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Logística reversa: análise de um canal reverso de reciclagem de PET.

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Academic year: 2021

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CENTRO DE HUMANIDADES

UNIDADE ACADÊMICA DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

MIKAELLA LEAL CABRAL BRANCO

LOGÍSTICA REVERSA: ANÁLISE DE UM CANAL REVERSO DE

RECICLAGEM DE PET

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MIKAELLA LEAL CABRAL BRANCO

LOGÍSTICA REVERSA: ANÁLISE DE UM CANAL REVERSO DE

RECICLAGEM DE PET

Relatório de Estágio apresentado ao curso de Bacharelado em Administração da Universidade Federal de Campina Grande, em cumprimento parcial às exigências para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Adriana Salete Dantes de Farias

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COMISSÃO DE ESTÁGIO

Membros:

_______________________________________ Mikaella Leal Cabral Branco

Aluna

________________________________________ Adriana Salete Dantas de Farias

Professora Orientadora

__________________________________________

Marielza Barbosa

Coordenadora de Estágio Supervisionado

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MIKAELLA LEAL CABRAL BRANCO

LOGÍSTICA REVERSA: UMA ANÁLISE SOBRE O CANAL REVERSO DE RECICLAGEM DE PET – UM ESTUDO DE CASO

Relatório de Estágio apresentado ao curso de Bacharelado em Administração da Universidade Federal de Campina Grande, em cumprimento parcial às exigências para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Data de Aprovação ____/____/______

________________________________________________ Adriana Salete Dantas de Farias (UFCG)

Professora Orientadora

__________________________________________________ Lúcia Santana de Freitas (UFCG)

Professora Examinadora

___________________________________________________ Maria Fátima Martins (UFCG)

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, que sempre esteve guiando meu caminho até aqui, me dando força para superar todos os obstáculos desta longa caminhada e colocado na minha vida pessoas abençoadas que são responsáveis pela minha felicidade.

A mainha, que sempre colocou seus filhos em primeiro plano, abrindo mão de tanta coisa principalmente por nossa boa formação. Sempre nos educando de forma tão digna, correta, espiritual para que sobre qualquer circunstância da vida agíssemos de maneira respeitosa e correta.

A painho, homem honrado e super bem humorado que apesar das batalhas do dia a dia sempre me surpreendeu pela força de encarar as dificuldades e ainda sair rindo de tudo. Por sua disponibilidade e paciência, em ser como ele diz, o nosso moto taxi particular. É importante registrar que pra mim o senhor é mais. É meu protetor, meu parceiro de guerra.

Aos meus caçulas, Gabriel, meu companheiro de brincadeiras e brigas na infância, que apesar de não morar mais em casa sei que posso contar, sempre que aparece, mesmo cansado e ocupado, está me fazendo favores e quebrando galho. Letícia, minha pequena que só quer ser gente, sempre com uma resposta pronta e alguma gracinha traz para minha rotina muita alegria.

As avós, que sempre estiveram de corações, braços e panelas abertas pra mim. São meus exemplos de perseverança e garra.

As tias, sempre tão compreensivas e prestativas. Abrindo mão do que fosse preciso para me apoiar, disponibilizando tempo, material, companhia, atenção e carinho.

Ao tio Fernando, o trezeano mais especial de todos, sempre atencioso e preocupado em ajudar no que preciso.

Aos primos, que são o mesmo que irmãos e sei que posso contar sempre com o apoio e proteção.

Aos amigos, que são bênção divina, me apoiam, dão coragem, me divertem e são exemplos de companheirismo, carinho e respeito.

A Prospect Empresa Júnior de Administração, que foi decisiva na minha formação, me proporcionou trabalhar com uma ótima equipe, que rendeu experiências magníficas e um amadurecimento profissional.

A Adriana minha orientadora, que se destaca por sua competência e simpatia. E ao longo dessa caminhada me surpreendeu e se tornou exemplo de pessoa compreensiva e

solidária. Aos professores do curso, que compartilharam seus conhecimentos

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes.” (Marthin Lutrer King)

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BRANCO, Mikaella Leal Cabral: Logística reversa: análise de um canal reverso de

Reciclagem de PET. 51f. Monografia (Graduação em Administração) Universidade Federal

de Campina Grande.

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar as atividades logísticas desenvolvidas no canal reverso de reciclagem da empresa Campina PET que atua no mercado revalorizando e transformando o material de PET pós-consumo através de duas linhas de produção – uma para flake, outra para tubos de encanamento. São analisadas, mais especificamente, as condições de suprimento, o processo de reciclagem e as condições de distribuição dos produtos da empresa. A metodologia adotada para a realização da pesquisa é caracterizada como descritiva e exploratória, contando com a análise qualitativa dos dados obtidos através de entrevistas com o proprietário da empresa, seguindo as etapas do modelo de reciclagem de PET da ABIPET, além de consulta documental sobre o setor e a atividade de reciclagem de PET. Como principais resultados, foi verificado que o canal reverso que a empresa faz parte apresenta dificuldades nas atividades de suprimento devido à possibilidade de falta de insumo e a ausência de parcerias que assegurem o suprimento regular para a empresa. No processo de reciclagem mecânica, uma limitação verificada foi que os fornecedores das máquinas não oferecem apoio nem acompanhamento na instalação e manutenção das mesmas. Com relação às atividades de distribuição, a dificuldade se encontra no estigma negativo sobre o produto reciclado e a pressão por qualidade e preço baixo.

Palavras-chave: Canais reversos; Resíduos Sólidos; Reciclagem

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BRANCO, Mikaella Leal Cabral: Reverse logistics: analysis of the recycling reverse channel of PET bottles. 51f. Monografia (Graduação em Administração) Universidade Federal de Campina Grande.

ABSTRACT

This research has the objective of analyzing the logistical activities developed on the recycling reverse channel of the Campina PET enterprise which acts on the market revaluing and transforming the post-consumer PET material through two production lines - one for flake, and the other for plumbing pipes. The analised areas are, more specifically, the supply conditions, the recycling process and the conditions of product

distribution of the company. The methodology applied for the development of the research

is classified as descriptive and exploratory, including the qualitative analysis of the data collected via semi-structured interviews with the owner of the company, following the steps of the model of PET bottle recycling of ABIPET, besides the document review on the sector, as well as the PET bottle recycling activity. The results indicate that the reverse channel that the company belongs to presents difficulties in the supply activities, because of the possible lack of input as well as the lack of partnerships with suppliers that could guarantee the regular supply for the company. Regarding the mechanical recycling process, a limitation observed is related to the fact that machine suppliers do not give support or monitor the installation and maintenance of machinery. Concerning the distribution activities, the difficulty is related to the negative stigma concerning the recycled product and the pressure for quality and low price.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Etapa de Revalorização da Campina PET...40 Figura 2- Etapa de Transformação da Campina PET...42

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...9

1.1 Objetivo Geral...12

1.2 Objetivos Específicos...12

CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO ...13

2.1 Problema Ambiental...13

2.2 Resíduos Sólidos e suas classificações...14

2.3 Importância da Logística no gerenciamento de resíduos sólidos...18

2.4 Canais reversos...20

2.4.1 Canais reversos de reuso...21

2.4.2 Canais reversos de remanufatura...21

2.4.3 Canais reversos de reciclagem...22

2.4.4 Canais reversos de desmanche...22

2.4.5 Destinação final...22

2.5 Reciclagem...23

2.5.1 A reciclagem de PET...26

2.5.2 Etapas do processo de reciclagem do PET...27

CAPÍTULO III – METODOLOGIA DA PESQUISA...31

3.1 Qualificação da Pesquisa...31

3.2 Aspectos operacionais da pesquisa...31

CAPITULO IV – RESULTADOS...33

4.1 Descrição geral da empresa Campina PET...33

4.2 Etapas da reciclagem mecânica do PET...34

4.2.1 Recuperação...34

4.2.2. Revalorização da garrafa do PET em flake...38

4.2.3 Transformação do flake em tubo...42

4.3 Atividades de Distribuição...43

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS...47

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1.0 INTRODUÇÃO

Os Séculos XX e XXI trouxeram ao mundo profundas transformações, principalmente em si tratando da evolução tecnológica, gerando impacto no setor econômico das grandes potências, resultando em mudanças significativas para a sociedade contemporânea. Essa evolução tem proporcionado avanços e melhorias em todos os setores: educação, saúde, ciência, transporte, comunicação e outros. Os benefícios proporcionados são incontestáveis. Porém, nem todos os fatores gerados por essa evolução são positivos. Os impactos ao meio ambiente, por exemplo, refletem negligência e necessidade de se analisar como utilizar os avanços tecnológicos também a favor das questões ambientais.

Nesse sentido, tem sido crescente em todo o mundo o interesse e a valorização do desenvolvimento sustentável. As definições e os conceitos sobre esse tema são variados, um conceito de desenvolvimento sustentável diz que este “busca conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, contribuir com o fim da pobreza no mundo através da distribuição mais justa das riquezas” (DONATO, 2008, p.231).

Bartholomeu e Caixeta-Filho (2011) argumentam que é preciso atender às necessidades básicas de todos, adotando estilos de vida compatíveis com os recursos ecológicos do planeta. Os avanços devem estar em harmonia com o potencial produtivo do ecossistema e a capacidade da biosfera em absorver os efeitos da atividade humana. Apesar de esse conceito sobre desenvolvimento sustentável ser bem disseminado, há dificuldade na sua implementação.

No sentido de buscar alternativas para dois graves problemas da sociedade contemporânea, que são a escassez de recursos naturais e o descarte do bem de consumo, surgem teorias e ferramentas corretivas que apontam formas de minimizar esses problemas, como é o caso da logística reversa. De acordo com Stock (1998, p. 20), a logística reversa refere-se ao “papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura”.

As atividades logísticas sempre estiveram presentes nas empresas, com o objetivo de agregar valor ao produto, através do gerenciamento dos fluxos de armazenagem e transporte dos bens de consumo desde a origem até o ponto de venda. Essas atividades são responsáveis por facilitar o contato dos consumidores com os bens de consumo. Para isso, devem atender alguns requisitos, como prazo e local de entrega, padrão de qualidade e preço acessível.

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Mais recentemente, a logística reversa foi adicionada à área da logística, tendo como característica ter seu início a saída de um canal de distribuição direto, utilizando e gerenciando as mesmas atividades da logística direta e agregando valor ao fluxo de retorno dos bens e resíduos, através dos canais de distribuição reversos (LEITE, 2009).

Na logística reversa, os canais reversos se iniciam no final do ciclo direto e se dividem em: i) pós-venda, quando o produto com pouco ou nenhum uso retorna à origem, ou seja, ao varejista, atacadista ou fabricante, por motivos variados como não conformidade, quebra, garantia; ou ii) pós-consumo, materiais descartados, após o fim da vida útil, retornam pelo fluxo reverso ao ciclo produtivo ou de negócio. Sendo destacados os subsistemas reversos de: canais reversos de reuso, remanufatura, reciclagem e destinação final segura Leite (2009).

O funcionamento dos canais reversos tem uma motivação econômica, as empresas que atuam nesse segmento têm fins lucrativos e desenvolvem suas atividades sobre bens e materiais que não atendem mais a necessidade dos consumidores retornando ao canal reverso para serem revalorizados e seguirem por um ciclo produtivo ou de negócio. Uma das consequências do retorno desses bens é que minimiza o impacto ambiental por agir sob os problemas, de geração e destinação dos bens e resíduos produzidos, uma vez que o funcionamento dos canais reversos tem como principal finalidade reutilizar alguns bens, revalorizar e transformar os resíduos, possibilitando o uso de matéria-prima secundária e diminuindo o volume de resíduos em lixões e aterros sanitários.

Então, agregar valor a bens e resíduos que não estão mais atendendo à necessidade do consumidor, direcionando de varias formas o fluxo de retorno para o canal reverso a fim de serem beneficiados e comercializados, ao invés de serem descartados, é uma decorrência positiva na constituição dos canais reversos. A pesquisa ‘Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil’, realizada pela ABRELPE em 2011, sobre a geração de resíduos sólidos urbanos (RSU), mostra que de 2010 para 2011 ocorreu um crescimento de 1,8%. Esse índice percentual é superior à taxa de crescimento populacional urbano do país, que foi de 0,9% no mesmo período. A comparação entre a quantidade total gerada e a quantidade total coletada mostra que 6,4 milhões de toneladas de RSU deixaram de ser coletadas no ano de 2011 e, por consequência, tiveram destino impróprio.

O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, de 2011, ainda registrou um aumento de 2,5% na quantidade de RSU coletados em 2011, demonstrando uma ampliação na cobertura dos serviços de coleta de RSU no país. Em termos percentuais, houve uma singela evolução na destinação final, ambientalmente adequada de RSU, em comparação ao ano de

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2010. No entanto, em termos quantitativos, a destinação inadequada cresceu 1,4%, o que representa 23,3 milhões de toneladas de RSU dispostos em lixões e aterros controlados.

Sendo assim, esses dados revelam que a geração de RSU é bem maior do que a estrutura de serviços de coleta e destinação adequada. Então, é evidente a necessidade das cidades adotarem medidas corretivas e ações eficientes no sentido de minimizar a geração e destinação incorreta de RSU, também sobre esses dados pode-se verificar um potencial de crescimento no setor de canais reversos, que por sua vez, proporcionam além das vantagens ambientais, vantagens sociais e econômicas com a geração de emprego e renda, como é apontado a seguir.

Segundo o Panorama de Resíduos Urbanos, em 2011, dos 5.565 municípios, 3.263 (58,6%) indicaram a existência de iniciativas de coleta seletiva. A geração de empregos pelo setor de limpeza urbana cresceu 4,5% em 2011, superando 310 mil empregos diretos, proporcionando oportunidades de negócios não apenas para empresas como também para organizações que não são formalizadas, a exemplo de cooperativas e pequenos produtores. Essas atividades correspondem a uma ocupação e fonte de renda que proporcionam poder de compra e inclusão social a esses trabalhadores.

Com o avanço da tecnologia, os negócios no canal de reciclagem são intensos. Entretanto, as empresas que atuam no canal reverso de reciclagem enfrentam dificuldades no suprimento da cadeia produtiva e na aceitação do produto que é fabricado com matéria-prima reciclada, sendo estigmatizado pelos consumidores como produtos de qualidade duvidosa.

Considerando o canal de reciclagem de plástico no Brasil, segundo o Panorama de Resíduos Sólidos (2011), a indústria de reciclagem mecânica dos plásticos, que converte os descartes plásticos em grânulos para serem utilizados na produção de novos artefatos plásticos, contava em 2010 com 738 empresas. Nos últimos anos, observa-se que a reciclagem de PET tem aumentado, proporcionando uma posição de destaque para o Brasil no cenário internacional.

Na Paraíba existem algumas iniciativas de reciclagem de PET. Na cidade de Campina Grande duas empresas estão em atividade no canal reverso de reciclagem de PET. A mais antiga atua há nove anos como usina de reciclagem de PET, chamada nesse estudo pelo nome fictício de Campina PET, que realiza duas etapas da reciclagem mecânica a revalorização da garrafa PET em flake para ser utilizado como matéria-prima secundária e a transformação em tubos de encanamento.

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A motivação inicial para o estudo foi questionamento de: como é feito o gerenciamento logístico de uma empresa de reciclagem do PET? Para esclarecer esse questionamento foram traçados os seguintes objetivos:

Objetivo Geral:

Analisar as atividades logísticas desenvolvidas no canal reverso de reciclagem da empresa Campina PET.

Objetivos específicos:

a) Identificar as condições de suprimento da empresa Campina PET; b) Descrever o processo de reciclagem da empresa Campina PET; c) Identificar as condições de distribuição dos produtos da empresa.

Este estudo almeja contribuir para a melhoria do gerenciamento logístico na empresa alvo e em todo o canal reverso de reciclagem, assim como estimular o interesse em estudos e práticas na área, considerando a importância social e ambiental do tema.

O estudo é composto por cinco capítulos. Esta introdução constitui o primeiro capítulo, apresentando as informações iniciais da pesquisa. A fundamentação teórica, que corresponde ao segundo capítulo da investigação, aborda teorias sobre logística reversa e canal reverso de reciclagem, de acordo com Leite (2009) e o modelo de reciclagem da Associação Brasileira da Indústria do PET - ABIPET. O terceiro capítulo apresenta os aspectos metodológicos que direcionaram o tratamento dos dados. O quarto capítulo retrata os resultados obtidos na pesquisa, apresentando as implicações para o panorama local na área. O capítulo cinco conclui a pesquisa com a apresentação de sugestões a partir do que foi observado no estudo.

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2. Fundamentação Teórica

Este capítulo apresenta os pontos teóricos que se referem à gestão de resíduos de plástico PET através do canal reverso de reciclagem, bem como os benefícios desses processos para o tratamento de resíduos sólidos urbanos. O capítulo está dividido em uma discussão sobre o problema ambiental seguido da discussão e classificação de resíduos sólidos. Em seguida, são apresentados os canais reversos até a destinação final dos resíduos sólidos, seguidos da discussão sobre a importância da logística para o gerenciamento de canais reversos. Finalmente, discute-se sobre reciclagem e, especificamente, sobre reciclagem de PET e suas etapas.

2.1. Problema Ambiental

O problema ambiental tem se agravado e um dos fatores que contribuem para tal agravamento está relacionado a questões históricas. A evolução na forma de produção da sociedade, do predomínio agrícola até a emergência da produção industrial, desencadeou grandes desequilíbrios ambientais. A mudança nos modos de produção proporcionou o aumentou na quantidade produzida e, consequentemente, elevou a extração e utilização de recursos naturais que alimentam os processos produtivos. Dessa forma, a elevação do descarte de resíduos industriais e dos produtos finais após o consumo acarreta sérios problemas decorrentes da poluição gerada, afetando outros aspectos da vida humana relativas, por exemplo, a questões de saúde coletiva, condições de vida etc. De fato, com a mudança na organização econômica mundial, os impactos não foram apenas econômicos, mas também sociais e ambientais.

No século XX, o capitalismo transformou o estilo de vida, quando a emergência do consumismo foi evidenciada na proposição de que o ter é mais importante que o ser, em consequência do objetivo empresarial do lucro a qualquer preço. Ainda hoje, há um esforço das empresas em manter o consumismo elevado, através de ações mercadológicas, que estimulam o consumo de produtos e serviços como forma de obter melhores condições de status, moda, modernidade e conforto Mota (2002).

Segundo Bartholomeu e Caixeta-Filho (2011), as consequências desse comportamento são o aumento da competição entre as organizações, a demanda por matérias-primas e o agravamento dos problemas ambientais, que são principalmente a poluição do ar, águas e solo, o desmatamento, a escassez de recursos naturais e o volume e destinação dos resíduos.

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Para diminuir os impactos negativos da problemática ambiental atual, é necessário implementar mecanismos e ferramentas gerenciais para tratar os diferentes tipos de resíduos industrias e urbanos, dessa forma, minimizando seus efeitos danosos ao meio ambiente.

2.2. Resíduos sólidos e sua classificação

As novas tecnologias têm agregado eficiência aos sistemas produtivos de tal modo que o nível de qualidade e os custos de produção podem ser beneficiados com a customização dos produtos. Esse fator possibilita e manifesta algumas tendências na redução do ciclo de vida dos produtos devido às atuais práticas do mercado que deliberadamente promovem uma obsolescência dos produtos para estimular a substituição e a continuidade do consumo. Isso motiva o descarte mais rápido dos bens, muitas vezes ainda em vida útil e em condições de uso. Esse descarte gera os resíduos sólidos e o respectivo depósito deles no ambiente, caso não sejam coletados e revalorizados através de um canal reverso de negócios ou produto. Em relação à vida útil de um bem, Leite (2009) apresenta a seguinte forma de classificação:

 Bens duráveis: apresentam duração média de vida útil entre alguns anos e

algumas décadas, Sendo eles: automóveis, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, máquinas e equipamentos, aviões, entre outros.

 Bens semiduráveis: apresentam média de vida útil de alguns meses raramente

superior a dois anos. São: baterias, lubrificantes, entre outros.

 Bens descartáveis: apresentam média de vida útil de algumas semanas,

raramente superior a seis meses. Geralmente são embalagens, brinquedos, materiais de escritório, pilhas, fraldas, jornais e revistas, entre outros.

Em algum momento da vida útil de um bem, ou imediatamente após o término de sua vida útil, esse bem será descartado e será constituído um tipo de resíduo. A geração de resíduos tem aumentado de acordo com o crescimento da população, da renda e de acordo com as mudanças no consumo, segundo Bartholomeu e Caixeta-Filho (2011). O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2010) apresenta que o volume de resíduos sólidos urbanos (RSU) gerado no Brasil em 2010 foi quase 61 milhões de toneladas. A geração de resíduos aumentou seis vezes em relação à população no ano de 2010, o que significa que, nesse ano, a média de lixo por brasileiro foi de 378kg.

O que agrava ainda mais essa situação é que, além do grande volume de resíduos gerados, a destinação dada a eles na maioria dos casos é incorreta, como constatado no

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Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2010), que indica que a quantidade de RSU com destinação inadequada aumentou quase dois milhões de toneladas em relação ao ano de 2009, sendo 23 milhões de toneladas encaminhadas a lixões e aterros que não possuem mecanismos adequados de disposição e armazenamento do lixo, contaminando o solo e a água.

Segundo Bartholomeu e Caixeta-Filho (2011), para identificar quais as formas de aproveitamento e disposição finais mais apropriadas para os RSU, afirmam ser importante saber as características dos resíduos, como, por exemplo, a quantidade gerada, a composição gravimétrica (o percentual de cada componente em relação ao peso total do lixo), o nível de umidade, entre outros fatores que auxiliam no dimensionamento da frequência da coleta, da capacidade e do tipo de equipamento utilizado na coleta. Quanto mais conhecidas essas características mais eficientes são os resultados.

Nesse instante, parece importante diferenciar os resíduos para que soluções para seu tratamento e descarte possam ser mais eficientes. Portanto, a seguir, apresenta-se uma classificação dos resíduos sólidos, de acordo Mano (2005), citado em Pereira (2011):

 Quanto à origem os resíduos sólidos podem ser: domiciliar, comercial, público,

hospitalar, industrial, agrícola, engenharia e construção civil.

 Quanto à composição química: orgânicos (papeis, plásticos, borrachas,

remédios restos alimentares e de colheitas); ou, inorgânicos (metais, vidros, cerâmicas, areia, pedras).

 Quanto à presença de umidade: seco (sem presença de umidade); ou, úmido

(com presença de umidade).

 Quanto à toxidade: classe I – perigosos (inflamáveis, corrosivos, reativos,

tóxicos e patogênicos); ou, classe II – não perigosos.

Essa classificação é necessária, principalmente para definir os processos de coleta e tratamento dos resíduos descartados. A porcentagem de rejeito ainda é grande, o que reforça a ideia de que é preciso tanto melhorar o serviço de coleta como conscientizar a população para separar o lixo corretamente em suas casas. Os modelos de coleta seletiva possíveis e em prática em alguns municípios são: coleta individual porta em porta (78%); coleta através de cooperativas (74%); e estabelecimento de pontos de entrega voluntária (44%), como alternativas para a população participar da coleta seletiva (CEMPRE, 2010).

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O agravamento dos problemas ambientais nas últimas décadas tem aumentado a pressão social por soluções práticas e imediatas sobre os governos e as organizações. A partir dessa pressão, muitos países começaram a mudança, no âmbito legal, suas políticas de tratamento de resíduos sólidos. Xavier et al (2006) mostram exemplos da Comunidade Européia relativos à prevenção e ao controle de contaminação, com o estabelecimento de diretiva comunitária sobre incineração de resíduos perigosos e com a definição de parâmetros para embalagens. No Japão, a Lei básica do meio ambiente, aprovada em 1993, prevê o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle ambiental. Em 1997, entrou em vigor a lei para promoção de coleta seletiva e reciclagem.

No Brasil, a lei 12.305 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010), que aborda os direitos e deveres que devem ser cumpridos pelos agentes da sociedade – sejam pessoa física, jurídica ou o poder público –, em relação ao impacto que suas atividades geram ao meio ambiente. Serão citados trechos dessa lei, principalmente no que diz respeito à reciclagem de resíduos, que indicam os incentivos legais do governo e a responsabilidade das empresas no tratamento de resíduos contaminantes e estimulam a preservação ambiental. Segundo consta no Capítulo I do objeto e do campo de aplicação, no Art. 1o a Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

No capítulo II dos princípios e objetivos, o Art. 6º apresenta os princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Entre esses princípios, podemos destacar o que favorece diretamente a reciclagem, sendo ele:

VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;

Por esse princípio é reconhecida a importância da reciclagem gerando dignidade ao trabalhador através do emprego e renda. Havendo assim, um estimulo para criação de novas empresas que vão atender economicamente a gestão de resíduos sólidos e contribuir também com a questão social e ambiental.

O Art. 7o apresenta os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A

seguir, são apresentados os itens que incentivam a preservação do meio ambiente através da reciclagem:

II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;

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VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;

XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: a) produtos reciclados e recicláveis;

XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

Esses objetivos apresentados motivam diretamente as empresas a desenvolverem ações de reciclagem de materiais. Podendo ser um benefício estratégico para a empresa, por exemplo, segundo o inciso XI há prioridade nas aquisições e contratações do governo para produtos reciclados, tornando-se um benefício para cocorrer com as outras empresas.

Além desses incentivos, a lei prevê uma troca entre o governo, através de incentivos e fiscalização, e as empresas, que a partir do gerenciamento adequado dos resíduos sólidos podem gozar de alguns incentivos. Há uma vinculação de responsabilidades, estando às empresas sujeitas a uma legislação que as obrigue a cumprir e atender as exigências de caráter ambiental no tratamento de matérias.

No caso do título III das diretrizes aplicáveis aos resíduos sólidos do Capítulo I, apresentam-se as disposições preliminares, destacando-se o Art. 9o, que se refere à gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, afirmando que devem seguir a ordem de: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Esse artigo destaca a postura e a responsabilidade dos geradores de resíduos que devem ser adotadas na gestão dos resíduos sólidos. Estimulando entre as outras ações a reciclagem.

Na seção II da Responsabilidade Compartilhada, referente ao Art. 30º, é colocado que cada agente da sociedade tem a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos e apresenta entre seus objetivos dois que estimulam a reciclagem, são eles:

II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas. Para entender melhor, um exemplo de aproveitamento é o da garrafa PET quando direcionada ao canal reverso de reciclagem para ser revalorizada e transformada em outros produtos.

V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis. Nesse caso, o objetivo é aquecer o mercado no canal reverso de reciclagem que enfrenta dificuldades no suprimento e distribuição, sendo de grande valia esse tipo de incentivo.

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Existem mais incentivos nessa seção favoráveis à reciclagem, como é o caso do artigo 32º, que afirma que, as embalagens devem ser fabricadas com materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem.

O capítulo V dos instrumentos econômicos, nos artigos 42º e 44º, incentiva as esferas governamentais a criarem meios de favorecimento tributário e de acesso a crédito para as empresas que gerenciarem seus negócios e atividades através de medidas sustentáveis. Nesse caso, essas medidas são incentivos concretos, que criam um ambiente favorável ao desenvolvimento do negócio, tendo em vista que, as maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas geralmente são financeiras e relativas à carga tributária e acesso ao crédito. Dessa forma, um ponto importante que podemos verificar é que a lei 12.305 além de apresentar vários incentivos no tratamento dos resíduos, como é o caso da reciclagem, também apresenta as responsabilidades e exigências que devem ser cumpridas pelas empresas para poderem gozar dos incentivos.

Após tomar conhecimento de algumas exigências legais sobre as atividades humanas que causam impacto no meio ambiente, pode-se constatar que temas como logística reversa e reciclagem são algumas das alternativas bem vistas para minimizar os problemas de escassez de matéria-prima virgem, geração de resíduos sólidos e destinação inadequada.

Várias áreas têm desenvolvido metodologias e pesquisas para amenizar esses problemas. Por exemplo, a indústria química, as inovações tecnológicas que apresentam alternativas com a finalidade de tratar os resíduos. Na gestão também há essa preocupação em gerenciar a forma de coleta e beneficiamento desses materiais agregando valor para retornarem ao ciclo produtivo ou de negócio, através da área de logística mais especificamente da logística reversa. Sendo assim, a seguir é apresentada a importância da logística no gerenciamento de resíduos sólidos.

2.3 Importância da Logística no gerenciamento de resíduos sólidos

O desenvolvimento da logística teve início com a necessidade de abastecimento e transporte das tropas nas guerras. Não é por acaso que os primeiros autores que escreveram sobre o conceito de logística foram militares. O conceito de logística começa a ser incorporado pelas organizações apenas ao final da Segunda Guerra Mundial. Com os avanços tecnológicos, a logística passa a proporcionar mais eficiência aos processos e corresponder às exigências do mercado cada vez mais competitivo, Leite (2009).

Gasnier (2002) diz que a Logística engloba as atividades de planejamento, execução e controle de fluxo e armazenagem de forma eficaz e eficiente no tempo, custo e

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qualidade, e suas informações correlatas, com o objetivo de atender os stakeholders. Complementando, Pozo (2004) aponta a Logística como essencial para o sucesso da organização, uma vez que, ela trás uma nova dimensão empresarial que norteia o desempenho da empresa, sendo seu objetivo reduzir o lead-time entre todos os processos do pedido até a entrega, resultando na satisfação do desejo do cliente, que é receber o bem ou serviço no tempo e com preço desejado.

O Council of Supply Chain Management Profissionals citado por Leite (2009) define Logística empresarial como “parte do Supply Chain Management, que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo direto e reverso, a estocagem de bens, serviços e as informações relacionadas entre o ponto de consumo, no sentido de satisfazer as necessidades do cliente”. Essas definições mostram as quatro áreas da logística empresarial atual: Logística de suprimentos - responsável pelas necessidades de suprimento de insumos materiais da empresa; Logística de apoio, à manufatura - encarregada de planejar, armazenar e controlar os fluxos internos; Logística de distribuição - responsável pela entrega dos pedidos; e a Logística reversa, responsável pelo retorno dos produtos de pós-venda e pós-consumo.

A Logística nas organizações sempre existiu, pois as atividades de compra, transporte, movimentação, armazenagem sempre fizeram parte da rotina das empresas. O que mudou radicalmente foi a maneira de enxergar a Logística que, com o desenvolvimento da globalização, tecnologia e demanda, passou a ser ponto chave não só na geração de valor, buscando reduzir custo e otimizar os processos, bem como agregando valor aos produtos e serviços, o que é fundamental para satisfação do cliente. Sendo assim, a Logística Empresarial passou a ser vista como um conceito mais amplo, estratégico, que busca incorporar a Logística com as outras áreas da empresa, como a cadeia de suprimentos, através da troca de informação, a fim de trazer velocidade e exatidão ao atendimento do cliente.

Todo processo produtivo acarreta em um impacto ambiental, de grandes ou pequenas proporções, dependendo dos recursos, processos e resíduos necessários e gerados na produção. A partir da revolução industrial com a evolução nos processos produtivos. Sendo assim, é importante o ordenamento e a normatização dos processos na cadeia reversa, que é onde acontece o gerenciamento dos produtos e embalagens no sentido inverso ao de origem, ou seja, do consumidor ao produtor ou varejista.

No contexto da cadeia reversa, os processos têm início na coleta dos produtos ou materiais, geralmente o governo é responsável pela coleta, sendo impulsionado por questões éticas e legais. As organizações têm como motivações questões econômicas (custos, competitividade) e legais, e atuam na coleta e ou no processamento de materiais.

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As organizações, por sua vez, devem cumprir as exigências legais e reconhecem que, para se manterem no mercado devem ir além, atuando com responsabilidade social e ambiental. Com isso, a preocupação e interesse em estudar e aplicar técnicas e ferramentas que minimizem o impacto ambiental e, consequentemente, garantam uma boa imagem no mercado começam a surgir.

A Logística Reversa (LR) é uma parte da Logística Empresarial que se inicia no final do canal de distribuição direto, utiliza e gerencia as mesmas atividades da logística direta e agrega valor ao fluxo de retorno dos bens e resíduos através dos canais de distribuição reversos. Uma das soluções para minimizar o volume de resíduos e o descarte inadequado é a LR, por aumentar a vida útil através da revalorização do produto ou embalagem, pois, ao serem descartados, retornam ao ciclo produtivo ou de negócios através dos canais de distribuição reversos de Pós-venda ou de Pós-consumo e, ao final da vida útil, o resíduo deve seguir para destinação final segura (LEITE, 2009).

A implementação de canais reversos depende muito das condições econômicas para a comercialização dos itens revalorizados através desses canais. Um dos atrativos são os preços inferiores de matérias-primas recicladas ou secundárias reintegradas ao ciclo produtivo, a redução de energia nos processos produtivos, o que pode reduzir custos de produção dos novos produtos e um diferencial para a empresa, em função de sua contribuição à alternativa corretiva de alguns problemas ambientais ao atender o apelo de reutilizar,

remanufaturar ou reciclar. A seguir são apresentadas as estruturas dos canais reversos para o

melhor entendimento sobre os tipos e o funcionamento desses canais.

2.4 Canais reversos

No sentido de minimizar o crescimento da geração de resíduos sólidos, surgem algumas formas organizadas para reduzir, reutilizar e reciclar resíduos sólidos. Essas formas organizacionais são chamadas de Canais Reversos que revalorizam bens de pós-venda e de pós-consumo.

Os bens de pós-venda são os materiais que retornam ao canal após a venda, por vários motivos, por exemplo, por garantia/qualidade, garantia comercial e para substituição de componentes. As devoluções por ‘garantia/qualidade’ acontecem quando os produtos não

atendem a sua função, apresentam falhas de fabricação, avarias. Esses produtos são

submetidos a consertos ou reformas que permitem o retorno ao mercado primário ou secundário, agregando-lhes valor comercial.

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Nos motivos comerciais, são destacados o retorno de produtos por erros de expedição, excesso de estoques, consignação e pontas de estoque que retornam ao ciclo de negócios. A categoria embalagens retornáveis transita entre fornecedor e cliente. O retorno por substituição de componentes é a substituição de componentes de bens duráveis e semiduráveis no conserto ao longo da vida útil que são remanufaturados e seguem para o mercado primário ou secundário, ou disposição final.

Os bens de consumo apresentam ciclos de vida útil que variam de dias a muitos anos, sendo ao final descartados e resultando em produtos de pós-consumo. Os canais de distribuição reversos de pós-consumo constituem-se dos processamentos e da comercialização dos produtos de pós-consumo, de sua coleta até sua reintegração (LEITE, 2009).

A logística reversa de pós-consumo atua no sentido de equacionar e operacionalizar o fluxo de bens de pós-consumo descartados que, por meio dos canais de distribuição reversos, retornam para o ciclo produtivo ou de negócios. Tendo como objetivo agregar valor ao produto que perde a utilidade para o proprietário original, esses, por sua vez, podem manter condições de uso ou já terem chegado ao fim da vida útil. Esses produtos de pós-consumo se originam de bens duráveis, semiduráveis ou descartáveis.

A seguir, são apresentados os principais canais reversos para tratamento dos bens de pós-venda e/ou de pós-consumo, de acordo com Leite (2009):

2.4.1 Canais reversos de reuso

No caso do produto durável e semidurável descartado pelo possuidor original, quando ainda pode ser utilizado, é destinado ao mercado de segunda mão, sendo comercializado até atingir o final da vida útil. Exemplos comuns são brechós, as lojas de carros, eletroeletrônicos e eletrodomésticos usados.

Os canais de reuso são definidos como aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura. O canal de reuso responde por considerável fatia de mercado em vários países, alimentando importantes áreas do comércio.

2.4.2 Canais reversos de remanufatura

Quando os produtos ou suas partes essenciais podem ser reaproveitados pela substituição de alguns componentes, o tratamento visa restituir sua utilidade para ser usado com a mesma finalidade e natureza do original. Nesse caso, o caminho da revalorização do

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produto ou de seus componentes passa pelo canal de remanufatura. Como o reaproveitamento é imediatamente subsequente à recuperação do bem durável, a remanufatura conserva, além dos materiais, parte do valor do produto original. Quando possível, são aproveitados os principais constituintes do produto. O canal reverso de remanufatura é constituído por empresas industriais, comerciais e de serviços que operacionalizam ações de retorno dos produtos duráveis de pós-consumo, recapturando algum valor.

2.4.3 Canais reversos de reciclagem

A reciclagem corresponde ao canal reverso de revalorização onde são extraídos os materiais constituintes dos bens descartados. Em seguida esses materiais extraídos são transformam em matérias-primas secundárias ou recicladas, que são reintegradas à fabricação de novos produtos. Para que essa reintegração se realize, são necessárias as etapas de coleta, seleção e preparação, reciclagem industrial e reintegração ao ciclo produtivo. O canal de distribuição reverso de reciclagem é uma etapa quase final na revalorização dos bens duráveis, quando não podem mais ser utilizados os processos de reuso e remanufatura.

2.4.4 Canal Reverso de Desmanche

Quando os componentes chegam ao fim de vida, não podendo mais ser reaproveitados, passa-se à revalorização de seus materiais constituintes que apresentam condições de reaproveitamento, sendo comercializados para empresas de reciclagem industrial. Os materiais restantes que, por motivo de dificuldade de extração, separação ou por apresentar baixo valor comercial, são encaminhados à disposição final apropriada; nesse caso, ainda apresentam vantagem no aproveitamento da energia dos materiais constituintes. No processamento industrial de desmanche, é feita a revalorização dos componentes íntegros que podem seguir por dois caminhos, de acordo com as suas condições de uso, ou seguem diretamente para o mercado de segunda mão ou para remanufatura e posteriormente para o mercado de segunda mão.

2.4.5 Destinação Final

A disposição final segura é o desembaraço dos bens usando-se um meio controlado que não danifique de alguma maneira, o meio ambiente, e que não atinja, direta ou indiretamente, a sociedade. Já a disposição final não segura denomina-se na oposição do conceito anterior, com o descarte acontecendo em locais impróprios, como terrenos, rios ou lixões. No caso da destinação segura, existem soluções para o descarte de resíduos que

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minimizam o impacto desses no meio ambiente. Cada descarte tem sua particularidade e se destina a certos tipos de material. O descarte pode se feito em aterro sanitário, compostagem e incineração.

O aterro sanitário é o local onde devem ser destinados apenas os resíduos que não podem retornar ao canal reverso, caracterizados pelos bens no final da vida útil efetivamente. Ao contrário do lixão onde é acumulado lixo de forma desordenada, sem proteção ao meio ambiente contaminando o solo os lençóis freáticos, proliferando insetos, entre outros problemas de cunho social e de saúde pública. O aterro sanitário atende a rigorosos procedimentos que impedem a contaminação, através da impermeabilização e nivelamento do terreno, canalização das águas da chuva e do chorume (líquido poluente originado de processos biológicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos), tubulação para saída dos gases e por fim a plantação de grama. Após atingir sua capacidade total, os resíduos devem ser depositados em outro local. O gás liberado no processo de decomposição pode ser utilizado nos fogões, indústrias, na incineração de animais e ou resíduos de serviços de saúde.

A compostagem é um processo de transformação do resíduo orgânico através da decomposição biológica em condições de umidade e temperatura controladas, gerando a produção de gás carbônico, água e biomoléculas que resultam num rico composto umidificado que pode ser utilizado como adubo em plantações e terrenos.

A incineração é a decomposição térmica via oxidação à alta temperatura, que resulta em uma fase gasosa e outra sólida, reduzindo, assim, o peso, volume e a periculosidade dos resíduos que devem seguir para aterro apropriado. A combustão ainda pode produz energia através do vapor. Porém, esse processo é muito caro devido ao alto custo do incinerador.

Todos os canais reversos agregam valor econômico e ecológico, de acordo com o item tratado e suas condições físicas, sendo sua implementação e gerenciamento importantes para a conservação do meio-ambiente e para a qualidade de vida da sociedade, além de representarem oportunidades de criação/atendimento de novos mercados.

2.5 Reciclagem

Dentre os canais reversos apresentados, o canal de reciclagem é o mais popular, tendo em vista que a reciclagem de alguns materiais já tem sido desenvolvida há muito tempo e é mais difundida no mercado. Segundo o IBGE, nos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) – Brasil 2010 –, pode-se constatar que, “as atividades de reciclagem apresentam importantes implicações econômicas, reduzindo tanto o uso de materiais quanto

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de energia, promovendo o aumento da eficiência energética de vários setores industriais”. Então, no Brasil, o contínuo aumento nos índices de reciclagem está atrelado à viabilidade econômica, como foi constatado no (IDS) – Brasil 2010: “os altos níveis de reciclagem no Brasil estão mais associados ao valor das matérias-primas e aos altos níveis de pobreza e desemprego do que à educação e à conscientização ambiental.”

Os resíduos sólidos são compostos por vários materiais. Os que são comumente encontrados e reciclados são metais, vidros, papéis e plásticos. O ideal é que cada tipo de material siga para o seu respectivo canal reverso, com o intuito de minimizar o impacto ambiental causado e gerar valor. Seguem algumas peculiaridades de cada componente, segundo Pereira et. al. (2011, p. 08-10):

 Metais: são bens econômicos escassos e não renováveis utilizados para a

fabricação de uma série de produtos como, máquinas, equipamentos, embalagens que são constituídos de ligas de aço e/ou alumínio. Dois fatores que impulsionam o desenvolvimento dos processos de reciclagem neste caso são o consumo de energia e reservas naturais não renováveis. Segundo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável-(IDS) realizado no Brasil em 2010 pelo IBGE, o alumínio se destaca com índice de reciclagem acima de 90% sendo o material mais reciclado no país se destacando até se comparado a índices internacionais.

 Vidros: são materiais obtidos pela fusão de componentes inorgânicos a uma

temperatura de aproximadamente 1.500 ºC. São utilizados para armazenamento e conservação de alimentos, para proteção como janelas e para-brisas de automóveis. A reciclagem de vidro não gera perdas de volumes ou das propriedades. Podem ser reciclados várias vezes, porém, alguns tipos apresentam propriedades que dificultam a reciclagem.

 Papéis: o papel é um composto de fibras celulósicas de madeira classificado de

acordo com seu peso em gramas por m2, sua espessura e rigidez. A reciclagem de aparas de

papel é possível por até três vezes em virtude da perda celulósica. A qualidade do material final diminui a cada ciclo. Pode-se minimizar tal efeito adicionando-se material celulósico de fibra longa. A retransformação de papel pode resultar em diferentes tipos de papéis, tais como papel ondulado, papel Kraft e outros.

 Plásticos: são materiais a base de polímeros que são classificados em dois

grandes grupos quando sofrem processos de aumento de temperatura, sendo os termoplásticos: polímeros que se fundem por aquecimento e solidificam-se por resfriamento como o PET, ou os termorrígidos polímeros que sofreram reações químicas por aquecimento

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transformando-se em substâncias insolúveis e infusíveis. Existe ainda outra classificação dos polímeros, em virtude do comportamento mecânico: borracha ou elastômero, material que à temperatura ambiente possui elasticidade e suporta grandes deformações sem ruptura e com rápida e espontânea retração ao tamanho original; plásticos, materiais que se tornam fluidos em altas temperaturas e são facilmente moldados por pressão tornando-se sólidos com resfriamento; fribras, materiais que apresentam alta resistência mecânica e elevada razão entre as dimensões longitudinal e transversal.

A coleta dos materiais é a etapa inicial dos processos de reciclagem. Essa etapa pode ser desenvolvida através de alguns tipos de coleta, Leite (2009) as destaca como sendo:

 coleta domiciliar do lixo: apesar de sua importância, muitas cidades ainda não

dispõe desse serviço, apesar de já existir leis neste âmbito.

 coleta em aterros sanitários e lixões: não existido escoamento reverso formal e

estruturado, via coleta seletiva, as quantidades descartadas tanto materiais orgânicos como descartáveis, são dispostas e se acumulam nos aterros o lixões. O aterro sanitário é um sistema tecnicamente projetado para proteger o solo e a água da contaminação, evitar insetos e o forte odor, assim como as péssimas condições de trabalho para os catadores. O lixão é o contrário do aterro sanitário.

 coleta seletiva domiciliar: contém prévia seleção do material, onde são

selecionados os produtos descartáveis não orgânicos (vidros, metais, plástico, papéis). Geralmente a coleta é feita de porta em porta tanto em domicílios quanto em empreendimentos comerciais. Também existe a coleta seletiva nos pontos de entrega voluntária (PEV) onde o cidadão deposita os materiais no local específico. Toda coleta que contenha prévia seleção do material é considerada coleta seletiva. Essa prática proporciona o melhor aproveitamento econômico e contribui para diminuição de resíduos sólidos descartados incorretamente.

 coleta informal: coleta manual de bens de pós-consumo em pequenas

quantidades com o melhor valor de revenda realizada pelos catadores. Os materiais são vendidos aos sucateiros após consolidação revendem para indústrias de reciclagem. Apesar de rudimentar esse tipo de coleta é comum em todo o mundo principalmente em países menos desenvolvidos.

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Após a coleta, segue-se a seleção, que corresponde à etapa em que os originados de diversas fontes primárias e de coleta são separados e de acordo com sua natureza. Essa etapa geralmente é realizada por um sucateiro ou processador, que faz parte de uma empresa comercial ou industrial com o objetivo de beneficiar os materiais coletados para comercializá-los para a empresa que realiza a reciclagem. A separação é a primeira atividade do processo industrial de reciclagem, onde são separados os materiais de interesse e eliminados eventuais fontes de contaminação. Nessa etapa, acontece a preparação para o processo de reciclagem propriamente dito. Finalmente, após a reciclagem dos materiais coletados, separados e preparados, vem a etapa de reintegração do material reciclado a um novo ciclo produtivo, permitindo sua utilização como matéria-prima para novos produtos.

2.5.1 A reciclagem de PET

Os Polímeros são formados pela união de grandes cadeias moleculares. Do grego, poli, que significa ‘muitas’, e mero, que significa ‘partes’, podendo ser classificadas como naturais, sendo alguns deles a madeira, o algodão e o látex, ou como sintética,s sendo as principais, polipropileno (PP), politerraflat de etileno (PET), o polietileno (PE), o policloreto de vinila (PVC) (PLASTIVIDA, 2012).

Por apresentarem características que facilitam o uso e atenderem a diversas necessidades, a produção e utilização de polímeros tem crescido no Brasil, como mostram os dados da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM, 2011), do ano de 2009 até 2010 o consumo aparente de resinas termoplásticas no Brasil cresceu de 4.972 toneladas para 5.900 toneladas. Esse crescimento no consumo de resinas termoplásticas aumenta o volume de plásticos descartados. Todavia, a reciclagem de PET no Brasil é uma atividade recente do ponto de vista industrial (ABIPET, 2011).

É verificada, ao longo dos últimos anos, uma evolução constante na recuperação de PET. Do ano de 2010 para o ano de 2011, o aumento na recuperação foi de 4,25% passando de 282 mil toneladas para 294 mil toneladas (ABIPET 2011). O PET foi o segundo tipo de plástico mais reciclado no Brasil em 2010, com 27,1% do total de plásticos reciclados, perdendo apenas para o PVC com 36,2%. (CEMPRE, 2010). Segundo a ABIPET (2011), o abastecimento das empresas que reciclam PET no Brasil em 2011 foi realizado através de catadores em 47% dos casos, outros em 32% e cooperativas em 21%.

O processo de reciclagem de PET apresenta, na seleção e pré-processamento da sucata, uma garantia de qualidade do reciclado. Algumas maneiras de selecionar o material são através do símbolo que identifica o material, do produto que a embalagem continha ou do

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birro, isto é, o ponto de injeção, sempre presente no fundo da embalagem. Na revalorização, retiram-se os contaminantes, além do rótulo (polietileno ou papel) e da tampa (polipropileno, polietileno de alta densidade ou alumínio). Também devem ser retirados da sucata os resíduos de refrigerantes, adesivos (cola) e demais detritos, por meio de processos de lavagem (MADE IN FLOREST, 2010).

O 8º Censo da Reciclagem do PET no Brasil (ABIPET, 2011), mostra algumas características do consumo do PET reciclado: 49% das empresas do setor responderam que é difícil o acesso ao PET para reciclar. As formas de compra de PET reciclado são: 65% flake, 22% garrafa e 13% grânulo. O uso final do PET reciclado é para os setores têxteis 39,3%, resinas insaturadas e alquídicas 18,7%, embalagens para alimentos e não alimentos 18%, laminados e chapas 7,9%, fitas de arquear 6,7%, tubos 1,9%, outros 7,5%.

Ainda segundo este 8º Censo da (ABIPET, 2011), no Brasil, a maior usuária do insumo, a indústria têxtil, registrou como usos finais cerdas/cordas/monofilamentos com 27%, tecidos e malhas 30% e não tecidos 43%. As aplicações que mais vão crescer serão têxtil 42%, bottle to bottle 33% e equipamento automobilístico 8%. Outro dado mostra que a qualidade do material reciclado é boa, uma vez que, 80% dos clientes de PET reciclado não apresentam reclamações sobre o material.

A diversidade de usos permite que o valor pago pela sucata seja altamente atrativo o ano todo, o que mantém em atividade muitas empresas que comercializam o material, bem como inúmeras cooperativas e seus catadores. Cerca de um terço do faturamento de toda a Indústria Brasileira do PET provém da reciclagem. (ABIPET, 2011).

2.5.2. Etapas do processo de Reciclagem do PET

O processo de reciclagem se inicia após a coleta, seleção e pré-processamento do plástico, quando segue para o tipo de reciclagem adequado. Para revalorizar o PET descartado, as etapas desse processo são estabelecidas e gerenciadas de acordo com o tipo de reciclagem. Os três tipos de reciclagem de PET são apresentados a seguir de acordo com o site da Plastivida:

 Reciclagem química: processam plásticos transformando-os em petroquímicos

básicos - monômeros ou misturas de hidrocarbonetos que servem como matéria-prima, em refinarias ou centrais petroquímicas, para a obtenção de produtos nobres de elevada qualidade. O objetivo da reciclagem química é a recuperação dos componentes químicos

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individuais para serem reutilizados como produtos químicos ou para a produção de novos plásticos. Essa reciclagem permite tratar mistura de plásticos, reduzindo custos de pré-tratamento, custos de coleta e seleção. Além disso, permite produzir plásticos novos com a mesma qualidade de um polímero original.

 Reciclagem energética: ela ainda não existe no Brasil, mas parece ser uma

alternativa viável no gerenciamento do lixo urbano, uma vez que essa tecnologia transforma lixo urbano em energia elétrica e térmica, aproveitando o alto poder calorífico contido nos plásticos para uso como combustível. A utilização desse processo, além de criar novas fontes energéticas, reduz substancialmente o volume de seus resíduos, um benefício incalculável para a destinação do lixo urbano.

 Reciclagem mecânica: consiste na conversão dos descartes plásticos

pós-industriais ou pós-consumo em flake ou pellet, que podem ser reutilizados como matéria-prima na produção de outros produtos como, por exemplo, componentes de automóveis, embalagens alimentícias ou não-alimentícias, laminados, chapas, tubos, fitas de arquear e outros. Esse processo ocorre sequencialmente em três etapas, que são: 1- recuperação: do momento do descarte até a confecção do fardo, que se torna sucata comercializável; 2- revalorização: da compra da sucata em fardos até a produção de matéria-prima reciclada; 3 – transformação: final do processo completo de reciclagem, utilizando matéria-prima oriunda das garrafas de PET pós-consumo para a fabricação de vários produtos.

No Brasil, o processo de reciclagem de PET mais utilizada é a reciclagem mecânica. É um processo mecânico, que envolve a utilização de maquinário de alta tecnologia, onde o PET é submetido a processos físicos, conta com uma mão-de-obra barata e mantém a boa qualidade do produto.

A seguir, são apresentadas as etapas de reciclagem mecânica de PET, conforme o

modelo da ABIPET (2010):

Recuperação: é a primeira etapa do processo, objetiva evitar que o PET seja destinado ao lixão. Pois, quanto mais conservada e menos misturada com outros materiais melhor. A maioria das embalagens PET produzidas no Brasil são recicladas, para isso acontecer, a recuperação das embalagens é realizada graças a sistemas de coleta alternativos como de catadores, cooperativas e empresas da área. Porém, parte das embalagens vão parar nos lixões por falta de coleta seletiva, apenas “cerca de 12% da população brasileira foi

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atendida pela coleta seletiva em 2010” (CEMPRE, 2010). Esse dado demonstra a falta de estrutura no início do canal reverso de reciclagem, ou seja, na coleta seletiva da sucata.

A seguir são apresentados os processos que ocorrem na etapa de Recuperação, ainda de acordo com a ABIPET (2010):

- Coleta Seletiva: existe em alguns municípios. Nesse sistema de coleta o cidadão deveria ser orientado a separar seu lixo, acondicionando em recipientes diferentes, em dias diferentes também, o lixo orgânico dos recicláveis o papel, o vidro, a lata, os plásticos e o PET. Esse material já separado pode então ser vendido, obtendo recursos que financiam todo o processo.

- Coleta Dirigida: refere-se à alternativa para a coleta em municípios que não disponham da Coleta Seletiva, nada mais é do que a conscientização da população local para a separação de determinados materiais recicláveis, entregando-a a pontos de coleta ou aguardando a data fixada para a coleta domiciliar.

- Triagem: como na maioria dos casos não se coleta apenas um tipo de material, após a recuperação os produtos são separados de por material- metal, plástico, vidro. Então deve ser feita uma nova triagem entre os produtos de mesmo material, desta vez separando as variedades de cada material. No caso das embalagens de PET essa triagem deve ser por: cor, conteúdo (refrigerante, água, óleo comestível etc), origem (coleta seletiva, lixões etc).

- Prensagem: feita a triagem as embalagens devem ser prensadas e amarradas com cintas de PET reciclado, cordas ou cordões. Não é recomendado enfardamento com arames ou fitas metálicas devido a questões de segurança. Esse procedimento de prensagem é realizado com a finalidade de diminuir o volume e facilitar o transporte.

- Fardo ideal: o preço de venda pode aumentar se o fardo contiver somente PET, as garrafas forem de uma única cor, as garrafas de óleo, maioneses e outros conteúdos oleosos estiverem separadas das demais, a embalagem vier de coleta seletiva, o fardo tiver a maior densidade possível e se o fardo for fechado com ráfia e amarrado com fitas de arquear plásticas.

Revalorização: essa etapa busca retornar as propriedades do material de

origem, produzindo matéria-prima reciclada através dos processos de moagem e lavagem de PET. Os processos que compõe esta etapa são basicamente:

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- Classificação: é a etapa inicial da revalorização, os fardos de garrafa entram na plataforma são desfeitos as garrafas são separadas dos materiais que não são de PET.

- Moagem: nesse procedimento as garrafas são colocadas na esteira de alimentação para seguirem para o moinho.

- Lavagem: a etapa de lavagem das garrafas onde são retirados os contaminantes.

- Secagem: o material passa para o secador contínuo elétrico a ar quente, com ventilador e sistema para exaustão do pó.

Esses processos de lavagem e moagem acontecem outras vezes até o flake - que são flocos de PET mais grosseiro ou pellet - que são flocos de PET que passam por um processo mais intenso de revalorização e é mais puro, ficarem prontos para seguir como matéria-prima para a etapa de transformação.

Transformação: conforme a aplicação, a transformação do PET reciclado

pode acontecer de algumas maneiras diferentes. São inúmeros produtos que fazem parte do dia-a-dia de todos como: aplicações têxteis, cordas e vassouras, chapas, filmes, resinas insaturadas, resinas alquídicas, injeção e sopro, fitas de arquear, plásticos de engenharia, tubos e conexões.

A produção e uso das garrafas PET trazem vários impactos negativos para o meio ambiente. Sua reciclagem reduz esses impactos, pois a matéria-prima reciclada substitui material virgem em muitos outros produtos, nos segmentos mais diferentes, como construção civil, tintas, produção de automóveis e caminhões ou telefones celulares.

Após a abordagem dos conceitos de canais reversos, características do setor de reciclagem de PET, do modelo de reciclagem mecânica da ABIPET o estudo vai analisar o canal reverso da empresa Campina PET através da comparação entre a teoria e o modelo de reciclagem mecânica da ABIPET com as atividades práticas da empresa.

A seguir, apresentamos a Metodologia que guiou a sistematização de análise da pesquisa.

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3.0 METODOLOGIA

3.1 Qualificação da Pesquisa

Esta pesquisa tem base exploratória e descritiva. Segundo Moreira e Caleffe (2008), a pesquisa exploratória apresenta uma visão geral acerca de determinado fenômeno, neste caso, as atividades logísticas no canal de suprimento e distribuição da empresa Campina PET, descrevendo as relações entre os componentes do canal reverso de reciclagem de PET. Seguindo as premissas da pesquisa exploratória, o tema abordado é esclarecido e delimitado a partir da revisão da literatura e outros procedimentos metodológicos, para esclarecimento do problema de pesquisa.

A pesquisa é descritiva, por apresentar características comuns a estudos na área de educação e ciências comportamentais, baseando-se na premissa de que “problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação objetiva e minuciosa da análise e da descrição” (MOREIRA; CALEFFE, 2009, p. 70). Neste caso, serão identificados os processos logísticos da empresa alvo e o seu processo produtivo será descrito.

Quanto aos procedimentos técnicos, foi adotado a estratégia de estudo de caso que, proporciona uma visão global da realidade, identificando possíveis fatores que influenciam ou são influenciados, de maneira que permita seu amplo conhecimento. Sendo assim, o objeto de estudo é o canal reverso de reciclagem de PET na cidade de Campina Grande, tendo como referência a atuação da empresa Campina PET. A empresa estudada foi escolhida em função de dois aspectos segundo Vergara (2011): devido à sua tipicidade, uma vez que, a empresa atua no canal reverso de reciclagem revalorizando e transformando embalagens PET, e também em função da acessibilidade, tendo em vista a necessidade de coleta de dados na empresa.

3.2 Aspectos operacionais da pesquisa:

O início do estudo se deu com a delimitação do problema de pesquisa e a definição do objeto de estudo. A partir de tais definições, selecionou-se a teoria base – logística reversa e os processos de reciclagem de materiais – para a investigação, pois essa teoria aborda os canais reversos (pós-venda ou pós-consumo), de acordo com o tipo de item a ser valorizado. Além da utilização de dados secundários através de pesquisas e sensos sobre o setor de reciclagem de PET. Em seguida, iniciou-se o trabalho empírico, com a coleta de dados.

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A coleta de dados foi realizada em duas visitas à empresa uma no mês de maio na sede de produção de flake e outra em setembro na sede de produção de tubos. Durante as visitas, objetivou-se entender e compreender o significado que o entrevistado atribui a questões e situações apresentadas. Os dados utilizados referentes à estrutura do canal reverso de reciclagem de Campina Grande foram coletados com um dos donos da empresa, que neste estudo é chamada de Campina PET. Na entrevista não estruturada buscou-se obter informações, dados e opiniões por meio de uma conversa. O tratamento dos dados ocorreu de modo qualitativo, com base na análise comparativa da prática observada na empresa com o modelo de reciclagem da ABIPET (2010). A análise dos dados é apresentada no capítulo seguinte.

Referências

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