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Publicações da elite dos pesquisadores brasileiros da saúde: a questão do acesso

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Academic year: 2021

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Luiza Helena Goulart da Silva

PUBLICAÇÕES DA ELITE DOS PESQUISADORES BRASI-LEIRO DA SAÚDE: A QUESTÃO DO ACESSO

Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informa-ção, do Centro de Ciências da Educa-ção, da Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito final para a ob-tenção do título de Mestre em Ciência da Informação.

Área de concentração: Gestão da Infor-mação

Linha de Pesquisa: Fluxo de informação Orientadora: Prof. Dra. Rosângela Schwarz Rodrigues

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar o dom da vida e ter me dado forças para a conclusão deste trabalho. À minha família, em especial aos meus pais, Oscar Ricardo e Luiza Goulart (In memoriam), pelo incentivo e por terem sempre ajuda-do nos momentos difíceis. Ao meu irmão, André Ricarajuda-do Goulart, e à minha cunhada, Juliana, pelo carinho e pelas palavras de conforto.

Aos meus filhos, Vanessa Goulart da Silva Dias e Michel Goulart da Silva, pelo incentivo e por terem acreditado no meu potencial em todos os momentos. Agradeço também à minha nora Mariana Rosa e ao meu genro Edinei Silva Dias. Ao Hiury e ao Anderson da Silva Dias, pelos momentos de alegria e descul-pas pela ausência. Aos meus filhos de quatro patas pelos mo-mentos de alegria.

À Universidade Federal de Santa Catarina por proporcio-nar ensino gratuito e de qualidade. À CAPES por prover financei-ramente a pesquisa, e ao Programa de Pós-Graduação em Ci-ência da Informação pela oportunidade. Um agradecimento es-pecial à Sabrina de Conto, nosso anjo da guarda na secretaria do PGCIN, pela eficiência. Aos professores do Departamento de Ciência da Informação pelo aprendizado.

Às meninas do Laboratório de Periódicos UFSC, Josseli Martins e Wemylinn Giovana Andrade, pelas conversas, pelos cafés, pelas risadas e pelo companheirismo. À Daniela Stubert, à Aline Borges de Oliveira, à Rafaela Paula Schmitz e à Marta De-nisczwicz pela amizade. À Patrícia Neubert pelo incentivo de entrar no mestrado e pela amizade nos momentos mais difíceis. À Ana Paula Cocco, pela amizade e pelas dicas na elaboração das tabelas.

Ao Emanoel Quartiero da Silva, pela paciência, conver-sas, risadas, almoços, jantas e cafés. Obrigada também pela ajuda na correção das referências e na normalização do trabalho. À professora Ursula Blatmann por ter aceitado ser minha co-orientadora.

À turma 2012 do Mestrado em Ciência da Informação pe-los ensinamentos por atravessar essa jornada comigo. Um agra-decimento especial a Priscila Sena, Renata Padilha, Leila Cristi-na Weiss , JuliaCristi-na Fachin e Viviane Jacob pela amizade.

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À Professora Gleisy Fachin pela oportunidade de realizar o estágio de docência na disciplina de editoração científica.

Aos membros da banca, professores Gleisy Regina Bori-es Fachin, Márcio Matias, Raimundo Nonato Macedo dos Santos, Enrique Muriel Torrado e Adilson Luiz Pinto, pelas contribuições a esta pesquisa.

À Prof.ª Rosângela Schwarz Rodrigues pela paciência, pelo incentivo e por ter compartilhado comigo o seu conhecimen-to.

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RESUMO

SILVA, Luiza Helena Goulart da. Acesso as publicações dos

pesquisadores brasileiros da elite da área da Saúde: a

ques-tão do acesso. 2014. 190 p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.

Esta pesquisa analisa a produção científica disponível em Aces-so Aberto dos pesquisadores brasileiros na área da Saúde. Os objetivos específicos são: a) Identificar as instituições que pos-suem pesquisadores bolsistas 1 A e repositórios registrados no ROAR e OPENDOAR; b) Descrever os periódicos nos quais os pesquisadores 1 A publicaram seus artigos; c) Apontar o número artigos publicados pelos pesquisadores 1 A e o tipo de acesso; d) Apontar o acervo disponível nos repositórios institucionais. O

corpus da pesquisa são os artigos publicados pelos

pesquisado-res que possuem bolsa de produtividade do CNPq. Os pesquisa-dores devem estar vinculados a instituições púbicas que tenham repositório institucional registrado nos dois diretórios já citados. A metodologia é exploratória, descritiva e documental e quantitati-va. Os dados foram coletados por meio de formulário específico. A amostra da pesquisa é composta de 39 pesquisadores e 12 repositórios. Os pesquisadores publicaram 1296 artigos em 493 periódicos. Com relação ao Qualis dos periódicos, o A1 aparece com maior frequência entre os periódicos internacionais. Já entre os brasileiros, o B2 aparece com maior frequência. As editoras comerciais estão presentes em 63,70% (314), como publicadoras dos periódicos. As Universidades e Associações publicaram juntas 29% (147). Quanto ao tipo de acesso aos periódicos, os mais freqüentes são o acesso restrito, com 36,0% (179), e o res-trito com opção autor paga, com 29% (139).O aberto comercial tem 23,30% (115),e o acesso aberto comercial, 11,70% (58). Quando se analisa o acesso aos artigos o aberto aparece com 39,93% (513), o restrito 27% (350), o restrito com opção autor paga 21,53% (279) e o aberto comercial 11,80% (154). Ao anali-sar os artigos que estão em repositório verifica-se que 11% (153)

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foram depositados. O tipo de acesso que aparece com maior frequência em repositório é o aberto 63,4 %(98), o restrito em 12,42% (20), o aberto pago 5,23% (8) e o restrito com opção autor paga 10,46% (16) e com embargo vencido 3,93% (6). Con-clui-se, que as publicações das elites dos pesquisadores brasilei-ros, na área da Saúde, se concentram em periódicos científicos de reconhecida qualidade no cenário internacional. Na América Latina, periódicos em acesso aberto, sem taxa de processamen-to são destaques mundiais. Em contrapartida, o tímido aumenprocessamen-to dos repositórios com artigos publicados em periódicos de acesso restrito está muito aquém do potencial.

Palavras-chave: Produção científica. Comunicação Científica.

Pesquisadores. Periódicos científicos. Repositórios Institucio-nais.

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ABSTRACT

SILVA, Luiza Helena Goulart da. Access to the publications of

the Brazilian researchers in the health area elite: the issue of

access. 2014. 190 p. Dissertation (Masters in Information Sci-ence)–Graduate Program in Information Science, Federal Univer-sity of Santa Catarina, 2014.

This research analyzes the scientific production available in Open Access to the Brazilian researchers in the health area. The spe-cific objectives are: a) To identify the institutions which have 1 A grant holder researchers and repositories registered in ROAR and OPENDOAR; b) To describe the journals in which 1 A re-searchers have published the articles; c) To point the number of published articles by the 1 A researchers and the kind of access; d) To point the available collection in the institutional repositories. The corpus of the research are the articles published by the re-searchers that have a productivity grant in the CNPq (Brazilian National Research and Development Council). The researchers must be associated to public institutions that have an institutional repository registered in the directories already mentioned. The methodology is exploratory, descriptive and documental and quantitative. The data were collected trough specific form. The sample of the research is composed of 39 researchers and 12 repositories. The researchers published 1296 articles in 493 jour-nals. Regarding the Qualis of the journals, A1 is the one which appears more frequently among international journals and, among the Brazilians, is the B2. The commercial publishers are present in 63.70% (314) as publishers of the journals and the universities and associations published together 29% (147). As to the type of access to the journals, the most frequent is the re-stricted access 36.0% (179) and the rere-stricted Autor Paga 29% (139), the open commercial 23.30% (115) and the open access commercial 11.70% (58). When the access to the articles is ana-lyzed, the open appears with 39.93% (513), the restricted with 27% (350), the restricted with the option of the author paying with 21.53% (279) and the open commercial 11.80% (154). When

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analyzing the articles that are in repository, it is found that 11% (153) were deposited. The type of access that appears more fre-quently in repository is the open with 63.4% (98), the restricted with 12.42% (20), the paid open with 5.23% (8), the restricted with the option of the author paying with 10.46% (16) and with expired embargo 3.93% (6). Conlui that the publications of the elite of Brazilian researchers in the area of Health, are concen-trated in scientific journals of recognized quality on the interna-tional stage. In Latin America, open access journals, with no pro-cessing fee are world highlights. However, the slight increase repositories with articles published in restricted access journals is well below potential.

Keywords: Scientific production. Scientific communication.

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RESUMEN

SILVA, Luiza Helena Goulart da. Acceso a las publicaciones

de los investigadores brasileños de elite del área de Salud: la

cuestión del acceso. 2014. 190 p. Tesis (Maestría en Ciencia de la Información)–Programa de Posgrado en Ciencia de la Informa-ción, Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.

Esta investigación analiza la producción científica disponible en Acceso Abierto de los investigadores brasileños en el área de Salud. Los objetivos específicos son: a) Identificar las institucio-nes que poseen investigadores becarios 1 A y repositorios regis-trados en ROAR y OPENDOAR; b) Describir los periódicos don-de los investigadores 1 A publicaron los artículos; c) Apuntar el número de artículos publicados por los investigadores 1 A y el tipo de acceso; d) Apuntar el acervo disponible en los reposito-rios institucionales. El corpus de la investigación son los artículos publicados por los investigadores que poseen beca de producti-vidad del CNPq. Los investigadores deben estar vinculados a instituciones públicas que tengan repositorio institucional regis-trado en los dos directorios ya citados. La metodología es explo-ratoria, descriptiva, documental y cuantitativa. Los datos fueron recopilados por medio de formulario específico. La muestra de la investigación está compuesta de 39 investigadores y 12 reposito-rios. Los investigadores publicaron 1296 artículos en 493 periódi-cos. Con relación al Qualis de los periódicos el A1 es el que apa-rece con mayor frecuencia entre los periódicos internacionales y entre los brasileños es el B2. Las editoras comerciales están presentes en 63,70% (314) como editoriales de los periódicos, y las Universidades y Asociaciones publicaron juntas 29% (147). En cuanto al tipo de acceso a los periódicos, el más frecuente es el acceso restringido 36,0% (179), el restringido autor paga ob-tiene 29% (139), el abierto comercial 23,30% (115) y el acceso abierto comercial 11,70% (58). Cuando se analiza el acceso a los artículos, el abierto aparece con 39,93% (513), el restringido 27% (350), el restringido con opción autor paga 21,53% (279) y el abierto comercial 11,80% (154). Al analizar los artículos que

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es-tán en repositorio se verifica que 11% (153) fueron depositados. El tipo de acceso que aparece con mayor frecuencia en reposito-rio es el abierto 63,4% (98), el restringido en 12,42% (20), el abierto pago 5,23% (8) y el restringido con opción autor paga 10,46% (16) y con embargo vencido 3,93% (6). Se concluye que las publicaciones de élite de investigadores brasileños en la sa-lud, se centran en revistas científicas de calidad reconocida in-ternacionalmente. En América Latina, las revistas de acceso abierto, sin cuota de procesamiento son mundialmente destaca-da. Sin embargo, los repositorios de aumento de luz con artículos publicados en revistas de acceso restringido está bien por debajo del potencial

Palabras clave: Producción científica. Comunicación Científica.

Investigadores. Periódicos Científicos. Repositorios Instituciona-les.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Integração dos três modelos de Comunicação Cientí-fica

Figura 02 – Cenário da Comunicação Científica nos dias atuais Figura 03 – Proporção de periódicos por país

Figura 04 – Modelo Revista Comunicação Científica - Repositó-rios

Figura 05 – Número de Bolsista de Produtividade em Pesquisa e Tecnologia

Figura 06 – Ferramentas Indicadores/ Currículo Lattes Figura 07 – Passos realizados durante a pesquisa.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Movimentos importantes no acesso aberto Quadro 02 – Licença Creative Commons

Quadro 03 – Definições de Artigo Cientifico

Quadro 04 – Editoras, Programa acesso aberto, preço de publi-cação, copyright

Quadro 05 – Preço Publicação de artigos Quadro 06 – Definições de Repositórios

Quadro 07 – Requisitos para ser classificado como pesquisador 1A

Quadro 08 – Relação entre objetivos e dados coletados Quadro 09 – Pesquisadores, Instituições, Áreas

Quadro 10 – Descrição dos Repositórios

Quadro 11 – Classificação documento por área e estratos – CA-PES

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 –Número de pesquisador por área e instituição Tabela 02 – Distribuição Geográfica dos periódicos Tabela 03 – Qualis dos periódicos

Tabela 04 – Qualis dos periódicos por área do pesquisador Tabela 05 – Entidade editora - Periódicos

Tabela 06 – Tipos de acesso dos periódicos por Pais

Tabela 07 – Distribuição geográfica dos artigos publicados pelos pesquisadores

Tabela 08 – Tipos de acesso – Artigos

Tabela 09 – Periódicos com maior número de artigos Tabela 10 – Total de artigos nos repositórios

Tabela 11 – Número de artigos por nos repositórios por institui-ção e acesso

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALPSP – The Association of Learned and Professional Society

Publishers

ARL – Association of Research Libraries OA – Open Access

BOAI – Budapest Open Acess Iniative

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-vel Superior

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CC – Licença Creative Commons FI – Fator de Impacto

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz

FURG – Universidade Federal do Rio Grande

IBICT – Instituto Brasileiro de Informação Científica e Tecnológi-ca

JCR – Journal Citation Reports OAI – Open Archives Initiative

OPENDOAR – The Directory of Open Access Repositories PLoS – Public Library of Science

ROAR – Registry of Open Acess Repositories SCIELO – Scientific Electronic Library Online

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SPARC – Scholarly Publishingand Academic Resources Coalition TIC’s – Tecnologias da Informação e Comunicação

UFBA – Universidade Federal da Bahia UFC – Universidade Federal do Ceará

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UFPel – Universidade Federal de Pelotas UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UnB – Universidade de Brasília

UNESP – Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Fi-lho

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 17

1.1 JUSTIFICATIVA ... 19

1.2 OBJETIVOS ... 20

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 21

2.1 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A PUBLICAÇÃO CIENTÍFI-CA ... 21 2.2 ACESSO ABERTO ... 26 2.3 PERIÓDICO CIENTÍFICO ... 33 2.3.1 Tipos de Acesso ... 37 2.4 REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS ... 41 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 49 3.1 UNIVERSO DA PESQUISA ... 50 4 RESULTADO E DISCUSSÃO ... 56

4.1 INSTITUIÇÕES QUE POSSUEM PESQUISADORES 1 A E REPOSITÓRIO ... 56

4.2 PERIÓDICOS ONDE OS PESQUISADORES PUBLICARAM ARTIGOS ... 60

4.3 ARTIGOS PUBLICADOS E O TIPO DE ACESSO ... 72

4.4 ACERVO DISPONÍVEL NOS REPOSITÓRIOS INSTITUCI-ONAIS ... 77

5 CONCLUSÃO ... 84

REFERÊNCIAS ... 87

ANEXO A – The Immediate-Deposit/Optional-Access (ID/OA) Mandate: Rationale and Model Open Access Archivangelism ... 99

ANEXO B – Modelo de política de depósito obrigatório ... 104

APENDICE A – Cruzamento pesquisador 1 A da saúde x Institui-ção ... 107

APENDICE B – Nome dos periódicos, endereço eletrônico, total de artigos, área ... 111

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1 INTRODUÇÃO

O sistema de comunicação científica é responsável pela publicação dos avanços das pesquisas em todas as áreas do conhecimento. Sobre a divulgação das atividades de pesquisa, Leite (2012, p.10) comenta “que necessitam ser divulgadas e conhecidas para que outros pesquisadores possam colaborar, dar a sua opinião ou mesmo divergir sobre o assunto”.

O pesquisador pode ser visto como aquele que exerce a atividade de buscar e reunir informações sobre um determinado problema ou assunto e analisá-las, utilizando o método científico, com a intenção de aumentar o conhecimento de determinado assunto ou até mesmo descobrir algo novo (LIMA, 2006). Os pesquisadores ainda buscam, no sucesso de suas publicações, acumular capital científico que vai lhe conceder, além de presti-gio, mais autoridade no campo científico o qual se dedica a estu-dar (CORRÊA, 2012). Bourdieu (1998, p.82) diferencia dois tipos de capital científico. São eles:

o Capital Científico institucional pode ser en-contrado na maior parte na burocracia da ci-ência e que é acumulada com o uso de es-tratégias políticas. Sua transferência e here-ditariedade - como acontece com todos os ti-pos de capitais burocráticos - são facilmente alcançados. O Capital Científico puro tem base no reconhecimento e, em grande medi-da, é independente do poder secular. Sua acumulação é baseada na publicação. Este tipo de capital científico é volátil, o que tam-bém significa que é difícil transferir. Este é o tipo mais puro de capital científico. O autor identifica um índice de citação como um indi-cador de capital científico. Este capital é principalmente desenvolvido e acumulado através da publicação em periódicos com al-to faal-tor de impacal-to.

A produção científica é algo concreto e pode ser mensu-rada. Por outro lado, a atividade científica que não é escrita e comunicada perde o sentido, já que as instituições de pesquisa e os pesquisadores são avaliados pelo que publicam. Castro

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(1986) comenta que ao “avaliar os números de publicações de determinada área, instituição ou pesquisador é medir a produção científica”. A produção pode ser publicada em vários tipos de documentos. Essas publicações podem vir em formato de relató-rios, trabalhos apresentados em congressos, palestras, artigos de periódicos, livros em papel ou em meio eletrônico, entre ou-tros.

Historicamente, cartas e atas originaram os periódicos ci-entíficos no século XVII. Com o passar do tempo, para todas as áreas, os periódicos assumiram o papel de divulgadores dos resultados das pesquisas por meio dos artigos científicos (BÉ-GAULT, 2009; DIAS, 1999; STUMPF, 1996).

Sobre a importância da publicação de artigo em periódi-cos científiperiódi-cos. Correa (2012, p.42) comenta que:

é através deste mecanismo de divulgação, que são compartilhadas informações essen-ciais para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social, pois o registro de resul-tados de pesquisas, relatos de experiências de campo e mesmo debates a partir de refle-xões teóricas são fundamentais para o avan-ço e aperfeiavan-çoamento de técnicas, produtos e serviços em diferentes áreas do conhecimen-to.

A partir da década de 80, os periódicos científicos come-çam a mudar por causa da chamada crise dos periódicos cientí-ficos, o que impulsionou o chamado Movimento de Acesso Aber-to. Para Costa (2008), tomando como base as declarações de Berlim, Bethesda e Budapeste, o termo acesso aberto à literatura científica foi consensualmente definido como acesso à “literatura que é digital, online, livre de custos e livre de restrições desne-cessárias de copyright e licenças de uso”. O Acesso Aberto, se-gundo Suber (2003), tem duas propriedades essenciais: é gratui-to para gratui-todos, e o detengratui-tor do copyright concede a licença com antecedência para leitura livre, download, cópia, partilha, arma-zenamento, impressão e pesquisa.

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Os periódicos científicos eletrônicos e os repositórios digi-tais constituem-se, então, como estratégias propostas pelo Mo-vimento de Acesso Aberto para promoção da literatura científica de forma livre e sem custos de acesso.

Gruszynski e Golin (2007) definem o periódico científico eletrônico como aquele em formato digital, disponível online, que adota padrões de cientificidade e de responsabilidade de institui-ções afins, como universidades, sociedades e órgãos de pesqui-sa, entre outros, independentemente de possuir uma versão impressa.

Os repositórios digitais foram concebidos para manter e gerenciar documentos por um tempo indeterminado e disponibili-zá-los para acesso. Também aumentam a visibilidade da produ-ção científica de pesquisadores e instituições, expandido o resul-tado das pesquisas (RODRIGUES, 2004; GUÉDON 2010). Os repositórios dividem-se em Temáticos e Institucionais. Os temáti-cos tratam da produção intelectual de áreas do conhecimento em particular. Para Tomaél e Silva (2007), os repositórios institucio-nais são formas de as Universidades tornarem visível a produção acadêmica de professores e alunos.

Rumsey (2006, p. 3) explica que, “além da visibilidade, ainda há outras razões para uma instituição adotar um repositório institucional (RI), são elas: a gestão de objetos digitais, a preser-vação da investigação e por permitir que a instituição divulgue os vários tipos de publicações".

Rodrigues et al. (2004, p.01) apontam que os repositó-rios institucionais.

[...] estão contribuindo para o aumento da vi-sibilidade, estudo e valor público da institui-ção, servindo como indicador da qualidade dessas universidades e também contribuem para a reforma da comunicação científica, expandindo o acesso aos resultados da in-vestigação assumindo o controle acadêmico sobre as publicações. A importância do repo-sitório institucional para uma instituição está em proporcionar uma maior visibilidade para a sua produção

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científica e também um maior reconhecimen-to por parte de outras instituições.

Dessa forma, os repositórios tornam-se um importante instrumento de divulgação da informação científica, promovendo o livre acesso aos arquivos depositados e permitindo a troca de informações entre pesquisadores.

1.1 JUSTIFICATIVA

A produção científica, segundo Witten (1996, p.80), “é a for-ma pela qual a universidade ou instituição de pesquisa se faz presente no fazer científico e também a base para o desenvolvi-mento e a superação da dependência entre países ou entre regi-ões de um mesmo país”. Para Lourenço (1997, p.25), “a produ-ção científica contribui para o desenvolvimento da ciência e para a abertura de novos horizontes de pesquisa” ou contribui, segun-do Alegria (2013, p.01), para a economia de um país.

No Brasil, o plano nacional de Pós-Graduação (2011-2020, p. 562) aponta que ocorreu um aumento significativo no avanço da ciência na última década. De acordo com dados for-necidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a área da Saúde Humana é o setor de ati-vidade de pesquisa de maior dimensão no Brasil, em número de linhas de pesquisa e de pesquisadores envolvidos. Esse estudo também aponta que, entre os anos de 2000 e 2008, a área da Saúde humana foi responsável por cerca de 25% de toda a ativi-dade de pesquisa no país.

Toda a produção científica, sendo da área da Saúde ou de outras áreas, deve ser publicada. Para que isso ocorra, se utiliza de canais comunicadores. A partir da década de 90, os repositórios institucionais tornaram-se, junto com os periódicos científicos, importantes canais para a comunicação da informa-ção e do conhecimento. Verificar a produinforma-ção científica dos pes-quisadores nesses canais torna-se importante, pois possibilita conhecer quanto do material produzido pelos pesquisadores da instituição está disponível em acesso aberto.

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que a área da Saúde possui no âmbito da produção e publicação científicas e tem com meta responder a seguinte pergunta: Qual o tipo de acesso da produção científica da elite dos pesquisado-res na área da Saúde?

1.2 OBJETIVOS

A pesquisa teve como objetivo geral investigar o tipo de acesso da produção científica dos principais pesquisadores do pais da área da Saúde, disponível nos repositórios institucionais. Como objetivos específicos, temos:

a) Identificar as instituições que possuem pesquisadores bolsis-tas 1 A e repositórios;

b) Descrever os periódicos em que os pesquisadores 1 A publi-caram seus artigos;

c) Apontar o número de artigos publicados pelos pesquisadores 1 A e o tipo de acesso;

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Nesta seção, será apresentada a revisão de literatura que abordará os seguintes assuntos: a comunicação científica e a publicação científica, o acesso aberto, periódicos científicos, mo-delos de acesso e repositórios institucionais.

2.1 A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A PUBLICAÇÃO CIENTÍ-FICA

A comunicação científica encontra-se no coração da ci-ência, constituindo-se parte essencial do processo de investiga-ção e garantindo vitalidade para a própria ciência, envolvendo todas as atividades associadas à produção, disseminação e uso da informação (MEADOWS, 1999; GARVEY, 1979). A comunica-ção científica segundo Silva (2010, p. 24)

tem como principal função dar continuidade ao fluxo do conhecimento científico, pois possibilita a disseminação da informação a outros pesquisadores que podem assim co-laborar, dar a sua opinião ou mesmo divergir sobre tal assunto”.

O processo de comunicação científica é descrito por Me-adows (1999, p.161) como sendo realizado em duas etapas.

durante as etapas iniciais de um projeto de pesquisa, a maior parte da comunicação é in-formal, começando com as conversas face a face. À medida que o trabalho avança, são feitos relatos orais perante pequenas platei-as, normalmente por meio de seminários de pesquisa. Á medida que o projeto se aproxi-ma de sua conclusão, podem começar a ser feitos relatos verbais em reuniões maiores, como congressos e conferencias. Após o projeto concluído, os resultados são descri-tos e submetidos à publicação em periódicos científicos.

A comunicação científica compreende dois tipos de ca-nais: o formal e o informal. Os canais formais são responsáveis

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pela divulgação da comunicação que, de acordo com Targino (2000, p.18) “se dá através de diversos meios de comunicação escrita, com destaque para livros, periódicos, obras de referência em geral, relatórios técnicos, revisões de literatura, bibliografias, etc.”. A comunicação informal baseia-se, segundo Mueller (2007, p.130), “em conversas pessoais, telefone ou carta, aulas, pales-tras, circulação de preprints, trabalhos apresentados em reuniões profissionais e científicas restritas e outras atividades semelhan-tes”.

Nos campos científicos, técnicos e médicos, a publicação é parte integrante do processo de pesquisa. Os pesquisadores publicam suas descobertas, a fim de garantir a ampla divulgação de seu trabalho, principalmente dentro de uma comunidade com-posta por seus pares, onde tudo é discutido e avaliado. A publi-cação tem a função de melhorar a reputação do autor e dar sub-sídio para as decisões de concessão de verbas (House of Com-mons Science and Technology Committee, 2004).

Quanto aos meios de comunicação utilizados para a di-vulgação da informação, há uma diferenciação entre as áreas de conhecimento. Áreas como a Ciências Humanas privilegiam a comunicação da ciência por meio de livros e capítulos de livros. As áreas ligadas a Tecnologia e as Ciências Aplicadas utilizam os relatórios e trabalhos apresentados em congresso, e a área da Saúde prioriza a publicação em periódicos científicos (SAN-TOS; KOBASHI 2006; MUELLER, 2005, MEDOWS, 1999).

Mugnaim (2011, p. 29) identificou diferentes tipos de do-cumentos, segundo as citações das revistas analisadas, proveni-entes das diferproveni-entes áreas científicas. O autor concluiu que o livro é consideravelmente mais citado numa revista de Ciências Sociais Aplicadas que em revistas de Ciência da Saúde. Já a área de Saúde Coletiva faz uso deste tipo de documento em pro-porções equiparáveis com os artigos científicos. Nas revistas de Física e Medicina, as citações em revistas internacionais são muito mais prevalentes. E na revista de Veterinária e de Ciência da Informação, destacam-se os anais e teses.

Os periódicos científicos são tradicionalmente o principal instrumento de comunicação entre os pesquisadores e têm como função registrar a memória, o arquivamento e a formalização do conhecimento. Os periódicos científicos também fornecem ele-mentos para a avaliação das atividades de pesquisadores indivi-duais ou da produção científica (BIOJONE, 2003). Além da

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avali-ação do desempenho profissional, os periódicos proporcionam a troca de informação entre os pares e a evolução do conhecimen-to e da tecnologia de ponta. (FACHIN; HILLESHEIM, 2006).

A comunicação científica sempre passou por mudanças em seu fluxo ao longo do tempo (ver Figura 1), mas foi a partir das Tecnologias da Informação (TIC’s) que passou a sofrer modi-ficações mais rapidamente. As TIC’s possibilitaram a oferta de publicações científicas eletrônicas, além de facilitar o seu acesso e a sua recuperação de forma ágil, diminuindo os custos com impressão e envio. (BOMFÁ, CASTRO, 1986). Com as TIC’s, os processos tornaram-se muito mais eficientes, promovendo um aumento da visibilidade dos artigos publicados, eliminando o caráter regional, já que o periódico online não limita, na disper-ção geográfica, o acesso dos usuários (SCHWEITZER, RODRI-GUES, RADOS, 2011).

As TIC’s provocaram mudanças nos canais de comunica-ção (ver Figura 2). Um exemplo claro são os periódicos científi-cos, que, além de impressos, passaram a ser também eletrôni-cos. Outro fator importante para essa nova configuração é o Movimento de Acesso Aberto, que proporcionou a inclusão dos repositórios digitais no novo modelo de comunicação científica e sobre o qual falaremos melhor na próxima seção.

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Fonte: Adaptado de: SCHWEITZER, (2010);COSTA, (2008); HURD, (1996); GARVEY e GRIFFITH, (1979)

so. Em 1996 Hurd, propôs que o modelo de Garvey e Griffith fosse adaptado incluindo o meio eletrônico. Costa, em 2008, adaptou ao mo-delo tradicional integrando as alternativas impressa e eletrônica. As linhas que demarcam o início e o fim da pesquisa foram divididas em duas partes. A parte inferior baseou-se no modelo de Garvey e Griffith (1979) e a parte superior, nos modelos de Hurd (1996) e Costa (2008).

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Fonte: Adaptado de LEITE, (2011); HURD (2004)

Figura 02 - Cenário da Comunicação Científica nos dias atuais - mostra o cenário do sistema de comunicação como se apresenta nos dias de hoje. Segundo Leite (2011) nenhum modelo proposta anteriormente reflete com fidelidade o ce-nário do sistema de comunicação da ciência tal como se apresenta nos dias de hoje. Este modelo foi proposto por Hurd em 2004 e mostra elementos retangulares que representam atividades e funcionalidades onde foram incorporadas a tec-nologia. Uma outra característica são as formas ovais que não faziam parte do modelo impresso Esse modelo também identifica novos participantes e novas funcionalidades. Como novos participantes podem ser citados CrossRef, Registros DOI, agregadores de conteúdos, e arquivos de acesso aberto

(32)

2.2 ACESSO ABERTO

O Movimento do Acesso Aberto é entendido como a dis-ponibilização livre da literatura científica na internet. A causa desse movimento está ligada à consciência das limitações e das contradições do sistema de comunicação científica e também das possibilidades tecnológicas (Rodrigues, 2004). Segundo Mei-relles, (2009, p.54) “o acesso aberto apóia-se no ideal de que pesquisas financiadas com recursos públicos devem ser disponi-bilizadas livremente para toda a sociedade”. E de acordo com Meirelles (2009, p.54) “para a concretização desse ideal, o acesso aberto utiliza-se de modelos tecnológicos que garantem o livre e permanente acesso a textos científicos, sem nenhum tipo de barreira, a todo e qualquer usuário da internet”.

Para Mueller (2006, p. 01) o acesso aberto:

[...] pode ser considerado como o fato mais interessante e talvez importante de nossa época no que se refere à comunicação cien-tífica. Ao mesmo tempo, este movimento re-presenta enorme desafio para a comunidade científica, à medida que, quanto mais amplo o seu sucesso, mais radical será a mudança provocada no sistema tradicional e profun-damente arraigado de comunicação do co-nhecimento científico.”

A mudança na comunicação científica começa com a cri-se dos periódicos científicos, que teve como estopim a impossibi-lidade das bibliotecas manterem suas coleções de periódicos, dado o alto custo das assinaturas. Com a crise dos periódicos científicos impressos, os cientistas e pesquisadores procuraram outra forma de publicar os resultados de suas pesquisas (BLATMMAN, BAHIA, SILVA, 2011, MUELLER, 2006).

King e Tenopir (1998, p.177) comentam que

os lucros decresceram; os publicadores au-mentaram os preços para as bibliotecas; os leitores passaram a depender mais das suas bibliotecas (e de outras) como fonte de arti-gos a um custo substancial do seu tempo; as

(33)

bibliotecas começaram, primeiro, a cancelar as assinaturas duplicadas e, depois, a sus-penderam as assinaturas das revistas caras, mas não frequentemente consultadas, pas-sando a depender de empréstimos interbibli-otecas e de serviços de comutação bibliográ-fica para atender a demanda por esses arti-gos.

O ano de 1998 foi marcado por várias iniciativas para a consolidação do movimento do Acesso Aberto. A criação da

Scholarly Publishingand Academic Resources Coalition (SPARC)

pela Association of Research Libraries (ARL), o lançamento do Fórum da American Scientist11 são exemplos de iniciativas. (RODRIGUES, 2005). Em 1999, na cidade de Santa Fé, foi reali-zado um encontro organireali-zado por Paul Ginsparg, Rick Luce e Herbert Van de Sompel, que ficou conhecido como Convenção de Santa Fé. Nessa convenção, foi apresentada uma nova filoso-fia para a publicação científica, elaborando-se o protocolo Open

Archive Iniative (OAI), com objetivo de desenvolver e promover

padrões de interoperabilidade entre repositórios digitais. Segun-do Marcondes e Sayão (2009, p.15) o “Open Archive Inative (OAI) tem o objetivo de criar mecanismos tecnológicos para tor-nar interoperáveis os diferentes repositórios funcionando segun-do a proposta Open Archive.”

Durante a Convenção de Santa Fé, também foram defini-dos os princípios básicos de uma nova filosofia para a publicação científica. Triska e Café (2001, p.92) citam os três que conside-ram principais: autoarquivamento, revisão entre pares e a intero-perabilidade. Os autores explicam que o autoarquivamento está relacionado ao direito de autores enviarem seus textos para se-rem publicados sem intermédio de terceiros. O principal objetivo é tornar o texto disponível o mais rápido possível e favorecer o acesso democrático e gratuito a publicações.

Quanto a revisão entre os pares, segundo Trisca e Café (2001, p.92), “os trabalhos publicados devem ser aqueles já acei-tos em alguma revista e que tenham passado por dois avaliado-res da área com o intuito de garantir a qualidade da publicação.”

A interoperabilidade, de acordo com Leite (2009, p. 57), tem o “objetivo de padronizar os arquivos para que o acesso aos repositórios seja ilimitado, permitindo que cada sistema se

(34)

de-senvolva independentemente, sem sacrificar a habilidade de se comunicar com outro sistema”.

Em 2001, a reunião em Budapeste, promovida pelo Open

Society Institute (OSI), originou um documento e uma iniciativa

do movimento do Acesso Aberto, conhecida como Budapest

O-pen Access Initiative (BOAI). Outros dois documentos surgiram

para o movimento de acesso aberto. São eles: a Declaração de Bethesda (abril de 2003) e a Declaração de Berlim (outubro de 2003). A Declaração de Bethesda tem o objetivo de estimular o debate dentro da comunidade de pesquisa biomédica sobre co-mo proceder, o mais rapidamente possível, para fornecer o aces-so aberto à literatura científica primária. Também entende que uma publicação Open Access é aquela que atende as seguintes condições:

o autor e o detentor de direitos autorais con-cedem a todos os usuários um livre, irrevo-gável e perpétuo, direito de acesso e licença para copiar, utilizar, distribuir, transmitir e exibir o trabalho publicamente em qualquer meio digital para qualquer propósito respon-sável bem como o direito de fazer um pe-queno número de cópias impressas para seu uso pessoal. Uma versão completa da obra e todos os materiais suplementares, incluindo uma cópia da permissão como indicado aci-ma, será depositada imediatamente após a publicação inicial em pelo menos um reposi-tório on-line de instituições acadêmicas, so-ciedade científicas, agência governamental ou outras organizações que pretendam pro-mover o acesso aberto, distribuição irrestrita, interoperabilidade e arquivamento de longo prazo. (BETHESDA, 2003).

A Declaração de Berlim aponta a Internet como um ins-trumento funcional ao serviço de uma base de conhecimento científico global e do pensamento humano. E estabelece a sua missão:

disseminar o conhecimento estará incomple-to se a informação não for incomple-tornada

(35)

rapida-mente acessível e em larga escala à socie-dade. Novas possibilidades de difusão do conhecimento, não apenas através do méto-do clássico, mas também, e cada vez mais, através do paradigma do acesso livre via In-ternet devem ser apoiadas. Nós definimos o acesso livre como uma fonte universal do conhecimento humano e do patrimônio cultu-ral que foi aprovada pela comunidade cientí-fica.” (DECLARAÇÃO DE BERLIM, 2003).

A grande ambição do acesso aberto é possibilitar a igual-dade de acesso a informação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, contribuindo para minimizar as diferenças geo-gráficas e financeiras dos pesquisadores localizados em regiões distantes dos centros de pesquisa mais avançados (OLIVEIRA, 2008; GUEDON, 2010).

No Brasil, o movimento de Acesso aberto se iniciou no ano de 2005 com o Manifesto Brasileiro de Acesso Livre publica-do pelo IBICT. (SILVA, 2010)

De acordo com Carvalho (2008)

no Brasil, as discussões sobre acesso aberto e repositórios digitais surgiram com as inicia-tivas nacionais de implantação do SciELO, da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e da distribuição de sistemas como o TEDE, o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) e o Sistema Eletrônico de Conferências. Em boa parte, estas iniciativas responsabilizaram as bibliotecas universitá-rias pela introdução de suas instituições ao novo modelo de comunicação científica.

Destaca-se também a Declaração de Salvador sobre o acesso aberto à perspectiva dos países em desenvolvimento em 2005; a carta de São Paulo em 2005; a Declaração de Florianó-polis, em que pesquisadores brasileiros da área de Psicologia e Comunicação Cientifica no ano de 2006, manifestaram seu apoio ao movimento mundial de acesso aberto; e o Projeto de lei 1120/2007, que trata do processo de disseminação da produção

(36)

técnico-científica do Brasil pelas instituições de ensino superior no Brasil. Esse projeto de Lei propõe em seu primeiro artigo que: “Todas as instituições de ensino superior, de caráter público fi-quem obrigadas a construir os seus repositórios institucionais, nos quais deverão ser depositadas toda a produção técnico-científica de seus corpos docente, discente e de pesquisadores.” Devido ao regimento interno da Câmara dos Deputados, o Proje-to de lei 1120/2007 foi arquivado em 2011. Nesse mesmo ano, foi apresentado o Projeto de Lei 387/2011 pelo Senador Rodrigo Rollemberg, que dispõe sobre o processo de registro e dissemi-nação da produção técnico-científica pelas instituições de educa-ção superior, bem como as unidades de pesquisa no Brasil. Esse projeto tramita pela câmara dos deputados, sendo que, desde 03/04/2014, o projeto encontra-se na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania. O quadro a seguir apresenta um apanhado geral dos principais movimentos relacionados ao acesso aberto no Brasil e no mundo:

Quadro 01 - Movimentos relacionado ao acesso aberto

Data Marcos

10/1999 Lançamento da Open Archives Initiative, pela Convenção de Santa Fé

2001 Carta aberta da Public Library of Science (PLoS) 14/02/2002 Iniciativa de Budapeste para o Acesso Aberto 30/10/2002 Carta ECHO Charter

11/04/2003 Declaração de Bethesda - Bethesda Statement on Open Access Publishing

27/08/2003 Association of Learned and Professional Society Publishers (ALPSP)

22/10/2003 Declaração de Berlim sobre o Livre Acesso ao Conhecimento - ―Berlin Declaration on Open Access to Knowledge in the Sciences and Humanities

11/2003 Declaração de Princípios do Wellcome Trust em apoio à edição em livre acesso

4/12/2003 Posicionamento do InterAcademy Panel sobre o acesso à informação científica

5/12/2003 Declaração do International Federation of Libraries Associa-tion (IFLA) sobre o livre acesso à literatura científica e aos documentos da pesquisa

12/12/2003 Declaração de Princípios da Cúpula Mundial sobre a Socie-dade da Informação (SMSI)

15/01/2004 Declaração de Valparaíso

Continua Continua

(37)

Fonte: Adaptado de Cocco, 2012

30/01/2004 Declaração da Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) sobre o acesso aos dados da pesquisa financiada por fundos públicos

16/03/2004 Princípios de Washington D. C. para o Livre Acesso à Ciência 30/07/2004 Publicação do relatório do comitê do Parlamento Britânico

sobre edição científica

12/2004 Declaração de Acesso Aberto, de responsabilidade do Aus-tralian Research Information Infrastructure Committee (ARIIC)

13/09/2005 Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica

26/09/2005 Declaração de Salvador sobre Acesso Aberto: A Perspectiva dos Países em Desenvolvimento‖ Declaração de Salvador - Compromisso com a Eqüidade

12/2005 Carta de São Paulo

2005 European Bureau of Library, Information and Documentation Associations (EBLIDA) publica a obra Statement Towards an Effective Scientific Publishing System for European Research 05/2006 Declaração de Florianópolis

18/07/2006 Carta Aberta à SBPC

2006 European Research Consortium for InformaTIC’s and Math-emaTIC’s (ERCIM) publica a obra Statement on Open Ac-cess

05/2007 Projeto de Lei 1120/2007

09/2007 Canadian Institutes of Health Research (CIRH), lança a políti-ca de acesso aos resultados das pesquisas

26/12/2007 Lei que obriga o depósito no Repositório de Acesso Aberto PubMed Central (PMC), de todo resultado de pesquisa fi-nanciada pelo National Institute of Health (NIH).

04/2008 Publicado pela UNESCO o livro Open access to knowledge and information: scholarly literature and digital library initia-tives; the South Asian scenario, de Anup Kumar Das 2009 Distribuição de kits tecnológicos pelo IBICT - Instituto

Brasi-leiro de Informação em Ciência e Tecnologia e FINEP - Fi-nanciadora de Estudos e Projetos para as Universidades Brasileiras para construção de repositórios institucionais 2011 Projeto de Lei 387/2011

2013 Todos os Periodicos indexados no LILACS deverão disponibi-lizar o texto completo em acesso aberto

03/2014 A FIOCRUZ estabelece por meio da portaria MS/N 938 sua politica de acesso aberto

(38)

Além dos movimentos citados acima em 2007 Steven Harnad com o propósito de disseminar e concretizar a filosofia do acesso aberto à informação científica, recomenda duas estraté-gias de ação: a implantação da via dourada e a implantação da via verde. Harnad chamou estas estratégias de “via”, uma vez que a adoção desses “caminhos” conduz ao acesso aberto á informação científica (LEITE, 2009).

A via dourada (Golding Road), segundo (Costa 2006), compreende os periódicos científicos, eletrônicos cujo acesso aberto aos seus conteúdos é garantido pelos próprios editores. Nesta via, a publicação ocorre primeiramente em ambiente aber-to, ou seja, no próprio periódico. A via verde (Green Road) carac-teriza-se pelo arquivamento, por parte dos autores, de artigos científicos em repositórios digitais já publicados ou aceitos para publicação em algum periódico referendado. O nome Via Verde se deve ao fato de que é necessário obter a permissão (sinal verde) dos editores que aceitaram seus artigos para publicação, para que posteriormente possam depositar num servidor de acesso aberto (repositório). O acesso aberto se concretiza quan-do os repositórios tornam disponíveis esses artigos já publicaquan-dos em periódicos científicos (COSTA, 2006, LEITE, 2009).

Dentre as permissões (licenças livres) existentes está a Licença Creative Commons (CC). A licença CC, de acordo com Lemos (2005, p. 83), é um tipo de licença que “cria instrumentos jurídicos para que um autor, um criador ou uma entidade aceite, de modo claro e preciso, se a sua obra é livre para distribuição, cópia e utilização”. No quadro a seguir, são apresentadas as seis licenças existentes, com a descrição e símbolo utilizado.

(39)

Quadro 02 - Licenças Creative Commons

Licença Descrição Símbolo

Atribuição (by) Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem ou criem obras derivadas, mesmo que para uso com fins comerciais, con-tanto que seja dado crédito pela criação original. Esta é a licença menos restritiva de todas as ofereci-das, em termos de quais usos outras pessoas podem fazer de sua obra.

Atribuição- Compartilha-mento pela mesma licença

(by-sa)

Esta licença permite que outros remixem, adaptem, e criem obras derivadas ainda que para fins co-merciais, contanto que o crédito seja atribuído a você e que essas obras sejam licenciadas sob os mesmos termos. Esta licença é geralmente comparada a licenças de software livre. Todas as obras derivadas devem ser licenciadas sob os mes-mos termes-mos desta. Dessa forma, as obras derivadas também poderão ser usadas para fins comerciais.

Atribuição - Não a Obras Deriva-das (by-nd)

Esta licença permite a redistribuição e o uso para fins comerciais e não comerciais, contanto que a obra seja redistribuída sem modificações e completa, e que os créditos sejam atribuídos a você.

Atribuição – Uso Não Comercial (by-nc)

Esta licença permite que outros remixem, adaptem, e criem obras derivadas sobre sua obra sendo vedado o uso com fins comerciais. As novas obras devem conter men-ção a você nos créditos e também não podem ser usadas com fins comerciais, porém as obras deriva-das não precisam ser licenciaderiva-das sob os mesmos termos desta licen-ça.

(40)

Atribuição - Uso Não Comercial - Compartilha-mento pela mesma Licença (by-nc-sa)

Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem obras derivadas sobre sua obra com fins não comerciais, contanto que atribu-am crédito a você e licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros. Outros podem fazer o

download ou redistribuir sua obra da

mesma forma que na licença anteri-or, mas eles também podem tradu-zir, fazer remixes e elaborar novas histórias com base na sua obra. Toda nova obra feita com base na sua deverá ser licenciada com a mesma licença, de modo que qual-quer obra derivada, por natureza, não poderá ser usada para fins comerciais. Atribuição - Uso Não Comercial - Não a Obras Derivadas (by-nc-nd)

Esta licença é a mais restritiva den-tre as nossas seis licenças princi-pais, permitindo apenas a redistri-buição. Ela é comumente chamada "propaganda grátis" pois permite que outros façam download de suas obras e as compartilhem, contanto que mencionem e façam o link a você, mas sem poder modificar a obra de nenhuma forma, nem utilizá-la para fins comerciais.

Fonte: Cocco, 2012

A licença Creative Commons é considerada um avanço para as publicações em acesso aberto, pois permite que autores autorizem a divulgação, preservando os direitos autorais. A licen-ça CC é bastante utilizada em periódicos científicos de acesso aberto, os quais serão descritos na seção a seguir.

2.3 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS

Os periódicos científicos, de acordo com Alves (2011, p.01), “são os canais de comunicação mais utilizados, dada a sua própria constituição, que tem como premissa a comunicação científica dos feitos de uma determinada época”. Eles surgiram no século XVII, no ano de 1665, passando a desempenhar um importante papel na comunicação científica. O primeiro foi

(41)

lança-do em Paris, por Dennis de Sallo, e recebeu o nome de Journal

des Sçavants. Esse periódico publicava resultados de

experi-mentos em Física, Química, Anatomia e Meteorologia. No mes-mo ano, membros da Royal Society publicaram, em Londres, o

Philosophical Transactions. Os membros da Royal Society

ti-nham o interesse de publicar suas pesquisas, fruto das discus-sões e trocas de correspondências entre eles. O Philosophical

Transactions é considerado o precursor do periódico cientifico.

(GUEDON, 2001; MEADOWS, 1999). Discussão de quem é o precussor

No Brasil, os primeiros periódicos foram a Gazeta Médica do Rio de Janeiro, em 1862, e a Gazeta Médica da Bahia, em 1866 (VALLE, 1974; FALCÃO, 1976). Segundo Reis e Kaimen (2007, p.255), “os periódicos brasileiros surgiram quase duzentos anos após o precursor francês, mas com o passar dos anos se aprimoraram e vêm superando as expectativas, buscando quali-dade e respeito, tanto no formato impresso como no eletrônico”.

Periódicos científicos são compreendidos como uma pu-blicação que se utiliza de qualquer tipo de suporte, é editada com o caráter de continuidade e sem previsão de término (CRUZ et al., 2003). Segundo Fachim, Hillesham (2006, p. 20), “os pe-riódicos científicos disseminam as informações de tempos em tempos atendendo a uma frequência regular de fascículos ou números sob o mesmo titulo, dentro de uma área especifica do conhecimento e/ou de amplitude global”.

Os periódicos têm como missão segundo Packer (2010, p.30) “a comunicação dos resultados da pesquisa original, o que contribui para o avanço do conhecimento nas disciplinas ou áreas temáticas específicas.” Ainda segundo o autor em conse-quência, a periodicidade, a quantidade e o tamanho dos artigos que são publicados variam entres as áreas do conhecimento.

Os periódicos científicos de acordo com Mueller (1994, p.06) “são compostos basicamente por artigos reunindo pesqui-sas de uma mesma área, tendo como função, entre outras, ofe-recer um meio para a preservação do conhecimento neles regis-trado.” A autora também comenta que os periódicos científicos servem a mais três propósitos: a comunicação entre cientistas, a divulgação de resultados de pesquisa e dos estudos acadêmicos e o estabelecimento da prioridade científica.

(42)

A qualidade de periódicos científicos pode ser avaliada de duas formas, com foco no processo ou no resultado, segundo explicam Costa e Guimaraes (2010, p.82):

[...] na primeira situação, consideram-se fato-res relacionados com a gestão editorial, tais como formação e expertise da equipe edito-rial (editores, corpo e conselho editoriais), regras de submissão e de avaliação de ma-nuscritos, prazos de avaliação e de disponibi-lização de artigos aprovados, dentre outros itens. Na avaliação com foco no resultado, importa saber o nível de impacto que artigos publicados em determinado título exercem sobre a comunidade científica e, portanto, em que medida contribuem para o fortaleci-mento de determinada área. Nesta linha de pensamento, quanto mais os artigos de certa revista são citados por outros autores, maior seu nível de impacto.

É indiscutível a importância da publicação de artigos em periódicos científicos, pois:

através deste mecanismo de divulgação, são compartilhadas informações essenciais para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social, pois o registro de resultados de pes-quisas, relatos de experiências de campo e mesmo debates a partir de reflexões teóricas são fundamentais para o avanço e aperfei-çoamento de técnicas, produtos e serviços em diferentes áreas do conhecimento.” (Cor-rêa, 2012, p.42).

Os artigos publicados em periódicos incluídos nas bases de dados como a Web of Science (WoS) e SciVerse Scopus

(SCOPUS), por exemplo, são considerados os mais importantes,

e, como resultado, os autores tendem aceitá-los mais em suas próprias obras. À medida que são citadas pelos autores de dife-rentes países, as publicações tornam-se mais relevantes em nível intercaional (ZYCH e BUELA-CASAL, 2007). O quadro 03, a seguir, apresenta algumas definições de artigo científico.

(43)

Quadro 03 – Definições de artigo cientifico

AUTOR DEFINIÇÃO

PRIMO, (1994, p.28)

O artigo ou documento cientifico pode ser entendido como uma forma literária própria que com poucas variações , é respeitada pelos autores que publicam de forma oficial, utilizando a mesma estrutura e estilo. Trata-se de um in-forme acabado sobre algum aspecto de pesquisa, uma peça completa ofe-recida ao exame e debate ou a consi-deração de outros cientista.

SANTOS, (2011, p.05)

Os artigos científicos são geralmente utilizados como publicação em revistas especializadas, a fim de divulgar co-nhecimento, resultados ou novidades a respeito de um assunto ou ainda contestar refutar ou apresentar solu-ções de uma situação

CURTY E BOCCATO, (2005, p.96)

Tendo em vista que o artigo científico se caracteriza por ser um trabalho bem sucinto, e tem como objetivo comuni-car ideias e informações de maneira clara e concisa exige-se que tenha alguns requisitos importantes: destacar as ideias fundamentais sobre o assun-to, com o uso de vocabulário correassun-to, coerência na argumentação, clareza na exposição das ideias, objetividade, concisão e fidelidade às fontes cita-das..

ABNT, (2003,p.02)

A ABNT (NBR 6022) define o artigo científico como uma publicação com autoria O artigo ou documento cientí-fico pode ser entendido como uma forma literária própria que, com poucas variações, é respeitada pelos autores que publicam de forma oficial, utilizan-do a mesma estrutura e estilo. Trata-se de um informe acabado sobre al-gum aspecto de pesquisa, uma peça completa oferecida ao exame e debate ou a consideração de declarada que apresenta e discute, ideias, métodos,

(44)

Fonte: SANTOS, (2001); BOCCATO E CURTY, (2005); ABNT, (2007); CARVALHO, (2010); PEREIRA,(2012)

Com o surgimento da World Wide Web, nas duas últimas décadas, a publicação dos periódicos científicos, e consequen-temente dos artigos científicos, tem sofrido uma verdadeira revo-lução. Essa revolução tem duas fases interligadas: a primeira está relacionada à rápida mudança do modelo das revistas im-pressas para o meio eletrônico; a segunda está relacionada ao movimento do acesso aberto (BJORK et. al, 2010).

Para Mueller (2006), os periódicos eletrônicos desperta-ram nos pesquisadores a esperança de uma mudança radical no sistema tradicional de comunicação científica, pois rompia se-gundo Waete, Moura e Mangue (2013, p.172) “com os laços que amarravam o artigo científico contemporâneo a uma metodologia

técnicas, processos e resultados nas mais diversas áreas do conhecimento.

CARVALHO, (2010, p.138)

O artigo científico é uma apresentação concisa dos resultados de investiga-ções ou estudos a respeito de deter-minado assunto. Seu objetivo é o de divulgar novos conhecimentos com mais rapidez e também é um modo de se adquirir renome na comunidade científica e universitária.

PEREIRA, (2012,p.351)

Os artigos científicos constituem a unidade de informação do periódico científico. Por meio deles, as informa-ções do autor são transformadas em conhecimento científico, que é de domínio público. Se o artigo é divulga-do adequadamente, ele poderá ser lido, citado e utilizado por profissionais de saúde nas suas atividades diárias. Por divulgação adequada entenda-se aquela efetuada em periódico científi-co que adota o procedimento de revi-são por pares

(45)

e tecnologia ultrapassadas, isto é, que estava aquém das neces-sidades de um mundo cada vez mais globalizado.”

Para alcançar visibilidade, além de outros requisitos, os periódicos científicos devem estar indexados em bases de da-dos. Sobre a visibilidade dos periódicos, Packer e Meneghini (2006, p.239) comentam “que ela ocorre em duas dimensões: ser referência de qualidade e disciplina e ser indexado em índice de prestígio internacional ou nacional.”

Quanto à indexação, os periódicos devem obedecer aos critérios estabelecidos pelas bases de dados. Um desses crité-rios são os fatores de impacto (FI). O fator de impacto, segundo Clemente (2009, p. 28), “identifica a frequência com que um arti-go médio de um periódico é citado em um determinado ano”. Pode-se usar este número para avaliar ou comparar a importân-cia relativa de um periódico com outros do mesmo campo ou ver com que frequência os artigos são citados, para, desse modo, determinar quais periódicos são melhores para a sua coleção.

Um exemplo de fator de impacto é o Journal Citation

Re-ports (JCR) da Web of Science. O JCR é um dos utilizado pela

CAPES como critério para classificação do Qualis dos periódicos internacionais na grande área da saúde. A CAPES (2014) define o Qualis “como um conjunto de procedimentos utilizados para estratificação da qualidade da produção intelectual dos progra-mas de pós-graduação.” Os periódicos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C com peso zero.

Por fim, sobre a função dos periódicos científicos para a comunicação científica, Silva, Santos e Prazeres (2011, p.71) comentam que, “além do registro público do conhecimento des-coberto, os periódicos também proporcionam viabilização do desenvolvimento científico na área em que está inserido, disse-minam a informação e servem de indicadores em atividades aca-dêmicas do pesquisador.”

2. 3.1 Tipos de acesso – aberto x restrito

David Prosser (2004, p.02) “explica que os periódicos de acesso aberto são aqueles que não cobram pelo acesso aos documentos, mas os torna disponíveis eletronicamente para todos.” Se, antes dos periódicos eletrônicos, os usuários tinham

(46)

acesso apenas ao material impresso ou por consulta em bibliote-cas, no modelo eletrônico o acesso pode ser feito, inclusive, pelo

download dos arquivos. Após o download, os arquivos podem ser

impressos pelo leitor ou serem lidos no computador (BJORK et al., 2010; OLIVEIRA, 2008, BJÖRK; ROOS; LAURI, 2009).

Além das revistas, que são totalmente de acesso aberto, existem outras em que o acesso é totalmente restrito. Além des-ses dois modelos, existem aqueles em que as editoras comerci-ais publicam cobrando taxas sobre os autores, fazendo com que sejam seus clientes, em vez leitores. Dois exemplos desse tipo de acesso são o aberto comercial e o acesso restrito com opção Autor Paga.

O acesso restrito é oferecido por algumas revistas que seguem o sistema tradicional de assinaturas e mantêm os direi-tos autorais para o trabalho. Esse tipo de acesso acontece tanto para periódicos impressos como para a versão digital e pode ser considerado um entrave ao avanço do conhecimento global, pois somente as universidades e pesquisadores mais ricos têm aces-so à maioria das revistas. Além disaces-so, durante os últimos anos, o custo crescente de revistas de pesquisa tem forçado muitos es-tudiosos, bibliotecas e instituições a cancelar suas assinaturas, limitando o acesso às informações de pesquisa vital (Scientific

Journals International, 2012, p. 1 tradução nossa).

O acesso restrito com opção Autor Paga aparece em pe-riódicos em que o acesso pode ser tanto aberto como restrito. São chamados também de periódicos de acesso híbrido. O acesso depende de assinaturas, mas é permitido aos autores publicarem pagando uma taxa. O artigo em acesso aberto não tem custos para o leitor. Esses custos são pagos pelos autores, seus empregadores ou organizações financeiras, tornando livre o seu acesso (GUANAES, GUIMARÃES, 2012; FREIRE, 2011; MELEIRO; ABAD GARCIA, 2011; MIGUEL; CHINCILLA, RO-DRIGUEZ; MOYAANEGON, 2011; GUMIERO, 2009).

A primeira editora que adotou o acesso restrito com

op-ção Autor Paga foi a SPRINGER, através da criaop-ção do

Progra-ma Acesso Aberto Springer Open Choice. Mais tarde, surgiram

outros, como o sistema aberto em linha Blackwell Publishing ou

Oxford University Press, entre outros (MELEIRO, ABAD,

(47)

O quadro 04, a seguir, apresenta as editoras, programa Acesso Aberto, preço de publicação do artigo e copyright.

Quadro 04 - Editoras, programa acesso aberto, preço de publicação e copyright

Fonte:MELERO ABAD GARCIA,2011

No acesso aberto, os custos são livres para autores e lei-tores, já que as despesas de publicação são assumidas pelas instituições, financiamentos governamentais ou agência de fo-mento (GUANAES, GUIMARÃES, 2012; FREIRE, 2011; MELE-RO ABAD GARCIA, 2011; GUMIERE, 2009; COSTA, 2006).

Um exemplo do modelo de acesso aberto é a plataforma Scielo, criada em 1998. O Scielo foi adotado por países da América Latina, Caribe, Portugal, Espanha e África do Sul. O custo de indexação e publicação online varia de país para país, levando em consideração o custo de vida local e também a divi-são do trabalho de produção. No Brasil, o custo médio de uma

Editorial Programa Aces-so Aberto Preço / Artigo Copyright

American Chemical Society ACS author choice 1.000–

3.000 $* Autor American Physical Society Free to read 975–1.300

$

Editorial Blackwell Publishing Online open 2.600 $ Autor BMJ Publishing Group Ltd BMJ unlocked 3.145 $ Editorial Cambridge University Press Cambridge open

option 2.700 $ Editorial Elsevier Sponsored article 3.000 $ Editorial HighWire Press Author-side

payment 500–3.500 $

John Wiley & Sons Funded access 3.000 $ Editorial Oxford University Press Oxford open 1.500–

2.800 $* CC Royal Society EXIS open choice 370–550 $

page Autor Royal Society of Chemistry RSC open science 1.000–2$

-.500 £* Editorial

Springer Open choice 3.000 $ CC

Taylor & Francis Open access 3.100 $ CC National Academy of

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publicação de artigo custa em torno de US$ 505,033. Nesse va-lor, estão inclusos os custos de indexação, submissão, marcação de textos XML e manutenção da plataforma de publicação (SCI-ELO em Perspectiva, 2013).

No Brasil, a maior parte dos periódicos de qualidade é publicada em Acesso Aberto, incluindo aqueles indexados em bases de prestígio. Estudos da Comissão Européia destacam a liderança do Brasil em proporção de artigos disponíveis em acesso aberto. Esse modo de publicação foi viabilizado no Brasil e nos demais países da América Latina graças a dois motivos principais: primeiro, o fato de a maioria dos periódicos serem editados por sociedades ou associações científicas ou institui-ções universitárias sem fins lucrativos, que fazem uso das contri-buições dos seus associados e de subsídio governamental para custear as publicações; e, segundo, o surgimento da plataforma SciELO em 1998 (SCIELO em Perspectiva, 2013).

A pesquisa de Rodrigues e Abadal (2014) nos periódicos ibero-americanos com periódicos indexados na Web of Science (WoS) e SCOPUS (Elsevier) constatou que, com um total de 879 periódicos, o Brasil é o pais com o maior número de periódicos em acesso aberto (239), seguido da Espanha, com 171, Chile, com 69, México, com 65, e Venezuela, com 34. Os autores com-pletam afirmando que este cenário concede à América Latina um lugar especial em relação ao acesso aberto, graças ao apoio de universidades, associações e institutos de pesquisa e as iniciati-vas organizadas pelo Scielo, Latindex, o brasileiro Instituto de Ciência e Tecnologia (IBICT), e Red de Revistas Científicas de

América Latina y el Caribe, España y Portugal (Redalyc).

O modelo de acesso aberto comercial é também conhe-cido como ‘Taxa de processamento dos artigos’ ou Article

Pro-cessing Fees (APC). Nesse modelo, o acesso é livre ao leitor e o

custo da produção é repassado aos autores. (GUANAES, GUI-MARÃES, 2012). Após o ano 2000, houve um crescimento no número de editores profissionais publicando em Acesso Aberto e adotando o modelo Autor Paga (BJORK et al, 2010; GUEDON, 2010; SUBER,2003).

Umas das primeiras editoras a usar o sistema Autor Paga foi a BIOMED Central, fundada em 1999. Oferece atualmente acesso a 187 revistas biomédicas. As taxas variam de acordo com as revistas, atingindo mais de $ 1.100, em média, as quais

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