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Análise de risco de uma carteira de ações do setor de agronegócio no IBOVESPA-2010/2015 - (Índice de Sharpe)

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FINANÇAS E MERCADO DE CAPITAIS – MBA

ANÁLISE DE RISCO DE UMA CARTEIRA DE AÇÕES DO SETOR DE AGRONEGÓCIO NO IBOVESPA-2010/2015 - (ÍNDICE DE SHARPE)

GUILHERME WENDLAND

Orientadora: Mestre Marlene Köhler Dal Ri

RESUMO

O presente estudo é classificado como uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, por meio de pesquisa documental. O estudo buscou as três empresas brasileiras do setor do agronegócio que tem ações listadas na Bolsa de Valores e buscou analisar cada uma delas, buscando seus dados e sua rentabilidade num período de 60 meses. Cálculos estatísticos foram aplicados e o objetivo principal é aplicar o Índice de Sharpe sobre cada ação, buscando saber qual das três apresentou um melhor índice de risco e retorno, comparando com a rentabilidade da Taxa Selic e após uma nova comparação com a rentabilidade do Índice Ibovespa. Para tanto, buscou-se analisar o setor do agronegócio e constatar que ele continua sendo de grande importância para a economia nacional, sendo um dos poucos setores que apresentam crescimento em meio à crise e dificuldades dos dias de hoje. Além disso, trata de analisar o mercado de capitais brasileiro, por meio da Bolsa de Valores de São Paulo, onde estão listadas e com suas ações à disposição de investidores, as maiores empresas do país.

Palavras-chave: Índice de Sharpe, Agronegócio, Mercado de Ações

ABSTRACT

This study is classified as a descriptive research with a quantitative approach, through documentary research. The study sought the three Brazilian companies in the agribusiness sector that has shares listed on the Stock Exchange and tried to analyze each of them, seeking their data and their profitability in a period of 60 months. Statistical calculations were applied and the main objective is to apply the Sharpe Ratio for each action, seeking to know which of the three had a better risk index and return compared to the profitability of Selic rate and after a new compared to the profitability of the Ibovespa Index . Therefore, we sought to analyze the agribusiness sector and see that it remains of great importance to the national economy, one of the few sectors with growth amid the crisis and difficulties of today. In addition, it comes to analyzing the Brazilian capital market through the São Paulo Stock Exchange, where they are listed and its shares available to investors, the largest companies in the country.

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1 INTRODUÇÃO

O mercado de ações se tornou uma opção de investimento para muitas pessoas, com um grande crescimento de investidores nos últimos anos. A relação de empresas com ações ofertadas na BM&FBOVESPA (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) está dividida em vários segmentos, desde bens de consumo, bancos, até empresas agrícolas.

A agricultura sempre foi um forte mercado no nosso país, sendo uma das principais bases que moveu e ainda move a economia do país. Em meio a atual crise econômica, é o setor da economia que mais vem se destacando e não sofrendo tanto as consequências do atual cenário.

A história do mercado de capitais no Brasil está relacionada à necessidade da obtenção de crédito para a expansão dos negócios e aumento da produção no país. Para conseguirem a captação de recursos necessária, as empresas deram início a processos de abertura de capital. No caso do agronegócio, a abertura de capital também surgiu como uma alternativa para financiar a compra de terras, modernização da produção de commodities agrícolas e um aumento de produtividade com ganho de qualidade e maior profissionalismo, tanto na produção quanto na gestão das empresas.

Visto que o termo agronegócio é muito abrangente podendo ser considerado desde a produção primária até a indústria de insumos e máquinas, incluindo até grandes indústrias que comercializam após o processamento ao consumidor, limita-se o trabalho com análise sobre o agronegócio destacando o setor agrícola, de produção de commodities, enfatizando o modelo de gestão e fatores diferenciados frente a agricultura até então predominante no Brasil (CALLADO, 2008).

O artigo busca realizar essa ligação entre o agronegócio brasileiro e a Bolsa de Valores, buscando as informações necessárias para realizar um comparativo entre as três empresas do setor com capital aberto no Brasil, seu desempenho no mercado de capitais em determinado período se utilizando de métodos estatísticos para efeitos de comparação, além de uma pesquisa bibliográfica sobre o agrobusiness brasileiro e o mercado de compra e venda de ações.

A BM&FBOVESPA é uma companhia que administra mercados organizados de títulos, valores mobiliários e contratos derivativos, exclusivamente por meio eletrônico. Possibilita a seus clientes a realização de operações destinadas à compra e venda de ações, transferência de riscos de mercado (hedge), arbitragem de preços entre mercados e/ou ativos, diversificação e alocação de investimentos. (BM&FBOVESPA, 2015)

Em 2015, o Agronegócio pode ser o grande condicionante do desempenho da economia nacional. Conforme dados do Instituto Cepea/USP, 23% do PIB brasileiro é decorrente do agronegócio e pode ser o único setor com crescimento mais expressivo, dado que muitos segmentos da indústria não conseguem avançar e os serviços estão em processo de exaustão. (CEPEA, 2015)

Sendo assim, o presente trabalho se propõe a apresentar um comparativo entre as três empresas do segmento do agronegócio, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), utilizando como ferramenta de comparação e cálculos o Índice de Sharpe, uma das principais formas de se obter dados estatísticos em relação a investimentos, para evidenciar sua performance no mercado de capitais e definir as relações de risco e retorno mais vantajosas. Além disso, irá se observar a mínima variância e o máximo retorno das ações.

Considerando o papel relevante que o agronegócio tem no nosso país e o aumento de negócios no mercado de ações, o estudo busca ter uma noção mais precisa sobre as empresas listadas na Bolsa de Valores no determinado setor e ter um aumento de conhecimento sobre o assunto, visto que o mesmo é pouco abordado em outros trabalhos.

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Para tanto, o estudo se baseará nas variações das ações das empresas, num período de 60 meses, buscando assim um menor índice de erro e garantindo o máximo de veracidade e confiabilidade.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Roesch (1996), o objetivo da revisão literária permite, entre outros propósitos, levantar soluções para tratar de uma alternativa fornecendo contribuições de literatura dos autores que embasaram o tema, pois este dará subsídios do contexto estudado.

2.1 Mercado de Capitais

Atualmente, a economia de um país está relacionada ao seu mercado de capitais de modo que quando a bolsa de valores é estimulada, o mercado de ações é estimulado e consequentemente a economia também. Isso faz com que os investimentos aumentem e as pessoas que não fazem parte deste processo, invistam suas poupanças, injetando dinheiro na economia. “O mercado de capitais pode ser definido como um conjunto de instituições e de instrumentos que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização de recursos dos agentes compradores para os agentes vendedores” (PINHEIRO, 2007).

Neste cenário, existem dois agentes atuantes – o investidor e o agente econômico. O primeiro assume o risco proposto e recebe os dividendos proporcionais ao seu investimento enquanto que o agente econômico empresta o dinheiro e não participa dos riscos da atividade.

O mercado de capitais é composto por vários agentes econômicos, onde se incluem bancos, sociedades corretoras, companhias de seguro e de investimento, além de outras instituições financeiras autorizadas e a própria Bolsa de Valores.

O mercado de capitais adota um papel dos mais relevantes no processo de crescimento da economia. É o grande municiador de recursos permanentes para economia, em virtude da ligação que executa entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de recursos de longo prazo, ou, seja, que têm déficit de investimento (ASSAF NETO, 2001).

2.2 Mercado de ações

Conforme Andrezzo e Lima (2002, p. 328) bolsa de valores é o local aonde os investidores podem negociar seus títulos e valores mobiliários anteriormente emitidos, permitindo maior liquidez a esses papeis e maior transparência, ou seja, são locais aonde a oferta e demanda por ações e títulos mobiliários possam ser realizados pelo melhor preço disponível, não pertencendo a órgãos públicos, mas as sociedades corretoras membros.

Segundo Fortuna (1999) “uma ação representa a menor parcela do capital social de uma sociedade por ações”. Uma ação não tem um prazo definido de resgate, ela pode ser negociada a qualquer momento no mercado, sendo que a decisão de compra e venda dos “papéis” da companhia cabe ao investidor.

Para Assaf Neto (2001), o acionista de uma empresa não é seu credor, mas sim, um coproprietário com direito a participação nos resultados dessa empresa.

Ao referenciar o mercado de ações, Fortuna (1999) descreve-o como um sistema dividido em duas etapas, sendo a primeira caracterizada pelo momento em que as sociedades de capital aberto realizam o underwriting – mercado primário de lançamento de ações no intuito de captar recursos para investimentos – e a segunda etapa, reconhecida como mercado secundario – caracterizado pela negociação de ações, via corretoras, as quais representam os detentores de ações – realizado através de bolsas de valores. As ações caracterizam-se por possuir dois aspectos distintos entre si: ações preferenciais, as quais garantem ao seu detentor

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o direito de preferência no recebimento de dividendos; ações ordinárias, caracterizadas pela garantia do direito a voto.

A Bovespa é a principal bolsa de valores do Brasil e centraliza a maioria das negociações de ativos, além de prestar serviços de registro, compensação e liquidação, atuando, principalmente, como contraparte central garantidora da liquidação financeira das operações realizadas em seus ambientes. (BM&FBOVESPA, 2015).

Em resumo, a empresa que capta os recursos de maneira mais eficiente, é premiada com a valorização das suas ações, gerando maior liquidez e facilidade nas novas emissões para a sua própria capitalização.

Quanto à participação dos investidores no volume financeiro negociado, os estrangeiros continuam sendo os mais ativos e representaram 51,2% do total em 2014. O segundo grupo mais ativo foi o dos institucionais locais, com participação de 29,0% do total de 2014. No caso das pessoas físicas, a participação no volume total passou de 15,2% para 13,7%, sendo que a queda de volume foi de 11,4%. Já o número médio de investidores ativos desse grupo caiu 6,2%, para 565,8 mil. (BM&FBOVESPA, 2015).

2.2.1 O Novo Mercado

O novo mercado é um segmento de listagem de títulos da Bovespa destinados à negociação de ações expedidas por empresas que se empenham, voluntariamente, com a adoção de boas práticas de governança corporativa e disclosure suplementar, em relação ao que é normalmente exigido pela legislação. (FORTUNA, 1999).

A valorização e a liquidez das ações são diretamente influenciadas pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações apresentadas pelas companhias. Essa é a premissa básica do Novo Mercado. (BM&FBOVESPA, 2015)

A partir das premissas acima, a Bovespa definiu um conjunto de regras, normas e práticas de comportamento para empresas, seus administradores e seus controladores que, ao atendê-las de maneira espontânea, poderão ser listadas no Novo Mercado e com certeza irá contribuir para a melhoria da relação das empresas com seus investidores e, como conseqüência, a valorização de seus ativos. (FORTUNA, 1999).

2.2.2 Índice Bovespa

Segundo Fortuna (1999), o índice Bovespa, representa não só o comportamento médio dos preços das principais ações, como também o perfil das negociações à vista observadas nos pregões na Bovespa. A finalidade básica do Ibovespa é a de servir como indicador médio do comportamento do mercado. De acordo com Fortuna (1999) o Ibovespa tem como objetivo espelhar o seu desempenho médio dos negócios que são comercializados nos pregões da Bovespa. É classificado como um indicador de retorno total das ações que compreendem a carteira, que mensura não somente as variações de preços, mas atua também na divisão dos lucros.

A finalidade básica do Ibovespa é a de servir como indicador médio do comportamento do mercado. Para tanto, sua composição procura aproximar-se o mais possível da real configuração das negociações à vista (lote-padrão) na BOVESPA. (BM&FBOVESPA, 2015).

2.3 O Agronegócio brasileiro

Para Araújo Neto e Costa (2005), o termo agronegócio ou complexo agroindustrial (CAI) surgiu pela constante evolução natural da agropecuária, podendo-se perceber um crescimento contínuo das operações, incluindo uma participação de produtos não caracterizados como rurais (fertilizantes inorgânicos, adubos, defensivos) no conjunto dos

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insumos. Araújo (2007) complementa que a agricultura, antes um setor primário, passou a depender de muitos serviços, de máquinas e insumos. O autor também relata que ocorreram alterações depois da produção referentes a armazenagem, infraestruturas de estradas, portos, agroindústria, mercados atacadista e varejista e exportação.

Conforme Almeida e Macedo (2010), o conceito adotado para o agronegócio deve abordar um conjunto de indicadores capazes de verificar o desempenho das empresas pela óptica mercadológica e também pela óptica do uso dos insumos; para isso, é necessário que se conheça o modo como o produto está inserido no mercado e que se dê atenção à forma como os insumos são utilizados, de acordo com a tomada de decisões dentro das organizações.

Segundo Araújo Neto e Costa (2005), houve uma evolução natural da agropecuária, demonstrada pela elevação e pelo aperfeiçoamento das operações da produção rural, para somente depois haver um direcionamento ao consumidor final. Para tal aperfeiçoamento e evolução, a tecnologia teve seu papel fundamental nos processos produtivos da agroindústria, nas produções agropecuárias e nos instrumentos de financiamento à produção, que vão da utilização de tratores e abatedouros industriais a serviços financeiros.

Conforme Schnorrenberger (2008), são empresas competitivas aquelas que buscam a melhor e mais adequada estratégia, conforme o setor do agronegócio em que elas estão inseridas. Deve-se considerar ainda questões específicas, como ciclo produtivo e financeiro, riscos de clima, pragas e doenças, que possivelmente levam à tomada de decisões diferenciadas no setor.

O Brasil é um dos maiores e mais importantes fornecedores de alimentos do mundo e um dos mais competitivos no mercado internacional. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2013), o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, além de apresentar um índice de desenvolvimento agrícola acima da média mundial.

Além disso, à medida que o país continua a fazer investimentos significativos no setor agrícola e cada vez mais persegue políticas de incentivo à produção agrícola, o Brasil deverá ter uma presença em expansão nos mercados de exportação de commodities agrícolas, oferecendo forte concorrência para os exportadores norte-americanos.

Nota-se que nas últimas três décadas, o agronegócio brasileiro vem melhorando seu desempenho e gerando ganhos de produtividade, o que permite o equilíbrio na balança comercial e uma geração de divisas para o país (WANDERLEY; SILVA; LEAL, 2012).

Dessa forma, devido à essa melhora de desempenho, torna-se importante a busca pela eficiência na gestão empresarial de empresas do agronegócio brasileiro, dada a notoriedade do setor no Brasil (PEREZ; FAMÁ, 2004).

Um dos meios para isso é a análise de desempenho econômico-financeiro, que permite uma avaliação da empresa quanto suas atividades passadas e permite realizar um planejamento para ações futuras. Um bom desempenho econômico-financeiro retrata uma situação de sustentabilidade da empresa no meio em que atua (PEREZ; FAMÁ, 2004)

As empresas do agronegócio, na sua maioria, têm como origem uma empresa familiar com modernização incipiente, sem qualquer regulamentação no processo sucessório, inviabilizando as "boas práticas de governança corporativa" que permitirão o ingresso no mercado de capitais (COSTA DE SOUZA, FILGUEIRAS, 2009).

Para a safra 2015-2016, já se prevê novo recorde histórico: colheita de 200 milhões de toneladas de grãos, bem acima (5%) das 190,3 milhões de 2014 e das 188,2 milhões de 2013. O agronegócio é a tábua de salvação do comércio exterior, que mostrou déficit, no primeiro semestre. Mas depende de investimentos em infraestrutura – ferrovias, rodovias, hidrovias e portos eficientes, para competir em condições ainda mais favoráveis no mundo (CEPEA, 2015).

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O desempenho do agronegócio brasileiro impacta não apenas a quem trabalha diretamente no ou com o setor. Importante gerador de divisas estrangeiras – responde por 40% do faturamento das exportações brasileiras e grande responsável pelos superávits comerciais do País –, o agronegócio é que poderá abrir espaço para o crescimento dos demais setores dependentes de importações, portanto, das divisas que o agronegócio gerar. Além disso, o desempenho do setor é um dos principais influenciadores da inflação, posto que alimentos e bebidas representam 23% do IPCA. (CEPEA, 2015)

Com base nos dados apresentados. Mendes e Padilha Junior (2007) destacam: Os sucessivos saldos líquidos na balança comercial externa têm mostrado ao país o peso do agronegócio. Não fossem esses saldos, o país continuaria em situação financeira complicada. Isso despertou a consciência de que o campo e as atividades a montante e a jusante são imprescindíveis.

2.4 Risco e retorno do investimento

De acordo com Assaf Neto (2001), pelo fato de as decisões financeiras não poderem ser tomadas em ambiente de total certeza com relação a seus resultados, surge a incerteza, e toda vez que essa possa ser quantificada por meio de uma distribuição de probabilidades dos diversos resultados previstos, a decisão estará sendo tomada sob uma situação de risco. Dessa maneira, o risco pode ser entendido pela capacidade de se mensurar o estado de incerteza de uma decisão mediante o conhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de determinados resultados ou valores.

Para Gitman (2004), risco é a possibilidade de perda financeira. Os ativos considerados mais arriscados são os que oferecem maiores possibilidades de perda financeira. Para o mesmo, risco é usado como sinônimo de incerteza e refere-se à variabilidade dos retornos associados a um ativo.

Sendo assim, todo investidor é avesso ao risco; em princípio, ele prefere maximizar o retorno e eliminar o risco.

Já o retorno pode ser visto como tudo aquilo que um determinado investimento rendeu durante determinado período, pode se calcular o retorno de um ativo isoladamente ou o retorno de uma carteira de ativos, em que nesse último o retorno esperado é definido pela media ponderada do retorno da cada ativo em relação a sua participação no total da carteira. (GITMAN, 2004)

Portanto, risco e retorno nos investimentos, andam de mãos dadas. O investimento em ações é considerado um investimento de alto risco, pela incerteza do mercado e outras variáveis, porém, pode ser considerado também um investimento que gera um maior retorno, se comparado com outros tipos de investimentos do mercado. Porém, isso não é uma regra, mas sim uma possibilidade, afinal, não existem certezas no mercado de capitais.

2.5 Fundamentos Estatísticos

A Estatística é aplicada em diversas áreas do conhecimento. Aqueles que se valerem dos métodos estatísticos estarão mais preparados para organizar e analisar os dados em sua atuação profissional, como também nas informações que são divulgadas dia-a-dia nos meios de comunicação. Os métodos estatísticos quando aplicados nas variáveis e incertezas, são utilizadas para analisar e dar condições nos processos de decisão.

Segundo Crespo (2005, p. 15),

A direção de uma empresa, de qualquer tipo, incluindo as estatais e go-vernamentais, exige de seu administrador a importante tarefa de tomar decisões, e o conhecimento e o uso da Estatística facilitarão seu tríplice trabalho de organizar, dirigir e controlar a empresa.

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podemos conhecer a realidade geográfica e social, os recursos naturais, humanos e financeiros disponíveis, as expectativas da comunidade sobre a empresa, e estabelecer suas metas, seus objetivos com maior possibilidade de serem alcançados a curto, médio ou longo prazo.

A Estatística ajudará em tal trabalho, como também na seleção e organização da estratégia a ser adotada no empreendimento e, ainda, na escolha das técnicas de verificação e avaliação da quantidade e da qualidade do produto e mesmo dos possíveis lucros e/ou perdas.

A estatística descritiva pode ser considerada como um conjunto de técnicas analíticas utilizado para resumir o conjunto dos dados recolhidos numa dada investigação, que são organizados, geralmente, através de números, tabelas e gráficos. Ela pode evidenciar algumas variáveis como: média aritmética, variância e desvio padrão.

2.5.1 Média Aritmética

A medida de tendência central mais comumente usada para descrever resumidamente uma distribuição de frequência é a média aritmética. Esta pode ser simples ou ponderada. A média aritmética simples é conhecida também por “média”, sendo a posição mais utilizada e a mais intuitiva de todas. A média de um conjunto de valores numéricos é calculada somando-se todos estes valores e dividindo o resultado pelo número de elementos somados, que é igual ao número de elementos do conjunto, ou seja, a média de “n” números é sua soma dividida por “n”. Nos cálculos envolvendo média aritmética simples, todas as ocorrências têm exatamente a mesma importância ou o mesmo peso. Diz-se, então, que elas têm o mesmo peso relativo.

2.5.2 Variância

À influência dos fatores não controlados pode-se chamar de “acaso”, podendo-se avaliá-los por meio da diferença, chamada “desvio” ou “erro”, entre os valores observados e a média verdadeira.

A variância é expressa numa unidade quadrática em relação à unidade de medida da variável em questão. Esse inconveniente é sanado com a definição do desvio padrão.

2.5.3 Desvio padrão

O desvio padrão é uma medida que permite estimar a variação não controlada, ou seja, a variação do acaso ou aleatória (CORRENTE; BATTISTI, 2005).

Trata-se, portanto, de uma das medidas mais comumente usadas para distribuição, e desempenha papel relevante em toda a estatística. Percebe-se, entretanto, que o desvio padrão é um valor absoluto expresso na mesma unidade de medida da variável aleatória em questão.

2.6 Índice de Sharpe

Conforme Assaf Neto (2001), “o Índice de Sharpe é a medida de avaliação da relação risco x retorno”. Completa demonstrando que ele é representado pela relação entre o prêmio pago pelo risco assumido e o risco do investimento, conforme

Em que:

R

j é o retorno da carteira constituída por ativo com risco; Índice de Sharpe =

Rm

O

f

R

)

j

E(R

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R

f é a taxa de juros do ativo livre de risco que no estudo será utilizado a Taxa Selic do período e também o Índice Ibovespa do período;

Rm é a volatilidade da carteira.

No Brasil, no que se refere à utilização do Índice de Sharpe, geralmente a medida da taxa livre de risco, adotada como um benchmark do retorno. Costuma-se utilizar para ativos de renda variável o Índice Bovespa como benchmark, e a taxa de CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) para ativos de renda fixa (ASSAF NETO, 2001).

Ainda segundo Assaf Neto (2001), o Índice de Sharpe é um indicador de eficiência, mostrando a relação entre risco e retorno. Ativos com maior risco devem apresentar um prêmio também mais elevado.

Uma decisão baseada no Índice de Sharpe, buscando um investimento que apresente um melhor resultado, se dá pela comparação entre as carteiras de investimentos ou ações escolhidas para realizar o comparativo, usando os mesmos critérios para calcula o índice. Caso contrário, a comparação não terá validade. Portanto, quanto maior o Índice de Sharpe, melhor a performance da ação ou da carteira.

É sempre importante para que os resultados sejam reais e possa haver a comparação, que os dados buscados sejam de fonte confiável e que seja do conhecimento do investidor. Nesse sentido, pode-se tomar como parâmetro a fórmula acima em que o numerador reflete a rentabilidade real média, ou seja, em quanto o rendimento do fundo ou carteira de investimento superou ou ficou abaixo da variação do indexador escolhido. Enquanto isso, o denominador representa o desvio padrão da carteira ou do fundo, ou seja, quanto maior o desvio padrão, maior o seu risco.

2.7 Índice de Sharpe Alternativo

Conforme Ferruz e Sarto (2003), no caso de o Índice de Sharpe for negativo, é possível aplicar um índice alternativo para buscar um resultado mais coerente, conforme

Em que:

R

j é o retorno da carteira constituída por ativo com risco;

R

f é a taxa de juros do ativo livre de risco que no estudo será utilizado a Taxa Selic do período e também o Índice Ibovespa do período;

Rm é a volatilidade da carteira.

3 METODOLOGIA

Para realizar uma análise comparativa entre as empresas do agronegócio brasileiro listadas na BMF&Bovespa, realizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, por meio de pesquisa documental.

O aspecto descritivo é observado na discussão sobre o mercado financeiro brasileiro e das empresas do agronegócio, apresentando assim, uma descrição da amostra analisada. Conforme Gil (2011), uma pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das

Índice de Sharpe Alternativo =

Rm f j

O

R

/

)

E(R

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características de determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Quanto ao método, o estudo classifica-se como quantitativo em virtude do uso de instrumentos estatísticos nas fases de coleta, tratamento e análise dos dados, conforme preconiza Richardson (1999). Segundo Collis e Hussey (2005), esse método é mais objetivo, focado na mensuração de fenômenos e, para que isto ocorra a contento, usa-se de coleta de dados numéricos e aplicação de cálculos estatísticos.

Em relação aos procedimentos, classifica-se como pesquisa documental por utilizar-se de informações públicas constantes em sites especializados e nos serviços de relações com investidores das próprias empresas.

No entendimento de Cervo, Berviam e Silva (2007), a pesquisa documental ou bibliográfica busca explicar um problema baseado em referências teóricas, sejam elas oriundas de livros, artigos publicados, dissertações ou teses.

Para realizar a análise de risco com base no Índice de Shape foram feitas as coletas das cotações históricas da SLC Agrícola, V-Agro e BrasilAgro, tendo como fonte o site Yahoo Finanças, no período analisado de 60 meses. A partir da cotação levantada mensal foi realizado a rentabilidade do índice mensal da ação, através do cálculo da divisão entre a cotação do último dia de cada mês pelo último dia do mês anterior.

4 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES 4.1 SLC Agrícola

A SLC Agrícola, fundada em 1977 pelo Grupo SLC, é uma empresa produtora de commodities agrícolas, focada na produção de algodão, soja e milho. Foi a primeira empresa do setor a ter ações negociadas em Bolsa de Valores no mundo, tornando-se uma referência no seu segmento. São 15 unidades de produção estrategicamente localizadas em 6 estados brasileiros que totalizaram 370 mil hectares plantados no ano-safra 2014/15 e uma previsão de área plantada para safra 2015/16 de 377 mil hectares - sendo 211,4 mil de soja, 93,6 mil de algodão, 60,9 mil de milho e 11,2 mil de outras culturas, tais como girassol, trigo, milho semente, soja semente e cana-de-açúcar. (SLC AGRÍCOLA, 2016)

Ao longo de sua história, a SLC Agrícola desenvolveu uma sólida expertise na prospecção e aquisição de terras em novas fronteiras agrícolas. O processo de aquisição de terras com alto potencial produtivo também visa capturar a valorização imobiliária que as terras agricultáveis no Brasil proporcionam em função das vantagens comparativas em relação aos principais produtores agrícolas do mundo, tais como Estados Unidos, China, Índia e Argentina. (SLC AGRÍCOLA, 2016)

As ações da SLC Agrícola estão registradas para negociação na Bovespa sob o código "SLCE3", admitidas à negociação no Novo Mercado, nível mais elevado de práticas diferenciadas de governança corporativa.

4.2 V-Agro

A V-Agro, é o resultado da incorporação de três empresas: Brasil Ecodiesel, Maeda Agroindustrial (incorporada em dezembro de 2010) e Vanguarda Participações (incorporada em setembro de 2011). As duas últimas empresas, genuinamente agrícolas, consolidaram a estratégia da Companhia de adoção de um novo modelo de negócios com foco na produção de grãos e fibras. Sua transformação operacional e consequentemente sua mudança de denominação social para Vanguarda Agro S.A. ocorreram em 10 de outubro de 2011. (V-AGRO, 2016)

A Vanguarda Agro é uma empresa produtora de commodities agrícolas, com foco na produção de soja, milho e algodão e valorização de terras. Possui 13 unidades de produção

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estrategicamente localizadas em três estados brasileiros (Mato Grosso, Bahia e Piauí), totalizando uma área sob gestão de aproximadamente 224,3 mil hectares. A Vanguarda Agro, é uma sociedade anônima, constituída no Brasil, possuindo o status de Companhia Aberta deferido pela CVM em 9 de novembro de 2006. Em 10 de novembro de 2006, foi realizada a Oferta Pública Inicial de Ações. (V-AGRO, 2016)

As ações da Vanguarda Agro estão registradas para negociação na BOVESPA sob o código “VAGR3” e a companhia tem suas ações negociadas no Novo Mercado, nível mais alto de Governança Corporativa da bolsa brasileira.

4.3 BrasilAgro

A BrasilAgro é uma das maiores empresas brasileiras em quantidade de terras agricultáveis e com foco na aquisição, desenvolvimento, exploração e comercialização de propriedades rurais com aptidão agropecuária. (BRASIL AGRO, 2016)

Teve seu início de operações em 2006, adquirindo um total de 10 propriedades rurais, sendo que já foi realizado a venda de três fazendas. Atualmente conta com unidades no Brasil e no Paraguai, totalizando 319 mil hectares de terra e 80 mil hectares de de terra cultivada na safra 2014-2015. (BRASIL AGRO, 2016)

Mantendo a marca do pioneirismo, a Companhia, primeira empresa de produção agrícola a abrir o capital no Novo Mercado da BM&FBOVESPA, com o código “AGRO3” foi também a primeira empresa brasileira do agronegócio a listar ADRs (American Depositary Receipts) na NYSE (New York Stock Exchange).

5 ANÁLISE DAS COTAÇÕES MENSAIS 5.1 SLC Agrícola

Tabela 1 – Rentabilidade mensal da ação SLCE3

11/2010 -14,73% 11/2011 -6,35% 11/2012 -7,40% 11/2013 -4,83% 11/2014 -11,81% 12/2010 17,21% 12/2011 -4,91% 12/2012 11,33% 12/2013 3,55% 12/2014 -3,75% 01/2011 -9,55% 01/2012 3,16% 01/2013 8,72% 01/2014 -11,76% 01/2015 1,42% 02/2011 8,20% 02/2012 -1,49% 02/2013 -10,28% 02/2014 -0,33% 02/2015 -4,30% 03/2011 6,20% 03/2012 22,27% 03/2013 -1,78% 03/2014 -2,55% 03/2015 26,70% 04/2011 -13,65% 04/2012 -3,24% 04/2013 -5,56% 04/2014 -2,97% 04/2015 -2,79% 05/2011 1,90% 05/2012 3,18% 05/2013 7,69% 05/2014 12,06% 05/2015 -9,46% 06/2011 -7,87% 06/2012 4,88% 06/2013 -0,63% 06/2014 1,26% 06/2015 9,56% 07/2011 -8,21% 07/2012 13,08% 07/2013 -0,47% 07/2014 -12,04% 07/2015 1,32% 08/2011 -7,05% 08/2012 -6,99% 08/2013 2,31% 08/2014 2,18% 08/2015 -7,74% 09/2011 -1,57% 09/2012 2,84% 09/2013 13,83% 09/2014 -5,31% 09/2015 12,79% 10/2011 9,70% 10/2012 -11,82% 10/2013 -4,35% 10/2014 1,99% 10/2015 -5,02% Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

(11)

Figura 1 – Evolução mensal do ativo “SLCE3”

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Conforme mostra a Figura 1, a oscilação do período é bastante grande, tendo picos em que o mês apresenta uma variação de 15% até 27%, considerado uma variação alta. Esses picos mais altos referem-se a bons resultados financeiros da empresa. Porém há também alguns picos de baixa, chegando a -15% em um período.

A rentabilidade é bastante variável, tendo forte oscilações de alta e de baixa. A média da rentabilidade no período analisado é de -0,05% caindo levemente e comprovando a oscilação apresentada, ficando praticamente estabilizada.

5.2 V-Agro

Tabela 2 – Rentabilidade mensal da ação VAGR3

11/2010 -7,48% 11/2011 -14,52% 11/2012 8,02% 11/2013 -9,27% 11/2014 1,72% 12/2010 0,00% 12/2011 -39,62% 12/2012 13,89% 12/2013 0,94% 12/2014 -11,30% 01/2011 -9,90% 01/2012 12,50% 01/2013 7,32% 01/2014 -6,19% 01/2015 -4,90% 02/2011 -8,79% 02/2012 22,22% 02/2013 9,30% 02/2014 -3,64% 02/2015 -4,08% 03/2011 0,00% 03/2012 -2,27% 03/2013 -4,35% 03/2014 -2,75% 03/2015 0,00% 04/2011 -2,35% 04/2012 -9,30% 04/2013 -11,63% 04/2014 5,63% 04/2015 -3,19% 05/2011 -15,85% 05/2012 -5,13% 05/2013 7,72% 05/2014 -10,33% 05/2015 -12,09% 06/2011 2,94% 06/2012 5,56% 06/2013 -1,70% 06/2014 -0,37% 06/2015 8,75% 07/2011 0,00% 07/2012 -2,70% 07/2013 -3,42% 07/2014 -21,11% 07/2015 -7,95% 08/2011 -15,28% 08/2012 -2,70% 08/2013 4,69% 08/2014 7,41% 08/2015 -24,39% 09/2011 -8,06% 09/2012 2,78% 09/2013 1,67% 09/2014 -18,61% 09/2015 -16,13% 10/2011 8,77% 10/2012 -5,41% 10/2013 -2,73% 10/2014 -38,30% 10/2015 -7,92%

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

-20,00% -15,00% -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% n o v/10 jan /11 mar/11 mai/11 ju l/11 se t/11 n o v/11 jan /12 mar/12 mai/12 ju l/12 se t/12 n o v/12 jan /13 mar/13 mai/13 ju l/13 se t/13 n o v/13 jan /14 mar/14 mai/14 ju l/14 se t/14 n o v/14 jan /15 mar/15 mai/15 ju l/15 se t/15 SLCE3

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Figura 2 – Evolução mensal do ativo “VAGR3”

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Conforme Figura 2, em relação a evolução mensal do ativo “VAGR3”, nota-se que existem dois grandes picos de baixa mensal, chegando a -40%, devido a instabilidade do mercado. Também existem alguns momentos de alta que chamam a atenção, passando dos 20% de rentabilidade, porém, no geral, o gráfico é instável, com grandes oscilações no decorrer do período analisado.

Após cálculos realizados, com os dados mensais da empresa, se chegou a uma média de rentabilidade de -4,07%, considerando os dados de 60 meses. Isso indica uma pequena queda na rentabilidade do ativo, no período analisado.

5.3 BrasilAgro

Tabela 3 – Rentabilidade mensal da ação AGRO3

11/2010 7,39% 11/2011 -5,38% 11/2012 3,23% 11/2013 -2,26% 11/2014 7,35% 12/2010 4,76% 12/2011 6,27% 12/2012 5,26% 12/2013 -5,22% 12/2014 25,21% 01/2011 -2,11% 01/2012 4,72% 01/2013 0,70% 01/2014 -16,40% 01/2015 -6,60% 02/2011 10,99% 02/2012 0,50% 02/2013 -0,60% 02/2014 0,00% 02/2015 7,14% 03/2011 -3,69% 03/2012 -20,79% 03/2013 -1,00% 03/2014 9,75% 03/2015 -0,34% 04/2011 -4,21% 04/2012 -6,67% 04/2013 -0,20% 04/2014 4,07% 04/2015 5,51% 05/2011 6,69% 05/2012 -2,25% 05/2013 7,48% 05/2014 16,09% 05/2015 6,61% 06/2011 -4,49% 06/2012 2,62% 06/2013 0,27% 06/2014 -7,51% 06/2015 9,74% 07/2011 0,60% 07/2012 14,25% 07/2013 -6,86% 07/2014 2,21% 07/2015 0,00% 08/2011 -4,31% 08/2012 -0,23% 08/2013 -9,44% 08/2014 0,21% 08/2015 -6,68% 09/2011 -5,50% 09/2012 14,00% 09/2013 3,28% 09/2014 -5,82% 09/2015 7,38% 10/2011 -0,53% 10/2012 -4,05% 10/2013 2,96% 10/2014 -25,08% 10/2015 -5,31%

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

-50,00% -40,00% -30,00% -20,00% -10,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% n o v/10 jan /11 mar/11 mai/11 ju l/11 se t/11 n o v/11 jan /12 mar /12 mai/12 ju l/12 se t/12 n o v/12 jan /13 mar/13 mai/13 ju l/13 se t/13 n o v/13 jan /14 mar/14 mai/14 ju l/14 se t/14 n o v/14 jan /15 mar/15 mai/15 ju l/15 se t/15 VAGR3

(13)

Figura 3 – Evolução mensal do ativo “AGRO3”

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Conforme mostra na Figura 3, referente a rentabilidade das ações no período de 60 meses, podemos observar que existem dois picos de baixa que se destacam, passando dos -20%, assim como há picos de alta, onde passam dos 10% e em um mês passa dos 20%. Essa volatilidade se dá pela alta volatilidade e inconstância do mercado.

A análise do período de 60 meses da empresa Brasil Agro foi a única das três empresas estudadas que teve uma média de sua rentabilidade positiva. Ela ficou em 0,67%, indicando uma leve alta do ativo.

6 ANÁLISE DOS DADOS E ÍNDICE DE SHARPE

Como já destacado, o objetivo da presente pesquisa foi verificar a rentabilidade das três empresas do ramo agrícola, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Para tanto, utilizou-se o Índice de Sharpe como método de análise de risco, medindo o retorno das empresas que ao longo de um período de 60 meses. Inicialmente foi apurada a rentabilidade mensal dos ativos selecionados, através de suas cotações mensais, como demonstrado nos quadros e figuras acima.

Após levantamento e apuração da rentabilidade mensal dos ativos selecionados foi calculada as medidas de dispersão (média, variância e o desvio padrão) desses ativos, conforme pode ser constatado na Tabela 4.

-30,00% -20,00% -10,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% n o v/10 fev/11 mai/11 ago /11 n o v/11 fev/12 mai/12 ago /12 n o v/12 fev/13 mai/13 ago /13 n o v/13 fev/14 mai/14 ago /14 n o v/14 fev/15 mai/15 ago /15 n o v/15 BrasilAgro

(14)

Tabela 4 – Medidas de dispersão e posição de cada ativo

ATIVO MÉDIA VARIÂNCIA DESVIO PADRÃO

SLCE3 -0,05% 0,79% 8,91%

VAGR3 -4,07% 1,21% 11,01%

AGRO3 0,67% 0,68% 8,26%

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Esses mesmos dados podem ser representados graficamente, conforme Figura 4, abaixo:

Figura 4 – Comparativo entre média e desvio padrão

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Como pode-se observar, todos os ativos tiveram um desvio padrão elevado. O desvio padrão serve para descrever a amplitude de variação do período analisado e seu resultado se apresenta como análise de que quanto maior o desvio padrão, maior a amplitude de variação. Verifica-se assim, que todos os ativos das empresas do setor agrícola da Bolsa de Valores apresentam variações muito acima da média calculada no período.

Por fim, após analisar os dados acima apresentados e para efetuar o índice proposto para análise, pode-se verificar os resultados a seguir com relação às três ações escolhidas.

Para primeira demonstração dos resultados, foi aplicado como taxa livre de risco (Risk Free), a Taxa Selic, que no momento da pesquisa estava em 14,15%. Segue os resultados:

Tabela 5 – Índice de Sharpe aplicado às empresas analisadas (RF – Taxa Selic)

ATIVO MÉDIA VARIÂNCIA DESVIO

PADRÃO RISK-FREE ÍNDICE DE SHARPE SLCE3 -0,05% 0,79% 8,91% 14,15% -1,59 VAGR3 -4,07% 1,21% 11,01% 14,15% -1,65 AGRO3 0,67% 0,68% 8,26% 14,15% -1,63

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

-0,05% -4,07% 0,67% 8,91% 11,01% 8,26% -6,00% -4,00% -2,00% 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00%

SLCE3 VAGR3 AGRO3

(15)

Em todas as ações analisadas, o Índice de Sharpe ficou negativo, significando que o retorno esperado pelo ativo é menor que a taxa de juros sem risco, que tem pouco sentido econômico, e ocorre especialmente quando o retorno é estimado com base na série histórica.

Também se percebe que o Índice de Sharpe para as três ações é praticamente o mesmo, com uma pequena variação entre elas, justificando que apesar do setor agrícola em geral no Brasil viver um momento melhor que os outros setores da economia, as empresas que tem suas ações listadas na Bolsa de Valores ainda não apresentam um retorno esperado.

Devido ao resultado apresentar Índices de Sharpe negativos, foi buscado um IS alternativo como medida de transformá-lo positivo, conforme tabela abaixo:

Tabela 6 – Índice de Sharpe Alternativo aplicado às empresas analisadas (RF – Taxa Selic)

ATIVO MÉDIA VARIÂNCIA DESVIO

PADRÃO RISK-FREE ÍNDICE DE SHARPE SLCE3 -0,05% 0,79% 8,91% 14,15% 0,00039 VAGR3 -4,07% 1,21% 11,01% 14,15% -0,0261 AGRO3 0,67% 0,68% 8,26% 14,15% 0,0057

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Conforme pode-se observar, o Índice de Sharpe se torna ligeiramente positivo, nesta forma alternativa, proposta por Ferruz e Sarto.

Foi realizado, também, uma nova análise das ações, utilizando como taxa livre de risco o Índice Ibovespa, que no período analisado de 60 meses ficou em -0,57%. O resultado ficou o seguinte:

Tabela 7 – Índice de Sharpe aplicado às empresas analisadas (RF – Índ. Ibovespa)

ATIVO MÉDIA VARIÂNCIA DESVIO

PADRÃO RISK-FREE ÍNDICE DE SHARPE SLCE3 -0,05% 0,79% 8,91% -0,57% 0,05 VAGR3 -4,07% 1,21% 11,01% -0,57% -0,31 AGRO3 0,67% 0,68% 8,26% -0,57% 0,15

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Já nessa análise, tivemos em dois casos o Índice de Sharpe positivo, mostrando que se compararmos com a taxa do Índice Ibovespa do período histórico analisado, o retorno é maior. Somente no caso da empresa V-Agro, em que o IS ficou novamente negativo, porém com um valor não tão acentuado como se comparada com a analise anterior.

Todas as ações apresentaram uma variação mensal muito alta no período, como demonstrado no cálculo do desvio padrão. Sendo assim, após o cálculo do Índice de Sharpe, utilizando duas taxas diferentes como taxa livre de risco, a volatilidade nos mostra que são investimentos de risco ao investidor.

7 CONCLUSÃO

A pesquisa desenvolvida neste estudo teve como princípio básico a análise das três empresas do setor agrícola, com ações listadas na Bolsa de Valores de São Paulo aplicando sobre a rentabilidade mensal de cada uma delas o Índice de Sharpe, dentro de um período de 60 meses.

(16)

A escolha pelo setor agrícola se deu pelo fato de que no momento econômico atual do Brasil, é um dos poucos setores que ainda se destacam e apresentam crescimento, tanto financeiramente como em produção de commodities para consumo interno e exportação.

O cenário do mercado de ações é visto sempre como um cenário em que o investidor esta em busca de um maior retorno, porém também com um maior risco. Supõe-se então que o risco e o retorno caminhem de mãos dadas, ou seja, quanto maior o retorno, maior risco. O único investimento que é livre de risco é a poupança, mas sua rentabilidade é muito baixa, fazendo com que os investidores busquem ou arrisquem mais, investindo assim no mercado de ações.

Como o período analisado é um período considerado grande, de 60 meses, a volatilidade mensal também é grande, oscilando entre grandes rentabilidades em alguns meses mas também com uma rentabilidade negativa em outros meses. Porém, para avaliarmos o desempenho de uma empresa no seu passado e tentar ver o presente para ter um conhecimento mais apurado na hora de fazer o investimento, o período de 60 meses é considerado o ideal, pois retorna tanto para tempos de maior crise econômica como em tempos em que a economia melhora ou estabiliza.

Após a busca dos dados e análise de todos eles, chega-se aos seguintes resultados, expresso na figura abaixo:

Figura 5 – Comparativo dos valores apurados

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da pesquisa

Pode se perceber que a média mensal da rentabilidade é baixa, chegando a ser negativa em dois casos e o desvio padrão das três empresas é elevado, apresentando uma variação acima da média.

Para o cálculo do Índice de Sharpe foi utilizado, primeiramente, como taxa livre de risco a taxa Selic, e o resultado é representado na Figura acima nas colunas do Índice de Sharpe -1. Após, foi utilizado como taxa livre de risco a média mensal do período o Índice Ibovespa e na Figura acima é representado pelas colunas do Índice de Sharpe – 2.

O Índice de Sharpe mede justamente se o risco assumido em um investimento foi compensado em maior rentabilidade, ou seja, se a performance da carteira escolhida está condizente com o seu nível de risco. As três ações apresentaram Índice de Sharpe negativo na primeira análise, mostrando que apesar do momento favorável do setor agrícola na economia

-0,05% -4,07% 0,67% 8,91% 11,01% 8,26% -1,59% -1,65% -1,63% 0,05% -0,31% 0,15% -6,00% -4,00% -2,00% 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00%

SLCE3 VAGR3 AGRO3

(17)

brasileira perante outros setores, as empresas que tem suas ações listadas na Bolsa de Valores não representam um bom investimento, se comparado com a taxa livre de risco.

Existem outras metodologias e análises que podem ser feitas para representar o risco e retorno de uma carteira de ações ou investimentos e que poderiam ser analisadas em outro estudo para melhor referenciar e aumentar o conhecimento sobre o assunto e sobre as outras alternativas de medir o quão vale a pena um investimento. O assunto foi de grande valia pois como acadêmico de um curso de pós graduação na área e investidor do mercado, permitiu que o conhecimento sirva para futuros estudos e investimentos.

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Referências

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