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PREPARAÇÃO EXAME DE 11.º E 12.º ANOS Grupo I A

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Academic year: 2021

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PREPARAÇÃO EXAME DE 11.º E 12.º ANOS

Grupo I A

Lê o poema com atenção e responde às questões apresentadas.

A Débil Eu, que sou feio, sólido, leal,

A ti, que és bela, frágil, assustada, Quero estimar-te sempre, recatada Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa dum café devasso, Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura, Nesta Babel

1

tão velha e corruptora, Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorreste um miserável, Eu, que bebia cálices de absinto, Mandei ir a garrafa, porque sinto

Que me tornas prestante

2

, bom, saudável.

"Ela aí vem!" disse eu para os demais;

E pus-me a olhar, humilde e suspirando, O teu corpo que pulsa, alegre e brando, Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;

E invejava, — talvez que não o suspeites! - Esse vestido simples, sem enfeites, Nessa cintura tenra, imaculada.

(…)

Com elegância e sem ostentação, 1 Babel: cidade

2 Prestante: que presta

Atravessavas branca, esbelta e fina, Uma chusma de padres de batina, E de altos funcionários da nação.

(…)

E eu, que urdia

3

estes fáceis esbocetos, Julguei ver, com a vista de poeta, Uma pombinha tímida e quieta

Num bando ameaçador de corvos pretos.

E foi, então, que eu, homem varonil, Quis dedicar-te a minha pobre vida,

A ti, que és ténue, dócil, recolhida, Eu, que sou hábil, prático, viril.

Cesário Verde, in ‘O Livro de Cesário Verde’

3 Urdir: tecer, fabricar

(2)

1. É notório um contraste entre o Eu (o poeta) e o Tu (a rapariga) neste poema.

1.1. Comenta esse contraste entre Eu e o Tu, apresentando a sua caracterização duma forma comparativa.

1.2. Identifica a hipálage presente na segunda estrofe e explica o se valor.

1.3 Esclarece a influência que esta rapariga exerce no poeta.

2. O poeta, com a sua visão de artista, transfigura a realidade.

2.1 Localiza no poema e interpreta essa sua transfiguração do real.

3. Partindo do teu estudo da poesia de Cesário Verde, comenta, exemplificando, os diferentes tipos de figuras femininas presentes nos seus poemas.

B

Num texto de cerca de 150 palavras, comenta a seguinte afirmação: “Afonso da Maia pode ser visto como a representação dos velhos e nobres valores dos portugueses, cruzados com a modernidade inglesa”.

C Lê atentamente o texto.

A máquina estremeceu, oscilou como se procurasse um equilíbrio subitamente

perdido, ouviu-se um rangido geral, eram as lamelas de ferro, os vimes entrançados, e de

repente, como se a aspirasse um vórtice luminoso, girou duas vezes sobre si própria enquanto

subia, mal ultrapassara ainda a altura das paredes, até que, firme, novamente equilibrada,

erguendo a sua cabeça de gaivota, lançou-se em flecha, céu acima. Sacudidos pelos bruscos

volteios, Baltasar e Blimunda tinham caído no chão de tábuas da máquina, mas o padre

Bartolomeu Lourenço agarrara-se a um dos prumos que sustentavam as velas e assim pôde ver

afastar-se a terra a uma velocidade incrível, já mal se distinguia a quinta, logo perdida entre

colinas, e aquilo além, que é, Lisboa, claro está, e o rio, oh, o mar, aquele mar por onde eu,

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, vim por duas vezes do Brasil, o mar por onde viajei à

Holanda, a que mais continentes da terra e do ar me levarás tu, máquina, o vento ruge-me aos

ouvidos, nunca ave alguma subiu tão alto, se me visse el-rei, se me visse aquele Tomás Pinto

Brandão que se riu de mim em verso, se o Santo Ofício me visse, saberiam todos que sou filho

(3)

predileto de Deus, eu sim, eu que estou subindo ao céu por obra do meu génio, por obra também dos olhos de Blimunda, se haverá no céu olhos como eles, por obra da mão direita de Baltasar, aqui te levo, Deus, um que também não tem a mão esquerda, Blimunda, Baltasar, venham ver, levantem-se daí, não tenham medo.

Não tinham medo, estavam apenas assustados com a sua própria coragem. O padre ria, dava gritos, deixara já a segurança do prumo e percorria o convés da máquina de um lado a outro para poder olhar a terra em todos os seus pontos cardeais, tão grande agora que estavam longe dela, enfim levantaram-se Baltasar e Blimunda, agarrando-se nervosamente aos prumos, depois à amurada, deslumbrados de luz e de vento, logo sem nenhum susto, Ah, e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a Blimunda e desatou a chorar, parecia uma criança perdida, um soldado que andou na guerra, que nos Pegões matou um homem com o seu espigão, e agora soluça de felicidade abraçado a Blimunda, que lhe beija a cara suja, então, então. O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda o Espírito Santo, e estavam os três no céu, Só há um Deus, gritou, mas o vento levou-lhe as palavras da boca. Então Blimunda disse, Se não abrirmos a vela, continuaremos a subir, aonde iremos parar, talvez ao sol.

José Saramago, Memorial do Convento

Apresenta, de forma bem estruturada, as suas respostas ao questionário sobre o texto lido.

1. Distingue, no texto, dados e personagens históricos e ficcionados.

2. Identifica os fatores a que se atribui, no texto, a subida da passarola.

3. Interpreta a comparação subentendida entre a subida de Bartolomeu de Gusmão e a subida de Cristo ressuscitado ao céu.

4. Explica a perturbação do padre bem patente nas suas últimas palavras.

Grupo II Leia, atentamente, o seguinte texto.

Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao longo dos últimos anos fui

publicando […]. A estranheza do título justifica uma explicação, para que ele não passe como

um mero exercício de estilo.

(4)

Quando era pequeno – muito pequeno, talvez oito ou nove anos – lembro-me de estar deitado na banheira, em casa dos meus pais, a ler um livro de quadradinhos. Era uma aventura do David Crockett, o desbravador do Kentucky e do Tenessee, que haveria de morrer na mítica batalha do Forte Álamo. Nessa história, o David Crockett era emboscado por um grupo de índios, levava com um machado na cabeça, ficava inconsciente e era levado prisioneiro para o acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, havia uma índia muito bonita – uma «squaw», na literatura do Far-West – que cuidava dele, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa altura, ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro: «não te deixarei morrer, David Crockett!»

Não sei porquê, esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre, quase obsessivamente. Durante muito tempo, preservei-as à luz do seu significado mais óbvio: eu era o David Crockett, que queria correr mundo e riscos, viver aventuras e desvendar Tenessees.

Iria, fatalmente, sofrer, levar pancada e ficar, por vezes, inconsciente. Mas ao meu lado haveria sempre uma índia, que vigiaria o meu sono e cuidaria das minhas feridas, que me passaria a mão pela testa quando eu estivesse adormecido e me diria: «não te deixarei morrer, David Crockett!» E, só por isso, eu sobreviveria a todos os combates. Banal, elementar.

Porém, mais tarde, comecei a compreender mais coisas sobre as emboscadas, os combates e o comportamento das índias perante os guerreiros inconscientes. Foi aí que percebi que toda a minha interpretação daquela cena estava errada: o David Crockett representava sim a minha infância, a minha crença de criança numa vida de aventuras, de descobertas, de riscos e de encontros. Mas mais, muito mais do que isso: uma espécie de pureza inicial, um excesso de sentimentos e de sensibilidade, a ingenuidade e a fé, a hipótese fantástica da felicidade para sempre. [...]

Miguel Sousa Tavares, Não Te Deixarei Morrer, David Crockett,

«Nota Prévia», 26.ª ed., Lisboa, Oficina do Livro, 2007

Para responder aos itens de 1 a 6, escreva, na folha de respostas, o número do item seguido da letra identificativa da alternativa correta.

1. Com a afirmação «esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre» (linha 13), o autor quer dizer que:

A. se sentia marcado para toda a vida por aquela frase e por aquela cena.

B. transportava consigo, sempre que viajava, um livro sobre David Crockett.

C. se lembrava daquela frase e daquela cena sempre que viajava.

D. tinha aquela frase gravada na pasta que usava em viagem.

(5)

2. Na frase iniciada por «Foi aí que» (linha 21), o autor assinala o momento em que A. leu a história aventurosa e acidentada do desbravador David Crockett.

B. tomou consciência de que David Crockett era o símbolo da sua infância.

C. sentiu a necessidade de preservar na memória o herói David Crockett.

D. julgou que era David Crockett, o mítico combatente de Forte Álamo.

3. A perífrase verbal em «e ao longo dos últimos anos fui publicando» (linhas 1 e 2) traduz uma ação:

A. momentânea, no passado.

B. repetida, do passado ao presente.

C. apenas começada, no passado.

D. posta em prática, no momento.

4. A locução «para que» (linha 2) permite estabelecer na frase uma relação de A. causalidade.

B. completamento.

C. finalidade.

D. retoma.

5. O uso de travessão duplo (linha 4) justifica-se pela necessidade de A. destacar uma explicitação.

B. registar falas em discurso direto.

C. marcar alteração de interlocutor.

D. sinalizar uma conclusão.

6. O uso repetido do nome «David Crockett» (linhas 6, 7, 12, 15, 19, 22) A. constitui um mecanismo de coesão lexical.

B. assegura a progressão temática.

C. constitui um processo retórico.

D. assegura a coesão interfrásica do texto.

(6)

7- Para responder, escreve o número do item, a letra identificativa de cada afirmação e, a seguir, uma das letras, «V» para as afirmações verdadeiras ou «F» para as afirmações falsas.

A. O segmento textual «Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao longo dos últimos anos fui publicando» (linhas 1 e 2) constitui um ato ilocutório diretivo.

B. O constituinte «inconsciente» em «Nessa história, o David Crockett (...) ficava inconsciente»

(linhas 7 e 8) desempenha, na frase, a função de predicativo do sujeito.

C. Os vocábulos «batalha» (linha 7) e «combates» (linhas 19 e 21) mantêm entre si uma relação de antonímia.

D. O antecedente do pronome relativo «que» (linha 10) é «uma índia muito bonita» (linha 9).

E. Em «molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma»

(linhas 10 e 11), as formas verbais «molhando», «tratando» e «vigiando» traduzem o modo continuado como a índia cuidava de David Crockett.

F. Na frase «ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro» (linhas 11 e 12), os adjetivos têm um valor restritivo.

G. Em «não te deixarei morrer, David Crockett!» (linha 12), «te» e «David Crockett» são referências deíticas pessoais.

H. Na frase «preservei-as à luz do seu significado mais óbvio» (linha 14), o referente de «as» é

«esta frase e esta cena» (linha 13).

I. A frase «que vigiaria o meu sono» (linha 17) é subordinada relativa restritiva.

J. O conetor «Porém» (linha 20) introduz uma relação de oposição entre o que anteriormente foi dito e a ideia exposta posteriormente.

Grupo III

“Acho que damos pouca atenção àquilo que efetivamente decide tudo na nossa vida, ao órgão que levamos dentro da cabeça: o cérebro. Tudo quanto estamos por aqui a dizer é um produto dos poderes ou das capacidades do cérebro: a linguagem, o vocabulário mais ou menos extenso, mais ou menos rico, mais ou menos expressivo, as crenças, os amores, os ódios, Deus e o diabo, tudo está dentro da nossa cabeça. Fora da nossa cabeça não há nada.

Ou melhor, há o que os nossos órgãos podem ter criado como imagem.”

José Saramago, in Tabu, 19 de abril de 2008

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas

palavras, apresenta a tua opinião sobre a importância e a supremacia do cérebro nas vivências

do ser humano. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e

ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

(7)

Correção Grupo I

A 1.1

O contraste é notório e surge sob a forma de várias antíteses (feio/ bela…) ela generosa, ele um devasso….

1.2 café devasso – não é o café que é devasso, mas sim o poeta…

1.3 Explorar a ideia presente em: Que me tornas prestante4, bom, saudável.

2.1 Explicar: Julguei ver, com a vista de poeta, / Uma pombinha tímida e quieta / Num bando ameaçador de corvos pretos.

3. A mulher do campo e da cidade…

B

Afonso da Maia, o avô…Sempre defendeu os ideais liberais e esteve no exílio em Inglaterra durante os períodos absolutistas… Conseguiu, por fim, aplicá-los com o neto, Carlos, quando ficou responsável pela sua educação…

C

1. No texto é possível distinguir dados e personagens históricos e ficcionados. Assim temos os históricos:

_ O padre Bartolomeu de Gusmão que estudou com os Jesuítas da Baía;

_ as suas experiências aerostáticas, a que não ficou alheia a mistificada “passarola voadora”, um

rudimentar aeróstato que conseguiu elevar-se do solo apenas alguns metros.

… e os ficcionados:

_ Baltasar e Blimunda;

_ O voo da passarola descrito neste excerto.

2. Os fatores da subida da passarola atribuem-se, sobretudo, ao sonho do padre Bartolomeu de Gusmão, aos olhos de Blimunda e à obra da mão direita de Baltasar.

3. O Padre Baltasar, por comparação, naquela passarola sentia-se Deus ele próprio, Baltasar, seu filho e Blimunda, o Espírito Santo, ou seja, a Santíssima Trindade: os tais três B, agora, num só. O sonho de voar (vontade de ser superior) elevava o Homem a Deus e foi através da passarola que eles se imortalizaram, que ultrapassaram os limites humanos.

4. A perturbação do padre devia-se às suas ideias de voar que eram arrojadas demais para aquela época, pois faziam-no questionar a religião e a conceção do mundo e, por isso, antagónicas às da Igreja, da Inquisição. Ele sabia que poderia ser perseguido e castigado por ter voado, pois o Santo Ofício considerava os seus interesses e estudos, uma “arte do demónio”.

Grupo II

(8)

1. A 2. B 3. B 4. C 5. A 6. A 7.

Chave

A. F

B. V

C. F

D. V

E. V

F. F

G. V

H. V

I. F

J. V

Referências

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