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Inclusão de criança com Síndrome de Down no 1º ano do ensino fundamental - desafios para o professor.

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

DAIANA BARBOSA AGNES

INCLUSÃO DE CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - DESAFIOS PARA O PROFESSOR.

SANTA ROSA, RS

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DAIANA BARBOSA AGNES

INCLUSÃO DE CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - DESAFIOS PARA O PROFESSOR.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI - Departamento de Humanidades e Educação no Curso de Pedagogia como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Marta Estela Borgmann

SANTA ROSA, RS 2017

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus que me permitiu viver este momento, trazendo alegria aos meus pais e a todos que contribuíram para a realização. Ademais, por ter me dado saúde e inteligência para superar todas as dificuldades e conseguir chegar onde hoje estou.

Outrossim, agradeço, de forma especial, ao meu pai Roque e à minha mãe Silvarina, por não medirem esforços para que eu pudesse levar meus estudos adiante.

Ao meu namorado Giã, melhor amigo e companheiro de todas as horas, pelo carinho, compreensão, amor e solidariedade.

Aos meus amigos, por confiarem em mim e estarem ao meu lado em todos os momentos da vida.

À Professora Marta, por toda sua atenção, dedicação e esforço para que eu pudesse ter confiança e segurança na realização deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida. À minha Mãe, pois sеu cuidado е dedicação deram а esperança pаrа eu seguir a caminhada. Ao meu Pai, pois suа presença significou segurança е certeza dе qυе não estou sozinha nessa caminhada e ao meu namorado Giã quе, dе forma especial е carinhosa, dеu-me força е coragem, apoiando-me nоs moapoiando-mentos dе dificuldades.

A todos оs professores dо curso de Pedagogia quе foram importantes em minha vida acadêmica е nо desenvolvimento dеstа monografia, principalmente à professora Marta pela paciência nа orientação е incentivo quе tornaram possível а conclusão desta escrita.

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RESUMO

O tema desta pesquisa é a inclusão de crianças com Síndrome de Down na escola regular. Tem o objetivo verificar como ocorre o processo de inclusão de uma aluna com síndrome de Down na escola regular, bem como observar a prática pedagógica do professor com intuito de perceber se está contribuindo para a formação social e educacional. Para isso foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso sobre a inclusão de uma criança com síndrome de Down. Foi entrevistada sua mãe, a professora da turma e a coordenadora da escola em que a criança está matriculada para conhecer sua história de vida e, principalmente, sua relação com a escola. Considero que após análises a inclusão só se efetivará se houver participação da família na escola, interesse dos profissionais em estar sempre buscando novos conhecimentos, e a equipe gestora da escola apoiar e oferecer melhores condições de trabalhos aos profissionais. Ademais, foram disponibilizadas informações acerca do que é inclusão e de como a escola poderá se tornar inclusiva.

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RESUMEN

El tema de esta investigación es la inclusión de alumnos con Síndrome de Down en la escuela regular. Este trabajo tiene como objetivo comprobar como ocurre el preceso de inclusión de uma alumna con Síndrome de Down en la escuela regular, bien como si la práctica pedagógica del profesor está contribuyendo para la formación social, analizar el profesor en su práctica pedagógica y comprobar el desenvolvimiento del aprendizaje del niño con Síndrome de Down dentro de la escuela. Para eso fue desenvolvida una investigación bibliográfica y un estúdio de caso sobre la inclusión de un niño con Síndrome de Down. Fue entrevistado su madre, la professora de la pandilla y la coordinadora de la escuela en que ella está inscrita para conocer su historia de vida y principalmente su relación con la escuela. Considero que tras analisis la inclusión sólo se efetivará si hay participación de la família en la escuela, interés de los profesionales en estar buscando nuevos conocimientos, y el equipo gestor de la escuela apoyar y ofrecer mejores condiciones de trabajos a los profesionales. Fueron disponibilizadas informaciones acerca de lo que es inclusipon y de como la escuela podrá tornarse verdaderamente inclusiva.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1. EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE HUMANA: RESPEITO ÀS DIFERENÇAS E VALORIZAÇÃO DA SINGULARIDADE ... 10

1.1 O QUE É SÍNDROME DE DOWN? ... 12

1.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE DOWN ... 13

1.3 HISTÓRIA DE LAURA – OS PRIMEIROS ANOS...14

2. AÇÕES INCLUSIVAS NO AMBIENTE ESCOLAR ... 17

2.1 POLÍTICAS INCLUSIVAS QUE ASSEGURAM O ACESSO ... 18

2.1.1 Laura na Escola. Relato de experiência da monitora. ... 19

2.1.2 Relato da professora dos Anos Iniciais. O que muda? ... 23

2.2 PROPOSTA PARA UMA GESTÃO INCLUSIVA. COMO LAURA É AVALIADA. ... 24

3. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA. ... 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 30

REFERÊNCIAS ... 32

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo verificar como ocorre o processo de inclusão de uma aluna com síndrome de Down na escola regular, bem como observar a prática pedagógica do professor com intuito de perceber se está contribuindo para a formação social e educacional do aluno. A síndrome de Down apresenta um conjunto de características que podem ser tanto características físicas como cognitivas, geralmente apresentam uma deficiência intelectual que de certa forma interfere no processo ensino aprendizagem dos sujeitos.

Para tanto, foi realizado um estudo de caso com uma menina chamada Laura. Ela tem 6 anos de idade e encontra-se matriculada em uma escola regular da rede privada no município de Santa Rosa, sua turma tem 15 crianças e é acompanhada por uma professora titular e também com meu acompanhamento como monitora (aluna do curso de Pedagogia) há dois anos nesta mesma escola.

Falar de inclusão não significa apenas falar de alguém que está frequentando a escola, mas possibilitar que o sujeito participe de todas as atividades, à permanência no ambiente escolar, respeitar suas particularidades e diferenças para que tenha o acesso de modo igualitário ao sistema de ensino com suportes adequados e condições para que se desenvolva e aprenda como qualquer outra criança, através do meio social em que está inserida, pois este também será um ponto chave para auxiliar no seu desenvolvimento pessoal e cognitivo.

Foram realizadas entrevistas com a família, professora titular e coordenação pedagógica, pois para a inclusão acontecer é importante conhecer a realidade da criança, sua deficiência, o meio em que vive fora do âmbito escolar, visto ser justamente pela falta de conhecimento que ocorre a exclusão.

Diante desta realidade, o primeiro capítulo desta escrita aborda sobre a diversidade humana, a valorização, o respeito e a singularidade de cada criança que possuí Síndrome de Down, o que é a Síndrome de Down e suas principais características, bem como um breve histórico da aluna em questão, desde seu nascimento até seu ingresso à escola.

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O segundo capítulo, por sua vez, trata do papel da escola na proposta da educação inclusiva, políticas que asseguram o acesso das crianças ao ensino regular, abordando as questões do que é educação infantil, seu papel no desenvolvimento das crianças e sobre o ensino fundamental e a proposta para uma gestão inclusiva, verificando como a escola organiza a avaliação da aluna Laura.

Dando sequência, o terceiro capítulo traz a importância dos professores estarem sempre atualizados em buscar novos conhecimentos, para saber como trabalhar com essas crianças, participando de formações continuadas que envolvem o tema, trazendo para a sua prática pedagógica muito conhecimento e ludicidade, pois o professor é de fundamental importância, sendo o mediador de todo o processo de aprendizagem.

Frente a todo este panorama, considera-se que ainda há muita falta de interesse de alguns profissionais docentes em buscar algo novo para trabalhar em sua prática pedagógica, acarretando inclusive na falta de informação de como trabalhar com uma turma quando tem uma criança com alguma síndrome ou deficiência.

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1. EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE HUMANA: RESPEITO ÀS DIFERENÇAS E VALORIZAÇÃO DA SINGULARIDADE

Neste capítulo desenvolverei algumas questões relacionadas à diversidade humana entendendo que toda e qualquer possibilidade de inclusão perpassa pela compreensão da diferença/diversidade. Falar sobre criança com Síndrome de Down (SD) é falar de um sujeito singular que tem sua forma de ser, suas diferenças, sua forma de aprender e estar neste mundo comum. Também apresentarei aspectos relacionados às características específicas deste sujeito que tem SD e um breve histórico da aluna Laura Moura que tem esse diagnóstico, desde seu nascimento até o primeiro ano do ensino fundamental, o qual frequenta este ano.

Atualmente vivemos um período na história da humanidade onde o respeito à diversidade tem sido o mote das políticas públicas. Mundo marcado pelo pluralismo de ideias, povos, identidades, subjetividades. A diferença existe na sociedade e é a essência que compõe a nossa condição humana. A palavra diversidade é muito ampla e significa variedade, pluralidade e diferença. Nenhuma cultura é completa, todas precisam do contato social com os demais para poder compreender melhor e refletir sobre o contexto sociocultural do qual faz parte, conhecer e respeitar diferentes formas de pensar, agir, expressar sentimentos e valores. Vigotsky grande psicólogo russo em seus estudos já afirmava que :

O ser humano não vive isolado, ele participa de diferentes ambientes. Os grupos reúnem seus integrantes em torno de um objetivo comum e as pessoas geralmente participam desses porque se sentem acolhidas, porque percebem que naquele grupo sua presença é importante, então, pode-se afirmar que a comunicação cria vínculos e é fundamental para que os indivíduos se efetivem como ser social.(1998, p.4)

Portanto a ligação/interação com outras pessoas e culturas é extremamente necessária e importante para trocas de experiências e vivências. Se a diversidade for entendida como direito, teremos com certeza uma sociedade mais compreensiva e menos preconceituosa. As pessoas com deficiência são as que têm no seu dia a dia sofrido muito preconceito e passam por uma série de dificuldades para serem literalmente incluídas na sociedade e isto torna o aprendizado difícil, elas são desafiadas desde cedo e diariamente a enfrentar muitos obstáculos e muitas barreiras, mas principalmente vencer as atitudinais em relação às suas dificuldades. Neste cenário temos à Síndrome de Down, síndrome que desde sempre fez com que essas pessoas não tivessem as mesmas oportunidades de se desenvolverem

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cognitivamente como as demais. A crença e a ideia de que eram sujeitos que não aprendiam os rotulava como pessoas doentes e, portanto, excluídas da sociedade.

De maneira geral, podemos dizer que a SD é uma condição da pessoa associada a algumas questões físicas e cognitivas que precisam ser trabalhadas, seus direitos assegurados e apesar das limitações o indivíduo com Síndrome de Down é capaz de conviver socialmente com outras pessoas sendo esse convívio extremamente importante para uma boa autoestima o que irá auxiliar em seu processo de desenvolvimento. A busca pela valorização e inclusão vai bem mais além do que apenas receber e inserir esta criança no espaço escolar, é valorizar suas potencialidades, respeitá-lo como sujeito de direitos, favorecer o seu aprendizado, proporcionando momentos de interação com os demais, acreditando nas suas capacidades e habilidades.

Atualmente temos de mais recente o Estatuto da Pessoa com Deficiência que considera pessoas com deficiência como sendo:

Aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (2015, art. 2º).

Esse conceito possibilita pensar que a pessoa que tem alguma deficiência não tem uma doença e sim um impedimento em desenvolver suas habilidades e potencialidades muitas vezes impedida pela falta de oportunidades na interação com a sociedade.

Isto nos faz dizer que é de extrema importância levar em consideração que cada criança é única, suas individualidades e singularidades precisam ser respeitadas e valorizadas. As pessoas com deficiência, e neste caso as pessoas com Síndrome de Down, precisam de estímulos para desenvolver suas potencialidades e qualidade de interação para sua estimulação. O contato social de interações com outras pessoas beneficiará a criança com deficiência no seu desenvolvimento e também as que não têm deficiência a aprender e a conviver com a diversidade. Vigostky afirma que:

Antes de ingressar na escola, a criança participa do grupo familiar, e de grupos ligados à família. Mas é no ambiente escolar que este processo de interação em grupo se intensifica. A frequência de encontros faz com que a experiência seja diferenciada de qualquer outra vivenciada até então, imputando à escola o status de espaço legítimo de construção e partilha de conhecimentos. Nela, a interação é

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constante, mesmo quando não mediadas pelo educador se consolidam aprendizagens que não constam nos currículos escolares. (1998, p.4).

É preciso entender que a diversidade não se refere apenas às diferenças culturais, físicas, linguísticas, raciais, étnicas, religiosas, mas também se relaciona à educação, experiência, posição e papéis exercidos por cada um de nós na vida. Portanto, é necessário levar em consideração que cada pessoa é diferente uma da outra, e toda a sociedade tem o compromisso com o respeito aos valores humanistas. O reconhecimento de que o ser humano é a essência maior e que necessita do amparo das leis em permanente atualização, é fundamental para que avancemos como civilização. O Estatuto da Pessoa com Deficiência em seu artigo 8 menciona que:

É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico. (2015).

Portanto, é necessário termos o conhecimento de que a Síndrome de Down não é uma doença e sim uma condição associada ao ser humano e tem suas características específicas, sendo que a deficiência mental apenas apresenta um pequeno atraso na aprendizagem, traz consigo algumas dificuldades no que diz respeito ao processo cognitivo das pessoas em geral na leitura, escrita e cálculos, como também problemas relacionados ao equilíbrio, coordenação e locomoção. É de suma importância que a criança com Síndrome de Down seja vista como um sujeito eficiente, produtivo e, principalmente, alguém que tenha a aptidão e a capacidade para aprender e ensinar. Mas, para que isso aconteça de fato, essa criança precisa ser incluída na sociedade e receber o apoio para que sua potencialidade seja desenvolvida.

1.1 O QUE É SÍNDROME DE DOWN?

Os seres humanos têm, normalmente, 46 cromossomos em cada uma das células de seu organismo. Esses cromossomos são recebidos pelas células embrionárias dos pais no momento da fecundação (23 vêm dos espermatozoides fornecidos pelo pai e os outros 23 estão no óvulo da mãe). Juntos, eles formam a primeira célula de qualquer organismo. Essa célula se divide formando o novo organismo. O óvulo feminino ou o espermatozoide masculino apresentam 24 cromossomos no lugar de 23, ou seja, um cromossomo a mais. Ao

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se unirem aos 23 da outra célula embrionária, somam 47. A Síndrome de Down também é chamada por trissomia 21, isto significa que um cromossomo extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. ( STRAY-GUNDERSER, 2007).

Estudiosos assinalam que há uma maior probabilidade da presença de SD em relação à idade materna e isto é mais frequente a partir dos 35 anos, quando os riscos de se gestar um bebê com Síndrome de Down aumentam.

Desde 1988, na Constituição Federal, em seu art. 206, inciso l, está assegurado o direito de todos à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola regular de ensino. “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de

condições para o acesso e permanência na escola”,bem como ao atendimento educacional

especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino como traz o art. 208, inciso III... “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a

garantia de: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.

Sendo assim, não existem restrições de raças, grupos étnicos, classes socioeconômicas, enfim, pode acontecer com qualquer pessoa. Portanto, ainda no Estatuto da Pessoa com Deficiência em seu artigo 10 diz que “é competência do poder público garantir a dignidade

da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida”, sendo que o poder público precisa

oferecer condições favoráveis às crianças com Síndrome de Down, para que assim suas capacidades e habilidades sejam desenvolvidas de forma eficaz, respeitando seu tempo de aprendizagem que por vez pode ser considerado lento perante aos outros ditos “normais”.

1.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE DOWN

Crianças e jovens com síndrome têm características físicas semelhantes e estão sujeitos a algumas doenças. As características mais frequentes são tônus muscular baixo (significa que seus músculos são relaxados e dão impressão de serem moles), olhos oblíquos, puxados para cima, nariz pequeno e achatado, boca pequena com língua maior que o normal, orelhas mais baixas que o normal, apenas uma linha na palma da mão, mãos largas com dedos curtos e aumento do espaço entre o dedão e os outros dedos do pé, cabeça menor, cabelos lisos e finos.

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Segundo Varella, em seu site, “quase metade das crianças com SD nascem com algum

problema no coração. Dessas, cerca de 25% conseguem viver normalmente sem necessidade de cirurgia. O restante precisa passar por um procedimento cirúrgico a fim de “corrigir” a imaturidade do músculo cardíaco”. Após o nascimento, alguns transtornos psiquiátricos

podem ocorrer no desenvolvimento da criança.

É necessário ter cuidado com termos utilizados a essas pessoas com deficiência, por exemplo: mongoloides e ou retardados, pois podem ser considerados termos pejorativos, visto que desde antigamente sofreram muito com o preconceito. Todavia, existem leis que protegem e dão segurança a elas, garantindo seu lugar na sociedade e desenvolvendo suas potencialidades, pois são únicas, são pessoas e precisam ser respeitadas nas suas particularidades.

1.3 HISTÓRIA DE LAURA – OS PRIMEIROS ANOS

Quando os pais esperam uma criança, desejam que ela seja eficiente e tenha saúde. O filho com deficiência os faz rever sonhos e projetos, pois foram interrompidos pelos obstáculos das “imperfeições” e dos limites, sendo uma realidade difícil a adaptação e um processo longo e dolorido. E, assim, não foi diferente com Laura, menina com SD.

Oliveira (2015) afirma que:

Durante a gravidez a mulher passa por profundas transformações seja no seu corpo físico, psicológico ou nos próprios conceitos. Deixará de ser filha para se tornar mãe, desde o início da gestação cria uma relação imaginária com o seu bebê, sendo este um corpo imaginado já desenvolvido, com todas as atribuições que são necessárias de um ser humano (2015, p.2).

Realizei uma entrevista com Patrícia dos Santos Moura – mãe de Laura. Na ocasião conversamos intensamente em sua casa sobre a vida da criança. Minha proposta até então era fazer perguntas organizadas de forma semiestrutural para que a aluna respondesse a partir da intenção que possuía, porém não foi o que aconteceu. A nossa conversa foi bem informal, começamos com a primeira pergunta e o restante foi acontecendo de forma espontânea, e muitas informações recebidas nem estavam no planejamento.

Segundo as informações dadas pela mãe, Laura nasceu no dia 30 de janeiro de 2011, hoje com 6 anos de idade, filha de Patrícia dos Santos Moura e Marcos Moura. A gravidez era a concretização de um amor, de um sonho, primeira filha. Patrícia afirma que "quando o

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amor entre duas pessoas não cabe mais dentro delas, Deus envia uma nova vida”, era um

momento muito esperado por nós.

Durante a gestação foram realizadas três ecografias de rotina e a princípio estava tudo certo com o bebê. No nascimento é que veio a surpresa. Na hora do parto a médica percebeu ter a menina “traços” de Síndrome de Down e pediu ao pai para que, quando a mãe acordasse da anestesia, contasse a ela que a Laura teria um “probleminha” que jamais teria cura.

Patrícia disse que na hora foi um susto, um desespero, pois sempre idealizaram uma filha perfeita. Esperavam que, quando fosse maior, fosse independente. Porém, em momento algum pensou na rejeição e sim buscar métodos para auxiliar no desenvolvimento da mesma.

A perda do estereótipo do filho desejado, anteriormente idealizado pelas expectativas construídas no imaginário dos progenitores, instaura uma ferida narcísica nestes. O eu projetado pelos sonhos se desfaz, dando lugar a um ser que precisará ser ressignificado em um novo processo de gestação psíquica, no qual os vínculos deverão ser refeitos. O filho agora existente precisará de uma nova identidade, na qual sejam respeitados seus limites, dando-lhe um novo lugar com a construção de novas expectativas (BRAZELTON E CRAMER, 1992, p.2).

Os problemas de saúde após o nascimento foram os que mais preocuparam a família, pois Laura tinha sopro no coração e necessitava de cirurgia. Como são evangélicos, fizeram uma corrente de orações e, no exame seguinte, Laura não tinha mais esse problema. Acreditam, então, que foi a Fé em Deus que a curou. (sic)

Muitos pais por um curto ou longo período podem vivenciar um processo de “luto” na descoberta da deficiência. Em razão da perda do filho idealizado, as mães e os pais podem sentir vergonha, culpa, fracasso, tristeza e, também, se percebem como vítimas de um castigo (OLIVEIRA, 2015). O que mais os pais de Laura sentiram de dificuldades na saída do hospital foi lidar com o preconceito das pessoas e até de alguns familiares. Em momento algum baixaram a cabeça, pelo contrário permaneceram firmes e fortes para passarem segurança a sua filha. Freud in Isaura de Oliveira já afirmava que:

[...] as causas excitantes se mostram diferentes [comparadas às do luto], pode-se reconhecer que existe uma perda de natureza mais ideal. O objeto talvez não tenha realmente morrido, mas tenha sido perdido enquanto objeto de amor". Estes resultados corroboram com o pensamento de Freud, pois no processo de elaboração da desilusão pela perda do filho idealizado, há não só a necessidade de aceitar a morte deste sonho, como também a possibilidade de investir de amor o filho real. A prova disto são os investimentos amorosos e de cuidados que passam a dedicar ao seu filho. (1996, p.10 ).

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Durante a entrevista percebi que a mãe logo no início não queria se abrir muito, mas, no decorrer da conversa, até se emocionou em falar de Laura, dizendo que seu maior sonho é que, quando mocinha, seja vaidosa, arrume um namorado, mas que jamais ela saia de perto deles, pois não se sentirá segura o suficiente para deixá-la sozinha, pensando que as outras pessoas não irão cuidar tão bem quanto ela cuida. Porém, percebe-se a necessidade de deixar Laura adquirir sua autonomia, pois na visão de Piaget:

A autonomia só se dá quando a criança é capaz de interagir, falar, expor e se expressar. Ser autônomo significa estar pronto para construir cooperativamente o sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo. O autor conceitua a autonomia como sendo “a capacidade de coordenação de diferentes perspectivas sociais como o pressuposto do respeito recíproco” (PIAGET, 2002, p. 173).

Sendo assim, todas as crianças necessitam crescer, sonhar e ter alguém que sonhe junto com elas, de não depender sempre de outras pessoas para realizar alguma atividade ou tarefa, precisam de pessoas que acreditam nelas, acreditam nos seus potenciais e não os veem como pessoas com limitações, para isso percebe-se que é necessário o contato com outras crianças, com adultos, o apoio da família, da escola e também do trabalho com outros profissionais em um trabalho conjunto para contribuir no crescimento dessa criança.

Portanto, a independência que a criança adquirir vai depender muito de como principalmente seus pais irão trabalhar com ela, pois eles precisam encontrar um ponto de confiança e equilíbrio entre a proteção e a liberdade, estar atentos não às limitações que ela tem e sim às suas potencialidades. A criança que for estimulada desde nova tende a ter sua autonomia desenvolvida, com ou sem deficiência, tornando-se independente.

O que esses pais almejam para o futuro da filha é o sonho que qualquer mãe e pai têm para seus filhos, que estude, tenha uma carreira profissional de sucesso, que seja feliz onde estiver e que se eles tiverem condições de pagar uma faculdade para ela vão pagar e ajudá-la a arrumar um emprego digno, porém conforme suas possibilidades.

Laura é uma criança que cativa, surpreende, emociona com simples gestos de generosidade e afeto. Portanto, diante desta realidade, percebe-se que ela necessita do apoio de seus pais e dos profissionais que trabalham com ela, para desenvolver a sua formação social, emocional e educacional a fim de contribuir nas questões que estão relacionadas a fortalecer vínculos, autoestima e autonomia, valores pessoais, construção educacional, inserção profissional e relações pessoais de forma significativa com a sociedade.

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2. AÇÕES INCLUSIVAS NO AMBIENTE ESCOLAR

Historicamente a escola se caracterizava por uma visão de educação totalmente diferente de hoje, pois tinha como objetivo delimitar a escolarização, privilegiando apenas algumas pessoas e/ou grupos, geralmente os que tinham melhores condições financeiras, ou outras pessoas eram excluídas por não terem a mesma condição. Então, restava-os trabalhar desde muito cedo para ajudar sua família e acabavam deixando os estudos de lado. Diante disso, o que se percebe é que o termo exclusão já é histórico, o que vem à tona nos dias de hoje com as pessoas que têm necessidades especiais.

Segundo Mantoan (2006):

Inovações educacionais, como a inclusão, abalam a identidade profissional e o lugar conquistado pelos professores em dada a estrutura ou sistema de ensino, uma vez que atentam contra a experiência, os conhecimentos e o esforço que fizeram para adquiri-los. É uma mudança experimentada pelos professores que ensinam toda a turma. (2006, p.52).

Sendo assim, estamos vivendo um momento em que muito se fala no tema inclusão, das crianças com necessidades especiais na rede regular de ensino. A legislação obriga as escolas a acolher e matricular todas as crianças que nela desejam estudar, independente de suas necessidades ou diferenças. Porém, apenas o acolhimento não é o suficiente, mas sim que essas crianças tenham condições e oportunidades de interagir com os demais e participar das atividades, as quais potencializam suas aprendizagens e habilidades. Portanto, para que isso de fato aconteça, é necessário mudar conceitos pré-estabelecido em relação à inclusão, sendo fundamental que haja uma mudança no paradigma e nos sistemas de ensino, os quais devem se organizar para além de assegurar matrículas, e sim levar em consideração o papel da escola, com ênfase na prática pedagógica e a qualidade do ensino.

Mesmo sabendo que a educação é um direito de todos, sem distinção de cor, etnia ou religião ainda se percebe que muitas crianças com deficiência não têm acesso à escola regular por apresentar dificuldades as quais muitas vezes são omitidas pelos próprios familiares devido a sentirem “vergonha” por apresentarem diferenças no modo de pensar, agir, expressar e até deficiências físicas. Frequentemente se espera que a criança se adapte à escola regular, sendo que essa não tem condições físicas e recursos necessários. Ademais, nas estruturas e no próprio quadro de profissionais deve haver empenho para receber estas crianças, oferecer-lhe condições de permanecer e aprender na escola.

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2.1 POLÍTICAS INCLUSIVAS QUE ASSEGURAM O ACESSO À APRENDIZAGEM

A educação nos dias atuais tem como um dos principais objetivos e também um desafio possibilitar o acesso e a permanência das crianças com necessidades educacionais especiais à escola regular de ensino, visando a uma perspectiva inclusiva. Mas é necessário compreender quais são as políticas públicas de educação inclusiva e documentos legais para trabalhar corretamente no sistema educativo.

Na sociedade há muitas pessoas que ainda têm preconceito e não conseguem “enxergar” que esse novo conceito de diferenças só traz vantagens às pessoas que convivem com essas chamadas especiais. A diferenciação para excluir (discriminação) e a diferenciação para incluir (inclusão) têm sido debatida pelos profissionais que se dispõem a esclarecer as atuais pretensões da educação especial.

A inclusão escolar tem sido mal compreendida, principalmente no seu apelo a mudanças nas escolas comuns e especiais. Sabemos, contudo, que sem essas mudanças não garantiremos a condição de nossas escolas receberem, indistintamente, a todos os alunos, oferecendo-lhes condições de prosseguir em seus estudos, segundo a capacidade de cada um, sem discriminações nem espaços segregados de educação. (MANTOAN, 2006, p. 23).

Percebe, portanto, através das leis implantadas pelo governo, que é necessário garantir a igualdade de direitos a uma educação, que livra a criança de qualquer diferenciação para excluí-lo, assegurando, assim, o direito à diferença. Para isso faz-se necessário um atendimento especializado que considere suas características e especificidades.

Uma das políticas que visam assegurar a garantia de qualidade e ensino para as crianças com necessidades especiais é a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação inclusiva de 2008, a qual trouxe novas concepções à atuação da educação especial, nos sistemas de ensino. Os objetivos da educação inclusiva são para nortear tanto o professor, para tornar sua prática pedagógica eficaz, visando ao ensino de todas as crianças, como também orientar os sistemas de ensino para garantir de fato o acesso de todas as crianças ao ensino regular, promovendo formações continuadas para os profissionais, oferecendo o atendimento educacional especializado (AEE) e adequando os espaços, metodologias e recursos a fim de serem utilizados pelas crianças com deficiência, ampliando o seu desenvolvimento tanto em habilidades motoras quanto habilidades cognitivas.

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no art. 58 § 1º, garante que

Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. Neste artigo, há a afirmação do dever do Estado de fornecer, quando necessário, serviços de apoio especializado na escola regular, visando atender às necessidades especiais dos alunos, sabendo que a efetivação desses serviços devem ser permanentes, visto as próprias “peculiaridades dos alunos da educação especial”. Ainda o art. 59 preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos com necessidades educacionais especiais currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar.

A meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE) ressalta a importância da inclusão quando destaca a necessidade de:

Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

Para que isso aconteça na prática e não apenas na teoria, é necessário que o governo do país invista em verbas para a inclusão, amplie e fortaleça ações que desenvolvam estratégias, para que desta forma a meta atenda às necessidades que variam de escola à escola no que diz respeito à implantação de salas de recursos, bem como melhor atender as crianças que precisam no turno inverso, investimentos para adequação dos espaços escolares e material didático adequado.

2.1.1 Laura na escola. Relato de experiência da monitora

A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica. Ela é responsável pelo cuidado e educação de crianças com idade entre 0 e 5 anos e 11 meses. É nesse primeiro período da infância que se inicia o processo de desenvolvimento da criança, em todos os aspectos, tanto cognitivo quanto emocional. Segundo as Diretrizes, ‘’É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção’’. É um direito de todas as crianças frequentarem a Educação Infantil, independente de cor, religião ou classe social (DCNEI, 2010).

Os sujeitos que frequentam a Educação Infantil são as crianças possuidoras de direitos e de uma bagagem histórica e cultural que trazem de casa, e é em suas relações cotidianas

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com as pessoas que as cercam que constroem a sua identidade própria, desenvolvem habilidades motoras, cognitivas, emocionais, físicas, entre outras. A Educação Infantil é um espaço onde a criança aprende a interagir com as outras, com os professores e aprende a descobrir-se e descobrir diferentes espaços. É ali que a criança adquire e constrói aprendizados que levará para toda vida.

O processo educativo na Educação Infantil precisa ser lúdico e baseado em brincadeiras e interações, além disso as atividades propostas devem ser diferentes e inovadoras, pois serão através delas que as crianças irão construir o conhecimento e a aprendizagem, e irão se preparar para a vida e para o mundo, assimilando a cultura em que vivem.

A Educação Infantil propõe uma maneira diferenciada de aprender. Através do brincar, o ensino de forma lúdica facilita a aprendizagem das crianças e lhes desperta o interesse em aprender, brincar com diferentes colegas e envolver-se em variadas brincadeiras, como as exploratórias, as de construção, as tradicionais, as de faz-de-conta e os jogos de regras, de modo a construir o sentido do singular e do coletivo, da autonomia e da solidariedade. Explorar materiais, brinquedos, objetos, ambientes, entorno físico e social, identificando suas potencialidades, limites, interesses e desenvolver sua sensibilidade em relação aos sentimentos, às necessidades e às ideias dos outros com quem interage são ações necessárias para que se possa desenvolver as habilidades e competências.

Acredito que a monitora teve um papel fundamental no desenvolvimento e no processo de ensino aprendizagem dessa aluna, pois foram proporcionadas inúmeras possibilidades para que a aluna aprendesse conforme suas capacidades, dando carinho, apoio, atenção, mas não deixando de ser firme, exigindo e cobrando da aluna que realizasse as atividades adequadas propostas, pois a professora titular não conseguia dar a devida atenção a ela, pois tinha outras crianças para atender, ou seja, a monitora muitas vezes fazia o papel de professora titular, pois organizava atividades conforme as possibilidades e necessidades, adequando os conteúdos e ajudando a aluna a desenvolver suas potencialidades.

O Plano Nacional de Educação destaca que:

O monitor tem contato direto com um aluno, ele tem a responsabilidade de desenvolver e orientá-lo nas atividades realizadas em sala de aula, além de dar apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção e entre outras que necessitem auxílio constante no dia a dia escolar (BRASIL, 2008).

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A interação entre monitora e aluna criou um laço muito forte, pois a aluna conseguiu criar bases e confiança para se relacionar com as outras pessoas tanto na família, escola como na sociedade em geral.

Acredito que todos os monitores têm uma função essencial e fundamental seja nas escolas especiais quanto nas regulares, e, principalmente, na vida dessas crianças, as quais depositam todo o seu amor e confiança. É de suma importância que estes também estejam em uma constante busca de novos aprendizados, com formações iniciais e continuadas adequadas, buscando cada vez mais se especializar para sempre estar capacitado para atuar nas escolas, conhecendo sobre as deficiências das crianças que atenderá, e entender o exercício de ensinar, estudar e se apropriar de novos recursos e métodos pedagógicos para desenvolver junto as crianças, planejando com professores formas de abordar os conteúdos.

Lembro perfeitamente de uma tarde do mês de abril de 2016, eu trabalhava na recepção de um colégio privado no município de Santa Rosa no turno da tarde. A família juntamente com Laura veio pedir informações sobre o colégio, assim a encaminhei até a secretária. Laura aparentemente era muito agitada, fiquei de longe olhando e pensando como a família iria matricular aquela criança na escola, pois a instituição apresentava pouca estrutura, tendo dificuldades em adaptar a aluna e recursos pouco adequados para fazer o devido atendimento. Pensei, também, que poderiam colocá-la na APAE visto lá ser o melhor local para atendê-la.

Os pais decidiram, então, matriculá-la, e toda a escola inclusive a coordenadora pedagógica ficou apavorada, pois era o primeiro caso de criança com Síndrome de Down. Sem recursos e métodos, sem preparação de professores, enfim não sabiam o que e como fazer quando ela começasse a frequentar a escola. Era o que pensávamos.

Durante a graduação, fiz a disciplina de Educação na Diversidade que abrangeu assuntos relacionados à inclusão de pessoas com deficiência e me chamou muito atenção, então decidi me desafiar e me disponibilizar para a escola para ser monitora de Laura na pré-escola da Educação Infantil. Eles aceitaram e eu, então, na semana seguinte comecei.

Nos primeiros dias, a adaptação foi tranquila, pois, segundo a família, já era oriunda de outra escola regular, mas para os colegas e para as famílias dos mesmos foi de extrema dificuldade conseguir fazer com que realmente aceitassem e a vissem como uma criança, porém com as suas condições associadas a Síndrome. Era tudo muito novo, tanto para escola,

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quanto para famílias, foram muitas reclamações até de fato chegar realmente em inclui-la no espaço com as outras crianças ditas “normais”.

Para a “adaptação” das famílias e das demais crianças, foi feita uma breve conversa com as famílias informalmente onde se reuniam em pequenos grupos. A conversa foi dirigida pela coordenadora e pela professora titular da turma que falavam e explicavam sobre a inclusão, dos direitos que as crianças com deficiência têm em estar matriculadas em uma escola regular e, principalmente, que ela era uma criança como qualquer outra, merecia ser respeitada como as demais. No início foi difícil, momentos de receio por parte das famílias, mas que, com o passar do tempo, começaram a respeitar e viram-na como uma criança.

Já, nos aspectos pedagógicos, todas as atividades que eram realizadas Laura participava junto com seus colegas, nas brincadeiras de roda e cantigas as quais ela adorava. Poderíamos fazer como se percebe em muitas escolas, onde deixam as crianças deficientes de lado, excluída, mas não era isso que queríamos e sim que ela fosse vista como uma criança normal, que tem capacidades e habilidades como outras crianças e, por isso, nós apostávamos muito nela, acreditando muito mais nas suas potencialidades do que nas suas limitações.

E o ano foi passando e eu simplesmente me apaixonando cada dia mais por ela e pelo desafio. Entrou na escola sem saber praticamente “nada”, sua fala era pouco desenvolvida e sem compreensão. O que mais fiz foi trabalhar a oralidade, conversava muito, cantava, dançava, enfim, percebia que realmente ela estava gostando da minha presença. Confesso que apesar de ser monitora, assumi o comando das atividades como se fosse professora titular. Elaborava atividades e acreditava de fato que ela iria aprender no seu tempo e a família estava muito agradecida e contente com o trabalho que realizei, pois ela, segundo a família, já tinha evoluído bastante desde o primeiro dia que começou até o final.

Chegou, então, o ano de 2017. Permaneci como monitora, porém agora no 1º ano do Ensino Fundamental, espaço de alfabetização e, infelizmente, não mais tantas brincadeiras e ludicidade. Infelizmente porque acredito que essas questões precisam permanecer sempre, pois é através da ludicidade que de fato a criança aprende, tendo em vista à inclusão da Laura, conseguimos desenvolver juntas, eu, a professora, a coordenação, atividades específicas que auxiliam no processo de ensino/aprendizagem.

Nosso objetivo é que, até o final do ano de 2017, ela saiba no mínimo escrever seu nome sozinha, em relação ao alfabeto Além disso, deve conhecer e relacionar as vogais,

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reconhecer todas as letras do seu nome, porém ainda não escreve sozinha. Assim, pego na mão e a auxilio. Ela segura o lápis com segurança e domínio, mas não pinta dentro das formas. Além disso, relaciona e quantifica os números até 3, reconhece todos os colegas e os chama pelo nome, sua oralidade está bem desenvolvida, conversa e argumenta muito, interage durante a aula com a professora, sua autonomia está sendo muito trabalhada principalmente nas questões de ir ao banheiro, pegar e guardar seu lanche, tirar seus materiais da mochila. Enfim, ser professora é uma profissão muito desafiadora e, por vezes, da até medo e insegurança de não estar fazendo o correto. Porém, quando olhamos o interesse que ela tem em aprender, nos motiva a ir buscar algo novo, para explorar as questões que são do interesse dela. Enfim, é maravilhoso e com palavras não tem como explicar esse sentimento.

2.1.2 Relato da professora dos Anos Iniciais. O que muda?

A transição da Educação Infantil para os Anos Iniciais é um momento muito importante na vida das crianças, pois é chegada a hora de se despedir do ensino infantil e ingressar no fundamental, porém essa transição nem sempre é fácil, muitas mudanças ocorrem na grade curricular e há diminuição do tempo disponível para brincar.

Essa etapa do início do ensino fundamental é a fase da alfabetização e letramento, momento em que para muitos professores acabam as brincadeiras e as crianças enfileiradas. Ademais, possuem cadernos de aula e tema, já tem mais professores de outras disciplinas, parquinho, quando se tem, é apenas uma vez na semana, porém percebe-se a necessidade do brinquedo e da brincadeira como instrumentos indispensáveis à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças, independentemente de sua faixa etária.

Elisângela Fernandes frente a esta questão diz que:

Os conflitos vividos pelos novos estudantes do 1º ano demonstram a necessidade de a escola reconhecer cada indivíduo em suas múltiplas dimensões, ou seja, sem restringir sua condição apenas à de aluno. Para que isso aconteça, a pesquisadora defende que sejam garantidos tempo e espaço adequados para os momentos de brincadeira e interação. Afinal, assim como na Educação Infantil, no Ensino Fundamental também é esperado que as propostas pedagógicas valorizem o movimento, que as aulas levem em conta os saberes prévios dos pequenos e os contextos social e cultural em que eles estão inseridos. (Revista Nova Escola, 2012, p. 3).

Para a professora titular do 1º ano do Ensino Fundamental em relação ao desenvolvimento da Laura, a maturidade é diferente das demais crianças por ter a Síndrome de Down. Sua idade cronológica é 7 anos, porém suas atitudes e comportamento condizem

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com o de uma criança de 4 e 5 anos, não conseguindo acompanhar os colegas nas atividades por ter um ritmo de aprendizagem mais lento, porém o tempo todo recebe estímulos tanto da professora titular quanto da monitora.

Acrescenta que teve dificuldades no início do ano letivo pelo fato de a aluna não escrever, seus traçados eram fracos, insegura para segurar o lápis. Hoje seus traços são extensos, fortes e dá forma aos desenhos, porém precisa de alguém para lhe orientar. Não realiza cálculos e reconhece quantitativamente os números até 3, sua autonomia é muito estimulada principalmente nas tarefas em sala de aula (ajudante do dia). Organiza seu próprio material distinguindo caderno de aula, tema e leitura, dentro do contexto o qual está inserida. Sendo assim, percebe que deveria ter ficado mais um ano na educação infantil para desenvolver habilidades básicas necessárias para seu progresso e desenvolvimento.

2.2 PROPOSTA PARA UMA GESTÃO INCLUSIVA. COMO LAURA É AVALIADA.

A escola precisa ser compreendida como um espaço social onde os saberes são exercidos, estimulados e socializados entre quem faz parte dessa instituição. Sendo assim, para obter de fato uma educação inclusiva, é necessária a participação de todos os profissionais da escola em benefício das crianças que apresentam alguma deficiência, pois não basta que a criança esteja matriculada ou apenas frequentando o ambiente escolar, ele precisa fazer parte da turma de fato, participando das atividades, interagindo com todos que frequentam a instituição.

Ademais, a inclusão não acontece somente na sala de aula, é preciso que toda a escola esteja apoiando essa ideia em busca do mesmo objetivo, uma educação de qualidade para todos sem exclusão.

A gestão escolar democrática e participativa é responsável pelo envolvimento de todos que fazem parte do processo educacional. Conforme Libâneo; “a participação é o

principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.” (2006 p. 328).

É necessário que todos os profissionais abandonem a ideia de homogeneização e entendam que cada criança é única no processo de ensino-aprendizagem, cada qual tem um tempo de aprendizado.

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Deve-se pensar, também, que quando o gestor escola adere em sua escola uma educação inclusiva e se propõe a atuar nessa prática envolvendo-se e organizando reuniões pedagógicas, desenvolvendo ações relacionadas à acessibilidade, consegue identificar e realizar as adaptações curriculares necessárias, as quais possibilitam o suporte entre os profissionais da instituição, promovendo uma mudança no contexto educacional e social, abandonando práticas individualizadas para estimular a ação coletiva.

Desta forma, a inclusão trouxe para a sociedade e, principalmente dentro das escolas, outro conceito de diversidade, rompendo paradigmas exclusivos e quebrando com a ideia de homogeneidade, sendo que teve reflexos na prática pedagógica dos profissionais, os quais afirmam não se sentirem preparados para trabalhar com crianças com necessidades especiais.

Outro fator relevante é que Laura é avaliada por meio de um parecer descritivo e não realiza provas como os demais. A professora faz a avaliação conforme seu desenvolvimento em interações com os colegas e professores, atividades de autonomia, ou seja, o que ela já é capaz de fazer sozinha e o que ainda pode realizar, em atividades que a motricidade ampla e fina, coordenação motora e lateralidade são observadas. Laura constantemente recebe estímulos com diferentes materiais, métodos e recursos que, por vezes, não demonstra reações imediatas.

3. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O Brasil passou e ainda está passando por muitas mudanças no ensino e tem conseguido cada vez mais avançar no que diz respeito à diversidade na tentativa de garantir a convivência, a inclusão e a aprendizagem de todas as crianças. Apesar de a educação para todos, sem distinção, ser um princípio de nossa constituição, muito ainda precisa ser feito para conquistarmos uma cultura verdadeiramente inclusiva. Muitas vezes, valores pré-concebidos pelas pessoas, informações incorretas, até mesmo a falta de informação e de conhecimento, constituem os maiores obstáculos à prática inclusiva, os quais precisam ser rompidos através da educação.

Atualmente, muitos pais buscam matricular seus filhos em escolas regulares como parte da inclusão deles no convívio com outros estudantes. Qualquer escola pública ou particular é obrigada a aceitar a matrícula dessa criança. A Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 confirma em seu artigo 4º que o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito aos

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educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; bem como atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

Uma escola somente será inclusiva quando buscar atender às necessidades das crianças com alternativas que apontem para a melhor forma de ajudá-las a aprender. É necessário valorizar as referências individuais, prestar atenção às singularidades relacionadas à própria deficiência e estabelecer alterações curriculares que favoreçam aprendizagens.

Porém, atualmente não é essa realidade que encontramos nas escolas com situações de crianças com deficiência.

Segundo Cavalcante:

[..] Na maior parte das escolas brasileiras a inclusão das crianças portadoras de necessidades educativas especiais não acontece da maneira que deveria realmente acontecer. Talvez por falta de informação ou até mesmo pela omissão de muitos pais, dos educadores e do poder público, muitas são as crianças que ainda vivem isoladas em instituições especializadas, privadas de convier com as demais crianças em uma escola regular. Pois, a partir da convivência das crianças portadoras de necessidades educativas especiais dentro de uma escola regular, haverá muitas possibilidades de desenvolverem plenamente as suas potencialidades, além de quê, as demais crianças aprenderão a conviver com um colega que necessita de seu apoio e da sua compreensão. Haverá nisso uma troca que favorecerá o aprendizado de todos. (2005 p.40-45)

Os profissionais não se sentem preparados, não sabem o que fazer e ainda trazem consigo a insegurança em quais atividades desenvolver, por esses motivos muitas vezes as crianças ficam “jogadas” no canto da sala, sem participar das atividades e interagir com os demais, promovendo, assim, a exclusão, sentindo-se sozinhos e incapazes, se desinteressando e desestimulando no que diz respeito à aprendizagem.

Em relação a isto, José Raimundo Facion diz que:

O fato que o despreparo dos profissionais é um fator que vem colaborando, a cada dia, com o aumento significativo do número de professores que se afastam das salas de aula por motivos de doença. Ao relacionar o surgimento do stress entre os professores que atuam na educação inclusiva, percebe a necessidade de formação complexa dirigida a esses profissionais, já que, o tema da formação profissional é de extrema importância, pois a sua insuficiência pode ser considerada um elemento significativo para o desenvolvimento do stress do professor. (2008, p.148)

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A inclusão educacional contribuirá para a construção de uma cultura inclusiva que rompe com os valores culturais excludentes, prevendo a aceitação do outro como de fato ele é, respeitando suas diferenças. Este novo olhar precisa se manifestar por meio de uma nova concepção de não ver a Síndrome de Down como uma doença, limite ou incapacidade, mas sim um indivíduo de inúmeras capacidades e potencialidades.

Para que o princípio inclusivo se efetive, são necessárias mudanças nas concepções, culturas e práticas pedagógicas na escola, as quais devem favorecer o acolhimento e o atendimento à diversidade de modos de ser e aprender. Para que essas questões de fato se efetivem, é necessária atenção especial para as formações dos professores, sendo ela inicial ou continuada, de preferência especializada em que o prepare para trabalhar com a diversidade, utilizando estratégias pedagógicas que proporcionem o melhor aprendizado possível, pois precisam estar ligadas ao cotidiano da escola, ainda mais quando se trata deste tema onde se percebe a necessidade de os educadores estarem preparados para saber o que e como desenvolver atividades com essas crianças, olhando para as competências, acreditando nas habilidades e não apenas para suas limitações.

Maria Teresa Eglér Mantoan diz que

No caso de uma formação inicial e continuada direcionada à inclusão escolar, estamos diante de uma proposta de trabalho que não se encaixa em uma especialização, extensão ou atualização de conhecimentos pedagógicos. Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e de práticas que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os seus níveis. (2006, p.54 e 55).

Nesse processo, a presença e o apoio dos gestores da escola são primordiais, dando confiança ao educador em suas atribuições, valorizando suas competências pedagógicas para garantir o ensino de todas as crianças e segurança para desempenhar seu papel enquanto formador de cidadãos conscientes e que saibam respeitar ao próximo, aproveitando os recursos, na reorganização dos sistemas de ensino para que seja possível guiar o professor; acompanhá-lo na construção dos saberes para que possa com autonomia, efetivar a sala de aula inclusiva e tornar-se sujeito da aprendizagem e de sua atuação profissional, pois a responsabilidade é da escola em oferecer um ambiente aconchegante e instigador com jogos, brincadeiras e atividades lúdicas promovendo, assim, a interação das crianças. Esta interação deve desafiar a aprendizagem, com metodologias e práticas diferenciadas e com profissionais preparados para, assim, estimular o seu desenvolvimento. Ainda conforme a autora:

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Como se considera o professor uma referência para o aluno, e não apenas um mero instrutor, a formação enfatiza a importância de seu papel, tanto na construção do conhecimento como na formação de atitudes e valores do cidadão. Por isso, a formação vai além dos aspectos instrumentais de ensino. (MANTOAN, 2006, p. 55).

O papel do educador é intervir nas atividades que a criança ainda não tem autonomia para desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realizá-las. É desta forma que o professor seleciona procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos.

Conforme Facion,

Para que verdadeiramente se estabeleça uma educação de qualidade para todos, é fundamental a participação ativa do professor. O êxito de sua atividade é determinado pelas suas condições de trabalho, formação, competência pedagógica, habilidades e avaliações de estratégias metodológicas utilizadas. (2008p.147).

Percebe-se a necessidade de levar em conta os diferentes estilos, ritmos e interesses de aprendizagem de cada um, sabendo que cada criança é diferente uma da outra e suas necessidades e singularidades devem estar claros no conceito dos profissionais, sendo que a inclusão de crianças com Síndrome de Down na escola regular com certeza irá proporcionar inúmeras vantagens tanto para as crianças com ou sem deficiência, pois serão estimuladas a conviver e a respeitar a diversidade.

O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço genuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com o diferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver. Por isso quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário. (CAVALCANTE, 2005, p. 40)

As crianças com Síndrome de Down apresentam algumas dificuldades no que diz respeito a realizar algumas tarefas, organizar ideias, transferir seus conhecimentos, adaptar-se a situações novas. Portanto, todo aprendizado deve sempre ser estimulado a partir do concreto necessitando de instrumentos visuais para fortalecer o conhecimento.

Sendo assim, as crianças têm a oportunidade de frequentar o atendimento educacional especializado (AEE) no turno inverso. Segundo a nota técnica 4 de 2013, é o conjunto de atividades e recursos pedagógicos e de acessibilidade, organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos estudantes público alvo da educação especial, matriculados no ensino regular e esse atendimento deverá ser “realizado,

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prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou de outra escola de ensino regular, podendo, ainda, ser realizado em centros de AEE”. (Nota técnica 4 de

2013).

Portanto, a nota técnica deixa clara a importância do AEE tendo em vista as necessidades e particularidades da criança, considerando que cada discente é um ser único e individual e isso precisa ser respeitado e trabalhado de forma com que irá auxiliar no seu desenvolvimento motor, psíquico e cognitivo das crianças, com espaço físico adequado, profissionais capacitados, acessibilidade e recursos em condições favoráveis a utilização.

Todas as crianças têm direitos à educação, a qual está assegurada por lei e que precisa ser cumprida tanto pelo poder público quanto pelas pessoas, para que esse direito se consolide, garantindo o desenvolvimento e o exercício da cidadania perante a sociedade independente de qualquer necessidade. Como já citado, toda e qualquer criança merece ser tratado em condições de igualdade com os demais, não sendo excluído de forma alguma das situações vivenciadas na escola e fora dela também.

Quando professor possui instrumentos para identificar a potencialidade e os saberes das crianças, o mesmo irá sentir-se capaz de ajustar sua práxis para aqueles com Necessidades Educacionais Especiais. Para isso acontecer de fato, é necessário primeiramente partir da sua vontade própria em querer ver o progresso e o desempenho dessas crianças, buscando, assim, novos conhecimentos para melhorar sua formação, aprendendo novas formas de pensar e agir para atender as demandadas exigidas em sua atuação profissional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considero que a escola é um espaço onde todos têm direito ao acesso, que visa atender às necessidades das crianças, propondo iniciativas e alternativas que favoreça no desempenho e crescimento tanto social, quanto cognitivo e pessoal buscando recursos para melhor forma de ajudá-las a aprender, valorizando as individualidades, levando em consideração a bagagem histórica e cultural das crianças, sendo de extrema necessidade trazê-los como centro de todo o planejamento do professor e às singularidades relacionadas à própria deficiência e estabelecer alterações curriculares que favoreçam aprendizagens.

É de suma importância que aqueles que nela ingressarem na escola regular tenham suas necessidades específicas atendidas, sendo que todos as crianças apresentam características próprias e ritmo de aprendizado diferentes. A escola como instituição pública e democrática deve atender a todos e necessita de levar em consideração essa singularidade. Sabemos que ainda existe muito preconceito contra as crianças com deficiência, porém eles já conquistaram um espaço muito grande na sociedade, podendo ser protagonistas de suas aprendizagens, sendo que a interação social com as outras pessoas favorece o desenvolvimento das crianças com deficiência A interação deve acontecer em todos os momentos e situações, ela gera conexão com o momento e com o grupo, sendo assim através dessa conexão fica mais fácil compreender o que precisa ser feito, transformado, melhorado, pois irá aderir conhecimentos e experiências através do compartilhamento recíproco das pessoas.

Portanto, através dos estudos, das entrevistas realizadas com a família, professora, coordenação pedagógica e analisando a prática pedagógica da titular da turma, verifiquei que o desenvolvimento da aprendizagem da aluna Laura foi estimulado e incentivado de forma satisfatória por ambas as partes. Acredito que por mais que a Laura esteja matriculada na escola regular muito se faz e ainda muito precisa ser feito pelo aprendizado e desenvolvimento, sendo que todos, tanto família, professora, monitora quanto equipe gestora querem ver o crescimento da menina, porém percebo que muito precisa ser feito principalmente no que diz respeito à implantação de uma sala de recursos, que favoreça, aprimore e estimule os conhecimentos das crianças, principalmente dos especiais, sendo que os professores dos próximos anos também devem dar continuidade no trabalho que já foi e vem sendo realizado, acreditando no potencial e capacidade de cada indivíduo. Mas para que

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isso aconteça de fato, é necessário todos lutarem por uma educação de qualidade inclusiva, que respeite as individualidades, as singularidades, os modos de pensar e agir específicos de cada um, trazendo como centro do planejamento a criança e suas necessidades, adequando conforme a realidade da turma em geral.

A escola regular precisa estar adequada para receber todas as crianças, independente das características que apresentam, pois as crianças não devem mais ser excluídos, não sendo segregados em espaços escolares diferenciados ou mesmo excluídos dentro da rede comum. A inclusão nos faz pensar profundamente sobre o mundo em que vivemos e da maneira que fazemos a vida valer a pena, pois cada um tem uma opinião, uma história, cultura, religião, enfim, são as diferenças que enriquecem o ambiente em que vivemos e isso precisa ser valorizado e respeitado para um mundo verdadeiramente inclusivo.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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