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Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto.

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Academic year: 2021

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________________________________________________________________________ PN 1634.011 ; Ag.: TC. VN Gaia; Ag.es2: Ag.a3: ________________________________________________________________________

Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto.

1. As Ag.es discordaram da decisão pela qual foi julgada extinta a execução que lhes moveu a Ag.a, mostrando-se, no dizer do tribunal, pagas a quantia exequenda e as custas, art. 919/1 CPC:

(a) O depósito efectuado [por uma das executadas] aconteceu como único meio de evitar a penhora de bens e a paralisação laboral das recorrentes, mas foi declarada, desde logo, quer a razão do mesmo depósito quer o intuito de quererem continuar a bater-se no campo dos embargos;

(b) Assim, ao declarar extinta a execução, por ter considerado o depósito como depósito executivo, a decisão recorrida infringiu o disposto nos arts. 3A, 818 e 986 CPC, art. 2, Lei 3/99, 13.01, art. 20 CRP;

2. Não houve contra-alegações.

1 Vistos:

Des.) Des. 2 Adv.:

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3. Visto o processo, foi tido como assente:

(1) 00.03.09, a Ag.a instaurou contra as Ag.es e Lda acção

executiva com processo ordinário para pagamento de quantia certa (Pte 114 642 287$00, i.é, Eu.s 571 833,30), fundada em letra de câmbio vencida e não paga em parte;

(2) 00.05.30, a Ag.a fez nomeação de bens à penhora, depois de as executadas

terem deduzido embargos à execução e a 1ª Ag.e ter requerido a prestação de caução suspensiva;

(3) Contudo, prosseguida a execução, estas interpuseram recurso do despacho que ordenou a penhora: Agravo de subida imediata em separado e efeito não suspensivo;

(4) Ao mesmo tempo, a 1ª Ag.e protestou a eficácia e valimento para todos os executados da caução requerida (e prestada, disse…) com a finalidade de obter a suspensão da execução;

(5) Mas logo depois, a 2ª Ag.e, depositou o montante da quantia exequenda (e

juntou guia comprovativa do depósito à ordem do tribunal), pedindo a imediata suspensão da presente execução e o levantamento imediato da penhora que recaiu sobre bens pertencentes a [esta] embargante;

(6) Acrescentava no requerimento: apesar de ter procedido a este depósito, e

como única forma de proteger o bom nome comercial de que goza junto da Banca, devedores e fornecedores, continua a ter o maior interesse em discutir a

exigibilidade da obrigação;

(7) 00.11.20, execução sustada, foi à conta, acompanhada de nota do despacho, para a exequente e para as executadas;

(8) Entretanto, a parte contrária opôs-se ao requerimento da 1ª Ag.e, referido em (4): contrariamente, a lei expressa o exacto inverso, art. 818 CPC;

(9) 00.11.22, foi proferido e notificado despacho de indeferimento: (a) foi requerida de facto a prestação de caução, sendo certo que o incidente ainda não

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foi decidido nem a caução prestada; (b) …não é líquido que a procedência dos embargos determine a suspensão de execução em relação a todos os executados,

e se eles forem julgados improcedentes, o exequente perderá eventualmente oportunidade de nomear e obter a penhora de outros bens de outros executados; (10) 00.12.18, foi elaborada a conta e notificada às Ag.es no dia seguinte: nela não consta a imputação de qualquer pagamento, sequer parcial, no montante exequendo, mas apenas o total de custas da responsabilidade da executada: Pte 998 200$00;

(11) 01.01.05, foi dado pagamento a este mesmo débito de custas, através de guia emitida em 00.12.19 na qual consta a indicação: depositante-

(12) 01.03.01, a exequente, solicitada para o efeito, respondeu considerar integralmente satisfeito o crédito executado, através da quantia depositada à ordem dos autos (Pte 114.642.287$00);

(13) Mas as Ag.es retorquiram: (a) não pagaram, repete-se, a quantia exequenda; (b) a executada embargante procedeu ao

depósito [como] única atitude que lhe restou para evitar a penhora de bens face à morosidade processual verificada quanto à suspensão da execução

caucionada; (c) não se encontrando paga a quantia exequenda, a execução não pode ser dada como extinta; (d) as executadas embargantes, para além de não terem pago a quantia exequenda, pretendem, como aliás sempre disseram, discutir a justeza da exigibilidade da obrigação;

(14) 01.03.14, foi proferido o despacho recorrido, na letra apontado ao requerimento antecedente: (a) depositou a quantia exequenda; (b) caso fosse intenção [de a Ag.e] sustar apenas as diligências para a penhora não usou do meio próprio, nos termos do art. 818 CPC: desejasse discutir a relação jurídica subjacente, teria de prestar caução que, só mais tarde, uma diferente executada [1ª Ag.e] veio requerer; (c) assim, e caso as Ap.es queiram discutir a justeza da exigibilidade do pagamento executivo, não será já no âmbito destes autos:…o objectivo deste processo está cumprido.

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4. A decisão foi favorável às recorrentes, tendo sido aduzido o seguinte argumento:

(a) A primeira dificuldade que oferece a matéria em crise de apreciação diz respeito às notificações (a que não reagiram as recorrentes), primeiro, do despacho de sustação, depois, da conta, e pareceria portanto não caber discutir

já o problema de se tratar de um depósito para prestação de caução, ou de um depósito da quantia exequenda, aquele a que procedeu :

consolidara-se definitivamente o entendimento e a decisão sequente do tribunal, o depósito seria só depósito do montante do débito executado;

(b) Contudo, ao tratar-se de despacho tabelar (ou de actividade burocratico- tributária de processamento), cujos termos não esclarecem porventura senão do ponto de vista estrito da linguagem técnico-contábil, ou mesmo de que a singular configuração ocultava, em boa verdade, a fase do processo (aquele concreto momento executivo), não pode aceitar-se que estejam presentes os pressupostos preclusivos do trânsito intercalar;

(c) Na verdade, as partes, segundo a normal experiência, não obtiveram o conhecimento de dados suficientes e de relevo, em qualquer dos casos (despacho de sustação; conta), para compreenderem de manifesto qual estava a ser o entendimento do tribunal quanto ao perfil do acto de uma delas, contraditório sem dúvida não só com o curso do processo até aí, como adverso ao texto do requerimento apresentado para justificar o depósito, esse pomo da discórdia precisamente;

(d) Por tudo isto devemos pois mergulhar no fundo da discordância,

ancorada no diálogo de surdos da celeridade processual. E rapidez executiva contraposta aqui contudo à demora surpreendente do incidente de prestação de caução, no tributo a uma lógica argumentativa em favor dos credores titulados,

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afinal a parte mais fraca e principais vítimas dos devedores relapsos, blindados

estes na manipulação dos efeitos de defesa;

(e) Ora bem, sem dúvida que o propósito defensivo, este propósito de suspender a execução foi expresso com transparência e clareza pelo interessado depositante. E sem dúvida também que falhou a fórmula adequada;

(f) O julgador deveria ter mandado aperfeiçoar o pedido da recorrente , mas não o fez e tomou-o de imediato como pagamento em metálico, descartando depois a protecção valorativa do interesse da executada para outra acção, outro distinto solicitar do e ao tribunal.

(g) Esta última circunstância parece dar-nos com rigor o tonus da influência omissiva no julgamento; afinal de contas, ordem legitimada de embolso por parte do contrário, mas sem a advertência do conflito, sem prevenir os direitos de oposição.

(h) Por conseguinte, procedem as conclusões das Ag.es, e este processo de execução terá de ser tido apenas como virtualmente suspenso por efeito do depósito/caução promovido pela executada ;

(i) Ainda assim, deverá ser lavrado evidentemente o despacho de idoneidade,

bem possível no imediato, porque a parte contrária foi ouvida e pronunciou-se, quer contra a pretensão, num primeiro momento, quer a favor da suficiência da caução, por fim, quando veio dizer bastar-se com o depósito.

5. Vem da CRL, exequente, requerer nos termos dos arts. 666 e 669 CPC a aclaração do acórdão:

(a) Veio o tribunal a entender que o depósito feito era uma caução que suspendia a execução;

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(b) No entanto limitou-se a uma análise genérica, sem explicar o porquê da conclusão;

(c) E sem respeitar os casos julgados existentes (quanto ao despacho de sustação e de remessa à conta);

(d) Não sendo perceptível a afirmação de não terem podido as partes aperceber-se de dados suficientes para compreenderem a situação processual, após o surgimento desses dois despachos, nomeadamente tendo em vista o quadro legal, onde a ignorância ou má interpretação da lei não releva, art. 8 CC;

(e) Por outro lado, as executadas não fizeram constar do depósito que este era condicional, ou que apenas era para valer até ser julgada a caução;

(f) Circunstância a que deve acrescentar-se o seguinte: da guia de depósito, cuja emissão foi requerida pela depositante/executada, consta expressamente – proveniente da quantia exequenda, e nada é referido quanto a caucionar seja o que fôr;

(g) Por fim, não se alcança o que se pretende, e de onde provém, a conclusão: a exequente declarou bastar-se com o depósito;

(h) É que a menos que se tenha deturpado o sentido pretendido, não se entrevê o que efectivamente se pretendeu dizer: a recorrida apenas alegou bastar-se por motivos que têm a ver com a constituição de provisões bancárias nos termos da lei;

(i) Ou seja, por motivos perfeitamente internos, e que nada têm a ver com os autos ou com o tribunal;

(j) Ademais, não se entende como iria a exequente prescindir em sede de

caução dos juros vencidos e vincendos, quando até solicitou ao tribunal (…sem

oposição da parte das recorrentes) que fosse prestada caução no excedente de juros moratórios;

(k) Os quais (vincendos) sempre referiu… que deviam ser abrangidos pela garantia;

(l) Aspectos todos estes que não se alcançam nem explicam no acórdão, e que o tornam obscuro.

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6. Responderam as executadas:

(a) O acórdão aclarando é, muito pelo contrário, claro;

(b) Voltou a colocar o processo nos carris da descoberta da verdade material rumo à gare da justiça;

(c) …tanto mais se atendermos no despacho proferido um mês depois do depósito, e esclarecer que, face a esse mesmo depósito, a caução bancária a prestar deveria abranger apenas os juros vincendos desde a propositura da acção até à data do depósito;

(d) E afinal de contas não está nem estará minimamente em perigo a capacidade de as recorrentes pagarem seja o que fôr e a quem fôr (desde que se mostre legal e moralmente devido).

7. Cumpre apreciar.

8. Tal como se vê da síntese da parte decisória do acórdão aclarando, todos os problemas enunciados pela reclamante tiveram resposta, com que esta não concorda, e está no seu direito. Contudo, não cabe aclaração, mas para a discordância o recurso que é da lei.

Na verdade, ficou sem dúvida explicado porque motivos se defendeu não interferirem na solução dada ao caso os despachos intercalares de sustação da execução e remessa à conta: iniciou-se até por este tema o discurso da motivação de direito.

E porque razão, tendo as executadas falhado na intervenção processual, deveriam

todavia ter sido solicitadas a corrigir, omissão esta que é afinal de contas a base da nulidade processual verificada e aceite sob que foi construída a solução do caso.

Em suma, o acórdão decidiu como decidiu porque foi entendido, face às circunstâncias do desenrolar da lide, que o julgador deveria, como não fez, ter usado do poder de convidar à correcção do pedido formulado por uma das executadas: em vez de depósito executivo, depósito para caução, e por esta ter manifestado já, sem dúvida, o intento de pretender continuar o debate dos embargos.

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É aliás neste ponto que se prende o último problema posto pela reclamante, e que diz respeito a ter ela aceitado o depósito como boa caução. Se melhor reparar na parte dispositiva do acórdão apenas se diz poder ser desde já proferido despacho em volta do tema da idoneidade da caução, porque a exequente já se pronunciou (já foi ouvida)

sobre o assunto, balanceando entre uma radical recusa e aquele outro bastar-se com o pagamento proveniente do depósito efectuado. E pagamento que afinal de contas aceitava no processo executivo, acaso tivesse cessado a execução, tal como parece continuar a defender já ter acontecido, através do trânsito dos despachos de sustação e

de remessa dos autos à conta.

Referências

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