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Mapeamento e gestão de risco de deslizamentos em áreas urbanas no município de Camboriú/SC

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Tatiani Pires Passos

MAPEAMENTO E GESTÃO DE RISCO DE DESLIZAMENTOS EM ÁREAS URBANAS NO MUNICÍPIO DE CAMBORIÚ/SC

Dissertação submetida ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil – PPGEC na Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Rafael Augusto dos Reis Higashi

Florianópolis 2017

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

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Tatiani Pires Passos

MAPEAMENTO E GESTÃO DE RISCO DE DESLIZAMENTOS EM ÁREAS URBANAS NO MUNICÍPIO DE CAMBORIÚ/SC

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 29 de Setembro de 2017.

________________________ Prof. Glicério Trichês, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof.ª Liseane Padilha Thives, Drª.

Moderadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Rafael Augusto dos Reis Higashi, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Amilton Amorim, Dr.

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

________________________ Prof.ª Regina Davison Dias, Drª.

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Aos meus pais... pelo inesgotável apoio à minha formação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permitir que eu chegasse até aqui, pela força nos momentos difíceis, por iluminar meu caminho durante todos os dias e me confortar sempre que precisei.

Aos meus pais, Humberto e Elizabeth, pelo apoio e suporte em todas as decisões e necessidades, sempre torcendo pela minha felicidade e dispostos a me ajudar.

Ao meu orientador professor Rafael Augusto dos Reis Higashi, agradeço pelo acolhimento no grupo da pós-graduação PPGEC/UFSC, sou muito grata pela segura orientação, confiança e oportunidade de aprendizado. Agradeço, também aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFSC, pela oportunidade de convívio e importantes lições recebidas.

À equipe técnica do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – CEPED da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e da Secretaria de Proteção e Defesa Civil do município de Camboriú/SC, o meu muito obrigado pela assessoria técnica durante a realização da fundamentação teórica desta pesquisa.

Aos colegas professores e profissionais da Faculdade Avantis no apoio em minha atual atuação profissional, à frente do Curso de Arquitetura e Urbanismo.

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RESUMO

A presente dissertação teve como objetivo principal mapear e analisar os aspectos físicos (geomorfologia, geologia e uso do solo) e sociais (percepção ao risco) de um possível processo de deslizamento de solo no Loteamento Jardim Denise, localizado no município de Camboriú/SC. A metodologia da pesquisa consistiu nos levantamentos bibliográficos referentes ao tema e a área de estudo; levantamento de dados com trabalhos de campo; preparação das bases cartográficas; análise de imagens e aplicação de técnicas de geoprocessamento com o mapeamento dos aspectos físicos e caracterização das feições dos movimentos de massa. Outro aspecto identificado foi de que a urbanização acelerada, associada à ausência histórica de políticas públicas habitacionais no município, levou a população a ocupar desordenadamente áreas urbanas de encostas, transformaram a paisagem, impulsionando uma futura ocorrência de processos do meio físico causadores de desastres naturais. Com relação aos aspectos físicos, há predomínio de declividades acentuadas, que associadas à forma de ocupação do solo, resultam em áreas de alta e moderada suscetibilidade a deslizamentos. O foco deste trabalho é conhecer, aplicar e analisar detalhadamente os critérios utilizados em três metodologias de mapeamento consolidadas, que resultaram em um Mapa de Risco de Deslizamentos Gravitacionais de Massa. Uma avaliação crítica é realizada nos resultados encontrados, avaliando os reflexos na obtenção do referido grau de probabilidade do risco na localidade estudada, contribuindo para subsidiar futuros levantamentos em áreas de risco de deslizamentos e incentivar práticas de gerenciamento dos riscos nas cidades. A Metodologia de Individualização das Encostas, de Gusmão Filho et al. (1992), caracteriza bem a suscetibilidade em uma escala de 1:10.000, a partir do retro análise dos eventos de deslizamentos, da caracterização geológica-geotécnica das unidades litológicas e dos condicionantes climáticos e topográficos, na área de estudo.

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ABSTRACT

This main objective of this dissertation is to map and analyze the physical aspects (geomorphology, geology and land use) and social (risk perception) of a possible landslide process in the Jardim Denise Allotment, located at Camboriú/SC. The methodology research consisted of the bibliographic surveys concerning to the subject and area of study; survey of data with field works; preparation of the cartographic bases; images analysis and application of geoprocessing techniques with the mapping of physical aspects and characterization of the features of the mass movements. Another aspect was that the accelerated urbanization, associated with the historical lack of public housing policies in the city, led to the population to occupy disorderly urban areas of slopes, have transformed the landscape, driving a future occurrence of physical processes that cause natural disasters. Regarding the physical aspects, there is a predominance of sharp slopes, wich associated to the soil occupation, result in areas of high and moderate susceptibility to landslides. The focus of this study is to understand, apply and analyze in detail the criteria used in three methodologies for mapping statements, wich resulted in a Risk Map of Gravitational Mass Landslides. A critical evaluation is performed on the obtained results, evaluating the reflexes in obtaining the aforementioned degree of probability of the risk in the studied locality, contributing to subsidize future surveys in landslide risk areas and encourage practices of risk management in the cities. The Methodology of Individualization of the Slopes, of Gusmão Filho et al. (1992), described as the susceptibility in a scale of 1:10.000, from retro analysis of events of landslides, the geological characterization of lithology unit and climatic constraints and topography, in the area of study.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação dos riscos ambientais ... 27 Figura 2 – Parâmetros que envolvem uma análise de risco ... 28 Figura 3 – Principais tipos de deslizamentos ... 31

Figura 4 – Ciclo hidrológico ... 35 Figura 5 – Corte transversal através de três bacias hidrográficas adjacentes ... 36 Figura 6 – Erosão hídrica pluvial ... 37 Figura 7 – Localização do município de Camboriú/SC ... 38

Figura 8 – Mapa 08 – Limites urbanos de Camboriú/SC ... 39

Figura 9 – Mapa 04 – Fisiografia de Camboriú/SC ... 40

Figura 10 – Vista aérea do município de Camboriú/SC ... 40

Figura 11 – Mapa de Declividade do município de Camboriú/SC ... 41

Figura 12 – Mapa de Hipsometria do município de Camboriú/SC ... 42

Figura 13 – Relevo sombreado do município de Camboriú/SC ... 43

Figura 14 – Relevo do município de Camboriú/SC ... 44

Figura 15 – Geologia do município de Camboriú/SC ... 45

Figura 16 – Mapa 05 – Restrições legais ... 46

Figura 17 – Levantamento Geotécnico para área de expansão urbana no município de Camboriú/SC ... 51

Figura 18 – Modelo Digital do Terreno da área de expansão urbana no município de Camboriú/SC ... 53

Figura 19 – Mapa de Declividade da área de expansão urbana no município de Camboriú/SC ... 54

Figura 20 – Mapa de Suscetibilidade a deslizamentos rasos: cenário – espessura do solo de 10m, para a Área de Expansão Urbana do

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município de Camboriú/SC ... 56

Figura 21 – Ruptura de encosta no bairro Areias, em Camboriú/SC ... 58

Figura 22: Croqui referente ao processo de ruptura de encosta no bairro Areias, em Camboriú/SC ... 58

Figuras 23 e 24 – Fluxo de água superficial no bairro Areias, em Camboriú/SC ... 59

Figura 25 – Presença de solo argiloso no bairro Areias, em Camboriú/SC

... 60

Figura 26 – Instabilidade de encosta no bairro Monte Alegre, em Camboriú/SC ... 60

Figura 27 – Ruptura de encosta no bairro Monte Alegre, Camboriú/SC ... 61

Figura 28 – Composição da paisagem urbana no loteamento Jardim Denise ... 62

Figuras 29 e 30 – Matacões distribuídos na área do loteamento Jardim Denise ... 63

Figura 31 – Rede de drenagem de águas pluviais inexistente, Jardim Denise ... 64

Figura 32 – Corte do terreno originando taludes, loteamento Jardim Denise ... 64

Figura 33 – Ocupação atual do loteamento Jardim Denise ... 69

Figura 34 – Mapa da Evolução Temporal da Área de Estudo ... 69

Figuras 35 e 36 – Moradias em área de risco de deslizamentos, Jardim Denise ... 70

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Figura 37 – Formas de atuação em relação a áreas de risco de deslizamentos ... 72 Figura 38 – Tipos de mapas de risco ... 73

Figura 39 – Diagrama das etapas da pesquisa ... 95

Figuras 40 e 41 – Visitas de reconhecimento ao loteamento Jardim Denise

... 97

Figura 42 – Aerolevantamento no loteamento Jardim Denise, maio 2017 ... 99

Figura 43 – Detalhe da ocupação do lote no loteamento Jardim Denise ... 100

Figura 44 – Múltiplas residências em um único lote, no loteamento

Jardim Denise, maio 2017

... 100

Figuras 45 e 46 – Moradias analisadas no Ponto de Estudo 01 – P01 .. 105

Figura 47 – Talude em Corte analisados no Ponto de Estudo 01 ... 106

Figura 48 – Moradias próximas aos taludes sem calha de escoamento pluvial ... 107

Figura 49 – Sinais de movimentação nas edificações analisadas no

Jardim Denise

... 108

Figura 50 – Moradias analisadas no Jardim Denise, em Camboriú/SC 121

Figura 51 – Presença de esgoto ao céu aberto no loteamento Jardim Denise, em Camboriú/SC ... 126

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Agentes e causas dos deslizamentos e processos correlatos ... 33

Quadro 2 – Fatores de suscetibilidade e vulnerabilidade a deslizamentos ... 34

Quadro 3 – Fatores condicionantes antrópicos e naturais para erosão hídrica ... 38

Quadro 4 – Roteiro metodológico para análise e mapeamento de riscos ... 75

Quadro 5 – Dados gerais sobre a moradia ou grupo de moradias (1º PASSO) ... 76

Quadro 6 – Caracterização do local (2º PASSO) ... 76

Quadro 7 – Roteiro de cadastro da ação das águas (3º PASSO) ... 78

Quadro 8 – Roteiro de cadastro dos tipos de vegetações no local ou proximidades (4º PASSO) ... 78

Quadro 9 – Roteiro de cadastro dos sinais de movimentação (5º PASSO) ... 79

Quadro 10 – Tipos de processo de instabilização esperados (6º PASSO) ... 80

Quadro 11 – Critérios para a determinação do nível de risco... 81

Quadro 12 – Determinação do nível de risco (7º PASSO) ... 81

Quadro 13 – Necessidade de remoção (8º PASSO) ... 82

Quadro 14 – Ficha para avaliação do potencial de risco ... 89

Quadro 15 – Categorias e fatores de risco ... 91

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Quadro 16 – Detalhamento dos fatores por grau de risco de deslizamentos

... 92

Quadro 17 – Roteiro de cadastro da ação das águas no Jardim Denise ... 107

Quadro 18 – Avaliação do potencial e fatores por grau de risco_ponto de estudo – Loteamento Jardim Denise... 117

Quadro 19 – Obtenção do grau de risco final_Loteamento Jardim Denise... 118 Quadro 20 – Atividades de gerenciamento de riscos e respostas a desastres

... 128

Quadro 21 – Principais características de dispositivos institucionais que devem contemplar a questão dos deslizamentos ... 130

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipos e características dos processos de deslizamentos ... 30

Tabela 2 – Declividade do município de Camboriú ... 42

Tabela 3 – Hipsometria do município de Camboriú ... 42

Tabela 4 – Classes de relevo baseado no Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos ... 48

Tabela 5 – Identificação de espessura de horizonte ... 48

Tabela 6 – Unidades Geotécnicas e suas respectivas áreas ... 52

Tabela 7 – Resumo dos parâmetros de resistência dos solos ... 53

Tabela 8 – Fator de Segurança e declividades limites ... 55

Tabela 9 – Área (%) das classes do SHALSTAB ... 55

Tabela 10 – Situação Socioeconômico, em 2007, no Loteamento Jardim Denise ... 65

Tabela 11 – Situação Habitacional, em 2007, no Loteamento Jardim Denise ... 66

Tabela 12 – Situação Patrimonial, em 2007, no Loteamento Jardim Denise ... 67

Tabela 13 – Situação Ambiental, em 2007, no Loteamento Jardim Denise

... 68

Tabela 14 – Pesos e graus de vulnerabilidade determinados ... 84

Tabela 15 – Peso dos fatores de vulnerabilidade da variável selecionada ... 84

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Tabela 16 – Variáveis e graus de vulnerabilidade do Fator Socioeconômico para suscetibilidade a deslizamentos ... 85

Tabela 17 – Variáveis e graus do Fator Físico-Ambiental para suscetibilidade a deslizamentos ... 85

Tabela 18 – Variáveis e graus de vulnerabilidade Fator Saúde para suscetibilidade a deslizamentos ... 86

Tabela 19 – Variáveis e graus de vulnerabilidade Fator Educação para suscetibilidade a deslizamentos ... 87

Tabela 20 – Variáveis e graus de vulnerabilidade Fator Percepção de Risco para suscetibilidade a deslizamentos ... 87

Tabela 21 – Variáveis e graus de vulnerabilidade Fator Infraestrutura Urbana e Ocupação do Solo para suscetibilidade a deslizamentos ... 88

Tabela 22 – Grau de risco de deslizamentos ... 91

Tabela 23 – Obtenção dos graus de risco finais de deslizamentos ... 93

Tabela 24 – Fator Socioeconômico e graus de vulnerabilidade para o ponto estudo – loteamento Jardim Denise ... 110

Tabela 25 – Fator Físico-Ambiental e graus de vulnerabilidade para o ponto estudo – loteamento Jardim Denise ... 110

Tabela 26 – Fator Saúde e graus de vulnerabilidade para o ponto estudo – loteamento Jardim Denise ... 111

Tabela 27 – Fator Educação e graus de vulnerabilidade para o ponto estudo – loteamento Jardim Denise ... 111

Tabela 28 – Fator Percepção de Risco e graus de vulnerabilidade para o ponto estudo – loteamento Jardim Denise ... 112

Tabela 29 – Fator Infraestrutura Urbana e graus de vulnerabilidade para o ponto estudo – loteamento Jardim Denise ... 112

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Tabela 30 – Peso dos fatores de vulnerabilidade aplicados no loteamento Jardim Denise, em Camboriú/SC ... 113

Tabela 31 – Unidade de relevo identificada no ponto de estudo ... 115

Tabela 32 – Unidade de relevo X Grau de suscetibilidade de deslizamento

... 115

Tabela 33 – Intervalo pluviométrico X Grau de suscetibilidade de deslizamento ... 115

Tabela 34 – Unidades geológicas X Grau de suscetibilidade de deslizamento ... 116

Tabela 35 – Unidades pedológicas X Grau de suscetibilidade de deslizamento ... 116

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMFRI – Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí APP’s – Áreas de Preservação Permanente

CEPED – Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres CIRAM – Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catariana

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CUIDA – Comissão Urbana de Contenção da Ocupação Irregular e Degradação Ambiental de Balneário Camboriú

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

GERCO/SC – Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro de Santa Catarina

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

ISDR – Internacional Strategy for Disaster Reduction

LAMGEO/UFSC – Laboratório de Mapeamento Geotécnico da Universidade Federal de Santa Catarina

ONU – Organização das Nações Unidas PMC – Prefeitura Municipal de Camboriú PMRR – Plano Municipal de Redução de Risco

PDDTC – Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Camboriú RADAMBRASIL – Projeto Radar da Amazônia

RPA – Aeronave Remotamente Pilotada

SCTME – Secretaria da Ciência e Tecnologia, Minas e Energia SHALSTAB – Shallow Landslide Stability Analysis

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UNDRO – United Nations Disaster Relief Organization

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 23 1.1 OBJETIVOS ... 25 1.1.1 Objetivo geral ... 25 1.1.2 Objetivos específicos ... 25 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 27 2.1 RISCOS AMBIENTAIS ... 27

2.2 MOVIMENTOS DE MASSA GRAVITACIONAIS ... 29

2.2.1 Fatores para deflagração dos movimentos de massa gravitacionais ... 32

2.2.1.1 Fenômenos hidrológicos e desastres naturais ... 35

2.2.1.2 Condicionantes geológicos e geomorfológicos da bacia hidrográfica ... 36

2.2.1.3 Condicionantes da erosão hídrica ... 37

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 38

2.3.1 Análise geomorfológica do município de Camboriú/SC ... 38

2.3.2 Loteamento Jardim Denise, bairro Rio Pequeno,

Camboriú/SC ... 62

2.4 METODOLOGIAS DE MAPEAMENTO DE RISCO A

DESLIZAMENTOS ... 71

2.4.1 Método de Avaliação e Mapeamento de Áreas de Risco – Ministério das Cidades/IPT ... 72

2.4.1.1 Roteiro metodológico para análise e mapeamento de área de risco

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2.4.2 Método de Avaliação de Vulnerabilidade para Mapeamento de Áreas Suscetíveis a Deslizamentos – CEPED/UFSC ... 83

2.4.2.1 Roteiro metodológico CEPED/UFSC: definição dos fatores, variáveis e determinação dos pesos para o grau de vulnerabilidade ... 84 2.4.2.2 Mapa temático de vulnerabilidade socioeconômica e de infraestrutura urbana e ocupação do solo ... 88

2.4.3 Metodologia da Individualização das Encostas – Gusmão Filho et al. (1992) para elaboração de mapa de risco de deslizamentos

... 89

3. MÉTODO E ETAPAS DA PESQUISA ... 95

3.1 DEFINIÇÃO DO PONTO DE ESTUDO 01 ... 96

3.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS BIBLIOGRÁFICOS E CARTOGRÁFICOS DO PONTO DE ESTUDO ... 96

3.3 MAPAS TEMÁTICOS E DADOS PREEXISTENTES ... 101

4. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS GERADOS PELAS

METODOLOGIAS DE MAPEAMENTO DE RISCO

APLICADAS – RESULTADO 01 ... 105

4.1 ROTEIRO METODOLÓGICO DE MAPEAMENTO DE RISCO MINISTÉRIO DAS CIDADES/IPT (2007) ... 105

4.2 ROTEIRO METODOLÓGICO DE MAPEAMENTO DE RISCO – CEPED/UFSC (2014) ... 109 4.3 ROTEIRO DA METODOLOGIA DA INDIVIDUALIZAÇÃO DAS ENCOSTAS – GUSMÃO FILHO et al. (1992) ... 114

5. A GESTÃO DO RISCO DE DESLIZAMENTOS EM CAMBORIÚ/SC: INTERPRETANDO A PAISAGEM E O

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LUGAR ... 121

5.1 FORMAÇÃO DA PAISAGEM DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL: OCUPAÇÃO FRENTE A POTENCIALIZAÇÃO DO RISCO DE DESLIZAMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA ... 124 5.2 A RESPONSABILIDADE PELAS AÇÕES PARA REDUÇÃO

DE DESLIZAMENTOS: COMUNIDADE E ÓRGÃOS OFICIAIS ... 127 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 133 REFERÊNCIAS ... 137 ANEXOS ... 145 APÊNDICES ... 147

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil, possui perspectivas de expansão em sua ocupação territorial, sendo indispensável uma política de planejamento do meio físico, que recorra ao uso de mapas geotécnicos que possibilitem o auxílio e a interpretação de dados necessários como subsídio ao planejamento regional urbano, uso e ocupação de solo e, implantação de políticas públicas de conscientização da população.

Nos municípios com indicativos de crescimento populacional é primordial o planejamento do território devido às variáveis geográficas e ambientais serem distintas em cada municipalidade.

A urbanização acelerada intensificada nas últimas décadas tem produzido aglomerados populacionais, nos quais razões socioeconômicas e fortes especulações imobiliárias agravam os efeitos negativos da ocupação desordenada. A característica principal deste tipo de ocupação se dá através de construções em locais com severas restrições ao uso urbano como: áreas de mananciais e encostas (MOTTER et al., 2001).

O Planejamento Urbano assume a cidade como um ato contínuo de pensar e agir, sendo um processo decisivo para transformação da cidade com objetivos pré-estabelecidos. O processo é complementado com características multidisciplinares de outras disciplinas, como a geografia, a sociologia e a economia ao longo do tempo. (KOHLSDORF, 1985).

A gestão dos terrenos deve contemplar a avaliação do impacto da ação antrópica nas modificações causadas ao ambiente, para então determinar uma faixa de ocupação aceitável, indicando quais as medidas e recomendações a serem adotadas para minimizar as alterações e os impactos ambientais.

No Brasil, os processos de instabilização de encostas estão entre os principais fenômenos relacionados a desastres naturais em áreas urbanas precárias. Os deslizamentos nas encostas estão associados a eventos pluviométricos intensos e prolongados. As características geológicas e geomorfológicas guardam relação com pretéritos movimentos de massa gravitacionais, sendo processos naturais induzidos pela ação antrópica (FERNANDES; AMARAL, 1996).

De acordo com Carvalho e Galvão (2006), os levantamentos de riscos realizados em áreas urbanas de vários municípios brasileiros indicam que, em sua maioria, a falta de infraestrutura urbana é uma das principais causas dos fenômenos de deslizamentos no Brasil. Desta forma, uma política eficiente de prevenção de risco de deslizamentos em

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encostas deve ter os assentamentos precários como áreas prioritárias de atuação nos municípios.

As ocupações urbanas precárias em encostas devem também fazer parte das políticas municipais de habitação, saneamento e planejamento urbano.

A remoção da vegetação, a execução de cortes e aterros instáveis para a construção de moradias e vias de acesso, a deposição de lixos nas encostas, a ausência de sistemas de drenagem pluvial, elevada densidade populacional e a fragilidade das moradias favorecem o aumento tanto da frequência das ocorrências como a magnitude dos acidentes.

A identificação e análise de riscos consistem na primeira etapa para se estabelecer um programa de gerenciamento de riscos (United Nations Disaster Relief Organization – UNDRO, 1991). Sem o conhecimento da dimensão do problema, não há como planejar e agir adequadamente para resolvê-lo. O diagnóstico de risco deve: informar quais são os indicadores ou evidências dos processos ambientais que, potencialmente, podem causar danos à população, às edificações ou à infraestrutura; estabelecer alguma hierarquização das situações identificadas e; estimar o número de edificações e de pessoas potencialmente afetadas (NOGUEIRA, 2006).

O mapeamento de risco (identificação, análise de riscos e delimitação das áreas de sua ocorrência) é executado por meio de trabalhos de campo, nos quais, são avaliadas as possibilidades (probabilidades) de ocorrência dos processos destrutivos (perigo); a vulnerabilidade do elemento e as consequências sociais e/ou econômicas, caso ocorra um determinado processo destrutivo.

Segundo Cerri (2006), os mapeamentos de risco, no Brasil e em muitos países, são predominantemente realizados por avaliações qualitativas, ou seja, os riscos são identificados com base na opinião técnica da equipe que executa o mapeamento com o apoio de informações dos moradores da área mapeada.

A investigação, nesta pesquisa, aponta a necessidade de entender as formas e os processos em metodologias de mapeamento e gestão de risco para a área urbanizada no município catarinense de Camboriú. A área de estudo selecionada para este fim está localizada no bairro Rio Pequeno, denominado loteamento Jardim Denise, onde será aplicado o Método de Avaliação e Mapeamento e Áreas de Risco do Ministério das Cidades desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT e; o Método de Avaliação de Vulnerabilidade para Mapeamento de Áreas Suscetíveis a Deslizamentos desenvolvido

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pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – CEPED da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC .

Para aperfeiçoar as abordagens, no mapeamento do risco de movimentos de massa gravitacionais, incorporou-se a este estudo a Metodologia de Individualização das Encostas, desenvolvida por Gusmão Filho et al. (1992), através da análise dos indicadores e a hierarquização dos setores de perigo.

O diagnóstico do perigo de deslizamentos em encostas urbanas precárias no município de Camboriú/SC se faz necessário, uma vez que os deslizamentos planares envolvendo cortes e aterros em encostas naturais causam o maior número de vítimas no Brasil.

A pesquisa justifica-se devido à necessidade crescente de se mapear o risco/perigo de deslizamentos em encostas urbanas nos municípios brasileiros, cujos resultados são decisivos para eficácia de políticas de intervenções voltadas à consolidação da ocupação e de gerenciamento de riscos.

Dessa forma, após a análise dos resultados obtidos através da aplicação das metodologias de mapeamento de risco, a presente pesquisa busca identificar a metodologia de melhor aplicabilidade para a região de estudo, auxiliando na prevenção e gerenciamento dos riscos de deslizamento na cidade de Camboriú/SC.

1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral

Identificar as áreas suscetíveis a deslizamentos presentes em setores urbanos no município Camboriú/SC, através da aplicação e confrontamento de metodologias de análise de risco consolidadas, buscando a gestão e prevenção dos riscos.

1.1.2 Objetivos específicos

a) Identificar às áreas de ocupações irregulares com riscos de deslizamentos gravitacionais de massa, no munícipio catarinense de Camboriú, criando um banco de dados para identificação e análise dos indicadores;

b) Comparar e aplicar na área mapeada a proposta de incorporação da Metodologia de Individualização das Encostas, desenvolvida por Gusmão Filho et al. (1992), através da análise dos indicadores e a hierarquização dos

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setores de perigo; com outras metodologias de análise de risco de deslizamentos;

c) Eleger o Mapa de Risco de Deslizamentos Gravitacionais de Massa para o loteamento Jardim Denise, no município de Camboriú, que indique o melhor resultado, a partir dos dados extraídos das metodologias de análise aplicados, no ponto de estudo.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 RISCOS AMBIENTAIS

O Risco Ambiental é definido como a probabilidade de eventos perigosos causarem consequências indesejáveis para uma área habitada, transformando um fenômeno natural em desastre (OGURA; MACEDO, 2002).

Neste sentido, Veyret (2007) define que risco é um objeto social, uma vez que este somente se configura na presença de um indivíduo, grupo ou população que o perceba ou possa sofrer seus efeitos, ou seja, o risco seria a tradução de um perigo para aquele que habita uma determinada área suscetível à ocorrência de eventos.

Sendo assim, quando se trata de risco, deve ser considerada a suscetibilidade à ocorrência de fenômenos e a vulnerabilidade (fragilidade social – densidade demográfica, infraestrutura, percepção do risco, situação econômica, etc.) do sistema que está sob análise (KOBIYAMA et al., 2006).

Para esta pesquisa, será adota a classificação para riscos de Cerri e Amaral (1998), que consideram os riscos ambientais como a classe de maior risco com suas subclasses (Figura 1).

Figura 1: Classificação dos riscos ambientais.

Fonte: Adaptado de Cerri e Amaral (1998).

Na Figura 1 foram destacados em vermelho os principais riscos que abrangem atualmente o município de Camboriú, os quais serão aprofundados no presente estudo, em função da suscetibilidade e do dano econômico e social nas áreas passíveis de serem afetadas.

A publicação organizada pela Internacional Strategy for Disaster Reduction – ISDR, “Living with Risk: a global review of disaster

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reduction initiatives” (Organização das Nações Unidas – ONU, 2004), tratando sobre as iniciativas globais de redução de desastres, define que dois elementos são essenciais na formulação do Risco: o Perigo (hazard) de se ter um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danosa e a Vulnerabilidade, ou seja, o grau de suscetibilidade do elemento exposto ao perigo. O risco pode ser exposto pela seguinte notação:

Figura 2: Parâmetros que envolvem uma análise de risco.

Fonte: Adaptado de Smith (2000).

Em relação a vulnerabilidade, considerada como elemento chave da equação de risco, o ISDR tem acompanhado com interesse a associação da capacidade positiva da população em enfrentar os desastres naturais com o impacto dos perigos. A vulnerabilidade é um reflexo das condições físicas, sociais, econômicas e ambientais, as quais aumentam a suscetibilidade de uma comunidade ao impacto do perigo (ONU, 2004).

Para o ISDR, a avaliação do risco envolve o uso sistêmico de informações para determinar a probabilidade de que certos eventos ocorram e a magnitude de suas possíveis consequências. Como procedimento geral, inclui os seguintes passos:

a) Identificação da natureza, localização, intensidade e probabilidade de uma ameaça ou perigo;

b) Determinação do grau de vulnerabilidade e exposição aos perigos;

c) Identificação das capacidades e recursos para tratar ou gerenciar os perigos;

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d) Determinar o nível de risco aceitável.

A composição de risco e vulnerabilidade é expressa na fragilidade do ambiente e deve ser considerada numa análise de risco nas áreas de encosta em relação aos deslizamentos. O risco resulta da interação de vários agentes predisponentes, destacando-se as características do meio físico (geologia, morfologia, hidrologia e clima) que expressam suscetibilidade e alteração antrópicas (densidade ocupacional, infraestrutura urbana e tipologia das edificações, que por sua vez, expressam a vulnerabilidade quando analisadas (ALHEIROS, 2011).

No Brasil, o desenvolvimento de estudos para a avaliação de riscos geológicos ganhou maior destaque a partir da década de 90, em trabalhos produzidos na área da Geologia Aplicada, como se constata nos anais das principais reuniões científicas relacionadas com Geotecnia: Simpósio Latino-Americano sobre Risco Geológico Urbano (1990, 1992); Conferência Brasileira sobre Estabilidade de Encostas (a partir de 1992).

Carvalho e Galvão (2006) reconhecem que os principais fenômenos relacionados a desastres naturais no Brasil são os deslizamentos e as inundações, associados a eventos de chuvas intensas e prolongadas. As inundações são os processos que causam maiores perdas econômicas e impactos na saúde pública, porém são os deslizamentos que envolvem o maior número de vítimas fatais.

O item a seguir, apresenta uma revisão bibliográfica sobre os processos de movimentos gravitacionais de massa com ênfase nos deslizamentos, abordando a classificação dos diferentes tipos, os agentes e as causas e os condicionantes desses processos.

2.2 MOVIMENTOS DE MASSA GRAVITACIONAIS

A ocorrência de acidentes ocasionados por movimentos gravitacionais de massa, envolvendo os deslizamentos em encostas urbanas têm se tornado frequente nas regiões brasileiras.

Esta pesquisa está voltada para riscos geológicos associados aos movimentos de massa gravitacionais, ou deslizamentos, no seu sentido amplo, assim como foi definido por Cruden (1990). Segundo este autor, o deslizamento é um movimento de rocha, terra ou detritos encosta abaixo.

O estudo dos processos a desastres naturais associados ao movimento de massa gravitacional e de transporte, bem como seus agentes atuantes na evolução do relevo se fazem necessários.

(35)

No presente trabalho, os principais processos utilizados na identificação e análise dos deslizamentos foram definidos com base no trabalho de Augusto Filho (1992) e estão indicados na Tabela 1.

Tabela 1: Tipos e características dos processos de deslizamentos.

PROCESSOS DINÂMICA/GEOMETRIA/MATERIAL

Rastejos

(creep)

 Vários planos de deslocamento (internos);  Velocidades muito baixas a baixas (cm/ano)

e decrescentes com a profundidade;

 Movimentos constantes, sazonais e intermitentes;

 Solo, depósito, rocha alterada/fraturada;  Geometria indefinida.

Escorregamentos

(slides)

 Poucos planos de deslocamento (externos);  Velocidades média (m/h) a alta (m/s);  Pequenos a grandes volumes de material;  Geometria e materiais variáveis:

Deslizamento Planar – solos pouco espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza;

Deslizamento Circular – solos espessos homogêneos e rochas muito fraturadas;

Deslizamento em Cunha – solos e rochas com dois planos de fraqueza.

Quedas

(falls)

 Sem planos de deslocamento;

 Momentos tipo queda livre ou em plano inclinado;

 Velocidades muito altas (vários m/s);  Material rochoso;

 Pequenos e médios volumes;

 Geometria variável: lascas, placas, blocos, etc;

 Rolamento de matacão;  Tombamento.

Corridas

(flows)

 Muitas superfícies de deslocamento;

 Movimento semelhante ao de um líquido viscoso;

 Desenvolvimento ao longo das drenagens;  Velocidades médias a altas;

 Movimentação de solo, rocha, detritos e água;

 Grandes volumes de material;

 Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas.

(36)

A medida que a força gravitacional supera o atrito interno das partículas, a massa de solo movimenta-se encosta abaixo. Esses movimentos gravitacionais de massa relacionam-se com a infiltração de água e a saturação do solo das encostas, o que provoca diminuição ou perda total do atrito entre as partículas. Por esse motivo, no Brasil, os deslizamentos são nitidamente sazonais e guardam efetiva relação com os períodos de chuvas intensas e concentradas (CASTRO, 2003).

Os movimentos de massa gravitacionais mais frequentes na região sul do Brasil, são os deslizamentos, que equivale o landslide da língua inglesa. De acordo com a definição de Guidicini e Nieble (1984), deslizamentos são movimentos rápidos, de extensão geralmente curta, de massas de terreno relativamente bem definidas quanto ao seu volume, do qual o centro de gravidade se transfere para fora do talude.

Os deslizamentos são classificados com base na forma do plano de ruptura e no tipo de material mobilizado. Quanto à forma do plano de ruptura os deslizamentos dividem-se em rotacionais e translacionais. O material movimentado pode ser constituído por solo, rocha, ou por uma mistura de solo e rocha ou até mesmo por lixo doméstico (FERNANDES et al., 2001).

Para os autores Infanti Jr. e Fornasari Filho (1998), os deslizamentos podem ser subdivididos em três tipo: deslizamentos rotacionais ou circulares, deslizamentos translacionais ou planares e, deslizamentos em cunha, como demonstra a Figura 3.

Figura 3: Principais tipos de deslizamentos.

(37)

Deslizamentos rotacionais ocorrem geralmente em taludes mais íngremes em extensão relativamente limitada, tem como peculiaridade movimentos giratórios que formam uma ruptura em curva. Inicia-se com a erosão causada pela chuva “pé” das montanhas, morros, etc. e cortes feitos nas encostas por meio da ação humana (GUIDICINI; NIEBLE, 1984).

Os deslizamentos translacionais ou planares são os mais frequentes entre todos os movimentos de massa gravitacionais. Formam superfícies de ruptura planar associadas às anisotropias acentuadas presentes nos solos e/ou rochas que, em geral, representam interrupções mecânicas e/ou hidrológicas provenientes de procedimentos geológicos, geomorfológicos ou pedológicos. Caracterizados por serem deslizamentos rasos, com o plano de ruptura, em sua maioria, de 0,5 a 5,0m de profundidade e com maiores extensões de comprimento (FERNANDES et al., 2001).

Nos deslizamentos translacionais de solo os movimentos ocorrem ao longo de uma superfície plana conservada a uma determinada feição fundamental do substrato. Em geral, o deslocamento é de curta duração, de elevada velocidade e com grande efeito destrutivo. Os deslizamentos translacionais associados com maior quantidade de água, podem passar a rastejo após a acumulação do material movimentado no pé da vertente (GUIDICINI; NIEBLE, 1984).

Segundo Tominaga et al. (2009), os deslizamentos em cunha são a união de duas estruturas de rompimento planar, formando assim o deslocamento de um prisma onde as duas linhas se encontram. São mais comuns em encostas que foram cortadas ou sofrerem algum tipo de escavação e/ou perfuração.

A identificação da tipologia é de fundamental importância para o entendimento das causas dos fenômenos ocorridos (CEPED/UFSC, 2009). Assim, ao conhecer as causas, procura-se alcançar, por meio do entendimento dos processos envolvidos, respostas às questões: por que ocorrem os deslizamentos, quando, onde e quais são seus mecanismos, permitindo a predição da suscetibilidade (VARNES, 1978).

Para elucidar sobre os processos de deslizamentos, o item a seguir, apresenta uma revisão bibliográfica sobre os fatores que causam a deflagração dos movimentos de massa gravitacionais.

2.2.1 Fatores para deflagração dos movimentos de massa gravitacionais

(38)

Os fatores condicionantes para a deflagração dos movimentos de massa gravitacionais correspondem aos elementos do meio físico e meio biótico os quais contribuem para o desencadeamento do processo, os quais Guidicini e Nieble (1984) denominaram de agentes predisponentes.

Os agentes predisponentes são um conjunto de condições intrínsecas do meio físico natural, podendo ser diferenciados em complexo geológico-geomorfológico e complexo hidrológico-climático na área onde se desenvolve o movimento de massa gravitacional.

Guidicini e Nieble (1984) definiram os condicionantes dos processos de movimento de massa com causas e agentes. Dentre os agentes, os referidos autores distinguiram entre agentes predisponentes e efetivos preparatórios e efetivos imediatos; subdividindo as causas em internas, externas e intermediárias. Quanto às causas, estas podem ser classificadas conforme sua posição com relação ao talude, apresentados no Quadro 1.

Quadro 1: Agentes e causas dos deslizamentos e processos correlatos. AGENTES / CAUSAS DOS DESLIZAMENTOS

AGENTES Predisponentes Complexo geológico, climático-hidrológico, morfológico, gravidade, calor solar, tipo de vegetação original.

AGENTES Efetivos Preparatórios Pluviosidade, erosão pelo

vento, mananciais, dissolu ção química, oscilação do nível do lençol freático, a- ção de animais e humana. Imediatos Chuvas intensas, fusão de

gelo e neve, terremotos,

erosão, ondas, ventos, ação

humana.

CAUSAS Internas Efeitos das oscilações térmicas;

Redução dos parâmetros de resistência por intemperismo.

CAUSAS Intermediárias Elevação do nível piezométrico em “massas” homogêneas;

Elevação da coluna de água em

descontinuidades;

(39)

Erosão subterrânea retrogressiva (piping); Diminuição do efeito de coesão aparente.

CAUSAS Externas Mudanças na geometria dos sistemas; Efeitos de vibrações;

Mudanças na inclinação das camadas. Fonte: Modificado de Guidicini e Niebel (1984), apud Augusto Filho (1992).

Apesar de se encontrarem diferenças na consideração dos fatores que contribuem para os movimentos gravitacionais de massa entre autores, a maior parte concorda que os principais condicionantes destes processos são os relacionados com a geologia, geomorfologia, aspectos climáticos e hidrológicos, vegetação e ação antrópica relativa às formas de uso e ocupação do solo, por exemplo: Guidicini e Nieble, 1984; Fernandes e Amaral, 1996; Augusto Filho, 2001; Tominaga et al., 2009.

O Quadro 2 identifica os fatores preponderantes de suscetibilidade e vulnerabilidade a deslizamentos, segundo orientação de Margareth Alheiros, 1998.

Quadro 2: Fatores de suscetibilidade e vulnerabilidade a deslizamentos.

Geológicos - Litologia;

- Textura;

- Pré-adensamento.

Densidade Populacional

Morfológicos - Altura da encosta;

- Forma da encosta; - Extensão da encosta; - Declividade da encosta; - Sinuosidade da encosta. Equipamentos Públicos

Climáticos - Chuva acumulada; - Chuva concentrada; - Umidade; - Temperatura. - Viária; - Água; - Esgoto; - Energia;

Hidrológicos - Densidade da rede de drenagem;

- Concentração das linhas d’água;

- Altura do nível freático.

- Drenagem.

Antrópicos - Densidade populacional; - Frequência de cortes e aterros;

- Lançamento de águas servidas;

- Fossas nas encostas; - Lançamento de lixos nas

Tipologia das Edificações F a to re s de Suscet ibilida de F a to res de V ulnera bilid a de R ed e In fr ae str u tu ra

(40)

encostas e linhas de drenagem.

Fonte: Adaptado de Alheiros (1998).

A sequência da pesquisa esclarece os conceitos relacionados aos fenômenos hidrológicos, condicionantes geológicos e geomorfológicos da bacia hidrográfica, bem como, os fatores que resultam na erosão hídrica nos processos de desastres naturais.

2.2.1.1 Fenômenos hidrológicos e desastres naturais

A água é o principal deflagrador de deslizamentos nas encostas. Conjugados com as precárias moradias construídas com material e tecnologia construtiva inadequada em áreas geralmente de risco, associado ao processo de degradação e o limitado acesso à infraestrutura básica, resulta um quadro de fragilidade, vulnerabilidade e risco ambiental.

Os fenômenos de natureza hidrometeorológica fazem parte da dinâmica natural e ocorrem quase sempre deflagrados por chuvas rápidas e fortes ou por chuvas intensas de longa duração. Tais fenômenos são intensificados pelas alterações ambientais e intervenções urbanas produzidas pelo homem, através da impermeabilização do solo, retificação dos cursos d’água e redução no escoamento dos canais devido a obras ou por assoreamento (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2007).

Figura 4: Ciclo hidrológico.

(41)

A determinação da quantidade de água que irá infiltrar ou escoar pela superfície dependerá de diversos fatores, entre eles o volume e intensidade da chuva, características das encostas e propriedades dos solos.

Encostas de maior declividade aumentam o volume e a velocidade da enxurrada, pois não há tempo suficiente para que o solo absorva a quantidade de água. Assim, parte da água da chuva escola pela superfície e ocasiona o aumento da sua velocidade em função da gravidade (GUERRA; CUNHA, 2007).

2.2.1.2 Condicionantes geológicos e geomorfológicos da bacia hidrográfica

No desencadeamento de movimentos de massa gravitacionais, sob o aspecto geológico considera-se a composição físico-química das diferentes litologias, suas propriedades mecânicas, estruturais, geológicas e o grau de intemperismo. (TOMINAGA, 2009)

As fraturas e falhas representam importantes descontinuidades, tanto em termos mecânicos quanto hidráulicos. São identificados dois tipos de descontinuidades, as de origem tectônicas, geradas durante a fase de deformação de caráter rúptil e as atectônicas, formadas por alívio de tensão (FERNANDES; AMARAL, 1996).

Quanto aos aspectos geomorfológicos, considera-se parâmetros topográficos, tais como: declividade, forma da vertente (em planta e perfil), orientação das vertentes, consistência do solo, amplitude da vertente, elevação e depósito das vertentes (tálus/colúvio) (AUGUSTO FILHO, 1992).

A bacia hidrográfica ou de drenagem, é uma área da superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial. O limite de uma bacia de drenagem é conhecido como divisor de águas, como mostra a Figura 5 (GUERRA; CUNHA, 2007).

(42)

Fonte: Adaptado de Villela (1975), apud Cruz (2006).

As obras nas áreas de assentamentos precários urbanos provocam a obstrução da drenagem natural do terreno, levando a saturação do solo e a redução de sua resistência, fato este acentuado pelo lançamento de detritos e lixo no local, e pela incidência das chuvas de verão, muito recorrente nos meses de dezembro e janeiro.

2.2.1.3 Condicionantes da erosão hídrica

Na erosão hídrica, o processo erosivo tem início juntamente com a energia cinética e potencial, oriundas do impacto das gotas de chuva no solo (splash) e pela força cisalhante do escoamento superficial pelo fluxo concentrado (GUERRA et al., 2010).

Na ação do splash, ou salpicamento, as partículas do solo desagregadas ficam propensas ao transporte, além de acarretar o selamento do solo, diminuir a sua porosidade e aumentar o escoamento superficial das águas. Na medida em que os agregados do solo se rompem, o solo pode se compactar e dificultar a infiltração da água. Com a saturação hídrica do solo, poças podem se formar na superfície, aumentando o escoamento superficial (runoff) e acarretando na perda de solo (MARQUES, 2011).

Dependendo da intensidade e concentração do escoamento ao longo de uma vertente, o processo pode progredir para uma erosão laminar (em lençol), ou linear (sulcos, ravinas e voçorocas), conforme a Figura 6.

(43)

Fonte: Adaptado de Coutinho (2006).

Os diversos fatores naturais do meio ambiente, como clima, tipo de solo, relevo e vegetação, pode ser fator condicionante a uma séria de aspectos destrutivos, culminando em uma intensa degradação ambiental, além de desencadear processos erosivos.

A erosão hídrica depende de diversos fatores condicionantes, divididos em fatores antrópicos e naturais, como mostra o Quadro 3, a seguir.

Quadro 3: Fatores condicionantes antrópicos e naturais para erosão hídrica.

FATORES ANTRÓPICOS FATORES NATURAIS

- Desmatamento;

- Formas de uso da ocupação do solo (obras civis e urbanização); Intervenções inadequadas (aterros, má compactação, deficiente sistema de drenagem e traçado inadequado do sistema viário).

- Fatores Naturais: decorrem de chuvas concentradas associadas a outros elementos: cobertura vegetal, influência do relevo e morfologia da encosta.

Fonte: Adaptado de Ministério das Cidades (2007).

Geralmente o processo de deslizamento não pode ser unicamente coligado a um fator condicionante, sua deflagração é determinada pela associação de diversos fatores e efeitos.

O item a seguir, identifica a área de estudo do loteamento Jardim Denise, no bairro Rio Pequeno, do município de Camboriú/SC, bem como, a análise geomorfológica da região, reconhecendo sua declividade, hipsometria, relevo e geologia.

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2.3.1 Análise geomorfológica do município de Camboriú/SC

O município de Camboriú possui 211,6 km² e uma população estimada de 76.592 habitantes, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE do ano de 2016. Encontra-se a uma latitude sul de 27º01'31" e a uma longitude 48º39'16" oeste, estando a uma altitude de oito metros acima do nível do mar.

Figura 7: Localização do município de Camboriú/SC.

Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Camboriú (2016).

Situado entre montanhas que são continuidade da Serra do Mar, onde existem muitas exposições de granito e mármore, o município de Camboriú é formado por morros, planícies e vales, com uma infinidade de nascentes, diversos riachos calmos e de águas claras.

Localiza-se na parte norte do estado de Santa Catarina, na microrregião geográfica de Itajaí, que compõe a Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí – AMFRI. Esta associação engloba atualmente onze municípios: Balneário Camboriú, Camboriú, Bombinhas, Itajaí, Itapema, Ilhota, Luiz Alves, Navegantes, Penha, Piçarras e Porto Belo (Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Camboriú – PDDTC, 2012).

Camboriú limita-se ao norte com Balneário Camboriú e Itajaí, ao sul com Itapema, Canelinha e Tijucas, a leste com Balneário Camboriú e Itapema e a oeste com Brusque e Itajaí - Lei nº.11.340/2000, como demonstra a Figura 8, representando o Mapa 08 – Limites Urbanos de Camboriú/SC (PDDTC, 2012).

Este município está inserido na região metropolitana de Itajaí, uma das regiões de maior desenvolvimento em Santa Catarina. Situado a 15 km de Itajaí e a 3 km do centro de Balneário Camboriú, possui uma relação no diz respeito à utilização da água do Rio Camboriú, à mão de

(45)

obra e ao turismo, assim como também às áreas ociosas do município de Camboriú, valorizadas pela crescente especulação imobiliária de Balneário Camboriú (PDDTC, 2012).

O significado do nome Camboriú é de origem tupi-guarani e vem do termo original CAMBORIGUASSU. Segundo documentos datados desde 1501, conforme aponta Rebelo (1997), “Cambori” é o nome do peixe robalo, e o sufixo “u” significa criadouro desta espécie.

Camboriú se insere ao norte do estado de Santa Catarina, na microrregião geográfica de Itajaí, onde predominam litologias com características e idades variáveis, como as Encostas Erosional-Coluviais, pertencentes às formações geológicas Suíte Intrusiva Valsungana do Complexo Metamórfico Brusque e; o Fundo de Vales Aluviais-Coluvais pertencentes à formação geológica Sedimentos Continentais em Depósitos Aluvionares Atuais e Marinhos inconsolidados, caracterizados por uma zona de transcorrência intensa, com falhas de alto grau (PDDTC, 2012).

Estas características estruturais, aliadas à heterogeneidade litológica dada pela clorita, micaxistos, filitos, mármores e quartzitos, denotam alta fragilidade potencial a esta unidade. A elevada quantidade de descontinuidades litológicas permite o desenvolvimento de uma rede de drenagem efetiva. As descontinuidades litológicas são compensadas pela estrutura mineralógica, com o predomínio de resistatos (minerais mais resistentes ao intemperismo). Como resultado, ocorrem encostas com declives mais suaves, denominadas Encostas Erosional-Coluviais, denotando em geral, áreas de fragilidade geotécnica baixa a média (Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina, 2016), demonstradas na Figura 9, através do Mapa 04 – Fisiografia de Camboriú/SC (PDDTC, 2012).

Os processos erosivos (perdas) e coluviais (acúmulo) que se apresentam na área, é o que determinaram a feição atual desta paisagem. As diferentes declividades, a variação de áreas erosionais e coluviais associadas aos comprimentos de rampa variáveis determinaram a forma e o comportamento desta subpaisagem (PDDTC, 2012).

Tanto nas áreas erosionais como nas áreas coluvionais, os solos relevantes são representados por Podzólicos Vermelho-Amarelos e Cambissolos. Nas áreas erosionais, face à remoção constante de material por força de erosão, apresentam-se solos mais rasos ocorrendo pedregosidade superficial, abundante em alguns locais, principalmente em áreas desmatadas, uma vez que esta prática propicia perdas consideráveis de solo por erosão (PDDTC, 2012).

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Figura 10: Vista aérea do município de Camboriú/SC.

Fonte: Adaptado de Google Earth (2016).

Na classificação de Köppen, o clima do município de Camboriú pode ser classificado como subtropical mesotérmico, com verões quentes e sem estação seca, com uma temperatura média de 19,5°C, sendo considerados os meses mais quentes janeiro e fevereiro, e os mais frios, junho e julho (SANTOS, 1997).

A precipitação total anual da região é de 1.600,4 mm, com a seguinte distribuição: 33% no verão, 25% no outono, 18% no inverno e 24% na primavera. Os meses mais chuvosos são janeiro, fevereiro e março, sendo fevereiro o mês de maior precipitação média mensal, com valor de 197,8 mm. A média anual da umidade relativa é de 86,5%, os maiores valores ocorrem à noite quando se aproxima de 100%, conforme relata o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catariana – CIRAM (1999).

O município de Camboriú encontra-se em uma região onde o relevo tem grande influência na conformação do espaço e em seus usos. Confrontada por extremas altitudes, de 8 a 720 metros, são evidentes as diferenças existentes (CIRAM, 1999).

A Figura 11 e Tabela 2 representam o mapa de declividade do município com a indicação do Ponto de Estudo 01 – Loteamento Jardim Denise, pode-se diferenciar com maior clareza as áreas com restrições geotécnicas e legais para ocupação urbana do município e, assim, definir o potencial territorial da área para exploração antrópica.

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Figura 11: Mapa de Declividade do município de Camboriú/SC.

Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM (2012). Tabela 2: Declividade do município de Camboriú.

INCLINAÇÃO (%) ÁREA (%) 0% a 30% 29% 30% a 45% 7% 45% a 100% 50% Acima de 100% 14% TOTAL 100%

Fonte: Secretaria de Planejamento, Indústria, Comércio e Turismo; Prefeitura Municipal de Camboriú – PMC (2006).

A singularidade existente na geomorfologia do município de Camboriú através de planícies e em outros momentos vastas elevações, reflete a importância da análise altimétrica deste território através de sua hipsometria nesta pesquisa. A partir destes dados, através do Mapa de Hipsometria (Figura 12) e da Tabela 3, obteve-se informações essenciais para análise ambiental do local de estudo.

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Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM (2012). Tabela 3: Hipsometria do município de Camboriú.

ALTITUDE (metros) ÁREA (%)

0 a 100 40,18%

100 a 200 19,33%

200 a 300 15,47%

300 a 400 10,57%

ALTITUDE (metros) ÁREA (%)

400 a 500 7,89%

500 a 600 5,45%

600 a 700 1,11%

TOTAL 100%

Fonte: Secretaria de Planejamento, Indústria, Comércio e Turismo; Prefeitura Municipal de Camboriú - PMC (2006).

Considerando o Código Florestal vigente, a limitação quanto aos morros tão presentes na paisagem camboriuense, denominadas Áreas de Preservação Permanente – APP’s, devem utilizar-se de seu topo, ou seja, 1/3 superior dos morros, montanhas, montes e serras. Na Figura 12, constata-se que 50% do território municipal está localizado em áreas onde são vedadas a ocupação e construção. A Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente determina que 172 km² (83%) do território são constituídos de mata nativa ou em estado de regeneração, localizadas predominantemente sobre estes morros.

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Através do mapa do relevo sombreado, Figura 13, pode-se diferenciar as áreas com restrições geotécnicas e legais para ocupação urbana do município. Percebe-se que a grande maioria do território municipal possui declividade acima de 45° ou 100% de inclinação, sendo que nessas áreas não se permite qualquer forma de parcelamento do solo, edificações e construções, e derrubada de florestas (PDDTC, 2012).

Figura 13: Relevo sombreado do município de Camboriú/SC.

Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM (2012).

O relevo é constituído de superfícies planas e onduladas originárias do complexo de formas do modelado litorâneo e de superfícies onduladas e montanhosas, serras cristalinas de embasamento cristalino, formando o escudo cristalino. Composto por Planícies Colúvio-Aluvionar, que correspondem às áreas planas situadas junto aos rios, periodicamente inundadas (SANTOS, 1997).

Na Figura 14, o relevo variando de plano ao fortemente ondulado, é representado pelas planícies fluviais e por elevações como o Morro dos Macacos, Morro do Areal, Morro do Encano, Pico de Pedra e Morro do Cantagalo, elevações que fazem parte das Serras do Leste Catarinense, onde existem jazidas de granito e mármore (SANTOS, 1997).

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Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM (2012).

Sauer (2003), em seu discurso sobre paisagem, aponta que “não podemos formar uma ideia de paisagem a não ser em termos de suas relações vinculadas ao espaço” e neste sentido os estudos geomorfológicos são a base para compreensão dos processos interatuantes no espaço geográfico.

A geomorfologia do município de Camboriú abriga morros com vertentes convexas geralmente florestadas. Alguns morros já sofreram ocupação antrópica gerando áreas de risco. Nos casos analisados, com ocorrência de risco a ocupação em geral está localizada no terço inferior a partir do sopé e, às vezes atingindo até a meia encosta. As declividades encontradas nestas encostas variam até 35%, nelas são realizados cortes para ocupação que compõem taludes subverticais fragilizando-as. Estas condições somadas ao solo areno-argiloso predominante e a retirada da vegetação formam o cenário de condições naturais para a ocorrência de deslizamentos de solo (CPRM, 2012).

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Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM (2012).

O Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial do município de Camboriú - PDDTC, identifica problemas ambientais, dentre eles a poluição, o desmatamento, reflorestamento com espécies exóticas e a erosão. As agressões ao meio ambiente são de ordem política, econômica e cultural.

O tecido urbano de Camboriú, começou a se formar com o início da colonização da região, a partir do século XIX. Com características portuguesas, o município cresceu a partir da praça cívica, onde se localiza a igreja e o paço municipal, e pelo crescimento linear ao longo dos eixos paralelos aos cursos d’água, antigos caminhos que hoje estruturam o sistema viário.

O início da ocupação de solo no município foi aleatória e baseou-se na exploração desordenada da terra próximo ao Rio Camboriú, baseou-sendo extraído tudo que tivesse algum tipo de aproveitamento econômico. Em uma fase subsequente, a ocupação do território começou a se interiorizar e se difundir em pequenos núcleos que começaram a formar localidades mais afastadas do rio devido suas margens já estarem ocupadas, tendo como consequência comunidades isoladas, ainda hoje fora da área central de Camboriú.

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O município de Camboriú começou a sofrer um crescimento desordenado devido aos grandes problemas oriundos das ondas migratórias e ao alto crescimento populacional da região. Pode ser verificado na Figura 16, no Mapa 05 – Restrições Legais de Camboriú/SC, que a ocupação em terras históricas do município e os avanços recentes da urbanização levaram à consolidação de núcleos densamente povoados e ocupações dispersas em locais que legalmente constituem-se em APP’s.

A tendência de ocupação irregular de encostas tem um impacto negativo na qualidade do ambiente e de vida, não somente em termos paisagísticos como também no aumento da poluição da rede de drenagem de água, erosão, desmatamento e deslizamentos. A degradação ambiental juntamente a outras ações como abertura de novas estradas e incêndios florestais, o desmatamento e o movimento de terra sem orientação técnica adequada reflete o descaso por parte da população na preservação ambiental.

A negligência em relação à organização e à fiscalização por parte do setor público, principalmente em função da falta de infraestrutura urbana, vem agravando os problemas e criando situações críticas ao meio ambiente e à população.

A gestão dos terrenos deve contemplar a avaliação do impacto da ação antrópica nas modificações causadas ao ambiente, para então determinar uma faixa de ocupação aceitável, indicando quais as medidas e recomendações a serem adotadas para minimizar as alterações e os impactos ambientais.

Para a delimitação dessas áreas é essencial o levantamento das condicionantes do meio físico, como o solo, o relevo e a rocha, além da análise dos processos que atuam no meio a ser investigado, como a erosão, o assoreamento, as áreas de inundação e a instabilidade de encostas, assim como os impactos associados.

Neste contexto, o mapeamento geotécnico pode ser definido como uma metodologia, em que sob a forma de um mapa são representadas as principais características geomecânicas do solo, podendo ser utilizado na previsão do comportamento de polígonos de solos chamados de unidades geotécnicas, o que possibilita a sua aplicação em projetos ambientais e de engenharia (HIGASHI et al., 2015).

O relatório realizado pelo Laboratório de Mapeamento Geotécnico da Universidade Federal de Santa Catarina – LAMGEO/UFSC, desenvolvido por Higashi et al. (2015), apresenta o mapeamento geotécnico detalhado para a área de expansão urbana do

(53)

município de Camboriú, tendo como base a metodologia de Davison Dias (1995).

A metodologia de mapeamento geotécnico para áreas extensas sugerida por Davison Dias (1995) baseia-se na formulação de um mapa temático geotécnico, onde os mapas litológicos, oriundo de um mapa geológico, e pedológico são utilizados para a formulação de unidades geotécnicas (polígonos) com estimativas de comportamento geomecânico semelhante.

Uma vez que os solos, de uma maneira geral, ocorrem compondo unidades ou seções delimitáveis por meio de características morfológicas dos horizontes pedológicos, e características físicas e químicas, a constatação da uniformidade das características geomecânicas podem ser estimadas com base em ensaios geotécnicos em campo ou em laboratório.

Por meio da geomorfologia, norteada pela pedologia, o mapa possibilita a modelagem de sequências topográficas típicas para cada região de estudo, baseada em curvas de nível e geologia local. Levando-se em consideração que existem variações dos tipos de solos de acordo com a declividade, indiretamente esta metodologia utiliza-se das feições de relevo (landforms) de Zuquette (1987) para caracterizar o solo.

A metodologia de Davison Dias (1995), pode ser expressa resumidamente em passos da seguinte forma, por Higashi et al. (2015):

a) Análise de Levantamentos Pedológicos existentes (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, IBGE, Projeto Radar da Amazônia – RADAMBRASIL ou outros). b) Análise de Levantamentos Geológicos (CPRM ou outros); c) Análise de Mapas Topográficos (Exército) ou de prefeituras

que podem estar em escalas 1:25.000 ou até maiores.

d) Estudo de fotografias aéreas e imagens de satélite. Verificações de jazidas para estudos posteriores de campo. e) Execução de um mapa de declividade. Adoção dos limites

estabelecidos pela EMBRAPA (1999): 0 a 3%, 3 a 8%, 8 a 20%, 20 a 45, 45 a 75%, e maior que 75% (Tabela 4).

Tabela 4: Classes de Relevo baseado no Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos.

CLASSES DE RELEVO DECLIVIDADE (%)

Plano 0 a 3%

Suave ondulado 3 a 8%

Referências

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