva deexemplo a Lei de 12 de Abril
de io9 g promulgada em consequênciadas Cort*<:
que se celebrarão em Lisboa, e forão as ultimas que houve neste Reino. Dizassim «Porse ?c! .in-disposto nas Cortes deLamego, cue se
celebra-rao no tempo do senhor Rei D. Arronso
Henri-ques que deo forma á sue cessão destes
Ret-ços> que (aqui adisposição relativa á succcssãi do oohnnho do Rei) .. .. E como toda a duvida
em matéria tão importante será de mui
prejudi-f/ÍI Cu^ 5eq"encias..., fij servidoconvocar cs tres Estados do Reinoás Cortes..,,
paraderem
consentimentos necessáriosa deroo-cãoda
[ dita) Lei das Cortes de Lamego em quanto á
disposição referida. E porque05Tres Estado* do
Remo
. não somenteconsentirão, maspedi rioque ou fosse por via de declaração ( >:~'
P r.d'w
isso terJugar nenhum por ser claríssima aLeidl
*]ue se tratava) oude derogacão, se
estabeleces-se &c...., porque sem embargo de se
conside-rar que seja outra a disposição dar Cortes ce Ln-rnego, os Tres Estados como aquelles emque re*
side o mesmo poder dosque então as estabelecerei
tazi.io desde logo &c. E conformando-me com
os Tres'Estados do Reino., hei por bem.... por.
consentimento deites , que se haja nesta parte 4 dita Lei das Cortes de Lamego por declarad;-...
.
ou por derogada &c.
[ 3 ]
CAPITULO
II.Origem
e natureza da Direito feudal.Todas
as instituições dos fracoshu-manos
se corromperacom
o andar dosséculos. Dentro de
hum
a -mesma
socie-dade poderãoalguns indivíduos,
sem
re-cusarem todavia tal qual obediência ao
temhro de 1Ó47> em que o senhor Rei D, Toa o IV., attendendo ao que nas Coites de 28 de fa-nei ro de 1641 , lhe fora proposto pelo» Estados
do Clero, e da Nobreza diz assim*
64 Ordeno,
mando, e estabeleço que os Reis que me
houve-rem de succeder nestes Reinos, antes de serem
levantados, faqáo pessoalmente o
juramento de
ouardarem todos os privilégios, liberdades9 fo-ros, graças, e costumes, que op Reis meus pre-decessores Sheconcederão e jurarãot eque acon-tecendo que ao tempo em que suecederem («» Coroa ) estiverem fora desta Cidade de Lisboa, faça© o tal juramento no lugar, em que
primei-ro houverem de se? levantados. E fazendo-o
as-sim os Reismeus descendentesesuccessores (
co-mo
delles espero e tenho por certo} ?ejãnaben-çoadosda bençãode Deos Nosso Senhor, Padre,
Filho, e Espirito Santo, e da GloriosaVirgem
Senhora Nossa, e dos Bemaveuturarios Apóstolos
S. Pedro e S, Paulo. e de toda a Corte Celes-tial, e da minha, £fazendo.*.o contrario (que
maldt-Chefe
commu
m,
arrogar asijurisdiçãoe direitos particulares sobre os
morado-res de
algumas
terras: armárao-se efun-darão a!li castelíos ; appellidárão-se Se.
nhores destasterras, e aosmoradores
del-ias
denominárão
Vassallos,
com hum
no-me hum
pouco menos
indecoroso que ode
escravos adscriptos ao terreno ,nome
que
sehavia adoptadoem
outros Pãizes:exigirão destes Vassallos juramento de
vassallagem
,preito, e
homenagem,
elhesoerão Leis,
A
estas associações parciaesdeo se o
nome
de feudo , e ás Leisque
as pegião Direita feudal.
Z
<'.
'
v
II
; v .?7>'Goni o
tempo
o Chefecom
muroda
sociedade
pôde
, mais por meios depo-litica que de força descoberta ,
enfra-quecer o poder destes senhores parciaes,
e avocar para si todo oque lhes tirava.
Constituio-se então na sociedade
hum
çâo de NossoSetitior, c deNossa Senhora, ç dot
Apóstolos, e íáà Corte Celestial cda minha; par
raquenuncacresção, prosperem, nemvão adiais
te. E para que esta minha Resolução seja
notó-ria a todos os meus Reinos e Senhorios , e os
Vassallos delles possiio pedir aos Reis meus *uc-cesfore» o dito juramento..., mandei paisar
C
«
]grande c único fendo , e foi
estabeleci-do
hum
só Direito feudalcom
todos osseus effeitos, postoque pelo odio que
el-le tinhaadquirido,seoccultasse este
no-me.
Cada
Reino foi pois consideradoco-mo
opatrimónio denuma
casa oufamí-lia , e se
chamou
patrimonialO
Chefecommum
foimenos
o Rei dehum
povo
livre, do que o Senhor àeVassallos
addi-dos áquelie feudo. Entendeo-se que não
era o Rei constituído para a felicidade
da
Nação
;mas
aNação formada
para oregalo*e gloria do sen Senhor,
Tratou-se
em
volumosos livros dos direitosdo
Senhor:
nenhum
houve quefallasse maisdos
da
Nação.As
Cidades e Villasjul-garão terpor
mercê
e privilegioconce-didopelo seu Senhoraquilloque lhe
com-petia pelo Direito natural, e pela
Índo-le e origem
da
sociedade.Couseguinte-mente
riscárão-se da Politica e daDi-plomacia as palavras
Nação
, nacional ,Cidadãos. Erário, impressões,
Fazenda
pública, Arcenaes, Exércitos, Marinha,
&c. tudo foi Real.
Os
Senhores disserão:^Os
meus Reinos, omeu Povo,
osmeus
Vassallos. »
Quer
tratassem do dinheiroparticular da sua Casa, quer dos
rendi-mentos da
Nação,
disserão:A
minhaFa-zenda :u Decretando sobrenegócios
con-cernantes ao regime
do Reino
disserão[ 12 ]
a
Porque
assim coovem
aomeu
serviço•sou servido ordenar,&c, v sem diííerençâ
de
quando
expedião aos Officiaes-Mórt-sda
sua,Casa ordens relativas ao serviçodeliae
Tomarão mesmo
bum
tom
absolu-to, edisserão:
" Quero
,mando
e hemi-nha
vontade ,como
aquelle que nãore-conhece superior sobre a terra. •»
Ah
!Quanto
mais aprazível fora para elies epara osseus súbditos dizer : u Assim o
mando
, porque assim o pede ajustiçanatural , e o
bem
canamu*» dehum
Po-vo livre de
que
tenho a honra deserCa-beça!
III.
Este monstruoso transtornodeIdéas,
induzido pelos absurdos principies
do
systema feudal , que faz olhar
como
u-nico fim e objecto da sociedade
aquel-le que só deve ser a sua cabeça
;
que
apresenta
como
absoluto Senhor dehum
Paiz aquelle
que
só deve ser oinstru-mento
da sua felicidade, este transtornode idéas
, digo , foi logo apoiado por
aquelles que nisso tinhão o maior
inte-resse ;
nem
faltarão Theologos eCano-nisfcas que o inculcassem
como hum
arti-go
de Direito divino , estabelecido porDeos
immediatamente. u Se apeste (diz
o
AbbadeMabJy,
considerandofacili-C 13 1
dade
com
que secanonizaocomo
divinasmuitascousas ,
em
que se não vê senãoa
mão
do
homem
) se a peste trouxessecomsigo grandes honras e riquezas ,
não
terião faltado Tbeologos
que
ensinassemser a peste de Direito divino , e ser
hum
peccado oppôr-mo-nos ás suas
devasta-ções,li
CAPITULO
III.Consequências deste Direito.
í*
E
quaes devião ser os effeiíos de tãofunestos princípios?
Tu
o tens, óEuro-pa
, sobejamente experimentado.
Der-ribadas as assembléas representantes das
Nações, ficárão osconselhos dosReis
ex-postos aser invadidos por toda a
quali-dade
de pessoas.Os homens
probosnão
intrigão , não se aíFanão , não se
intro-mettem:
osmáos
, os egoistas, osambi-ciosos , os avarentos, tudo pelo
contra-rio. Estes assaltárãopois
em
grandepar-te os gabinetes dos Soberanos ^assenho*
reárão-se deseus ânimos: dirigirão aseu
sabor a educação dos Príncipes
succes-sores da
Coroa
para osdominarem
al-gum
dia.Rodeados
porém
osThronos
de
homens
corruptos , quaes devião[
H
]o» Resultados?
As
Leis tornárao-se o jo.go do
capricho ; os Reis o instrumentoda vil adulação. Para encobrir ou
auto-rizar procedimentoscriminosos,
inven-toti-se a infame distinção entrejustiça e
politica , entre rectidão e razão
dista-do
: faltas de fé, infracções de Leisede
tratados , tergiversações
, simulações
mystenos,
recusações deaudiência',to-da
a casta de mentiras , enganos, ear-tifícios insidiosos , se cohonestárão
com
aquelles
nomes
especiosos.As
prefaçõesdas Leis forão muitas vezes
hum
relato,rio derabões suasórias eapparentes,
que
só escondião osfins particulares por
que
se fabricavão.
A
verdade nãopôde
maischegar ao
Throno, ou
foi alliconfundi-da
com
a intriga.Os
cuidadosque
sódevião dirigir-se ao
bem
commum
da
sociedade, se referirão aosinteresses dos
Aulicos ,
ou
á falsa gloriado
Senhor.Para
satisfazer frivolasetiquetas,
capri-chos, e vãos pontos de honra,
accendê-rão-se guerras
em
que perecêrãomilha-res de pessoase Cidades inteiras. Outras
vezes inspirou-se ao Senhor o espirito
de fazer conquistas,
como
omeio
deau-gmentar
a sua gloria; falsa gloria, poistal he toda a
que
não se dirige a fazero
Reino
ditoso , e levar a abundância e[ 15 ]
II.
ílra forçoso excogitar meios
ade-qiíados para conservar tão monstruoso
edifício, levantado sobre as
minas
dali-herdade pública» Inventárão»se pois
In-quisições, Inconfidências,arbitrariasIn.
tendências de justiça criminal :
enchê-xão^se de espias todos os lugares
públi-cose particulares.Sujeitárão-seas
impres-sões ao pensar de
homens
cégos, e forãoperseguidos aquclles que intentarão
mos-trar ásNações o estado
da
aia oppressão.Alguns
destesporém
refugiando
-seem
seguro asilo , lembrarão dalli aos povos
fascinados o roubo
que
se lhes fizerade
seusmais preciosos direitos; e foi esta a
única e débil taboa de salvação no
com-mum
naufrágio , a única débil atalaiada
liberdade nacional ; o único fachoque
restou para espancar as trevas dail-lusâo , e se metter a
caminho
a opiniãopública.
III.
Sira , péssimos Conselheiros
de
al-guns Soberanos, a opinião pública,
es-te Tribunal
supremo
aque nada
resis-te , este Tribunal
que
julga os Reisda
tene-C
*
1brosos esforços : o espirito público nao
retrogradará jamais. Se vinte annos de
guerras e calamidades não íem bastado
para vos aífastar dos Thronos que
infi-cionais
com
o vosso hálito empestado,tereis
em
fim decapitular, porassimdi-zer ,
com
a opinião publica : estasdis-córdias entre governantes e governados
jáse não pacificarão
sem que
hunsdès-ção e subao outros
hum. pouco
: será jáimpossível
que Nações
compostas decor-porações e pessoasadornadas de letras e
virtudes sociaes
, sejão entregues á
dis-posição dos Godois, e dos Sejanos . . . „
Debalde
continuareis a fundar a vossainstrusão e as vossas usurpações na
for-ça dos Exércitos. Estes Corpo»
beneme.
ritos que até agora sustentavão osvossos
caprichos, offendidos
também
pelavos-sa injustiça e ingratidão, reflectirão
em
fim
que
o dinheirocom
que
são pagosnão
he Real]mas
Nacional • eabando-narão o vosso partido
) para
abraçarem
o das
Nações
, a que pertencem. Destemodo
aquelle dequem
dependem
todosos Impérios
, aquelle que tem fechados
era sua
Mão
omnipotente osdestinosdosReis j lhes dá,
quando
lhe apraz,gran-des e terríveis lições:
Etnunc
Reges
in-telligite : erudimini qui judicatis ferram. Psalm.
C
17]
CAPITULO
IV.A
mesma
matéria quantoa Portugal,í
T^Ambera
tu ó Portugal nãoescapas-te
da
universalcaUm
idade.Quão
pro-fanda chaga vou abrir
em
teu peito > óamada
Patriaminha
!A
tua felicidadeacabou
com
as tuas Côrtes:aAssembléa
augusta que glorificava os reinados dos
teus antigos Reis, foisubstituídapor
to-da
a casta de egoístas, inimigos dobem
público. Biles o conseguirão
caminhan-do
ás furtadellas ,como quem
teme
serpersentido.
As
Côrtes ,em
que desdea
principio se fazião Leis;
em
que
somen-te se podião criar tributos ;
em
que
seimpunhão
ao Senhor D.João
I.condi-ções essenciaes ao
bom
regime do
Rei.no
;em
quecom
respeitosa liberdade sefazião ao Senhor D.
A
Afonso IV.adver-tênciasopportunas , estas Côrtes, digo,
se tornarão
meramente
supplicantes;fo-rão somente convocadas
quando
assimaprouve aosCortezãos,; não sederão
res-postas ás suas petições, ou somente
res-postas indecisas; outrasse lhe derão
so-isente depois de passados seis
C 13
2
Crion-se depois a Junta dos
f
resEsfa--dos, vão simulacro
da primeva
represen-tação nacional,
epara que
desta seapa-gasse até a recordação, seextingui©
em
fim aquella
mesma
Junta, cuja
incum-bência estava ja reduzida a arrecadar
dois tributos
; attríbuição pertencente
ao Conselho
da
Fazenda.II.
Triunfarão eptao por toda a parte
os validos , gente viciosa e ignorante,
interessados defensores
do
poderdespoti»co. Fizerão-seLeis por motivos
particu-lares , e revogarão-se logo que estes se
tinhão preenchido : cada corporação
do
Estado obteve para si as
que
melhor lheconvinhão,
sem
precederdiscussão,nem
se guardar o
nexo
quedeve
ligar todosos
membros
dehum
sóCorpo
:mudárão-se e alíerarão-se
com
maislevezado que
se renovão ostrajos, as
modas,
easdan-ças: hurnas forão publicas, outras
occní-tas e inéditas
, contrariadas aquelías por
estoutras.
Houverão
poismilhões deLeis,e
com
tudo nãohouve
Legislação,hou-ve
hum
cahos,que
induzio noForo
ju-dicial e nos outros
ramos
daadministra-ção publica
hum
a arbitrariedadeC 19 ]
Rei : tocados
do
pruido de fazer Leisnovas e de revogar asantigas,
exercita-rão este poder por simplices Avisos
ou
Portarias suas , a
que
os nossos antigoscostumes prohibiao dar
cumprimento.
Hum
delles que estivesse vendido ahu-ma
Nação
estrangeira,ou
tivessehuma
imaginação
efervescente , podia por sisó formar tratados5
impor
aopovo
maisde vinte contribuições;
promulgar
lou-cos projectos
de economia
politicamui
mal
traduzidos de Autores franceses • ecom hum
só rasgo depeona
destruirto-do
o coramercio e industria portugueza»III.
Os
Cargos Públicos , de cuja rectadistribuição
depende
em
grande parte afelicidade dosPovos, íorão conferidos a
quem
mais deo , intrigou ,sollicitou.
Aquelles
que
desde asoamocidade
pro-curaria© adquirir leto^ e virtudes para
bem
serviremalgum
dia a sua Patria,desprezarão
hum
trabalhoque
previãonão
lhes viria a servir-de cousaalguma.
Muitos
deixárãocorromper
era seupei-to as sementes da virtude , e disserão
:
v
Paraque
modelareimeu
coração so«.bre o cunho da honra e da probidade5
seisto -são
nomes
vãos aque
nenhum
[ 20
J
mio
está tinido?A
protecção, odlnheí-ro, as humilhações, a lisonja,
me
darãoo
que
nãopodem
clar-me aquellas vãspalavras honravirtude.>rElevadosaos
Em-pregos portaes caminhos, disserão
com-sigo : v
Agora
exigirei de quantos denum
dependerem
oque
eumesmo
prés-tei aos de
quem
dependi : far-lhes-heisoffrer o
mesmo
que eusoffri : eextor-quirei
com
usura asdespezas que fiz eas
que
tenho de continuar a fazer paraofuturo,n
A
corrupçãoda
politicaacar-retou pois a corrupção
da
moral.De
quantos males não he causa
huma
admi*
nistração publica /
quando
torce elíamesma
oscaminhos dá
justiça?Forão
pois postergados oshomens
robôs e
amigos do Povo;
evirão-sesu-ir aos melhores cargos
homens sem
ín*telligencia e
sem
moral, egoistasinsen-síveis aos males públicos ,
que
tratárãoas Partes
com
insolente altivez , ou asacabrunhárão
com
delongassem
fim.Elias
porem
tiverão de soflrero seumal
em
silencio, e sealguma
reduzida ádes-esperação ousou quei^ar-se, a sua
re-presentação foi remettida ao seu
mesmo
oppressor , para ser elle
mesmo
o seuJuiz,
ou
indicar oque
se devia fazer; eo queixoso ficou tendo nelle
hum
inimi-go, coe
agora o espesinhoumuito
mais[ 21 ]
Outro péssimo abuso se
eommetteo
na distribuição dos Cargos Públicos, a
despeito de tantas Leis
que
o vedavão.Fez-se o
bem
de poucos e o mal demui-tos. Acciunulárão-se
não
digo eu dous,
mas
dezemais
Officiosem huma
sópes-soa, aqual não
podendo
satisfazer a tãodiversas obrigações,
ou
se entregou aosseus subalternos ,
que
praticárão toda acasta de concussões e injustiças , ou
de-morou
por muitos annos o expedientedos negócios.
Além
disto senhor demui-tos ordenados
impoz
aos ditos Officiosopeso de
hum
vão luxo, no qualseenten-deo consistir aquella autoridade ,
que
nossos avós mantinhão unicamente pela
rectidão
com
que
os servião. Resultoumais desta
aceumulação
outrom?à
Dão
menor
: pessoas adornadas de letras @virtudes , outras beneméritas
da
pátriapor seus serviços, que
com
proveito seuedelia podiãoser aceominodados
em
al-guns
dosditos Officios, soffrêrãoem
du-ro silencio a sua preterição , viverão emorrêrãa
na escuridade e na pobreza.Semelhantes abusos se comrnettêrão
na distribuição das mercês, As
[ 22 ]
honoríficos, que sabiamente haviâo
sido
instituídos para premiar serviços
sem
despeza da
Fazenda
pública, seconferi,rão a
quem
nunca
fez nenhuns,nem
ospodia fazer.
Com
isto se envileceo naopinião publica a honra que a
mesma
opinião unira a estes distinctívos
;
fez-se amortecer os sentimentos patrióticos
;
e fomeníou«se nos peitos a leviandade
'
a
ambição,
e o orgulho insensato.A
primeira educação públicada
mocidade
, esta fontedo
caracter evir-tudes
nacionaesyfoi
confiadaa
homens
quaes sé
podem
obter pelo ordenado de40*
e60*
réis.Mas
que^digo40*
ou
60*
réis ?Houve tempo
em
que,dedu-2indo-se destes ordenados duas decimas,
o-desconto do papel
moeda,
as despesasdos JNiovos-sellos dos
documentos
neces-sários para as cobranças dos quartéis,
&c. apenas ficavâo aos Mestres cousa
de
28*
réis, cujo recebimento era ainda
sujeito a muitas peas e embaraços.
Tal
tem
sido a subsistência destesimportantíssimos Cargos ,
sem embargo
de se haver criado para ella o Subsidio
htterario, cujo rendimento
porém
se[ 23 ]
çSes diversas. Tal foi
lambem
amesqui-nha
subsistência dos Militares, dosMa-gistrados, e de outros Funcionários, ao
passo
que
a grande massa dosrendimen-tos públicos, e o suor dos Lavradores e
Pescadores be devorado por
homens que
nada
fazem que seja util aobem
com*
inum.
CAPITULO
V. Continuação*I.
JE
que
direi eudo
foro judicial eda
administração
da
justiça?Quem
poderá
sem
lagrimas esem
indignação ,consi-derar que o
povo
portuguezachou
ave-xação e a espoliação no
mesmo
sanctua-rio
onde
buscava o seuamparo
? que opoderoso e o rico encontrou o
meio
deesmagar
o pobre nomesmo
lugarque
asLeis ofíerecião aeste para seuasilo?
In-ventourse
huma
infinidadedeJuízospri-vativos eforos privilegiados, outras
tan-tas infracções
do Foro
naturaldo
domi-cilio, e obrigou.se os pacíficos
habita-dores das Províncias ir responder nos.
ditos Juízos ,
onde
facilmente sãoí 24 ]
soas privilegiadas. AiuItiplicarao.se
os
riias feriados
,
que
por nossas antigas•Leis era» somente os
Domingos
e diassantos de guarda
,
com
o que tanto seatraza o despacho dos pretendentes.
11.
ludirao.se as Leis
com
interpretareslorçadas, e
quando
ellasclaramentede-lendiao a causa do desvalido
,
recorreo-sea
máxima
politica contenporizar, pôr
pedra
em
cima;máxima
infameque
fe-cha a audiência aofraco, erecusa
satis-taccao ao offèndido.
Nos
Tribunaesem
vez
da
fundamental regra dediscutir os
negócios e os decidir pela pluralidade
dos votos
, estabeleceo.se a falsa civilf.
Jade
de entregar cada negocio a cadaIh inistro (talvez ao
que
nellepodesseteralguma
paixão) para odeterminarasea
sabor As ordens superiores tornarão-se
conselnos
, não preceitos : forão tantos
os iteis quantas as Autoridades
, ouos
Chefes das Repartições. Difficultou.se
o
accesso ao Soberano
: se a
povoação ou
pessoa particular,
que
soffreo hiima in.justiça manifesta, ousou queixar.se-,
ou
íoi logo reputada
como
intrigante c
ca-beça de
motim
,ou
involvidaem
hum
rodeio de informações e delongas ,
em
que
padeceo muito mais que daprimei-ra vez.
Dize-o tu
, ólitigante infeliz
[ 25 ]
te vez forçado a
abandonar
a casa , amulher , a educação de teus filhos , a
cultura de toas terras-, para andar nas
Cidades aunos eannos gastando a
subsis-tência da tua família , lutando
em
hum
labirinto
sem
fim,para se tedecidirhum
pequeno
ponto de Direito ,hum
factosimples, que
bem
se podia resolverem
poucas horas
; litigante infeliz , que se
ao cabo detantos annos chegares aobíer
em
fim sentença favorável, a nãopode-rás fazer executar senão no decurso de
outros muitos» Dízei-o vós, ó tantos
des-venturados presos
, que antes de
serdes
por sentença julgados réos , gemeis por
dilatados annos
em
hediondasmasmor-ras , confundidos
com
salteadores,pri-vados de luz e
do
ar davida, e aquem
fou
em
fim venhais a ser julgados hino*centes ou culpados , se não levarão
em
conta aqueiles annos detão dura prisão/
II.
Nem
fallecemmenos
as lagrimas ea indignaçãoa
quem com
amor
dos seusconcidadãos contemplar o estado da
Fa-zenda nacional, deste principal
ramo
daadministração pública.
Que
será dehu-ma
casa , cujos rendimentos estiveremdepreda-[ 26 ]
ções ? Tratou.se somente dos meios de
augmentar
a receita,
sem
se cuidar dosmeios de regular e reduzir a despeza:
cmdou-se
em
que
abolsa estivesseaber-ta para receber
5
sem
se olhar se estavaroto o seu fundo. A' maneira dos pais
de família incautos e
pródigos que,
não
lhes
podendo
bastar os rendimentos desuas casas pelas dissipações e
superfluida-des
em
que
osconsomem
, recorrem ahaver dinheiro por qualquer
modo
que
seja ; assim se estabelecêrão tantos
tri-butos, táo vários
? tao
complicadamen-te arrecadados, tantos empréstimos
com
juros, queo
pagamento
destes, as des.
pezas da arrecadação
, e os ordenados
dos cooradorcs absorverão quasi todo o
producto. laipoz-sesisa ao
que
olavra-dor lavra e conduz para o gasto de sua
casa
,
como
se houvesse ahi vendaou
troca: tomárão-se aos Concelhosos seus
rendimentos : ossobejos das sisas
,
que
perleiícião aos povos pelo contracto
do
seueueabeeaaiento, forãodevorados por
.esta insaciável
fome
de ouro.Entretanto afazenda publica se
gas-tava arbitrariamente.
Cada
Secretariod Estado a despendia nas obras ou
cou-sas que mais lisongeavão a
sua vaidade
ou a dos validos.
O
dinheiro daNação
[ 27 |
deixou levar
sem
regranem
medida
pa-ra as affastadas regiões
do
Oriente,pa-ra nosvirem
em
troco especiarias equin-quilharias y corruptoras da nossa saúde
e virtude , e esíagnadoras das fazendas
da
nossa producçâo. Gente , géneros ,navios , esquadras ,
dinheiros , tudo se
enviou mais de mil léguas além
do
At-lântico , para se
consumir
na
iropoli-tica e desastrosa guerra
do Rio da
Pra-ta , ou para servir de pasto á
depreda-ção e ao luxo de alguns aduladores.
III.
Os
erros e adesordem
correrão portodos os outros
ramos da
administraçãopública.
Os
dízimos se distratarãoda
sustentação
do
culto divino e dosMi-nistros
do
Altar, para seremseculariza-dos, e applicados ao regalo de ociosos:
tal foi
também
o destino dasCornmen-das ; e os freguezes forão obrigados a
pagar
fintas para reparar osdesmantela-dos templos , e a contribuir
com
exces-sivos
emolumentos
para. serembaptiza-dos, confessados, casados, enterrados.1
Cuidou-se sómente da grandeza e
felicidade
da
Capital , e esqueceo-se obem
das províncias, rspecialmente dosC 28 ]
monstruoso
com huma
cabeçadeforme
insondável sorvedouro dos rendimentos
que
pertencião ásComarcas
onde se
U
vravão Criárão-se multiplicados
Offil
cios e Dignidades inúteis
,
sem
se con.siderar quantos Lavradores
tem
detra-baínar tanto
tempo
para os sustentar,e
que
se rouba vãoassim ás artes eá a
voura braços dequeeiias tanto carecião"
IV.
Falia
também
tu, ó lavradorpací-fico
, (eu seria réo de grande culpa
se
nao
deixasse ouvirneste papelatua
vozinoriounda) falia pacificolavrador,
es-teio da Republica
, verdadeiro filho
da
natureza ^dize
, de Pois de pagares a
ren-da
, o dizimo (
que
já senão applica aospiedosos fins da sua instituição
)a meu.
da,
os foros, a cavalíagem, o bolopa-roquial, os infinitos tributos civis,
que
tefica parasustentar
atua
famíliaeabe-goaria , epara recompensa
do
teutra. bailioi Deos te havia
condemnado
aco-m<'r°
P
aocom
o suorde
teu rosto :prouvera ao
mesmo
Deos que
se quer tenouverão deixado
esta sentença
da
tuacoudemnação
!porém
osuor foi teu, opao
dc outrem : o suor foi teu , opão
dc zangãos
que nada
fazem[ 29 j
fazem cousas totalmente Inúteis á
socie-dade. Esse
mesmo
escasso restoque
tedeixarão, uão o podestevender pelo
em-pate
que
causa a impolitica eilimita-da
introducçãodo
pão estrangeiro,fos-te obrigado a deitáilo á rua. Fallai vós
agricultores
do
Alemtéjo , expulsos dasherdades para as verdes nas
mãos
demo-Hopolistas e atravessadores que
não
tem
hum
só arado ; eque
vedes reduzidoa
hum
paiz estéril o celleiro de Portugal,a
Provinda
que outrora abasteeeo esteReino
e os estrangeiros.Já
nos apertosde
1810 sereconbeceoque
os teusgra-vames
erão intoleráveis :mas que
exe-cuçãotiverão estassolemneá promessas
,
depois que operigo passou?
Depoia que
tu
com
os teus carros e génerosminis-traste o
meio
de o affastar ? deque
teservem os elogios verbaes © o favor
com
que
te lisonjeão Leisnunca
executa-das? (a)
(a) Releva transcrever aqui algumaspalavras
da Carta Regia escrita no Riode janeiro ao
Cie-iro Nobreza e Povo de Portugal em 7 de Março
de iSíoi "Sendo o mais essencial dos paternaes
cuidados com que tanto me desvelo em
procu-rar a felicidade geral, e o bem dos meus
V
as-saltos, 'estabelecer acueiles principies de publi* ça administração de que deve resultar o maior
tem , julguei dever-vos dirigir a
t 30 ]
Fallai., ó Negociantes honrados,
que
vedes ocommercio maniatado
com
<3e alguns planos que tenho adoptado para pro-curar a felicidade[d, todas as partes da minha
Monarquia He propriamenteeste o objecto que vos desejo fazer conhecer com a presente
Carta Regia, que vos servirá de nova prov* não
so rfj amor que vos tenho como bom pai , mas
ain^a de que hum só momento não deixo de
oc-cupar-me de vós , posto que distante, * Cue o interesse de todos os meus Vassalios estásempre
presente aos meus olhes, e merece toda a
atten-<çao dos meus paternaes cuidados. Obrigado
pe-las imperiosas circunstancias a separar-me
por atçum tempo de vós, e a transportar-me da
sede do Império temporariamente
para outra
par-te dos meus domínios, em quanto não hameio
de parar a torrente devastadora da mais
illimi-tada ambição...., fui servido adoptar os
orin-eipios mais demonstrados da sãeconomia politica.
quaes, a franqueza docommercio, o da diminui-ção dos direitos das alfandegas..,. Os mesmos
principio* de hum sistema grande e libera! de
commercio 9 são mui applicaveis ao Reino (de
Portugal), e os que poderão elevar a sua pros-peridade áquelíe altoponto, a que a sua situação e as suas producções parecem chamáMÒ. Estes
mesmos princípios ficão corroborados com o
sis-tema liberal do commercio, que de acordo com
o meu antigo fiel e grande Alliado deS.
Mages-tade Britannica adoptei nos tratados de allianca e commercio que acabo deajustarcomomesmo
Sobera-t 31 ]
toda a sorte depeias e decontribuições ;
o giro dos géneros
embaraçado
com
anecessidade de tirar guias e despachos
nos procuramos igualizar as vantagens concedi*
ilas asduas Nações, e promover o seu reciproco
Commerci©, da que tantobemdeveresultar. Não
cuideis que aintrcducç7i9dasmanufacturas britan-nicas haja de prejudicar ávossaindustria..».
O
emprego dos vossos cabedaes he por agorajusta-mente applicado na cultura das vossas terras, no
melhoramento de vossas vinhas, na bem
enten-dida manufactura âoazeite, na cultura dos pra-dos ariificiaes, na producção das melhores las»
na cultura das amoreiras e producção das sedas9
que já vos mostrei pelos meus esforços patemaes serem comparáveis ás melhores da Europa. Sue»
cessivãmente depois ireis adiantando as
manufa-cturas que nunca até aquino Reino, a pesardos
gloriosos esforços dos Senhores Reis meus prede-cessores, prosperarão ao ponto que devia o, pe-lo sistema restricto que se adoptoui eentão
co-nhecereis que esta industria toma fortes raivesf
e progredindo pelos devidos passos
intermediá-rios, chega ao maior auge, e lança então
aquel-]es luminosos raias queferem os olhos do vulgo> e que ainda aos homens de superiores luzes,
fi-Eerâo crer fue as manufacturas erao tudo, e que para conseguislas 0sacrificigda mesma agricultw
ra erauiií e conveniente.
Para fazer que os vossos cabedaesachemútil
emprego na agricultura, e que assim se
organi-se o sistema da vossa futura prosperidade 5 tenho
dado ordem aos Governadores do Reino paraque
se oceupem dos meios com que sepoderão fixar
es dízimos, a rim que as terra* não so tirão hum
gravame intolerável; com que se poderá minorar
t 32 ]
em
mH
Portagens e outras Casas físcâe^estabelecidas no interior
do Reino
,co-mo
se este se compozesse de Paizesinifffs; com que se poderáõ reduzir os forosquetan*
topex»fa%emás terras9 depois de postasem
cal-tura; com que poderáõ rn?norar«se ou
supprimir-se os fora es que são em algumas partesdo Reino
da hum pexo intolerável...
. A diminuição dosdi* r eitos das Alfandegas ha de produzir buma gran^ de entrada de manufacturas estrangeiras
,
mas a experiência vos fará ver que,"
augmentan-do-se avossa agricultura, não hão de
arruinar-sc-vossas manufacturas na sua totalidade , e se
alguma houver que ?e abandone , podeis estar certos que he huma prova, que essa manufactura não tinha bases solidas.... Assim vereis
prespe--?ar avossa agricultura; progressivamente formar-se h'ima industria solida c que nada tenha de ri-validade das outras Nações \ levantar-se hum
grande Cêmmercio\ e huma proporcionalMarinha; e vireis a servir de deposito aes immensos
pro-duetos do Brasil , que crescerão em razão dos princípios liberaes que adoptei : de que em fim resultará huma grandeza de prosperidade nacional
muito superior a toda aquelIa que antes se vos
podia procurar,... A experiência.... das
Na-ções que mais se adaptarão aos princípios
libe-rtes que tenho abraçado„ affiançTioa verdade
des-tes principies, e não temais quejamais vos ve«
nha damno do que o vosso pai e o vosso
Sobera-no manda estabelecer entre vós ;
persuadindo-os que com os olhos sempre applicados a tudo o que pôde promover a vossa felicidade , jamais deixará de obviar a qualquer inconveniente que
possa resultar dos princípios que manda estabe-lecer .... Taes são os votasdo Soberanoque
[ 33 ]
tíiigos , nas quaes vossão ainda metíos
pesados os direitos que pagais ,
do que
as extorsões dos exactores e as delongas
do
despacho: Negociantes honrados,que
todos osdias vedes apresados os vossos
navios,
sem
vos aproveitar acontribui-ção
que
pagais para a segurança mari*tiraa , e
sem
que aquellaMarinha que
outrora
domiuou
todosos maresdo
mun-do
e fez celebrarem
todo elle onome
lusitano, possa hoje, podre, estagnada,
e nnlla, defender-vos de pequenos
cor-sários
que
infestãoú
vossocommercio»
Vl
éFalíai Artistas, Fabricantes ,
Pes-cadores , industriosa e
recommendaveí
porção
do
Estado,
que
vedesa vossa
in-dustria mulctada
com
infinitos impostos;as vossas manufacturas preteridas pelas
a
C
que cumprireis exactamente asReaes Ordens que
a tal respeito mando executarpeíascompetente*
Autoridades.„
'"'.'*
N.B. São óbvios ds mdtívos porque.sedictã©e dão a assignar ao melhor dos Soberanoscousas tão vãs e insidiosas. Poderião allégar-se aqui
ou-tras muitas Cartas, Decretos, &c, que sómèrita
síão verdadeiros, tomando-seáscessas qttanto«M*
[ 34 j
estrangeiras ; as vossas fabricas
incen-diadas
ou compradas
para seinutiliza-rem
, eque
em
fim sois condernnados aler nas esquinasdas ruasde Lisboa esses
infames annuncios de-
Armazéns
de fatofeito,
com
que
sedeixaimpunemente
ar-ruinar vossos officios e vossa industria.
CAPITULO
VI.Consequências desta geral relaxão.
V
Stancadas assim as fontes darique-za nacional, e dissipados os fundos
que
ainda restavão,
na
o podia deixar dese-guir-se a miséria pública. Cessou o
pa-gamento
dastençasque
se haviãocon-signado a favor de pessoas beneméritas
da
Patria; dosjuros de padrõesque
ti-nhão
sido constituídos por prédiosto-mados
aos Cidadãos ,ou
por dinheirospor
elles ministrados.Os Empregados
públicos
sem
ordenados virão suas casasassaltadas péla
fome
e peladesespera-ção; e os Militares, esses bravos
defen-sores
da
Patria . . . .Mas
ah! eu paro,que
a dorme
embarga
â escrita.Eu
nãoposso deixar de vos apostrofaraqui , ó
[ 35 3
mo
he possível que vejaiscom
olhos en«xntos tantos iramos vossos
, esqueletos
da morte
que andão
em
pé nas ruasde
Lisboa; tantas famíliasdesoladas ;
tan-tas mais
com
as facesmacilentas , seusfilhos aocollo,
mendigando
esmolacom
a voz desfallecida ? (a) Voltai o rosto
para a terra
que
vos deo oser: provedea tao cruéis necessidades dosvossos
con-cidadãos , dos compatriotas
que vivem
comvosco:
não os illudaiscom
palavrasvãs,
com
esperanças estéreis : fallaiaoAugusto
Soberano alinguagem da
ver-dade
, e dizei-lhe : 77 Sabei , Senhor,que
nãopodem
tirar-se os alimentos aosvossos filhos
;
que
osEmpregados
públi.cos, indigentes
no
seiodesuasfamílias,vacillao entre a virtude e a
prevarica-ção. Sabei que os valorosos Militares
que
libertarão a Patria dehum
tyranno
jugo estrangeiro,
derramando
seu san«C
2(a) Neste mesmo tempo segastavão cada
se-mana6contosdereis metallicos noPalacio Real da Ajuda, queninguémhabita; remettião-se
pa-ra o Brasil cada mez 6o contos tãobem metalli-cos , e grossas encommendas de diversos
géne-ros; pagavão-se muitas letras que daquella nova)
Metrópole vinhão passadas sobre o Erário de
Lis-boa, &c. &c. Estavão os Reis decádemãos
da-das com os Reis de lá para darem inteiramente
[36]
gue
noVimeiro
,í Badajoi-, Albuhera\Árapiies, e Victoria
;
que
com
espantoda Europa
levárão suas ârniâs Victorio^sasjilém
do
Bidassoa edoNige
; quefi-zerãotremular asvossasquinas
em
Bayo*
Ba
e Toluse ,vivem
ha mais de seis an~nos
mendigando
esmola; e jánem
osOf-íiciaes achão
quem
os soccorra.Vêde
Senhor-,
que
vos rodeãohomens
Ímpro-bos, sanguixugassedentas
do
sangue dosseus Concidadãos
, capazes dever
sem
lagrimas asentranhas despedaçadas dos
iilhos
do
seu paiz natal. Se ouvirdesConselheiros rectos e illustrados
, por:
certo vosso coraçãojustoe benéfico
não
quererá
que
osoldo e pret destesinven-cíveis Soldados se
consuma
nos objectosque
vosaconseihãohomens
tãodêshuma-bos^
nem
que
seja por elles arrebatado.Ouvi
a representaçãoque
vos fazemoshumildemente
; e se anão
ouvis ,não
queirais, Senhor,
que
sejamos nósmes-mos
o instrumentoda
oppressãoda
ter*ra
em
que
vós e nós nascemos:dimitti-bos dos Cargos
com
que
nos honrastesse se o não permittís , iremos antes
pas-sar oresto de nossos dias
na
prisãoou
Bo
desterro ,do que
sermosconstrangi-dos a praticar actos opçostos á justiça
natural e cheios
da
maisinaudita ingra*C 37 ]
CAPITULO
VIL
Legitimidade de
huma
regeneração.TPaI
he o imperfeitoquadro
dosma-les que nos oppriniem. Aqoelles
com
tu-do que
delles são cansa, ou que seinte-ressão na conservação de tantas
calami-dades , disserao :
nTudo
estábem.
Ba
sim descontentesjQjue censurâo a
admi-nistração de que somos os artífices;
po-rém
sao PorUiguezes degenerados ,in-novadores , sectários da irreligião e de
novas e perversas doutrinas , espiritos
revolucionários, invejosos da fortuna
a-ibeia , que só
querem
senhorear-se ellesmesmos
da. riqueza edo
poder,n
Nós.porém
lhestornaremos oque
hamuito
dizíamos
em
nossos corações: t,Vós
soisos innovadores, vós os revolucionários^
que
derribastes as nossas antigas Cortese os antigos princípios de
huma
Monar-quia temperada., paraerigirdes
hum
Po-$er absurdo e despótico-, a cuja sombra,
mantendes ovosso
egoísmo
e a vossapre-varicação.
Vós
sois os irreligiosos,que
pervertestes a.doutrina de Jesus Çhristo.
exercitar-[ 38 ]
des cruéis tyrannias.
Nós
vos diremoscom
illu-streJurisconsultoGerardoNoodt
(a) que a
nenhum
partidopôde
ser sus. peito..
»
Sehum
povo
, diz este insignefLscritor, chega a soffrer os últimos Ian.
ces da crueldade ou
da
soberba3 deverá
elie depois de consumida
toda a paciên-cia
, levar a sna cobardia até esperar
que
desçaDeos
doCeo
a lançar" seusraios sobre os inimigos
do
génerohu-mano
? e não deverá antes esforçar-separaanticiparavontade
do
mesmo
Deos
que
como
Autor
da ofttureza, quer
que
sejao reprimidos taes ággressores dos
di-reitos dos
homens?
Porém,
dizeis vós,he
melhorque
hajaalguma
republicado
quenenhuma
: he melhor a pazdo
que
a guerra. 5?Assim
he:mas
chama-remos
nós Republica ,onde
asLeis sãohum
nome
vão ,onde
a justiça he atro*pelíada, onde tudo se regula pelo
direi-to
da
força e das facções", nada pelara-zão epelaequidade? »
He
melhor apaz:??E
quereisque
nós naomovamos
hum
de-do
, para nos espoliardes e degolardesa vosso sabor ? Se a isto chamais paz,
qual he logo a guerra ?
Não
nos façaisguerra
5 e nós renunciaremos á guerra:
(a)^Nocét. tom. L âhsert, III dejuri summi
[ 39 ]
dai-nos páz , e nós
manteremos
a paz;pois não destinguimos o inimigo
do
Ci-dadão
pela naturalidadeou
domicilio,mas
pelas-intenções epelas obras:quan.
do
somos despojados, atormentados,di-lacerados , miseravelmente trucidados,
Le indifferente
que
osejamos pelacruel-dade de
hum
salteador ,ou
pelos nossosmesmos
concidadãos que se assenhoreiodo animo do
nosso Príncipe: nãosemu-da então a realidade,
mas
onome
;an-tes a oppressão he mais atroz,
em
quan-to se convertem
em
nossosimportuníssi-mos
perseguidores aquellesmesmos
dequem
tínhamos direito de esperarsoe-corro e amparo.
Não
nos griteis poiscom
os bensda
paz ecom
os males dasrevoluções: vós
que
nos provocais,não
nós os provocados 9 sois os
que
a ellasdais toda a causa.
Quando huma Nação
inteira está reduzida ádesgraça,
nenhu-ma
razão soffreráque
só vós continueisa gozar
em
descaneodo
fruçto çl$$vos-sas iniquidades,w
If.
Sim
, Fortuguezes ,não
receemosmanchar
a fidelidade que fez a honrade nossos maiores , e que fará
sempre
a[40]
.aos Soberanos • e que os
Gabinetes do,
boberanos sejão
também
fieis aosPovos-quando
o mal desce , he forçoso que oremédio
suba :quando
as Repartiçõessuperiores prevaricão, e a parte
^o
ver-mute
estácorrupta epodre, sópeíapar-te governada pode ser
applieado o
re-incdio :
quando
o Conselho dosBeishe
iiwacudo por malvados, inimigos
dobem
publico, so attentos a
medraram
honrase riquezas
,
homens
que nosquebrão asnossas Leis eliberdades
, que arruinão
todas as fontesda prosperidade
pública,
pertence-nos então instaurar asantigas
assemblcas
da Nação
; arrancar
com
es-corçogeneroso o nosso
amável
Soberanodo meio
destas pestes da Republica , edizer-lhe
com
humilde ,mas denodado
acatamento: 55Senhor
, Augusto
descen-dentedos Henriques, dos D.
João
II. eD. Manoel,
sereníssimo Neto do semprejusto Senhor
D. João
IV.,como
he pcts*sível
que
queiraisser antes oSenhor do
vassallò*escravos, pobres, descontentes,
do que
Rei poderoso dehum
Povo
livreque
vos adore ? Preferis passar a vida,vendo
lagrimas , ouvindo queixas, reT
colhendo
gemidos
, castigando
subleva-ções , a desfrutar o doce prazer de ver
sobditos que tereis tornado felices?
Não
vos toca a satisfaccão
[ 41 ]
es Titos c os Aurelios ,
como
osAffon-sos e os Diniz, entre
huma
família defilhos contentes e ditosos ? Fechai ,
Se-nhor , os ouvidos a esses vis aduladores
que vos rodeião• abrigos a pessoas re~
«íommendaveis por seu saber e
amor
do
bem
público : voltai oumandai
vossaFilho
Augusto
para os braços dehum
Povo
que vos adora : restabelecei aas-sembléa venerável ,
com
cuja coopera,ção os vossos gloriosos Progenitores
fi-zerão este
Reino
feliz e famoso nosan-naes do
mundo:
sellaicom
o vossonome
huma
Constituição análoga ao estadogeral
da Europa;
segurareis assim maisque
nunca o vossoTrono
; descançareisdosinnumeraveis cuidados que pezão so«
bre a Coroa ; e vivereis no
meio
defi-lhos que vos
amem
e respeitem , eque
beijem a terra
que
pizardes.vCAPITULO
VITL
Qual seja esta regeneração,
o
grito daNação
chega aoTrono
em
que
está assentadohum
Rei dócil eami-go
do Povo.Que
nova ordem
decousasf 42 J
ginação excitada; e que lisongeiro
q„
a.dro offereeem a
meu
espirito os temposfuturos que se
meantolhão? Augusta
re-presentação nacional, tu vás estreitara
nniao reciproca entre a
Nação
eseu Rei,e lazer de
ambos huma
sófamiJia
que
coopere
de
çommum
acordo para a feli.cidade geral.
A
opinião publicadecidiaja a questão.
3
Seconvém
anteshum
fiei absoluto
ou
constitucional:
bum
Reidespótico
oa
sujeito ásLeis •hum
Rei
com
Cortes oucom
lisonjeiros;hum
Reicom
varões sábios eamigos
doPovo
ou
com
malvados, ignorantese egoístas,
a
iu
formarás pois a nossa Constituição,que
regule os direitosdo
Rei e daNa-ção.
Debaixo da
tua sabedoria a
Reli-gião de nossos pais será
mantida
e
am-plmcada como
a solida baseda
presen-te e futura felicidade
;
sem
misturapo-rem
de tantos contos ridículos, de tantas
superstições que a deshonrão
,
supersti-ções contrarias ao
exemplo
e doutrinado
seu divinoFundador,
inventadaspa-ra fascinar espíritosfracos
,
epara
enga-nar o
Povo
sinceroem
apoio dosinte-resses de alguns: guardar-se-hão os
jus-tos limites
do
sacerdooio edo
império:não
se veráõ mais fogueiras,aceendidas,torturas executadas,
em nome
de Jesusre-[
«
]duzklos por
modo
que
,sem
seremgra-vosos ao Estado, preenchSo a sua
mis-sào piedosa.r
II.
Debaixo da
tua sabedoria aeduca-ção
do
Principe successor da Coroa,em
lugar das inspirações de Cortesãos
igno-rantes e desmoralisados , será confiada
a
hum
Conselho de anciãos respeitáveis.Hum
Código
simples ,accomodado
aosnossos desejos e necessidades , fixará os
direitos c obrigações dosCidadãos,
sim-plificará e abreviará as demandas.
Ou-tro
Código
estabelecerá penaspropor-cionadas aos delictos ,
sem
contar entreestes acções innocentes ou toleráveis^,
que a ignorância e a superstição fizerao
considerar
como
grandes crimes.Huma
contribuição geral
, proporcionada
ao
rendimento de cada
Cidadão
, cobradapor
hum
methodo
simples , distribuídasem
fraude, chegará para custear
os
gastos públicos : o dinheiro
que
fores-cusado gastar-se, se guardará
em
caixapara as urgências que possãosobrevir
:
as contas
da
receita e despeza serãopa-tenteadas á Nação. Serão extinctas as
Alfandegas
do
interior.Os
braços queseconsumião inutilmente nestas e outras
[44}
voara e á industria. Chamar-se-hão aos
Cargos públicos pessoasdignas
delles, as
quaes dotadas
com
sufficientes ordena^dos, porãoa sua honra
em
cumprirsuasobrigações , e
em
nãomanchar
seucre-dito
com
alguma
prevaricação.Os
Mi-nistros
que
bem
tiverem servido , nãctdependerão nas suas Residências
de Of»
ficiaes ineptosou vingativosde
innume-xaveis Repartições
, que os
obriguem
asofirer injustas humiliaçõese delongas;
nem
se verão muitos annos fóra do^ser!viço, reduzidos talvez á indigência
,
pa-ra se dar lugar a outros
que
seadmií-tão de
novo sem
contanem
medida,
com
o único fim de
augmentar
a dependen.cia e o lucro dos emolumentos.
As
hon-ras e mercês serão o premio de
verda-deiros serviços.
A
/educação publicator-nará a
mocidade
virtuosa ebem
mori-gerada,
O
Exercito será o firme esteioda
paz exteriore interior , equilibradaasua força pela organis^ção de Legiões,
nacionaes
que dependão
dasAutoridadescivis.
Q
numero
dos proprietários semul-tiplicará : o lavrador gozará
do
fructode seu trabalho : as fabricas fornecerão
ao Publico os génerosnecessáriosao seu
consumo,
e occuparao tantos braços queagora desfallecem iia occiosidade e na,