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Possibilidades de análise dos efeitos das políticas públicas no lugar social da mulher brasileira hoje

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Academic year: 2021

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ALESSANDRA MAASS COSTA

POSSIBILIDADES DE ANÁLISE DOS EFEITOS DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS NO LUGAR SOCIAL DA MULHER BRASILEIRA HOJE

Ijuí 2016

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POSSIBILIDADES DE ANÁLISE DOS EFEITOS DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS NO LUGAR SOCIAL DA MULHER BRASILEIRA HOJE

Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo.

Orientadora: Flávia Flach

Ijuí 2016

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Dedico este trabalho a todas as mulheres. Que cada uma possa ser aquilo que quiser ser.

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Para uma mulher conquistar seus direitos, foi necessário que, ao longo da história, muitas outras mulheres lutassem por eles.

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O presente trabalho tem como objetivo investigar os efeitos das políticas públicas para mulheres existentes no Brasil e sua efetividade, no sentido da promoção de uma igualdade social entre os gêneros. Para isso, faz-se uma retomada sobre a história das mulheres, abordando o silenciamento e opressão sofridos. Este lugar que foi dado as mulheres, atualmente ainda apresenta seus efeitos, sendo possível vizualizá-lo através de dados estatísticos que dizem sobre as diferenciações de gênero ainda existentes, permitindo então, abordar algumas políticas públicas e suas possibilidades de efetividade no cenário brasileiro.

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Brazilian’s woman and it’s effectiveness, concerning the promotion of a society’s equality between genders. To get this, it’s made a resume about women’s history, concerning the processof silence and oppression suffered. This level gaved to women, nowadays still present his effects, being possible visualize by estatistics datas that still exists. This enables to approach possibilities os effectiveness in the brazilian’s context.

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1 INTRODUÇÃO ... 13

2 DA REPRESSÃO À RESISTÊNCIA: A HISTÓRIA DAS MULHERES ... 15

3 RETRATO DO LUGAR DA MULHER BRASILEIRA NO SÉCULO XXI ... 24

4 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES NO BRASIL ... 32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 39

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o intuito de fazer uma retomada histórica sobre o lugar culturalmente imposto as mulheres, desde os mitos que foram construindo este lugar, até dados recentes que mostram as diferenças ainda existentes no que se refere as desigualdades sociais de gênero. Desta forma, foi feito um percurso a partir dos conceitos de gênero e patriarcado, possibilitando perceber a construção dos papéis de gênero existentes, e o surgimento do movimento feminista, enquanto forma de questionar esta opressão, e fazer uma passagem das mulheres do âmbito privado para o público. Assim sendo, são abordados dados estatísticos que mostram a realidade da mulher brasileira no século XXI, e suas dificuldades ainda enfrentadas. A partir disso, são elencadas algumas políticas públicas, e analisada mais especificamente a Lei Maria da Penha, como tentativas de modificar estes dados.

A questão de pesquisa deste trabalho, constitui-se a partir da ideia de que as políticas públicas são um meio para que se alcance uma igualdade social, no que se refere a direitos, entre homens e mulheres. Portanto, a questão tem como hipótese que a intervenção do Estado pode contribuir na movimentação dessa realidade social, promovendo uma igualdade social, e a partir disso, é feita uma análise das políticas existentes como tentativa de demonstrar sua efetividade.

O interesse por esta temática surgiu a partir de uma breve experiência com as políticas públicas, e da percepção da necessidade de se falar sobre a especificidade das políticas para mulheres, visto que é um tema que constitui grande relevância no cenário atual, se tornando cada vez mais presente, tanto no dia-a-dia em diversos âmbitos, quanto no fazer do psicólogo. Além disto, meu percurso acadêmico me possibilitou a compreensão da importância e das possibilidades da psicologia no que se refere a este tema, movimentando meu interesse para esta área.

Este trabalho foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica, se utilizando de conceitos da psicologia social, dados estatísticos e das próprias políticas públicas existentes hoje, dividindo-se em três momentos. O primeiro capítulo deu conta de uma retomada histórica sobre o silenciamento e opressão sofridos pelas mulheres,

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da construção dos papéis de gênero, e do surgimento do movimento feminista como possibilidade inicial de modificar tal realidade. O segundo capítulo aborda a realidade da mulher brasileira atualmente, a partir das mudanças que ocorreram, mas através de dados estatísticos, evidencia as dificuldades ainda vivenciadas devido a questão de gênero. E o terceiro capítulo aponta algumas políticas públicas existentes hoje no Brasil, no intuito de fazer uma leitura sobre sua efetividade.

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2 DA REPRESSÃO À RESISTÊNCIA: A HISTÓRIA DAS MULHERES

“A história “das mulheres” coloca numerosas questões, a começar por seu título, constituindo as mulheres em objeto. Seria ela legitima? Estaríamos fazendo uma história dos homens? As mulheres tem uma história? Esta história é possível? A irrupção das imagens permite fazer algo diferente de uma história das representações e percepções? As práticas, o sujeito “mulher” são atingíveis?” (PERROT, Michele, 2005, p. 427)

A história deixa marcas, e é necessário conhecê-la, para entendermos como chegamos ao momento histórico atual. No que se refere ao lugar da mulher na sociedade, não é diferente. Perrot, (2005, p. 468) diz: “Tão longe quanto se possa olhar na história, vê-se apenas a dominação masculina”, e essa dominação, ainda hoje se apresenta através de marcas deixadas na cultura.

A autora ainda fala que durante muito tempo as mulheres foram silenciadas, nem sua própria história podiam contar. Eram os homens, os pais, os irmãos, e posteriormente os maridos, que falavam por elas, a condição das mulheres era silenciar e abdicar da própria voz, submetendo-se a esta dominação. Os papéis sociais estavam colocados, cada um possuía seu lugar, e neste, deveria permanecer, sustentando assim a estrutura social tal como era.

Essa distinção entre homem e mulher, feita a partir do aspecto biológico, era que designava a participação e o lugar de cada um na sociedade, o momento do nascimento definia quem seria a voz, e quem escutaria. De acordo com Lopes (2009, p. 67) “Um dos indicativos do controle ou domínio da mulher pode ser apontando pela relativa ausência ou escassez da presença feminina nos estudos históricos da sociedade, seja no papel de produtora ou como objeto de estudo”, portanto, ficando na posição de escuta e subordinação, não sendo merecedora de destaque de qualquer tipo.

Silva (2014), com base em estudos no livro de Gênesis da Bíblia, fala que Deus (figura masculina) criou o mundo em 7 dias, e após, criou Adão, o homem a sua imagem e semelhança. Adão, porém, percebeu que todos os animais tinham seus pares e sentiu-se sozinho, e como forma de agradá-lo, Deus criou a mulher. Eva, moldada a partir da costela de Adão, portanto uma parte dele, foi concebida

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com o intuito de ser companheira deste. Enquanto Adão seria a criação mais divina, Eva seria seu complemento.

“Assim, a mulher veio cumprir seu papel de companheira, de alento para os dias difíceis do homem; já nasceu dependente dele, veio da sua costela não como sujeito individual que pudesse ter ideias próprias, decidir, ser autônoma, mas com a doçura e a candura de quem está pronta para servir ao seu senhor” (LOPES, 2009, p.98).

Ainda em sua análise, Silva (2014) continua dizendo que Eva, entediada com a mesmice de seus dias, vai em busca de algo diferente, e encontra a Serpente. “A serpente, com segundas intenções, convenceu a mulher de que o fruto da sua árvore era saboroso e transformador. A mulher, muito curiosa, experimentou o fruto, gostou e ofereceu ao homem, que também o saboreou.” (Silva, 2014, p. 4) Percebendo que os dois haviam comido do fruto proibido, Deus os expulsou do Paraíso, e os castigou.

Enquanto a punição de Eva seria sentir as dores do parto e criar sua prole, Adão recebeu como castigo a tarefa de dominar a natureza, e com o seu trabalho dar conta de alimentar e sustentar sua família. Entende-se que por ser considerada culpada por transgredir as regras, provocando a expulsão dos dois do paraíso, Eva deveria sofrer uma punição diferente, distinguindo ainda mais os lugares de homem e mulher.

No decorrer da história, a bíblia, foi uma das responsáveis por sustentar o pensamento, de que ao homem foi dado o poder de dominação, e a mulher, de ser controlada, ficando submissa a este. Fortalecendo, por sua vez, a ideia de que homens e mulheres são opostos, e que justamente por isso se completam. Nesse sentido, podemos pensar os conceitos de gênero e patriarcado na sociedade, e como eles estão interligados, fortalecendo essa visão dicotômica.

Lopes (2009, p. 98) diz que “A sociedade atual configurou-se, portanto, na assimetria entre os sexos e fez dessa diferença a causa, ou justificativa, para a valorização do masculino em detrimento do que é feminino.” Desenvolveram-se no decorrer da história representações sociais do que seria o feminino e o masculino, e estas representações constituíram um padrão de gênero que deveria ser mantido.

Segundo a autora, entende-se o patriarcado como uma imposição do que é considerado masculino, sobre o que é considerado feminino na sociedade, desencadeando assim, a opressão de gênero. Confirma-se a ideia da soberania do

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macho, portanto, em uma sociedade patriarcal, a tradição e a cultura autorizam as relações de opressão existentes, impondo lugares, ou papéis para cada um dos sexos.

Perrot (2007, p. 13) falando sobre o silêncio das mulheres na história, diz:

“Uma história sem mulheres parece impossível. Entretanto, isso não existia. Pelo menos no sentido coletivo do termo: não se trata de biografias, de vida de mulheres específicas, mas das mulheres em seu conjunto, abrangendo um longo período – o que é relativamente recente, pois tem mais ou menos trinta anos.”

Isso quer dizer que, às mulheres, em um sistema patriarcal, não cabe sequer narrar sua própria história. O lugar destas na sociedade, constituído histórica e socialmente, remete à família, à maternidade e à submissão, fazendo com que este lugar, na verdade imposto, pareça algo natural. Lopes (2009, p. 49) diz que o patriarcado “[…] é uma relação civil e não uma relação privada, visto que a perspectiva patriarcal extrapola o âmbito das relações privadas e está presente em todas as dimensões da sociedade”, e é nesse sentido que as relações de poder e dominação se constituem, já que para além das relações privadas, é a cultura de uma sociedade que autoriza e reproduz este discurso.

Perrot (2005) diz que a mulher é considerada inicialmente um corpo fraco e delicado, sujeito a indisposições periódicas, portanto, esse corpo é um fardo a carregar, como se dele não pudesse se exigir nem esperar muito. Nesse sentido, pode-se pensar que seu lugar na sociedade se constitui inicialmente a partir de uma questão de ordem física. Este pensamento contribui para outra característica ainda hoje muito forte, de que elas são o sexo frágil, aquelas que precisam de cuidado e proteção.

Nesse sentido, é imprescindível que se faça uma distinção entre os conceitos de sexo e gênero, pois em uma cultura tradicional os dois estão intrinsecamente ligados, como se tivessem o mesmo significado, sendo um dos pontos que contribui para a imposição de poderes. Enquanto sexo pode ser entendido como o que diz respeito às diferenças biológicas entre homens e mulheres – ou machos e fêmeas –, gênero, em contrapartida, diz de uma construção social de masculino e feminino na cultura, onde fêmea deve corresponder ao padrão feminino, e o macho, ao padrão masculino.

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Os conceitos de patriarcado e gênero, reforçam ainda hoje os lugares de mulheres e homens, pois ao falar de gênero, se fala em relações de poder, de hierarquia. No momento em que há um grupo que detém um poder maior, consequentemente há um outro submisso.

Scott (1990 apud LOPES, 2009, p. 13) diz que “Gênero diz respeito também, ao modo como lidamos, ao longo da história e de forma diversa em diferentes culturas, com o poder nas relações interpessoais, hierarquizando e valorizando o masculino em detrimento do feminino.” Desta forma, falar de gênero é falar de construções sociais, já que com o passar do tempo, a realidade vai se modificando, ainda que lentamente e com traços deixados pela história. Lopes (2009) ainda diz que nos tornamos homens e mulheres pelas ações daqueles que nos rodeiam, como as instituições religiosas, escolares, da família e assim por diante. Porém, se essas noções foram construídas, podem também ser desconstruídas.

Logo na infância é possível observar estas construções. Enquanto culturalmente as meninas são endereçadas principalmente à brinquedos que remetam a maternidade e aos cuidados do lar, os meninos vão no caminho contrário e são desde sempre instigados a outros tipos de brincadeiras, que incentivam inúmeras profissões e atividades. Entende-se que mulheres são mais propensas a atividades do lar, contudo, não se questiona a possibilidade de isto ter sido imposto logo no início na vida.

Outro aspecto remete às cores, que logo na infância são determinantes para se distinguir meninos e meninas. Não se imagina um menino com o quarto, as roupas ou os brinquedos na cor rosa, assim como dificilmente se vê meninas com a cor azul, como se a mudança da cor pudesse provocar uma quebra destes lugares já estabelecidos. Enquanto o rosa representa a meiguice e a doçura esperadas da mulher, o azul, assim como os brinquedos “para meninos” instigam a diversão, a aventura e a coragem.

“O conceito - estabelecido para referir-se às relações entre homens e mulheres – surgiu no âmbito da luta de mulheres, como forma de superar o determinismo biológico que se impunha na compreensão das relações entre estas e os homens e, principalmente, para suplantar as teorias essencialistas que buscavam explicar as diferenças entre essas duas dimensões dos seres humanos. O debate sobre essas relações sociais girava em torno das relações de poder e, para tanto, o conceito serviu como forma de melhor explicitá-las.” (Lopes, 2009, p.42)

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A história e a cultura estão encarregadas destes ideais de gênero, porém, isto só é possível a partir de uma sustentação social, que se dá pela internalização das representações e reprodução das mesmas, tanto por homens, quanto por mulheres. É algo tão fortemente transmitido, que se confunde com aspectos naturais, como se determinadas características e comportamentos fossem inerentes à determinado grupo.

Lopes (2009, p. 48) discorrendo sobre o sistema patriarcal diz que “[…] primeiro, as mulheres estão subordinadas hierarquicamente aos homens e, segundo, os jovens, subordinados aos homens mais velhos. Em função da supremacia masculina, as atividades femininas possuem valor inferior àquelas atribuídas aos homens.” Deste modo, o que se relaciona ao feminino, que é o esperado da mulher, automaticamente é considerado inferior. Por conseguinte, todos sofrem as consequências do patriarcado, tanto as mulheres, que ao tentarem se desvincular dos padrões são fortemente oprimidas, quanto os homens, que são inferiorizados ao apresentar características esperadas do gênero feminino.

A força, a coragem e a bravura são esperadas do homem, e a delicadeza, a submissão e a fragilidade são esperadas da mulher, quando uma figura feminina tenta se impor, ela é malvista, e por isso, pode ser castigada. Desde a história contada na Bíblia, passando por diversos períodos históricos, há inúmeros estudos que dizem da posição inferior que as mulheres sempre estiveram em relação aos homens. Porém, podemos pensar a partir do contexto de uma passagem da sociedade tradicional para a sociedade moderna, dentro de um contexto ocidental, para analisarmos as mudanças e permanências de representações e comportamentos na sociedade.

Para que houvesse essa passagem, de acordo com a autora, foi necessário um processo de transição entre os dois, ocasionado pela quebra de padrões estabelecidos. É recorrente em uma sociedade moderna, a tentativa de se romper com valores tradicionais, e consequentemente, há um movimento contrário, que visa manter tais valores. Essa discordância pode abranger qualquer aspecto da vida social, porém, na questão de gênero, esta disputa é marcadamente forte.

Em um contexto tradicional, os papéis de gênero demarcam rigorosamente os lugares, de forma que não há espaço para contestação da ordem existente. A tradição é responsável pela transmissão destes valores, de que à

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mulher, cabe aceitar e se submeter, pois esta, já nasce com o dom para a maternidade e os cuidados do lar, e portanto, deve permanecer em seu lugar. Também que, deve possuir traços e manter comportamentos comedidos e delicados, pois a agressividade e a força são destinadas ao sexo oposto.

Sobre a transmissão, Almeida (1997, p. 96) destaca que: “Características vistas como “naturalmente” masculinas ou femininas desvelam, em seus meandros, atribuições e expectativas sociais.” Este tipo de discurso, sobre a “naturalidade” dos comportamentos, faz com que se construa uma cultura que interioriza e acredita neste pensamento, identificando a mulher como o sexo frágil.

A partir destas atribuições sociais, homens tradicionalmente ocupam espaços públicos, enquanto mulheres são destinadas à espaços privados. “Aos homens, o público, cujo centro é a política. Às mulheres, o privado, cujo coração é formado pelo doméstico e a casa.” (Perrot, 2005, p. 458), e esta divisão social entre os dois âmbitos, em uma sociedade tradicional autoriza ainda mais relações abusivas.

A autora situa a passagem das mulheres do espaço privado ao espaço público, como um momento de questionamento da cultura patriarcal, pois se quebram algumas representações de gênero estabelecidas, e consequentemente há uma crise nestas. O tradicionalismo, não podendo aceitar essas mudanças, impõe suas convicções ainda que na base da força.

Alguns mitos ou momentos históricos podem ser pensados para entendermos a resistência na tradição no que se refere às tentativas femininas de passagem a outros espaços. Ainda na história da Bíblia, podemos pensar o desejo de Eva pelo fruto proibido, como uma tentativa de sair do lugar que lhe foi imposto, entretanto, Deus, figura masculina, lhe castiga por isso, pela sua desobediência ao pai. Pode-se pensar também na civilização grega, o mito de Pandora1, na qual, pela sua curiosidade a figura feminina, espalha todos os males pelo mundo, sendo culpabilizada por isso.

Também pode ser pensado sobre as bruxas da Idade Média, que nada mais eram, que mulheres tentando fazer a passagem para a vida pública. Acusadas de bruxarias e pactos com o demônio, foram queimadas pela igreja medieval, como

1 Pandora foi a primeira mulher criada por ordem de Zeus como parte de um castigo a Prometeu, por

este ter revelado o segredo do fogo para a humanidade. De acordo com o mito, a humanidade vivia em harmonia até então, porém, Pandora resolveu abrir a "caixa” que continha todos os males da humanidade e liberou todas as desgraças, sendo assim, a figura da mulher culbabilizada por isto.

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forma de poupar a sociedade de seus malefícios e sua influência. A queima das bruxas reforçava ainda mais as representações de gênero, fazendo com que outras mulheres não ousassem sequer pensar em sair de “seus lugares”.

Biroli (2014) pensando este contexto e o surgimento do movimento feminista, faz uma retomada histórica. Segundo a autora, diante do contexto da Revolução Francesa, e inspirado em seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, Olympe de Gouges, no ano de 1791, se dá conta que as ideias de dignidade e direitos, tão defendidas neste momento histórico, não incluíam as mulheres. Portanto, faz uma versão da Declaração dos direitos do homem e do cidadão, de forma que as mulheres pudessem começar a aparecer no âmbito público. Desta forma, escreve a “Declaração dos direitos da mulher e da cidadã”, acrescentando artigos que defendiam a liberdade de opinião e expressão das mulheres.

Na mesma época, porém na Inglaterra, Mary Wollstonecraft, considerada por muitos como a fundadora do movimento feminista, vai além da proposta de Olympe, e da início a um pensamento sobre as origens da opressão. Publica no ano de 1792 Uma vindicação dos direitos da mulher, pois percebe que sua obra publicada anteriormente, Uma vindicação dos direitos do homem, não estava abrangendo as mulheres, muito menos dando conta de suas demandas específicas. Ao pensar a problemática das mulheres em termos de direitos, dá início a construção de uma teoria feminista.

Considera-se que o feminismo, enquanto movimento organizado, teve início entre o final do século XIX e início do século XX. Foi necessário um movimento específico para que se pudesse pensar questões próprias das mulheres. Como uma tentativa de desmistificar os lugares pré-estabelecidos na sociedade, o feminismo se caracteriza pela sua pluralidade e diversidade, e a partir disso, pela busca de igualdade social entre os gêneros.

A autora segue pontuando, que inicia-se um questionamento sobre os âmbitos público e privado na sociedade, pois se percebe que o esperado é uma submissão doméstica feminina no contexto privado, e uma exclusão ou mínima participação pública. Desta forma, o simples fato de algumas mulheres falarem sobre estas diferenças, já serve como motivo para repressão, já que a rua e o público, não são espaços que devam ser tomados pela mulher.

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O que se considera a primeira onda do feminismo, teve início na Inglaterra, final do século XIX, onde mulheres lutavam inicialmente pelo direito ao voto, educação e igualdade nos direitos conjugais. Este grupo ficou conhecido como as Sufraggettes, e foi assim que teve início o primeiro movimento organizado de luta pelos direitos das mulheres.

O movimento inicial das sufraggettes, no entanto, ainda não abrangia mulheres negras e trabalhadoras. Foi somente na passagem do século XIX para o século XX, que o feminismo passou a ter um pensamento e uma abordagem mais plural, levando em conta outras realidades.

Ocorreram diversas manifestações e greves de fome, sendo que muitas manifestantes foram presas devido a isso. Um acontecimento marcante para o movimento ocorreu no ano de 1913, quando a feminista Emily Davison se atirou na frente do cavalo do rei da Inglaterra, morrendo e se tornando símbolo de resistência feminista. A partir desta onda inicial, no ano de 1918, às mulheres foi concedido o direito ao voto no Reino Unido.

No Brasil, lideradas por Bertha Lutz, as sufragistas na década de 1910 também iniciaram sua luta reivindicando o direito ao voto, que aqui, foi concedido às mulheres, no ano de 1932. Em paralelo também surgiu o movimento anarquista “União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas”, que reivindicava melhores condições de trabalho para as mulheres nas fábricas e afins.

Tanto na Europa quanto no Brasil, o feminismo perde força após a conquista do direito ao voto, e somente na década de 1960 que volta a ter destaque. Esta segunda onda do movimento tem o livro “O Segundo Sexo” (1945) de Simone de Beauvoir como uma referência importante, já que dá ênfase a discussão sobre gênero. As frases de seu livro “Não se nasce mulher, torna-se”, e “A mulher não é definida nem por seus hormônios nem por instintos misteriosos, mas pela maneira pela qual ela recupera, por meio de consciências alheias, seu corpo e sua relação com o mundo”, dão início a uma reflexão que levanta a questão da construção social de homem e mulher.

Biroli (2014) aponta que quando se percebe que os mecanismos sociais existentes dificultam e até mesmo impossibilitam a participação social feminina, torna-se necessário questioná-los, com a intenção de criar novos mecanismos. Contudo, percebe-se que a questão é mais profunda que isso, sendo necessária uma reflexão social acerca do assunto.

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Diferente da primeira onda, que tinha apenas um caráter social, a segunda levanta também uma questão epistemológica. Percebe-se que o “feminismo da igualdade” deve ser questionado, e surge o “feminismo da diferença”, onde as especificidades de cada grupo devem ser levadas em consideração. Esta questão se mantém, pois este paradoxo entre igualdade-diferença, fomenta a pluralidade de pensamentos e abordagens que é característica do feminismo.

Após algumas conquistas, muitos consideram que hoje o feminismo deveria ser superado. Pensa-se que o patriarcado é um sistema que já não existe mais, que as condições e possibilidades são as mesmas para ambos os sexos, porém, é visível estatisticamente que as diferenças ainda existem, e são estas diferenças que serão abordadas no próximo capítulo.

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3 RETRATO DO LUGAR DA MULHER BRASILEIRA NO SÉCULO XXI

A tomada de consciência da opressão de gênero, o surgimento do movimento feminista e a união entre mulheres na busca pela transformação de sua própria condição social, fez com que nas últimas décadas, houvessem mudanças consideráveis no que diz respeito aos seus direitos. No entanto, à mulher ainda é dado culturalmente um lugar inferior ao do homem.

Farah (2004) aponta que a década de 1980 foi marcante para as brasileiras. No ano de 1983 foi criado o primeiro Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher. O ano de 1985 foi marcado pela criação da primeira Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher e do Conselho Nacional de Direitos da Mulher.

Para a autora, além destes marcos, a Constituição de 1988 é considerada de extrema relevância na história das mulheres brasileiras, uma vez que é elaborada com a participação feminina. Até este momento a participação das mulheres era mínima ou até mesmo nula, e neste ano, o que foi considerada a Bancada Feminina, contou com 26 deputadas eleitas em 15 estados brasileiros, representando 5% dos eleitos, o que neste momento histórico era algo inédito no cenário político do país.

Nesse sentido, foi possível que este grupo de mulheres apresentasse através da Carta das Mulheres Brasileiras, um conjunto de reivindicações referentes a demandas específicas das mulheres. Foram incorporados no artigo 5°, I: “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. E no Artigo 226, Parágrafo 5°: “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos pelo homem e pela mulher”. Estas inclusões introduziram a mulher enquanto sujeito na constituição pela primeira vez na República Brasileira.

Hoje a figura feminina está presente no mercado de trabalho, no contexto político, e no cenário público em geral. Políticas públicas específicas foram criadas, contudo, se for analisado mais a fundo, os dados estatísticos mostram que as diferenças entre os gêneros ainda são significativas. Seja na questão da remuneração, da violência ou da própria participação social, as mulheres ainda enfrentam dificuldades, pelo simples fato de serem mulheres.

Biroli (2014, p. 9) falando sobre os efeitos do movimento feminista no Brasil diz: “[...] na metade do século XX, inverteu-se a tendência que fazia com que

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elas tivessem menos escolaridade que os homens.”, portanto, um dos direitos conquistados foi o do acesso ao estudo, que até então era predominantemente masculino. No entanto, a partir de dados do IBGE, a autora analisa a situação atual e as diferenças ainda existentes.

No ano de 2001, 12,1% das mulheres possuíam mais de 10 anos de estudo, enquanto que para os homens este número era de 9,7%, e em 2008, esta diferença se acentua ainda mais, passando a ser 17,3% das mulheres, e 14,3% dos homens. Em 2009 o número de matrículas femininas no ensino superior chegava a 60%, porém, quando se analisa a remuneração, estes dados não correspondem ao esperado.

“O rendimento mensal médio dos trabalhadores homens é, por sua vez, quase o dobro do das mulheres – em 2012, a média do rendimento deles foi de 1.430 reais, enquanto a delas foi de 824 reais.” (Biroli, 2014, p. 6). O número de mulheres que ganham até meio salário mínimo é 3 vezes maior que o dos homens, porém, contradizendo os dados sobre a qualificação, estes números se invertem na medida em que a faixa salarial aumenta.

A partir de dois salários mínimos, o número de mulheres passa a ser inferior ao dos homens, e estas diferenças se acentuam ainda mais. Quando se chega a faixa de 20 salários, as proporções se invertem, e os dados mostram que há 3 vezes mais homens que mulheres. Outro dado mostra que, a renda per capita de famílias chefiadas por mulheres é inferior à de famílias chefiadas por homens.

Para além da remuneração, as imposições dos papéis de gênero contribuem de outras formas para que estas diferenças ainda sejam evidentes. Mesmo no século XXI com os avanços obtidos, o papel da mulher ainda é marcadamente relacionado a casa e ao cuidado dos filhos, ponto este, que muitas vezes impossibilita a participação feminina no mundo do trabalho, já que faltam políticas adequadas que tornem possível conciliar os dois âmbitos.

Ainda relacionado ao trabalho, dados do TST (Tribunal Superior do Trabalho) apontam que 52% das mulheres economicamente ativas já foram assediadas sexualmente no trabalho. Segundo A Força Sindical, este é o segundo maior problema enfrentado pelas mulheres, ficando atrás somente das diferenças salariais. O assédio moral também é recorrente, expondo principalmente mulheres a situações muitas vezes humilhantes e constrangedoras. Estes acontecimentos são

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repetitivos e desestabilizam a vítima podendo fazer com que ela perca o foco no trabalho.

Outro aspecto apontado pela autora é referente à participação feminina na esfera política do país. O Censo Demográfico de 2010 mostra que as mulheres são a maior parte da população brasileira, chegando a pouco mais de 51%, mas ainda que represente 7 milhões a mais de votos, as mulheres não têm representação proporcional a esse número no Parlamento, ficando atrás de outros 154 países neste aspecto.

Dados disponíveis no site do Senado Federal mostram que no ano de 2014 somente 11% dos cargos em disputa em todo o país ficaram com candidatas. No Congresso, a bancada feminina conta com 51 deputadas (9,94% das 513 cadeiras) e com 13 senadoras (16% das 81 vagas). O estado brasileiro com maior representação feminina em cargos eletivos, conforme figura 1, é o Amapá (41,4%), porém, este caso é uma exceção, no Amazonas, por exemplo, este número é de apenas 5,7%, sendo o estado com menor representação.

Esta disparidade nos números muitas vezes leva a questionamentos sobre suas causas, gerando hipóteses. Biroli (2014) falando sobre isso, diz que o isolamento na esfera doméstica dificulta que a mulheres estabeleçam contatos para que possam se lançar na carreira política, e pontua:

“Aquelas que exercem trabalho remunerado permanecem em geral como responsáveis pelo lar, no fenômeno como “dupla jornada de trabalho”, tendo reduzido seu tempo para outras atividades, incluída aí a ação poítica. Os padrões diferenciados de socialização de gênero e a construção social da política como esfera masculina inibem, entre as mulheres, o surgimento da vontade de participar. Em sua, como disse Anne Phillis, não basta eliminar as barreiras formais à inclusão, concedendo acesso ao voto ou direitos iguais. É necessário incorporar expressamente os grupos marginalizados no corpo politico, e “empurrá-los” para dentro, rompendo a inércia estrutural que os mantém afastados dos espaços decisórios.” (Biroli, 2014, p. 94) Além disto, é imprescindível pensar que as mudanças que ocorreram são muito recentes, há menos de 100 anos as mulheres não tinham nem direito ao voto, e nunca foram incentivadas à participação pública. Portanto, é necessário que sejam disponibilizados mecanismos que auxiliem e ao mesmo tempo instiguem sua participação, pois mudanças significativas representam uma transformação cultural, e desta forma, exige-se tempo.

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Figura 1: Distribuição de cargos eletivos no Brasil por estado

Fonte: Site do Senado Federal

Outro ponto que pode ser analisado é sobre a violência contra a mulher. Dados do Mapa da Violência divulgados pela ONU Mulheres apontam os diferentes tipos de violência e estatísticas das agressões, contudo, no Brasil ainda existe uma grande dificuldade em reunir os números reais, já que não há como garantir que

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todas as violências sejam registradas. Os números a seguir, portanto, são referentes a dados captados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no ano de 2014, a partir de registros de atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) no campo das violências

Conforme figura 2 podemos ver que o número de atendimentos por violência é superior no caso de mulheres desde o nascimento até os 58 anos de idade. A partir dos 12 anos essa diferença se acentua ainda mais, vindo a decair somente na chegada da terceira idade, quando então os números se encontram e se distribuem de forma aleatória.

Figura 2: Atendimentos de mulheres por violência por idade

Fonte: Mapa da Violência 2015 da ONU Mulheres.

Um dado muito importante a ser analisado diz respeito ao agressor, que em grande parte dos casos, é alguém que mantém algum tipo de vínculo com a vítima. No caso de meninas de 1 a 11 anos de idade, 82% das agressões são cometidas pelos pais, sendo que 42,4% são realizadas pela mãe. Na adolescência, entre 12 e 17 anos, os agressores são em sua maioria os pais (26,5%) ou parceiros e ex-parceiros (23,2%). Neste caso, agressões cometidas por desconhecidos representam 21,1%. Entre mulheres jovens e adultas, de 18 a 59 anos, metade dos agressores é representada por parceiros e ex-parceiros. 50,7% no caso de mulheres jovens, e 50% de mulheres adultas. Já entre as idosas, a maior parte das agressões, 34,9%, são cometidas por filhos.

Desta forma, analisando o contexto geral, percebe-se que o maior número de casos de violência contra a mulher são cometidos no âmbito doméstico, 67,2%

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das agressões são cometidas por familiares diretos ou parceiros e ex-parceiros, evidenciando que as mulheres se encontram em grande situação de vulnerabilidade neste contexto que deveria representar segurança, já que 71,9% das agressões ocorrem dentro da casa da própria vítima.

Os registros do Sinan totalizaram 198.036 casos de violência no ano de 2014 no Brasil, e a partir destes números também é possível visualizar os tipos de agressão existentes, conforme figura 3. A violência física é sem dúvida a que mais aparece, em 48% dos casos. No caso das adolescentes, este número chega a 40,9%, e nas faixas etárias correspondentes a mulheres jovens e adultas, este percentual se aproxima dos 60%.

A violência psicológica é a segunda que mais aparece, 24,5% em mulheres jovens, 26,6% nas adultas e 24,7% entre as idosas. Já a violência sexual corresponde a 11,9%, sendo que no caso de crianças, este tipo de agressão corresponde a 29%.

O último grau de violência resulta em óbito, que no caso de ter ocorrido devido ao gênero, é chamado feminicídio. Segunda dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os anos de 2001 e 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios no Brasil, o que corresponderia a média de 5.000 mortes por ano. Mais uma vez, as pesquisas mostram que grande parte destas mortes foram provocadas por pessoas próximas a vítima.

Outro aspecto a ser analisado é referente ao número de abortos. No Brasil, o aborto só é legal em três situações: quando não há outra forma de salvar a vida da mãe, quando a gravidez é resultado de estupro, ou quando o feto é anencéfalo. O Artigo 124 do Código Penal prevê prisão de 3 anos para quem abortar em situações que não se encaixam nos requisitos, contudo, sabe-se do número elevado de procedimentos realizados de forma ilegal, e desta forma, este assunto se torna cada vez mais questão de saúde pública.

Dados do IBGE de 2013 mostram que 1,1 milhão de brasileiras com idade entre 18 e 49 anos já fizeram ao menos um aborto provocado na vida. Este dado possivelmente não reflete o número real, já que boa parte dos procedimentos não são notificados devido a sua ilegalidade. Os números que se tem, são resultado de pesquisa com base em números divulgados pelo SUS, de mulheres que após o aborto, precisam recorrer à ajuda.

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Figura 3: Tipos de violência contra mulheres por idade

Fonte: Mapa da Violência 2015 da ONU Mulheres.

Além destes, a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM) reuniu alguns dados a partir da campanha Compromisso e Atitude, referentes a realidade das mulheres brasileiras. Alguns destes dizem que:

 2,9 milhões de estudantes brasileiras já sofreram alguma violência de gênero na universidade. Fonte: Instituto Avon/ Dez 2015 - “Violência contra a mulher no ambiente universitário"

 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos. Fonte: Instituto Avon em parceria com o Data Popular (nov/2014).

 56% dos homens admitem que já cometeram alguma dessas formas de agressão: xingou, empurrou, agrediu com palavras, deu tapa, deu soco, impediu de sair de casa, obrigou a fazer sexo. Fonte: “Percepções do Homem sobre a Violência Contra a Mulher” (Data Popular/Instituto Avon 2013).

 77% das mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente. Balanço do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).

 98% da população brasileira já ouviu falar na Lei Maria da Penha e 70% consideram que a mulher sofre mais violência dentro de casa do

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que em espaços públicos no Brasil. Fonte: Pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres (Data Popular/Instituto Patrícia Galvão, 2013)

Os dados que foram apresentados tem objetivo de fomentar uma discussão acerca das questões de gênero e suas dificuldades enfrentadas pelas mulheres ainda no século XXI. Considerando as estatísticas referentes aos temas tratados até então, o próximo capítulo abordará as políticas públicas existentes neste âmbito e suas possibilidades de efetividade na busca por igualdade social entre gêneros.

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4 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES NO BRASIL

O ano de 1988 é marcante na história das mulheres brasileiras, pois é partir da constituição deste ano que a mulher passa a existir publicamente, e para além disto, faz parte do processo de construção deste novo lugar. No entanto, como foi possível visualizar no capítulo anterior, as diferenças entre homens e mulheres ainda são fortemente marcadas.

Biroli (2014, p. 150) ao discorrer sobre estas diferenças diz:

“O acúmulo das vantagens que ampliam a autonomia e o bem-estar de algumas pessoas, mas no mesmo movimento reduzem a autonomia e o bem-estar de outras, remete a processos socioestruturais, numa dinâmica em que possibilidades vão sendo bloqueadas sem que, necessariamente exista coerção ou se identifiquem barreiras explícitas, vetos ou ações voluntárias de indivíduos determinados.”

Neste sentido, se faz necessário pensar alternativas de intervenção que venham para movimentar estas estruturas. Desta forma, as políticas públicas surgem como possibilidade, já que devem considerar as relações entre Estado e sociedade, procurando responder a injustiças sociais.

No ano de 2003 é criada pelo então presidente da república, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), com o objetivo promover a igualdade social entre homens e mulheres, e combater todas as formas de preconceito e discriminação existentes. Esta secretaria representa uma conquista significativa, pois dá lugar e reconhece a importância de se falar sobre as questões das mulheres a partir das políticas públicas.

Impulsionada pela SPM, foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres no ano de 2004, na qual participaram 1.787 delegadas que debateram demandas de gênero. As discussões desta conferência serviram de base para a criação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), onde foram definidas quatro diretrizes: 1) autonomia, igualdade no mundo do trabalho e cidadania; 2) educação inclusiva e não sexista; 3) saúde da mulher, direitos sexuais e direitos reprodutivos; 4) enfrentamento à violência contra as mulheres.

Ainda que exista uma secretaria específica para mulheres, são escassas as políticas voltadas para este público. O que existe hoje ainda são programas e incentivos, direcionados a questões, como as que serão abordadas a seguir.

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Um dos eixos de atenção é o da saúde integral da mulher, que se desenvolve através da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM). Política esta, que foi legitimada por diversos setores da sociedade e pelas instâncias de controle social do Sistema Único de Saúde (SUS). Alguns de seus objetivos são referentes à:

 Promoção da atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, com ênfase na redução da morte materna, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras e previsto em lei para mulheres e adolescentes, tendo como estratégia a Rede Cegonha2

 Promoção da prevenção e do controle das doenças sexualmente transmissíveis, da infecção pelo HIV/aids e Hepatites Virais nas mulheres.

 Redução da morbimortalidade por câncer na população feminina.

 Implementação da saúde sexual e reprodutiva, no âmbito da atenção integral à saúde da mulher.

 Implementação da saúde da mulher Idosa, no âmbito da atenção integral à saúde da mulher.

Outro eixo que a SPM volta sua atenção é o trabalho, pois se sabe da importância da autonomia econômica para que as mulheres possam prover seu próprio sustento, e para que tenham liberdade na tomada de decisões. Neste sentido, a secretaria vem desenvolvendo políticas públicas voltadas para a inserção e a permanência das mulheres no mundo do trabalho e a ampliação dos seus direitos sociais. Uma das medidas tomadas é a lei que amplia os direitos das trabalhadoras domésticas (PEC das Domésticas), e ainda existem as proposições sobre licenças maternidade e paternidade, e a ampliação da oferta de vagas em creches, por exemplo, com o objetivo de promover a igualdade no mundo do trabalho.

No eixo da educação, cultura e ciência, a SPM atua com a finalidade de desconstruir os estereótipos de gênero presentes na sociedade brasileira a partir destas áreas. Os programas e ações buscam fomentar um debate sobre a igualdade de gênero no espaço escolar e incentivar mudanças nas práticas pedagógicas, além

2 Estratégia que visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao

planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

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de sensibilizar crianças, jovens, pesquisadores e professores para a promoção da igualdade e do respeito entre meninos e meninas em todos os níveis. Assim como nas ciências, onde o objetivo é estimular a produção científica referente a esta temática.

Também há uma preocupação com a igualdade de gênero no campo, na floresta e nas águas, já que dados da SPM estimam que 14 milhões de mulheres vivam nestas áreas, e, na sua maioria, em condições precárias agravadas pela distância das áreas urbanas e dos serviços públicos. Neste sentido, as políticas e os programas desenvolvidos tem como principais objetivos a atenção à saúde, educação, acesso à documentação civil e trabalhista, alimentação de qualidade, o acesso à terra, assistência técnica e ao crédito para a produção, e a previdência social, além do enfrentamento à violência contra a mulher.

Ainda, há um eixo voltado para a diversidade entre as mulheres, pois é sabido que as mulheres não formam um grupo homogêneo, e que determinados grupos tem suas próprias particularidades, e, portanto, tem demandas específicas. Alguns destes grupos são: mulheres negras, com deficiência, indígenas, lésbicas, bissexuais ou transexuais, idosas, e aí por diante. Desta forma, esta área tem como objetivos promover e fortalecer a incorporação das especificidades dos diversos segmentos de mulheres nas políticas públicas, e apoiar o protagonismo, a formação e o fortalecimento dos segmentos prioritários de mulheres no desenvolvimento de destas políticas.

O eixo seguinte é referente a participação das mulheres na política e nos espaços de poder e decisão de forma geral, onde atuando articulada aos órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a SPM busca reverter o quadro atual, onde as mulheres são sub-representadas. Tem como algumas de suas ações: apoiar a formação de lideranças femininas; Estabelecer parcerias em campanhas para ampliar a participação das mulheres no ambiente político partidário; Monitorar a aplicabilidade da legislação eleitoral referente às mulheres nas eleições; Acompanhar a tramitação de projetos legislativos no Congresso Nacional, voltados à temática da mulher; Capacitar mulheres na temática de democracia e gênero, entre outras.

Um mecanismo que visa a presença da mulher na política é a Lei nº 12.034/2009, que tem em seu texto “(...) cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para

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candidaturas de cada sexo”. Dados divulgados pelo TSE, e coletados pelo sistema Divulga Cand Contas mostram que do total de candidatos das eleições de 2016, 155.587 (31,60%) eram do sexo feminino, e 336.819 (68,40%) eram homens. Na disputa para os cargos de vereador, 32,79% eram candidatas mulheres, e na disputa para prefeito, 12,57% dos candidatos eram do sexo feminino, o que já demonstrou um pequeno avanço.

O último eixo, o da violência contra a mulher, é possivelmente o mais abordado e trabalhado no Brasil. Além de algumas campanhas e ações voltadas para esta questão, como por exemplo, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), a principal destas políticas hoje é a Lei 11.340/06, conhecida como lei Maria da Penha.

Esta lei surge como uma conquista no sentido de representar uma atenção especial do Estado diante das estatísticas referentes à violência contra a mulher, configurando uma tentativa de prevenir e punir este tipo de ato. O que demonstra um avanço, no sentido de que se reconhece a especificidade do gênero deste tipo de violência, e a necessidade de se discutir tal questão.

A lei ganhou tal nome inspirada na história de Maria da Penha Maia Fernandes, uma brasileira que sofreu duas tentativas de homicídio por parte do marido, e devido a isso ficou paraplégica. Sua história inspirou, pois representa a de inúmeras mulheres que sofrem dia após dia com a violência, e em seu caso, foram necessários muitos anos e a luta de muitas mulheres para que houvesse um reconhecimento da violência e sua punição, portanto, serviu como exemplo para os demais casos.

Um dos diferenciais desta lei vem do fato de ter sido pensada e escrita por mulheres, para mulheres, diferente da maior parte das leis, que ainda que vise questões referentes as mulheres, são pensadas por homens. Traz em seu texto:

“Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da

Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.”

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As medidas são voltadas tanto para quem pratica a violência, como o afastamento do lar e a proibição de aproximação da vítima, quanto para quem sofre com ela, como encaminhamento para programas de proteção e atendimento. O juiz passou a ter também a possibilidade de conceder as medidas protetivas de urgência caso seja necessário, como forma de proteger a mulher agredida, e a partir disto, é possível indicar a responsabilidade de cada órgão público envolvido.

A lei Maria da Penha se aplica a mulheres de qualquer faixa etária que sofram violência a partir de uma relação de convivência, afeto ou laço sanguíneo, seja esta praticada por marido, companheiro ou companheira, namorado ou namorada, além de outros membros da família ou pessoas próximas que tenha algum tipo de vínculo. Foram definidos cinco tipos de violência contra a mulher, são elas:

 Violência Emocional ou Psicológica: quando o agressor se utiliza de xingamentos, humilhações e ameaças, intimida ou amedronta e encontra formas de chantagear a mulher. Também pode acontecer quando há um controle excessivo da rotina, além de impedimentos para que a vítima não consiga realizar suas atividades, e tentativas de culpabilizá-la por quaisquer situações.

 Violência Física: engloba atos como bater, espancar, atirar objetos, queimar, cortar, estrangular, chutar, uso de armas brancas ou de fogo, entre outros que representem ameaça física para a vítima.

 Violência Sexual: quando o agressor força a vítima a manter relações sexuais ou pratica atos que lhe causem desconforto. Além destes, também acontece quando há uma tentativa de impedir que a mulher previna a gravidez, ou quando se força um aborto que não era desejado.

 Violência Patrimonial: controle ou retenção de posses da mulher, além de atos propositais que visem destruir ou causar danos a objetos da vítima.

 Violência Moral: comentários ofensivos que causem constrangimento a mulher, além da exposição de informações pessoais, seja para pessoas próximas ou em redes sociais.

Estas formas de violência se repetem todos os dias, e pensa-se a partir do pressuposto de que ela ocorre em ciclos, em que muitas vezes há um acirramento no grau de agressividade envolvida, que, eventualmente, resulta na morte da mulher. Neste sentido, a lei apresentou algumas modificações na realidade

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que se apresentava até então, como o aumento do custo da pena para o agressor, o aumento do empoderamento e das condições de segurança para que a vítima pudesse denunciar, e o aperfeiçoamento dos mecanismos jurisdicionais, possibilitando ao sistema de justiça criminal que atendesse de forma mais efetiva os casos envolvendo violência doméstica.

O Ipea em uma tentativa de fazer uma avaliação da efetividade da Lei Maria da Penha realizou uma pesquisa, no entanto, devido a indisponibilidade de dados sobre violência não letal contra a mulher, construiu uma avaliação com base na análise de homicídios e de homicídios perpetrados dentro das residências, que mais se aproximam do fenômeno da violência doméstica. A pesquisa é referente ao período de tempo entre 2000 e 2011, e apresentou alguns dados, como o da redução em cerca de 10% a taxa de homicídio contra as mulheres dentro das residências.

Os dados do Ipea mostram que, no Brasil, a taxa de homicídios de mulheres dentro de casa era de 1,1 para cada 100 mil habitantes, em 2006, e de 1,2 para cada 100 mil habitantes, em 2011. Já as mortes violentas de homens dentro de casa passaram de 4,5 por 100 mil habitantes, em 2006, para 4,8, em 2011. Nesse caso, estão incluídos vários fatores, além de violência doméstica.

Estes resultados, no entanto, não ocorreram de forma uniforme. A análise da pesquisa traz em seu texto:

“No momento em que a LMP foi implementada, em face da grande divulgação sobre a mudança nas chances de punição, é possível que as crenças a priori conferissem alta probabilidade de punição. Com o passar do tempo, tendo em vista que em muitas regiões os serviços previstos pela lei não foram implementados, é razoável imaginar que houvesse uma atualização das crenças dos ofensores em potencial no sentido de uma menor punição. Com isso, é razoável imaginar que o efeito da LMP não tenha se dado de forma homogênea, não apenas do ponto de vista espacial, mas também temporal.”

A análise do Ipea conclui que a Lei Maria da Penha se mostrou efetiva, reduzindo o número deste tipo de homicídios, e atribui isso ao conjunto de fatores que constituem a lei. No entanto, ainda há deficiências principalmente no que se refere a implementação dos serviços em determinadas regiões, demonstrando que ainda há um longo percurso pela frente.

A partir do levantamento das políticas públicas existentes hoje no Brasil, foi possível vizualizar que grande parte ainda se encontra em fase de

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desenvolvimento ou implementação, já que são recentes. Desta forma, não há ainda a possibilidade de se fazer uma análise sobre os efeitos dessas no lugar social ocupado pelas mulheres, muito menos fazer um comparative a nível estatístico, já que antes dessas leis, não havia um controle rigoroso destes números.

Mesmo diante da impossíbilidade de se responder a questão inicial desse trabalho, foi possível realizar uma breve análise, utilizando os dados já disponíveis, que evidenciam pequenas movimentações, em termos estatísticos, principalmente no que diz respeito ao cenário da violência contra a mulher. No entanto, eles não são suficientes para se concluir sobre a efetividade dessas política públicas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente trabalho, construído a partir de pesquisa bibliográfica, possibilitou uma retomada na história de opressão vivida pelas mulheres, chegando até os dias de hoje através de dados estatísticos que mostram o panorâma da realidade da mulher brasileira. Com base nisso, foi feito um levantamento e breve explanação das políticas públicas existentes no Brasil, e nesse sentido, foi feita uma análise dos dados referentes aos resultados destas políticas, dentro das possibilidades, considerando que muitas são recentes, ou ainda estão se estruturando.

A partir deste percurso foi possível concluir que ainda hoje existem diferenças no que se refere aos lugares ocupados entre homens e mulheres. Estas diferenças aparecem em diversos âmbitos, sendo alguns deles a remuneração salarial a inserção no mercado de trabalho, a participação no mundo político, a jornada dupla, sem contar a maior exposição destas a situações como assédio dentro do trabalho, e a casos de violência doméstica.

Desta forma, através da análise das políticas públicas foi possível visualizar alguns dados posteriores a estas, no entanto, estes dados são escassos. Isto se deve principalmente a dois fatores: a recente discussão e implementação de tais políticas; e a dificuldade de se fazer uma comparação, já que antes não havia um acompanhamento destes números.

Assim sendo, ainda não há como inferir sobre a efetividade destas políticas públicas, considerando as condições atuais. Também, não há como se chegar a uma conclusão sobre seus efeitos no que diz respeito a uma busca por igualdade social entre os gêneros, no entanto, elas já apresentam avanços, ainda que modestos.

O que foi possível, e até então de forma breve, foi uma análise de algumas pesquisas feitas sobre a lei Maria da Penha e da lei de cotas para mulheres na política. Nestes dois casos, de forma ainda superficial e considerando que as leis são recentes, é possível visualizar pequenos avanços, tanto na redução do número de homicídios de mulheres por pessoas próximas, quanto no aumento da

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participação de mulheres na política. A questão que fica é se esses avanços acontecem por uma simples imposição da lei, ou se estas leis, de alguma forma, geram uma discussão, que faz com que a cultura seja questionada e repensada.

Dada à relevância do assunto, torna-se imprescindível a continuação deste questionamento, pois se sabe da necessidade e importância de se trabalhar tal questão. E mais especificamente, faz-se necessária uma indagação sobre a participação e as possibilidades da psicologia neste âmbito, considerando que é um campo que pode contribuir muito neste sentido.

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