Data:
Kant e a pretensão
de uma moral universal
Immanuel Kant nasceu em Königsberg, Prússia,
em 22 de abril de 1724, e morreu em 12 de fevereiro de 1804. Kant foi considerado como o último grande filósofo dos princípios da Era Moderna, um representante do iluminismo, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes. Kant é famoso sobretudo pela sua concepção conhecida como idealismo transcendental – todos nós trazemos formas e conceitos inatos para a experiência crua do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. Kant desenvolve a sua filosofia moral em três obras: Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), Crítica da razão prática (1788) e
Metafísica dos costumes (1798).
Nesta área, Kant é provavelmente mais bem conhecido pela sua teoria sobre uma obrigação moral única e geral, que explica todas as outras obrigações morais que temos: o imperativo
categórico.
Biografia de
Kant
Contexto histórico
• A moral Iluminista:
Exalta a capacidade humana de conhecer e agir pela “luz da razão”.
Critica a religião que submete a pessoa à
heteronomia, subjuga-a a preconceitos e a conduz ao fanatismo.
Rejeita toda tutela que resulta do princípio de autoridade.
Defende o ideal de tolerância e autonomia.
Fornece como justificações para a norma moral: a lei natural, o interesse e a própria razão.
Crítica da razão pura
: o que
posso saber?
Crítica da razão prática
: o que
devo fazer?
Crítica da faculdade de julgar
: o
que me é permitido esperar?
Qual a finalidade da moral
kantiana
Kant atribui à moral a finalidade de
descobrir e revelar o princípio que a razão do homem prático – razão
prática – usa sem conhecer:
1) fatos ou dados éticos; 2) a lei que fatos atestam;
3) a faculdade que age de acordo com essa lei (cf. Crítica da razão prática).
Qual a finalidade da moral
kantiana
Causalidade segundo as leis da natureza Necessidade
X
Causalidade segundo as leis da liberdade Liberdad eObs.: Terceira antinomia exposta na Crítica da razão pura.
Para Kant, a consciência moral ordinária
percebe muito claramente que o valor ético de uma ação não depende dos seus resultados externos, mas da vontade interior que lhe dá origem.
A moralidade não pode derivar-se de
uma subordinação à autoridade, e é aí que Kant separa moral da obediência passiva a preceitos religiosos.
Para Kant, a moral não procede do sentimento,
pois este é necessariamente empírico, egoísta, e nasce, em última análise, do instinto de felicidade que é o oposto da moralidade.
O critério de moral é, para Kant a autonomia
ou qualidade característica de que a vontade tem de ser sua própria lei.
A heteronomia, ou desejo de agir de acordo
com um motivo alheio à vontade representa, para ele, imoralidade.
Para Kant, quem se submete inteiramente aos sentimentos
e emoções (natureza) não pode possuir autonomia moral.
A natureza nos impele a agir por interesse, nos levando a
usar as coisas e pessoas como meios e instrumentos para atingirmos o que desejamos.
A moral nos obriga a passar das motivações do interesse para o dever.
A liberdade não se confunde com a satisfação irracional de
todos os impulsos.
Princípios da moral
kantiana
A razão cria normas e fins morais,
e os impõe a si mesma.
Esta imposição a si mesma do que
ela própria criou é o que Kant
chama de DEVER.
Se somos seres livres e racionais,
por que as leis morais precisam
assumir a forma do dever, por que
não são espontâneas?
Porque não somos apenas
seres morais, somos seres
naturais: nosso corpo é feito
de apetites e impulsos.
“O homem é um cidadão de dois mundos.” ( Kant)
A vontade como lei interior,
implicada na razão prática, encontra oposição em nós em virtude de nossa natureza sensória, fenomenal e não exclusivamente racional. É por isso que ele a chama de lei, que se expressa, por meio de uma injunção
absoluta, um “imperativo
categórico”.
Moral
Para Kant, o dever requer que cada um
se dispa de todo interesse pessoal e toda busca de felicidade imediata.
Para ele, a tarefa que nos obriga a
executar essa lei moral é que devemos respeitar o valor das outras pessoas, valor que reside no fato de elas serem também orientadas em direção à
autonomia.
Segundo Kant, é “a concepção
de um princípio objetivo que se
impõe necessariamente a uma
vontade
, e a fórmula desse
mandamento
chama-se
imperativo”.
(cf. FMC)O que é um
O imperativo é uma regra prática dada a um
ente cuja razão não determina inteiramente a vontade. Essa regra expressa a necessidade objetiva da ação, de tal modo que a ação ocorreria inevitavelmente de acordo com a regra se a vontade estivesse determinada pela razão. Esse é o motivo como os imperativos são objetivamente válidos, ao contrário das máximas, que são princípios subjetivos.
Imperativos hipotéticos ou condicionais
Os mandamentos da razão são condicionados pelos fins que se pretendem alcançar. Os imperativos hipotéticos.
Determinam as condições de causalidade do ser racional como causa eficiente, isto é, em relação ao efeito e os meios de obtê-lo.
Imperativos categóricos ou absolutos
Os mandamentos da razão não são condicionados por nenhum fim, de tal modo que
a ação se realiza por si mesma e é um bem em si mesma. Os imperativos
categóricos determinam
apenas a vontade, tanto se ela for adequada ao efeito como se não for.
O imperativo categórico, em termos
gerais, é uma obrigação incondicional,
ou uma obrigação que temos
independentemente de qualquer
propriedade dos objetos da volição
(em contraste com o imperativo
hipotético). Assim a autonomia da
vontade é a propriedade pela qual ela se constitui uma lei para si mesma.
O que é o imperativo categórico?
A
primeira formulação
(a fórmula da
lei universal) diz:
“Age somente em concordância com
aquela máxima através da qual tu
possas ao mesmo tempo
querer
que
ela venha a se tornar uma
lei
universal
.”
Três formas do imperativo categórico:
A
segunda fórmula
(a
fórmula da humanidade) diz:
“Age por forma a que uses a
humanidade
, quer na tua pessoa
como de qualquer outra, sempre ao
mesmo tempo
como fim
, nunca
meramente
como meio
.”
A terceira fórmula
(a fórmula da autonomia) é uma síntese das duas prévias.
Diz que deveremos agir por forma a que
possamos pensar de nós próprios como
leis
universais legislativas
através das nossas
máximas. Podemos pensar em nós como tais
legisladores
autônomos
apenas
se
seguirmos as nossas próprias leis.
A idéia de que a moral independe da teologia e tem base original na
razão
prática
do homem.A idéia de que a nossa moral só pode
derivar de nossa
vontade
, exercida nasua
autonomia
, isto é, livre de qualquer relação com seus objetos.Conseqüências da moral
Kantiana
A idéia da independência do dever em
relação a qualquer sistema de fins baseados no interesse, isto é, desprezo pela moral da utilidade ou da felicidade.
A idéia de que a lei moral se estende
além dos limites individuais do homem e exige que o homem se considere como cidadão de um reino de pessoas e, conseqüentemente, considerar a pessoa humana sempre como fim e nunca como meio.
Razão prática
= instrumento para compreender o mundo dos costumes e orientar o indivíduo na sua ação.
Vontade moral é movida por imperativos categóricos Agir moralmente funda-se
exclusivamente na razão prática
Lei moral » universal e necessária à preservação da dignidade humana Autonomia racional para deliberar,
Ética Kantiana
Virtude Máximas morais
Dever
- Imperativo categórico - - Conjugar querer e dever -Autonomia
Vontade guiada pela finalidade Liberdade
1. HERRERO, F. J. A moral de Kant. In: Síntese – Revista de Filosofia (17-36).
2. PASCAL, Georges. O pensamento de Kant.
3. VAZ, H. C. L. Escritos de filosofia IV: introdução à moral filosófica.