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O desenvolvimento da cultura nos diferentes espaços que a criança convive e suas aprendizagens.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE DE EDUCAÇÃO CURSO PEDAGOGIA

O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA NOS DIFERENTES ESPAÇOS QUE A CRIANÇA CONVIVE E SUAS APRENDIZAGENS.

REGIANE CEZAR DUTRA

Santa Rosa -RS 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADE DE EDUCAÇÃO CURSO PEDAGOGIA

O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA NOS DIFERENTES ESPAÇOS QUE A CRIANÇA CONVIVE E SUAS APRENDIZAGENS.

REGIANE CEZAR DUTRA

Monografia apresentada junto ao curso de Pedagogia da Unijui, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.

Orientador: Prof. Ms. Josei Pereira

Santa Rosa, RS 2017

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade que me proporcionou, aos meus pais e amigos pelo incentivo de não me deixar desistir, agradeço aos professores que tive a oportunidade de conhecer e estes dividir comigo o conhecimento por eles adquirido me fazendo admirá-los cada dia mais.

E ao professor Josei que esteve comigo na elaboração deste trabalho, me guiando no caminho certo e me auxiliando sempre.

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Dedicatória

Dedico esse trabalho a minha família, pelo incentivo, apoio e confiança a mim depositados, durante toda a minha jornada de estudos.

Dedico também a todos os meus professores que tive nesse decorrer de quatro anos, por me proporcionar metodologias e ensinamentos que levarem para a vida inteira.

As minhas colegas que souberam me compreender nos momentos que estava mais preocupada e angustiada.

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Há um ditado chinês que diz, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada um vai embora com um. Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia, ao se encontrarem, trocam as ideias, cada um vai embora com duas. Quem sabe, é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir ideias para termos pão. Cortella

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Resumo

Este trabalho consiste em apresentar a importância da cultura no desenvolvimento da aprendizagem do aluno na sala de aula, pois destacamos que a cultura é uma herança social, onde determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações, onde podemos destacar que a cultura familiar e escolar aparece integradas na forma de aprendizagem do aluno, influenciando positivamente a aprendizagem do mesmo. O objetivo desse trabalho é instigar o conhecimento referente a importância da cultura no meio escolar, familiar e social no processo de aprendizagem de cada aluno. Tendo como metodologia a observação e entrevista informal com a professora de um terceiro ano da rede municipal de ensino, do município de Santa Rosa/RS, e o foco bibliográfico conceitual sobre conceitos da cultura.

Palavra-chave: Cultura; Aprendizagem; Escola; Família

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Sumário

Agradecimentos ... 3 Dedicatória ... 4 Resumo ... 6 Sumário ... 7 Introdução: ... 8

Capítulo 1: As origens da cultura e o seu desenvolvimento ... 10

Cultura familiar ... 12

Cultural social ... 15

Cultura escolar ... 17

Capítulo 2: A diversidade cultural no meio escolar ... 21

Capítulo 3: O papel da ludicidade na cultura escolar e social ... 24

Considerações finais ... 26

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Introdução:

Este trabalho possui como tema a importância da cultura no ambiente escolar, nele será abordado a cultura no espaço escolar e na sociedade em que vivemos. Tendo como pergunta norteadora; como a cultura influencia na aprendizagem dos alunos e nas interações realizadas na sala de aula?

E através deste conceito que este trabalho irá apresentar a realidade e os estudos realizados de forma empírica e bibliográfica em relação a importância da cultura na aprendizagem da criança destacando a compreensão do mesmo para contribuir no processo de aprendizagem do aluno na sala de aula.

Possuindo como objetivo instigar o conhecimento referente a importância da cultura no meio escolar, familiar e social no processo de aprendizagem de cada aluno. Pois acredito que cada pessoa constrói sua identidade e seu modo de pensar através da cultura que está inserida.

Pois nós seres humanos nascemos inseridos dentro de uma cultura, onde criamos hábitos, crenças e ensinamentos que são passados de gerações para gerações, a cultura define nossa personalidade e a maneira como agimos no espaço em que convivemos seja ele escolar ou familiar.

Na sala de aula nos deparamos com diferentes culturas inseridas num mesmo local. As interações realizadas irão moldando o pensamento da criança, onde ela cria autonomia e constrói sua identidade através das interações que realiza. A metodologia utilizada para a realização de trabalho foi em busca de conceitos com diferentes autores como Laraia, Pedro Demo, Gilles Brougére entre outros, além de uma conversa informal com a família e aluno que veio do Haiti que estuda numa escola da rede municipal de ensino da cidade de Santa Rosa, com uma observação com a turma na escola.

Levando em conta os três conceitos fundamentais, cultura familiar, cultura escolar e a cultura social, podemos destacar que cultura familiar possui um papel importante no desenvolvimento de cada indivíduo, sendo de fundamental importância. É no seio familiar que são transmitidos os valores éticos e sociais que servirão de base para o processo de socialização da criança bem como as tradições e os costumes perpetuados através de gerações.

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A cultura escolar visa distinguir os processos de transmissão cultural de uma dada sociedade dos processos de transmissão da cultura escolar, a cultura escolar refere-se às práticas e modos de transposição didática de diferentes conteúdos, comportamentos e normas sociais realizados no ambiente escolar.

Por fim temos a cultura social, que significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, os costumes e todos os hábitos e aptidões (ou seja, todo o resultado das ações humanas no plano material ou imaterial - ideias), adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.

Levando em conta esses três conceitos fundamentais dividimos esse trabalho em três capítulos. No primeiro iremos destacar o que é cultura e sua evolução na sociedade; no segundo capítulo a cultura no ambiente escolar, trazendo a realidade de um aluno Haitiano de uma escola municipal da cidade de Santa Rosa onde não fala português e possui uma cultura totalmente diferente da que está inserido hoje, destacamos o papel do professor nessa mediação de conhecimento e apresentaremos uma visão da importância da cultura na escola. No terceiro capítulo traremos o brincar como forma de cultura, afim de apresentá-la como uma forma de aprender e transmitir cultura. Por fim trago as minhas considerações finais onde reflito e descrevo as conclusões construídas com os estudos realizados.

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Capítulo 1: As origens da cultura e o seu desenvolvimento

Nos meados do século XVIII e no princípio do seguinte, o termo germânico

kuntur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade,

enquanto a palavra Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo, essas duas definições resultam na definição do conceito de cultura. Após o decorrer dos tempos Edward Tylor (1832-1917) sistematizou os dois termos como cultura dando o seguinte significado:

(...) no vocabulário inglês culture, que tomando em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. (TYLOR in LARAIA, 2014, p.14)

Essa definição fez com as pessoas começassem a observar e a identificar a diversidade de culturas que estavam ali presente naquele espaço de convívio, e a destacar a importância da mesma para entender a sociedade.

A cultura está presente em nós desde que nascemos, pois trazemos conosco os traços de nossas gerações, crenças, pensamentos e princípios que são transmitidas pelos nossos pais.

A cultura, tanto quanto a herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações, pois adquirindo a cultura o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que a agir através de atitudes geneticamente determinadas, comprovando assim que não existe nenhuma ordem baseada em verdades inatas mas uma mudança no ambiente resultaria numa mudança de comportamento, demonstrando com isso que o homem é um ser que se adapta a diferentes ambientes e necessita de trocas de experiências e aprendizagens.

Com isso a cultura é um processo acumulativo, que é construído através das experiências que nós seres humanos realizamos, onde vamos adquirindo com as nossas

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ações e situações cotidianas, levando em conta as experiências das gerações anteriores, definiria assim que a cultura seria um ciclo ou sistema que vai se aprimorando através das situações que o ser humano realiza.

Culturas são sistemas (de padrões de comportamentos socialmente transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças, assim por diante. (LARAIA, 2014, p.31)

A nossa sociedade é baseada em um sistema e em uma hierarquia já definidas pelas gerações que estavam ali presente no decorrer dos anos. Esse sistema hierárquico só se aprimora no decorrer dos tempos de forma positiva ou negativamente, a tecnologia, a economia e os elementos de organização social estão ligadas diretamente a produção e constituem o domínio mais adaptativo da cultura, algumas definições e visões de mundo já são constituídas pelo ser humano.

O modo de ver o mundo, as observações e as reflexões realizadas pelos seres humanos referente aos diferentes comportamentos sociais e mesmos posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural.

O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensa em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de inúmeros conflitos sociais. (LARAIA, 2014, p.38)

O ser humano passa a defender uma única ideia que determina como correta pela sua cultura, e assim foi ensinado condicionada sua visão de mundo, fazendo com que este construa um preconceito sobre determinados assuntos, não podendo ver, muitas vezes, os dois lados de um determinado assunto. A homossexualidade é um grande exemplo onde muitos não aceitam pois zelam por uma família tradicional (moralidade cristã), sua cultura que ele está inserido determinou esse modo de ver o mundo.

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A cultura está em tudo e está entretecida com tudo aquilo em que nós nos transformamos ao criarmos as nossas formas próprias simbólicas e reflexivas de convivermos uns com os outros, em e entre as nossas vidas. Vidas vividas, de um modo ou de outro, dentro de esferas e domínio de alguma vida social. (SILVA, 2008, p.31)

Com isso percebemos que a cultura possui manifestações tão amplas e diversificadas dentro de nossa sociedade, que nos leva a vários caminhos e definições. Me questiono como trabalhar conceito como etnocentrismo, diversidade cultural com os pequenos seres humanos que estão em construção de sua identidade de sua cultura, para isso destaquei três conceitos que norteiam essas aprendizagens.

Cultura familiar

A cultura familiar é o primeiro contato que a criança possui com a cultura que está definida a seguir, essa depende inteiramente a família, pois é nesse primeiro contato que são transmitidos os valores morais e sociais que servirão de base para o processo de socialização da criança bem como as tradições e os costumes perpetuados através de gerações. Podemos citar como exemplo:

Nas gerações anteriores, como havia um convívio mais próximo, várias meninas e meninos, aos 10, 12 anos, aprenderam lidar com crianças ajudando tomar conta dos primos, estando junto com as tias, com a avó. Mais tarde, ao se tornarem pais e mães já tinham várias noções do que era cuidar de uma criança. As gerações anteriores foram beneficiadas por um ambiente pedagógico não formal, um espaço de aprendizagem que era a convivência familiar. (CORTELLA, 2017, p.24)

Os pais possuem o principal papel que norteiam essa primeira aprendizagem sobre a cultura, e esses passam os ensinamentos e modos de ver o mundo trazido pelos seus antepassados e definem as primeiras formas que os sujeitos vai ver a sociedade em que está inserida. Para Ruth Benedict a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo.

Essa primeira visão de mundo traz consigo os valores familiar, construindo assim os pilares de sua personalidade onde vai se modificando no decorrer de sua vida, esses pilares podem ser construídos de forma positiva ou negativa, onde podem modelar o

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caráter do seu filho de forma onde dê a ele uma visão geral do mundo sendo um ser humilde e honesto, ou dando a ele uma visão parcial do mundo os tornando um ser individualista, tudo dependerá da sua genética cultural.

Naturalmente, cada pessoa possui raízes culturais ligadas a heranças, a memória étnica, constituídas por estruturas, funções e símbolos, transmitidas de geração por longos e sutis processos de socialização. É óbvio também que cada indivíduo, antes de poder decidir sua própria proposta de vida, se encontra imerso na imanência de sua comunidade, nas coordenadas que configuram o pensar, o sentir e o agir legítimo em seu grupo humano. (GÓMEZ, 2001, p.13)

Antigamente esses valores culturais são mais nítidos nas famílias, seja por forma de autoridade, quanto bastava um olhar e já se sabia onde e o que deveria ser feito. No decorrer dos tempos esses valores foram sendo substituídos por outros e as gerações que foram se construindo se tornaram mais livres para criar seus pilares de cultura evidenciando outras famílias.

Hoje há um falecimento das condições de formação e criação de jovens. Muita gente entrega os pontos, desiste de fazer esforço com inteligência que é necessário para formar alguém. Isso é, há necessidade de nós, adultos, nos estruturarmos quase como uma força tarefa para não perder essa nova geração, que é exuberante em vários aspectos, capaz de ações maravilhosas, mas também capaz de produzir horrores, enfraquecimentos éticos e distorções na convivência. (CORTELLA, 2017, p.09)

Essa entrega de pontos se obteve, pois, vivemos em uma sociedade competitiva, onde ninguém tem tempo para parar e conversar com seus filhos entramos numa cultura familiar tecnológica podemos dizer assim; pois os pais hoje em dia conversam mais pelo telefone com seus próprios filhos do que pessoalmente. Hoje as interações com os filhos se tornou algo raro entre as famílias, os momentos de brincadeira, jogos e interações foram substituídos por relacionamentos digitais.

Essa mudança nos resultou em adolescentes e jovens mais livres onde possui uma visão de pensamento onde muitas vezes podem tudo, podem escolher o ‘que vestir, comer, estudar e os pais passam a concordar e não mais a se impor como faziam as gerações seguintes, trazendo assim dois pontos de vista.

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Os meus pais, isto é, os pais dos pais dos pais em relação à geração atual não tinham essas questões. Porque os modelos eram mais óbvios, bastava repeti-los. Meus pais fizeram o que fizeram meus avós. A lógica era que crianças obedece ou fica de castigo ou apanha. Meus pais viveram isso sem tanto peso. As atividades paternal e maternal eram muito afeitas a ideia de cuidar com disciplina, já a minha geração deu vez a formação dos filhos com mais direito de liberdade: a criança e o jovem podiam emitir opinião. Na geração dos meus avós, era “nenhuma voz”, na dos meus pais, “talvez alguma voz”, a minha geração criou seus filhos “sim, eles têm direito a alguma voz”, a atual geração de pais dá a eles “toda a voz”. Quando falo voz, não estou falando de liberdade de expressão, mas de poder de decisão, da possibilidade de escolha autônoma, as vezes até soberana. (CORTELLA,2017, p.15)

Com isso podemos perceber que essa “voz” que foi dada para as crianças, juntamente com o desinteresse cultural de seus pais fez com que criassem uma visão de mundo onde se pode tudo. Vemos isso nitidamente nas escolas com as crianças, muitas delas ao brincar não conseguem dividir o brinquedo e se consideram donos de todos os brinquedos ali presente. Essa visão causa conflitos com os demais colegas ali presente. Não apenas a posse, mas atitudes desrespeitosas também são marcadas desse tempo viver comunitariamente se tornou algo desafiante nessa geração.

Pois as crianças estão entrando num ambiente individualista onde o brincar sozinho está sendo algo prazeroso para ela, e isto está muitas vezes ligado com a realidade em que ela convive. O ambiente escolar pode proporcionar momentos lúdicos, prazerosos onde a criança expõe suas ideias, brinca e interage com os demais sujeitos que estão ali inseridos, mas não pode suprir a falta que os pais podem fazer no seu desenvolvimento da criança.

Percebemos com isso que os pais estão sendo engolidos pela sociedade em que convivem, pois observamos constantemente pais e filhos atarefados, sem tempo para conversar, que ao chegar em casa desejam unicamente a sua cama, mas temos o relativismo pois temos que parar e analisar que por mais que a tecnologia tenha seu espaço e essa realidade citada acima está muito presente, possuímos também pais que possuem tempo para seus filhos, participando constantemente da vida do seu filho e construindo juntamente com seu filho sua identidade, e uma visão de cultura social concretizada na forma de ver o mundo de forma ampla e social.

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Cultural social

A cultura social podemos definimos que significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.

A cultura está em tudo e está entretecida com tudo aquilo em que nós nos transformamos ao criarmos as nossas formas próprias simbólicas e reflexivas de convivermos uns com os outros, em e entre as nossas vidas. Vidas vividas, de um modo ou de outro, dentro de esferas e domínio de alguma vida social. (SILVA, 2008, p.31)

A vida social evoluiu muito no decorrer dos tempos, podemos refletir que no decorrer dos anos o avanço tecnológico e as mudanças hierárquicas mudaram nossa visão de sociedade; se antes as crianças eram livres para brincar na rua, onde eram guiados pela sua imaginação, onde possuíam diversas ferramentas para se divertir de forma onde a imaginação os guiava. Mas hoje elas vêm a rua como sinal de perigo e se encontram em segurança brincar com um brinquedo eletrônico e sua ludicidade e modos de criar fica limitado a uma ferramenta eletrônica.

Aquela imagem antiga, e até gostosa, da mãe colocando a cabeça para fora da janela. ”vem para casa, menino! Está na hora da janta “ou “ Entra, está na hora do banho! ” Tinha a suposição de que a rua não era um espaço interditado. A nossa noção de casa era um pouco mais ampliada. A nossa casa era a nossa casa, e o nosso quintal era o nosso quintal e a rua. A rua estava numa cidade que a gente cruzava, transitava por ela. Cabe ressaltar que, quando eu falo do passado, não é para a ele retornar, mas para não perder aquilo que tem valor na convivência humana. (CORTELLA, 2017.p.68)

Essa percepção de crianças livres onde brincavam até o sol se esconder se tornou raridade no período de hoje, nossas crianças estão imersas em atividades constantemente, muitas delas não são mais crianças, mas adultos em miniaturas; pois muitas delas desde muito pequenas entram na escola com quatro meses de idade, as sete horas da manhã e saem da escola às sete horas da noite, essa correria do dia a dia faz com que as crianças

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brinquem menos. E essa perda do brincar pela rotina diária cansativa faz com que a criança perca seu processo de socialização, pois é através do lúdico que a criança aprende resolver problemas, a interagir com o outro, ser livre para se expor como ela realmente é no espaço em que convive.

Essa rotina de tarefas supridas de consumismo permeia até eles se formarem, crianças com rotinas definidas pelos seus pais e seguidas rigorosamente por eles.

Há cada vez mais uma demanda para se estenda o período de permanência das crianças dentro do equipamento escolar. A intenção não é que elas fiquem menos tempo na rua, e dessa forma, possam ser cuidadas e vigiadas. Não é um projeto pedagógico em todos os lugares, e muito mais uma medida de contenção de natureza policial e de serviço social do que de fato uma convicção de cunho educacional. (CORTELLA, 2017.p.70)

O espaço escolar passou a ser visto como um ambiente, mais correto para se manter uma criança integralmente do que deixar tempo para ela trocar experiências com a família, mas isso raramente acontece pois elas chegam exaustas depois de um dia inteiro de escola. E questionei muito no decorrer deste estudo onde fica hoje essa troca cultural realizada pelas famílias se as crianças permanecem mais no meio social e na escola do que com sua própria família?

Me lembro nitidamente de quando meus pais ao chegarem em casa do trabalho sentavam comigo e com meu irmão para saber como tinha sido o nosso dia de aula, e conversamos sobre outros assuntos. Hoje percebo que são raras a família que possui um momento de diálogo com seus filhos.

O meio social em que estamos convivendo não tem tempo para parar para conversar, mas sobra tempo para trabalho, e para atividades individualizadas e não mais coletivas pois os adultos estão atarefados demais e as crianças também.

A cultura social acaba sendo um espaço de interligações de crenças onde cada sujeito ali inserido passa sua percepção de mundo e vão se interligando com o mundo que as rodeia.

Culturas não envolvem apenas as coisas materiais do mundo com que criamos o entorno “fabricado” de nossas sociedades: casas, casacos, canetas, comidas, carros e computadores. Sim, em boa parte a experiência da cultura está no que nós fazemos ao transformarmos as coisas da natureza em objeto da cultura através do trabalho. (SILVA,2008, p.31)

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Com isso percebemos que a cultura é algo muito complexa, onde apresenta diferentes caminhos, definidos por conceitos, esses conceitos nos levam a refletir nossa sala de aula onde somos mediadores de aprendizagens e nos deparamos com uma diversidade cultural todos os dias. E a cultura social permeia o consumismo onde suprir a falta de carinho e atenção é feita através da compra do melhor brinquedo, roupa ou qualquer outro objeto material, mas não é disso que o ser humano precisa, ele precisa de diálogo e atenção, onde ele interaja com os seres envolvidos no seu meio.

Cultura escolar

A cultura escolar visa distinguir os processos de transmissão cultural de uma dada sociedade dos processos de transmissão da cultura escolar, a cultura escolar refere-se às práticas e modos de transposição didática de diferentes conteúdos, comportamentos e normas sociais realizados no ambiente escolar.

Dominique ressalta que:

A cultura escolar é descrita como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e práticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas. Normas e práticas não podem ser analisadas sem se levar em conta o corpo profissional dos agentes que são chamados a obedecer a essas ordens e, portanto, a utilizar dispositivos pedagógicos encarregados de facilitar sua aplicação, a saber, os professores primários e os demais professores. Mas para além dos limites da escola, pode-se buscar identificar, em um sentido mais amplo, modos de pensar e de agir largamente difundidos no interior de nossas sociedades, modos que não concebem a aquisição de conhecimentos e de habilidades senão por intermédio de processos formais de escolarização. (2001, p.3)

Através da cultura escolar será passado a aprendizagem e uma visão de um todo da sociedade em que o mesmo está inserido mostrando que ele é um sujeito, inserido numa sociedade com uma cultura, mas que ao seu redor possui uma diversidade de valores que devem ser respeitados e valorizados, onde haverá a integralidade e a troca de

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experiência para a construção do conhecimento, demonstrando assim que somos todos diferentes, mas que necessitamos uns dos outros para viver em sociedade.

Aprendermos a ser quem somos, para viver como vivemos, para sentir e pensar o ‘que sentimos e pensamos, para criar, fazer e transformar tudo o ‘que a sós ou solidariamente criamos, fazemos e transformamos. Não somos quem somos, seres humanos porque somos “seres racionais”. Somos quem somos e somos até racionais, porque somos seres aprendestes. Somos seres vivos dependentes de estarmos a todo o tempo de nossas vidas e não apenas durante algumas fases dela aprendendo e reaprendendo. Somos pessoas humanas que dependem inteiramente dos outros e de nossas interações afetivas e significativas com eles para aprendermos até mesmo a sermos pessoas. (SILVA. 2008, p.28)

Essa troca de experiências se dá no decorrer das atividades propostas e das interações em que a criança realiza no espaço escolar de forma lúdica e dinâmica, mas podemos perceber que o espaço escolar já possui uma cultura enraizada nele, uma cultura caracterizada por um quadro negro, alunos enfileirados e um currículo para ser seguido, e o mais deprimente tendo o professor como autoridade na sala de aula e não uma visão de um ser que troca experiências que pode aprender com eles.

A cultura escolar imposta hoje como tradicional vem desde muitos anos atrás, quando o professor possuía a autoridade maior e até os castigos eram impostos, os alunos não tinham permissão para colocar suas ideias o ensino era imposto de forma autoritária. Aos poucos o ensino foi se reelaborando e o aluno foi construindo seu espaço. Hoje o ensino é mais humanizado centrado no aluno e na sua aprendizagem as metodologias passaram a ser expostas de forma lúdica e as formas de ensinar foram reorganizadas onde tudo parte do conhecimento prévio do aluno.Com isso a cultura escolar também foi se “modificando”. A realidade do aluno foi sendo trazida para dentro da sala de aula.

Miguel Arroyo descreveu em seu artigo:

Falar de cultura escolar é mais do que reconhecer que os alunos e os profissionais da escola carregam para esta suas crenças, valores, expectativas e comportamentos, o ‘que sem dúvida poderá condicionar os resultados esperados. Aceitar que existe uma cultura escolar significa trabalhar com o suposto de que os diversos indivíduos que nela entram e trabalham adaptam seus valores aos valores, crenças, expectativas e comportamentos da instituição. Adaptam-se à sua cultura materializada no conjunto de práticas, processos, lógicas, rituais constitutivos da instituição. (2001,p.4)

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Com isso a cultura escolar é um conjunto de valores já adquirido pelo sujeito e com isso o tradicionalismo educacional vem perdendo o espaço no meio social em que estamos, pois, o aluno já é visto como um ser que possui uma aprendizagem já adquirida e uma identidade educacional e pessoal. Essas duas características devem ser levadas em conta para iniciar uma aprendizagem mais significativa, onde há uma diversidade cultural presente e diversas interações realizadas naquele local.

Essas interações pode ser muitas vezes uma chave de escape para o aluno, onde ele vê no meio escolar um local onde ele possa expor suas emoções, onde ele possa ter alguém para conversa e não para criticar, houve um fato que tomou conta das redes sociais o vídeo de um menino na qual ele destruía uma sala da escola de raiva por uma dada situação. Em nenhum momento os profissionais do meio da educação interviram, apenas criticavam o menino usando palavras que o insultavam e o menino apenas estava reproduzindo o que ele via em casa. A realidade dele era de uma função paterna que usava a agressividade como forma de solucionar um problema ou de extrair a própria raiva, ele retratou o que ele estava vivenciando.

Muitos desses episódios acontecem no dia a dia de algumas crianças, mas a escola nem sempre está preparada para lidar com essas dificuldades sociais, muitas vezes o papel da escola é cumprir um currículo, e não ajudar seu aluno. A cultura escolar possui duas percepções a tradicional e a inovadora. A tradicional que segue os padrões que conhecemos tão bem, eu ensino e você aprende, e a segunda percepção é eu ensino e aprendo com você.

Por mais que a percepção tradicionalista esteja entranhada no meio social como podemos citar um exemplo com a evolução da tecnologia que está mais presente na sala na aula. Os alunos não perderam o costume tradicional de copiar o que é projetado na data show. Essa pequena evolução vem fazendo a diferença na formação do aluno, e moldando uma nova cultura escolar e social.

A cultura escolar hoje é baseada nas relações que o aluno faz nas aulas, as trocas de experiências e de conhecimento que ele realiza, focando assim uma cultura inovadora de certo ponto pois considera o conhecimento do aluno e faz com que o mesmo interaja com os seus educadores e evolua na sua forma de pensar e agir na sociedade em que vive, essas pequenas evoluções farão a diferença na sua formação cidadã.

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Capítulo 2: A diversidade cultural no meio escolar

Com essa evolução percebemos a diversidade cultural que está presente no nosso meio escolar constantemente na sala de aula, essas diversidades vão se integrando com as demais do meio e se transformando numa identidade da turma. Essas interações realizadas são importantes para integrar alunos e para o professor conhecer cada individualidade do mesmo.

Cada ser humano é um eixo de interações de ensinar e aprender. Assim, qualquer que seja, cada pessoa é em si mesma uma fonte original de saber e de sensibilidade. Em cada momento de nossa vida estamos sempre ensinando algo a quem nos ensina e estamos aprendendo alguma coisa junto a quem ensina algo. Ao interagir com ela própria, com a vida e o mundo e, mais nada, com círculos de outros autores culturais de seu círculo de vida, cada pessoa aprende e reaprende. (SILVA. 2008. p.33)

Essa individualidade cultural faz com que o meio escolar se torne um local privilegiado mas percebemos que a escola por mais que possua essa diversidade cultural segue uma linha de ensino e aprendizagem baseada no aluno, mas não em sujeitos que não possui o mesmo padrão cultural que está acostumado na rede de ensino. Pude perceber isso na observação realizada numa escola municipal da cidade de Santa Rosa -RS onde realizei uma observação e uma entrevista oral com a professora, alunos e familiares.

O aluno observado veio do Haiti e foi integrado a uma escola da rede municipal da cidade, seu primeiro contato com os colegas foi assustador segundo ele, pois havia uma diferença cultural nítida a linguagem. O aluno fala francês e os demais colegas portuguesas, esta foi a primeira dificuldade que ele destacou ao ser entrevistado.

Com sua integração com a escola houve uma grande mudança pedagógica, onde a professora teve que pensar sua forma de ensino e a escola em uma metodologia que fizesse com que o aluno se sentisse mais integrado com a mesma.

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No primeiro momento a professora trabalhou com a turma o país que o referente aluno veio, a sua cultura, história e algumas curiosidades, para que as crianças conhecessem e se integrassem com essa nova cultura que veio para a sala de aula e que estaria ali presente no dia a dia.

Após a presença do aluno na escola e na sala de aula, ela relata que seus alunos foram guiados pela curiosidade pois enchiam o menino de perguntas, mas que ele, de forma encabulada, não respondia e nem por isso as crianças deixavam de perguntar, outro ponto marcante relatado pela professora é que o grupo sempre achava formas de mantê-lo integrado e sentir-se bem no ambiente que era novo para ele.

A professora me relatou que a primeira comunicação que fez com o aluno foi através de sinais, ela usava sinais e mímicas para se comunicar com ele, e ele exercia o mesmo com ela, até que aprendessem outra forma de comunicação.

A escola disponibilizou ao aluno e aos demais descendentes Haitianos que estão matriculados na escola aulas de português no turno inverso da aula, com isso facilitou a comunicação dos mesmos na sociedade e na escola. Os pais do aluno observado também participavam destas aulas e eles próprios destacam que facilitou para eles se comunicarem com o “pessoal daqui” (como dizem eles).

As aulas de português ministradas no turno inverso as aulas foram de forma lúdica onde por meio de brincadeiras e jogos foi possível essa aprendizagem, o aluno destacou que nessas aulas eles “brincavam com as palavras” e na hora do intervalo ele “brincava de palavras” com os colegas. Esse brincar fez com que ele aprendesse a nossa linguagem com facilidade dentro de três meses ele já estava entendendo e falando algumas palavras já em português. Essa aprendizagem foi construída em torno de significações, isto é, em cima de um planejamento lúdico onde a aprendizagem de uma língua não se tornasse algo cansativo para a criança.

Kishimoto diz:

[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e envolve uma significação. É de grande valora social, oferecendo possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo preparando para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sócias. (1994, p.13)

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As relações sociais que o aluno adquiriu com a escola e com os colegas fez com que ele evoluísse cada vez mais na sua aprendizagem cotidiana. Ao ser questionado de como ele percebeu de que já estava falando uma outra língua ele pensou e respondeu que foi algo normal que ele brincou e aprendeu. Com isso refletimos de como o aprendizado lúdico faz a diferença no processo de ensinar e aprender.

O aluno que estava inserido numa cultura diferente e que possuía muitas dificuldades superou a maior delas que no caso é a linguagem através de interações que realizou de forma prazerosa e dinâmica ao aprimorar e construir seu conhecimento. Pois sabemos que cada cultura já traz consigo seus conhecimentos e experiências de sua cultura tradicional.

Cada cultura dispõe de um “banco de dados” consideradas como expressivas dentro de um espaço cultural. É com essas imagens que a criança poderá se expressar e com referências a elas que a criança poderá captar novas produções. (BROUGERE, 1997, p.40)

Esses bancos de dados são adquiridos na formação familiar e onde a criança adquiri seu primeiro contato sobre sua cultura, e este se aprimora no decorrer das experiências e relações que acontecem.

Essa interação de troca de cultura nos faz pensar em como essas experiências nos enriquece como ser humano, pois nos faz refletir que cada cultura traz consigo suas heranças genéticas e que nem a troca de país ou ambiente às mudará, com isso percebemos que a cultura só tem a acrescentar as relações humanas. O aluno observado é um grande exemplo de aprendizagem através das interações, pois ele explora ao máximo o ambiente escolar e as culturas que estão inseridas ali, e isso faz com que ele possa se sentir cada vez mais integrado no ambiente social e escolar, seja pelas formas de uma brincadeira ou pelas atividades realizadas na sala de aula.

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Capítulo 3: O papel da ludicidade na cultura escolar e

social

Como podemos perceber a ludicidade está presente nas diferentes culturas seja ela social, familiar e escolar. Na cultura social ela se torna presente nas cantigas de roda, nas músicas, nos jogos tradicionais de cada cultura, no consumismo, na cultura familiar ela está presente nas brincadeiras passadas de gerações, nas cantigas de ninar, na cultura escolar ela toma conta pois é através dela que podemos explorar cada conteúdo, cada espaço de uma sala de aula como algo mágico e prazeroso.

A criança não se encontra diante de uma reprodução fiel do mundo real, mas sim de uma imagem cultural que lhe é particularmente destinada. Antes mesmo da manipulação lúdica, descobrimos objetos culturais e sociais portadores de significações. Portanto, manipular brinquedos remete, entre outras coisas, a manipular significações culturais originadas numa determinada sociedade. (BROUGÉRE,1997, p.43)

Pois quando a criança brinca ela se torna livre para criar e fantasiar, além de demostrar o ambiente a qual ela está inserida, seus medos, suas alegrias onde ela explora cada emoção que possui.

Essa ludicidade na sociedade em que vivemos se tornou algo cada vez mais raro pois, como podemos observar e estudar estamos em uma sociedade competitiva onde não temos tempo para fantasiar e brincar, temos que render lucro para uma sociedade que nos engoli a cada dia.

O consumismo se tornou um grande obstáculo pois hoje as crianças não criam os seus brinquedos mas recebem tudo pronto, e esse brinquedo pronto é substituído por outro constantemente após a perda de interesse da brincadeira.

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A criança, como o homem adulto, não se contenta em se relacionar com o mundo real, com os objetos, ela deve dominar os mediadores indispensáveis que são as representações, as imagens, os símbolos ou os significados. A cultura na qual ela está inserida, mais do que o real, é composta de tais representações. A infância é consequentemente um momento de apropriação de imagens e de representações diversas que transitam por diferentes canais: o brinquedo e a conduta lúdica. (BROUGERE,1997, p.40)

Consumir se tornou mais fácil que criar, criar ambientes onde a criança crie seus próprios brinquedos e jogos, brinque com sua imaginação, expor a criança ao lúdico se tornou um papel da cultura escolar, pois a cultura social massacra as pequenas crianças com as rotinas diárias impostas pelos seus pais.

A criança que brinca, que é exposta ao lúdico, ela cria uma percepção para soluções de problemas, socializa-se com mais facilidade, pois é através da manipulação dos objetos que ela se concentra no que está fazendo e explora todas as possibilidades, pois brincar e aprender se torna algo prazeroso para ela e com isso sua aprendizagem e descobertas se torna mais significativa.

A infância é, consequentemente, um momento de apropriação de imagens e de representações diversas que transitam por diferentes canais. As suas fontes são muitas. O brinquedo é, com suas especificidades, uma dessas fontes. Se ele traz para a criança um suporte de ação, de manipulação traz-lhe também, formas e imagens, símbolos para serem manipulados. (BROUGERE,1997, p.42)

E é através dessas manipulações que as crianças criam formas de se expressar no ambiente que estão inseridos, se não fosse proporcionado uma proposta pedagógica lúdica para o aluno observado, ele demoraria muito mais para se adaptar e aprender a língua de uma cultura a qual era desconhecida para o mesmo.

Essas descobertas através da ludicidade seja ela de forma planejada ou explorada pela criança nos faz refletir de como o brincar é algo sério, pois o momento lúdico proporcionado em nossas vidas nos faz sentir mais alegria e prazer nas atividades que realizamos. Pois aprendemos com mais clareza e nos induz a criar diferentes visões para analisar o objeto em questão, e futuramente a nossa sociedade, pois a imaginação cria e a realidade representa algo muitas vezes diferente da que gostaríamos.

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Considerações finais

Através desse trabalho pude perceber de como a cultura é um ciclo onde se inicia dentro do ambiente familiar e vai se integrando com a cultura social e escolar.Com isso podemos perceber de como a cultura sempre está se constituindo e se aprimorando cada dia mais. Pois a sociedade em que vivemos está evoluindo constantemente e essas evoluções fazem com que a criança mude seu jeito de pensar pois a sociedade e o ser humano mudam constantemente e isso afeta diretamente essa nova geração.

O meio escolar nem sempre está preparado para receber uma cultura diferente da que está acostumada podemos perceber isso nitidamente na observação realizada nesse trabalho, mas ela foi “adaptada” para receber esse aluno, onde com as interações realizadas contribuíram nas suas aprendizagens e relações sociais, trazendo a realidade do aluno e sua cultura para que as outras crianças conhecessem saindo do tradicionalismo escolar.

Com essa observação e experiência pude responder a minha questão central do meu trabalho pois pude observar e constatar que a cultura influencia na aprendizagem da criança, pois é nas interações que ela realiza que seu conhecimento e sua socialização com o mundo se constitui, é no meio escolar que ela faz suas aprendizagens e cria significações sobre a sociedade em que está inserida.

Mas o mais importante a destacar foi a ferramenta utilizada pela escola que foi trazer a ludicidade constantemente no ambiente em que ele convivia pois foi através dela que ele aprendeu com facilidade a falar português, por isso percebo que a ludicidade é de estrema importância na aprendizagem da criança, pois é brincando que a criança aprende, e realiza aprendizagem significativa de forma lúdica e dinâmica. Essa ludicidade não deve constar somente no meio escolar, mas na sociedade em que ele convive pois acredito que as crianças devem criar e imaginar, construir suas formas de brincar e não apenas se contentar com brinquedos prontos que a sociedade de hoje oferece.

Essas diversidades culturais proporcionam aprendizagens tão significativas que nem nos damos conta a elaboração desse trabalho não me trouxe apenas o contato com

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uma base teórica magnifica, mas uma experiência onde pude conviver com uma cultura a qual possui valores e crenças diferentes da que convivia e de como essa interação me fez evoluir como ser humano.

Pois a criança é um sujeito em constante construção e o professor como mestre e mediador desse desenvolvimento possui o papel fundamental nesse processo, não só o de transmitir o conhecimento em si, mas o de elaborar um planejamento onde a criança seja instigada a descobrir e a construir seu conhecimento através das aprendizagens e conhecimentos já adquiridos pela sua cultura e meio social.

Com essas experiências e interações que a criança realiza é o que enriquece suas aprendizagens e se dá a construção de saberes, pois faz com que ele reflita que cada cultura possui sua base genética que não será perdida apenas será integrada com as demais diferentes da que está acostumada a conviver, isso acontece na sala de aula, no seu ambiente social e familiar onde o ser humano convive.

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REFERENCIAS

DOMINIQUE, Júlia. A cultura escolar como objetivo histórico. In: Revista Brasileira da Historia em Educação, n 1. Maringá, PR - Jan/jun., 2001.

GÓMES, Pérez. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: ARTMED,2001.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, Brinquedo, e a Educação. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2000.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2014.

SILVA, René Marc da Costa. Cultura Popular e educação: Salto para o futuro. Brasília: TV escola-Mec,2008.

TARJA BRANCA: a revolução que faltava. Direção de Cacau Rhoden. Produção Executiva de Estela Renner, Luana Lobo e Marcos Nisti. Roteiro de Cacau Rhoden; Estela Renner; Marcos Nisti. Intérpretes: Domingos Montagner; Wandi Doratiotto; Antônio Nóbrega; José Simão. Música: André Caccia Bava. São Paulo: Maria Farinha Filmes, 2014. 1 DVD (80 min.), son. color. Documentário.

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OBRAS CONSULTADAS

FLEURI, Reinaldo Matias. Intercultura: Estudos emergentes. Ijuí: Editora Unijui,2002.

ROMÃO, José Eustáquio. Dialética da diferença. São Paulo: Cortez Editora,2000. Lei n°9.394 de 20 de dezembro de 1996. Disponível em

Referências

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