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Relatório do estágio curricular supervisionado em medicina veterinária

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Rodrigo Andrei Reisdorfer Schmalz

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS, Brasil

2017

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Rodrigo Andrei Reisdorfer Schmalz

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório do estágio curricular supervisionado na área de clínica médica e cirúrgica de grandes animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientador: Prof. Med. Vet. Dra. Roberta Carneiro da Fontoura Pereira

Ijuí, RS 2017

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Rodrigo Andrei Reisdorfer Schmalz

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório do estágio curricular supervisionado na área de clínica médica e cirúrgica de grandes animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Aprovado em 9 de junho de 2017

___________________________________________ Roberta Carneiro da Fontoura Pereira, Dra (UNIJUÍ)

(Orientadora)

_______________________________ Denize da Rosa Fraga, Dra (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2017

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DEDICATÓRIA

Dedico o meu estágio final para todos aqueles que fizeram o meu sonho real, me proporcionando forças para que eu não desistisse de ir atrás do que eu buscava para minha vida. Muitos obstáculos foram impostos para mim durante esses últimos

anos, mas graças a vocês eu não fraquejei. Obrigado por tudo família, namorada, professores, amigos e colegas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela força e coragem para lutar a cada dia sem desmotivar sempre me auxiliando, em busca do objetivo maior que é a formatura.

Dedico esta conquista principalmente aos meus pais, Nelson Nestor Schmalz e Marlise Schmalz que nunca mediram esforços para que eu pudesse alcançar os meus objetivos, também agradeço a minha namorada Jaqueline Pautz que sempre esteve do meu lado, auxiliando e motivando nos momentos difíceis dando força para

mim alcançar o meu objetivo

Agradeço a todos os meus familiares e aos meus amigos que acreditaram em mim, aconselhando e incentivando para que este momento possa se concretizar. Em especial também aos meus colegas e amigos (as). Anderson Buratti, Andréia Gollo,

Adair Bolegon Junior, Guilherme Pereira, Juliana Almeida, Ronaldo Junior Silva, Rodrigo Pessi, e todos os outros que não estão aqui citados.

Aos meus supervisores de estágios clínicos e final respectivamente Daniel Sarturi e Diego Rafael Renz, que não mediram esforços para me ensinar a relacionar a teoria com a prática na realidade do campo vivenciando o dia a dia nas fazendas leiteiras. Também não poderia esquecer de agradecer todos os professores que tive durante

a graduação, que passaram todos seus conhecimentos e experiências

principalmente aos professores de grandes animal e em especial a Doutora Denize da Rosa Fraga e a Doutora Roberta Carneiro da Fontoura Pereira respectivamente a

banca e a orientadora de estágio de conclusão de curso, que auxiliaram e se dedicaram para que agora eu possa realizar o sonho de ser Médico Veterinário.

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RESUMO

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

UNIVERSIDADE REGINAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA DE GRANDES

ANIMAIS

AUTOR: RODRIGO ANDREI REISDORFER SCHMALZ

ORIENTADORA: ROBERTA CARNEIRO DA FONTOURA PEREIRA Ijuí, 09 de junho de 2017

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária ECSMV foi realizado na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, na Agropecuária 3J localizada na cidade de Augusto Pestana/RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017 totalizando 150 horas. O estágio teve supervisão do Médico Veterinário Diego Rafael Renz sob orientação da professora Roberta Carneiro da Fontoura Pereira. Durante o estágio foram realizadas diversas atividades, tais como acompanhamento e auxílio em atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, exames reprodutivos, vacinação e aplicação de medicamentos, que estão descritos nas tabelas. Nesse relatório serão descritos e discutidos dois casos, um de Cetose e um de Deslocamento de abomaso à esquerda, ambos em vacas da raça Holandesa. O estágio curricular é de suma importância para que o acadêmico tenha a oportunidade de vivenciar de forma prática os ensinamentos teórico-práticos adquiridos durante a graduação.

Palavras-chave: Cetose, Clínica de Grandes Animais, Síndrome Metabólica, deslocamento de Abomaso.

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ABSTRACT

DEPARTMENT OF AGRARIAN STUDIES

REGIONAL UNIVERSITY OF THE NORTHWEST STATE OF RIO GRANDE DO SUL

REPORT OF THE SUPERVISIONED CURRICULAR STAGE COURSE OF VETERINARY MEDICINE - CLINICAL AREA AND SURGERY OF LARGE

ANIMALS

AUTHOR: RODRIGO ANDREI REISDORFER SCHMALZ ORIENTADORA: ROBERTA CARNEIRO DA FONTOURA PEREIRA

Ijuí, June 9, 2017

The Supervised Curricular Internship in Veterinary Medicine was carried out in the Medical and Surgical Clinic of Large Animals, in Agropecuária 3J located in the city of Augusto Pestana / RS, from January 24 to February 27, 2017, with a duration of 150 hours. The internship was supervised by Veterinarian Diego Rafael Renz under the guidance of Professor Roberta Carneiro Da Fontoura Pereira. During the internship, several activities were carried out, such as follow-up and assistance in clinical care, surgical procedures, reproductive examinations, vaccination and medication application, which will be explained in the tables. In this report two cases will be described and discussed, one of which is ketosis in a cow of the Dutch breed and the other is a displacement of abomasum to the left in a cow of the Holstein breed which were followed during the period of the stage. The curricular internship is of great importance so that the academic has the opportunity to experience in a practical way the theoretical-practical teachings lived in the classroom during graduation.

Keywords: Ketosis. Great Animals clinic. Metabolic syndrome. Abomasal displacement.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo das atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017... 12 Tabela 2 – Atendimentos em ações de Medicina Preventiva em fêmeas

bovinas desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017... 12 Tabela 3 – Atividades relacionadas à reprodução, tratamentos reprodutivos

e protocolos de sincronização de cio em fêmeas bovinas no Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais– Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017... 12 Tabela 4 – Atendimentos clínicos em bovinos desenvolvidas durante o

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017... 13 Tabela 5 – Atendimentos cirúrgicos em bovinos desenvolvidas durante o

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017... 13

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LISTA DE ABREVIATURA

ECSMV Estágio Curricular Supervisionado Medicina Veterinária IBR Rinotraqueíte Infecciosa Bovina BVD Diarréia Viral Bovina

AGL Ácidos graxos livres Mg Miligramas

Dl Decilitro

% Porcentagem

ECC Escore de Condição corporal Kg Quilograma

ºC Graus Celsius

nº Número

BPM Batimentos por minutos FR Frequência respiratória MPM Movimento por minuto

T Tamanho

C Contratilidade

G Gramas

mL Mililitros

AINE Antiflamatório não esteroidal ® Marca Registrada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 12

3 RELATOS DE CASO ... 14

3.1 CETOSE EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA ... 14

3.1.1 Introdução ... 14 3.1.2 Metodologia ... 16 3.1.3 Resultados e discussão ... 17 3.1.4 Conclusão ... 19 3.1.5 Referências bibliográficas ... 20 4 RELATO DE CASO ... 21

4.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A ESQUERDA EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA ... 21

4.1.1 Introdução ... 21 4.1.2 Metodologia ... 22 4.1.3 Resultados e discussão ... 24 4.1.4 Conclusão ... 27 4.1.5 Referências bibliográficas ... 28 5 CONCLUSÃO ... 29

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária (ECSMV) foi realizado no período de 24 de Janeiro a 27 de Fevereiro de 2017, totalizando 150 horas de atividades. O local da realização do estágio foi na Agropecuária 3J, empresa voltada a produção de leite, na cidade de Augusto Pestana, Rio Grande do Sul, nas áreas de Clínica, Manejo, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais. A supervisão interna ficou a cargo do Médico Veterinário Diego Rafael Renz e sob a orientação da professora Doutora em Medicina Veterinária Roberta Carneiro da Fontoura Pereira.

A maioria dos atendimentos clínicos realizados pelo Médico Veterinário Diego Rafael Renz é em bovinos de leite e devido a isso, decidiu-se realizar o ECSMV nesta região, por se inserir em uma das maiores bacias leiteiras do estado, fazendo com que haja uma grande ocorrência de casos clínicos e cirúrgicos na área da bovinocultura de leite.

O estágio teve como objetivo principal a interação entre o conhecimento teórico adquirido e a aplicação prática, além de uma troca de experiência profissional e pessoal, do acompanhamento da evolução dos casos clínicos atendidos, conhecimento da rotina e condutas clínicas mais utilizadas.

Neste trabalho serão apresentados dois casos clínicos, o primeiro caso de cetose e o segundo de deslocamento de abomaso a esquerda, ambas em fêmeas bovina da raça holandesa.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o ECSMV na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais serão apresentadas na Tabela 1. As descrições de cada atividade realizada estão especificadas nas Tabelas de 2 a 6.

Tabela 1 – Resumo das atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017.

Resumo das Atividades Total %

Ações em Medicina preventivas 435 63.32

Atividades relacionadas à reprodução 180 26.20

Atendimentos clínicos 51 7.42

Atendimentos cirúrgicos 21 3.06

Total 687 100

Tabela 2 – Atendimentos em ações de Medicina Preventiva em fêmeas bovinas desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017.

Procedimento Total %

Vacinação para rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR),

diarreia viral bovina (BVD) e leptospirose (Bovigem®) 250 57,47

Tratamento antiparasitário 150 34,48

Vacinação para Brucelose (Brucelina B-19®) 30 6,89

Casqueamento corretivo 5 1,45

Total 435 100

Tabela 3 – Atividades relacionadas à reprodução, tratamentos reprodutivos e protocolos de sincronização de cio em fêmeas bovinas desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017.

Procedimento Total %

Palpação retal 150 83.33

Protocolo de inseminação artificial 30 16.67

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Tabela 4 – Atendimentos clínicos em bovinos desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais – Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017.

Procedimento Total %

Suspeita tristeza parasitaria bovina 30 58.82

Mastite clínica 6 11.76 Retenção de placenta 5 9.80 Hipocalcemia 3 5.88 Indigestão simples 3 5.88 Cetose 2 3.92 Pneumonia 2 3.92 Total 51 100

Tabela 5 – Atendimentos cirúrgicos em bovinos desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais– Agropecuária 3J LTDA, Augusto Pestana, RS, no período de 24 de janeiro a 27 de fevereiro de 2017.

Procedimento Total %

Orquiectomia 20 95.24

Deslocamento de abomaso à esquerda 1 4.76

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3 RELATOS DE CASO

3.1 CETOSE EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA

3.1.1 Introdução

A cetose é uma doença caracterizada pelo aumento de corpos cetônicos, tais como o ácido acetoacético, acetona e ácido β-hidroxibutiríco nos tecidos musculares e sistema circulatório devido a metabolização da gordura. Geralmente ocorre devido o balanço energético negativo proveniente do final da gestação e persistindo no início da lactação, onde ocorre redução de glicose sendo produzida e liberada na circulação (FLEMING, 2006).

Os corpos cetônicos são produtos originados do metabolismo dos ácidos graxos, em vacas normais os corpos cetônicos se mantém em níveis baixos de concentração no plasma sanguíneo, sendo no máximo (10 mg/dL). O processo de lipomobilização ocorre quando o animal possui uma ingestão insuficiente de energia, e possuindo uma boa reserva de gordura corporal, estes fatores favorecem a hidrólise dos triglicerídeos de reserva corporal, onde este processo libera ácidos graxos livres (AGL) na circulação sanguínea que necessitam ser oxidados. A liberação de ácidos graxos quando em excesso, acaba liberando altas quantidades de corpos cêtonicos, e quando essa quantidade ultrapassa os 15 mg/dL causa o doença metabólica denominada de cetose (GONZÁLES, 2009).

Doenças primárias como deslocamento de abomaso a esquerda, metrite, mastite e peritonite são predisponentes ao surgimento de cetose secundária devido a diminuição de ingestão de alimento que estas patologias causam aos animais, assim os mesmos necessitam mobilizar reservas corporais (FLEMING, 2006).

Segundo Radostits et. al., (2010), a cetose está relacionada entre as doenças mais comuns e importantes do pós parto associada a vacas de alta produção de leite, onde há aumento da produção logo após o parto, sendo que a ingestão de matéria seca não atende as necessidades energéticas, facilitando o balanço energético negativo (FLEMING, 2006).

Geralmente a cetose ocorre no primeiro mês de lactação onde a vaca tende a reduzir o consumo de alimentos principalmente concentrados, entretanto os

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parâmetros fisiológicos não sofrem alteração quando o animal é acometido por essa patologia (REBHUN, 2000).

A cetose pode se apresentar de duas formas: clínica e subclínica. A forma subclínica a mais comum em vacas leiteiras, entretanto não apresenta sinais clínicos claros nos animais, o que dificulta o diagnóstico. Na cetose clínica os animais apresentam sinais como: ataxia, incordenação motora, apatia e relutância em se alimentar, devido os corpos cetônicos atingirem o sistema nervoso central (SANTOS, 2006). O diagnóstico de cetose subclínica e clínica pode ser realizado através de exames complementares como fitas colorimétricas analisando os fluídos corpóreos, mensurando a quantidade de corpos cetônicos no sangue, urina ou leite (RADOSTITS et. al., 2010)

O tratamento indicado para cetose é a administração de dextrose 50% no volume de 500mL em administração intravenosa sendo uma ou duas aplicações por dia, administração de glicocorticóide de 10 a 20 mg, em dose única, por via intramuscular ainda podendo associar 300mL de propilenoglicol, via oral, por um período de cinco dias. Outro tratamento é a administração de Glicerol, por via oral, por 5 dias. A melhora do animal se da quando o consumo do alimento se restabelece, entre dois a três dias (REBHUN, 2000).

Segundo Radotits et.al., (2010) o controle da cetose é difícil, pois tende a aparecer subsequentes a doenças primárias que levam a diminuição do apetite, ou também a pouca oferta de alimento e ainda por alimentos volumosos de baixa qualidade.

As vacas no período pré e pós parto devem estar com uma condição corporal em torno de 3,5 (escore de 1 a 5), onde 1 o animal se apresenta magro e 5 o animal é obeso, evitando o sobrepeso para prevenção da cetose, pois vacas gordas tendem a ingerir menos alimento,(Rebhun,2000).

Após o parto devido à deposição de gordura no sistema gastrointestinal, ainda o excesso de gordura e uma alta concentração de leptina inibem o apetite, causando assim uma maior mobilização de gordura nesses animais aumentando assim os níveis de corpos cetônicos, desta forma, aumentam as chances de desenvolver a doença clínica nas vacas (SANTOS, 2006).

O prognóstico para vacas acometidas pela cetose é reservado, entretanto quando recebem o tratamento específico logo após o surgimento dos sinais clínicos, os animais têm uma boa resposta (REBHUN, 2000).

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O objetivo deste relato foi descrever um caso de cetose bovina, em uma vaca da raça holandesa acompanhado durante o ECSMV do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ.

3.1.2 Metodologia

Durante o ECSMV foi realizado um atendimento, no município de Augusto Pestana-RS, de uma fêmea bovina da raça Holandesa, no período pós-parto, com quatro anos de idade, peso aproximado de 650 kg e apresentando um escore de condição corporal (ECC) 4 (escala de 1 a 5).

Na anamnese, o proprietário relatou que o animal havia parido há sete dias do momento da consulta, sendo o parto eutócico, tendo como produto uma fêmea e expulsão da placenta de forma espontânea. A vaca era mantida em um piquete de animais pré-parto, as quais permaneciam neste local por aproximadamente 21 dias, recebendo uma dieta pré-parto aniônica, formulada a base de silagem de milho, feno de tifton (Cynodon ssp), ração pré-parto e água ad libitum.

O proprietário solicitou atendimento pois o animal não se alimentava normalmente, apresentando redução no apetite, resistência para se locomover e em alguns momentos incoordenação motora.

O exame clínico geral foi realizado com o animal contido no canzil e animal apresentou parâmetros como: temperatura retal de 38,7ºC, frequência cardíaca de 75 batimentos por minuto (bpm) e frequência respiratória 25 movimentos por minuto (mpm). Após foi realizado o exame do trato reprodutivo da fêmea utilizando de um espéculo vaginal, onde observou-se que a cérvix estava fechada e a coloração da mucosa da vagina era rosada e não apresentava nenhum tipo de secreção, (com um espéculo previamente flambado introduzido na vagina, visualiza-se com auxilio de lanterna a aparência da mucosa). Em seguida foi realizado o exame de palpação palpação retal, onde o útero apresentava-se sem a presença de líquido, em período de involução, tamanho de 5 (T5), onde sua delimitação era parcial e a contratilidade era 1 (C1) ou seja pouco contraído.

Diante da anamnese, histórico reprodutivo e exame clínico geral e específico do trato reprodutivo, suspeitou-se de um caso de cetose clínica. Após foi instituído o tratamento, o qual consistiu em aplicação de Glicose® 50%, por via intravenosa de forma lenta no volume de 1 litro, contendo 500g de glicose, ainda foi utilizado o

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Cortiflam® (fosfato sódico de dexametasona) na dose de 0,03 mg/kg, por via intramuscular, no volume de 12mL, ainda foi recomendado ao proprietário que no dia seguinte realizasse a aplicação de mais uma dose de Cortiflan® no volume de 10 mL e que administrasse o Propilenoglicol® no volume de 400mL, por via oral, por mais dois dias. Ao término da administração da glicose a vaca já demonstrava sinais de melhora na locomoção.

Durante o acompanhamento da evolução do caso clínico do animal, observou-se melhora significativa do quadro inicial, com aumento do apetite, voltando ao consumo normal da dieta com silagem de milho e feno, aumento na produção de leite e sem apresentar incordenação motora.

3.1.3 Resultados e discussão

As vacas leiteiras devem permanecer bem nutridas para evitar complicações no período pré e pós-parto, diminuindo a casuística de doenças metabólicas que comumente afetam esses animais (REBHUN, 2000).

O manejo nutricional, seguida da condição corporal são maneiras de evitar a cetose, um escore da condição corporal de 3,5 seria o ideal para o parto, pois vacas obesas apresentam gordura depositada na cavidade abdominal, demonstrando resistência a insulina, mobilizando mais gordura corporal, aumentando consequentemente os ácidos graxos livres no sangue. As vacas podem tornar-se obesas devido a falhas reprodutivas ou lactações prolongadas onde o tempo de lactação permite o acúmulo de gordura trazendo prejuízo a estes animais na lactação subsequente (SANTOS, 2006). Portanto, a vaca do presente relato apresentava 4 de escore de condição corporal elevada, sendo a provável causa da ocorrência desta patologia.

O controle da alimentação de vacas leiteiras de alta produção tem uma grande importância, onde a dieta pré-parto tem sido uma alternativa aos produtores de leite para diminuir a ocorrência desta patologia. A dieta aniônica segundo, Castro et al., (2009) deve possuir poucos cátions na sua composição e os componentes dessa dieta são silagem de milho e fenos de baixa qualidade. Estes alimentos volumosos tem baixo teor de potássio que é o principal cátion encontrado neste tipo de dieta. Quando é utilizada a ração pré-parto, esta mistura de volumoso e concentrado tende a acidificar o pH sanguíneo que ativam a resposta do

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paratormônio. Esta dieta tende evitar hipocalcemia, patologia que esta relacionado com o aparecimento de outros distúrbios como a cetose (HUNT & BLACKWELDER, 2006). Condizendo com a literatura citada, a qual diz, que dietas fornecidas a base de silagem de milho, fenos de baixa qualidade e de ração pré-parto trazem benefícios deixando a dieta aniônica aos animais, estando também de acordo com a indicação de Castro et al., (2009).

As vacas quando acometidas pela cetose clínica manifestam alguns sintomas clássicos como rápida perda de apetite e diminuição da produção de leite, as vacas rejeitam a ingestão de grãos, silagem e por último as forrageiras verdes, além da relutância em caminhar (FLEMING, 2006) e os sinais clínicos apresentados pela vaca no momento do atendimento são condizentes com a literatura.

Os parâmetros fisiológicos aferidos foram, temperatura retal de 38,7ºC, frequência respiratória de 25 movimentos por minutos e a frequência cardíaca de 75 batimentos por minuto, portanto todos os parâmetros aferidos estavam fisiológicos de acordo com Rebhun (2000).

A involução uterina anatômica completa ocorre entre 35 a 40 dias em animais que tiveram parto normal e que estão se alimentando normalmente (PALHANO, 2008). A vaca apresentou processo de involução fisiológica, onde o tamanho do seu útero era T5 não sendo possível fazer a sua delimitação total e possuía contratilidade moderada, estando de acordo com a literatura consultada.

O tratamento indicado para vacas leiteiras acometidas por cetose é através da administração de glicose 50% no volume de 1 litro sendo que essa administração deve ser realizada por via intravenosa e pode ser feita em dose única ou em duas aplicações diárias (SANTOS, 2006; FLEMING, 2006). A glicose quando liberada na corrente circulatória regula a hipoglicemia do animal fazendo a parada da oxidação dos triglicerídeos, diminuindo o teor de cetona liberado na corrente circulatória, fazendo com que o animal apresente uma melhora do seu quadro clínico instantâneo e seguidamente tende a aumentar sua produção de leite (GUARD, 2000). Assim, terapêutica utilizada pelo Médico Veterinário esta de acordo com a literatura, sendo que a via intravenosa, o volume e o princípio ativo utilizado estão corretos.

Os glicocorticóides também são frequentemente utilizados no tratamento da cetose clínica, tendo um efeito hiperglicêmico, diminuindo a absorção de glicose pelos tecidos periféricos, disponibilizando, desta forma mais glicose para o restante

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do organismo. A redução da produção de leite ocasiona menor gasto de energia pela glândula mamária, já que o animal não esta ingerindo alimento (FLEMING, 2006). A menor captação de aminoácidos por tecidos musculares e glândula mamária, aumentam a disponibilidade de aminoácidos fazendo a ativação da gliconeogênese hepática, sendo assim, o efeito da dexametasona tem uma duração de 48 a 72 horas e não deve ser utilizado por mais de três dias consecutivos devido seu efeito imunodepressor (SANTOS, 2006). Segundo Papich (2012) a dose de dexametasona para bovinos é de 0,04 mg/kg e a sua indicação de uso é de 2 a 3 dias. Desse modo, a conduta terapêutica empregada de acordo com a literatura, somente a dose da dexametasona poderia ter sido maior em 0,01mg/kg.

Ainda como adjuvante no tratamento de cetose foi administrado uma solução de Propilenoglicol® no volume de 400 mL, por via oral, onde o mesmo é precursor gliconeogênico, sendo fermentados e transformados em propionato no rúmen, entrando no ciclo de Krebs, onde auxiliam na oxidação dos ácidos graxos para sintetizar glicose na gliconeogênese. O propilenoglicol é tóxico para a flora ruminal em altas doses, devido a morte de bactérias ruminais, sendo que a utilização não deve ultrapassar 500 mL diários e por um período de 3 a 5 dias, sendo utilizado no tratamento adjuvante da vaca acometida pela cetose, sendo citado por SANTOS (2006).

O diagnóstico de cetose clínica e subclínica deve ser realizado através de fitas que fazem a mensuração de corpos cetônicos na urina ou sangue sendo esta prática de fácil realização e com alta confiabilidade, o monitoramento deve ser realizado até a eliminação total das cetonas do organismo dos animais acometidos pela patologia segundo Gonzáles (2009). Não foi utilizada essa técnica de diagnóstico, mas o seu uso iria indicar a gravidade do caso, para realização do tratamento.

3.1.4 Conclusão

A partir dos sinais clínicos apresentados pela vaca, conclui-se que a mesma foi diagnosticada pela cetose, onde a principal causa da patologia foi o seu elevado escore de condição corporal no período pré e pós-parto. O tratamento utilizado foi efetivo, proporcionando a melhora clínica do animal.

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3.1.5 Referências bibliográficas

CASTRO, G. H. F. et al. Utilização do Balanço Cátion-Aniônico na Alimentação de Vacas Leiteiras. In: GONÇALVES, L. C. et al. Alimentação de Gado de Leite. Belo Horizonte: FEPMVZ, 2009. cap. 9. p. 245-267.

FLEMING, S. A. Distúrbios Metabólicos. In: SMITH, B. P. Medicina interna de grandes animais. 3 ed. São Paulo: Manole, 2006. cap. 39. p. 1241-1265. GONZÁLEZ, F. H. D. Uso do perfil metabólico no diagnóstico de doenças metabólico-nutricionais em ruminantes. In: GONZÁLEZ, F. H. D. et al. Perfil

metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e doenças nutricionais. Porto Alegre: Gráfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000. p. 89-106. GUARD, C. Doenças Metabólicas: Uma abordagem de rebanho. In: REBHUN, W. C. Doenças do gado leiteiro. 1 ed. São Paulo: Roca, 2000. cap. 15. p. 613-620.

HUNT, E.; BLACKWELDER, J. T. Enfermidades Endócrinas e Metabólicas. In: SMITH, B. P. Medicina Interna de Grandes Animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2006. cap. 39. p. 1233-1265.

PALHANO, H. B.; Fisiopatologia da Reprodução. In: Reprodução em bovinos: Fisiopatologia, Terapêutica, Manejo e Biotecnologia. 2. ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros de Veterinária Ltda, 2008. cap. 3, p. 33-67.

PAPICH, M. G. Manual Saunders terapêutico veterinário: pequenos e grandes animais. 3. ed. São Paulo: Elsevier, 2012. p. 829.

RADOSTITS, O. M. et al. Clínica veterinária: Um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. cap. 28. p. 1276-1329.

REBHUN, W. C. O Exame Clínico. In: Doenças do Gado Leiteiro. 1. ed. São Paulo: Roca, 2000. cap. 1. p. 01-12.

SANTOS, J. E. P. Distúrbios Metabólicos. In: BERCHIELLI, T. T.; PIRES, A. V.; OLIVEIRA, S. G. Nutrição de Ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2006. cap. 15. p. 423-451.

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4 RELATO DE CASO

4.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A ESQUERDA EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA

4.1.1 Introdução

O deslocamento de abomaso é uma patologia que acomete preferencialmente o gado leiteiro no período pós-parto, esta patologia pode ocorrer para direita ou esquerda, geralmente a associação de atonia abomasal seguida de uma fermentação microbiana excessiva, acumulando gás, distendendo o abomaso, são fatores predisponentes que facilitam o seu deslocamento (GUARD, 2006).

Geralmente animais de grande porte, como vacas adultas, selecionadas para alta produção de leite são os animais mais acometidos, sendo que 90% dos casos de deslocamento acontece nas seis semanas pós-parto (RADOSTITS et al., 2010).

Os bovinos acometidos pelo deslocamento de abomaso geralmente apresentam anorexia moderada, defecação diminuída, parada ruminal e podem apresentar a elevação das duas últimas costelas devido a pressão exercida pelo abomaso que se encontra em local não anatômico. O diagnóstico é realizado através da auscultação de um som metálico-timpânico no abomaso denominado “ping”, este som traz a informação do local que o órgão está localizado (GUARD, 2006).

Para a correção do deslocamento de abomaso, os procedimentos cirúrgicos são os mais indicados, e dentre eles podemos citar: abomasopexia paramediana direita, omentopexia do flanco direito, abomasopexia do flanco esquerdo, (REBHUN, 2000). Geralmente, após os tratamentos cirúrgicos utilizados para correção do deslocamento de abomaso apresenta-se uma melhora satisfatória quando a técnica é realizada corretamente pelo médico veterinário (GUARD, 2006).

Para evitar o deslocamento de abomaso a melhor forma é utilizar uma dieta pré-parto, esta evita o balanço energético negativo fornecendo os nutrientes necessários para a vaca manter-se nutrida sem ganhar peso. Devemos permitir que as vacas possuam acesso a alimentação durante todo o dia para que os animais alimentem-se de grande quantidade de matéria seca possível, preenchendo o rúmen, ocupando o espaço abdominal e assim dificultando o seu deslocamento

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(RADOSTITS et al., 2010).

O objetivo deste relato é descrever um caso de deslocamento de abomaso em uma vaca da raça holandesa acompanhado durante o ECSMV da UNIJUÍ.

4.1.2 Metodologia

Durante o ECSMV foi realizado um atendimento, no município de Augusto Pestana-RS, de uma fêmea bovina da raça Holandesa, no período pós-parto, com 5 anos de idade e peso aproximado de 630 kg, apresentando um escore de condição corporal (ECC) 3,5 (escala de 1 a 5).

O proprietário relatou na anamnese que a vaca tinha parido há 12 dias do momento da consulta, o parto ocorreu de forma eutócica, sendo que o produto proveniente do parto era um macho de grande porte. Ainda nos informou que aproximadamente 6 horas após o parto a vaca eliminou a placenta de forma espontânea. O animal foi mantido em um lote de vacas pré-parto, que permaneciam nesse local por 21 dias, recebendo dieta pré-parto aniônica, formulada a base de silagem de milho, feno de azevém, ração pré-parto e água Ad

libitum. O proprietário solicitou a consulta do veterinário, pois a vaca há dois dias

tinha diminuído sua ingestão de alimento, e que no dia da consulta a mesma não se alimentou.

Para o exame clínico geral, foi realizada a contenção física da vaca no canzil, onde foram mensurados os parâmetros como: temperatura retal de 38,4ºC, a frequência cardíaca de 65 batimentos por minuto (bpm) e frequência respiratória de 23 movimentos por minuto (bpm) e foi evidenciado apenas um movimento ruminal por minuto. A percussão foi realizada entre o 12ª e 13ª espaço intercostal e na fossa paralombar esquerda onde auscultou som característico de “ping” metálico, sendo visualizado um aumento de volume no abdômen nessa região, realizou-se a auscultação no lado direito na mesma região anatômicas onde não se evidenciou sons anormais, nem aumento de volume. Diante da anamnese e exame clínico foi diagnosticado a patologia de deslocamento de abomaso à esquerda, onde o Médico Veterinário optou pela correção cirúrgica através da técnica de Abomasopexia pelo flanco esquerdo.

A preparação do local do procedimento cirúrgico, foi realizada a higienização com água e sabão na região da fossa paralombar esquerda, em seguida realizou-se

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tricotomia ampla nesta região e antissepsia com cloreto de aquil dimetil benzil amônio (CB30®). Para a anestesia local foi utilizada a técnica paravertebral em L invertido, com o uso de Lidocaína®, (cloridrato de lidocaína 2% e epinefrina 0,002g) no volume de 100 mL, em três camadas.

A abomasopexia foi antecedida por uma laparatomia com incisão da pele, músculo oblíquo abdominal externo, oblíquo abdominal interno, transverso do abdômen e peritônio. A partir da incisão do peritônio, após a inspeção dos órgãos na cavidade abdominal, observou o abomaso deslocado, então com o auxílio de uma agulha e um fio nylon número 3 foi feito um ponto (sutura) no abomaso tipo sultan. Em seguida, com o auxílio de uma agulha 40x16 e um equipo foi retirado o ar do abomaso e assim reposicionando o mesmo para o assoalho da cavidade abdominal, então foi passado o fio de nylon da cavidade abdominal para o meio externo e fixado o abomaso através do ponto no mesmo e na região externa do abdômen com um botão para fixar o mesmo em seu local anatômico.

Após o abomaso ser reposicionado, realizou-se a sutura das três camadas separadamente, sendo que o peritônio e o músculo abdominal transverso, em sutura contínua simples usando categute cromado nº 3, músculos abdominais externos e interno e subcutâneo suturados com contínua simples e categute nº 3. Já na pele foi utilizada sutura wolff e fio não absorvível (nylon).

Como pós-operatório instituiu-se a terapia com Ceftiomax® (cloridrato de ceftiofur 53,5 mg/ml, utilizandoa dose de 1,70 mg/Kg no volume de 20 mL, por via intramuscular, por um período de 5 dias, ainda foi administrado Flunexina® (megluminato de flunixina) utilizando a dose de 1.97mg/Kg, no volume de 15 mL por via intramuscular, por um período de três dias.

Recomendou-se ao produtor que fosse fornecido ao animal no pós-operatório somente alimentos volumosos como forragem verdes e feno, A vaca deveria ficar sem receber alimento concentrado na primeira semana após cirurgia e após este período deveria então ser reintroduzida na dieta do animal de forma gradativa.

Após 15 dias foi realizado uma visita na propriedade onde foram retirados os pontos de pele e para avaliação da condição clínica do animal. A vaca retornou a sua dieta alimentar normal e sua produção leiteira tinha retornado a normalidade.

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4.1.3 Resultados e discussão

Segundo Rebhun (2000), devemos dar extrema importância para o escore de condição corporal das vacas leiteiras, principalmente no período que antecede o parto, para que nessa fase os animais possuam escore muito próximo de 3,5 o mais adequado para as vacas pré-parto. A vaca deste relato apresentava escore de composição corporal ideal, podendo demonstrar todo seu potencial de produção na lactação.

A alimentação de vacas leiteiras devem estar com níveis de nutrientes equilibrados, principalmente nos períodos pré e pós-parto onde nessas fases o animal necessita de cuidados especiais, e a dieta balanceada e aniônica. principalmente nas últimas três semanas que antecedem o parto. Castro et al. (2009), indicam o fornecimento de silagem de milho, fenos e ração pré-parto para nutrição das vacas nesse período, onde a composição provenientes desta mistura irá conter baixos teores de potássio, o qual torna essa mistura aniônica. Esta dieta tende a acidificar o pH sanguíneo, ativando a paratireóide a liberar paratormônio na circulação, que por sua vez retira bicarbonato de sódio dos ossos para tentar neutralizar o pH sanguíneo, como o bicarbonato é um ligante de cálcio ele tende a trazer o cálcio junto para a circulação fazendo a homeostase do cálcio. A dieta fornecida para a vaca estava de acordo com os requisitos fisiológicos do periparto e como descrito por Hunt & Blackwelder, (2006).

Os parâmetros fisiológicos não sofrem alteração quando os animais estão acometidos pela patologia de deslocamento de abomaso (REBUN, 2000) e observado o caso relatado onde o animal apresentava o abomaso deslocado à esquerda sem alteração dos parâmetros fisiológicos.

O diagnóstico deve ser realizado através da anamnese e auscultação por percussão onde se evidencia o som de “ping” metálico entre as últimas costelas e o flanco, onde também pode ser observado o abaulamento do flanco e elevação das costelas. Guard (2006), onde o mesmo cita esses sinais clínicos, os quais são condizentes com o presente relato.

Dentro dos métodos de tratamento incluem-se as práticas cirúrgicas a prática da antissepsia ou mesmo a antissepsia que é executada com o objetivo de reduzir o risco de contaminação bacteriana no local da cirurgia durante o procedimento (HENDRICKSON, 2010).

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Existem duas técnicas anestésicas mais utilizadas para o procedimento cirúrgico que são bloqueio paravertebral em L invertido e a linear onde a diferença é apenas a forma de realização da técnica sendo que as duas possuem efeito satisfatório (TURNER & McILWRAITH, 2002). Onde no caso relatado foi utilizado o bloqueio paravertebral em L invertido por opção do médico veterinário, devido o mesmo possuir prática com essa técnica.

Para anestesia utilizou-se cloridrato de lidocaína 2%, que por sua vez é um anestésico local, que possui a ação de bloqueio nervoso fazendo a anestesia nas proximidades da aplicação. A dose máxima indicada é 7mg/kg tendo duração do seu efeito entre 60 a 120 minutos, sendo bastante empregada para realização de cirurgias com os animais em estação (FONTANI et al., 2010). Ainda como componente do medicamento a epinefrina ativa os receptores adrenérgicos e também é bastante utilizada na medicina veterinária (VIDAL & ACCO, 2010). O medicamento utilizado pelo médico veterinário está de acordo com a indicação de literatura, podendo ser utilizado em cirurgia de grandes animais, a dose utilizada e a via de administração também estão de acordo e trouxeram benefício para o animal do caso relatado.

Para a correção do deslocamento de abomaso os tratamentos cirúrgicos são mais utilizados e os que demonstram melhor eficiência no prognóstico dos animais acometidos pelo deslocamento. Dentre as técnicas cirúrgicas podemos citar a abomasopexia paramediana direta que permite uma boa inspeção do órgão e seguramente se reposiciona o órgão para seu local anatômico o peritônio parietal. É indicado para realização do procedimento a utilização de fios não absorvíveis, como desvantagem é o trabalho adicional que possui em rolar o animal e conter em decúbito dorsal e o risco de hérnia incisional. Outra técnica cirúrgica é a omentopexia do flanco esquerdo, esta é realizada com o animal em estação, possui baixo risco de incisão e como desvantagem podemos citar que o abomaso não fica exposto para realizar a sua inspeção e pode ocorrer rompimento do omento caso o animal apresentar muita gordura no órgão (REBHUN, 2000).

Outra técnica cirúrgica indicada é a abomasopexia pelo flanco esquerdo sendo que essa foi a técnica utilizada pelo cirurgião na correção da patologia no caso relatado, como vantagem dessa técnica é a possibilidade de realização do procedimento com o animal em estação de fácil acesso as estruturas na cavidade abdominal

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O procedimento cirúrgico por laparatomia pelo flanco esquerdo seguido do bloqueio regional com a técnica de L invertido, utilizando a lidocaína. Segundo Motta et al. (2014), está de acordo com as suas indicações, apenas o ponto realizado no abomaso deveria ser realizado uma sutura continua simples, o que resultaria maior resistência e firmeza do abomaso.

Com o abomaso reposicionado realizou-se a sutura em três camadas sendo que a primeira envolveu o peritônio e o músculo abdominal transverso utilizando uma sutura contínua simples com fio absorvível sendo que esse procedimento esta de acordo com a indicação de Hendrickson (2010), mas confrontando Motta et. al., (2014), que sugere a sutura contínua simples festonada com fio de nylon não absorvível, o qual proporciona maior resistência para a sutura.

Após realizou-se a sutura do músculo abdominal externo e o interno e subcutâneo suturados com a técnica contínua simples utilizando categute nº 3, e a pele suturada em Wolff e com fio não absorvível, para Motta et. al., (2014) a segunda camada também deve ser utilizado contínua simples festonada e os pontos de pele podem ser pontos simples utilizando fio de nylon.

Devido o animal ter passado por uma laparatomia, onde houve a exposição da cavidade, portanto se faz necessário o uso de antibioticoterapia, para prevenir infecções já que a realização do procedimento ocorreu a campo. O cloridrato de ceftiofur, pertence à classe dos betalactâmicos inibindo a síntese da parede bacteriana, sua ação é similar as cefalosporinas de terceira geração, sua atuação abrange bactérias gram-negativas e gram-positivas, sendo considerado de amplo espectro de ação, a dose recomendada para bovino é de 1,1 a 2,2 mg/kg, uma vez ao dia durante cinco dias (PAPICH, 2012). Foi utilizado o cloridrato ceftiofur na dose de 1,70 mg/Kg, indicado cinco dias de aplicações, sendo que a dose e a duração do tratamento estão de acordo com a indicação da literatura. Segundo Hendrickson (2010), se faz necessário o uso de antibiótico para a vaca no pós-operatório e também o uso de terapia hídrica que não foi realizada no caso e a indicação seria uma solução de cloreto de sódio 0,9%, que resulta em benefício ao animal.

Para obter efeitos analgésicos e antiinflamatórios, o megluminato de flunixina é uma opção por ser um antiflamatório não esteroidal (AINE), inibidor das cicloxigenases. Atua inibindo a síntese de prostaglandinas, importantes mediadores da dor, inflamação e febre, sua dose recomendada é de 1,1 a 2,2 mg/kg, podendo ser utilizada por um período de 3 dias quando usada por via intramuscular (PAPICH,

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2012). Estando de acordo com a terapia utlizada pelo veterinário que utilizou a dose de de 1,70 mg/Kg por um período de 3 dias.

Devido o deslocamento de abomaso ser ocasionado por uma alta fermentação dos alimentos, principalmente pelos alimentos concentrados e também os conservados, que passaram por processo fermentativo. Sugeriu-se ao produtor que alimentasse a vaca durante a primeira semana pós-operatório com alimentos fibrosos, como pastos verdes e feno, após a primeira semana deveria ser reintroduzido o concentrado de forma gradativa. Turner e Mcilwraith (2002) afirmam que esses alimentos podem ser fornecidos para os animais em período pós-operatório, evitando a recidiva do caso.

Após 15 dias foi realizada uma visita na propriedade para realizar a retirada dos pontos de pele, observou-se que o local da incisão já havia cicatrizado adequadamente. O proprietário relatou que a vaca se alimentava de forma espontânea e demonstrava aumento da produção de leite gradativamente, dia após dia. Segundo Motta et. al, (2014) a retirada dos pontos de pele devem ser realizada 14 dias após o procedimento cirúrgico, condizendo com a conduta executada no caso relatado. Porém para Hendrickson (2010) os pontos de pele devem ser somente retirados após 4 semanas, onde o mesmo afirma que esse tempo é necessário para a total aderência de pele.

O deslocamento de abomaso geralmente ocorre logo após o parto de fêmeas leiteiras, devido o espaço abdominal causado pelo nascimento do feto, esse espaço deve ser preenchido pelo rúmen o mais breve possível para diminuir a possibilidade de ocorrência da patologia. Segundo Castro et al. (2009) deve-se aumentar a ingestão de alimento das vacas recém paridas, através de dietas formuladas com alimentos de qualidade e alta palatabilidade, sendo a mistura de grãos e volumoso fornecido várias vezes ao dia se fazem necessária, onde a fermentação reduzida irá diminuir as chance de desenvolver o deslocamento de abomaso.

4.1.4 Conclusão

A fêmea bovina do caso relatado foi acometida pela patologia de deslocamento de abomaso à esquerda, onde o diagnóstico foi realizado pela anamnese e auscultação do som de “ping” metálico, sendo instituído o tratamento cirúrgico, com sucesso através da laparatomia, seguida de abomasopexia com

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acesso a cavidade abdominal pelo flanco esquerdo. O procedimento realizado foi eficiente possibilitando a melhora do animal, enfatizando que os métodos preventivos através do fornecimento de dietas balanceadas são extremamente importantes para a diminuição da ocorrência desta enfermidade.

4.1.5 Referências bibliográficas

CASTRO, G. H. F. et al. Utilização do Balanço Cátion-Aniônico na Alimentação de Vacas Leiteiras. In: GONÇALVES, L. C. et al. Alimentação de Gado de Leite. Belo Horizonte: FEPMVZ, 2009. cap. 9. p. 245-267.

FONTANI et, al Anestésico Locais: In: SPINOSA. H. S Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. cap. 12. p. 144-151.

GUARD, C. Deslocamento e vólvulo do abomaso. In: SMITH, B. P. Medicina Interna de Grandes Animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2006. cap. 30. p. 756-558.

HENDRICKSON, A. D. Considerações pré-operatórias. In:__ Técnicas Cirúrgicas em Grandes Animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. cap. 1. p.1-5.

HUNT, E.; BLACKWELDER, J. T. Enfermidades Endócrinas e Metabólicas. In: SMITH, B. P. Medicina Interna de Grandes Animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2006. cap. 39. p. 1233-1265.

MOTTA, G. R. et al. Deslocamento de abomaso a esquerda em bovino – relato de caso. Atas de Saúde Ambiental. São Paulo, v.2, n. 3, p. 53-61, 2014.

PAPICH, M. G. Manual Saunders terapêutico veterinário: pequenos e grandes animais. 3. ed. São Paulo: Elsevier, 2012. p. 829.

RADOSTITS, O. M. et al. Clínica veterinária: Um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. cap. 28. p. 1276-1329.

REBHUN, W. C. Doenças abdominais. In:__Doenças do Gado Leiteiro. 1. ed. São Paulo: Roca, 2000. cap. 5. p. 129-185.

TURNER, S. A. e McILWRAITH, W. C. Cirurgia gastrointestinal de bovinos. In:__ Técnicas Cirúrgicas em Animais de Grande Porte. São Paulo: Roca, 2002. cap. 13. p. 235-262.

VIDAL, M. A. B. F; ACCO. A Agonistas & Antagonistas adrenérgicos: In: SPINOSA. H. S Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro:

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4 CONCLUSÃO

A realização do (ECSMV), proporcionou-me um grande aprendizado onde pude juntar o conteúdo teórico na formação acadêmica, com a prática realizada a campo, promovendo o crescimento pessoal. Sempre enfatizando a melhora da qualidade de vida dos animais, desempenhando sempre uma conduta ética frente à tomada de decisões dos casos clínicos, pensando sempre no bem estar dos mesmos.

O estágio proporciona para o estagiário vivenciar o dia a dia das atividades realizadas pelos profissionais da área, permitindo ver a realidade do cotidiano dos produtores rurais que trabalham nesse meio, havendo uma troca de conhecimento da rotina das propriedades e seus animais, juntamente com o que aprendemos em sala de aula.

Ao término do estágio, a experiência profissional junto aos aprendizados práticos foram os pontos mais importantes que certamente vão me auxiliar no futuro, aprimorando meu conhecimento, além das amizades cultivadas e fortalecidas durante o estágio, levo também um grande aprendizado durante este período que com toda certeza vou levar e desenvolver na minha vida profissional como médico veterinário, ainda levo o legado de que jamais saberemos tudo, porém a dedicação, o estudo e a busca por novos conhecimentos juntamente com a humildade me fará crescer a cada dia na profissão que escolhi.

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