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As transformações da indústria fonográfica com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação: uma análise econômico-cultural

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CAIO CESAR SANTOS OLIVEIRA

AS TRANSFORMAÇÕES DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA COM O ADVENTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UMA

ANÁLISE ECONÔMICO-CULTURAL

SALVADOR 2010

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CAIO CESAR SANTOS OLIVEIRA

AS TRANSFORMAÇÕES DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA COM O ADVENTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UMA

ANÁLISE ECONÔMICO-CULTURAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. Bouzid Izerrougene

SALVADOR 2010

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Ficha catalográfica elaborada por Joana Barbosa Guedes CRB 5-707 Oliveira, Caio Cesar Santos.

O48 As transformações da indústria fonográfica com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação: uma análise econômico-cultural / Caio Cesar Santos Oliveira. – Salvador, 2010.

48 f.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação em economia) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal da Bahia.

Orientador: Prof. Dr. Bouzid Izarrougene

1. Indústria Fonográfica. 2. Tecnologia da informação. 3. Inovação tecnológica. I. Oliveira, Caio Cesar Santos. II. Izarrougene, Bouzid III. Título.

CDD – 780.28

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AS MUDANÇAS DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA COM O ADVENTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UMA ANÁLISE ECONÒMICO-CULTURAL.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovada em dezembro de 2010.

Orientador: __________________________________ Prof. Dr. Bouzid Izerrougene Faculdade de Economia da UFBA

_____________________________________________

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RESUMO

A indústria fonográfica, no decorrer dos vários anos de sua existência, sempre foi constituída como um dos setores mais lucrativos e de maior alcance da indústria cultural. Porém, as grandes inovações tecnológicas verificadas nas últimas décadas foram de grande contribuição para a queda das receitas desse setor, nunca visto anteriormente em sua história. O que parecia ser apenas mais uma sofisticação técnica dos produtos, o emprego da tecnologia digital como forma de armazenamento e distribuição de dados, promoveu grande turbulência no cenário da difusão musical, extremamente concentrado em torno de quatro grandes empresas transnacionais, responsáveis por 80% da produção mundial de música gravada. Após desfrutar de grande aumento em seus lucros nos anos 1990 a indústria fonográfica se vê em um cenário de crise. O alargamento da rede mundial de computadores foi determinante dessa crise. O que se verifica atualmente é uma taxa decrescente de vendas e receitas. Outra forma de inovação seria então necessária para minimizar os efeitos da crise, porém para aplicá-la a indústria fonográfica terá que abrir mão de políticas utilizadas desde o seu nascimento, mas será apenas seguindo essas políticas que ela poderá se reorganizar e tentar alcançar o patamar que lhe era concedido anteriormente no imaginário do consumidor.

Palavras-chave: Indústria fonográfica. Tecnologias de informação e comunicação. Inovação tecnológica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 5

2 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ECONOMIA... 8

2.1 A INOVAÇÃO COMO FORMA DE COMPETIÇÃO PARA SCHUMPETER... 8

2.2 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA OS NEO-SCUMPETERIANOS ... 11

3 A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA ... 17

3.1 A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA ... 17

3.2 A INFLUÊNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO QUE CONCERNE À DISTRIBUIÇÃO DE ARQUIVOS DE MÚSICA... 22

3.3 POSSÍVEIS RUMOS E ACORDOS DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA ... 24

4 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA... 26

4.1 A INOVAÇÃO DOS FORMATOS MUSICAIS... 27

4.2 A INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E GERENCIAL DENTRO DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA... 31

4.3 UMA ALTERNATIVA DE NEGÓCIOS PARA AS EMPRESAS DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA... 36

5 CONCLUSÕES ... 41

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1 INTRODUÇÃO

As novas configurações nas formas de distribuição e a ocorrência de novas práticas de consumo musical, a partir do advento das novas tecnologias de informação, proporcionam uma grande mudança no mercado musical. A partir do avanço dessas tecnologias, nesse novo milênio, assim como o uso de outros formatos e suportes tecnológicos, foram encontradas novas formas de difusão em consumo musical. A popularização do MP3 e da internet favorece a disseminação e consumo de música em formato digital, acontecendo muitas vezes através de sites de compartilhamento gratuito de dados. Nesse contexto o álbum ou cd, entendidos como suportes fechados, deixam de ser a única e principal forma de lançamentos comerciais, seguindo a crescente demanda de novos consumidores por música digital. Essas transformações mostram uma grande mudança no mercado fonográfico, o qual vê na necessidade de inovação comercial, e até mesmo tecnológica, a única forma de se sobrepor sobre as dificuldades impostas pelas novas tecnologias de informação e como essas novas tecnologias poderão devolver à indústria fonográfica o poder da expressão musical.

A disseminação de trocas de arquivos de música pela internet, através da interatividade da rede, assim como a grande flexibilidade do som digital tem desafiado o formato conservador da indústria fonográfica (o CD), sobretudo na sua formatação comercial. Diante desse contexto, esse trabalho faz uma análise das transformações da indústria fonográfica, abordando as estratégias e inovações proporcionadas pelo desenvolvimento das recentes tecnologias da informação.

O presente trabalho também se preocupa em como as inovações na indústria fonográfica são encaradas pela economia, mais especificamente pela teoria neo schumpeteriana, que está fundamentada na incorporação de inovações ao sistema econômico, isto é, as mudanças econômicas são resultado das interações e/ou impactos, por exemplo, das inovações tecnológicas no sistema econômico. Isso significa que a tecnologia passou a ser considerada uma variável endógena ao processo de desenvolvimento e/ou sistema econômico e vem assumindo um papel crescente, e cada vez mais importante, na estrutura econômica vigente.

É através de uma análise com enfoque neo-schumpeteriana da indústria fonográfica que o presente trabalho se desenvolve, para tanto são explicitados os pensamentos de diversas

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vertentes econômicas no que concerne a evolução ou inovação tecnológica como forma de um melhor entendimento das mudanças que ocorreram desde a Revolução Industrial até os dias atuais.

O primeiro passo na elaboração do trabalho será a exposição dos pensamentos de Schumpeter, que foi o economista que mais desenvolveu as propostas de Marx sobre o papel da tecnologia para o desenvolvimento do capitalismo. Discorre que toda a empresa está sujeita ao processo de concorrência e por isso precisa inovar continuamente com o intuito de melhorar a sua margem de lucro e poder ganhar um melhor espaço no mercado. O conhecimento e as mudanças tecnológicas são os motores do desenvolvimento econômico, eles revolucionam a estrutura econômica vigente por meio de um processo de criação destruidora, na qual as velhas tecnologias são substituídas pelas mais novas num processo cíclico, o que por sua vez, gera um dinamismo na sociedade capitalista. O processo tecnológico é caracterizado como um processo qualitativo e não quantitativo, pois o surgimento de novas tecnologias será capaz de gerar novas necessidades nos agentes econômicos.

A corrente evolucionista ou neo-schumpeteriana, a qual foi muito influenciada por Schumpeter e principalmente por sua obra “Capitalismo, socialismo e democracia” constitui no principal recurso teórico para analisar as constantes mudanças que ocorrem em nossos dias. Os pensadores dessa escola do pensamento econômico rejeitam as propostas convencionais sobre o funcionamento da firma e de alguma forma retoma o arcabouço clássico como forma de investigar a origem da riqueza da sociedade capitalista. Os economistas neo-schumpeterianos vão atribuir uma maior dinâmica às inovações que ocorrem na economia, seja essa inovação em produtos ou até mesmo a inovação que ocorre na forma organizacional e gerencial das empresas. Vão rejeitar o equilíbrio de mercado proposto pelos economistas clássicos, defendem a idéia de uma economia dinâmica proporcionada por agentes individuais carregados de um espírito inovador. A tecnologia é considerada um elemento endógeno às firmas, está presente nas relações de produção e na conseqüente valorização do capital e geração de riqueza.

Portanto, o presente trabalho tem-se o objetivo de analisar a indústria fonográfica num âmbito econômico-cultural. Econômico no ponto em que suas mudanças serão observadas através de um enfoque Schumpeteriano e neo-schumpeteriano. Cultural no ponto em como tais mudanças vai atingir a difusão e a popularização da música. Um ultimo objetivo do trabalho

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foi mostrar alguns caminhos que a indústria fonográfica poderá trilhar e para isso será explicitado um novo modelo de negócio, o qual utilizará as novas ferramentas das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) como forma de ampliar os seus rendimentos e com isso tentar reassumir seu posto de gigante na indústria cultural.

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2 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ECONOMIA

Para uma melhor análise das transformações da indústria fonográfica torna-se necessário o entendimento das teorias que explicam a inovação tecnológica. Uma breve análise sobre as vertentes econômicas que a explicam será de fundamental importância para a construção do trabalho, já que é através da inovação tecnológica que a maioria das empresas fonográficas aumenta a sua produtividade e a sua competitividade.

A teoria da inovação tecnológica vem sendo estudada antes mesmo de a economia ser reconhecida como ciência, por uma corrente de pensadores conhecidos como fisiocratas. Tal capítulo será responsável em analisar a mudança tecnológica para Schumpeter e para os neo-schumpeterianos ou escola evolucionista, já que são os pensamentos mais atuais sobre a inovação e desta forma pode-se analisar a evolução da indústria fonográfica através deste enfoque.

2.1 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA COMO FORMA DE COMPETIÇÃO PARA SCHUMPETER

Schumpeter foi um dos economistas que mais trabalhou sobre o pensamento de Karl Marx no que concerne ao impacto do desenvolvimento tecnológico no desenvolvimento econômico, mesmo sabendo que Marx não tinha uma teoria concreta sobre a firma. Tinha grande dificuldade por distinguir o capitalista do empreendedor, o qual dá uma maior importância para o processo da inovação e da tecnologia para a concretização da produção. Para Schumpeter o empreendedor era guiado por um “espírito-animal” o qual o conduzia a buscar um lucro monopolista, ao contrário do capitalista que era movido à busca de bons rendimentos para seu capital, independente da forma como este fosse realizado. Desta forma, ao dinamizar a economia por meio de uma atividade produtiva inovadora, o empreendedor estaria ligado diretamente ao crescimento econômico. Assim o empresário inovador de Schumpeter se opõe ao capitalista predador de Marx, na medida em que o primeiro dá as condições de um melhor desenvolvimento para a sociedade.

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Schumpeter acredita que o capitalismo é um sistema em constantes mudanças, se opondo drasticamente ao modo de pensar dos economistas neoclássicos, que acreditavam que a economia chegaria a um estado estacionário descrito pelas equações walrasianas do ponto de equilíbrio. Ele acredita que a sociedade é impulsionada por diversos fatores, como por exemplo, os novos mercados, os novos bens de consumo, as novas formas de produção com o advento dos novos bens de capital, ou seja, por novas formas de organização da indústria que poderia ser criada e destruída continuamente. Ele ainda acredita que o desenvolvimento é impulsionado por uma serie de fatores novos e não por um simples crescimento por parte da população e dos meios de produção, ou seja, ele atribui ao desenvolvimento um aspecto altamente qualitativo. “O desenvolvimento, por sua vez, é responsável em gerar novas necessidades de consumo por parte da população” (SCHUMPETER, 1988, p.56). Ele explicita este fato ao mostrar que o gasto das pessoas não se mantém constante ao longo do tempo, pois as pessoas estão gastando diferentes parcelas de seus rendimentos em diferentes necessidades, “sendo essas compostas pelas antigas que sempre acompanharam as pessoas e as novas necessidades que foram geradas pela inovação tecnológica com a crescente oferta de produtos e serviços” (SCHUMPETER, 1988, p.57).

Para Schumpeter a explicação para o desenvolvimento econômico não deve ser buscada através da analise da teoria econômica, mas sim da analise das inovações por que a humanidade passou, sendo que essas inovações não apresentam nenhuma ligação com as inovações anteriores. Desta maneira Schumpeter introduz uma nova interpretação sobre o desenvolvimento econômico, que em grande parte é diferente das explicações anteriores, que em sua grande maioria confundiam o desenvolvimento com o crescimento econômico, o qual poderia ser explicado tanto pelo aumento da oferta de produtos como pelo aumento da oferta de poupança.

Ainda em relação às interpretações de Schumpeter acerca das idéias de Marx, ele constrói a sua teoria do desenvolvimento econômico com base no conceito do monopólio temporário do inovador, ou seja, o empresário em sua busca continua pelo lucro está interessado em construir um monopólio através da inovação tecnológica, o qual quando atingido pelo empresário, é responsável em atrair outros empresários a este mercado, o que torna esse monopólio temporário. Com um mercado com vários agentes o lucro extraordinário do empresário inovador some, e o que passa a ocorrer é o lucro normal de produtos indiferenciados. Implicitamente, Schumpeter critica a preocupação dos neoclássicos, não

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somente através da estrutura estática do mercado considerada por estes, mas também ao fato deles se preocuparem somente com a conservação e administração dos recursos e processos produtivos da sociedade, não considerando que “os empresários estão atrás de oportunidades para investir e assim chegar ao lucro do monopólio, nem que para isso eles destruam o que foi construído para assim introduzir novas tecnologias e novas necessidades para os agentes econômicos” (SCHUMPETER, 1988, p.62). Outra forma de critica e inovação do pensamento de Schumpeter é a consideração de que a competição entre as firmas pode se dar de uma forma que não na observação dos preços das diferentes empresas. Ele expõe a competição qualitativa, na qual as empresas usam diferentes estratégias como forma de atrair novos consumidores, sendo a ação dos vendedores uma dessas estratégias. Quando somente o preço é o responsável pela explicação da competição entre as empresas fica implícito que as outras variáveis são negligenciadas pelos outros autores. Assim métodos de produção e formas de organização não são considerados como influentes no processo competitivo por parte dos autores anteriores ao pensamento schumpeteriano. Desta maneira Schumpeter mostra que sua preocupação não é a explicação das estruturas de mercado como o monopólio, concorrência perfeita ou o monopólio, mas sim na explicação de como se da a concorrência em diferentes tipos de mercado, dando grande importância à competição advinda de novos produtos e serviços no mercado, da adoção de novos processos tecnológicos e novas formas de organização que permeiam o aumento da escala produtiva. Desta forma “a competição permite vantagens de custos e vantagens em relação à qualidade dos produtos, o que poderá provocar um aumento do lucro das empresas e o seu desenvolvimento” (SCHUMPETER, 1988, p.82).

Schumpeter acredita que a inovação é de grande importância para o desenvolvimento econômico, porém não é condição necessária para que ele ocorra, podendo depender somente do potencial de inovar do empresário. Com relação às estruturas de mercado, ele acredita que a concentração de capital é de grande importância para a grande empresa e para o progresso técnico. A relação entre a estrutura oligopolista e o progresso técnico é alta, já que é através do progresso que as grandes empresas vão conquistando e criando novos mercados, ou seja, é através da inovação que novas necessidades são criadas como forma de gerar demanda para os novos produtos. As grandes empresas, por inovar, também apresentam um crescimento maior que as empresas menores, são também as que mais investem em P&D com vistas a aumentar, ou até mesmo manter a sua posição no mercado. Além de investir mais na área de pesquisa, essas empresas também possuem maiores plantas e auferem uma maior economia de

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escala, o que as torna mais competitivas. As interpretações de Schumpeter acerca do comportamento da firma diante das inovações tecnológicas e organizacionais foram de grande influência para diversas vertentes do pensamento econômico, dentre eles se destacam os behavioristas que tem como expoentes os economistas Simon, Cyert e March que encaram a firma como um ambiente coordenado entre indivíduos e outros grupos; Coase e a sua teoria dos custos de transação e por ultimo uma nova onda de economistas que foram influenciados de uma forma mais direta que as demais, a conhecida como neo-schumpeteriana, corrente que será estudada com mais detalhes a partir da próxima seção do trabalho.

2.2 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA OS NEO-SCHUMPETERIANOS

Seguindo o esquema teórico das seções anteriores, primeiro analisa-se o contexto histórico no qual estão contidas as idéias dos autores a serem explicitadas. Neste caso, as idéias desses autores concentram-se no último quartil do século XX, o qual é caracterizado por crescentes revoluções tecnológicas, a criação de novos instrumentos e formas de organização da produção assim como do aumento da difusão de novas tecnologias da informação e comunicação. Essa nova onda de criação é caracterizada pelo uso intensivo de conhecimento e informação; estão associadas a essa nova onda a criação e difusão da internet e da microeletrônica.

Desde inícios do século XX o paradigma tecnológico que tomava conta da sociedade possuía um caráter fordista de produção e de crescimento. A partir da década de 1960 houve uma mudança para uma economia mais intensiva em informação e conhecimento. Para Tigre (2005, p.57) “três fatos podem ser mencionados com influentes de uma nova destruição criadora” o primeiro foi o constante aumento do preço do barril de petróleo, que a partir da crise de 1973 foi o grande responsável em frear o alto crescimento que o mundo vinha apresentando desde o fim da Segunda Guerra Mundial, essa crise mostrou também como poderia ser perigoso o desenvolvimento baseado em fontes de energia não renovável; o segundo fato foi o esgotamento do modelo fordista de produção, que era caracterizado como padronização da produção e na divisão do trabalho; o terceiro foi uma onda de inovações tecnológicas nas áreas de tecnologia e informação, representadas pela criação e ampliação do circuito integrado na década de 1970 e pela ampliação do uso da internet já no início dos anos

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1990, nesse sentido, a microeletrônica serviu como base para a introdução e ampliação dessas novas tecnologias. A criação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) vêm ocasionando uma nova onda de inovações secundárias, que abrangem diversas áreas do conhecimento técnico, entre elas pode-se ressaltar as ocorridas nas áreas de sofware,

hardware e broadcasting, além de contribuir em outras diversas formas de organização da

produção. Para as empresas, incluem-se aí as relacionadas à industria fonográfica, a principal conseqüência das inovações nas áreas de informação e conhecimento foi a que se deu na área organizacional, caracterizada pelo grande desenvolvimento na área de gestão. Houve uma maior aproximação na cadeia de suprimentos, assim como uma maior aproximação entre fornecedores e compradores, antes nunca imaginada sem o uso intensivo de informação, conhecimento e da nova comunicação.

Do ponto de vista institucional, a globalização e a liberalização dos mercados foram responsáveis em diminuir os espaços e intensificar a relação de cunho econômico das sociedades. As TIC têm um papel de extrema importância nesse aspecto, tanto por facilitar a comunicação entre os agentes, como por criar novas formas de comunicação e intercambio de informações entre os indivíduos. As TIC também são importantes criadoras de um novo tipo de indústria, gerando desta forma diferentes necessidades nos agentes econômicos.

Como dito anteriormente, Schumpeter acreditava no potencial da inovação tecnológica como impulsionador do desenvolvimento econômico, os neo-schumpeterianos vão aprofundar os ideais deste autor, explicitando novas interpretações para a inovação tecnológica e o progresso técnico. Dentre os principais autores neo-schumpeterianos destacam-se Nathan Rosenberg, Christopher Freeman, Richard R. Nelson & Sidney G. Winter e Giovanni Dosi, que vão ser objeto de estudo da presente seção.

Começa-se o estudo dos neo-schumpeterianos através da analise da obra de Rosenberg e Birdzell (1986, p.84) “que enxerga os principais pontos relacionados às mudanças tecnológicas, dá ênfase ao papel do aprendizado sobre o rumo das inovações”. A ocorrência de desajustes ou de desequilíbrios é de fundamental importância para que as inovações aconteçam e desta forma impulsionem o desenvolvimento econômico. São esses desequilíbrios que vão gerar pontos de estrangulamento no mercado, e será através da observação deste que os empresários e cientistas vão agir na solução de possíveis problemas e numa melhor alocação dos recursos. A mudança tecnológica sugerida por Rosenberg deve

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ocorrer independentemente das restrições impostas pelo crescimento econômico, já que os inovadores sempre procurarão resolver os problemas do processo produtivo. Já a atividade de busca de inovações comporta um procedimento de busca, ou seja, os resultados alcançados pelos cientistas e empresários não são conhecidos ex-ante, envolvendo desta forma um relativo grau de incerteza. Ele ainda acrescenta que em uma busca por uma inovação, quando ela se encontra no início o grau de incerteza é maior que aquele quando da fase final do desenvolvimento da inovação. Rosenberg acredita que o pioneirismo da inovação pode ser benéfico em diversas situações, porém não acredita que seja regra geral que o primeiro inovador domine o mercado. “O pioneiro deve fazer com que seus clientes acreditem na estabilidade de seu produto ou serviço introduzido no mercado para que a demanda por ele seja satisfatória” (ROSEMBERG; BIRDZELL, 1986, p.90) e no caso de uma boa demanda para seus produtos ele deve continuar com a pesquisa e com o processo de inovação para que os torne cada vez mais competitivos.

Para Rosenberg neste processo de inovação pioneira podem ocorrer dois problemas de ordem institucional: a padronização prematura que pode causar queda da qualidade de uma determinada inovação; pode ocorrer também a padronização tardia que provoca perda do poder de divulgação da inovação. Diante desses problemas os agentes econômicos encaram as possibilidades de criar ou adotar uma inovação. A adoção de uma destas duas alternativas ficará por conta do espírito inovador do empresário. Sobre esses problemas Rosenberg ressalta dois conceitos fundamentais sobre o aprendizado tecnológico: o learning-by-using

(LBU) e o learning-by-doing (LBD). No LBU tem-se o resultado derivado do uso da inovação

tecnológica que é perseguido como forma de melhorar as condições de produção e do próprio produto. Enquanto que o LBD que é advindo perante o aprendizado via processo produtivo, que pode ser ocasionado através do aparecimento de gargalos neste processo. Assim observa-se que o processo de inovação tecnológica não é simples, já que apreobserva-senta diversos pontos de incerteza em sua concepção por causa da imprevisibilidade. Outro problema como especificado anteriormente se refere ao fato em qual posição o empreendedor deve se encontrar, como criador ou como seguidor das inovações.

Christopher Freeman foi outro autor neo-schumpeteriano que se importou com o papel das inovações diante das estratégias tecnológicas das empresas. Freeman apresentou as seis

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classificações para essas estratégias: ofensiva, defensiva, imitativa, dependente, oportunista e tradicional. A estratégia ofensiva tem como característica um elevado nível de investimento em P&D e em pesquisa aplicada. É através deste tipo de estratégica que a empresa tem maiores chances de ser a líder técnica em um mercado levando-se em consideração o lançamento de novos produtos, tendo-se também uma preocupação com a criação de patentes. A estratégia defensiva também é caracterizada por ser intensiva em P&D, porém a empresa espera que com essa estratégia evite um distanciamento tecnológico em relação as empresas pioneiras quanto a inovação. Elas apresentam esta característica por serem avessas ao risco e por se preocuparem mais com outras áreas referentes às etapas de produção e escoamento como vendas e publicidade. A estratégia imitativa ocorre quando a empresa busca competir com as demais através da cópia de produtos já existentes no mercado, trabalhando muitas vezes com pedidos de licença e know-how. Na estratégia dependente a empresa não possui gastos na área de P&D, pois como o próprio nome diz é dependente institucionalmente e economicamente de outras empresas, por esse motivo aplica a maior parte de seus recursos na organização da produção e no marketing. Já na estratégia oportunista a empresa pretende preencher nichos de mercado, não investe em P&D e depende do feeling de seus empresários em relação ao que está acontecendo no mercado. Por último, existe a estratégia tradicional que é “caracterizada pela empresa não se esforçar na área de P&D e se baseia no conhecimento comum, pois a área em que elas atuam é caracterizada como concorrência perfeita ou até mesmo oligopolista” (FREEMAN, 1968, p.12).

Outro importante referencial teórico sobre o impacto da mudança tecnológica no desenvolvimento econômico se encontra na obra de Nelson & Winter, também conhecidos como evolucionistas, uma corrente do pensamento neo-schumpeteriano. Tais autores são conhecidos por evolucionistas, pois analisam os fatos econômicos através da perspectiva biológica da seleção natural. Enfatizam o comportamento da firma através das idéias de rotina, busca e seleção no ambiente de concorrência existente entre elas. Para eles, no processo de concorrência sempre haverá a existência de vencedores e perdedores já que algumas firmas tiram maior proveito das oportunidades tecnológicas. Segundo Nelson & Winter (1982,p.40) “à medida que o grau de concorrência aumenta, aumenta também a concentração do mercado”.

É através da análise das idéias do pensamento desses autores que melhor conseguir-se-á enxergar o papel da mudança tecnológica no ambiente empresarial. Primeiro observa-se o

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papel da rotina neste processo, para depois então explicar os efeitos da busca e da seleção. A rotina é o conjunto de técnicas e processos organizacionais que caracterizam o modelo através do qual as mercadorias e os serviços são produzidos, desde as atividades cotidianas até as inovadoras. A busca, por sua vez, pode ser caracterizada da seguinte maneira: operação, investimento e transformação. De acordo com Nelson & Winter (1982, p.46) “o processo de busca compreende as atividades organizacionais que estão associadas com a avaliação de rotinas correntes que podem levar a alteração destas”. Desta forma os autores mostram que essa busca tem um objetivo definido, ou seja, não se dá de forma aleatória, há na verdade, uma estratégia definida pelo paradigma tecnológico.

O processo de busca pode se dar da seguinte maneira: imitação, intramuros e extramuros. A primeira já é auto-explicativa, a firma na busca por menores custos e de um acesso mais fácil às inovações, imita as empresas do mesmo ramo de competição. Já a diferença entre o processo de busca intramuros e extramuros se dá no fato do conhecimento ser produzido dentro ou fora da empresa. No caso da busca intramuros a apreensão do conhecimento é feita de forma endógena, enquanto que na extramuros é feita de forma exógena. Para Nelson & Winter (1982, p.48) “juntamente com a analise das questões de rotina e busca está associada a trajetória natural, é através dela que os autores observam que as mudanças técnicas não acontecem de uma forma aleatória, porém ocorrem na presença de incerteza”, já que os efeitos dessa mudança não são conhecidos ex-ante.

No ultimo conceito, a seleção é relacionada com a estrutura institucional. O ambiente em que ela ocorre pode ser de duas formas: non-market e market. Porém, na verdade, o que irá determinar a mudança técnica são os mecanismos de seleção, que podem ser mercantis ou não mercantis. Verifica-se que é a empresa a detentora das decisões quanto à quantidade de insumo a ser utilizada e a produção a ser efetuada, o que por sua vez impactará no preço a ser cobrado pelo produto ou serviço por ela prestado, e também irá definir a rentabilidade apresentada pela empresa. Portanto, é através dos processos de rotina, busca e seleção que Nelson & Winter buscam explicar as formas como se dão as mudanças técnicas e de que formas elas podem impactar em outras variáveis de cunho econômico, como a formação do preço e a rentabilidade das empresas.

Outro autor evolucionista de grande importância é Giovanni Dosi. Sua maior contribuição para o pensamento foi a criação dos conceitos de trajetória e paradigma tecnológicos, este

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segundo sendo explicado como uma analogia ao paradigma científico de Kuhn. A trajetória tecnológica pode ser definida como advinda de desdobramentos no interior de um paradigma tecnológico, correspondendo assim, às respostas aos inúmeros trade-offs estabelecidos entre as variáveis tecnológicas. De uma forma rara, esses paradigmas podem sofrer modificações, já que as inovações mais radicais que estão na criação de um novo paradigma são mais dependentes das novas oportunidades abertas pela descoberta científica. A trajetória tecnológica representa a maneira pela qual o paradigma tecnológico evoluiu, sendo que este último estabelece as necessidades a serem amparadas em seu interior. Por fim, tanto “os paradigmas quanto as trajetórias tecnológicas irão depender de interesse econômico de inovadores, como da capacitação tecnológica acumulada e de variáveis institucionais” (DOSI, 1982, p.7).

Portanto, será através do entendimento da inovação tecnológica em economia, mais precisamente da escola neo-schumpeteriana que melhor compreenderemos os avanços e mudanças da indústria fonográfica. Tal escola será a mais importante já que ela explica e representa o cenário atual em que essas mudanças ocorrem.

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3 A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA

Desde o seu surgimento até os dias atuais a indústria fonográfica é caracterizada como inovadora, seja como forma de amenizar os impactos negativos ocasionados por crises econômicas, seja como forma de programar uma nova tecnologia e assim melhorar o seu desempenho. A indústria fonográfica já apresentou um desempenho muito próspero quando da introdução de novos instrumentos tecnológicos para produção e concepção de novos produtos como o LP, que foi responsável pelo crescimento desta indústria a partir dos fins dos anos 1960 até meados dos anos 1970. Porém, nem só de sucesso viveu essa indústria. Crises como a do petróleo em 1973 e a crise da década de 1980 foram responsáveis em rebaixar a importância do setor fonográfico na indústria cultural. Seus números só iriam retornar aos níveis encontrados na década de 1970 em meados dos anos 1990, quando da implantação de novos suportes de música e novas forma de organização gerencial das grandes empresas deste ramo.

Nos dias de hoje, o que se encontra é o aumento da importância da internet como forma de melhorar a distribuição musical. Verifica-se uma maior importância da música em si, não há a necessidade de um suporte fonográfico para que se possa consumir música. Com a crescente falta de necessidade da utilização de suportes fonográficos para consumir a música observa-se que a indústria fonográfica vem apresentando uma diferente configuração na produção e organização musical. Essa nova configuração da indústria será a grande responsável em melhorar seu desempenho em vista da grande crise que se vem instaurando em seu setor e com isso tentar elevá-la a seu antigo patamar.

3.1 A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA.

O nascimento da indústria fonográfica dá-se nos Estados Unidos do século XIX. Foi através da invenção do gramofone e do fonográfico (máquina de gravar e reproduzir sons a partir de microperfurações feitas em um cilindro), que surgiram diversas empresas no intuito de fabricar bens de consumo para o entretenimento. A concorrência entre essas empresas delimitaria o gramofone como o aparelho a ser utilizado na maioria dos lares

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norte-americanos e europeus até o começo dos anos 1920. “Do início do século XX até meados de 1930, as grandes companhias fabricantes de cilindros e discos incumbiram-se, também, dos aparelhos leitores” (DIAS, 2008, p.67). Ou seja, não havia a distinção entre fabricantes de sofwares e hardwares como nos dias atuais.

Na produção da nascente indústria fonográfica do início do século XX havia cinco empresas dominantes, quais sejam: no setor de cilindros, Edison nos EUA e Pathé na França; no de discos, Victor Records nos EUA e Gramophone na Inglaterra, Alemanha e França; ainda nos dois setores, Columbia-EUA. De 1948 em diante, assistimos a uma seqüencia de inovações tecnológicas. O aparecimento do micro-sulco, além de promover um depuramento do processo de gravação e reprodução agora elétrico, permitiu que o tempo de duração do disco fosse dilatado de quatro para trinta minutos, possibilitando ainda, no universo da música popular, a instituição da canção de três minutos como padrão.

É somente na década de 1950 que são lançadas as bases para a padronização da produção na indústria fonográfica mundial, que não podem ser compreendidas sem se levar em conta o movimento global do desenvolvimento capitalista. Essa padronização mostrava que o LP seria o formato a ser utilizado na grande maioria dos países e pelas empresas produtoras deste suporte. A peculiaridade da expansão da indústria fonográfica pelo mundo mostra o caminho que a indústria do entretenimento faz da exportação à deslocalização, ou seja, a tecnologia do LP não ficaria restrita apenas aos países centrais, ela seria difundida aos países periféricos como uma forma de padronizar o produto.

Na década de 1970 é observado um maior uso de hardware e software no que concerne a produção de discos, e durante os anos 1980 um maior uso da tecnologia digital, gerando desta forma um barateamento dos custos de produção, tornando os produtos da indústria fonográficas mais acessíveis. Com isso, as tecnologias digitais criaram condições para as músicas serem gravadas por intermédio de computadores. Assim surge o registro da música no compact disc, o CD. Por ser um suporte de maior qualidade e de transporte mais fácil, ganhou adesão de grande parte das gravadoras, e juntamente com ele foram comercializados os primeiros aparelhos reprodutores do novo suporte. “O CD foi fundamental para a exploração e viabilização dos catálogos das grandes gravadoras” (DIAS, 2008, p.94).

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Recentemente assistimos a mais uma revolução na indústria da música, ela está relacionada ao desenvolvimento e a aplicação ao universo musical. A emergência das redes de informação, sobretudo a internet, determinou o surgimento de um novo horizonte de possibilidades. Com a construção da rede interativa de computadores, seu posterior crescimento e consolidação no mundo inteiro, a partir da década de 1990, a informação, finalmente, passa a ser transmitida e recebida sem depender de um suporte físico único. Esse sistema afeta a circulação e comercialização, estabelecendo um canal direto entre artista e público, são abertas, portanto, novas perspectivas. Com a internet o consumidor passa a exercer papel de destaque na cadeia da música, concebendo um papel secundário ás grandes empresas, antes detentoras do monopólio da produção do formato.

O crescimento do setor fonográfico muitas vezes se confunde com a popularização dos bens de consumo nos diversos países do mundo ocidental. Não podemos encarar o crescimento da indústria fonográfica de uma forma separada, já que ela depende em grande forma também do crescimento de renda da população e da popularização dos bens de consumo, como é o caso do tocador de discos ou de CD. É a partir dos fins dos anos 1960 que começamos a enxergar uma grande expansão do setor fonográfico no mundo. Rita Morelli apresenta dados similares quanto ao crescimento na venda de discos no período de 1965 e 1972, o qual gira em torno de 400%. Este crescimento veio esbarrar na crise do petróleo de 1973, já que esta era a matéria-prima do LP, suporte fonográfico utilizado na época. Durante a década de 1980 e uma parte da década de 1990 observamos também um grande crescimento da indústria fonográfica, esse crescimento foi causado, em grande parte, pela inovação tecnológica advinda da criação do CD.

São vários os fatores que levaram a indústria fonográfica a se expandir nesse contexto da década de 1960 e 1970, como por exemplo, a consolidação do mercado da música. Foi nessa época que se consolidaram grandes nomes da música mundial, o que por sua vez, ajudou a atrair um maior número de consumidores ávidos por novos trabalhos, além de novos artistas que apareciam na cena e também ajudariam a aumentar as vendas na indústria do disco.

Um segundo fator para o crescimento deste ramo foi o uso do LP como formato de distribuição musical. Além de ter uma maior qualidade e durabilidade em relação aos formatos anteriores (compactos duplos e simples) o LP atendia as perspectivas econômicas e estratégicas das empresas fonográficas, que podiam restringir gastos e aperfeiçoar os seus

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investimentos. É com o surgimento do LP que as empresas do ramo fonográfico começam a construir o seu cast de artistas, há uma diferenciação entre os artistas de catálogo (aqueles que sempre vendem independente da época) e artistas revelação (que eram responsáveis pela maioria das vendas), o que a ajudaria numa otimização de seus investimentos, já que os artistas de catálogo necessitavam de um investimento menor, pois seu público se encontrava consolidado enquanto que os artistas revelação necessitavam de um investimento maior, pois eram responsáveis a atrair uma maior quantia de consumidores de música.

Um terceiro e último fator que explica a prosperidade da indústria fonográfica neste período concerne à interação do conjunto dos setores que integram a indústria cultural como facilitador da divulgação e comercialização de música. É neste período que começam a aparecer as trilhas sonoras dos filmes e das telenovelas. Músicas são expostas no rádio e na TV como forma de exposição do artista. A TV foi uma grande impulsionadora das vendas musicais, tanto pelos seus comerciais apresentarem músicas quanto pelas telenovelas, as quais continham uma trilha sonora, muitas vezes patrocinada pelas próprias gravadoras como forma de promover o artista. Um bom exemplo para ilustrar o crescimento dessa indústria ocasionado pela exposição em outras mídias da indústria cultural foi o surgimento da SOM LIVRE, gravadora exclusiva da Rede Globo de Televisão responsável em elaborar a trilha sonora das novelas.

A partir de 1973, os números referentes à indústria fonográfica apresentam uma significativa queda em parte ocasionado pela crise do petróleo ocorrida naquele ano. Somente em fins dos anos 1980 é que ela iria se estabelecer em patamares iguais ou superiores ao período anterior. Nos fins dos anos 1970 e começo dos anos 1980 a queda das vendas da indústria fonográfica foi ocasionada pela queda do crescimento mundial e a conseqüente queda na venda de bens de consumo. Neste período se observou uma queda na taxa de crescimento das grandes empresas fonográficas, falências e aquisições também foram características desta época. Foi neste período que se observou a necessidade de uma inovação tanto em termos de organização gerencial como a introdução de novos suportes musicais.

Desde fins dos anos 1980, até meados da década de 1990 a Indústria Fonográfica passou por uma grande reformulação de seus conceitos, o que a levaria em melhorar seu rendimento. Uma reformulação dos quadros gerenciais assim como a inovação tecnológica provinda da criação do CD ajudou-a a alcançar números parecidos com a da década de 1970. A

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reformulação da empresa fonográfica se deu em âmbito mundial, houve uma maior terceirização das etapas de produção assim como uma otimização dos investimentos na área de produção. O advento do CD também contribuiu para a melhora das vendas, pois foi com a inserção de um novo formato que foi imposta aos consumidores uma nova necessidade. As pessoas que já tinha um determinado título de um artista em LP se viam obrigadas a comprar o mesmo título em CD, e para a empresa este tipo de comércio era altamente lucrativo, já que os investimentos já tinham sido efetuados quando do lançamento da obra em LP.

Portanto, observa-se que foi grande o período de tempo que prosperou a indústria fonográfica e como as inovações tecnológicas foram de grande importância para a melhora dos suportes fonográficos e da forma organizacional das empresas do ramo assim como para a melhora do desempenho dessas empresas. Foi o período de crescimento que possibilitou essas empresas a enfrentarem o período de crise, apostando em outras inovações e reformulando a organização empresarial.

“As novas tecnologias da informação e comunicação possibilitaram novas formas de consumo musical, conseqüentemente a música na internet (streaming), assim como em dispositivos móveis passaram a fazer parte do cotidiano do consumidor” (MARCHI, 2005, p.12). Esse novo cenário tem feito as empresas do ramo fonográfico investir altos recursos em inovações, já que são grandes os prejuízos causados pela perda de alcance de seu formato.

A crescente queda no número de vendas tem ocasionado uma crescente crítica contra as formas pelas quais as grandes empresas fonográficas têm agido no mercado. Segundo dados da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Disco), o índice de pirataria no Brasil passou de 40% em 2005 para 48% em 2006. Ainda de acordo com o relatório, no contexto da internet, em 2006, a APDIF (Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos) retirou 2.416 páginas de internet que disponibilizavam de forma ilegal conteúdo protegido por lei autoral, destacando também que foram removidos 937 usuários ilegais de sites de leilão virtual. Diante desse contexto, as principais produtoras de disco passaram a combater as iniciativas de circulação online, nas quais circulam protegidas por direitos autorais sem o consentimento de seus editores.

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Segundo dados da IFPI (International Federation of the Phonographic Industry) em seu relatório anual de 2005, a venda de discos vem tendo uma crescente queda desde o ano 2000. Neste ano foram registradas queda de 1,2 % na venda de produtos fonográficos e 1,3 % em valores. Até 2004, a maior queda registrada foi a do ano 2003, o qual registrou uma queda de quase 10% nas vendas. O resultado imediato dessa queda nas vendas foi a reorganização das empresas fonográficas, como observado na Sony Music, a qual se fundiu com a BGM como forma de amenizar os efeitos da crise na indústria fonográfica.

Portanto, verifica-se que as novas tecnologias de informação, no que concerne ao manuseamento e distribuição de dados foi altamente prejudicial à indústria fonográfica, obrigando-lhe a incluir novos métodos de agregação e produção, como forma de combater os efeitos negativos de inovações de âmbito informacional.

3.2 A INFLUÊNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) NO QUE CONCERNE A DISTRIBUIÇÃO DE ARQUIVOS DE MÚSICA.

Os aperfeiçoamentos tecnológicos verificados nas décadas de 1970 e 1980, com a criação do LP e CD, respectivamente, foram formas da indústria fonográfica aumentar a qualidade de seus produtos e aumentar o alcance de distribuição. Já nos anos 1990, com a expansão dos meios de comunicação, sobretudo da internet, a indústria fonográfica vê na diversificação do formato dos dados de informação uma afronta a sua hegemonia. O arquivo mp3 é um desses vilões, por se caracterizar como um tipo de compreensão de áudio de alta qualidade e de pequeno tamanho. “Apesar de existir desde a década de 1970, é a partir da década de 1990 que esse tipo de arquivo se populariza, juntamente com o avanço da internet” (MARCHI, 2005, p.17).

Verifica-se que os avanços tecnológicos criadores das tecnologias LP e Cd foram internos ao sistema, ou seja, dentro da própria indústria, enquanto que o advento do mp3 não se caracterizou na formação de novos formatos para comercialização. Juntamente com a proliferação da internet e dos arquivos de mp3, houve o crescimento de locais na internet

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onde esses arquivos pudessem ser compartilhados, comprometendo em maior grau a distribuição de formatos pela indústria fonográfica.

A possibilidade de consumo via internet foi inaugurada graças as redes par a par e em programas pioneiros como o Napster. As redes P2P reúnem principalmente jovens internautas aficionados por música. Essa arena de livre circulação de informação musical e trocas comunicativas criaram um ideal libertário caracterizando a Web como um ambiente para o livre compartilhamento, no qual todos participam ativamente.

O Napster foi o primeiro aplicativo de compartilhamento de arquivos via internet que tornou viável ao usuário comum, sem muita prática com técnicas de informática, o acesso a redes de compartilhamento de músicas par a par. O Napster chegou a ultrapassar 30 milhões de usuários simultaneamente conectados trocando arquivos musicais, isso no auge de sua popularidade.

Tal programa é uma tecnologia que permite a troca de arquivos de músicas no formato mp3, de qualidade comparável ao Cd. O Napster funcionava através de um servidor central, o qual continha um banco de dados de todos usuários onde era armazenado, entre outras coisas, o IP da máquina, o nome do usuário, e a lista de arquivos compartilhados.

Assim, quando o internauta realizava uma busca, uma requisição era enviada para o servidor do diretório, que retornava para o usuário uma lista de todos os outros clientes atualmente

online que continha o arquivo desejado.

O Napster foi popularizado no início do ano 2000. Porém o que encontramos hoje é uma rede de informação altamente interligada com uma burocracia infinitamente menor a observada anteriormente. O compartilhamento se dá de uma forma menos formal, na qual cada pessoa pode acessar a qualquer conteúdo. Para isso foram criados sites assim como provedores cujo único objetivo é o compartilhamento de música.

O controle da pirataria digital é difícil, ao contrário da pirataria física que pode ser facilmente localizada e destruída. Assim fica mais claro de como o advento da internet e das novas tecnologias de informação vêm prejudicando a forma de negociar da empresas da indústria fonográfica. A oferta de sites e provedores especializados surgiu como uma prática inédita,

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que afeta diretamente o monopólio das majors, as principais empresas do mercado fonográfico. A grandeza do espaço digital dificulta a localização e a ação dos órgãos competentes, e em questão de pouco tempo, o agente responsável em baixar música ilegalmente da internet poderá passá-la para outro usuário ou então gravá-la em um suporte físico e comercializar com outras pessoas de uma forma ilegal. A dificuldade de estancar a pirataria digital também está no fato de o MP3 ter uma grande capacidade de armazenamento de arquivos e por ser de fácil aquisição no mercado. Só para se ter uma idéia da grandeza da pirataria digital, só em 2003, quando não havia tantos provedores de música livre como hoje, foram realizados mais de 440 milhões de downloads em provedores como Kazaa, Morpheus, iMesh e eDonkey.

Por fim, observa-se que a popularização do compartilhamento de música pela internet vem adquirindo novas formas, o que de uma maneira geral dificulta o combate da indústria fonográfica contra as novas formas de distribuição digital, o que ocasionalmente provocará a sua maior perdas em receita, assim como do monopólio a que está submetido a produção e distribuição do formato.

3.3 POSSÍVEIS RUMOS E ACORDOS DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA

A idéia de crise na indústria fonográfica nos leva a verificar possíveis rumos como forma de inovação. “A forma mais atual de reinvenção é através do streaming, que consiste como o consumo musical via internet, o qual não necessita um download para ouvir a música, tal mecanismo é observado em sites como o youtube e o my space” (MARCHI, 2005, p.19). Outra válvula de escape muito comum e bastante utilizada em países desenvolvidos como o Japão é o uso do mp3 legal. O consumidor seleciona suas músicas favoritas, a empresa que disponibiliza as músicas é responsável em gravar essas músicas em um CD-R, como se vê o formato ainda mantém a sua utilidade, em um aspecto legalizado.

Com o crescimento da pirataria e dos downloads ilegais, a indústria independente ganha espaço. O que se verifica atualmente é o crescimento dessas empresas, e o mais estranho é que a taxa de lucro não age de forma decrescente como as verificadas na grande indústria fonográfica. Essas empresas independentes se inovam junto com seus artistas, que não vêem

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somente na venda de seus CDs uma forma de gerar lucros. Elas atuam de uma forma mais íntima com o consumidor, sabe de seus gostos pessoais e preferências, entende que o preço dos CDs e derivados da indústria fonográfica são elevados e por isso atuam na forma de reduzir custos. Tal aspecto é verificado quando percebemos que seus produtos são feitos de materiais diferentes como caixas de madeira e papel reciclado. Portanto, o que se verifica são várias as formas que a grande indústria fonográfica pode atuar como forma de minimizar suas perdas. Seja pela adoção de novas tecnologias, o que inclui o uso da internet como forma de divulgar os seus produtos, seja fazendo parcerias com empresas independentes como forma de inovação e aumento na taxa de lucro.

As grandes empresas da indústria fonográfica, desde o seu nascimento, sempre tiveram um lugar privilegiado devido a pequena quantidade de empresas desse tipo atuando no mercado. Com o passar dos anos e com a crescente inovação tecnológica essa indústria se viu ameaçada como nunca se vira antes. Houve uma queda significante na venda de seus produtos, desde o ano 2000 sua taxa de lucro vem decrescendo vertiginosamente, o que nos mostra uma idéia de crise dessa indústria. Várias são os rumos que essas empresas podem tomar como forma de minimizar suas perdas e otimizar o seu processo, são elas: o streaming (o uso da internet como forma de consumo musical, o qual não necessita de downloads para ouvir a música ou assistir um vídeo), as empresas de gravação de CDs-R (estes conteriam músicas pré-selecionadas pelo consumidor, o qual só consumiria as músicas que gostasse) e a união com as pequenas gravadoras independentes (como a Trama ou Rough Trade ) como forma de visualizar novos investimentos e novas formas de produção. Por fim, só cabe a grande indústria fonográfica as formas como essas políticas de inovação deverão ser tomadas e assim readquirir seu espaço na produção e comercialização musical. Porém, diante de tantas alternativas, busca-se saber qual será a responsável em elevar a indústria fonográfica ao seu velho patamar de detentor do poder de expressão musical.

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4 A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA

As novas configurações nas formas de distribuição e a ocorrência de novas práticas de consumo musical, a partir do advento das novas tecnologias de informação, proporcionam uma grande mudança no mercado musical. A partir do avanço dessas tecnologias, nesse novo milênio, assim como o uso de outros formatos e suportes tecnológicos, foram encontradas novas formas de difusão em consumo musical. A popularização do MP3 e da internet favorecem a disseminação e consumo de música em formato digital, acontecendo muitas vezes através de sites de compartilhamento gratuito de dados. Nesse contexto o álbum ou cd, entendidos como suporte fechados, deixam de ser a única e principal forma de lançamentos comerciais, seguindo a crescente demanda de novos consumidores por música digital. Essas transformações mostram uma grande mudança no mercado fonográfico, o qual vê na necessidade de inovação comercial, e até mesmo tecnológica, a única forma de se sobrepor sobre as dificuldades impostas pelas novas tecnologias de informação e como essas novas tecnologias poderão devolver à indústria fonográfica o poder da expressão musical.

A disseminação de trocas de arquivos de música pela internet, através da interatividade da rede, assim como a grande flexibilidade do som digital têm desafiado o formato conservador da indústria fonográfica (o CD), sobretudo na sua formatação comercial. Diante desse contexto, esse trabalho faz uma análise das transformações da indústria fonográfica, abordando as estratégias e inovações proporcionadas pelo desenvolvimento das recentes tecnologias da informação.

Outra forma de inovação por que passa a indústria fonográfica é na área de organização e gerenciamento. Verificamos uma mudança setorial e uma mudança nas etapas de produção causados pela inovação tecnológica. Antes o que se verificava era uma etapa de produção comum a toda a indústria, que continha as seguintes etapas de produção: concepção e planejamento do produto; preparação do artista, do repertório e da gravação; gravação em estúdio; mixagem, preparação de fita máster; confecção da matriz, prensagem/fabricação; controle de qualidade; capa/embalagem; distribuição; marketing/divulgação e difusão. Hoje o que encontramos são as etapas totalmente difusas, algumas partes são feitas pela empresa fonográfica, outras por empresas terceirizadas e até mesmo pelo próprio artista. A seguir,

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neste capítulo, serão explicitadas as mudanças que ocorrem na indústria fonográfica, tanto em âmbito do formato como no âmbito organizacional da empresa, e por fim, será proposta uma alternativa de como otimizar os seus investimentos através de instrumentos de tecnologia e informação de grande abundância no cenário atual.

4.1 A INOVAÇÃO DOS FORMATOS MUSICAIS

As mudanças tecnológicas necessitam de um ambiente adequado para ter o seu potencial explorado. Esse é o caso das inovações que aconteceram nos formatos musicas desde o fim do século XIX até os dias atuais. Essa mudança, por sua vez, vai impulsionar outras inovações, como no caso do relacionamento entre fornecedores e consumidores. A inovação dos formatos musicais causará também uma mudança na organização produtiva e gerencial na indústria fonográfica, nessa nova organização o artista terá um papel com maior independência causado pela não materialidade do formato musical, dependerá apenas da sua música para que possa fazer sucesso e obter um maior reconhecimento.

A história dos formatos musicais nos remete ao fim do século XIX, nesta época ainda não havia a separação entre hardware e software para a reprodução da música. O fonógrafo, inventado em 1877, era responsável em fazer a gravação da música para posteriormente ser reproduzida, ou seja, a música ainda não tinha um caráter popular e uniforme. Desde sua invenção até o final do século XIX poucas foram as inovações no âmbito da gravação e reprodução musical. Por conta deste fato a indústria fonográfica nascente passava por diversas crises, até que em 1890 foi criado o “grafofone” que também utilizava um cilindro gravado que reproduzia sons pela leitura de sulcos em sua superfície. Outra inovação no hardware musical desta época se deu na construção de fonógrafos e gramofones que necessitavam de moedas para seu funcionamento, isso possibilitou uma maior introdução desses equipamentos em ambientes comerciais como bares e restaurantes, o que por sua vez, também fazia uma propaganda do equipamento, que depois poderia ser adquirido pelas pessoas para que pudessem utilizá-lo em sua residência. A possibilidade da entrada desses aparelhos nas casas das pessoas fez com que as empresas fabricantes melhorassem seus produtos além de melhorar também o seu preço como forma de fazer frente à concorrência. Estes fatos inspiraram as idéias para a realização de uma tecnologia mais bem sucedida: o disco gravado ou o gramofone, que realizava somente a reprodução dos discos e não permitia a gravação.

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Surgia nesta época a diferenciação de hardware e software no que concerne à indústria fonográfica, já que o gramofone era o aparelho responsável em reproduzir a música do formato enquanto que o disco de borracha rígida de 7” era o formato musical propriamente dito.

A criação do gramofone possibilitou à companhia inventora um monopólio de curto prazo, esse monopólio, por sua vez, foi responsável em causar a quebra de grandes empresas fonográficas na época. A falta de liderança tecnológica também foi causa de grandes perdas, já que quando da criação do gramofone não havia um suporte tecnológico comum às grandes empresas, o que foi responsável em causar uma grande incompatibilidade dos diferentes suportes fonográficos. Somente após a união das três maiores companhias musicais daquela época (Edison, Victor e Columbia) que foi possível a compatibilidade entre softwares e hardwares. Essa união tecnológica foi responsável em tornar a indústria fonográfica uma das mais rentáveis da indústria cultural, fato este exemplificado pela venda de mais de 3 milhões de discos de 7” somente nos Estados Unidos da América no ano de 1900. A alta dos preços do gramofone e a entrada de diversas empresas no ramo fonográfico, unidas à concorrência das rádios, foram responsáveis em causar uma queda das vendas a partir da década de 1920. Este fato impulsionou as empresas atuantes desta indústria a introduzir novas formas de gravação que consistia na utilização de microfones e amplificadores eletrônicos dentro de um estúdio. Outra inovação se deu também na criação do rádio-fonógrafo, que tinha a capacidade de gravar aquilo que era veiculado nas rádios. Porém, essas inovações não conseguiram evitar a crise no mercado fonográfico que entrou em estagnação com a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929.

Somente após a Segunda Guerra Mundial houve uma maior demanda por produtos fonográficos, demanda essa que também acompanhou o boom de consumo nos países aliados aos EUA. As empresas fonográficas, para fazer frente a essa maior demanda, criaram o compacto de 10” pelo fato de ser mais resistente e conter uma maior capacidade no armazenamento de música. Com a intensificação do comércio de música, houve a crescente necessidade da criação de suportes cada vez mais resistentes. Essa necessidade foi inspiradora da criação dos “V-discs” que nada mais eram que compactos de 16” feitos com uma borracha mais flexível e resistente. O aperfeiçoamento tecnológico desta época foi responsável em uma maior reprodução das músicas nas rádios, o que viria a aprofundar a legislação sobre direitos autorais e sobre royalties. O fim da Segunda Guerra Mundial também foi importante ao

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impulsionar uma maior troca de tecnologias entre os países. No que se refere à indústria fonográfica foi importante a contribuição da tecnologia alemã no processo de gravação. “A tecnologia de gravação magnética foi importante ao ser a base do processo de gravação de fitas que eram utilizadas em estúdio” (BARRETO, 1992, p.15), o que por sua vez, contribuiria para a melhora da gravação de disco. Além da mudança dos formatos musicais havia a mudança dos reprodutores, mas não em termos de diferença de leitura de suporte, mas sim em fidelidade na reprodução, ou seja, a gravação era escutada de uma forma mais nítida. Essa tecnologia posteriormente foi repassada a maioria dos reprodutores musicais. Somente em 1948 haveria uma mudança mais profunda nos suportes musicais, houve a introdução do compacto de 45” que viria a ser utilizado como single e do LP (long play) que viria a ser utilizado como álbum.

A utilização do LP impulsionou significadamente o número de vendas da indústria fonográfica. Seu sucesso foi responsável em um maior direcionamento pela portabilidade por parte de várias empresas do ramo fonográfico. A portabilidade musical dependeria de uma fonte energética que não necessitasse do uso de tomadas, o uso do transistor foi importante neste aspecto, pois carregava uma grande capacidade energética num dispositivo que não pesava muito. O uso dos transistores foi responsável por proporcionar uma maior venda de equipamentos fonográficos para o público mais jovem, foi responsável também na remodelação dos aparelhos reprodutores de música, tanto nos que reproduziam LP quanto nos que reproduziam fita cassete compacto. A criação da fita de cassete compacto se deu na década de 1960, porém seu uso não tinha sido popularizado até a utilização dos transistores nos aparelhos reprodutores e pela fabricação desse formato por parte de empresas asiáticas. O cassete compacto não se popularizou por ter um preço maior que o LP e uma baixa fidelidade em sua reprodução.

Um suporte musical contemporâneo ao LP e a fita de cassete compacto foi a fita de 8 canais, que foi desenvolvida para ser reproduzida em sons automotivos, mas também poderia ser utilizada em aparelhos domésticos. “O uso da fita de 8 canais foi muito importante em seu principio, mostrados pelo 33% de participação no mercado fonográfico em 1970” (SÁ,2006,p.5). Ela foi importante também ao inspirar diversas inovações que seriam utilizadas posteriormente na fabricação das fitas K7. “Inovações como a redução de ruídos Dolby D e a criação das fitas de metal ajudaram a ampliar o mercado das fitas K7” (BARRETO, 1992, p.15). Porém o que mais contribuiu para a popularização foi a criação do walkman, que ajudou a fita K7 a tomar o lugar do LP como tecnologia predominante dos

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suportes musicais no começo dos anos 1990. A popularização do K7 fez com que as empresas fonográficas produzissem em menor escala o LP, sendo produzidos somente os lançamentos. Isso fez com que a indústria fonográfica redirecionasse seus investimentos. A melhor alocação dos recursos, juntamente com a conjuntura econômicas da época, levou a indústria fonográfica a um de seus melhores momentos desde o seu nascimento, porém uma melhora de seus lucros não significava a queda pela pesquisa e busca de novas oportunidades tecnológicas. A necessidade de uma melhora de seus equipamentos tanto de hardware como de software levou as grandes empresas deste ramo à criação de um dos formatos mais populares atualmente, o CD.

O CD (Compact Disc) foi criado em meados dos anos 1980 através da união da Phillips e da Sony. Ele tinha a característica de possuir uma maior capacidade de tempo e por ter um tamanho menor que o do LP, além de ser digital, o que caracterizaria o gigante salto qualitativo em matéria de sofware musical. Com a introdução do CD no mercado, o consumidor se via obrigado a comprar um novo aparelho reprodutor de música. Este fato ocasionou vendagens baixas dos primeiros aparelhos reprodutores de CD. Assim como da introdução do K7 quando o LP era predominante, os dois formatos eram comercializados simultaneamente, quando o preço do reprodutor de CD caia ano após ano o comercio desse formato musical ia aumentando. Por outro lado, o uso da tecnologia digital também melhorou as técnicas de gravação utilizadas nos estúdios. Gravar um álbum estava ficando cada vez mais barato e com uma melhor qualidade comparando-se com os álbuns gravados há uma década. O CD trouxe diversas benefícios para a indústria fonográfica, tanto no que se refere a qualidade de seus produtos como custo e logística, porém o CD era um formato mais fácil de ser falsificado que o LP. Posteriormente essa falsificação seria uma das grandes responsáveis em levar a indústria fonográfica em crise.

Com a intensificação do uso da rede de computadores, o uso de suportes físicos para a reprodução musical ficou em evidência. À medida que o uso da internet se popularizava maior era a troca de música em formato digital por parte dos internautas. Não havia mais a necessidade de um suporte para se consumir música, só a música bastava. A intensificação de troca de arquivos digitais na internet influenciou a criação de diversos sites e bancos de compartilhamento de música, endereços como o Kazaa e o Napster tiveram grande sucesso no início dos anos 2000. O uso da internet para a captação de música gratuita também prejudicou os artistas no repasse das verbas devidas pelas empresas fonográficas. Uma luta constante foi

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