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Solução da equação de difusão de nêutrons multigrupo multirregião estacionária em geometria cartesiana pelo método da potência via fronteiras fictícias

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Academic year: 2021

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Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Modelagem Matem ´atica

Dissertac¸ ˜ao

Soluc¸ ˜ao da Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo Multirregi ˜ao Estacion ´aria em Geometria Cartesiana pelo M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras

Fict´ıcias

Rodrigo Zanette

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Soluc¸ ˜ao da Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo Multirregi ˜ao Estacion ´aria em Geometria Cartesiana pelo M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras

Fict´ıcias

Dissertac¸ ˜ao apresentada ao Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Modelagem Matem ´atica da Universidade Federal de Pelotas, como re-quisito parcial `a obtenc¸ ˜ao do t´ıtulo de Mestre em Modelagem Matem ´atica

Orientador: Prof. Dr. Claudio Zen Petersen

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Z28s Zanette, Rodrigo

ZanSolução da equação de difusão de nêutrons multigrupo multirregião estacionária em geometria cartesiana pelo método da potência via fronteiras fictícias / Rodrigo Zanette ; Claudio Zen Petersen, orientador. — Pelotas, 2017.

Zan70 f.

ZanDissertação (Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Modelagem Matemática, Instituto de Física e

Matemática, Universidade Federal de Pelotas, 2017.

Zan1. Equação da difusão de nêutrons. 2. Método da potência. 3. Fronteiras fictícias. 4. Interpolação. I. Petersen, Claudio Zen, orient. II. Título.

CDD : 539.7213 Elaborada por Ubirajara Buddin Cruz CRB: 10/901

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No final deste ciclo, grande ´e a minha gratid ˜ao a todos que propiciaram meu cres-cimento humano e intelectual. De modo especial, agradec¸o a Deus pelo dom da vida e por todos os sinais de provid ˆencia.

Agradec¸o a minha fam´ılia que sempre me apoiou e incentivou ao longo de todos os anos de estudo.

Agradec¸o ao meu orientador Prof. Claudio Zen Petersen pela oportunidade de realizac¸ ˜ao deste trabalho, pela orientac¸ ˜ao, pelos ensinamentos e pela amizade.

Agradec¸o a todos os professores e colegas do Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Modelagem Matem ´atica da UFPel pela troca de conhecimento, pela amizade e pelo apoio.

Por fim, agradec¸o a Coordenac¸ ˜ao de Aperfeic¸oamento de Pessoal de N´ıvel Supe-rior (CAPES) pelo suporte financeiro.

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ZANETTE, Rodrigo. Soluc¸ ˜ao da Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo Multirregi ˜ao Estacion ´aria em Geometria Cartesiana pelo M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras Fict´ıcias. 2017. 70 f. Dissertac¸ ˜ao (Mestrado em Modelagem Matem ´atica) – Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Modelagem Matem ´atica, Instituto de F´ısica e Matem ´atica, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017.

Neste trabalho ´e apresentada uma soluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons multigrupo multirregi ˜ao estacion ´aria em geometria cartesiana pelo m ´etodo da pot ˆencia via fronteiras fict´ıcias. A equac¸ ˜ao ´e resolvida aplicando um m ´etodo iterativo de fonte, denominado m ´etodo da pot ˆencia, que consiste em resolver a equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons a cada iterac¸ ˜ao, em que o termo fonte ´e sempre atualizado pelo fluxo de n ˆeutrons da iterac¸ ˜ao anterior. Esse processo ´e mantido at ´e um determinado crit ´erio de parada para a converg ˆencia da soluc¸ ˜ao. Entretanto, em cada nova iterac¸ ˜ao, o termo fonte recebe novos termos, o que torna o processo muito trabalhoso. Para superar este problema ´e proposta a reconstruc¸ ˜ao do fluxo de n ˆeutrons atrav ´es de uma interpolac¸ ˜ao. Assim, a soluc¸ ˜ao permanece em uma forma padr ˜ao para todas as iterac¸ ˜oes. Todavia, quando se modelam problemas com longos dom´ınios e v ´arias regi ˜oes, necessitam-se polin ˆomios de alta ordem para descrever o fluxo de n ˆeutrons com precis ˜ao. Neste processo de interpolac¸ ˜ao as matrizes envolvidas possuem grandes dimens ˜oes, tanto devido `a ordem do polin ˆomio quanto ao n ´umero de pontos do dom´ınio. A fim de reduzir a ordem do polin ˆomio e as dimens ˜oes das matrizes envolvidas, para tornar o processo mais r ´apido do ponto de vista computacional, o dom´ınio ´e subdividido em R regi ˜oes fict´ıcias na qual interpola-se e resolve-se a equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons localmente em cada uma dessas regi ˜oes. As constantes arbitr ´arias que surgem da soluc¸ ˜ao homog ˆenea s ˜ao encontradas aplicando condic¸ ˜oes de contorno, continuidade de fluxo e continuidade de densidade de corrente nas interfaces. Para analisar a sensibilidade dos par ˆametros nucleares na converg ˆencia e no comportamento da soluc¸ ˜ao ´e introduzida uma perturbac¸ ˜ao em cada par ˆametro de mesma ordem de magnitude, utilizando uma flutuac¸ ˜ao rand ˆomica multiplicada por uma constante. Os resultados obtidos s ˜ao comparados com os resultados presentes na literatura.

Palavras-chave: Equac¸ ˜ao da Difus ˜ao de N ˆeutrons, M ´etodo da Pot ˆencia, Fronteiras Fict´ıcias, Interpolac¸ ˜ao.

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ZANETTE, Rodrigo. Solution of the Stationary Multi-layer Multi-group Neutron Diffusion Equation in Cartesian Geometry by Fictitious Borders Power Method. 2017. 70 f. Dissertac¸ ˜ao (Mestrado em Modelagem Matem ´atica) – Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Modelagem Matem ´atica, Instituto de F´ısica e Matem ´atica, Univer-sidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017.

In this work it is presented a solution of the stationary multi-layer multi-group neu-tron diffusion equation in cartesian geometry by fictitious borders power method. The equation is solved applying the iterative power method that consists in solving the neu-tron diffusion equation for each iteration in which the source term is always updated by neutron flux on the previous iteration. This process is held until a determined stop criterion for the convergence of the solution. However, for each new iteration, new terms are added, which becomes very laborious. To overcome this problem it is pro-posed the reconstruction of the neutron flux by interpolation. The solution remains in a standard form for all iterations. Nevertheless, when the problem has large dimensions and various regions, polynomials of high order to describe the neutron flux accurately are needed. In this interpolation process the matrices involved have large dimensions, both due to the order of the polynomial as the number of domain points. With the aim of reducing the order of the polynomial and the dimensions of the matrices in-volved, making the process faster in computational point of view, the domain is divided into R fictitious regions that interpolates and solves the diffusion equation neutron lo-cally in each region. The arbitrary constants arising from solution of the homogeneous problem are found by apply boundary conditions, flux and current density continuity at interfaces. To analyze the sensitivity of the nuclear parameters in the convergence and behavior of the solution it is inserted a perturbation for each parameter of same mag-nitude order using a random fluctuation multiplied by a constant. The results obtained are compared with results present in the literature.

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Figura 1 Volume arbitr ´ario V com ´area de superf´ıcie A. . . 21

Figura 2 Representac¸ ˜ao de uma problema com duas regi ˜oes reais e R regi ˜oes fict´ıcias. . . 32

Figura 3 Regi ˜oes fict´ıcias transladadas. . . 32

Figura 4 Gr ´afico do CT1-2G1R. . . 35

Figura 5 Gr ´afico do CT1-2G2R. . . 37

Figura 6 Gr ´afico do CT2-2G2R. . . 39

Figura 7 Gr ´afico do CT3-2G3R. . . 41

Figura 8 Gr ´aficos do fluxo de n ˆeutrons r ´apido: com e sem perturbac¸ ˜ao. . . 45

Figura 9 Gr ´aficos do fluxo de n ˆeutrons t ´ermico: com e sem perturbac¸ ˜ao.. . . 46

Figura 10 Esboc¸o de uma placa plana com suas r regi ˜oes. . . 49

Figura 11 Adaptando o dom´ınio para a soluc¸ ˜ao do problema. . . 52

Figura 12 Fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apido e t ´ermico do problema homog ˆeneo quando y = 0. . . 54

Figura 13 Fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apido e t ´ermico do problema homog ˆeneo.. . . 54

Figura 14 Ilustrac¸ ˜ao da configurac¸ ˜ao do problema heterog ˆeneo. . . 55

Figura 15 Gr ´afico do fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apido nos cortes transversais em y = 2e y = 6. . . 57

Figura 16 Gr ´afico do fluxo escalar de n ˆeutrons t ´ermico nos cortes transversais em y = 2e y = 6. . . 57

Figura 17 Ilustrac¸ ˜ao do gr ´afico do fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apido. . . 58

Figura 18 Ilustrac¸ ˜ao do gr ´afico do fluxo escalar de n ˆeutrons t ´ermico. . . 58

Figura 19 Ilustrac¸ ˜ao do fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apido perturbado no corte trans-versal em y = 6. . . 60

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Tabela 1 Par ˆametros nucleares do CT1-2G1R. . . 34

Tabela 2 Autovalores dominantes (Kef f) para CT1-2G1R. . . 34

Tabela 3 Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT1-2G1R. . . 35

Tabela 4 Par ˆametros nucleares do CT1-2G2R. . . 36

Tabela 5 Autovalores dominantes (Kef f) para CT1-2G2R. . . 36

Tabela 6 Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT1-2G2R. . . 37

Tabela 7 Par ˆametros nucleares do CT2-2G2R. . . 38

Tabela 8 Autovalores dominantes (Kef f) para CT2-2G2R. . . 38

Tabela 9 Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT2-2G2R. . . 38

Tabela 10 Par ˆametros nucleares do CT3-2G3R. . . 39

Tabela 11 Resultados do Kef f e da pot ˆencia por regi ˜oes para CT3-2G3R.. . . 40

Tabela 12 Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT3-2G3R. . . 40

Tabela 13 Percentuais m ´aximos da perturbac¸ ˜ao. . . 42

Tabela 14 Perturbac¸ ˜ao dos par ˆametros nucleares. . . 43

Tabela 15 Valores dos Kef f para cada par ˆametro perturbado. . . 44

Tabela 16 Par ˆametros nucleares do problema homog ˆeneo. . . 52

Tabela 17 Valores de cada termo do somat ´orio. . . 53

Tabela 18 Fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apidos do problema homog ˆeneo. . . 53

Tabela 19 Fluxo escalar de n ˆeutrons t ´ermicos do problema homog ˆeneo.. . . 54

Tabela 20 Par ˆametros nucleares do problema heterog ˆeneo. . . 55

Tabela 21 Fluxo escalar de n ˆeutrons r ´apidos do caso heterog ˆeneo. . . 56

Tabela 22 Fluxo escalar de n ˆeutrons t ´ermicos do caso heterog ˆeneo. . . 56

Tabela 23 Perturbac¸ ˜ao dos par ˆametros nucleares do caso bidimensional. . . 59

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EDNMM Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo Multirregi ˜ao EDO Equac¸ ˜ao Diferencial Ordin ´aria

EDO’s Equac¸ ˜oes Diferenciais Ordin ´arias EFG Element-free Galerkin

GITT T ´ecnica da Transformada Integral Generalizada MEC M ´etodo de Elementos de Contorno

MEF M ´etodo dos Elementos Finitos

MEFG M ´etodo dos Elementos Finitos Galerkin MMR M ´etodo de Matrizes Respostas

MPFF M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras Fict´ıcias TFFS Transformada Finita de Fourier Seno

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A Area da superf´ıcie, [cm´ 2].

D(~u) Coeficiente de difus ˜ao no ponto ~u, [cm]. Dg Coeficiente de difus ˜ao do grupo g, [cm].

Dg(r) Coeficiente de difus ˜ao do grupo g na regi ˜ao r, [cm].

dA Elemento de ´area da superf´ıcie, [cm2].

E Quantidade de energia gerada por fiss ˜ao, [M eV ]. g Grupo de energia, no qual g = 1 : G.

G N ´umero de grupo de energia. ~

J (~u, t) Densidade de corrente de n ˆeutrons no ponto ~uno tempo t, [cm−2s−1]. Kef f Fator de multiplicac¸ ˜ao efetivo.

~n Vetor unit ´ario na direc¸ ˜ao de sa´ıda do volume V .

n(~u, t) Densidade de n ˆeutrons no ponto ~uno tempo t, [cm−3]. P Pot ˆencia prescrita, [W ].

b

P Pot ˆencia gerada, [W ]. r Regi ˜oes reais.

R N ´umero de regi ˜oes fict´ıcias. S Fonte de n ˆeutrons, [cm−3s−1].

S(~u, t) Fonte de n ˆeutrons no ponto ~uno tempo t, [cm−3s−1].

Sg(~u, t) Fonte de n ˆeutrons do grupo g no ponto ~uno tempo t, [cm−3s−1].

Sext

g Fonte externa de n ˆeutrons do grupo g, [cm

−3s−1].

t Tempo, [s].

~u Posic¸ ˜ao espacial, [cm]. v Velocidade escalar, [cm s−1].

vg Velocidade escalar do grupo g, [cm s−1].

V Volume arbitr ´ario, [cm3].

(13)

λtr Livre caminho m ´edio de transporte, [cm].

¯

µ Cosseno do ˆangulo m ´edio de espalhamento.

νg N ´umero m ´edio de n ˆeutrons liberado por fiss ˜ao do grupo g.

Σ Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica, [cm−1].

Σa(~u) Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de absorc¸ ˜ao no ponto ~u, [cm−1].

Σag(~u) Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de absorc¸ ˜ao do grupo g no ponto ~u, [cm−1].

Σf Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de fiss ˜ao, [cm−1].

Σf g Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de fiss ˜ao do grupo g, [cm−1].

Σ(r)f g Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de fiss ˜ao do grupo g na regi ˜ao r, [cm−1].

Σs Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de espalhamento, [cm−1].

Σsg0g Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de espalhamento do grupo g0 para o grupo

g, [cm−1].

Σ(r)sg0g Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de espalhamento do grupo g0 para o grupo g

na regi ˜ao r, [cm−1].

ΣR Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de remoc¸ ˜ao, [cm−1].

ΣRg Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de remoc¸ ˜ao do grupo g, [cm−1].

Σ(r)Rg Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de remoc¸ ˜ao do grupo g na regi ˜ao r, [cm−1]. Σt Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica total, [cm−1].

Σtr Sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de transporte, [cm−1].

~

ϕ Vetor fluxo escalar de n ˆeutrons, [cm−2s−1].

φ(~u, t) Fluxo escalar de n ˆeutrons no ponto ~uno tempo t, [cm−2s−1].

φg Fluxo escalar de n ˆeutrons do grupo g, [cm−2s−1].

φ(r)g Fluxo escalar de n ˆeutrons do grupo g na regi ˜ao r, [cm−2s−1].

φNg Fluxo escalar de n ˆeutrons do grupo g normalizado pela pot ˆencia, [cm−2s−1]. χg Espectro integrado de fiss ˜ao do grupo g.

ψRg Fluxo escalar de n ˆeutrons na regi ˜ao fict´ıcia R do grupo g, [cm−2s−1].

b

(14)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . . 14

2 FORMULAC¸ ˜AO DO MODELO F´ISICO-MATEM ´ATICO DE EQUAC¸ ˜AO DA DIFUS ˜AO DE N ˆEUTRONS . . . . 20

2.1 Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons . . . . 21

2.1.1 Teoria multigrupo para a Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons . . . 25

2.1.2 Problemas de autovalores . . . 27

3 SOLUC¸ ˜AO DA EQUAC¸ ˜AO DE DIFUS ˜AO DE N ˆEUTRONS MULTIGRUPO MULTIRREGI ˜AO ESTACION ´ARIA UNIDIMENSIONAL EM GEOMETRIA CARTESIANA . . . . 28

3.1 Metodologia para o caso unidimensional . . . . 28

3.1.1 M ´etodo da pot ˆencia via fronteiras fict´ıcias (unidimensional) . . . 30

3.2 Resultados para o caso unidimensional . . . . 34

3.2.1 Caso Teste 1 (CT1) . . . 34

3.2.2 Caso Teste 2 (CT2) . . . 37

3.2.3 Caso Teste 3 (CT3) . . . 39

3.3 An ´alise perturbativa para o caso unidimensional . . . . 41

4 SOLUC¸ ˜AO DA EQUAC¸ ˜AO DE DIFUS ˜AO DE N ˆEUTRONS MULTIGRUPO MULTIRREGI ˜AO ESTACION ´ARIA BIDIMENSIONAL EM GEOMETRIA CARTESIANA . . . . 48

4.1 Metodologia para o caso bidimensional . . . . 48

4.1.1 M ´etodo da pot ˆencia via fronteiras fict´ıcias (bidimensional) . . . 49

4.2 Resultados para o caso bidimensional . . . 51

4.2.1 Problema homog ˆeneo . . . 52

4.2.2 Problema heterog ˆeneo . . . 55

4.3 An ´alise perturbativa para o caso bidimensional . . . . 58

5 CONCLUS ˜AO . . . . 61

REFER ˆENCIAS . . . . 63

AP ˆENDICE A TIPOS DE REATOR . . . . 67

AP ˆENDICE B COMPARAC¸ ˜AO DO FLUXO DE N ˆEUTRONS COM E SEM INTERPOLAC¸ ˜AO . . . . 69

(15)

O crescimento econ ˆomico de um pa´ıs est ´a diretamente relacionado `a sua capaci-dade produtiva de energia, conforme o pa´ıs se desenvolve, mais energia ´e consumida. Assim ´e de suma import ˆancia diversificar e ampliar a matriz energ ´etica, priorizando os investimentos em energias que n ˜ao liberem res´ıduos no meio ambiente, como CO2,

atendendo o Protocolo de Quioto (BRASIL (2004)) e mais recentemente o Acordo de Paris (UNITED NATIONS (2015)).

Neste contexto, a energia provinda de reatores nucleares est ´a sendo vista como uma ´otima alternativa, uma vez que al ´em de atender ao protocolo e o acordo, n ˜ao possui depend ˆencia de fatores clim ´aticos, como ´e o caso das usinas hidroel ´etricas. Al ´em disso, apresenta enorme efici ˆencia e pequenos volumes de combust´ıvel, quando comparada com a queima de combust´ıveis f ´osseis: carv ˜ao, ´oleo ou g ´as natural (ROSA (2007)). Tem-se que para cada ´atomo de carbono em uma reac¸ ˜ao de combust ˜ao s ˜ao liberados 4, 0eV , enquanto que para cada ´atomo de ur ˆanio fissionado produz-se cerca de 200 milh ˜oes de eV . Deste modo, um ´atomo de ur ˆanio em fiss ˜ao ´e respons ´avel por liberar aproximadamente 50 milh ˜oes de vezes mais energia que um ´atomo de carbono em combust ˜ao LEWIS (2008).

Recentemente, o ent ˜ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou a reestruturac¸ ˜ao do Programa Nuclear Brasileiro com a flexibilizac¸ ˜ao do monop ´olio da Uni ˜ao em toda cadeia produtiva nuclear. Com a participac¸ ˜ao da iniciativa privada, est ´a previsto a construc¸ ˜ao de quatro novas usinas nucleares at ´e 2030 e de mais oito at ´e 2050 (BRASIL NUCLEAR (2015)). Deste modo, o Brasil entra de vez no cen ´ario mun-dial dos pa´ıses que geram de forma significativa a energia nucleoel ´etrica atendendo a necessidade energ ´etica do pa´ıs.

A produc¸ ˜ao deste tipo de energia exige um continuo estudo do fen ˆomeno f´ısico e dos modelos matem ´aticos que o descrevem, visando um processo mais eficiente e seguro. O enfoque principal na produc¸ ˜ao de energia nucleoel ´etrica ´e o controle da populac¸ ˜ao de n ˆeutrons dentro dos reatores nucleares, pois estas part´ıculas s ˜ao as res-pons ´aveis pela fiss ˜ao nuclear. Ao fissionar um ´atomo de ur ˆanio-235 s ˜ao gerados pelo menos outros dois ´atomos de n ´umero at ˆomico menor que seu precursor. Tamb ´em h ´a

(16)

liberac¸ ˜ao de energia (calor) e aproximadamente 2 a 3 novos n ˆeutrons (LEWIS (2008)). Esses n ˆeutrons por sua vez s ˜ao respons ´aveis pelo fiss ˜ao de outros ´atomos de ur ˆanio, estabelecendo assim uma reac¸ ˜ao em cadeia autossustent ´avel. Para que esta reac¸ ˜ao n ˜ao fuja do controle e provoque um acidente nuclear ´e feito um controle da populac¸ ˜ao de n ˆeutrons de uma gerac¸ ˜ao para a outra subsequente. O ideal ´e que a raz ˜ao entre a populac¸ ˜ao de n ˆeutrons de uma gerac¸ ˜ao e da gerac¸ ˜ao anterior seja em torno de 1. Esta raz ˜ao chama-se criticalidade ou fator de multiplicac¸ ˜ao efetivo. Caso esta raz ˜ao seja menor que 1, o reator est ´a no estado subcr´ıtico, quando for igual a 1, no estado cr´ıtico, e se for maior que 1 supercr´ıtico. Esse fator de multiplicac¸ ˜ao efetivo (Kef f) ou

criticalidade ´e um dos principais c ´alculos a serem realizados em f´ısica de reatores n ˜ao s ´o para fins de licenciamento, mas tamb ´em para o acompanhamento e operac¸ ˜ao de uma usina nuclear durante seu tempo de vida.

Com o passar do tempo, novos modelos e m ´etodos s ˜ao propostos para realizar es-ses c ´alculos, por ´em deve-se sempre realizar testes para verificar, tanto a capacidade do modelo, quanto ao do m ´etodo a ser empregado de prever situac¸ ˜oes espec´ıficas, definindo limites de validade (qualificac¸ ˜ao do modelo e m ´etodo). Esses testes s ˜ao realizados utilizando-se problemas de refer ˆencia (padr ˜oes) em f´ısica de reatores cha-mados de problemas benchmark. A complexidade desses c ´alculos est ´a associada a dois fatores fundamentais: no fato do n ´ucleo dos reatores nucleares serem compostos por diferentes materiais (heterogeneidade) e no fato de haver aproximadamente nove ordens de magnitude de variac¸ ˜ao na gama de energia dos n ˆeutrons (STACEY (2001)). Com relac¸ ˜ao ao primeiro aspecto, dentro do n ´ucleo de um reator nuclear existem variedades de materiais utilizados como combust´ıvel, l´ıquido de arrefecimento, mode-rador, refletor dentre outros componentes estruturais, tornando o c ´alculo n ˜ao t ˜ao sim-ples. Uma t ´atica usual para tratar esta heterogeneidade ´e dividir o reator em regi ˜oes, o que chama-se de um modelo multirregi ˜ao, na qual os par ˆametros nucleares s ˜ao considerados homog ˆeneos (constantes) nas respectivas regi ˜oes.

Com relac¸ ˜ao ao segundo aspecto, para c ´alculos globais de f´ısica, dentro do n ´ucleo do reator encontram-se n ˆeutrons com diferentes n´ıveis de energia. Para melhor mo-delagem do fen ˆomeno, ao inv ´es de tratar a depend ˆencia energ ´etica dos n ˆeutrons de forma cont´ınua, discretiza-se o dom´ınio energ ´etico dos n ˆeutrons em intervalos ou gru-pos cont´ıguos. Isto ´e, divide-se o dom´ınio energ ´etico em G grugru-pos de energia, o que chama-se de um modelo multigrupo (DUDERSTADT; HAMILTON (1976)).

A equac¸ ˜ao que melhor descreve a populac¸ ˜ao de n ˆeutrons em um reator ´e dada pela equac¸ ˜ao de transporte de Boltzmann, origin ´aria da teoria cin ´etica dos gases (DU-DERSTADT; HAMILTON (1976)). CASE; ZWEIFEL (1967) foram os primeiros a apre-sentar uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica para a equac¸ ˜ao de transporte em geometria cartesiana, por ´em ainda limitada ao caso monoenerg ´etico e unidimensional. Mais recentemente, outros autores apresentaram a soluc¸ ˜ao desta equac¸ ˜ao em diferentes geometrias e

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multidimens ˜oes, como, por exemplo, GONC¸ ALVES (2003), FILHO (2012), TOMAS-CHEWSKI (2016), LAZZARI (2016).

A soluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de transporte ´e um desafio para ser resolvida, principal-mente pelo fato de ser uma equac¸ ˜ao ´ıntegro-diferencial e, em problemas real´ısticos, o car ´ater multirregi ˜ao e multigrupo de energia. Para isto ´e feita uma aproximac¸ ˜ao do mo-delo de transporte para o momo-delo da difus ˜ao de n ˆeutrons, utilizando-se a Lei de Fick (DUDERSTADT; HAMILTON (1976)). Embora as condic¸ ˜oes exigidas para a validade da teoria da difus ˜ao sejam raramente satisfeitas na pr ´atica de problemas de reatores nucleares, o uso deste modelo usualmente resulta em uma boa aproximac¸ ˜ao para a soluc¸ ˜ao exata da equac¸ ˜ao de transporte.

Ao longo dos anos, uma grande variedade de m ´etodos foram desenvolvidos para resolver a Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons. Esses m ´etodos (anal´ıticos, num ´ericos e h´ıbridos) para problemas multidimensionais foram bastante ´uteis devido a possibili-dade de recuperar informac¸ ˜oes sobre as caracter´ısticas f´ısicas do sistema e realizar estudos param ´etricos extensos.

Com relac¸ ˜ao aos h´ıbridos e anal´ıticos destacam-se: m ´etodo que utiliza a T ´ecnica da Transformada de Laplace (TTL), LEMOS (2005) aplica est ´a t ´ecnica para o caso unidimensional multirregi ˜ao com dois grupos de energia. A metodologia utilizada ´e a aplicac¸ ˜ao da TTL separadamente em cada uma das regi ˜oes homog ˆeneas e, em se-guida, inverte-se o fluxo transformado analiticamente pela da t ´ecnica da expans ˜ao de Heaviside. Por fim, acoplam-se as regi ˜oes atrav ´es de um sistema alg ´ebrico provindo da aplicac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes de contorno e de continuidade do fluxo nas interfaces. Para completar a resoluc¸ ˜ao anal´ıtica, calcula-se o valor do fator de multiplicac¸ ˜ao efe-tivo Kef f pelo m ´etodo da bissecc¸ ˜ao. J ´a para o caso bidimensional HEINEN (2009)

e BODMANN et al. (2010) apresentam um m ´etodo que combina da TTL com T ´ecnica da Transformada Integral Generalizada (GITT sigla inglesa de Generalised Integral Transform Technique), em que a ordem da aplicac¸ ˜ao das transformadas depende das caracter´ısticas do problema proposto. Em geral, aplica-se primeiro a GITT em uma das vari ´aveis espaciais, que consiste na expans ˜ao do fluxo escalar de n ˆeutrons em uma base de autovalores e autovetores determinados a partir de um problema de Sturm-Liouville associado ao problema a ser resolvido. Ap ´os expandir o fluxo, o problema deve ser integrado em todo dom´ınio nesta mesma vari ´avel espacial fazendo o uso de sua propriedade de ortogonalidade, obtendo assim um problema transformado. Em seguida, aplica-se a TTL no problema transformado, onde ´e obtida sua soluc¸ ˜ao. Por fim, ao utilizar a f ´ormula da inversa da GITT obtendo a soluc¸ ˜ao do problema original. Por ´em, todos estes procedimentos alg ´ebricos-anal´ıticos demandam um enorme custo computacional, tornando a resoluc¸ ˜ao um pouco lenta.

Ainda dentro dos m ´etodos h´ıbridos e anal´ıticos est ˜ao PETERSEN et al. (2010) que utilizaram a t ´ecnica de diagonalizac¸ ˜ao de matrizes e um Kef f prescrito. Estes iniciam

(18)

reescrevendo a equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons na forma matricial, assim a matriz que cont ´em os par ˆametros nucleares possui os autovalores distintos. Deste modo, esta matriz ´e decomposta na matriz dos seus autovetores multiplicada pela matriz diagonal dos seus autovalores e pela matriz inversa dos seus autovetores. Com esta t ´ecnica, a equac¸ ˜ao matricial ´e desacoplada em um sistema de equac¸ ˜oes diferenciais ordin ´arias de segunda ordem, em relac¸ ˜ao a cada grupo de energia, por fim ´e calculado o novo Kef f. Recentemente, CEOLIN (2014) e SCHRAMM (2016) resolveram a equac¸ ˜ao de

difus ˜ao de n ˆeutrons expandindo o fluxo escalar de n ˆeutrons em uma s ´erie de Taylor. Primeiramente, o dom´ınio ´e dividido em pequenas regi ˜oes homog ˆeneas, para que a s ´erie de Taylor possa ser truncada com baixo n ´umero de termos. Em seguida, em cada uma destas pequenas regi ˜oes o fluxo de n ˆeutrons ´e expandido em uma s ´erie e, por fim, com o uso das condic¸ ˜oes de contorno e interface (continuidade do fluxo e de densidade de corrente), os coeficientes das s ´eries s ˜ao encontrados e, ao mesmo tempo, une as regi ˜oes. Para calcular o autovalor Kef f utilizam o m ´etodo da pot ˆencia.

Entre os m ´etodos num ´ericos destacam-se: CAVDAR; OZGENER (2004), OLI-VEIRA (1980), MAIANI; MONTAGNINI (1999), HOSSEINI; VOSOUGHI (2013), RO-KROK; MINUCHEHR; ZOLFAGHARI (2012), SILVA; MARTINEZ; GONC¸ ALVES (2012) e VOSOUGHI; SALEHI; SHAHRIARI (2004). O m ´etodo apresentado por CAVDAR; OZGENER (2004) utiliza uma mescla do M ´etodo dos Elementos Finitos (MEF) e do M ´etodo de Elementos de Contorno (MEC), aplicando o MEF nas regi ˜oes de com-bust´ıvel e o MEC nas regi ˜oes de refletor. Esta aplicac¸ ˜ao se deve, segundo os autores, por duas raz ˜oes: o MEF provou-se muito eficiente nas regi ˜oes onde possuem fontes de n ˆeutrons e o MEC ´e muito eficiente nas regi ˜oes refletoras, onde n ˜ao h ´a fontes de fiss ˜ao de n ˆeutrons. Entretanto, cada um destes m ´etodos geram mais inc ´ognitas que equac¸ ˜oes, deste modo, s ˜ao utilizadas as condic¸ ˜oes de contorno reflexiva, de vacuum e condic¸ ˜oes continuidade nas interfaces, tornando este sistema poss´ıvel de ser resol-vido.

Outro m ´etodo num ´erico ´e o M ´etodo de Matrizes Respostas (MMR), OLIVEIRA (1980), na qual cada regi ˜ao do reator ´e vista como uma ”caixa preta”, importando-se apenas com o que ocorre nas interfaces. Deste modo, o reator completo ´e como um conjunto de caixas, na qual cada uma tem seus respectivos par ˆametros nucleares. A relac¸ ˜ao do que entra e do que sai de cada uma destas caixas formam as matri-zes de transmiss ˜ao e reflex ˜ao. Assim, ao acoplar todas as soluc¸ ˜oes de cada regi ˜ao obt ˆem-se as equac¸ ˜oes do fluxo. Posteriormente, MAIANI; MONTAGNINI (1999) aco-plaram o MMR com o MEC, de forma natural visto que ambos m ´etodos trabalham com o contorno de cada regi ˜ao. Este acoplamento se d ´a em dois passos, primeiro atrav ´es do MEC s ˜ao obtidos os elementos das matrizes respostas para cada uma das regi ˜oes do dom´ınio. Em seguida, com os elementos das v ´arias regi ˜oes j ´a encontra-das, com o MMR ´e encontrada a soluc¸ ˜ao global de todo o sistema. Recentemente,

(19)

HOSSEINI; VOSOUGHI (2013) apresentaram o MEF Galerkin1(MEFG), em que con-siste na discretizac¸ ˜ao espacial das equac¸ ˜oes utilizando elementos triangulares n ˜ao estruturados. Uma das principais vantagens da utilizac¸ ˜ao destes elementos ´e a sua superioridade no mapeamento das fronteiras curvas ou interfaces materiais. Os tes-tes mostraram a necessidade de tri ˆangulos menores em locais pr ´oximos `as barras de controle e no limite entre o refletor e o n ´ucleo para uma maior precis ˜ao e rapidez nos c ´alculos. ROKROK; MINUCHEHR; ZOLFAGHARI (2012) desenvolveram um m ´etodo nodal, Element-free Galerkin (EFG), na qual a novidade est ´a no livre refinamento da distribuic¸ ˜ao de n ´os, fato de grande valia nas regi ˜oes onde os gradientes de fluxo s ˜ao grandes. Tamb ´em adotando um m ´etodo nodal, SILVA; MARTINEZ; GONC¸ ALVES (2012) utilizaram uma malha grossa para obter o fluxo de n ˆeutrons e em seguida, a fim de poder descrever o fluxo de n ˆeutrons em qualquer ponto do n ´ucleo do reator, o fluxo ´e reconstruido empregando a soluc¸ ˜ao anal´ıtica da equac¸ ˜ao de Helmholtz.

Ainda numericamente, VOSOUGHI; SALEHI; SHAHRIARI (2004) constru´ıram a equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons na forma discreta evitando as derivadas de segunda ordem para o fluxo de n ˆeutrons. A formulac¸ ˜ao discreta trabalha com vari ´aveis globais associadas com as estruturas finitas de espac¸o (volume, superf´ıcie, linhas e pontos). Na discretizac¸ ˜ao, o fluxo de n ˆeutrons ´e uma vari ´avel de orientac¸ ˜ao interna, enquanto a populac¸ ˜ao e densidade da corrente de n ˆeutrons ´e associada com o volume e a superf´ıcie de orientac¸ ˜ao externa. Aplicando o m ´etodo, as regi ˜oes do n ´ucleo do reator s ˜ao divididas em c ´elulas menores, onde se d ´a a vinculac¸ ˜ao interna ou externa. Com essas c ´elulas ´e constru´ıda a equac¸ ˜ao de equil´ıbrio entre a taxa l´ıquida de produc¸ ˜ao de n ˆeutrons (fiss ˜ao-absorc¸ ˜ao) no interior da c ´elula e a taxa l´ıquida de fuga de n ˆeutrons que saem dos limites c ´elula.

HAN; DULLA; RAVETTO (2009) trazem uma abordagem dos m ´etodos de Diferenc¸as Finitas, Nodal e Elementos de Contorno verificando o desempenho des-tas abordagens num ´ericas pela comparac¸ ˜ao com resultados benchmark. Os autores utilizaram problemas bidimensionais estacion ´arios da difus ˜ao de n ˆeutrons. Nestes testes, o m ´etodo nodal e o m ´etodo elementos de contorno apresentaram um melhor desempenho e converg ˆencia. No caso do m ´etodo de diferenc¸as finitas foi necess ´ario uma malha muito fina para obter resultados pr ´oximos com os da refer ˆencia.

Com o referencial apresentado percebe-se que muitos m ´etodos j ´a foram imple-mentados para resolver a Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo Multirregi ˜ao (EDNMM) estacion ´aria, todavia o dilema entre precis ˜ao e rapidez ainda pode ser explorado. Neste contexto, no presente trabalho prop ˜oe-se resolver a EDNMM es-tacion ´aria em geometria cartesiana por um m ´etodo que possibilite predizer o fluxo 1O m ´etodo de Galerkin ´e um procedimento num ´erico para a determinac¸ ˜ao da soluc¸ ˜ao aproximada de

equac¸ ˜oes diferenciais parciais que pode ser aplicado para problemas de valor de contorno (REZENDE (2005)).

(20)

escalar de n ˆeutrons e o Kef f com satisfat ´oria precis ˜ao e rapidez. Para isto, utiliza-se

o m ´etodo da pot ˆencia com a novidade que, a cada iterac¸ ˜ao, a equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons seja resolvida de forma anal´ıtica, atrav ´es do m ´etodo dos coeficientes a determinar. A cada iterac¸ ˜ao do m ´etodo da pot ˆencia, o termo fonte ´e atualizado com a express ˜ao do fluxo de n ˆeutrons da iterac¸ ˜ao anterior. Assim, para que esta express ˜ao mantenha sempre uma estrutura padr ˜ao, prop ˜oe-se que ela seja sempre reconstru´ıda atrav ´es de uma mesma interpolac¸ ˜ao polinomial. Com a finalidade de trabalhar com matrizes menores e melhor condicionadas no processo de interpolac¸ ˜ao, gerando um ganho computacional, o dom´ınio ´e subdividido em fronteiras fict´ıcias, por ´em respei-tando a homogeneidade de cada regi ˜ao. Desta modo, as equac¸ ˜oes de difus ˜ao de n ˆeutrons s ˜ao resolvidas localmente nas regi ˜oes fict´ıcias e unidas com a aplicac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes de contorno, continuidade de fluxo e densidade de corrente nas interfaces, garantindo que o fluxo seja continuo e sem saltos nas interfaces.

Sendo assim, a metodologia proposta em que utiliza o M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras Fict´ıcias (MPFF) ´e primeiramente aplicada em problemas unidimensionais, mais simples, com a finalidade de realizar testes avaliando seu desempenho. Pos-teriormente ´e aplicado em problemas bidimensionais onde se faz necess ´ario o uso de uma transformada integral para recair em um problema unidimensional em que a resoluc¸ ˜ao j ´a ser ´a conhecida.

A presente dissertac¸ ˜ao encontra-se estruturada da seguinte forma: no cap´ıtulo 2, apresenta-se a construc¸ ˜ao do modelo f´ısico-matem ´atico de difus ˜ao de n ˆeutrons. No cap´ıtulo 3, desenvolve-se uma metodologia para a resoluc¸ ˜ao do problema unidi-mensional. Em seguida, aplica-se o MPFF em casos testes para a comparac¸ ˜ao dos resultados com trabalhos presentes na literatura e realiza-se uma an ´alise de sensibili-dade da soluc¸ ˜ao ao inserir uma perturbac¸ ˜ao nos par ˆametros nucleares. No cap´ıtulo 4, apresenta-se uma proposta de resoluc¸ ˜ao do problema bidimensional e, com o intuito de verificar a metodologia, resolvem-se alguns casos testes. Por fim, no cap´ıtulo 5 encontram-se as conclus ˜oes e as perspectivas de trabalhos futuros.

(21)

EQUAC

¸ ˜

AO DA DIFUS ˜

AO DE N ˆ

EUTRONS

A equac¸ ˜ao que melhor descreve o comportamento da populac¸ ˜ao de n ˆeutrons ´e a equac¸ ˜ao de transporte de part´ıculas desenvolvida por Ludwig Boltzmann1. A equac¸ ˜ao

do transporte de Boltzmann representa um balanc¸o matem ´atico da produc¸ ˜ao e perda f´ısica de part´ıculas em um espac¸o de fase. O resultado, em sua generalidade, ´e uma equac¸ ˜ao ´ıntegro-diferencial com sete vari ´aveis independentes, isto ´e, tr ˆes vari ´aveis es-paciais, uma vari ´avel energ ´etica, duas vari ´aveis direcionais e uma vari ´avel temporal. Em geral, devido `a complexidade do tratamento da equac¸ ˜ao do transporte de Boltz-mann e alto tempo computacional para resolv ˆe-la, utilizam-se algumas aproximac¸ ˜oes e simplificac¸ ˜oes.

Uma aproximac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao do transporte de n ˆeutrons muito ´util em an ´alises neutr ˆonicas ´e a equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons. A equac¸ ˜ao da difus ˜ao ´e computaci-onalmente menos custosa para ser resolvida do que a equac¸ ˜ao de transporte, pois ´e feita uma aproximac¸ ˜ao linear na depend ˆencia angular, assim eliminando a car ´ater inte-gral da equac¸ ˜ao de transporte. Al ´em disso, a teoria da difus ˜ao reduz o n ´umero m ´aximo de vari ´aveis independentes de sete para cinco, isto ´e, tr ˆes vari ´aveis espaciais, uma vari ´avel energ ´etica e uma vari ´avel temporal. Matematicamente, a aproximac¸ ˜ao da di-fus ˜ao gera restric¸ ˜oes severas na depend ˆencia angular da densidade de n ˆeutrons. Fisi-camente, essas restric¸ ˜oes traduzem duas exig ˆencias fundamentais (STACEY (2001)): i)o processo de migrac¸ ˜ao dos n ˆeutrons tem que ser dominado por interac¸ ˜oes de espalhamento, isto ´e, o meio material tem que ser fracamente absorvedor de n ˆeutrons; ii)o processo de migrac¸ ˜ao dos n ˆeutrons tem que ocorrer longe de descontinuida-des de materiais, onde esperam-se pequenos gradientes no fluxo de n ˆeutrons.

Na pr ´atica, a teoria da difus ˜ao tem sido exaustivamente aplicada em an ´alise de reato-res nucleareato-res e, em geral, considerada satisfat ´oria. Algumas correc¸ ˜oes baseadas na 1Ludwig Eduard Boltzmann (1844 - 1906), f´ısico austr´ıaco, ´e reconhecido como o primeiro a aplicar

(22)

teoria da transporte, como por exemplo, a teoria da homogeneizac¸ ˜ao2 s ˜ao feitas na preparac¸ ˜ao dos dados da sec¸ ˜ao de choque (STACEY (2001)). Essas correc¸ ˜oes s ˜ao respons ´aveis pelo sucesso da teoria da difus ˜ao em c ´alculos neutr ˆonicos globais em f´ısica de reatores. No entanto, existem alguns casos na qual a teoria da difus ˜ao n ˜ao se aplica, porque grandes gradientes est ˜ao presentes. Como por exemplo, o ligamento e desligamento dos reatores nucleares; os locais onde s ˜ao inseridas as barras de con-trole; em c ´alculos de blindagem; pr ´oximo das fontes de n ˆeutrons e dos contornos, etc (DUDERSTADT; HAMILTON (1976),LAMARSH (1966)). Nesses casos, as interac¸ ˜oes entre n ˆeutrons e n ´ucleo-alvo s ˜ao altamente absorvedoras e h ´a grandes variac¸ ˜oes da populac¸ ˜ao de n ˆeutrons, e portanto, a teoria da difus ˜ao n ˜ao pode ser aplicada com confiabilidade. Ademais, a migrac¸ ˜ao de n ˆeutrons no interior de blindagens tende a ser fortemente anisotr ´opica e a equac¸ ˜ao da difus ˜ao aproxima esta situac¸ ˜ao muito pobre-mente.

2.1

Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons

Se for considerado um volume arbitr ´ario V n ˜ao reentrante, Figura 1, com n ˆeutrons monoenerg ´eticos, com o passar do tempo, alguns desses n ˆeutrons podem sofrer al-gum tipo de interac¸ ˜ao ou at ´e escapam do meio.

Figura 1: Volume arbitr ´ario V com ´area de superf´ıcie A.

Caso este sistema possua uma fonte ela fornece n ˆeutrons adicionais ao problema em quest ˜ao. A taxa de mudanc¸a temporal do n ´umero de n ˆeutrons no volume V deve ser igual `a taxa com que os n ˆeutrons s ˜ao produzidos, menos a taxa que os n ˆeutrons s ˜ao absorvidos e que escapam de V . Este balanc¸o pode ser escrito como:

d dt Z V n(~u, t)dV = " Taxa de produc¸ ˜ao # − " Taxa de absorc¸ ˜ao # − " Taxa de fuga # , (1)

onde n(~u, t) ´e a densidade de n ˆeutrons no ponto ~uno tempo t, [cm−3].

2A teoria de homogeneizac¸ ˜ao nos c ´alculos de f´ısica de reatores consiste em m ´etodos que

subs-titua uma estrutura heterog ˆenea, materiais de propriedades diferentes, em uma mistura homog ˆenea equivalente destes materiais.

(23)

Ao considerar que todos os n ˆeutrons presentes no volume V s ˜ao monoenerg ´eticos, que possuem a mesma energia cin ´etica, quer dizer que todos eles possuem a mesma velocidade escalar v dada em [cm s−1]. Assim, ao multiplicar a densidade de n ˆeutrons no ponto ~upela velocidade dos n ˆeutrons, obt ´em-se o fluxo escalar de n ˆeutrons, φ(~u, t), no ponto ~uno tempo t, dado da seguinte forma:

φ(~u, t) = n(~u, t)v, (2)

onde φ(~u, t) ´e dado em [cm−2s−1].

Os n ˆeutrons produzidos podem ser representados por uma fonte S(~u, t) em um determinado ponto ~ue tempo t. Com isso, a taxa de produc¸ ˜ao ´e dada por:

Taxa de Produc¸ ˜ao = Z

V

S(~u, t)dV. (3)

Antes de descrever a taxa de absorc¸ ˜ao ´e necess ´ario definir o conceito de sec¸ ˜ao de choque, que ´e um dos principais conceitos f´ısicos utilizados em c ´alculos de f´ısica de reatores. A sec¸ ˜ao de choque ´e uma medida probabil´ıstica da ocorr ˆencia de interac¸ ˜ao entre os n ˆeutrons e os n ´ucleos-alvos. A ´area alvo que cada n ´ucleo oferece para a ocorr ˆencia da interac¸ ˜ao n ˆeutron-n ´ucleo ´e chamada de sec¸ ˜ao de choque microsc ´opica, [cm2]. Ao multiplic ´a-la pelo n ´umero de n ´ucleos por unidade de volume presentes

em V , obt ´em-se a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica Σ dada em [cm−1] (LAMARSH (1966);STACEY (2001)).

Deste modo, a taxa de absorc¸ ˜ao pode ser escrita em termos do fluxo escalar de n ˆeutrons e da sec¸ ˜ao de choque de absorc¸ ˜ao em um dado volume, dada por:

Taxa de Absorc¸ ˜ao = Z

V

Σa(~u)φ(~u, t)dV, (4)

onde Σa(~u) ´e a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de absorc¸ ˜ao.

Os n ˆeutrons que escapam do sistema podem ser expressos em termos do vetor densidade de corrente de n ˆeutrons ~J (~u, t), em que a taxa l´ıquida de n ˆeutrons que cruzam um diferencial de ´area dA ´e dada por ~J (~u, t) · ~n dA, onde ~n ´e um vetor unit ´ario normal apontando para fora do volume V . Assim, a taxa l´ıquida total de fuga pelo contorno do volume V ´e dado por

Taxa de Fuga = I

A

~

(24)

Desta forma tem-se: Z V 1 v ∂φ(~u, t) ∂t dV = Z V S(~u, t)dV − Z V Σa(~u)φ(~u, t)dV − I A ~ J (~u, t) · ~n dA. (6) Para o prosseguimento da formulac¸ ˜ao, ´e conveniente converter a express ˜ao da taxa de fuga em uma integral de volume. Para isto, utiliza-se o Teorema de Gauss (EDWARDS; PENNEY (2002)): I A ~ J (~u, t) · ~n dA = Z V ∇ · ~J (~u, t)dV. (7) Assim, tem-se: Z V  1 v ∂φ(~u, t) ∂t − S(~u, t) + Σa(~u)φ(~u, t) + ∇ · ~J (~u, t)  dV = 0. (8)

Deste modo, a equac¸ ˜ao (6) resulta na seguinte equac¸ ˜ao:

1 v

∂φ(~u, t)

∂t + ∇ · ~J (~u, t) + Σa(~u)φ(~u, t) = S(~u, t). (9) Na equac¸ ˜ao (9) tem-se uma grandeza vetorial, a densidade de corrente, ~J (~u, t), e uma grandeza escalar, o fluxo escalar de n ˆeutrons, φ(~u, t). Assim, necessita-se uma express ˜ao que permita relacionar estas duas grandezas, para que a equac¸ ˜ao seja escrita com apenas uma inc ´ognita. Recorre-se `a Lei de Fick, origin ´aria da qu´ımica, que descreve a difus ˜ao qu´ımica de um soluto. Esta lei expressa que a concentrac¸ ˜ao de um soluto difunde da regi ˜ao de maior concentrac¸ ˜ao para a de menor concentrac¸ ˜ao, e afirma que a taxa de fluxo ´e proporcional ao negativo do gradiente da concentrac¸ ˜ao do soluto (LAMARSH (1966)).

A difusividade da densidade de n ˆeutrons ´e semelhante `a do soluto, em que ocorre da regi ˜ao de maior densidade para a de menor. Cabe ressaltar, este comportamento dos n ˆeutrons n ˜ao ´e pelo simples fato de se deslocarem de uma regi ˜ao de maior concentrac¸ ˜ao para uma de menor concentrac¸ ˜ao, mas pelo fato que em m ´edia os n ˆeutrons migram da regi ˜ao de maior concentrac¸ ˜ao para a de menor. Desta forma tem-se:

~

(25)

onde D(~u) ´e o coeficiente de difus ˜ao, fornecendo assim, uma relac¸ ˜ao entre fluxo e corrente. Sendo que o coeficiente de difus ˜ao ´e encontrado atrav ´es do livre caminho m ´edio de transporte, λtr(~u), dados em [cm]:

D(~u) = λtr(~u)

3 , (11)

onde o livre caminho m ´edio ´e a dist ˆancia m ´edia percorrida por um n ˆeutron at ´e aconte-cer uma reac¸ ˜ao, na qual ´e o inverso da sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de transporte, Σtr, dados em [cm−1]: λtr(~u) = 1 Σtr(~u) = 1 Σt(~u) − ¯µΣs(~u) . (12)

Aqui Σt ´e a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de total, [cm−1], ¯µ ´e o cosseno do ˆangulo

m ´edio de espalhamento e Σs ´e a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de espalhamento,

[cm−1].

Na difus ˜ao usual, a vari ˆancia do livre caminho m ´edio est ´a relacionado `a de-pend ˆencia linear do tempo, 4u(t)2

∝ t, na qual aplica-se satisfatoriamente a lei de Fick. Mas devido as aproximac¸ ˜oes dessa lei assumem-se algumas restric¸ ˜oes, tais como: meio infinito e meio homog ˆeneo, na qual todas as sec¸ ˜oes de choques s ˜ao cons-tantes e independentes da posic¸ ˜ao. Ademais, ´e preciso que n ˜ao exista uma fonte de n ˆeutrons no meio. Al ´em disso, o espalhamento deve ser isotr ´opico (no m ´aximo linear-mente anisotr ´opico (DUDERSTADT; HAMILTON (1976))) e o fluxo de n ˆeutrons neces-sita variar lentamente em func¸ ˜ao da posic¸ ˜ao. Mesmo sem cumprir estas restric¸ ˜oes da Lei de Fick, ainda assim ao utiliz ´a-la obt ˆem-se bons resultados (LAMARSH (1966)).

Nestas restric¸ ˜oes o processo de difus ˜ao n ˜ao segue a lei de Fick, pois pode ocorrer uma difus ˜ao an ˆomala. De um modo geral, na difus ˜ao an ˆomala, a vari ˆancia do livre caminho m ´edio est ´a relacionado ao crescimento n ˜ao-linear do tempo, 4u(t)2 ∝ tη.

Quando tem-se: η < 1, chama-se de um processo subdifusivo, η = 1, chama-se de um processo difusivo normal, η > 1, chama-se de um processo superdifusivo (PE-DRON; MENDES (2005)). Alguns estudos j ´a est ˜ao sendo feitos para descrever este aspecto da difus ˜ao an ˆomala, na qual descrevem o termo difusivo atrav ´es de derivadas fracion ´arias (SCHRAMM et al. (2013)).

Neste trabalho adota-se o processo de difus ˜ao usual, assim a equac¸ ˜ao (9) resulta em

1 v

∂φ(~u, t)

∂t − ∇ · D(~u)∇φ(~u, t) + Σa(~u)φ(~u, t) = S(~u, t), (13) esta ´e a equac¸ ˜ao da difus ˜ao de n ˆeutrons monoenerg ´etica.

(26)

2.1.1 Teoria multigrupo para a Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons

A equac¸ ˜ao de difus ˜ao de n ˆeutrons monoenerg ´etica apresenta limitac¸ ˜ao ao consi-derar que todos os n ˆeutrons envolvidos na difus ˜ao possuem a mesma energia cin ´etica. Na realidade, os n ˆeutrons presentes em um reator nuclear possuem uma grande variac¸ ˜ao de energia. H ´a ´ınfima quantidade de n ˆeutrons com energia inferior a 0, 001eV , por isto assume-se uma faixa de variac¸ ˜ao de 0, 001eV at ´e 10M eV de energia (LEWIS (2008)). O espectro de energia ´e considerado uma vari ´avel cont´ınua, mas em f´ısica de reatores assume-se a energia como uma vari ´avel discreta, na qual seu dom´ınio ´e dividido em G intervalos de energia, conforme esquema abaixo:

E1 > E2 > · · · > EG−1 > EG,

onde cada um destes intervalos s ˜ao chamados de grupos de energia, por este fato chama-se de um problema multigrupo.

Ao se deslocarem, estes n ˆeutrons podem colidir com os n ´ucleos at ˆomicos presen-tes no reator, e ao colidir ou eles s ˜ao absorvidos pelo n ´ucleo ou s ˜ao espalhados. No caso de serem espalhados, a colis ˜ao com o n ´ucleo foi el ´astica, ou seja, n ˜ao houve troca de energia, ou foi inel ´astico, ocorrendo troca de energia. Em geral ao espa-lharem, os n ˆeutrons perdem energia e assim s ˜ao removidos para o grupo de menor energia.

O par ˆametro que descreve a medida probabil´ıstica de um n ˆeutron espalhar de um grupo g0 para outro g ´e chamada de sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de espalhamento Σsg0g(~u). Desta forma, para cada grupo de energia h ´a a possibilidade de ganhar ou

perder n ˆeutrons devido ao espalhamento. Os grupos em que h ´a ganhos de n ˆeutrons por espalhamento s ˜ao representado por:

Ganhos por espalhamento =

G

X

g0=1 g06=g

Σsg0g(~u)φg0(~u, t), (14)

e os grupos em que h ´a perdas de n ˆeutrons por espalhamento s ˜ao representado por

Perdas por espalhamento =

G

X

g0=1

g06=g

Σsgg0(~u)φg0(~u, t). (15)

Note que o termo Σsgg(~u)que representa o espalhamento intragrupo n ˜ao est ´a nem

em ganhos nem em perdas, pois a perda por espalhamento ´e insuficiente para que troque de grupo de energia.

(27)

Desta forma, a remoc¸ ˜ao dos n ˆeutrons do grupo g ´e dada pela soma dos n ˆeutrons absorvidos e pelos n ˆeutrons espalhados para fora do grupo g. Assim, obt ´em-se a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de remoc¸ ˜ao do grupo g dada por:

ΣRg(~u) = G X g0=1 g06=g Σsgg0(~u) + Σag(~u). (16)

Define-se tamb ´em o termo de fonte no grupo g como Sg(~u, t), combinando estas

definic¸ ˜oes e com a considerac¸ ˜ao que os valores dos par ˆametros nucleares s ˜ao cons-tantes, ou seja, o volume ´e considerado um material homog ˆeneo. Assim, pode-se desconsiderar a depend ˆencia espacial dos mesmos. Desta forma tem-se:

1 vg ∂φg(~u, t) ∂t − Dg∇ 2φ g(~u, t) + ΣRgφg(~u, t) = Sg(~u, t) + G X g0=1 g06=g Σsg0gφg0(~u, t). (17)

No interior de um reator nuclear pode existir duas formas de produc¸ ˜ao de n ˆeutrons, uma delas em func¸ ˜ao das fiss ˜oes e outra pela emiss ˜ao da fonte externa, desta maneira o termo fonte pode ser expresso pela soma de dois novos termos:

Sg(~u, t) = χg G X g0=1 νg0Σf gg0(~u, t) + Sext g (~u, t), (18)

onde χg ´e a probabilidade do n ˆeutron gerado em uma fiss ˜ao esteja com energia no

grupo g, Σf g ´e a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de fiss ˜ao do grupo g, νg ´e o n ´umero

m ´edio de n ˆeutrons produzidos por fiss ˜ao no grupo g e Sext

g ´e a fonte externa que

intro-duz n ˆeutrons do grupo g no sistema. Substituindo a express ˜ao (18) na equac¸ ˜ao (17) chega-se a Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo que ´e um sistema acoplado de equac¸ ˜oes, dadas por:

1 vg ∂φg(~u, t) ∂t − Dg∇ 2 φg(~u, t) + ΣRgφg(~u, t) = χg G X g0=1 νg0Σf gg0(~u, t) + G X g0=1 g06=g Σsg0gφg0(~u, t) + Sext g (~u, t). (19)

Em f´ısica de reatores ´e muito utilizada a Equac¸ ˜ao de Difus ˜ao de N ˆeutrons Multi-grupo no estado estacion ´ario para prever o comportamento da populac¸ ˜ao de n ˆeutrons

(28)

a partir da configurac¸ ˜ao das caracter´ısticas geom ´etricas e material do reator, entre-tanto, para c ´alculos real´ısticos ´e introduzido um autovalor Kef f que descreve a

critica-lidade do reator. Este problema de autovalor ´e criado pela caracter´ıstica intr´ınseca de n ˜ao ter fonte externa e ter condic¸ ˜oes de contorno homog ˆenea.

2.1.2 Problemas de autovalores

A Equac¸ ˜ao da Difus ˜ao de N ˆeutrons Multigrupo estacion ´aria acrescida de um auto-valor e sem uma fonte externa ´e dada da seguinte forma:

−Dg∇2φg(~u) + ΣRgφg(~u) = 1 Kef f χg G X g0=1 νg0Σf gg0(~u) + G X g0=1 g06=g Σsg0gφg0(~u), (20)

onde Kef f ´e o fator de multiplicac¸ ˜ao efetivo. A equac¸ ˜ao (20) ´e um problema de

au-tovalores e autofunc¸ ˜oes associados, na qual apenas o autovalor dominante e sua autofunc¸ ˜ao correspondente s ˜ao de interesse para os c ´alculos globais de reatores nu-cleares. Este autovalor dominante, Kef f, ´e o par ˆametro que descreve a criticalidade

do reator: caso a perda de n ˆeutrons for maior do que a produc¸ ˜ao t ˆem-se um reator subcr´ıtico (Kef f < 1), caso houve um balanc¸o perfeito entre perdas e produc¸ ˜ao t ˆem-se

um reator cr´ıtico (Kef f = 1) e caso a produc¸ ˜ao for maior que as perdas o reator ser ´a

supercr´ıtico(Kef f > 1).

Outro aspecto de fundamental import ˆancia nos c ´alculos ´e que os n ´ucleos dos rea-tores s ˜ao formados por diversas regi ˜oes, como por exemplo, as regi ˜oes combust´ıveis e as regi ˜oes refletoras, melhor descritas e ilustradas no Ap ˆendice A. Assim, cada uma destas regi ˜oes podem possuir par ˆametros distintos, tornando-se um modelo multir-regi ˜ao dada por:

−Dg(r)∇2φ(r)g (~u) + Σ(r)Rgφ(r)g (~u) = 1 Kef f χg G X g0=1 νg0Σ(r) f g0φ (r) g0 (~u) + G X g0=1 g06=g Σ(r)sg0gφ (r) g0 (~u), (21)

(29)

MULTIGRUPO MULTIRREGI ˜

AO ESTACION ´

ARIA

UNIDIMEN-SIONAL EM GEOMETRIA CARTESIANA

Neste cap´ıtulo, apresenta-se a soluc¸ ˜ao da EDNMM estacion ´aria unidimensional em geometria cartesiana pelo M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras Fict´ıcias (MPFF). S ˜ao realizados casos testes, comparando-os com resultados presentes na literatura. No final do cap´ıtulo ´e realizado uma an ´alise perturbativa, na qual deseja-se perceber a interfer ˆencia de cada par ˆametro nuclear no comportamento da soluc¸ ˜ao do problema.

3.1

Metodologia para o caso unidimensional

Sem perda de generalidade da Equac¸ ˜ao (21), a EDNMM estacion ´aria unidimensio-nal em geometria cartesiana sem fonte externa, que fornece um balanc¸o entre perdas e ganhos de n ˆeutrons, dada por:

−D(r) g d2 dx2φ (r) g (x) + Σ (r) Rgφ (r) g (x) = 1 Kef f χg G X g0=1 νg0Σ(r) f g0φ (r) g0 (x) + G X g0=1 g06=g Σ(r)sg0gφ (r) g0 (x), (22) onde 0 ≤ x ≤ L, na qual: L ´e o comprimento do meio; rindica as regi ˜oes;

g s ˜ao os grupos de energia, em que g = 1 : G;

Dg(r) ´e o coeficiente de difus ˜ao do grupo g na regi ˜ao r;

φ(r)g (x) ´e o fluxo de n ˆeutrons do grupo g na regi ˜ao r;

Σ(r)Rg ´e a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de remoc¸ ˜ao do grupo g na regi ˜ao r; Kef f ´e o fator de multiplicac¸ ˜ao efetivo;

χg ´e o espectro integrado de fiss ˜ao do grupo g;

νg0 ´e o n ´umero m ´edio de n ˆeutrons liberado por fiss ˜ao do grupo g0;

(30)

Σ(r)sg0g ´e a sec¸ ˜ao de choque macrosc ´opica de espalhamento do grupo g0 para o g na

regi ˜ao r.

Nota-se que o lado esquerdo da equac¸ ˜ao (22) representa as perdas de n ˆeutrons por fuga e remoc¸ ˜ao e o lado direito os ganhos por fiss ˜ao e espalhamento. A equac¸ ˜ao (22) pode ser reescrita na forma matricial, na qual assume-se M = M(r), ~ϕ = ~ϕ(r) e

F = F(r), dada por:

M~ϕ(x) = 1 Kef f

F~ϕ(x), (23)

na qual a matriz M ´e dada da seguinte forma:

M =       −D1(r) d2 dx2 + P(r) R1 − P(r) s21 · · · − P(r) sG1 −P(r) s12 −D (r) 2 d2 dx2 + P(r) R2 · · · − P(r) sG2 .. . ... . .. ... −P(r) s1G − P(r) s2G . . . −D (r) G d2 dx2 + P(r) RG       G×G , (24) o vetor coluna ~ϕ(x): ~ ϕ(x) =       φ(r)1 (x) φ(r)2 (x) .. . φ(r)G (x)       G×1 (25) e a matriz F: F =       χ1ν1 P(r) f 1 χ1ν2 P(r) f 2 · · · χ1νG P(r) f G χ2ν1 P(r) f 1 χ2ν2 P(r) f 2 · · · χ2νG P(r) f G .. . ... . .. ... χGν1P (r) f 1 χGν2 P(r) f 2 · · · χGνG P(r) f G       G×G , (26) sendo S = F~ϕ(x).

A equac¸ ˜ao descrita em (23) est ´a sujeita as condic¸ ˜oes de contorno dada por: αgφg(x) + βg

dφg(x)

dx = 0, (27)

onde g = 1 : G, α e β s ˜ao constantes e |α| + |β| > 0. Com uma escolha adequada de α e β, estas condic¸ ˜oes de contorno abrangem as condic¸ ˜oes de Dirichlet, Neumann, Cauchy ou alguma combinac¸ ˜ao destas (DUDERSTADT; HAMILTON (1976)).

Na resoluc¸ ˜ao do problema multirregi ˜ao utilizam-se nas interfaces continuidade de fluxo e densidade de corrente dadas, respectivamente, por:

(31)

φ(r)g (x) = φ(r+1)g (x), −D(r) g dφ(r)g (x) dx = −D (r+1) g dφ(r+1)g (x) dx . (28)

Para resolver o problema de autovalor, Kef f, e autovetor , φ (r)

g (x), dominantes

em uma placa plana heterog ˆenea, resolve-se a equac¸ ˜ao (23) aplicando o M ´etodo da Pot ˆencia. Tal m ´etodo iterativo de fonte ´e descrito por DUDERSTADT; HAMILTON (1976) da seguinte forma:

1. Entrada dos par ˆametros nucleares e da geometria do problema; 2. Estimativa inicial para ~ϕ[1] e K[1]

ef f;

3. Resoluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao M~ϕ[i+1] = 1 Kef f[i] S

[i]

, i ∈ N; 4. Atualizac¸ ˜ao do Kef f conforme

Kef f[i+1]= Kef f[i] Z L 0 S[i+1]dx Z L 0 S[i]dx ;

5. Crit ´erio de parada dado por

|Kef f[i+1]− Kef f[i] | |Kef f[i+1]| < 1, Z L 0 S[i+1]− S[i]dx Z L 0 S[i+1]dx < 2,

onde 1 e 2 s ˜ao constantes arbitr ´arias prescritas.

6. Caso satisfac¸a os crit ´erios de parada finaliza-se o processo, caso contr ´ario retorna-se ao item 3.

Neste m ´etodo deve-se resolver o sistema de equac¸ ˜oes dado em (23), caso sejam problemas sem up-scattering, resolve-se o sistema de cima para baixo, visto que a matriz M ´e triangular inferior. Assim soluciona-se uma Equac¸ ˜ao Diferencial Ordin ´aria (EDO) de 2a ordem para cada grupo g, na qual o termo fonte S ´e atualizado a cada nova iterac¸ ˜ao pelo fluxo de n ˆeutrons da iterac¸ ˜ao anterior.

3.1.1 M ´etodo da pot ˆencia via fronteiras fict´ıcias (unidimensional)

Tradicionalmente, as equac¸ ˜oes diferenciais presentes no item 3 do m ´etodo da pot ˆencia s ˜ao resolvidas numericamente, entretanto neste trabalho prop ˜oem-se que a resoluc¸ ˜ao seja anal´ıtica. Desta forma, o termo fonte S ´e sempre alimentado pelas

(32)

express ˜oes dos fluxos de n ˆeutrons da iterac¸ ˜ao anterior, tornando a metodologia muito custosa tanto para o computador quanto para o programador, sobretudo para proble-mas multigrupo, multirregi ˜ao e principalmente para mais de uma dimens ˜ao (onde a soluc¸ ˜ao anal´ıtica aparece em forma de s ´erie). Como problemas multidimensionais s ˜ao o objetivo final da metodologia, sem perda de generalidade j ´a ´e considerada sua dificuldade intr´ınseca, portanto a express ˜ao anal´ıtica no termo fonte S ´e descartada desde o comec¸o para fins de implementac¸ ˜ao do MPFF. Assim busca-se encontrar um mecanismo que seja capaz de expressar o fluxo, a cada iterac¸ ˜ao, sempre na mesma forma padr ˜ao. Cabe ressaltar que mesmo que seja feita uma manipulac¸ ˜ao nas ex-press ˜oes dos fluxos contidos no termo fonte S, a resoluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes diferenciais permanecem sendo de forma anal´ıtica.

A alternativa proposta para superar este problema ´e reconstruir a expressar do fluxo, a cada iterac¸ ˜ao, sempre na mesma forma padr ˜ao. Para isto, deve-se avaliar a expressar do fluxo em pontos igualmente espac¸ados (∆x) e em seguida deve-se interpol ´a-los em um polin ˆomio de mesmo ordem m em todas iterac¸ ˜oes. Contudo, ao resolver problemas com grandes dimens ˜oes e v ´arias regi ˜oes necessitam-se po-lin ˆomios de alta ordem para descrever precisamente os pontos. Assim, no processo de interpolac¸ ˜ao, (AX = B), as matrizes envolvidas possuem grandes dimens ˜oes, tanto devido `a ordem do polin ˆomio quanto devido o n ´umero de pontos do dom´ınio, conforme exemplo: A =          1 x0 x20 · · · xm0 1 x1 x21 · · · xm1 1 x2 x22 · · · xm2 .. . ... ... . .. ... 1 xn x2n · · · xmn          , X =          c0 c1 c2 .. . cm          e B =          f (x0) f (x1) f (x2) .. . f (xn)          . (29)

A fim de reduzir a ordem do polin ˆomio e as dimens ˜oes das matrizes envolvidas, para tornar o processo mais r ´apido do ponto de vista computacional, divide-se o dom´ınio em R sub-regi ˜oes (Figura 2). Estas sub-regi ˜oes n ˜ao fazem parte do problema proposto, denominam-se regi ˜oes fict´ıcias e ao se dividir o dom´ınio deve-se assegurar que todas as fronteiras reais coincidam com as fict´ıcias.

(33)

Figura 2: Representac¸ ˜ao de uma problema com duas regi ˜oes reais e R regi ˜oes fict´ıcias. O pr ´oximo passo ´e transladar as malhas de pontos igualmente espac¸ados, ante-riormente avaliados, de cada regi ˜ao fict´ıcia at ´e a origem do sistema (Figura 3). No entanto, cada regi ˜ao fict´ıcia permanece com os par ˆametros nucleares da sua regi ˜ao de origem.

Figura 3:Regi ˜oes fict´ıcias transladadas.

Por fim, realiza-se a interpolac¸ ˜ao dos pontos para cada uma das partes do fluxo e grupos de energia. Cabe ressaltar que a ordem m ´axima do polin ˆomio depende da quantidade de pontos de cada intervalo. Caso haja n pontos a ordem m ´axima poder ´a ser de n − 1.

No m ´etodo de interpolac¸ ˜ao polinomial utilizou-se a decomposic¸ ˜ao QR. A escolha deste m ´etodo ´e devido ao fato que o n ´umero de pontos no interior de cada sub-regi ˜ao altera-se conforme o intervalo ∆x escolhido e da decomposic¸ ˜ao QR, pois no sistema linear AX = B, a matriz A na maioria das vezes, n ˜ao ´e quadrada. Outro aspecto favor ´avel ´e que a matriz R ´e uma matriz triangular superior e melhor condicionada que a matriz A, e Q ´e uma matriz ortonormal (BURDEN; FAIRES (2008)). Resolvendo o sistema tem-se:

(34)

RX = QTB, (30) onde X ´e o vetor dos coeficientes do polin ˆomio. Lembrando que este processo ´e realizado a cada nova iterac¸ ˜ao para o fluxo de n ˆeutrons de cada grupo de energia, g, e cada regi ˜ao fict´ıcia, R.

Constru´ıdo um mecanismo para que o fluxo tenha sempre uma forma padr ˜ao, retorna-se ao problema original (23), resolvendo-o localmente. Como o problema re-solvido ´e uma EDO de 2aordem, para cada sub-regi ˜ao surgem duas inc ´ognitas,

produ-zindo um total de 2R inc ´ognitas para cada grupo de energia. Aplicando as condic¸ ˜oes de contorno, continuidade de fluxo e de densidade corrente nas interfaces dadas por (27), obt ´em-se um sistema linear acoplado de 2R inc ´ognitas e 2R equac¸ ˜oes, para cada grupo de energia. Cabe ressaltar que a dimens ˜ao deste sistema linear independe da quantidade de grupos, pois cada um deles ´e resolvido separadamente. Resolvido o sistema, novamente via decomposic¸ ˜ao QR, obt ´em-se a nova express ˜ao do fluxo para cada regi ˜ao fict´ıcia e grupo de energia, dado por:

ψRg(x) = c1Re √ bx+ c 2Re− √ bx+ q 1+ q2x + q3x2+ · · · + qm−1xm, (31) na qual b = P(r) Rg D(r)g

e ψRg ´e o novo fluxo para a regi ˜ao fict´ıcia R e grupo de energia g,

com q constantes arbitr ´arias conhecidas. Obtido o fluxo de n ˆeutrons de cada regi ˜ao fict´ıcia, deve-se novamente reestruturar a soluc¸ ˜ao em um ´unico fluxo, deslocando cada regi ˜oes fict´ıcias para sua posic¸ ˜ao original.

Para finalizar o processo iterativo do m ´etodo da pot ˆencia, calcula-se o novo Kef f,

na qual as integrais s ˜ao resolvidas analiticamente. Ap ´os satisfazer o crit ´erio de parada do fluxo e do Kef f, calcula-se a pot ˆencia gerada, bP, pelo reator que ´e calculada da

seguinte forma: b P = E Z L 0 G X g=1 Σf g(x)φg(x)dx, (32)

onde E ´e quantidade de energia gerada por fiss ˜ao.

Pode-se normalizar o fluxo escalar de n ˆeutrons convergido pelo m ´etodo da pot ˆencia, multiplicando-o pela raz ˜ao entre a pot ˆencia prescrita e a pot ˆencia gerada pelo reator da seguinte forma:

φNg (x) = φg(x)

P

b

P, (33)

onde P ´e a pot ˆencia prescrita.

No Ap ˆendice B apresenta-se um exemplo na qual a express ˜ao do fluxo de n ˆeutrons ´e encontrada utilizando a express ˜ao anal´ıtica no termo fonte. Entretanto ´e realizado em um problema simples, composto por uma ´unica regi ˜ao, um grupo de energia e

(35)

unidimensional.

3.2

Resultados para o caso unidimensional

Para a implementac¸ ˜ao computacional da metodologia proposta ´e utilizado o soft-ware Scilab em um computador pessoal com 16 GB de mem ´oria Ram, processador Core i7 e sistema operacional Windows. Realizam-se 4 casos testes, em todos eles s ˜ao considerados dois grupos de energia: r ´apido (g = 1) e t ´ermico (g = 2), sem up-scattering (Σs21 = 0) e crit ´erios de parada 1 = 2 = 10−10. Os resultados obtidos s ˜ao

comparados com trabalhos presentes na literatura. Para o M ´etodo da Pot ˆencia via Fronteiras Fict´ıcias (MPFF) utiliza-se interpolac¸ ˜ao polinomial de quarta ordem.

3.2.1 Caso Teste 1 (CT1)

A refer ˆencia de SILVA; MARTINEZ; GONC¸ ALVES (2012) ´e utilizada para comparac¸ ˜ao do Kef f. Para fins de comparac¸ ˜ao do tempo computacional a refer ˆencia

de CEOLIN et al. (2014) ´e implementada e executada utilizando-se o mesmo software, mesma configurac¸ ˜ao de m ´aquina e crit ´erio de parada.

3.2.1.1 Dois grupos de energia e uma regi ˜ao (CT1-2G1R)

Para este caso teste tem-se: −50 ≤ x ≤ 50; condic¸ ˜oes de contorno de Dirichlet φg(−50) = 0, φg(50) = 0e par ˆametros nucleares conforme Tabela 1.

Tabela 1: Par ˆametros nucleares do CT1-2G1R. g Dg ΣRg νΣf g Σsg0g

1 1,4380 0,02935 0,000242 0,00000 2 0,3976 0,10490 0,155618 0,01563

Tabela 2: Autovalores dominantes (Kef f) para CT1-2G1R.

SILVA; MARTINEZ; GONC¸ ALVES (2012) CEOLIN et al. (2014) MPFF

Kef f 0,7586362 0,758630 0,7586314

Para fim de comparac¸ ˜ao do Kef f utiliza-se ∆x = 0, 5cm para o MPFF. Pode-se

observar uma precis ˜ao de 5 casas com a refer ˆencia adotada, o que sugere uma excelente concord ˆancia para c ´alculos globais em f´ısica de reatores. Para obter a mesma precis ˜ao de 5 casas, o m ´etodo implementado de CEOLIN et al. (2014) uti-liza um ∆x = 1cm. Os tempos computacionais para o Caso Teste 1 s ˜ao: MPFF =

(36)

2,1s e CEOLIN et al. (2014) = 66,3s. Pode-se notar um ganho computacional de apro-ximadamente 31 vezes com relac¸ ˜ao a refer ˆencia adotada para fins de comparac¸ ˜ao computacional.

O valor do fluxo de n ˆeutrons (r ´apido, e t ´ermico) obtidos s ˜ao comparados pelo m ´etodo utilizado por CEOLIN et al. (2014), na qual na Tabela 3 ´e representado pelo ´ındice superior ”ref”e ´e calculado o Desvio Relativo, | φg(x) − φ

ref g (x) |

| φg(x) |

.

Tabela 3:Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT1-2G1R.

x φ1(x) φref1 (x) Des. Relativo φ2(x) φref2 (x) Des. Relativo

-50 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 -40 2,45878 2,45867 4,47 x 10−5 0,36499 0,36497 5,48 x 10−5 -30 4,67688 4,67668 4,28 x 10−5 0,69425 0,69422 4,32 x 10−5 -20 6,43717 6,43690 4,19 x 10−5 0,95556 0,95552 4,19 x 10−5 -10 7,56735 7,56703 4,23 x 10−5 1,12332 1,12328 3,56 x 10−5 0 7,95678 7,95644 4,27 x 10−5 1,18113 1,18108 4,23 x 10−5 10 7,56735 7,56703 4,23 x 10−5 1,12332 1,12328 3,56 x 10−5 20 6,43717 6,43690 4,19 x 10−5 0,95556 0,95552 4,19 x 10−5 30 4,67688 4,67668 4,28 x 10−5 0,69425 0,69422 4,32 x 10−5 40 2,45878 2,45867 4,47 x 10−5 0,36499 0,36497 5,48 x 10−5 50 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000

Como ilustrac¸ ˜ao o fluxo escalar de n ˆeutrons (r ´apido e t ´ermico) podem ser obser-vados na Figura 4. Percebe-se a satisfac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes de contorno e um fluxo m ´aximo no centro do dom´ınio.

(37)

3.2.1.2 Dois grupos de energia e duas regi ˜oes (CT1-2G2R)

Para este caso teste tem-se: 0 ≤ x ≤ 50cm, condic¸ ˜oes de contorno mista dxdφg(0) =

0 e φg(50) = 0, interface real em x = 30cm, na qual a regi ˜ao 1 (0 ≤ x ≤ 30cm)

corresponde `a regi ˜ao combust´ıvel e a regi ˜ao 2 (30cm ≤ x ≤ 50cm) corresponde `a regi ˜ao refletora, e par ˆametros nucleares conforme Tabela 4.

Tabela 4: Par ˆametros nucleares do CT1-2G2R.

Regi ˜ao D1 D2 ΣR1 ΣR2 νΣf 1 νΣf 2 Σs12

1 1,43800 0,397600 0,029350 0,104900 0,000242 0,155618 0,01563 2 1,87142 0,283409 0,035411 0,031579 0,000000 0,000000 0,03434

Tabela 5: Autovalores dominantes (Kef f) para CT1-2G2R.

SILVA; MARTINEZ; GONC¸ ALVES (2012) CEOLIN et al. (2014) MPFF

Kef f 0,7346988 0,734476 0,734919

Aplicando os par ˆametros e as condic¸ ˜oes indicadas, observa-se que a precis ˜ao neste caso teste ´e de 3 casas em comparac¸ ˜ao com a refer ˆencia adotada. Cabe ressal-tar que para o MPFF obter o resultado ´otimo (tempo vs precis ˜ao) utiliza-se ∆x = 1cm. Para se obter os resultados deste teste, o m ´etodo de CEOLIN et al. (2014) utiliza ∆x = 2cm. Os tempos computacionais s ˜ao MPFF = 1,8s e CEOLIN et al. (2014) = 7,8s. Observa-se um ganho computacional de aproximadamente 4 vezes com relac¸ ˜ao a refer ˆencia. Aqui, cabe ressaltar que os tempos computacionais s ˜ao relativamente pequenos, em relac¸ ˜ao ao CT1-2G1R, devido ao tamanho do ∆x. Este caso teste admite maiores valores de ∆x, pois mesmo se for reduzido, permanece com a con-cord ˆancia de 3 casas com a referencia adotada. Assim, opta-se em permanecer com os resultados com melhor tempo computacional.

O valor do fluxo de n ˆeutrons (r ´apido e t ´ermico) obtidos s ˜ao comparados com os obtidos pelo m ´etodo utilizado por CEOLIN et al. (2014) na qual na Tabela 6 ´e repre-sentado pelo ´ındice superior ”ref”e ´e calculado o desvio relativo.

(38)

Tabela 6:Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT1-2G2R. x φ1(x) φ ref 1 (x) Des. Relativo φ2(x) φ ref 2 (x) Des. Relativo 0 6,14135 6,16161 3,30 x 10−3 0,90945 0,91241 3,25 x 10−3 10 5,64914 5,66422 2,67 x 10−3 0,83657 0,83876 2,62 x 10−3 20 4,25034 4,25144 2,59 x 10−4 0,63151 0,63136 2,36 x 10−4 30 1,94779 1,92850 9,90 x 10−3 0,72640 0,72522 1,62 x 10−3 40 0,46266 0,45718 1,18 x 10−2 0,54130 0,53706 7,83 x 10−3 50 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000

Como ilustrac¸ ˜ao o fluxo escalar de n ˆeutrons ´e apresentado na Figura 5. Percebe-se a satisfac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes de contorno e um fluxo m ´aximo na origem do dom´ınio.

Figura 5: Gr ´afico do CT1-2G2R.

Na Figura 5 observa-se a satisfac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes de contorno e um aumento do fluxo t ´ermico no inicio da regi ˜ao refletora que ´e devido a contribuic¸ ˜ao dos n ˆeutrons r ´apidos, que surgem na regi ˜ao combust´ıvel, e ao chocarem com ´atomos da regi ˜ao refletora espalham e se tornam t ´ermicos.

3.2.2 Caso Teste 2 (CT2)

Para o segundo caso teste utiliza-se como refer ˆencia LEMOS (2005), que apre-senta resultados para um problema com dois grupos de energia e duas regi ˜oes (2G2R) com dom´ınio 0 ≤ x ≤ 30cm e interface em x = 10cm, na qual a regi ˜ao 1 (0 ≤ x ≤ 10cm) corresponde a regi ˜ao combust´ıvel e a regi ˜ao 2 (10cm ≤ x ≤ 30cm) corresponde a regi ˜ao refletora, e condic¸ ˜ao de contorno mista d

dxφg(0) = 0e φg(30) = 0. Os par ˆametros

nucleares utilizados encontram-se na Tabela 7. A pot ˆencia prescrita ´e de P = 10−6W e a quantidade de energia gerada por fiss ˜ao adotada ´e de E = 200M eV /fiss ˜ao.

(39)

Tabela 7: Par ˆametros nucleares do CT2-2G2R.

Regi ˜ao D1 D2 ΣR1 ΣR2 νΣf 1 νΣf 2 Σs12

1 1,6797 0,4754 0,02309 0,07886 0,005008 0,09713 0,01423 2 0,6702 0,1509 0,09013 0,03277 0,000000 0,00000 0,09084

Cabe salientar que LEMOS (2005) utilizou como crit ´erio de parada 10−2, assim

simulou-se um caso com mesmo crit ´erio e outro com um crit ´erio de parada mais fino, 10−10, para poss´ıveis comparac¸ ˜oes futuras.

Tabela 8: Autovalores dominantes (Kef f) para CT2-2G2R.

LEMOS (2005) MPFF(10−2) MPFF(10−10)

Kef f 0,70139961 0,70166267 0,70069544

O valor do fluxo de n ˆeutrons (r ´apido e t ´ermico) normalizados pela pot ˆencia obtidos com crit ´erio de parada 10−2s ˜ao comparados com os obtidos pelo m ´etodo utilizado por LEMOS (2005) que s ˜ao apresentados na Tabela 9 e representado pelo ´ındice superior ”ref”.

Tabela 9:Fluxo escalar de n ˆeutrons para CT2-2G2R.

x φ1(x) φref1 (x) Des. Relativo φ2(x) φref2 (x) Des. Relativo

0 122402 121995 3,33 x 10−3 22309,96 22265 2,02 x 10−3 5 113041 113055 1,21 x 10−3 23615,43 23618,6 1,34 x 10−4 10 78503,7 78614,9 1,42 x 10−3 45224,24 45292,5 1,51 x 10−3 20 2004,33 2007,17 1,42 x 10−3 9611,38 9625,04 1,42 x 10−3

30 0 -7,45 x 10−9 - 0 1,19 x 10−7

-Como ilustrac¸ ˜ao o fluxo escalar de n ˆeutrons normalizado pela pot ˆencia ´e apresen-tado na Figura 6 e percebe-se a satisfac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes de contorno e um aumento do fluxo t ´ermico no entorno da interface devido a contribuic¸ ˜ao do espalhamento.

(40)

Figura 6: Gr ´afico do CT2-2G2R. 3.2.3 Caso Teste 3 (CT3)

O terceiro caso teste utiliza dois grupos de energia e tr ˆes regi ˜oes (CT3-2G3R). Este teste ´e muito usado para a validac¸ ˜ao dos modelos, visto que na literatura s ˜ao en-contrados resultados benchmark. A geometria do problema consiste em um dom´ınio com 0cm ≤ x ≤ 240cm, interfaces reais em x = 40cm e x = 200cm, na qual a regi ˜ao 1 (0 ≤ x ≤ 40cm) e regi ˜ao 3 (200cm ≤ x ≤ 240cm) correspondem as regi ˜oes com-bust´ıveis e a regi ˜ao 2 (40cm ≤ x ≤ 200cm) corresponde `a regi ˜ao refletora, o problema possui condic¸ ˜oes de contorno de Dirichlet φg(0) = 0e φg(240) = 0e par ˆametros

nucle-ares conforme Tabela 10.

Tabela 10: Par ˆametros nucleares do CT3-2G3R. Regi ˜ao D1 D2 ΣR1 ΣR2 νΣf 1 νΣf 2 Σs12

1 e 3 1,5 0,5 0,026 0,18 0,010 0,200 0,015 2 1,0 0,5 0,020 0,08 0,005 0,099 0,010

A comparac¸ ˜ao dos resultados do Kef f e da pot ˆencia por regi ˜oes ´e feita com o

benchmark dado por POLLARD (1977) e com CEOLIN et al. (2014), como pode ser observado na Tabela 11.

Referências

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