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TÍTULO: EFEITO DE ATIVIDADE MOTORA ACROBÁTICA NO MODELO DE PARKINSON EM RATOS TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: FISIOTERAPIA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): NATHÁLIA RISSO SANTIAGO AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): RAQUEL SIMONI PIRES ORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): CAROLINE CRISTIANO REAL, QUILZA RAABE DA SILVA GOMES FERRAREZI COLABORADOR(ES):

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1. RESUMO

Vários estudos tem demonstrado que o exercício físico promove efeitos benéficos sobre o sistema nervos central íntegro e lesado. Considerando que a doença de Parkinson promove degeneração neuronal na substância negra, e o exercício acrobático induziu respostas plásticas no circuito núcelos da base-tálamo-cortical, faz-se necessário analisar os efeitos desse tipo de treinamento no modelo de Parkinson em ratos. Sendo assim, o nosso objetivo foi investigar as alterações histológicas decorrentes da prática de exercício acrobático no modelo de Parkinson induzido por 6-OHDA (6-hidroxidopamina) em ratos. Neste estudo foram utilizados 13 ratos, machos de linhagem Wistar, que foram mantidos no ciclo claro/escuro, artificialmente controlado. Os ratos foram divididos de forma aleatorizada em 3 grupos: ratos acrobatas com OHDA (AC OHDA, n=5); ratos sedentários com 6-OHDA (SED 6-6-OHDA; n=4) e ratos sedentários salina (SED SAL, n=4). Os animais do modelo de Parkinson sofreram uma microinfusão de 6-OHDA no estriado, enquanto o sedentário salina recebeu salina no estriado. Os animais do grupo de exercício acrobático 6-OHDA foram treinados 3 vezes por semana por 4 semanas. Após esse período os encéfalos de todos os animais foram processados pela técnica de imunoperoxidase para análise de células dopaminérgicas. O treinamento acrobático dos ratos 6-OHDA promoveu uma redução significante do tempo após a segunda, terceira e quarta semana de treinamento acrobático comparado a primeira. Além disso, observamos que quatro semanas de exercício acrobático induziu redução significativa do tempo comparado a segunda e terceira semanas. Dados semi-quantitativos revelaram que o grupo SED 6-OHDA apresentaram uma diminuição da densidade média de células TH-positivas na substância negra comparada tanto ao grupo SED SAL quanto ao AC 6-OHDA (59+3, 66+2 e 67+1, respectivamente, p<0,05). A ausência de diferença estatisticamente significante entre os grupos SED SAL e AC 6OHDA, e diminuição significante de células TH-positivas no SED 6-OHDA sugerem um efeito neuroprotetor do exercício acrobático nos animais portadores da DP.

2. INTRODUÇÃO

A Doença de Parkinson (DP) acomete milhões de indivíduos no mundo todo, sendo que o número de doentes deve duplicar ao longo dos próximos 20 anos. A doença está relacionada à perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra em sua porção compacta (SNc), e consequentemente da concentração de dopamina (DA) na área de projeção destes neurônios (Tretiakoff, 1919). Assim, a DP é definida como uma doença neurodegenerativa crônica progressiva que promove distúrbios motores extrapiramidais, tais como bradicinesia (lentidão dos movimentos voluntários ou dificuldades em iniciar os movimentos) ou acinesia (falta de movimentos), tremores

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de repouso, rigidez muscular, alterações da marcha e instabilidade postural com quedas frequentes e falta de expressão facial (Agid, 1991; Kandel et al., 2012; Smith, Zigmond, 2003).

Os sintomas cognitivos acometem cerca de 60% das pessoas com DP (revisado por Chaudhuri et al., 2006) que podem ser lentidão dos pensamentos, demora em responder perguntas, desconexão com o ambiente (ausência), falta de iniciativa, alucinações, pânico e demência, além de quadro depressivo em cerca de 40% dos pacientes (revisado por Chaudhuri et al., 2006; Cummings, 1992).

O exercício físico tem sido foco de diversos estudos que visam analisar os benefícios proporcionados por ele ao sistema nervoso central, tais como efeito protetor, atenuação do declínio mental decorrente do envelhecimento, aumento da resistência a lesões e melhora na recuperação funcional pós-lesão. Porém, poucos estudos correlacionam os efeitos do exercício físico com a doença de Parkinson.

Estudos recentes têm focado a aprendizagem motora associada ao treinamento acrobático em oposição à repetição dos exercícios físicos com uma única variável enriquecedora. O exercício acrobático (AC) consiste em tarefas repetidas destinadas a incentivar a resolução de problemas e coordenação. Tarefas como aprender a atravessar vários tipos de obstáculos, classificadas como tarefas com movimentos seriais, diferem de exercícios voluntários e forçados, denominados tarefas com movimentos contínuos, já que estes são rítmicos e repetitivos (Lambert et al, 2005).

Estudos recentes do nosso grupo revelaram que ratos do grupo AC treinados por quatro semanas mostraram aumento significante de microtúbulos (MAP2) e sinaptofisina (SYP) no córtex motor, das proteínas estruturais MAP2 e neurofilamentos (NF) e das sinápticas SYP e sinapsina (SYS) no estriado e de SYS no cerebelo. Por outro lado, ratos do grupo exercício em esteira (EE) treinados por quatro semanas apresentaram aumento significativo de SYS e SYP no córtex motor, NF68, SYS e SYP no estriado e MAP2, NF e SYS no cerebelo, além de redução significativa de NF no córtex motor e na camada molecular do cerebelo. Assim, as principais alterações ocorridas no grupo AC foram vistas nas áreas envolvidas nos circuitos núcleos da base-tálamo-corticais, enquanto que no grupo EE as alterações foram vistas nas regiões envolvidas no circuito cerebelo-tálamo-cortical.

O exercício físico tem promovido um efeito protetor no sistema nervoso, aumentando a resistência a lesões (Ding et al., 2004; Cotman e Berchtold, 2002) e facilitando a recuperação funcional pós-lesão (Edgerton et al., 2004; Mattson, 2000). In vivo, o exercício reduz o dano neuronal em gerbos submetidos a isquemia (Stummer et al., 1994) e

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apresenta redução do volume do infarto em ratos treinados submetidos a isquemia focal (Wang et al., 2001).

Em um modelo experimental da doença de Parkinson, induzido pela injeção intrastrial de 6-hidroxidopamina (6-OHDA), foi observado que os animais submetidos a 2 semanas de exercício em esteira (30min/dia) apresentavam redução significativa da assimetria rotacional (observada após injeção de apomorfina) e maior sobrevivência de neurônios dopaminérgicos na substância negra (e de suas fibras que se projetam ao estriado) em relação aos controles sedentários (Yoon et al., 2007). Um outro estudo analisou os efeitos da prática de diferentes protocolos de exercício físico (treinamento físico antes e depois, e outro somente depois da indução da DP) no modelo da DP induzida por 6-OHDA em ratos, e possível papel do BDNF nesse processo. Os dados revelaram que diferentes protocolos de exercícios de frequência intermitente promoveram efeitos neuroprotetores no sistema dopaminérgico dos animais do modelo 6-OHDA e que este benefício parece ter o envolvimento do sistema BDNF-TrkB (Real et al., 2013). Já em humanos (Chen et al., 2005), um estudo prospectivo com pacientes apresentando estágios iniciais da doença de Parkinson mostrou que 24 sessões de exercício em esteira, além de normalizarem a excitabilidade córtico-motora, provocaram melhora no desempenho funcional, aumentando a velocidade da marcha, alargando a passada, aumentando a excursão dos movimentos do quadril e tornozelo e melhorando a distribuição de peso durante tarefas senta-levanta (Fisher et al., 2008).

Considerando que a doença de Parkinson promove degeneração neuronal na substância negra que é uma das estruturas dos núcleos da base, e que as principais mudanças plásticas induzidas pelo treinamento acrobático ocorreram no circuito núcleos da base-tálamo-cortical (Garcia et al., 2012), faz-se necessário analisar os efeitos desse tipo de treinamento no modelo de Parkinson em ratos.

3. OBJETIVOS

O estudo teve como objetivo investigar as alterações histológicas decorrentes da prática de exercício acrobático no modelo de Parkinson induzido por 6-OHDA em ratos.

4. METODOLOGIA

Foram utilizados nesse estudo 13 ratos machos, adultos da linhagem Wistar fornecidos pelo biotério central do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Os animais foram mantidos em uma sala com ciclo claro/escuro artificialmente controlado de 12/12 h onde passaram por uma adaptação ao meio por 15 dias antes do inicio do treinamento (Salgado-Delgado et al, 2008; Campos et al, 2006). Foram alimentados com ração padrão e água ad libitum e temperatura constante de 23oC. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos: exercício acrobático (n=5) e controle (n=8). Este estudo foi conduzido de acordo

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com os Princípios Éticos de Experimentação Animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e foi aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CEEA) do ICB/USP em 13/12/2010, protocolo registrado sob nº 152 nas fls. 95 do livro 2 para uso de animais em experimentação.

4.1. Procedimento Cirúrgico – Modelo de Parkinson

A 6-OHDA não cruza a barreira hemato-encefálica e, portanto, deve ser administrada estereotaxicamente, por microinfusão, no próprio corpo estriado (CPu) para efetuar uma lesão retrógrada dos neurônios nigro-estriatais (revisado por Blum et al.,, 2001). Foram realizados testes para definir quantos pontos de injeção foram necessários, seguindo as coordenadas estereotáxicas e volume da injeção de diferentes autores: Yoon e colaboradores, 2007 (1 ponto); Lee e colaboradores, 1996 (2 pontos); Henning e colaboradores, 2008 (4 pontos).O escolhido foi injeções de 12 g/l da droga, sendo 2 injeções de 0,5l em duas coordenadas distintas: (1.) L: 2,7mm; AP: bregma; V: 4,5mm; (2.) L: 3,2mm; AP: 0,5mm; V: 4,5mm, sendo injetado em cada ponto 6 g da droga.

Os animais foram anestesiados com pentobarbital sódico (40-45mg/Kg, i.p.) (Henning et

al., 2008; Yoon et al., 2007), pois anestésicos à base de quetamina promovem

neuroproteção dos neurônios dopaminérgicos (Datla et al., 2006). Com os animais anestesiados foi realizada a fixação destes no estereotáxico. Após a craniotomia com auxílio de uma broca de baixa rotação, segundo coordenadas estereotáxicas da estrutura-alvo - CPu (Paxinos & Watson, 2005), uma agulha tipo gengival foi introduzida no encéfalo, passando pela perfuração feita com a broca, atingindo a estrutura cerebral desejada. A esta agulha foi conectada uma bomba microinfusora para infusão da droga, 6-OHDA (6-OHDA Hydrochloride-H4381–sigma) diluída em salina e 0,3% de ácido ascórbico ou de salina (controle do veículo). Depois de terminada a infusão, a agulha foi mantida na região infundida por alguns minutos para evitar o refluxo da solução, e então foi lentamente removida do crânio. Finalizada a infusão, os animais foram suturados e mantidos em bolsas de água quente para recuperação da anestesia. Os animais foram mantidos por 24 horas em gaiolas, com acesso a ração e água, para que se recuperassem da cirurgia, sem necessidade de alimentá-los. No segundo dia após a injeção os animais do grupo acrobata (AC) iniciaram o treinamento da atividade acrobática e os sedentários salina e 6-OHDA foram deixados na caixa na mesma sala dos do grupo AC. Ao final de 4 semanas, os ratos foram submetidos a perfusão e os encéfalos processados pelo método de imuno-histoquímica citado abaixo.

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O treinamento acrobático consistiu em atravessar um circuito constituído por obstáculos como gangorra, barreiras, trave de madeira roliça, cordas, balancim, trave estreita com degraus e pontes de madeira e cordas (Figura 1). Os ratos foram treinados a realizar o percurso com obstáculos progressivamente mais difíceis (Black et al, 1990; Kleim et al, 1996). O treinamento foi realizado três dias por semana e com 5 repetições desse circuito por dia, por um período de 4 semanas. Quando necessário foram dados estímulos manuais no trem posterior dos animais como forma de incentivo para percorrer todo o caminho. Foi registrado o tempo (segundos) gasto para percorrer cada passagem pelo circuito e foi feito média das cinco tentativas e por fim, analisado a média semanal. Os dados apresentados são da média e erro padrão (M+EP).

Figura 1: Imagens digitais dos obstáculos que compõem o circuito acrobático (Garcia et al., 2012).

4.1.3. Grupo Controle

Os animais do grupo controle ficaram na caixa própria para ratos ao lado do circuito sem realizar atividade física, apenas sob o efeito do barulho do ambiente onde foi realizado o treinamento acrobático.

4.2. Protocolo de Imuno-histoquímica

Os animais dos 2 grupos foi anestesiados com quetamina (5mg/100g) e xilazina (1mg/100g) por via intramuscular e submetidos à perfusão transcardíaca, com solução salina 0,9%, seguida de solução fixadora constituída de paraformaldeído 4% (PFA) dissolvido em tampão fosfato 0,1 M (PB, pH 7,4). Após a perfusão, os encéfalos foram coletados e pós-fixados em PFA4%, durante 4 horas. Após este período, o material foi transferido para uma solução crioprotetora de sacarose a 30% em PB. Após 24 horas, os

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tecidos foram cortados em uma espessura de 30 m em um micrótomo deslizante de congelamento ou em um criostato (CM3050, Leica).

Os cortes histológicos foram armazenados em solução anti-freezing, e mantidos a 4 ºC até o momento do processamento. Os cortes da substância negra, foram selecionados e processados com anticorpo primário contra a enzima limitante de síntese de DA, tirosina-hidroxilase (TH) (Chemicon – Millipore – MAB5280), na concentração de 1:1000. Os cortes foram lavados em PB 0,1M e incubados por duas horas com anticorpo secundário biotinilado (1:200) contra as imunoglobulinas do animal no qual foi feito o anticorpo primário (ou seja, anti-camundongo feito em coelho). Após os cortes foram revelados pela técnica de imunoperoxidase. Os cortes foram colocados em lâminas de vidro gelatinizadas e a imunorreatividade foi analisada ao microscópio de luz inicialmente para verificar se o processamento imuno-histoquímico estava adequdo. Na sequência foram capturadas 5 imagens digitais da substância negra controle e 5 imagens da substância negra lesada de cada animal dos grupos sedentário salina (SED SAL), sedentário 6-OHDA (SED 6OHDA) e acrobata 6-OHDA (AC 6OHDA) no microscópio NIKON. Essas imagens foram analisadas no programa Image J (NIH) para quantificação de células TH

+

.

5. RESULTADOS

5.1 Desempenho motor

Analisando o gráfico, identificamos que o treinamento acrobático dos ratos 6-OHDA promoveu uma redução estatisticamente significante do tempo após a segunda, terceira e quarta semana de treinamento acrobático comparado a primeira. Entretanto, quando comparamos os dados de desempenho motor da segunda e terceira semanas não observamos diferença significativa, apesar de gastar menos tempo para realizar o circuito na terceira semana. Já, quatro semanas de exercício acrobático induziu redução significativa do tempo comparado a segunda e terceira semanas.

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Figura 2: Representação do tempo gasto e melhora do desempenho motor para realização do circuito acrobático ao longo de quatro semanas. ##p<0,01 diminuição significante da segunda comparado a 1a semana; ###p<0,001 diminuição significante da terceira comparado a 1a semana; ***p<0,001 diminuição estatisticamente significante da quarta semana comparado a 3a, 2a e 1a semanas de treinamento acrobático.

5.2. Imuno-histoquímica

Os nossos dados semi-quantitativos revelaram que o grupo SED 6-OHDA apresentaram uma diminuição da densidade média de células TH-positivas na substância negra comparada tanto ao grupo SED SAL (controle) quanto ao AC 6-OHDA (59+3, 66+2 e 67+1, respectivamente, p<0,05) (Figuras 3 e 4). Porém, quando comparamos os grupos SED SAL e AC 6-OHDA, não houve diferença estatisticamente significante, revelando que animais do modelo de DP que realizaram exercício acrobático (AC 6-OHDA) tiveram menor perda de células TH+ comparada aos animais que não realizaram o treinamento acrobático (SED 6-OHDA). SED SA L SE D 6 OH DA AC 6OH DA 0 20 40 60 80 * % lu la s T H +

Figura 3: Efeito do treinamento acrobático sobre a porcentagem de células TH-positiva na substância negra compacta .*p<0,05.

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Figura 4: Imagens digitais da substância negra compacta ilustrando células imunorreativas a TH .

6. DISCUSSÃO

6.1. Desempenho motor

Nossos dados demonstram que com o decorrer das semanas os ratos AC 6-OHDA tiveram uma redução do tempo necessário para a realização do circuito após a segunda semana. Essa redução acentuou nas semanas seguintes comparada a primeira semana. Kleim e colaboradores (1998) treinaram ratos adultos jovens por 30 dias consecutivos, 5 repetições pelo circuito por dia e ao décimo dia observaram redução significativa do tempo gasto para a realização dessa tarefa. Já no estudo realizado por Klintsova e colaboradores (2004), os ratos treinaram por 1, 3, 5 ou 7 dias consecutivos com 3 repetições pelo circuito e

mostraram decréscimo progressivo e significativo após o quinto dia de treinamento. Garcia e colaboradores (2012) também revelaram uma diminuição do tempo gasto para

realizar o circuito acrobático após a segunda semana, persistindo até a quarta semana de treinamento. Os estudos anteriores mostraram que esta redução do tempo foi reflexo de uma diminuição progressiva do número de erros (falha na colocação das patas, perda aparente do controle motor) durante a passagem no circuito.

Analisando todos essas informações verificamos que os dados obtidos com o grupo AC 6-OHDA apresentaram o mesmo padrão de resposta que os obtidos pelos estudos com animais adultos intactos, sugerindo que o exercício acrobático nos animais do modelo de Parkinson foi capaz de induzir um aumento de aquisição das hablidades motoras e melhora no planejamento para realizá-las, visto que também apresentaram uma melhora no desempenho motor.

6.2. Efeito do exercício acrobático no modelo de Parkinson em ratos

Os nossos dados revelaram que o treinamento acrobático foi capaz de amenizar a perda de neurônios dopaminérgicos comparada a do grupo SED 6-OHDA. Além disso, quando comparamos a porcentagem de células TH-positivas no grupo AC 6-OHDA observamos uma semelhança a do SED SAL. A ausência de diferença estatisticamente significante entre os grupos SED SAL e AC 6OHDA, e diminuição significante de células TH-positivas no SED 6-OHDA sugerem um efeito neuroprotetor do exercício acrobático nos animais portadores da DP. Estudos anteriores com exercício acrobático demonstraram mudanças plásticas estruturais e sinápticas no circuito núcleos da base-tálamo-cortical como um substrato para a aquisição de uma nova e complexa habilidade motora (Garcia et al., 2012, Klintsova et al., 2004, Kleim et al., 1998). Por outro lado, o exercício realizado em esteira, que é composto por movimentos rítmicos já aprendidos e automatizados, guiados externamente, produziu

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mudanças no circuito cerebelo-tálamo-cortical (Garcia et al., 2012). Lewis e colaboradores (2007) propuseram que os circuitos núcleos da base-tálamo-cortical e cerebelo-tálamo-cortical trabalham em equilíbrio, e durante a realização de tarefas IG (tarefa internamente guiada) há uma dominância na ativação do circuito núcleos da base-tálamo-cortical e um pequeno recrutamento do circuito cerebelo-tálamo-cortical. Quando a tarefa é externamente guiada ou automática, por outro lado, ocorre a predominância do circuito cerebelo-tálamo-cortical com recrutamento do circuito núcleos da base-tálamo-cerebelo-tálamo-cortical.

Vários estudos com exercício em esteira tem demonstrado efeitos neuroprotetores sobre os neurônios dopaminérgicos. Um deles demonstrou os efeitos da prática de diferentes protocolos de exercício físico (treinamento físico antes e depois, e outro somente depois da indução da DP) prevenindo a morte de neurônios dopaminérgicos no modelo da DP induzida por 6-OHDA em ratos, e a participação do sistema BDNF-TrkB nessa neuroproteção (Real et al., 2013).

O aumento das proteínas estruturais MAP2 e neurofilamentos (NF) e das sinápticas SYP e sinapsina (SYS) no estriado ocasionado pelo exercício acrobático pode favorecer o remodelamento dendrítico, a sinaptogênese e eficiência sináptica facilitando a neuroproteção das células dopaminérgicas na substância negra em ratos que compunham o grupo AC, quando comparado ao grupo SED 6OHDA que não passaram por exercícios acrobáticos demonstrandoum aumento de morte das células dopaminérgicas na substância negra. Desta forma, as informações citadas acima nos mostra que tanto os exercícios físicos rítmicos e automatizados quanto os que requerem planejamento motor e aquisição de novas habilidades promoveram efeitos neuroprotetores na substância negra de ratos do modelo de Parkinson.

7. CONCLUSÃO

O treinamento acrobático induziu proteção dos neurônios dopaminérgicos da substância negra de ratos do modelo de Parkinson.

8. FONTES CONSULTADAS

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