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A adesão ao Programa Hiper Dia na Estratégia Saúde da Família: Dificuldades e desafios: Realidade em um minicípio no interior bahiano

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LINHAS DO CUIDADO EM ENFERMAGEM: DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS

A ADESAO AO PROGRAMA HIPER DIA NA ESTRATEGIA SAUDE DA FAMILIA: DIFICULDADES E DESAFIOS: REALIDADE EM UM MUNICIPIO NO INTERIOR BAHIANO

FERNANDA DE ANDRADE CARVALHO

FÁTIMA- BAHIA 2014

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A ADESAO AO PROGRAMA HIPER DIA NA ESTRATEGIA SAUDE DA FAMILIA : DIFICULDADES E DESAFIOS: REALIDADE EM UM MUNICIPIO NO INTERIOR BAHIANO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina, com intuito de obtenção do titulo de Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis.

Orientador (a): Luciara Fabiane Sebold

Coordenação Geral: Vânia Backes

Fátima - Bahia 2014

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“Veja o que todos viram, mas pense o que ninguém jamais pensou.”

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Dedico este trabalho á Equipe Municipal de Saúde de Fátima, pelo incentivo, dedicação e parceria.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela presença constante em minha vida, me dando forças para superar todas as dificuldades.

Aos meus Pais, pelo apoio incondicional.

Ao meu filho por suporta minha ausência nas horas dos estudos, momento antes dedicado a ele. A Equipe de Saúde de Fátima pelas palavras de incentivo e carinho.

A Equipe de Coordenação dessa especialização pela dedicação, pela paciência, companheirismo e profissionalismo na transmissão de conhecimentos.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente participaram comigo dessa jornada. O meu muito obrigado!

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Objetivo Geral: Analisar a adesão ao Programa HIPERDIA em uma Unidade de Saúde da Família do município de Fátima - Bahia. Específicos: Descrever a concepção dos usuários e profissionais acerca do acompanhamento no Programa HIPERDIA conforme estratégia do Ministério da Saúde. Identificar as dificuldades e facilidades da ESF no desenvolvimento do Programa HIPERDIA na UBS na visão dos profissionais de saúde. Pesquisa qualitativo-exploratória do material buscou-se realizar uma articulação entre objetivos e descrição literária, resultando na delimitação de dois eixos temáticos para estudo: concepção de profissionais (Enfermeiros e ACS) e usuários acerca do programa HIPERDIA; dificuldades e facilidades no desenvolvimento do programa na ESF na visão dos profissionais da equipe. A pesquisa desenvolveu-se no município de Fátima, especificamente na Unidade de Saúde da Família Sede do município, onde funcionam duas ESF, atendendo uma população de cerca de 7312 pessoas, correspondendo a cerca de 40% da população total. Desses 755 são portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica e 209 são portadores de Diabetes Mellitus. Após abordagem realizada no presente estudo e seus respectivos resultados, nota-se a importância da Estratégia Saúde da Família no desenvolvimento do Programa HIPERDIA. Importância essa traduzida nas estratégias usadas para adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico, bem como na redução de complicações provenientes dessas patologias, à medida que se atua na prevenção e controle dessas patologias. Constataram-se as concepções dos profissionais e usuários acerca do Programa, bem como as dificuldades e potencialidades encontradas no desenvolvimento das atividades relacionadas ao acompanhamento de hipertensos e diabéticos. É notável a necessidade da equipe multiprofissional, do desenvolvimento das atividades em educação e saúde, da disponibilização de medicações e exames para os usuários como meios de captação e fidelidade dos usuários ao programa.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO...8

2. OBJETIVOS...10

2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA...11

2.1 A Estratégia Saúde da Família...11

2.1. As Doenças Crônicas não Transmissíveis no âmbito da Atenção Básica...14

3.2.1 A Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS...15

3.2.2. Diabetes Mellitus - DM...17

3. METODOLOGIA...19

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS...21

4.1 Caracterizando os sujeitos da pesquisa...21

4.2 Concepção de profissionais (Enfermeiros e ACS) e usuários acerca do programa HIPERDIA 22 4.3 Dificuldades e facilidades no desenvolvimento do programa HIPERDIA na ESF na visão dos profissionais da equipe...24

5 CONSIDERAÇOES FINAIS...29

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...30

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1. INTRODUÇÃO

A efetiva implementação do Sistema Único de Saúde – SUS, tem se constituído em um grande desafio para gestores, profissionais de saúde e sociedade. O processo de descentralização e municipalização da saúde permitiu uma melhor visualização dos problemas enfrentados, bem como as possibilidades de intervenção (PAIM, 2009).

Nesse contexto a Estratégia de Saúde da Família (ESF), surgida em 1994, vem se consolidando como uma estratégia de reorientação das praticas assistenciais aproximando os serviços de saúde da população, buscando a valorização dos diversos saberes e praticas resultando em uma abordagem mais integral e resolutiva (BRASIL, 2001).

Sabe-se que a implementação do ESF ocorreu de maneira bastante diversidade em todo país e um dos principais fatores que contribuiu para esse fato, foi a territorialização ser um dos principais eixos de estruturação do programa (FELISBERTO, 2003).

A ESF propõe um novo modelo de cuidar da saúde, tendo a família como objeto de atenção considerando-a em seu contexto social econômico e cultural; estabelece que uma equipe multiprofissional seja responsável pela saúde da população adstrita nas ações de promoção, prevenção e tratamento da saúde e composta por médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagem, dentista e agentes comunitários de saúde (BRASIL, 1997).

Dentre os diversos programas existentes na ESF, temos o Programa de Hipertensão e Diabetes (HIPERDIA), criado através da Portaria n° 371/ GM em março de 2002, por um Plano de Reorganização da Atenção em HAS e DM, estabelecendo metas e diretrizes para ampliar ações de prevenção, diagnostico, tratamento e controle dessas doenças, mediante a reorganização do trabalho de atenção em saúde.

Atualmente, as doenças crônicas não transmissíveis – DCNT, em especial a HAS e DM, trazem consequências humanas, sociais e econômicas preocupantes, como o aumento da mortalidade, expectativa de vida reduzida, crescente custos do tratamento das doenças, complicações, internações hospitalares aumentando assim os gastos com a área curativa (BRASIL, 2013).

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Nesta perspectiva é que se vê a necessidade de implementação de diversas estratégias de saúde publica, economicamente eficazes para prevenir a HAS, DM e suas complicações, através do cuidado integral a esses agravos de forma resolutiva e com qualidade, desenvolvendo modelos de atenção a saúde que incorporem estratégias individuais e coletivas a fim de melhorar a qualidade da atenção e alcançar o controle adequado da população de risco (BRASIL, 2013).

Seguindo a afirmação de Takeda (2006), onde diz que os serviços de saúde têm como objetivo promover a saúde e responder as necessidades de saúde da população, e ainda analisando o desenvolvimento do Programa HIPERDIA na ESF do município de Fátima é que se vê a necessidade de traçar um Projeto de intervenção onde sistematize e aumente a adesão dos usuários ao programa.

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2. OBJETIVOS

 GERAL: Analisar a adesão ao Programa HIPERDIA em uma Unidade de Saúde da Família do município de Fátima - Bahia.

 ESPECÍFICOS:

 Descrever a concepção dos usuários e profissionais acerca do acompanhamento no Programa HIPERDIA conforme estratégia do Ministério da Saúde.

 Identificar as dificuldades e facilidades da ESF no desenvolvimento do Programa HIPERDIA na UBS na visão dos profissionais de saúde.

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2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

2.1 A Estratégia Saúde da Família

A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnostico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em quem vivem. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e de coordenações do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2006).

A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável; A Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2006).

Essa estratégia (ESF) foi iniciada em junho de 1991, com a implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Em janeiro de 1994 foram formadas as primeiras equipes, incorporando a atuação dos agentes numa proporção media de um agente comunitário para 575 pessoas acompanhadas (COSTA, 2004).

A ESF foi considerada um programa que contribuiria para o desenvolvimento dos sistemas locais de saúde, promoveria atenção primária de boa qualidade, com participação da comunidade na construção de um novo setor de saúde (CAMPOS, 2008).

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realizar atenção continua nas especialidades básicas, com uma equipe multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde, características do nível primário de atenção (COSTA, 2004).

Para o alcance dos objetivos propostos pela ESF – prestar assistência integral, contínua, com resolutividade e boa qualidade; intervir sobre os fatores de risco aos qual a população está exposta; humanizar as práticas de saúde; proporcionar o estabelecimento de parcerias através do desenvolvimento de ações intersetoriais; contribuir para democratização do conhecimento do processo saúde - doença; fazer com que a saúde seja reconhecida como direito de cidadania; estimular o controle social (BRASIL, 1997) – a mesma necessita de uma composição multidisciplinar, com medico, dentista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde.

O objetivo da ESF é a reorganização da pratica assistencial em novas bases e critérios em substituição ao modelo tradicional de assistência orientando para a cura das doenças e realizado principalmente em hospital. Nessa estratégia, a atenção á saúde esta centrada na família, entendida e percebida a partir de seu ambiente físico e social. Isso possibilita ás equipes de saúde da família uma compreensão ampliada do processo saúde e doença e da necessidade de intervenções que vão além das práticas curativas (MATOS, 2006).

Visto que o processo saúde-doença é socialmente definido, torna-se prioritário um amplo modelo de saúde, que considere o indivíduo como um todo, participante de uma família, uma comunidade e um grupo de trabalho; que o reconheça enquanto residente de um território vivo, pulsante, com constantes movimentos e que sofre a influência do meio político, econômico, cultural e epidemiológico (MENDES, 1999).

Conforme descrito no Anexo I da Portaria 2488/2011 são inúmeras as atribuições da equipe que compõe a ESF; atribuições essas que podem ser comum a todos os profissionais ou especificas de cada um. Dentre as atribuições comuns a todos os profissionais que compõe a ESF, destaca-se: participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação; realizar o cuidado em saúde da população adscrita, prioritariamente na UBS, no domicilio e nos espaços comunitários; realizar ações de atenção integral; realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos; realizar escuta qualificada das necessidades dos usuários; responsabilizar-se pela população adscrita; participar das atividades de planejamento e avaliação das ações; promover a mobilização e participação da comunidade; identificar

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parceiros e recursos na comunidade para potencializar ação; garantir qualidade do registro das atividades; participar das atividades de educação permanente; realizar ações definidas como prioridade local; garantir assistência individual e ou coletiva as necessidades dos usuários no âmbito da atenção básica (BRASIL 2011).

Os resultados gerados pelas equipes que compõem o ESF/PACS são lançados no Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB e em outros sistemas complementares: SISPF, SISPRE, SISVAN, SISCOLO, SISMAMA, HIPERDIA, SIA, API, CNES. Esses são instrumentos que possibilitam o acompanhamento, o monitoramento e o planejamento dos trabalhos desenvolvidos pelas equipes bem como das condições de saúde da clientela atendida (BRASIL, 2006).

De acordo com MATOS (2006), a Estratégia Saúde da Família tem demonstrado seu potencial na reorientação da atenção básica no nível local e municipal, isto porque esta proposta, ao romper com os modelos de atenção predominantes, fortalece os princípios do SUS, na construção de modelos de atenção á saúde mais resolutiva e humanizada.

2.1. As Doenças Crônicas não Transmissíveis no âmbito da Atenção Básica

As transições demográfica, nutricional e epidemiológica, identificadas nos século passado, foram determinantes de um perfil de risco para a saúde: a alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, as quais geram impacto na morbimortalidade da população (FERREIRA, FERREIRA 2009).

Mendes (2007) define como sendo DCNT, uma condição crônica incapacitante que requer longo tempo de cuidado, bem como, ação continua e concomitante de prevenção primaria, secundaria e serviço de reabilitação. Na doença crônica, o processo de cura é muito lento, ou mesmo, inexistente com a idade, gerando incapacidade residual e, algumas vezes, frequentes recorrências da doença.

No Brasil, a HAS representa um grave problema de saúde publica, devido a sua alta prevalência. Sabe-se que esta morbidade, acomete entre 15 á 20 % da população adulta, em plena fase reprodutiva, e mais de 50% em idosos. Quando associada ao tabagismo, a DM e a dislipidemia, constitui decisivo fator de risco para as doenças cardiovasculares, as quais são responsáveis aproximadamente por 30% das mortes (BRASIL 2013).

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assim como a HAS, representa um grande desafio para os sistemas de saúde de todo mundo. A HAS além de ser uma patologia altamente prevalente, com custos sociais elevados, ainda possui como um de seus desafios, a adesão ao tratamento por parte de seus portadores (MACHADO, 2008).

Atualmente, grande parte da população foge aos padrões considerados importantes para o controle dessas doenças crônicas, devido ao envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida poucos saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade, são alguns dos grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência da HAS e DM. (CUNHA 2009).

Oliveira (2003), afirma que nos países desenvolvidos observa-se cada vez mais o aumento dos gastos públicos no cuidado com pacientes crônicos. A HAS e DM são duas das enfermidades crônicas mais severas e comuns no mundo. Em ambas, a incidência aumenta com a idade e suas complicações constituem duas das principais causas de morbimortalidade.

Pensando nisso e buscando atender os objetivos da Atenção Primaria em Saúde de atuar como agente transformador, promovendo impactos na consciência e autonomia dos indivíduos na mudança de estilos de vida, reduzindo a morbimortalidade oriundas das DCNT, o Ministério da Saúde (2008), define a clinica ampliada como parte da Política de Humanização apresentada aos trabalhadores de saúde no intuito que os mesmos possam enxergar e atuar na clinica com uma visão integralizada, deixando de trabalhar com pedaços fragmentados e sim reconhecendo e utilizando o potencial dos saberes das pessoas envolvidas. Deve-se compactuar com o desafio de lidar com os usuários enquanto sujeitos buscando sua participação e autonomia no projeto terapêutico.

3.2.1 A Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (DBHA, 2011).

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A hipertensão arterial sistêmica é a mais frequente das doenças cardiovasculares. É também o principal fator de risco para as complicações mais comuns como acidente vascular cerebral - AVC e infarto agudo do miocárdio - IAM, além de doença renal crônica terminal (BRASIL, 2006).

Entende-se como sendo um quadro de hipertensão arterial quando uma pressão arterial sistólica é maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica é maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. Segundo a OMS existe uma necessidade de uma avaliação do risco cardiovascular para uma definição precisa do quadro de HAS (BRASIL, 2006).

A HAS tem uma carga patológica grande se considerado alta taxa de morbimortalidade no pais, isto a torna um grande problema de saúde publica. Por ser em sua maioria os pacientes hipertensos assintomáticos, o diagnostico e tratamento são frequentemente negligenciados; soma-se a isso a baixa adesão dos usuários ao tratamento (BRASIL, 2006).

Para melhor acompanhamento e escolha de condutas no tratamento da HAS, a OMS define alguns parâmetros para avaliação e classificação dos pacientes: considera-se como sendo pré hipertenso aquele que apresenta pressão sistólica entre 120-139 mmhg e pressão diastólica entre 80-90 mmhg; considera-se como sendo hipertenso estagio 1 aquele que apresenta pressão sistólica entre 140 – 159 mmhg e diastólica entre 90-99 mmhg e hipertenso estagio 2 aquele que apresenta pressão sistólica maior ou igual a 160 mmhg e diastólica maior ou igual a 100 mmhg (BRASIL, 2013).

O seguimento então é definido de acordo com a classificação de cada paciente. Dessa forma a Política Nacional de Atenção Básica - PNAB define alguns critérios, a saber: aqueles indivíduos que são considerados pré hipertensos devem ser orientados quanto à necessidade de mudança de estilo de vida (dieta, atividade física, abandono do tabagismo, evitar uso de álcool, dentre outros) e devem ser reavaliados nas UBS anualmente; aqueles que são classificados como sendo hipertensos em estagio 1 devem ser submetidos a mudanças do estilo de vida e se estiver fatores de ricos graves devem ser submetidos a tratamento medicamento e reavaliados a cada seis meses; e para aqueles classificados como hipertensos estágio 2 devem ser submetidos a mudanças de estilo de vida, associados a tratamento medicamentoso e reavaliados a cada três mês; em casos de instabilidades pressóricas devem ser avaliados mensalmente (BRASIL, 2013).

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A diabetes é um importante e crescente problema de saúde publica. Sua incidência e prevalência esta aumentando no mundo todo, alcançando proporções endêmicas segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, quer seja por condições sociais, econômicas, familiares e pessoais (BRASIL, 2013).

O diabetes mellitus (DM) é um dos mais importantes problemas de saúde na atualidade, atingindo a população como um todo e podendo surgir em qualquer idade. Suas repercussões, no que se refere tanto as incapacitações e mortalidade prematura, quanto aos custos relacionados ao seu controle e ao tratamento de suas complicações, reafirmam cada vez mais a necessidade de investimento em programas de educação em saúde (BRASIL, 2006).

Brito e Volp (2008) afirmam que DM é o nome de um respectivo grupo de disfunções crônicas que interrompe o modo com que o organismo aproveita os alimentos para fabricar a energia necessária para a vida, o qual é uma modificação no metabolismo dos carboidratos, que também altera lipídeos e proteínas. Sendo assim, há duas formas principais de DM (Tipo 1 e Tipo 2), bem como estados de intolerância á glicose, diabetes gestacional e diabetes causadas por doenças pancreáticas.

Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), o diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hipoglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção ou ação de insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência á ação da insulina, dentre outros.

Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, anteriormente conhecido como diabetes juvenil, que compreende cerca de 10% do total de casos, e o diabetes tipo 2, anteriormente conhecido como diabetes do adulto, que compreende cerca de 90% do total de casos. Outro tipo de diabetes encontrado com maior frequência e cuja etiologia ainda não está esclarecida é o diabetes gestacional, que, em geral, é um estágio pré-clínico de diabetes, detectado no rastreamento pré-natal (BRASIL, 2006).

Considerando a elevada carga de morbi-mortalidade associada, a prevenção do diabetes e de suas complicações é hoje prioridade de saúde pública. Na atenção básica, ela pode ser efetuada por meio da prevenção de fatores de risco para diabetes como sedentarismo, obesidade e hábitos

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alimentares não saudáveis; da identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes (prevenção primária); da identificação de casos não diagnosticados de diabetes (prevenção secundária) para tratamento; e intensificação do controle de pacientes já diagnosticados visando prevenir complicações agudas e crônicas (prevenção terciária) (BRASIL, 2006).

O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo de viver, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos. Aos poucos, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia (BRASIL, 2013).

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3. METODOLOGIA

Por se tratar de uma prática complexa que envolve diversos fatores e personagens, além de sofrer influências múltiplas, esse estudo tem uma analise qualitativa descritiva, buscando associar fenômenos de causa e efeito na temática abordada.

Conforme Ministério da Saúde (2006), a atenção básica deve ter capacidade de realizar abordagem integral as DCNT (HAS, DM), baseada em evidências científicas atuais e economicamente sustentáveis para a grande maioria da população brasileira dependente do SUS, tendo como resultado a redução da carga dessas doenças.

A pesquisa desenvolveu-se no município de Fátima, especificamente na Unidade de Saúde da Família Sede do município, onde funcionam duas ESF, atendendo uma população de cerca de 7312 pessoas, correspondendo a cerca de 40% da população total. Desses 755 são portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica e 209 são portadores de Diabetes Mellitus.

Foram participantes da pesquisa duas Enfermeiras responsáveis pelas duas equipes, bem como os quinze Agentes Comunitários de Saúde das micro- áreas e 50 usuários dessas UBS do Programa HIPERDIA.

Considera-se a amostra satisfatória, tendo em vista o caráter qualitativo da pesquisa, já que a amostra qualitativa deve refletir o aprofundamento e a compreensão bem mais que a generalização (MINAYO, 1999).

Para o desenvolvimento desse estudo foram empregadas entrevistas semi-estruturadas (anexo 1 e 2) utilizada como norteadora para conversa da pesquisadora e dos sujeitos da pesquisa, após breve explanação em grupo sobre o objetivo da pesquisa.

Segundo Minayo (1999), a entrevista é um instrumento de pesquisa privilegiado de coleta de informações. É a possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos e ao mesmo tempo ter a magia de transmitir, através de uma porta voz, as representações de grupos determinados, em condições históricas, socioeconômicas e culturais específicas.

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Após análise qualitativo-exploratória do material buscou-se realizar uma articulação entre objetivos e descrição literária, resultando na delimitação de dois eixos temáticos para estudo: concepção de profissionais (Enfermeiros e ACS) e usuários acerca do programa HIPERDIA; dificuldades e facilidades no desenvolvimento do programa na ESF na visão dos profissionais da equipe. Ainda de acordo com MINAYO (1999), uma análise temática permite descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja frequência signifique alguma coisa para o objetivo analítico visado.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1 Caracterizando os sujeitos da pesquisa

Todos os profissionais entrevistados (enfermeiros e agentes comunitários) fazem parte da Estratégia Saúde da Família Sede (I e II) do município de Fátima há pelo menos dois anos. As duas Enfermeiras possuem Especialização em Saúde da Família e atuam a mais de quatro anos na ESF.

Dos quinze ACS que participaram da entrevista, todos possuem ensino médio completo; oito deles possuem em torno de quinze anos de trabalho (experiência no PACS/ PSF) e sete deles possuem em torno de cinco anos de atuação.

Dentre os cinquenta usuários entrevistados, todos estão cadastrados no Programa HIPERDIA na USF SEDE, sendo que 73% são do sexo feminino, 27% do sexo masculino; quanto ao grau de escolaridade, 52% sabem ler e escrever, 48% não sabe ler e nem escrever; em relação a faixa etária 32% têm entre 41-60 anos, 68 % tem acima de 60 anos de idade; 100% residem na zona urbana do município.

A caracterização dos nossos usuários pode ser confirmado e comparado com dados mundiais segundo Miranzi et al (2008), quando diz que o perfil epidemiológico dos indivíduos com DM e HAS caracteriza-se pelo predomínio do sexo feminino, pois, no planeta, a população feminina é maior que a masculina, segundo dados mundiais; este fato se explica, em parte, a maior proporção de mulheres acometidas, e ainda que são diagnosticadas por procurarem mais e frequentemente os serviços de saúde.

Outro dado relevante é posto por Zaitue et al (2006) quando aponta que as mulheres geralmente tem maior percepção das doenças, pois apresentam maior tendência para o autocuidado e buscam mais assistência medica do que os homens, o que tenderia a aumentar a probabilidade de ter a HAS e/ou DM diagnosticados.

No que tange a faixa etária dos usuários portadores de HAS e DM entrevistados, os dados do presente estudos se assemelham aos do Ministério da Saúde (2006) que estipula que

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aproximadamente 65% dos idosos são hipertensos, levando a crer uma relação diretamente proporcional entre idade e o desenvolvimento de doenças crônicas.

4.2 Concepção de profissionais (Enfermeiros e ACS) e usuários acerca do programa HIPERDIA

Cunha (2009), afirma que o Programa de acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos surgiu com o propósito de vincular os portadores desses agravos as UBS, garantindo – lhes acompanhamento e tratamento sistemático mediante ações de reorganização dos serviços.

No sentido de reorganizar os serviços para oferecimento de uma atenção continuada e qualificada aos portadores de HAS e DM, foi priorizado através do Plano de Reorganização da Atenção aos Hipertensos e Diabéticos, a confirmação de casos suspeitos, a elaboração de protocolos clínicos e treinamentos dos profissionais de saúde, a garantia de distribuição gratuita de medicamentos, a criação de um sistema informatizado de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos (CAMPOS et e tal, 2008).

Os objetivos mais importantes das ações de Saúde em HAS são o controle da pressão arterial e a redução da morbimortalidade causada por essas duas patologias. Portanto, fazer uma intervenção educativa, sistematizada e permanente com os profissionais de Saúde é um aspecto fundamental para mudar as práticas em relação a esses problemas (BRASIL, 2013).

Além do diagnóstico precoce, o acompanhamento efetivo dos casos pelas equipes da AB é fundamental, pois o controle da pressão arterial (PA) reduz complicações cardiovasculares e desfechos como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC), problemas renais, entre outros (BRASIL 2013).

O cuidado da pessoa com hipertensão arterial sistêmica (HAS) deve ser multiprofissional. O objetivo do tratamento é a manutenção de níveis pressóricos controlados conforme as características do paciente e tem por finalidade reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diminuir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos (BRASIL, 2013).

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de saúde entrevistados, porem afirmam nunca terem participado de nenhuma capacitação direcionada ao Programa HIPERDIA.

...” o programa HIPERDIA é de suma importância na ESF, permite um acompanhamento adequado dos pacientes de forma individual e coletiva não só através do tratamento farmacológico e sim no uso de outras alternativas que visam aumento da qualidade de vida e redução das complicações provenientes dessas doenças...”(ENFERMEIRA 01)

...” o HIPERDIA é um dos melhores programas da ESF, consigo acompanhar meus pacientes no domicilio,através da visita domiciliar e também encaminho para UBS...” (ACS 03)

...” o HIPERDIA permite os usuários hipertensos e diabéticos a realizar consultas, exames e avaliações com os diversos profissionais no posto periodicamente...” (ACS 09)

No que tange aos usuários entrevistados apenas 40% conseguem perceber a importância e funcionamento do programa, quanto a sua necessidade de acompanhamento continuo, realização de exames periódicos, uso correto da medicação; os demais 60% afirmam só procurarem a unidade quando estão sentindo algo diferente ou necessitam pegar medicação, o que podemos constar abaixo:

...” Aqui no PSF eu venho para minhas consultas a cada três meses, faço os exames que o medico pede; ele renova

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minha receita, pego meus remédios, já passei ate pela nutricionista...” (Usuário 02)

...” Esse programa é para quando estamos sentindo alguma coisa e precisamos pegar remédio... venho aqui e falo com a enfermeira...” (Usuário 34).

...” Sou hipertensa e toda vez que minha medicação acaba eu venho aqui pegar..” (Usuário 25)

...” aqui no posto tem varias coisa para nos que temos pressão alta e diabetes, tem exercício físico, palestra, orientação para comida, orientação para tomar remédio, mas eu não gosto não, venho aqui só para pegar meu remédio mesmo...” (Usuário 48)

4.3 Dificuldades e facilidades no desenvolvimento do programa HIPERDIA na ESF na visão dos profissionais da equipe

Para uma melhor visualização das dificuldades e facilidades mencionadas durante a entrevista, bem como possibilitar uma analise detalhada, buscou-se organizar os pontos considerados relevantes, através da tabela seguinte:

DIFICULDADES FACILIDADES

CULTURA MEDICO ASSISTENCIALISTA PRESENTE NOS USUARIOS

EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DIFICULDADES DE DIAGNOSTICO

PRECOCE

VINCULO DA EQUIPE COM A COMUNIDADE DIFICULDADE DE COMPREENSAO POR

PARTES DOS USUARIOS EM DECORENCIA DA IDADE AVANÇADA OU BAIXO NIVEL DE ESCOLARIDADE

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ADESAO AO TRATAMENTO NÃO FARMACOLOGICO BAIXA

POSSIBILIDADE DE REALIZAÇAO DE EXAMES DENTRO DO PROPRIO MUNICIPIO DIFICULDADES NA REDE DE REFERENCIA

E CONTRA REFERENCIA

EXISTENCIA DA FARMACIA BASICA TRATAMENTO PROLONGADO EDUCAÇAO EM SAUDE

PACIENTES ASSINTOMATICOS NA SUA GRANDE MAIORIA

Analisando a tabela acima se pode constatar que são inúmeras as dificuldades na execução do Programa HIPERDIA nas Unidades Básicas de Saúde. Tais dificuldades influenciadas muitas vezes por características socioeconômicas, outras vezes pelo próprio sistema de saúde, desafiando os profissionais as constantes inovações, para motivação dos usuários no auto cuidado e também na prevenção de complicações.

Esse desafio é, sobretudo, da Atenção básica, notadamente da ESF, espaço prioritário e privilegiado de atenção á saúde que atua com equipe multiprofissional e cujo processo de trabalho pressupõe vinculo com a comunidade e a clientela adscrita, levando em conta a diversidade racial, cultural, religiosa e os fatores sociais envolvidos (BRASIL, 2006).

As recentes propostas de reorientação das praticas de atenção á saúde destacam uma forte tendência á superação de modelos de atenção excessivamente centrados na doença, na assistência curativa, na intervenção medicamentosa, em favor de outros que são orientados ativamente em direção á saúde, isto é, as práticas preventivas, á educação em saúde e a busca da qualidade de vida, de um modo mais geral ( MINAYO et al, 2000).

A existência de um serviço de referencia eficaz e resolutivo, onde o acesso seja facilitado de acordo com a necessidade do paciente se faz necessário para uma integralidade da assistência. Nesse contexto Mendes (2011) afirma que a organização da atenção e da gestão do SUS ainda hoje se caracteriza por intensa fragmentação de serviços, de programas, de ações e de práticas clínicas, existindo incoerência entre a oferta de serviços e as necessidades de atenção. O modelo de atenção não tem acompanhado a mudança no perfil epidemiológico da população, na qual há ascensão das

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doenças crônicas, mostrando-se inadequado para enfrentar os desafios postos por essa situação de saúde.

O cuidado de usuários com doenças crônicas deve se dar de forma integral. O modelo vigente, que utiliza propostas de cuidado formatadas a priori, não tem obtido sucesso em suas condutas por não conseguir chegar ao singular de cada indivíduo e por impor olhares e fazeres que nada têm a ver com o usuário real, que está necessitando de atenção e de cuidado (MALTA; MERHY, 2010).

Essa atenção integral só é possível se o cuidado for organizado em rede. Cada serviço deve ser repensado como um componente fundamental da integralidade do cuidado, como uma estação no circuito que cada indivíduo percorre para obter a integralidade de que necessita (MALTA; MERHY, 2010).

A formação de redes integradas e regionalizadas de atenção à saúde tem se mostrado como forma de organização de sistemas de saúde eficaz para responder a alguns desses desafios estruturais e epidemiológicos, trazendo melhores resultados para os indicadores de saúde (MENDES, 2011). Os tratamentos de doenças crônicas que implicam em manutenção de um quadro clinico e não usa a cura, tem-se apresentado como um grande desafio, tanto para o paciente como para equipe de saúde. O tempo prolongado torna-se assim um dos fatores predisponentes para não adesão ao tratamento (NOBRE et al, 2001).

A regularidade do acompanhamento ao paciente pela equipe de saúde da família é de suma importância, seguindo nesse contexto uma ordem de acordo com a gravidade da patologia. Turrini (2001), afirma que a resolutividade dos serviços e a satisfação do cliente são maneiras de se avaliar os serviços de saúde, a partir dos resultados obtidos no atendimento aos usuários.

Nesse sentido constata-se que dos entrevistados apenas 33,15% realizam com uma frequência de pelo menos a cada três meses o acompanhamento do programa na Unidade de Saúde, e 66,85% realizam de forma esporádica.

Em se tratando da dificuldade de compreensão dos usuários quanto aos meios de tratamento e as informações prestadas às profissionais, em algumas situações se da por conta da idade avançada, onde outros fatores diminuem essa compreensão: audição diminuída, visão comprometida, déficit de memória, dentre outros; em outras situações se da por conta do baixo grau de escolaridade, o que dificulta o grau de entendimento do tratamento prescrito, bem como dos cuidados orientados.

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desigualdades sociais, diferenças no acesso aos bens e aos serviços, baixa escolaridade e desigualdades no acesso à informação determinam, de modo geral, maior prevalência das doenças crônicas e dos agravos decorrentes da evolução dessas doenças (SCHMIDT et al., 2011).

Gomes, Silva e Santos (2010) afirmam que dentre as dificuldades encontradas pelos pacientes em aderir ao tratamento, encontra-se no fato dos mesmos não entenderem por que precisam fazer o uso diariamente de diversos medicamentos, e sofrer com efeitos colaterais para controlar um problema que ainda não manifestou seus sintomas.

Quando questionados os usuários sobre os possíveis motivos para um não acompanhamento sistemático na unidade, diversas foram as respostas, a saber: a UBS não fica muito próxima do domicilio; a demora para ser atendido; os horários de atendimentos são ruins; a medicação não acaba em pouco tempo, pois o uso é apenas quando aparece sintomatologia; não gostam das temáticas abordadas nas atividades educativas; não há interesse no grupo para atividade física; costuma ir à unidade quando sente algum incomodo ou precisa retirar medicação, dentre outros.

Em se tratando das facilidades, potencialidades no desenvolvimento do Programa HIPERDIA na ESF, nota-se que a existência de uma equipe multiprofissional, participativa e interligada foi tido como fator primordial no programa, assim como a integralidade da assistência, garantindo o atendimento por diversos profissionais necessários bem como a garantia da execução dos exames solicitados.

A atenção para as pessoas com doenças crônicas envolve, necessariamente, a atenção multiprofissional. A equipe deve ser entendida enquanto agrupamento de profissionais que atende uma determinada população e que se reúne periodicamente e discute os problemas de saúde dessa população e dos indivíduos. Nesse sentido, o trabalho se torna efetivo na articulação de profissionais de distintos núcleos, com seus saberes e práticas específicos, no campo único de atuação para construção de estratégias conjuntas de intervenção (BRASIL, 2013).

As características e objetivos norteadores da ESF possibilitam o desenvolvimento de um trabalho com atividades necessárias ao acompanhamento das doenças crônicas não transmissíveis. A atenção colaborativa e centrada na pessoa e na família, em substituição à atenção prescritiva e centrada na doença, transforma a relação entre os usuários e os profissionais de saúde, porque aqueles deixam de ser pacientes e se tornam os principais produtores sociais de sua saúde (OMS, 2003).

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A atenção centrada na pessoa e na família baseia-se em dignidade e respeito; compartilhamento de informações completas entre os envolvidos (usuário, família e profissionais); participação e colaboração de todos nas decisões; implementação e monitoramento sobre a atenção à saúde prestada (JOHNSON et al., 2008).

A incorporação desse conceito possibilita aliança terapêutica entre os profissionais de saúde, a família e o usuário, com relação de respeito, confiança e empatia, com evidência de maior adesão ao tratamento e melhores resultados (BODENHEIME et al., 2002).

A equipe de atenção básica deve organizar a sua agenda de modo a contemplar a diversidade das necessidades de saúde da sua população. Deve ser garantido o acesso em casos de urgência, de demanda espontânea não urgente e de cuidado continuado/programado. Entende-se por cuidado continuado/ programado aquele ofertado a usuários que apresentam condições que exigem o seu acompanhamento pela equipe de atenção básica. As ofertas, como consultas, exames, procedimentos, são programadas com certa periodicidade, de acordo com a estratificação de risco e as necessidades individuais daquele usuário (FIGUEIREDO, 2005).

A participação dos usuários nas atividades educativas é de extrema importância, Brasil (2002) afirma que a educação em saúde é imprescindível, pois não é possível controle de pressão arterial e glicemia se o paciente não for instruído sobre os princípios em que se fundamentam seu tratamento. A participação ativa do individuo é a única solução eficaz no controle das doenças e na prevenção de suas complicações.

No tocante ao apoio terapêutico, a garantia da assistência farmacêutica para atenção às doenças crônicas, tanto dos medicamentos da farmácia básica quanto daqueles da farmácia especializada/estratégica, é fundamental (BRASIL, 2013). Esse é um forte atrativo para os pacientes comparecerem as UBS, a disponibilidade da medicação prescrita gratuita, “obrigam” os mesmos a participarem do programa, bem como participar das atividades propostas. O mesmo serve para a disponibilidade da realização dos exames de acompanhamento na rede SUS.

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5 CONSIDERAÇOES FINAIS

Após abordagem realizada no presente estudo e seus respectivos resultados, nota-se a importância da Estratégia Saúde da Família no desenvolvimento do Programa HIPERDIA. Importância essa traduzida nas estratégias usadas para adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico, bem como na redução de complicações provenientes dessas patologias, à medida que se atua na prevenção e controle dessas patologias.

Constataram-se as concepções dos profissionais e usuários acerca do Programa, bem como as dificuldades e potencialidades encontradas no desenvolvimento das atividades relacionadas ao acompanhamento de hipertensos e diabéticos. É notável a necessidade da equipe multiprofissional, do desenvolvimento das atividades em educação e saúde, da disponibilização de medicações e exames para os usuários como meios de captação e fidelidade dos usuários ao programa.

Conscientizar os usuários sobre necessidade de mudanças no estilo de vida, bem como estimular o auto cuidado e/ou a participação dos familiares no cuidado a esses pacientes são estratégias que podem potencializar o sucesso do tratamento, prevenindo complicações e promovendo qualidade de vida.

É de grande relevância o desenvolvimento do presente estudo para os profissionais de saúde que atuam nas equipes, pois através dele se foi possível perceber os entraves existentes no desenvolvimento do Programa HIPERDIA, para que dessa forma estratégias sejam pensadas e o desenvolvimento de um Plano de Ação seja realizado, aumentando dessa forma a adesão dos usuários ao programa, bem como promover a qualidade de vida a eles necessárias.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica, para a estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 out. 2011b, Seção 1.

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transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília, 2011c. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 jun. 2011a, Seção 1.

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LINHAS DO CUIDADO: DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS

Anexo 1

Entrevista – Enfermeiras e ACS

1. Nome (iniciais) 2. Profissão

3. Tempo de atuação na Atenção Básica?

4. Qual seu grau de formação? Possui especialização na ESF?

5. Já participou de alguma capacitação relacionada ao Programa HIPERDIA? 6. Há quanto tempo atuam na ESF desse município?

7. O que você entende pelo PROGRAMA HIPERDIA? 8. Como ele acontece na sua ESF?

9. Quais as dificuldades encontradas na execução do mesmo? 10. Quais as facilidades?

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LINHAS DO CUIDADO: DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS

Anexo 2

Entrevista – Usuários 1. Nome (iniciais): 2. Idade: 3. Sexo: ( ) M ( ) F

4. Onde mora? ( ) sede ( ) zona rural 5. A qual equipe de ESF esta vinculado? 6. Sabe Le e escrever? ( ) sim ( ) não

7. Qual sua patologia: ( ) HAS ( ) DM ( ) HAS e DM

8. Com qual frequência você vem à unidade para acompanhamento da hipertensão e ou diabetes? ( ) 1 x por mês ( ) a cada dois meses ( ) a cada três meses ( ) quando preciso

9. O que você entende pelo programa HIPERDIA? Como ele acontece na Unidade de Saúde? 10. Você comparece as consultas agendadas?

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12. Participa das atividades educativas?

Referências

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