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A performance do Sicredi cartões em Horizontina: um estudo comparativo na cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS DACEC - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS,

ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO.

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE COOPERATIVAS

A PERFORMANCE DO SICREDI CARTÕES EM HORIZONTINA: UM ESTUDO COMPARATIVO NA COOPERATIVA SICREDI NOROESTE DO RIO GRANDE DO

SUL

FRANCIELI DÉBORA ZAMIN

Orientador: Luciano Zamberlan

Resumo

O presente artigo tem como principal objetivo avaliar o desempenho do cartão Sicredi diante dos associados ativos da cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, dando enfoque para as unidades de atendimento de Horizontina. Quanto à metodologia adotada, a abordagem fora em forma de pesquisa quantitativa e quanto ao objetivo, um estudo exploratório, buscando dados secundários de registros internos e entrevista com o gestor de uma das unidades de atendimento. Desta forma, este estudo aborda a utilização do cartão Sicredi, comparando seu uso pelo público urbano e rural mediante a separação de duas unidades de atendimento do Sicredi de Horizontina, além de relacioná-las às demais unidades de atendimentos da cooperativa. Diante da análise dos dados de valores absolutos sobre a quantidade de transações efetuadas e valores transacionados a débito e a crédito bem como a média de valores transacionados em cada unidade de atendimento da cooperativa, ficou evidenciado que a maioria das transações e valores é realizada na funcionalidade crédito pela cooperativa Noroeste; já na separação das unidades por grupo foco de atendimento, visualiza-se uma distinção de opção de uso do cartão, visualiza-sendo que o público urbano utiliza, em sua maioria, a funcionalidade do crédito em suas transações, já o público rural prefere a utilização do cartão na funcionalidade do débito. Assim sendo, conclui-se que o estudo sobre o cartão múltiplo é de suma importância para que o Sicredi possa mensurar, avaliar esforços e usar os dados de estudo para visualizar os problemas e encontrar soluções para este produto.

Palavras-chaves: Unidades de Atendimento, Sicredi, Cartão, Débito e Crédito. 1. Introdução

Atualmente, vive-se em uma economia cada vez mais globalizada, onde a sociedade está cada dia mais interconectada, gerando facilidades nas transações. É neste enfoque que o estudo sobre o cartão de crédito se torna ainda mais relevante, devido ao crescimento de sua utilização como forma de pagamento a maioria dos setores, que vão desde a compra de mercadorias até a prestação de serviços.

Assim sendo, verifica-se que o crédito tem papel relevante e crescente em relação à expansão da economia brasileira, isso porque, quanto mais facilitado o crédito na economia, mais as empresas tendem a investir nas suas atividades e as famílias a aumentar o seu consumo. Com o comportamento que as famílias e as empresas têm frente ao crédito, acaba alavancando uma maior taxa de crescimento econômico. Isto ocorre, pois a concessão de crédito é um dos pilares deste desenvolvimento econômico, com grande repercussão nos indicadores sociais.

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Sandroni (2003) define o crédito como a cessão de mercadoria, serviço ou importância em dinheiro para pagamento futuro. Em sequência, consumo é definido pelo mesmo autor como aplicação das riquezas na satisfação das necessidades econômicas do homem. Já segundo Belluzzo (2004) o crescimento da renda da comunidade e dos lucros empresariais depende da disposição de um grupo social de gastar acima de sua renda corrente, isto é, de colocar mais dinheiro na economia do que está tirando. É neste sentido que Filho (1990) cita que crédito é confiança; confiança em uma pessoa que hoje se compromete a cumprir uma obrigação futura. As obrigações de cunho pecuniário, por meio do crédito, agilizam as atividades econômicas principalmente pelo fato de uma pessoa poder satisfazer hoje uma necessidade ou prazer pagando o seu preço no futuro. Desta forma, Silva (1988) também afirma que o crédito pode fazer com que as empresas aumentem seu nível de atividade; estimula o consumo influenciando na demanda; cumpre uma função social ajudando as pessoas a obterem moradia, bens e até alimentos; facilita a execução de projetos para os quais as empresas não disponham de recursos próprios suficientes. A tudo isso, por outro lado, deve-se acrescentar que o crédito pode tornar empresas ou pessoas físicas altamente endividadas, assim como pode ser parte componente de um processo inflacionário.

Pode-se dizer que a população em geral, bem como as empresas, podem gastar acima de sua renda por causa do sistema de crédito. Assim, o crédito acaba se tornando elemento essencial à vida em sociedade em qualquer relação, seja financeira ou não. O fato de uma sociedade ter crédito significa que cada uma das partes acredita que a outra fará o que se espera dela, sem precisar ser forçado a isso, o que influencia e contribui para o aumento do consumo em vários setores da economia.

Conforme a Associação Brasileira do Consumidor (2010), o cartão de crédito é um serviço de intermediação que permite ao consumidor adquirir bens e serviços em estabelecimentos comerciais previamente credenciados mediante a comprovação de sua condição de usuário. Além disso, o cartão de crédito é o meio através do qual os bancos emprestam dinheiro aos consumidores, possibilitando que estes efetuem pagamentos à vista ou parcelados de produtos e serviços, sendo que uma vez por mês, o cliente/associado paga à instituição financeira o valor que pegou emprestado. Em relação ao limite máximo a ser gasto por mês com o cartão de crédito é determinado pelo banco ou entidade emissora de cartão, de acordo com a renda, poder aquisitivo do cliente ou associado e seu histórico de adimplência.

Buscando atuar neste segmento, o Sicredi criou a sua própria bandeira de cartão, denominada Sicredi Cartões, que vem atender às necessidades de seus associados buscando oferecer soluções mais ágeis nas transações. Assim, também os demais cartões, que surgiram com o intuito de facilitar a circulação e manejo da moeda local, bem como, atribuindo maior segurança à população e democratizando o uso do crédito, sendo considerado atualmente, um substituto das formas de pagamento como o talão de cheques, o dinheiro em espécie, carnês e etc.

Pelo contrato de cartão de crédito, uma instituição financeira (emissora), se obriga perante uma pessoa física ou jurídica (titular) a pagar o crédito concedido a esta por um terceiro (empresário credenciado por aquele fornecedor). O cartão de crédito é o documento compulsório perante o fornecedor, a existência do contrato com a Instituição Financeira emissora, a qual serve também para a confecção da nota da venda, que é o instrumento de outorga do crédito pelo fornecedor ao titular (COELHO, 2000).

Com a diversidade de cartões existentes no mercado, o ambiente da sociedade de consumo encontra maior facilidade na oferta do crediário, visando o aumento do leque de aderência, inserção de datas distintas ao vencimento das faturas e provocando a sensação de maior poder aquisitivo à massa da população (ABRAÃO, 2009).

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Assim, as Cooperativas de Crédito, como o Sicredi, buscam, por meio do cooperativismo e de serviços financeiros mais eficientes, uma alternativa para sobressair frente aos demais concorrentes e atrair novos associados.

Entende-se por cooperativismo a união de um grupo de pessoas que visam o bem comum, atuando de forma solidária, igualitária com justiça e ética. Possuem forma e natureza jurídica própria e são constituídas para prestar serviços aos associados. O cooperativista pratica o mutualismo em beneficio do grupo ao qual pertence (CREDIPRODESP, 2011). Assim, por sua inserção comunitária, as cooperativas estão naturalmente vocacionadas para fazer o bem nos locais em que estabelecidas. Há uma preocupação de gerar progresso conforme a aptidão das populações e de acordo com o potencial econômico da região cooperativada. O cooperativismo busca a prosperidade conjunta do grupo, sendo esta, a grande diferença que faz do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes.

Cooperativas de crédito são sociedades de pessoas, constituídas com o objetivo de prestar serviços financeiros de seus associados, na forma de ajuda mutua, baseada em valores como igualdade, equidade, solidariedade, democracia e responsabilidade social. Além da prestação de serviços comuns, visam diminuir desigualdades sociais, facilitar o acesso aos serviços financeiros, difundir o espírito da cooperação e estimular a união de todos em prol do bem estar comum (PAGNUSSATT, 2004).

Desta forma, o presente artigo aborda a utilização do Cartão Sicredi pelos associado no município de Horizontina, comparando sua utilização pelo público urbano e rural mediante a separação de duas unidades de atendimento do Sicredi nesta cidade, além de relacioná-las às demais unidades de atendimentos da cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul.

O objetivo desta interpretação de dados sobre a utilização dos cartões de crédito desta bandeira é o de identificar qual dos públicos (urbano e rural das duas unidades de atendimento da cidade de Horizontina) possui maior contato com o cartão e pesquisar, mediante estes números e históricos da cooperativa, porque um grupo possui maior aderência pela funcionalidade do débito e o outro pela funcionalidade do crédito, bem como analisar os períodos do ano que possuem maior número de transações efetuadas e a variação dos valores em utilização do cartão.

2. As Cooperativas de Crédito

A dinâmica dos mercados altera-se substancialmente, e, neste ambiente, também se encontram as cooperativas. No entanto, a questão está no fato de as cooperativas serem empreendimentos diferentes de uma empresa de capital. Se de um lado as estratégias são semelhantes para atuarem no mercado; de outro, as origens ou a relação com a sua clientela será de outra natureza quando se trata de cooperativa (PANZUTTI, 1996).

Assim, cooperativa de crédito pode ser entendida como um empreendimento econômico-social, democrático e autogestionário regido pela Lei 5.764/71 e por Resoluções do Conselho Monetário Nacional (a principal é a de nº. 3.321/05), é uma instituição de crédito organizada sob forma de sociedade cooperativa, mantida pelos próprios cooperados, que exercem ao mesmo tempo o papel de donos e usuários. As cooperativas de crédito são eficientes para o fortalecimento da economia, a democratização do crédito e a desconcentração de renda. Assim, as Cooperativas podem ser definidas como sociedades de pessoas com forma e natureza jurídica própria, de natureza civil, sem fins lucrativos, não sujeita à falência, constituída para prestar serviços a seus associados (COOPERATIVISMO DE CRÉDITO, 2011).

Desta forma, em uma Cooperativa todas as operações feitas pelos associados (empréstimos, aplicações, depósitos e outras) são revertidas em seu benefício através de

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preços justos. Os recursos aplicados na cooperativa ficam na própria comunidade, o que contribui para o desenvolvimento das localidades onde está inserida. Por isso, entre os objetivos, está a promoção de uma economia mais solidária e inclusão social através de:

 Instrumentos que possibilitem o acesso ao crédito e a outros produtos financeiros;  Criação da cultura da poupança;

 Concessão de empréstimos a juros abaixo do mercado;

 Maior integração entre os empregados de uma mesma empresa, entre profissionais de

determinada categoria e entre empresários, micro/pequenos empresários e comunidades específicas, desenvolvendo o espírito de grupo, solidariedade e ajuda mútua.

Assim sendo, as cooperativas de crédito são consideradas atualmente, um importante instrumento de desenvolvimento em muitos países. Exemplo disso é que na Alemanha, as cooperativas de crédito possuem cerca de quinze milhões de associados e, segundo Meinen (2002), respondem por cerca de 20% de todo o movimento financeiro bancário do país.

Isso pode ocorrer, especialmente, devido a Resolução nº 3.106, de 25 de junho de 2003, que regulamentada pela Circular nº 3.201, de 20 de agosto de 2003, revogou as Resoluções nº 2.771 e nº 3.058, voltando a permitir a constituição de cooperativas de livre admissão de associados em localidades com menos de cem mil habitantes ou a transformação de cooperativas existentes em cooperativas de livre admissão de associados em localidades com menos de 750 mil habitantes, sendo obrigatória para essas cooperativas a adesão a fundo garantidor de crédito, exceto se a cooperativa não captar depósito, e a filiação à cooperativa central de crédito que apresente cumprimento regular de suas atribuições regulamentares de supervisão das filiadas, no mínimo três anos de funcionamento, enquadramento nos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor e patrimônio de referência 22 de, no mínimo, R$600.000,00 nas regiões Sul e Sudeste, R$ 500.000,00 na região Centro-Oeste e R$ 400.000,00 nas regiões Norte e Nordeste. Permitiu, ainda, a preservação do público-alvo de cooperativas de quadros sociais distintos, no caso de pedidos de fusão ou incorporação (PINHEIRO, 2008).

A partir desse momento várias alterações ocorreram neste sistema, o que contribuiu muito para o fortalecimento do Cooperativismo de Crédito tanto no Brasil, como em nível mundial.

Isso ocorre, especialmente, devido a esse jeito diferente de responder aos anseios das pessoas e das comunidades que o cooperativismo possui, e que tem influenciado as empresas tradicionais, que ensaiam mudanças na sua forma de atuar. Estas, cada vez mais tentam aproximar seus métodos aos utilizados pelas cooperativas.

Cecílio (2009) define o cooperativismo como um movimento e filosofia de vida, um modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social, sendo seus referenciais fundamentais, dentre outros: a participação democrática, a solidariedade, a independência, a autonomia, a adesão voluntária e a participação econômica dos membros.

Inclusive, na área financeira, por exemplo, os bancos vêm divulgando intenções de se relacionar mais condignamente com os seus clientes, ao mesmo tempo em que ensaiam patamares de preços mais acessíveis na entrega de suas soluções. Assim, o cooperativismo, com sua forma de atuar, está balizando o mercado.

3. A Evolução Histórica do Cartão de Crédito

A moeda, como hoje é conhecida, resulta de uma longa evolução. No início não havia moeda, praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor (BACEN 2011).

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Para Servet (2010, pg. 27) “os instrumentos monetários, em diferentes épocas e regiões tiveram diversos suportes materiais: plumas, conchas, grãos de cacau, ouro, prata e outros”. Suas funções também se diversificam: a moeda permitiu contar, pagar e poupar, mas também expressar o preço dos bens e o valor dos serviços, além de saldar dívidas.

Com o tempo, o uso de moedas e cédulas foi sendo substituído por pequenos cartões de plástico. Instituições financeiras, bancos e um crescente número de lojas oferecem aos seus clientes cartões que podem ser usados na compra de bens e serviços, inclusive em lojas virtuais através da internet. Os cartões não são dinheiro real: simplesmente registram a intenção de pagamento do consumidor. Cedo ou tarde a despesa terá de ser paga, em espécie ou em cheque. É, portanto, uma forma imediata de crédito (BACEN 2011).

Martins (1999) cita em uma de suas obras que “o uso do cartão de crédito em larga escala se operou nos Estados Unidos, se bem que alguns autores tentem localizar sua origem na Europa”. Mas na realidade, tais como são conhecidos atualmente, os cartões de crédito surgiram nos Estados Unidos por volta de 1950. Neste país, já se praticava anteriormente a utilização do crédito por meio de cartões (por volta de 1920) nas vendas de gasolina e produtos necessários aos veículos automotores, mas de um modo limitado. Foi de fato, a partir de 1950, com a criação por Franck McNamara, Ralph Schneider e Alfred Bloomingdale, do Diner’s Club que os cartões de crédito passaram a se desenvolver.

Este cartão de crédito era aceito inicialmente em 27 bons restaurantes daquele país e usado por importantes homens de negócios, como uma maneira prática de pagar suas despesas de viagens a trabalho e de lazer. Confeccionado em papel cartão, trazia o nome do associado de um lado e dos estabelecimentos filiados em outro. Somente em 1955 o Diners passou a usar o plástico em sua fabricação (BACEN 2011).

Com bons resultados alcançados, começaram outras empresas a emitir também cartões de crédito, para a aquisição de bens e prestações de serviços. Os bancos logo se associaram às empresas emissoras de cartões ou passaram eles próprios a emiti-los. Como o processo estava em experimentação, houve prejuízos vultuosos por parte de certos bancos, o que os levou a aperfeiçoar o sistema. A ideia foi transportada para a Europa, tendo inicialmente o Diner’s se instalando na Inglarerra, em 1953, e na França em 1954. Da Europa os cartões de crédito passaram a ser usados em quase todas as partes do mundo, verificando-se, sobretudo, um acentuado desenvolvimento no Japão, onde os principais bancos começaram a emiti-los (MARTINS 1999).

Ainda segundo Martins (1999), a introdução dos cartões de crédito no Brasil se fez a partir de 1960, sendo pioneiro o Diner’s Club. Posteriormente, grande número de cartões foram emitidos, quase sempre com a participação bancária que é hoje a característica maior dos cartões de crédito.

Em 1958, foi a vez do American Express lançar o seu cartão. Na época, os bancos perceberam que estavam perdendo o controle do mercado para essas instituições, e no mesmo ano o Bank of America introduziu o seu BankAmericard. Em 1977, o BankAmericard passa a denominar-se Visa. Na década de 90, o Visa torna-se o maior cartão com circulação mundial, sendo aceito em 12 milhões de estabelecimentos (BACEN 2011).

Hock (1999), ao comentar o início da Bandeira Visa, rememora fatos marcantes da história do cartão de crédito ocorridos nos Estados Unidos, entre os quais merece ressalva o lançamento do programa de cartões de crédito pelo Bank of America na década de 1960, bem como o lançamento do Firstcard pelo Seatle First National Bank. Naquela oportunidade o Bank of America estava autorizando a franquia do BankAmericard para demais bancos operadores, e o mercado americano de cartões de crédito estava, efetivamente, iniciando a sua fase de crescimento gradual e significativo. Na ocasião, o National Bank of Commerce, onde trabalhava Hock, estava obtendo licença para operar o BankAmericard, e a intenção era, logicamente, participar de um negócio que se mostrava cada vez mais promissor e lucrativo.

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Conforme Hock (1999), o National Bank of Commerce, utilizando suas agências, realizou significativo trabalho de seleção de clientes potenciais para receber cartão de crédito, e em menos de um mês cadastrou lojistas e enviou 120.000 cartas para clientes do banco oferecendo-lhes o cartão de crédito. Todo o trabalho visava não pressionar o cliente, enviando-lhe um cartão de crédito sem prévia consulta sobre o seu grau de interesse em recebê-lo.

Os bancos americanos passaram a conviver com uma corrida desenfreada em busca de participação no mercado de cartões, e segundo Hock (1999), na época não havia faixa magnética no cartão nem leitoras eletrônicas nos pontos de venda. A solução era colocar os cartões na base de uma impressora manual, com um comprovante de vendas em quatro vias em cima, e depois puxar ou pressionar uma alavanca, gerando uma impressão. Eram as máquinas zip zap. Os bancos compravam essas máquinas por alguns dólares e as alugavam aos lojistas por belas taxas mensais. Muitos bancos ficavam enfurecidos quando as máquinas que forneciam eram usadas nos cartões dos concorrentes e determinado a erradicar tal injustiça, um grande banco emitiu novamente todos os seus cartões com um buraco no meio e instalou um pino de aço na base de suas máquinas para danificar os cartões dos concorrentes. Os artifícios para dividir o ponto de venda não tinham chance com esse competidor enraivecido.

Em relação à história dos cartões no mercado brasileiro, segundo Figueiredo (2006), o produto passou a ser utilizado no Brasil em 1956, mas o investimento propriamente dito só começou a ser estruturado em 1970, quando Citibank, Itaú e Unibanco se associaram para fundar a Credicard, que no final do ano de 2006 já contava com 180 mil cartões emitidos e 15 mil estabelecimentos afiliados.

Outros fatos relevantes são citados a seguir segundo Figueiredo (2006, p. 53): • 1980: American Express ingressa no mercado brasileiro;

• 1983: Credicard e Visa se associam para emissão dos cartões desta bandeira, o que as levou à segunda colocação entre os emissores (com 550 mil cartões), atrás apenas do Bradesco (1,2 milhões de cartões);

• 1984: Credicard adquire o Diners Club;

• 1987: Credicard rompe com a Visa e passa a emitir com exclusividade os cartões com bandeira Mastercard;

• Início dos anos 90: a quebra de exclusividade de bandeiras e a estabilização econômica incentivam o surgimento de novos competidores e de novos produtos, propiciando um “boom” no mercado de cartões.

Conforme Pereira e Cobra (2002), a entrada de concorrentes multinacionais no mercado, combinada com o interesse em capturar transações de turistas estrangeiros, estimulava a adesão a bandeiras mundialmente conhecidas.

Muitos cartões de plástico não têm poder de compra. Simplesmente ajudam a usar e a obter formas conhecidas de dinheiro. São os cartões de banco que garantem cheques, retiram dinheiro e fazem pagamentos em caixas automáticos (BACEN 2011).

Outros cartões aliam as funções de compra, movimentação de conta-corrente e garantia de cheques especiais.

O comércio vem criando os seus próprios cartões. Destinados a atender a uma clientela mais fiel, eles facilitam a compra e eliminam a burocracia na abertura de crédito.

Em diversos países os cartões telefônicos são uma maneira prática de realizar ligações de telefones públicos sem o incômodo de fichas e moedas. A cada chamada a tarifa é descontada do valor facial do cartão.

De acordo com Souza (2001), padrões estão sendo estabelecidos, a nível internacional, para aprimorar e harmonizar as práticas e procedimentos de liquidação vigentes no mundo. Para atender esses padrões, a abrangência inclui inovações tecnológicas, as quais

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compreendem melhoria da estrutura de processamento e comunicação, além da criação de novos métodos para a realização de pagamentos, como os cartões magnéticos e outros instrumentos eletrônicos.

O mais recente avanço tecnológico em termos de cartão foi o desenvolvimento do

"smart card", o cartão inteligente. Perfeito para a realização de pequenas compras, ele vem

com um "chip" que pode ser carregado com uma determinada soma em dinheiro. À medida que o portador vai gastando, seu saldo vai sendo eletronicamente descontado. Quando o saldo acaba, o cartão pode ser carregado com uma nova quantia. Também chamado de "carteira eletrônica" ou cartão de valor armazenado conforme citação de Lovelock e Wright (2001, p. 222), a versão mais conhecida é o cartão Mondex, desenvolvido pelo National Westminster Bank (NatWest) da Inglaterra, cujos testes foram iniciados em 1995 em Swindon, cidade próxima a Londres.

Os cartões se multiplicam constantemente e hoje eles estão cada vez mais direcionados para os diversos nichos de mercado. São cartões de afinidade, que apóiam campanhas sociais, ecológicas; cartões para atender jovens e universitários, cartões para registros de entradas e saídas, de convênios, de organizações ou ainda cartões de negócios destinados a altos funcionários de empresas.

4. Conceito e Natureza Jurídica do Cartão de Crédito

O cartão de crédito é feito de um material plástico de tamanho e forma mundialmente padronizada, onde é apresentado o nome do titular; o número de identificação do cartão que remete ao contrato firmado entre o titular a entidade emissora; a data de validade do cartão; a bandeira da administradora do cartão ou de empresa associada; uma tarja magnética para validação do negócio e leitura em máquinas próprias ao tipo de operação; e, um campo em que é postada a assinatura do titular para identificação de regularidade do negócio pelo estabelecimento filiado; ou ainda um chip quando a validação do negócio pelo titular do cartão se der mediante digitação de senha (assinatura eletrônica), (MARTINS, 1999).

Rongaglia (2004, p. 94) coloca em uma de suas citações sobre o cartão de crédito que “é um instrumento que substitui o papel-moeda na aquisição de bens e serviços, fundamentado em um intrincado conjunto de contratos (que formalizam relações jurídicas)”, onde o comprador se desobriga de pagar diretamente ao fornecedor dos citados bens e serviços, obrigando-se, em contrapartida, a pagar a um administrador do cartão de crédito. Esse fornecedor receberá o valor das aquisições do titular do cartão de crédito não mais deste, mas sim do administrador do sistema de cartões de crédito, em uma nova relação jurídica. Parte-se desses pressupostos para afirmar que a figura jurídica do cartão de crédito não é um contrato, mas um sistema contratual, existente sempre que a unidade presente entre os contratos seja tão intensa a ponto de seus efeitos terem alguma relação de dependência, mas seus pressupostos de validade serem autônomos. Tal proposição visa analisar juridicamente uma operação que economicamente é unitária, mas que tradicionalmente é tratada de forma seccionada no seu aspecto jurídico.

O cartão de crédito não pode ser considerado um título de crédito, pois não possui dois dos requisitos essenciais à sua configuração, quais sejam: a abstração e a autonomia, uma vez que não há circulação do documento.

Nesse sentido Martins (1999) e Diniz (1993), destacam que não se trata de título de crédito, por ser desprovido de caracteres de abstração e livre circulação e por não ter um valor por si mesmo. Seria um documento de identificação e não título de crédito, por ser incompleto e insuficiente, apesar de incorporar um direito do consumidor. Constituiria um mero instrumento de identificação, que permite a utilização do serviço e a aquisição dos bens. Daí ser nominativo, pessoal e intransferível.

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Além disso, o cartão de crédito não representa um crédito pré-definido, pois, apesar de haver um limite de crédito concedido previamente ao titular, quando da aquisição do cartão pela entidade emissora, não existe a obrigação de pagar enquanto o cartão não for utilizado e no montante em que ele for utilizado.

5. Modalidades de Cartão de Crédito

Podem-se classificar os cartões de crédito em cartões de crédito propriamente ditos e cartões de credenciamento.

Os cartões de credenciamento não são considerados verdadeiros cartões de crédito, tais como utilizados hoje em larga escala no comércio. No mecanismo de utilização existem apenas dois elementos, o emissor, que é também o vendedor, e o beneficiário. As operações que se realizam com as interferências desses cartões são simples vendas a prazo ou a crédito, sendo o emissor o credor do comprador em virtude dessa venda. O cartão só pode ser utilizado nos estabelecimentos do vendedor e as relações jurídicas entre as partes se reduzem a uma venda a termo. A operação realizada entre o emissor e o titular é uma simples operação de crédito pessoal, como, aliás, em todos os contratos a prazo, (MARTINS, 1999).

Os cartões de débito, apesar de serem estudados e acompanhados pela Associação Nacional de Empresas de Cartão de Crédito e Serviços – ABECS, não podem ser classificados como cartão de crédito, pois, representa uma forma de pagamento a vista, em que a instituição financeira se obriga a pagar ao estabelecimento filiado, mediante a apresentação dos comprovantes da transação comercial, cobrando, em contrapartida, uma taxa de desconto sobre o valor da venda, remuneratória dos serviços prestados, debitando o valor gasto pelo titular diretamente da conta corrente que este possui junto à instituição financeira/cooperativa de crédito emissora no ato da transação efetuada; não havendo, portanto, concessão de crédito aos seus titulares e sendo possível esta transação apenas em condições de que exista o saldo em conta corrente para ser debitado no mesmo momento da transação efetivada com o cartão.

O cartão de credenciamento vem a ser a venda a prazo realizada pelo estabelecimento comercial emissor do cartão. Esse estabelecimento emite aos seus clientes preferenciais um cartão de credenciamento, através do qual concede determinado crédito aos titulares desse cartão para realizarem compras utilizando como forma de pagamento o indigitado cartão para pagamento posterior de fatura emitida pelo estabelecimento com vencimento, normalmente, em 30 ou 40 dias contados da data de realização da compra de mercadorias ou da utilização dos serviços por ele prestados.

No mecanismo de utilização existem apenas dois elementos: o emissor, que é também o vendedor, e o beneficiário. As operações que se realizam com as interferências desses cartões são simples vendas a prazo ou a crédito, sendo o emissor o credor do comprador em virtude dessa venda (DORST, 2010).

Os cartões de crédito propriamente ditos podem ser classificados em cartões de crédito bancários e não bancários. Segundo, Rongaglia (2004), os cartões de crédito não bancários são emitidos por instituições não financeiras, que buscam, pela administração de seu próprio sistema de cartões de crédito, oferecer ao público em geral um instrumento para aquisição de bens ou serviços, perante uma rede credenciada, com a possibilidade de pagamento em prazo dilatado. Esses cartões, não admitem que o seu emissor realize empréstimo bancário aos titulares de cartões de crédito.

Nas transações comerciais realizadas com os cartões de crédito bancários, não se difere do mecanismo utilizado com os cartões de crédito não bancários. Contudo, além dos benefícios concedidos aos titulares do cartão de crédito não bancário, os portadores do cartão de crédito bancário terão ainda a possibilidade de financiar o valor por eles devido com compras e serviços quando do vencimento da fatura, caso não disponham ou não desejem

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dispor de recursos para quitá-la integralmente, e, neste caso, os titulares pagarão o valor de pagamento mínimo descrito na fatura e financiarão o restante.

Os cartões de crédito bancário podem ainda, conceder aos seus titulares a possibilidade de sacar dinheiro, realizar transferências, dar quitação de boletos, fazer aplicações e demais possibilidades utilizando-se do cartão em agências ou caixas eletrônicos da instituição financeira emissora ou parceira da administradora do cartão.

Em alguns casos, dependendo do contrato firmado entre entidade emissora e titular do cartão, poderá, este, parcelar suas compras, mediante pagamento de taxa de juros remuneratória à instituição financeira que lhe concede o crédito.

Cumpre esclarecer que o que caracteriza o cartão de crédito como sendo um cartão de crédito bancário não é o fato de a sociedade emissora ser ou não uma instituição financeira, mas sim a possibilidade de saque de dinheiro e de financiamento do crédito (DORST, 2010). 6. Procedimentos Metodológicos

O interesse pela temática surgiu pela experiência vivenciada diariamente nas transações via cartão de crédito no Sicredi de Horizontina. Assim sendo, a metodologia utilizada para a realização deste trabalho fora a base de dados desde a implantação do cartão em julho de 2009 até fevereiro de 2011 da Administradora de cartões Sicredi referente à quantidade e formas de utilização deste cartão pelos usuários ativos, os quais são associados a Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul.

Desta forma, quanto aos objetivos, o presente trabalho classifica-se como de caráter exploratório, utilizando-se de pesquisa bibliográfica e documental. Já quanto à abordagem, utiliza a pesquisa quantitativa, que significa traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Por meio de embasamento em estudiosos do tema, busca-se entender as diferentes questões relacionadas aos cartões de crédito e, especialmente a utilização dos cartões de crédito desta bandeira nas unidades de atendimento da SUREG (Superintendência Regional) da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul no período de Julho de 2009 à Fevereiro de 2011.

A pesquisa é definida por Gil (2007, pg. 67) como um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico”, cujo objetivo principal é “descobrir respostas para problemas, mediante o emprego de procedimentos científicos”. A partir desse conceito, o presente estudo é caracterizado como método científico, uma vez que a partir dos objetivos delineados pretende-se receber novos conhecimentos e informações no campo da realidade sobre o tema em questão.

Gil (2007) define ainda dois grupos de pesquisa: estudos exploratórios e estudos descritivos. O presente estudo é do tipo exploratório. Assim, sobre essa forma de pesquisa o autor esclarece que o estudo pode ser uma pesquisa exploratória, envolvendo levantamento bibliográfico e possibilitando a interpretação e a compreensão do tema em estudo. A pesquisa bibliográfica, utilizada neste estudo, utiliza materiais já elaborados, como livros e artigos científicos, tendo como principal vantagem a possibilidade da ampla cobertura de fenômenos. Em relação à Pesquisa Documental, Gil (2002) destaca que é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações como relatórios de empresas e tabelas, considerados registros internos, que no presente estudo foram de suma importância e deram suporte para a minuciosidade de informações antes não analisadas, sendo que fora utilizada a

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base de dados da Administradora de Cartões Sicredi, por meio de informações contidas em planilhas eletrônicas.

A análise de dados consiste em trabalhar o material coletado, buscando tendências, padrões, relações, etc., à busca de abstração. Assim, Miles e Huberman (1994) definem esta fase de tratamento dos dados como a estruturação de um conjunto de informações que vai permitir tirar conclusões e tomar decisões. Desta forma, agregou-se os conhecimentos específicos na área de cartões por colaboradores da cooperativa, adquiridos por meio de entrevista com o gestor das unidades de Horizontina, onde, parte da entrevista está transcrita junto às análises. Já em relação aos Registros Externos a serem utilizados, os mesmos levaram em consideração as informações possuídas frente aos associados das cooperativas, além das informações obtidas por meio de livros e internet.

Na análise dos dados, são apresentados os resultados obtidos na pesquisa e analisados sob o crivo dos objetivos do estudo. Assim, a apresentação dos dados é a evidência das conclusões e a interpretação consiste no contrabalanço dos dados com a teoria, (RAUEN, 1999).

Assim sendo, no presente artigo, a análise e interpretação dos dados foram feitas por meio de gráficos, elaborados com base nas informações contidas nas planilhas eletrônicas e entrevista com gestores da cooperativa em estudo, cujo roteiro da entrevista encontra-se no apêndice. Depois de elaborados os gráficos, os mesmos foram analisados, buscando obter dados importantes sobre a situação dos cartões de crédito nas unidades de atendimentos da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul.

7. Apresentação e Análise dos Resultados

O Sicredi, Sistema de Crédito Cooperativo, compreende o conjunto de 119 Cooperativas de Crédito Singulares, 5 Cooperativas Centrais, acionistas da Sicredi Participações S.A. (SicrediPar), bem como as empresas e entidades por esta controladas, entre elas o Banco Cooperativo Sicredi S.A., que atuam no mercado sob a marca Sicredi e adotam padrão operacional único (COOPERATIVISMO DE CRÉDITO, 2011). Ainda, atualmente, o sistema conta com quase 2 milhões de cooperados. Estes atuam em onze estados brasileiros, entre eles, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Bahia; com mais de mil pontos de atendimento.

Destaca-se que o Sicredi tem origem essencialmente no setor primário, sendo que o mesmo atua nos centros urbanos, por intermédio das cooperativas de livre admissão e/ou por meio de cooperativas de crédito segmentadas, que são aquelas ligadas a categorias profissionais ou segmentos econômicos específicos. Assim, com o fortalecimento institucional do Sicredi e de outras instituições de mesma natureza, foi crescendo a abrangência de atuação do cooperativismo de crédito, com a significativa ampliação do volume de recursos administrados, o aumento do contingente de associados e a disponibilização de uma maior gama de produtos e serviços, entre eles os cartões de crédito, que é o foco deste artigo.

Desta forma, para a apresentação e análise dos resultados de estudo, foram usados os dados referentes às unidades de atendimento da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, formado por 16 agências; são elas: Alegria, Boa Vista do Buricá, Crissiumal, Doutor Maurício Cardoso, Esquina Araújo, Horizontina – 03, Horizontina – 18, Humaitá, Independência, Inhacorá, Nova Candelária, São Caetano, São José do Inhacorá, Tiradentes do Sul, Três de Maio e Vila Cascata, onde representam 12 municípios nesta área de atuação.

Segundo Dorst (2010) o mercado de cartões de crédito vem crescendo em todo o país, em nossa região e no município de Horizontina esta situação não é diferente, seguindo uma tendência mundial na utilização do cartão de crédito. Assim, nesta parte do estudo são

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apresentados os dados coletados que serviram de base ao desenvolvimento deste estudo e análise destes dados por meio de gráficos e tabelas.

A partir da análise da tabela 1 verifica-se que no período de análise deste estudo, ou seja, julho de 2009 a fevereiro de 2011, as compras a crédito representaram 53,79% do valor total transacionado e 57,17% no número de operações, por haver uma substituição na forma de pagamento do sistema tradicional e muito usual de compra com cheques pré-datados e boletos. Ao mesmo tempo, verifica-se que as compras a débito representaram, por sua vez, 46,21% do valor total transacionado e 42,83% no número de operações via cartão múltiplo, o que vem a substituir o dinheiro em espécie, trazendo mais segurança ao consumidor.

TIPO DE TRANSAÇÃO VALOR QUANTIDADE % VALOR % QUANTIDADE

Compra a Débito R$ 6.238.378,17 59.142 46,21% 42,83%

Compra a Crédito R$ 7.261.228,96 78.940 53,79% 57,17%

Total R$ 13.499.607,13 138.082 100,00% 100,00%

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Tabela 1: Total Transacionado em Reais e em Quantidade via Cartão Múltiplo Sicredi Estes dados mostram que tanto em valores como em quantidades as transações a crédito foram superiores. Assim verifica-se a necessidade dos cooperados de financiarem-se por meio desta forma de transação.

Mesmo com a opção a crédito sendo a mais utilizada pelos associados, a análise dos dados apresentados geraram surpresa para o gestor entrevistado, conforme relato:

Os resultados apresentados na tabela 1 foram uma surpresa, uma vez que acreditava-se que o percentual das transações e valores pela opção do crédito acreditava-seriam muito superiores as transações a débito, sendo que, como a maior parte da população é assalariada ou possui data certa para recebimento de seus salários, na opção de crédito, este controle de pagamento fica mais fácil. Percebe-se que as transações a débito, praticamente se igualam as a crédito na região Noroeste, sendo que a população que utiliza este cartão efetua grande parte do seu controle financeiro com os pagamentos à vista.

Destaca-se que a utilização do cartão por meio da opção débito ou crédito pode diferenciar-se à medida que são agrupados públicos distintos, como é o caso da cidade de Horizontina, onde os associados foram divididos em dois grandes grupos, onde fazem parte os associados ativos urbanos e rurais. Isso se faz pela maior concentração de público na cidade, onde o acesso e opções de consumo são maiores, ao contrário do público rural que tem esse acesso mais restrito pela logística, também por possuírem uma moeda de troca que é o “grão”. Assim na Tabela 2, onde se comparou os valores transacionados a crédito e débito na Cooperativa Sicredi Noroeste e nas Unidades 03 e 18 da cidade de Horizontina verifica-se que a Unidade 03 tem participação maior sobre o valor total transacionado na cooperativa, respondendo por 16,70% das transações a crédito e 7,86% das transações a débito. A Unidade 18, por sua vez, representa 4,53% das transações a crédito e 4,30% das transações a débito. Já ao analisar o valor total transacionado, somando-se as transações a crédito e débito, verifica-se que a Unidade 03 de Horizontina, transacionou um montante de R$ 1.612.546,23, ou verifica-seja, 11,95% do total transacionado pela Cooperativa Sicredi Noroeste, enquanto que a Unidade 18 de Horizontina registrou um montante de R$ 595.200,61, ou seja, 4,41% do total transacionado pela Cooperativa Sicredi Noroeste.

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Tipo de Transação Total Coop. Noroeste RS Horizontina - 03 % Horizontina - 18 % Compra a Débito R$ 6.238.378,17 R$ 570.500,71 35,38% R$ 312.446,16 52,49% Compra a Crédito R$ 7.261.228,96 R$ 1.042.045,52 64,62% R$ 282.754,45 47,51% Total R$ 13.499.607,13 R$ 1.612.546,23 100% R$ 595.200,61 100%

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Tabela 2: Valores Transacionados a Crédito e a Débito Em outra percepção sobre a tabela 2, afirma o gestor:

Pode-se observar uma inversão nos números, constatando-se que o público urbano, em relação à cooperativa Noroeste como um todo (tabela 1), teve um percentual mais elevado de transações a crédito e percentual bem menor de transações a débito, justamente por ser uma unidade com público totalmente urbanizado. Já no público rural, vemos uma realidade totalmente contrária, onde as transações de débito superam mais da metade das transações e as de crédito por sua vez, são menores, distorcendo até a realidade da cooperativa como um todo.

Na Figura 1 está sendo analisada a participação por unidade de atendimento, frente à Cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul. Assim verifica-se que a unidade de atendimento Três de Maio tem participação maior nas transações realizadas por toda a Cooperativa nas compras a crédito, um montante de R$ 2.129.404,03. Ao mesmo tempo, verifica-se quea unidade de atendimento Crissiumal tem participação maior nas transações realizadas por toda a Cooperativa nas compras a débito, um montante de R$ 1.583.393,77. Já as unidades de atendimento de Horizontina apresentam, somadas, um desempenho dentro da Cooperativa abaixo de unidades de porte semelhante.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Figura 1: Valor Transacionado por Unidade de Atendimento

Ao analisar a participação, por unidade de atendimento, frente à Cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, em quantidade de transações efetuadas; verifica-se que a unidade de atendimento de Três de Maio apresentou uma quantidade maior de transações tanto nas compras a crédito, 25.735 transações, frente 78.940 da Cooperativa Noroeste do Rio Grande do Sul, e também nas compras a débito, 17.953, frente 59.142 transações efetuadas pela Cooperativa.

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Destaca-se que as unidades de atendimento Crissiumal e Horizontina – 03 também possuem uma participação significativa na quantidade de transações realizadas pela Cooperativa, pois efetuaram 10.863 e 13.421 transações a crédito, respectivamente, e 9.931 e 7.616 transações a débito, respectivamente.

Essa diferença em números pode ser explicada pela quantidade de habitantes e porte de cada unidade, sendo que o gráfico demonstra que na maioria dos municípios a opção de compra a crédito tem sido a modalidade preferida dos consumidores, sendo esta opção, ainda maior nos municípios mais populosos.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Figura 2: Quantidade de Operações Transacionadas com o Cartão Múltiplo Sicredi Ao analisar a Figura 3, percebe-se que em relação à média de valor por transação, comparativamente entre o total da Cooperativa e as unidade 03 e 18 da cidade de Horizontina, a unidade 18 obteve uma média de valor transacionado maior que as demais, ou seja, uma média de R$ 110,41 por transação. Já a unidade 03 obteve uma média de R$ 76,65 por transação e a Cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul apresentou uma média de R$ 97,77.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

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A média de transação apresentada na unidade Horizontina – 18 é definida pela sua característica de atender somente publico rural, que ao efetuarem suas compras, o fazem para um período mais longo; diferente do público urbano na unidade Horizontina 03, que tem acesso diário ao comércio e serviços, usando o cartão com mais freqüência e em valores menores.

Com relação à média dos valores transacionados pela cooperativa e unidades de Horizontina o gestor manifesta o seguinte:

A média do valor transacionado na unidade Horizontina-03 é menor do que na unidade Horizontina-18 em virtude do público rural efetuar uma menor quantidade de compras com volumes financeiros maiores, como insumos, combustíveis, grãos e alimentos; por se tratar de um público que vai menos vezes ao supermercado fazer compras, fazendo uma compra única para o mês comparado ao publico urbano que acaba fazendo compras, no exemplo de mercado, praticamente mais de uma vez por semana com valores menores, diminuindo assim o valor de cada transação.

Na análise da média de valores por transação via cartão Sicredi na Cooperativa, pode se destacar os municípios com forte ligação com o meio rural onde se tem uma média superior a R$ 80,00, pela mesma característica da figura 3.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Figura 4: Média de Valor Transacionado por Unidade Analisando a figura 4 o entrevistado afirma que:

As unidades com público mais urbanizado que são Horizontina-03, Três de Maio e

Independência; se comparadas perante a média total da cooperativa realmente ficam abaixo desta média, onde nas demais unidades de atendimento que tem foco maior em publico rural essa média supera a média da cooperativa.

Quanto ao montante de valor transacionado pela cooperativa desde o início do produto cartão até o mês de fevereiro de 2011; destaca-se no ano de 2010, o incremento dos valores transacionados, pelo fato de ser um produto novo e em expansão, com uma forte e abrangente campanha de incentivos e troca de tickets de compra por prêmios, fechando o mês de

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dezembro com o maior volume transacionado por ser o mês de maior venda no comércio nacional e mundial, quando o valor total entre compras a débito e a crédito representaram um montante de R$ 1.647.380,76.

Em relação aos primeiros meses de 2011, o quadro apresenta um pequeno decréscimo nos valores transacionados devido ao término da campanha, período de férias e viagens.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Figura 5: Valor Total Transacionado com Cartão Múltiplo por Período na Cooperativa Analisando a figura 5 percebe-se que no mês de junho de 2010 houve uma diminuição significativa nas vendas de cartão sendo praticamente um ano após a implantação do mesmo onde já estava consolidado no mercado. Assim coloca o Gestor das unidades de Horizontina:

Possivelmente este fato deve ter ocorrido devido ao ano de 2010 ter havido várias comemorações seguidas como Páscoa e Dia das Mães que são datas que representam um volume elevado de compras no comércio. Já em junho do mesmo ano, acredita-se que o público que possuía o cartão estava organizando suas contas para em julho voltar a sua normalidade de uso.

Observa-se por meio da Tabela 3, onde mostra o percentual de associados ativos por unidade de atendimento da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul em Junho de 2011, que as Unidades de Três de Maio juntamente com São Caetano e Crissiumal tiveram o maior percentual de associados ativos no período de análise, com 20,25% e 14,07%, respectivamente. Ao mesmo tempo verifica-se que no lado oposto se encontram Independência juntamente com Esquina Araújo e Inhacorá que possuem um percentual menor de associados ativos, com 3,65% e 2,93%, respectivamente.

Na cooperativa Sicredi Noroeste, dos 36.752 associados ativos, foram solicitados 17.947 cartões múltiplos. Destes 17.947 cartões, apenas 3.907 estão sendo utilizados freqüentemente pelos associados, já 1.946 cartões estão inativos (sendo que o associado está em posse do mesmo, porém não está utilizando). A diferença de 12.094 cartões se dá devido aos cartões cujo cancelamento foi solicitado pelos associados, cartões perdidos, bloqueados e ainda os cartões parados nas unidades de atendimento, os quais os associados são contatados para buscá-los e incentivados a usá-los. Porém, o uso efetivo destes cartões ainda encontra-se baixo, devido a fatores culturais onde as pessoas possuem uma resistência maior a utilização dos meios eletrônicos de pagamento.

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Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Tabela 3: Quantidade de Associados Ativos X Cartões Ativados X Cartões Inativos Verifica-se que nas unidades com maior concentração de população do meio urbano, a ativação e por conseqüência a utilização o cartão é superior a do meio rural. No contexto geral, ainda existem muitos cartões a serem ativados, como a própria tabela apresenta um grande número de cartões inativos, resultado este, de ações de expansão a curto prazo.

O maior desafio a ser enfrentado por todas as unidades de atendimento da cooperativa se dá na forma de incentivo a ativação e utilização dos cartões já solicitados/emitidos que se encontram nas unidades de atendimento e com os associados.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Figura 6: Quantidade de Associados Ativos X Quantidade de Associados Ativos com Cartão Múltiplo X Cartões Ativados (em uso)

Quantidade de associados ativos por unidade % Quantidade de associados com cartão múltiplo solicitado, por unidade % Cartões Ativados (em uso) % Cartões Inativos % Total Coop. 36.752 100,00% 17.947 100,00% 3.907 100,00% 1.946 100,00% CRISSIUMAL UA 02 5.170 14,07% 2.631 14,66% 463 11,85% 255 13,10% HORIZONTINA 03 UA 03 3.377 9,19% 1.819 10,14% 513 13,13% 258 13,26% HUMAITÁ UA 04 2.336 6,36% 1.158 6,45% 157 4,02% 99 5,09%

BOA VISTA DO BURICÁ UA 05 2.726 7,42% 1.346 7,50% 346 8,86% 226 11,61%

TIRADENTES DO SUL UA 06 2.799 7,62% 1.213 6,76% 197 5,04% 89 4,57%

DR. MAURÍCIO CARDOSO UA 07 1.968 5,35% 873 4,86% 179 4,58% 133 6,83%

SÃO JOSÉ DO INHACORÁ UA 08 1.343 3,65% 782 4,36% 118 3,02% 53 2,72%

INDEPENDÊNCIA + ESQ. ARAÚJO UA 09 2.488 6,77% 1.218 6,79% 173 4,43% 58 2,98%

ALEGRIA UA 10 2.156 5,87% 1.051 5,86% 283 7,24% 108 5,55%

INHACORÁ UA 11 1.077 2,93% 515 2,87% 80 2,05% 63 3,24%

NOVA CANDELÁRIA UA 12 1.555 4,23% 710 3,96% 119 3,05% 82 4,21%

TRÊS DE MAIO + SÃO CAETANO UA 17 7.443 20,25% 3.482 19,40% 1.089 27,87% 410 21,07%

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Em relação à Figura 6, que mostra uma comparação entre três dados (quantidade de associados ativos, quantidade de associados ativos com cartão múltiplo e cartões ativados) destaca-se que a unidade com maior número de associados ativos é Três de Maio juntamente com São Caetano, ao mesmo tempo que esta unidade também possui o maior número de associados com cartão múltiplo, cartões ativados e também inativos. Destaca-se, entretanto, que a unidade de Crissiumal possui uma grande diferença entre a quantidade de associados ativos e a quantidade de cartões ativados, como ocorre em várias unidades. Esta situação nos apresenta que há uma grande oportunidade de expansão nesta área de cartões nas unidades de atendimento da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, bastante apenas ampliar os esforços de comercialização deste produto.

Fonte: Banco de dados Sicredi 2011.

Figura 7: Cartões Ativados X Cartões Inativos em cada Unidade de Atendimento Por meio da Figura 7, pode se verificar que há um grande número de cartões inativos na maioria das unidades de atendimento da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, o que nos apresenta um quadro positivo, de maneira que se verifica que há uma grande oportunidade de ampliação para o setor de cartões. Ao mesmo tempo, verifica-se também, que é preciso motivar e incentivar os associados a utilizarem mais os cartões, visto que há um grande número de cartões inativos que poderiam ser utilizados, e assim agregar mais valor às unidades gerando receitas com segurança e continuidade; ajudando a fomentar a cooperativa e, em contrapartida, aumentando as cotas capitais referente às movimentações realizadas por cada associado.

Assenta-se que o presente artigo fora elaborado com o intuito de conhecer com maior profundidade dados sobre os cartões múltiplos na cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, visto que estes dados são enviados mensalmente para cada unidade de atendimento de forma que não apresentam clareza em suas informações. Mediante a necessidade de maior profundidade nos dados, fora efetuado este estudo exploratório e de análise de dados quantitativos para verificação acerca dos dados existentes e análise dos mesmos para demonstração do posicionamento das vendas com o cartão, principalmente em comparativo entre as duas unidades de Horizontina.

Para isto foram obtidos dados de todas as compras a débito e a crédito de todas as unidades de atendimento da Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, bem como outros dados pertinentes ao estudo e analisados separadamente, podendo-se mensurar, por exemplo, as

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quantidades todas de compras a débito e a crédito pelos associados desta cooperativa, suas médias de valores em cada operação transacionada, as quantidades de cartões ativos e inativos em cada unidade de atendimento. Para estas análises, também foi realizada uma entrevista com o gestor das unidades de Horizontina, o qual se relatou surpreso com os dados apresentados, sendo que os mesmos poderão ser analisados em maior profundidade pela cooperativa, servindo de subsídio para a expansão deste produto ainda incipiente para o Sicredi, mas que trouxe verdadeira revolução para os meios de pagamento.

8. Conclusão

Sendo a concessão de crédito um dos pilares para a crescente expansão da economia brasileira, com o passar dos anos foram sendo substituídas as formas de pagamento à maioria dos setores que vão desde a compra de mercadorias até a prestação de serviços.

Com a diversidade de cartões existentes no mercado, o ambiente da sociedade de consumo encontrou maior facilidade na oferta do crediário, provocando a sensação de maior poder aquisitivo à massa da população.

Buscando atuar neste segmento, o Sicredi criou sua própria bandeira de cartões que veio atender as necessidades de seus associados, trazendo mais segurança às operações de compra e venda que antes eram realizadas com a moeda em espécie, cheques ou mesmo boletos. Assim as Cooperativas de Crédito como o Sicredi, buscaram, por meio do cooperativismo e de serviços financeiros mais eficientes, uma alternativa para se sobressaírem frente aos demais concorrentes e atrair novos associados.

Desta forma, o presente artigo busca avaliar o desempenho do cartão múltiplo Sicredi diante dos associados ativos da cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul, com ênfase nas duas unidades de atendimento de Horizontina.

Diante da análise de dados ficou evidenciado que a maioria das operações e montante em valores transacionadas com o cartão Sicredi na Cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul são realizadas pela opção do crédito, sendo que os associados podem realizar suas compras para pagamento com vencimento único ou ainda parceladamente, com débito na fatura do seu cartão, juntando todas as suas compras/gastos, para pagamento em dia fixo, tendo a segurança de que o débito será efetuado no dia previamente estipulado e acordado com a cooperativa no momento da aquisição do cartão.

Já em outra análise, verifica-se uma inversão de valores a débito e a crédito junto às duas unidades de Horizontina, sendo que na unidade de atendimento Horizontina – 03, que atende ao público urbano, a maioria das transações se dá nas operações a crédito e na unidade Horizontina – 18, sua maioria vem ser às compras no débito. Em relação a esta inversão de dados, pode-se concluir que nas unidades que atendem maior público urbano, este público já está mais acostumado com os novos meios de pagamentos, inclusive os cartões, e, por consequência, está deixando de lado as antigas formas de pagamento e se adaptando às novas tecnologias. Nas unidades que atendem ao público em sua maioria rural, possuem menores quantidades de transações por seus usuários serem mais restritos a estes tipos de operações com cartões e os que já realizam estas operações, utilizam, na sua maioria, a opção do débito, sendo pessoas mais assertivas em suas finanças, controlando de forma ainda mais criteriosa que o público assalariado, provavelmente porque suas fontes de renda não são mensais, exigindo controle mais eficiente das finanças.

No comparativo da média de valor por transação, as unidades de Horizontina também apresentam significativa variação em seus valores. Isso se dá, entre outros fatores, pela logística, sendo que o público urbano se encontra todo dia no comércio local; em mercados, farmácias, bares, lojas. Já o público rural, pouco mais restrito ao comércio e ao centro da cidade, realiza suas movimentações com menos frequência, porém em quantidades de valores

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mais elevados em cada transação, e, por isso, esta variação de R$76,65 na unidade Horizontina-03 (urbana) para R$110,41 na unidade Horizontina-18 (rural). Cabe salientar que o valor elevado de tais transações “rurais” deve-se, predominantemente, ao fato de a cooperativa fomentar a atividade agrícola, abrindo linhas de crédito para a aquisição de insumos e produtos agrícolas, os quais possuem elevados valores. Esta mesma comparação realizada pelas unidades de Horizontina cabe a todas as outras unidades da cooperativa na discrepância de valores por público foco de cada unidade.

A análise do presente estudo deu-se sobre os dados desde o início da implantação do cartão múltiplo Sicredi em julho de 2009 até fevereiro de 2011. Pode-se observar uma crescente aderência à utilização do cartão durante os meses que se passaram, tendo maior volume de vendas nos meses em que houve datas comemorativas importantes e, em especial no ano de 2010, quando o Sistema Sicredi realizou uma campanha chamada “Use e Ganhe”, na qual seus associados juntavam pontos referentes ao montante em valores transacionados e trocavam por brindes.

Após o término desta campanha e não sendo mais o foco principal da cooperativa o produto cartão múltiplo, o uso deste pelos associados ativos da cooperativa baixou, sendo este um dos problemas do produto em questão.

Outro problema deste produto ainda na cooperativa é a baixa aderência e uso deste pelos associados, sendo que a maioria dos cartões solicitados, estão parte parados nas unidades de atendimento para serem entregues; e muitos ainda, encontram-se com status inativo, bloqueado ou cancelado a pedido do associado, sendo que, do montante total de cartões solicitados pela cooperativa, hoje, apenas 21,77% estão em uso pelos associados.

Visto isso, fica claro que há um espaço enorme a ser conquistado pelo produto cartão múltiplo Sicredi junto aos associados ativos da cooperativa em análise, sendo de suma importância que se faça um trabalho junto aos colaboradores, associados e empresas conveniadas ao Sicredi quanto ao incentivo do uso do cartão.

Um dos incentivos que podem ser realizados para o uso do cartão, é a realização de campanhas junto às empresas credenciadas ao cartão Sicredi para que as mesmas ofertem sua utilização e até mesmo ofereçam benefícios quanto ao seu uso em compras parceladas e descontos ou ainda a entrega de brindes para as empresas que atingirem montantes em vendas, as quais farão o serviço de marketing do cartão pelos colaboradores.

Para que os índices de aceitação deste cartão venham a aumentar gradativamente, é necessário que os colaboradores realizem ligações e até mesmo visitas para entrega destes cartões parados nas unidades; sejam realizadas campanhas de incentivo ao uso do cartão não deixando que ele fique esquecido nas carteiras; que os colaboradores consigam convencer os associados a aceitar o cartão múltiplo, sendo que todas as suas compras e movimentações financeiras podem ser, com este, realizadas; demonstrando a segurança, facilidade de uso e afirmando aos associados que o cartão Sicredi possui o maior custo benefício para seus usuários. Estas ações, entre outras, são de suma importância para a aceitação do produto, além da desmistificação de alguns pré-conceitos, que vem a fazer com que os associados não queiram utilizá-lo ou mesmo cancelam por medo da tecnologia desconhecida.

No meio rural, onde o público é ainda mais tímido no uso do cartão, é ainda mais importante que se faça um trabalho forte de incentivo do uso deste produto, haja vista que este público possui grande representatividade junto à cooperativa e sendo este público o início de tudo, o crescimento e evolução do que o Sicredi é hoje. Para isto, pode-se aproveitar as assembléias gerais e ordinárias para explicar sobre a utilização do cartão, ajudar na educação quanto aos meios de pagamentos, esclarecer dúvidas sobre a segurança do produto e incentivar os associados quanto ao crescimento de sua própria cooperativa.

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Em suma, pode-se afirmar que a difusão do cartão passa necessariamente pela publicidade, dando plena ciência aos associados de suas facilidades e segurança, convencendo-os, assim, a adotá-lo em suas transações.

A partir das informações levantadas, vislumbra-se a possibilidade de futuros estudos sobre a performance dos cartões de crédito em comparativo a outras bandeiras de cartões ou mesmo à bandeira Sicredi sendo comparados os números da cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul com as outras cooperativas em outras regiões que possuem o mesmo cartão.

Ainda, em continuação a este tema, prosseguir com a mesma análise de dados da cooperativa Sicredi Noroeste do Rio Grande do Sul ao longo do tempo nas unidades estudadas e também aprofundar estudos sobre os comportamentos dos usuários de cartões nas ocasiões de uso e a vantagem destes cartões no dia a dia dos associados.

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Apêndice

Roteiro de entrevista com o gestor das duas unidades de atendimento do Sicredi de Horizontina:

1- Conforme a tabela 1, você tinha conhecimento ou esperava estes percentuais nos valores e nas quantidades de transações a débito e a crédito?

2- Na tabela 2, qual a sua explicação sobre a inversão dos números a débito e a crédito nas duas unidades de Horizontina?

3- Já na figura 3, qual seria o motivo de a média de valores transacionado por unidade em Horizontina ser tão distante?

4- Sobre a figura 4 que demonstra a média de valor transacionado em cada unidade de atendimento da cooperativa Sicredi Noroeste, qual seria o motivo desta divergência de valores?

5- É apresentado na figura 5 o valor mensal transacionado no período de análise dos cartões Sicredi. Qual seria e explicação para estes altos e baixos?

Referências

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