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OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA EM GATA COM CISTO OVARIANO RELATO DE CASO

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Academic year: 2021

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OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA EM GATA COM CISTO OVARIANO – RELATO DE CASO

MATHEUS BANNACK MERENCIO DE LIMA1;

BRUNA PAOLA BUENO CARNEIRO2; JULIA DE JESUS RIBEIRO³;

JOSE LUIZ KUHN4; SERGIO S. QUEIROZ5;

Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais-CESCAGE¹; Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais-CESCAGE²; Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais-CESCAGE³; Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais-CESCAGE4; Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais-CESCAGE5;

RESUMO: Cistos ovarianos são comuns em todas as espécies e encontrados frequentemente em cadelas e gatas durante o procedimento de ováriosalpingohisterectomia. Podem ser encontrados tanto na superfície como no interior do ovário. O método da remoção cirúrgica total de ovários e útero (ováriosalpingohisterectomia) vem sendo uma ferramenta importante para o controle dessa alteração. O presente trabalho tem como objetivo descrever a realização de ováriosalpingohisterectomia em gata com cisto ovariano. O diagnóstico foi concluído e baseado em exames complementares onde o exame de ultrassom confirmou a presença de um cisto ovariano no paciente. O tratamento de escolha foi o cirúrgico com a realização da técnica tradicional de ovariossalpingo-histerectomia (OSH). Não ocorreram complicações trans ou pós-operatórias, demonstrando que a técnica empregada é adequada e pode ser utilizada no tratamento de cistos ovarianos em gatas.

PALAVRAS-CHAVE: Procedimentos Cirúrgicos; Gatos; Ovários. INTRODUÇÃO

Cadelas e gatas são animais pluríparos, possuem gestação curta em torno de 60 dias, podendo atingir a maturidade sexual a partir de seis meses de idade e, assim, grande possibilidade de inúmeros descendentes durante a vida. Essa característica reprodutiva é a maior responsável pelos altos índices em cadelas e gatas passarem por técnicas de esterilização, além de esterilização eletiva é uma ferramenta indispensável no tratamento e prevenção de patologias reprodutivas de fêmeas (MUNKS, 2012).

As doenças reprodutivas podem apresentar consequências variadas nos animais acometidos, desde ausência dos sinais clínicos tornando-se portadoras assintomáticas e tendo como principal comprometimento a fertilidade do animal, passando despercebidas ao proprietário, podendo conduzir inclusive à morte (NASCIMENTO; SANTOS, 2003). As mesmas podem sofrer influências do histórico reprodutivo, dos tratamentos farmacológicos

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prévios realizados e de condições ambientais, podendo haver variações regionais na incidência de algumas anormalidades reprodutivas (PREVIATO et al, 2005).

Os cistos ovarianos são descritos em fêmeas de todas as espécies, porém não há um consenso sobre essas formações que causam transtorno a função de gônadas e do ciclo estral, interferindo negativamente para e reprodução. O cisto de rete ovarii pode ocorrer em várias espécies de animais, porém são encontrados mais frequentemente em caninos e felinos do que em outras espécies de animais domésticos (GRUNERT et al, 2005). Os cistos podem se originar das três partes da rete ovarii: rede intraovariana, rede comunicante e também da rede extra ovariana. Cistos da rede intraovariana possuem epitélio cubóide. Já os cistos da rede comunicante possuem o epitélio colunar e cistos da rede extra ovariana apresentam também epitélio colunar, porém as células são ciliadas. Podem ser clinicamente importantes na espécie felina, pois podem atingir grandes volumes e comprometer o parênquima ovariano (SANTOS; ALESSI, 2010; GELBERG et al, 1984). Com relação aos cistos ovarianos foliculares, os mesmos são comuns na gata e aumentam a frequência com a idade (JOHNSTON et al, 2001).

Os cistos ovarianos podem ocorrer de forma unilateral ou bilateral, podem ser encontrados na superfície ou no interior do ovário (MCGAVIN; ZACHARY, 2009). Sendo mais frequentes em cadelas do que em gatas e os animais acometidos apresentam elevada probabilidade em desenvolver o complexo Hiperplasia Endometrial Cistica - piometra (McENTEE, 1990).

Para o diagnóstico de cistos, além da citologia vaginal indicando células queratinizadas, elevadas concentrações de estradiol, deve-se realizar palpação abdominal e, ainda, exames de imagem como a ultrassonografia ou até mesmo laparotomia à procura de alguma massa abdominal (BRUN et al, 2003). No exame de ultrassonografia os cistos apresentam-se com parede delgada e conteúdo líquido em seu interior, com formato de estruturas circulares, homogêneas, hipoecogênicas e parede delgada (SILVA, 2016).

Os tratamentos para cistos foliculares são a indução da ovulação e luteinização dos folículos com hCG e GnRH, ressecção cirúrgica caso o tratamento anterior tenha sido sem sucesso e ovariossalpingo-histerectomia se reprodução futura não é desejada (CARDOSO, 2012).

A ovariossalpingo-histerectomia (OSH) é um procedimento cirúrgico frequentemente empregado na medicina veterinária, a qual consiste na realização de laparotomia com ablação dos ovários, trompas e útero. sendo indicado em esterilizações eletivas e no tratamento de diferentes patologias uterinas e ovarianas, incluindo piometra, torção ou ruptura uterina, prolapso de útero e cistos uterinos e ovarianos. Há basicamente três abordagens para a execução de tal procedimento: por videolaparoscopia (SCHIOCHET et al, 2009), pela lateral do abdômen (flanco) (ELICES et al, 2005) e pelo método tradicional (linha média ventral) (HOWE, 2006). A OSH tradicional ou a ovariectomia pela linha alba pode ocasionar algumas complicações tais como hemorragias, ligadura ou trauma acidental de ureteres, inflamação ou infecção da porção do corpo uterino remanescente (coto) e a síndrome do ovário remanescente (SOR) (SANTOS et al, 2009).

O presente trabalho teve como objetivo descrever a técnica utilizada para a realização de ovariossalpingo-histerectomia (OSH) em gata com cisto ovariano.

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MATERIAL E MÉTODOS

Um felino fêmea, sem raça definida, com oito anos de idade, foi atendido no Hospital Veterinário Cesvet para a realização de ovariossalpingo-histerectomia eletiva, o qual no exame clínico através da palpação e complementar de ultrassonografia teve como diagnostico clínico a presença de um cisto no ovário . Anteriormente ao procedimento, o animal recebeu como medicação pré-anestésica cloridrato de xilazina (1mg/kg, IM) e, como agente indutor, cloridrato de cetamina (10mg/kg, IM).

Com o posicionamento do paciente em decúbito dorsal, foi realizada a antissepsia utilizando álcool/iodo/álcool, em seguida foi posicionado o campo cirúrgico, o qual foi fixado com 4 pinças bakaus, seguindo com incisão da cavidade abdominal através da linha média ventral, iniciando 2cm abaixo da cicatriz umbilical. Após a divulsão da pele foi observado a linha alba, a qual foi incisada tendo acesso assim a cavidade abdominal. Por observação direta, constatou-se a presença de cisto no ovário direito (Figuras 1 e 2).

Figura 1. Cisto em superfície de ovário direito. Figura 2. Cisto em superfície do ovário direito, após OSH.

Fonte: Autor, 2018.

A técnica abordada foi a das três pinças, que consiste em aplicar duas pinças curvas grandes próximas ao ovário e ao complexo artéria-veia ovarianas e uma terceira pinça é colocada entre o ovário e o corno uterino. A incisão foi realizada entre as duas pinças proximais ao ovário. A ligadura foi realizada próxima ao clampe mais proximal e imediatamente antes de se cerrar o primeiro nó, a pinça foi afrouxada. A ligadura realizada foi com fio de sutura sintético tipo absorvível com o calibre de 2-0. O nó foi terminado e o pedículo mantido na mesma posição com a pinça. Recolocou-se o pedículo na cavidade abdominal deixando-se o fio de sutura longo o bastante para sustentá-lo, que após inspeção foi cortado. Então ocorreu a identificação e remoção do segundo ovário o qual sofreu rompimento porem foi encontrado na cavidade e finalizado da mesma maneira do primeiro. O corpo do útero da mesma maneira dos ovários foi ligado numa posição imediatamente cranial à cérvix, onde a ligadura por transfixação foi realizada, próximo a essa região o útero foi seccionado, e então encerrou a etapa com a inspeção das ligaduras em busca de hemorragias. A omentalizaçao foi realizada no intuito de se evitar aderências como na bexiga urinária. O fechamento da cavidade foi realizado da

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seguinte forma: camada muscular com a sutura tipo sultan com fio absorvível vycril 2.0,camado subcutânea sutura tipo continua tipo cushing com fio absorvível vycril 2.0 e a pele na qual utilizou-se sutura tipo sultan com fio inabsorvível nylon 2.0.

Não foram observadas complicações trans ou pós-operatórias. Seis horas após o procedimento o animal demonstrava ingestão de alimentos sólidos e, no sétimo dia posterior à operação, constatou-se completa cicatrização das feridas cutâneas. Ao final de 30 dias, o felino se apresentava em bom estado geral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ovariossalpingo-histerectomia eletiva e curativa é uma ferramenta indispensável no tratamento e prevenção de patologias reprodutivas de fêmeas como citou Munks (2012), o que foi comprovado com a remoção do cisto ovariano com sucesso no presente estudo.

Fossum (2008) descreveu que a ovariossalpingo-histerectomia pode apresentar as mesmas complicações que qualquer cirurgia que envolva celiotomia, tais como o traumatismo, edema da incisão, seroma, infecção, atraso na cicatrização ou na reparação tecidual, deiscência da sutura abdominal, trauma do intestino ou baço, ruptura da bexiga, alopecia endócrina, obstrução do cólon e alterações comportamentais, porem não houve nenhuma das complicações no caso descrito.

Não foi observada dificuldade em relação à exteriorização dos ovários devido ao ligamento suspensor, tal artifício havia sido previamente descrito por Santos (2012). As ligaduras realizadas no presente estudo foram suficientes para evitar hemorragias e demonstraram bastante segurança.

Em relação de fechamento da parede abdominal, foi suturado três camadas: linha alba/muscular, tecido subcutâneo e pele, o que Fossum (2008) descreve ser mais vantajoso evitando então complicações como seroma e evisceração.

CONCLUSÃO

Correspondente a constatada importância que o procedimento de castração cirúrgica apresenta na qualidade de vida dos animais de companhia, por proporcionar o menor risco de doenças provenientes do trato reprodutivo e ainda a precaução de possíveis alterações sistêmicas como no caso do desenvolvimento de cistos, a cirurgia se torna responsável pela diminuição de tais ocorrências. Nas condições do presente estudo, pode se concluir que é possível realizar o tratamento de cisto ovariano em gatas através de cirurgia ováriosalpingohisterectomia e que a técnica proposta para esse fim se mostrou apropriada e segura.

REFERÊNCIAS

BRUN, M. V; PIPPI N. L; RAPPETI JC; BECK C. A; ALVES S.D. Ovário-histerectomia laparoscópica em gata com cisto ovariano. Medvep – Rev Cientif Med Vet Pequenos Anim Anim Estim 2003, Curitiba, out/dez; 1(4):251-4.

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CARDOSO, Rita de Cássia Soares. Infertilidade em cadelas e gatas. Ciência Animal, 22(1): 235-247, 2012.

FOSSUM, T.W. (2008). Cirurgia de pequenos animais. (tradução da 3ª edição). Elsevier Editora Ltda.

GRUNERT,E; BIRGEL, EH; VALE, WG. Patologia e clínica da Reprodução dos Animais Mamíferos Domésticos-Ginecologia. São Paulo: Varela, 2005.

MCGAVIN, MD; ZACHARY, JF. Bases da patologia em Veterinária. 4ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

MUNKS, M.W. Progress in Development of Immunocontraceptive Vaccines for Permanent Non-surgical Sterilization of Cats and Dogs. Reprod Dom Anim, National Jewish Health, Denver, Colorado, v. 47, Suppl. 4, p. 223–227, 2012.

NASCIMENTO, E.F.; SANTOS, R.L. Patologia da Reprodução nos Animais Domésticos. 2ed, Ed Guanabara-Koogan, 2003.

PREVIATO, P.F.G.P.; NETO, A.P.; WERNER, P.R., ACCO, A., MOTA, M.F.; SILVA, A.V., FONSECA, J.F. Alterações morfológicas nos órgãos genitais de cães e gatos provenientes de Vilas Rurais da região de Umuarama-PR. Arq. ciên. vet.zool. UNIPAR, 8(2): p.105-110, 2005.

SANTOS, F. C., CORRÊA, T. P.; RAHAL, S. C.; CRESPILLO, A. M.; LOPES, M.D.; MAMPRIM, M. J. Complicações da esterilização cirúrgica das fêmeas caninas e felinas: revisão da literatura. Veterinária e zootecnia. v. 16, n. 1, p. 8-18, 2009.

SANTOS, CÁtia Alexandra Salvado Freitas. Estudo comparativo da ovariohisterectomia

felina com incisão no flanco e linha média. 2011. 72 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Medicina Veterinária, Universidade TÉcnica de Lisboa, Lisboa, 2011.

Disponível em:

<https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/3595/1/Estudo%20comparativo%20da%20o variohisterectomia%20felina%20com%20incisao%20no%20flanco%20e%20na%20linha%20 media.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018.

SILVA, R.M., Cistos ovarianos em cadelas: classificação, relevância clínica, diagnostico e tratamento. Rev. Bras. Reprod. Anim, Belo Horizonte, v.41, n.1, p. 54-58, 2018.

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