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COMISSÃO DO IDOSO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS

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COMISSÃO DO IDOSO – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS

Apontamentos, visando aprimorar os conhecimentos dos membros da Comissão do Idoso acerca da situação dos idosos em Minas Gerais.

Relatório sobre o perfil demográfico do IDOSO em Minas Gerais e expectativas do Banco Mundial sobre o envelhecimento da população no Brasil.

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1. PERFIL DA POPULAÇÃO IDOSA EM MINAS GERAIS

1. INTRODUÇÃO

No mundo, uma em cada nove pessoas tem 60 anos ou mais, e o crescimento é estimado para uma em cada cinco em 2050 (UNFPA, 2012). Os dados do Censo Demográfico de 2010 apontam que 11,8% da população brasileira é composta por pessoas acima de 60 anos.

Nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período.

De acordo com os dados dos censos demográficos, se o grupo de até 14 anos de idade correspondia a 28,4% do total da população em 2000, em 2010 esse percentual se reduz para 22,4%. Por outro lado, em 2010, a população com mais de 60 anos atinge a participação de 11,8% do total. Em 2000, essa participação era de 9,1%. Nota-se, também, um aumento importante do ponto de vista absoluto e do relativo dos grupos correspondentes à população em idade ativa (entre 15 e 60 anos): passa de 51,9% em 1970 para 62,5% em 2000 e 65,8% em 2010.

Se, por um lado, o aumento da longevidade é considerado um triunfo do desenvolvimento e uma das grandes conquistas da humanidade, por outro, a população em envelhecimento apresenta desafios econômicos e sociais. Para fazer face aos desafios, uma das alternativas é conhecer a população que envelhece. Para isso, é importante reconhecer que as pessoas acima de 60 anos não formam um grupo homogêneo, para o qual as políticas podem ser generalistas. Assim como os demais grupos etários, a população idosa apresenta características bastante diversas em relação à idade, sexo, raça/cor, educação, renda, saúde (UNFPA, 2012).

2 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA

A população com mais de 60 anos em Minas Gerais, em 2011 representava 11,8% da população total. Desses a divisão etária se dá da seguinte forma:

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Considerando a distribuição rural e urbana da população idosa, observa-se que 15,4% dos idosos moravam em áreas rurais. Esse percentual é pouco superior ao verificado para a população total, de 14,7% (pessoas não idosas). Maior parte da população idosa vive nas áreas urbanas, mas proporcionalmente, mais pessoas idosas vivem em área rural do que pessoas não idosas.

Com relação a distribuição de idosos pelas regiões de Minas, temos o seguinte quadro:

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Em Minas Gerais, em 2011, para cada 100 pessoas de 0 a 14 anos, havia 52,4 idosos. Segundo dados do Censo Demográfico, do IBGE, em 1991, eram 22,3 idosos para cada 100 jovens. Como já comentado, esse processo de envelhecimento é fruto das mudanças demográficas das últimas décadas. Porém, as transformações demográficas não ocorrem de forma uniforme no território mineiro. Juntamente com os diferentes padrões de fluxo migratório, resultam numa heterogeneidade espacial no índice de envelhecimento conforme pode ser observado no gráfico 3. Enquanto na região Noroeste existem 33,1 de idosos para cada 100 jovens, na Zona da Mata há o dobro de idosos (66,3) para a mesma quantidade de jovens.

Note por este quadro que a Zona da Mata por exemplo, a população de idosos representa 66,3 idosos para cada 100 jovens, o que demonstra a tendência de que em poucos anos o número de idosos supere o número de jovens.

A Razão de dependência do idoso (RDI) mostra a relação entre a população idosa e aquela em idade considerada produtiva (15 a 59 anos). Ela é um dos componentes da razão de dependência total (RDT), que expressa o peso da população em idade potencialmente inativa sobre a que se encontra em idade potencialmente ativa. Assim, a RDT é a razão entre a soma das populações dos grupos etários 0-14 e 60 anos ou mais de idade e a população de 15 a 59 anos.

Em Minas Gerais, a RDT em 2011 foi de 51,9%. Esse percentual indica o peso da população inativa sobre a ativa. O peso da população jovem ainda é maior que o da população idosa, já que a RDJ foi de 34,1%, e a RDI, de 17,9%. Porém, projeções populacionais de Minas Gerais mostram aumento da RDT e inversão do peso de jovens e idosos: a RDI irá ultrapassar a

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RDJ (FERREIRA et al, 2012).

Ou seja, brevemente, a população de idosos superará a de jovens e será principal número de dependentes da população economicamente ativa que implica em sobrecarga dos sistemas previdenciários e assistenciais em pouco tempo.

Juntamente com o fenômeno de envelhecimento da população, ocorre o de feminização da população idosa. Os dados da PAD-MG confirmam essa proporção maior de mulheres entre os idosos. Em 2011, entre as pessoas com 0 a 59 anos de idade, 50,2% eram mulheres. Já na população mais velha, a porcentagem de mulheres aumenta e passa para 55% nas idades entre 60 e 79 anos e 58,5% nas idades mais avançadas (80 anos ou mais).

Quando se pretende caracterizar a estrutura familiar do idoso, vários aspectos podem ser abordados. Um deles é a condição desse idoso no domicílio, se é chefe, cônjuge, outro parente ou agregado. Isso pode dar indícios da sua independência, seja financeira ou física, no domicílio.

Em Minas Gerais, segundo os dados da PAD-MG de 2011, 65,9% dos idosos eram chefes de domicílio, 22,8% eram cônjuges. Ou seja, quase a totalidade, 88,7%, eram os

responsáveis pelo domicílio assumindo o papel de chefe ou cônjuge . A terceira condição

com maior representatividade entre os idosos era a de pai/mãe/sogro/sogra (7,0%), seguida de outro parente (4,1%). Idosos vivendo em domicílios como agregado (“Outra condição”) têm porcentagem insignificante (0,2%).

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Outros dados demonstram que maioria da população idosa continua casada (52,3%), sendo outra fração importante de viúvos (30,3%) e apenas 10% dos idosos são solteiros.

Ao se estudar a população idosa, é necessário compreender os arranjos domiciliares em que ela está inserida. Os diferentes arranjos podem suscitar questões diferentes. Por um lado, as relações familiares, ou, no caso, domiciliares, são uma forma importante de transferência e cuidado intergeracional. Por outro lado, idosos morando sozinhos ou com outros idosos pode mostrar relativa independência, já que isso pressupõe autonomia física, mental e financeira. Mostra também, todavia, a necessidade de uma rede de apoio institucional maior no futuro e

políticas sociais de assistência. Cabe ressaltar que o apoio entre gerações não

necessariamente se dá pelo fato de famílias morarem juntas, mas também pela transferência de recursos e pelo apoio emocional.

Em Minas Gerais, em 2011, quase a metade dos idosos (45,5%) moravam em domicílios com a presença de um adulto, conforme pode ser observado. O outro tipo de arranjo mais frequente é idoso corresidindo apenas com idoso (21,1%), seguido de idoso corresidindo com adulto ou criança (17,2%). Idosos morando sozinhos representam 14,6%. Com a diminuição do tamanho da família, reflexo da redução da fecundidade, do aumento da longevidade e do aumento do número de divórcios, a tendência é de que ocorra um aumento dos domicílios unipessoais formados por idosos (CAMARGOS, 2008). Como já comentado,

idosos morando sozinhos, ou apenas com outros idosos, ao mesmo tempo em que pressupõe maior autonomia, sugere a importância de se pensar em redes de apoio para demandas futuras de atenção e cuidado.

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Em 2/3 dos casos, quando o idoso reside com crianças e outros adultos, ele é o chefe da casa, ele é quem administra o lar. Em outros 18,7% dos casos, o idoso reside com o cônjuge dividindo a chefia. Isso implica no fato de que em 81,4% das vezes em que o idosos reside com outra pessoa, ele é quem comanda o lar.

A composição dos arranjos domiciliares das regiões de planejamento (tabela 11) é semelhante à encontrada para o Estado. Destacam-se o Sul, que possui a maior porcentagem de idosos corresidindo com adultos (51,8%) e menor de idosos morando sozinho (11,3%), o Noroeste com menor frequência de idosos morando com adultos (40,1%) e maior morando com crianças (3,4%), e o Triângulo, com maior percentual de idosos morando sozinho (19,9%) e menor de idosos corresidindo com adultos ou crianças (11,9%).

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A distribuição da população de 60 anos ou mais entre os arranjos domiciliares mostra, ao contrário do que se pensa, que ela ainda é a peça central dos domicílios. Os idosos que residem em domicílios sem a presença de pessoas de outras idades, ou seja, moram sozinhos ou apenas com outros idosos, somam 35,7%. Somado a isso, entre os que residem com pessoas adultas ou crianças, a grande maioria, quase 90%, são chefes ou cônjuges. Tal fato ocorre mesmo quando se considera a população com idade mais avançada, 80 anos ou mais, onde aumenta a proporção de domicílios unipessoais e idoso morando apenas com idosos.

3 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA 3.1 Escolaridade

Por meio da tabela 12, observa-se uma alta proporção de idosos analfabetos em Minas Gerais (29,9%). No caso da população adulta, 15 a 59 anos, a taxa de analfabetismo é bem menor: 5,7%. Por outro lado, quando se consideram as pessoas com idade acima de 80 anos, cerca de 40% delas são analfabetas. A maior taxa de analfabetismo da população mais idosa é resultado da deficiência do sistema de ensino nas décadas passadas, com grande restrição para a maior parte da população, principalmente a mais pobre, ao acesso à educação.

Outro ponto que merece destaque é a diferença da taxa de analfabetismo por sexo. Taxas maiores podem ser observadas mais entre elas do que entre eles, decorrentes da falta de oportunidades educacionais para as mulheres mais acentuada que existia no passado. Porém, com o maior acesso delas ao sistema de ensino nos últimos anos, ocorre uma inversão na população mais jovem: as adultas são mais alfabetizadas que os homens adultos.

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Com relação ao nível de instrução da população idosa (tabela 14), observa-se que, em Minas Gerais, 57,7% são analfabetos funcionais, possuem menos de três anos de estudo. Eles são seguidos pelos idosos que possuem o antigo primário completo (21,6%). O percentual dos que têm o superior completo é o menor (4%). Esse quadro evidencia a deficiência do sistema de ensino vivido por essa população nas décadas passadas, que pode refletir nas suas condições de vida atual.

3.2 Mercado de trabalho

Uma parcela importante dos idosos brasileiros, aposentados ou não, exerce alguma atividade laboral no Brasil (IBGE, 2002). Entre 1986 e 1996, a taxa de participação dos homens idosos no país aumentou de 28,5% para 32%, enquanto a feminina passou de 5,7% para 7,9% (CAMARANO, 1999).

De todo modo, o que se tem observado é a centralidade do rendimento oriundo do

trabalho do idoso para a composição de sua renda familiar (WAJNMAN, 2004). A população

idosa engajada em alguma atividade laboral é predominantemente masculina e lotada em atividades por conta própria, sobretudo no âmbito da agricultura e do comércio (CAMARANO, 1999).

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Entre os idosos que exerceram alguma atividade laboral, quase a totalidade, o que corresponde a 97,7%, afirmou possuir uma única vinculação de trabalho, padrão similar àquele relativo à população não idosa. No que se refere ao tipo de vínculo, 16,9% mantinha vinculações formais como empregados assalariados com registro em carteira de trabalho no setor privado de atividade, 49,3% eram trabalhadores por conta própria, enquanto apenas 1,9% mantinham contratos de trabalho com prazo determinado.

Ainda, entre os idosos com vinculação de trabalho – formal ou informal – 7,6% possuíam registro no cadastro nacional de pessoa jurídica (4,1% entre indivíduos mais jovens), 42,6% eram contribuintes da previdência e 18,4% se associaram a algum sindicato de trabalho, percentual superior à população trabalhadora não idosa, em que 12,2% era associada a algum sindicato no mês anterior à pesquisa. Finalmente, um percentual importante dos idosos, 31%, exerciam atividades laborais em lojas, oficinas, fábricas, escritórios, escolas ou repartições públicas. Ainda assim, o número de indivíduos não idosos que exerciam suas atividades de trabalho neste tipo de local é superior, correspondendo a 51,4%, entre aqueles com idades entre 15 e 59 anos.

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escritórios, escolas ou repartições públicas são mais frequentes entre indivíduos com idades entre 15 e 59 anos, o que corresponde a 51,4%. Um percentual relevante de trabalhadores mais jovens, com idades entre 10 e 14 anos (22,4%), atuam em locais designados pelo empregador, cliente ou freguês, enquanto 19,4% dos trabalhadores idosos trabalham no próprio domicílio. Ainda entre os trabalhadores idosos, um percentual importante - 21,8% - desempenham suas atividades laborais em fazendas, sítios, granjas ou chácaras, configurando atividades não urbanas (tabela 18).

3.3. Moradia

A situação geral dos idosos, no que concerne ao tipo de rua onde se localiza seu domicílio de moradia não é distinta de maneira significativa daquela relativa ao restante da população. Deste modo, a maior parte da população entrevistada habita em domicílios localizados em ruas asfaltadas, o que corresponde a 55,3% dos domicílios nos quais habitam idosos. Ainda assim, 22,3% da população mineira com idades acima de 60 anos, residem em domicílios localizadas em ruas de terra batida ou sem pavimentação, percentual correspondente a 24,3% dos entrevistados com idades entre 15 e 59 anos, e a 25,2% dos domicílios habitados por indivíduos com idades entre 0 e 14 anos (gráf. 22).

No que diz respeito ao tipo de posse do domicílio de moradia, a população idosa se distingue de maneira importante do restante da população do estado de Minas Gerais. Deste

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modo, por exemplo, enquanto 84,9% dos indivíduos com idades superiores a 60 anos habitam em domicílios próprios e já pagos, este número corresponde a 65,3% dos indivíduos com idades entre 15 e 59 anos e a 58,1% dos indivíduos com idades entre 0 e 14 anos. A estabilidade da condição de moradia do idoso no que concerne ao tipo de posse de seu domicílio é ainda mais visível quando os percentuais relativos a domicílios alugados são levados em consideração. Assim, enquanto apenas 7,4% dos idosos habitam em domicílios alugados, esse número corresponde a 18% dos indivíduos com idades entre 15 e 59 anos, e a 21,9% dos indivíduos com idades entre 0 e 14 anos (gráf. 23).

Enquanto 88,3% dos indivíduos idosos residem em domicílios edificados em terrenos de sua propriedade, este número corresponde a 76,3% dos indivíduos com idades entre 15 e 59 anos e a 71,7% das famílias que contam com indivíduos com idades entre 0 e 14 anos (gráf. 24).

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habitam em domicílios edificados em terrenos em que há posse de escritura ou outro documento de título de posse.

Maioria esmagadora das casas de idosos possui apenas um banheiro:

Maior parte da população de idosos tem sistema de esgoto (73,6%). Mas o número de indivíduos que residem em domicílios cujo tipo de escoadouro do banheiro se dá por meio de fossa rudimentar não é insignificante, correspondendo a 14,1% entre os indivíduos idosos, com mais de 60 anos de idade.

4 SAÚDE

4.1 Doenças crônicas

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60 anos apresentavam pelo menos uma doença crônica investigada (gráfico 27). A prevalência de doenças crônicas varia entre os próprios idosos: 80% das pessoas acima de 80 anos relataram pelo menos uma dessas enfermidades. Já no grupo de idosos de 60 a 79 anos, a prevalência era de 76,8%. A hipertensão arterial era a patologia que mais acometia os idosos (58,3%), seguida dos problemas de coluna (30%).

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A análise por região de planejamento mostra que a prevalência variou entre elas. No Triângulo, apenas 18,8% dos idosos disseram estar livres das doenças crônicas investigadas. Essa foi a região onde os idosos relataram com maior frequência a prevalência de pelo menos uma enfermidade crônica.

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Interessante notar que apenas ¼ da população idosa possui plano de saúde, sendo

que no Jequitinhonha, 8,5% possuem. Interessante notar ainda que as regiões mais pobres e

secas como Norte, Jequitinhonha, a média de doenças crônicas não se eleva.

Em 2011, em Minas Gerais, a proporção de idosos que teve gastos com

medicamentos de uso contínuo nos últimos 30 dias foi de 38,7%. A dos que tomam remédios

de uso ocasional foi de 22,6% (tabela 42). Ou seja, 38,7% dos idosos gasta com medicamentos que deve tomar sempre.

Quase a metade dos portadores de doenças crônicas teve gastos com medicamentos de uso contínuo. Cerca de 60% dos que sofrem de depressão, doenças cardíacas, bronquite ou

asma relataram gastos com esse tipo de medicação. É importante ressaltar, porém, que é

possível obter medicamentos gratuitos para algumas enfermidades, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelo Programa Farmácia Popular. Dessa forma, há quem, apesar de utilizar medicação, não gaste com eles.

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Repare que embora o SUS tenha programas para doação de medicamentos, em especial para hipertensão e diabetes, outras doenças crônicas como depressão, articulares, respiratórias que acometem os idosos com frequência não são cobertas pela Farmácia de Minas, gerando gastos aos idosos. Isso aliado à falta de tais medicamentos em farmácias próximas aos idosos.

Durante a entrevista, foram pesquisados os seguintes sintomas apresentados pelos moradores nos últimos 30 dias: febre, diarreia, dor de dente, dores de cabeça, dor no peito, dor abdominal, dor de ouvido, falta de ar (asfixia), sangramento, tontura, tosse, vômito ou outros. Esses sintomas foram definidos pela presença de qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, podendo ou não ser um indício de doença. No caso dos

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idosos, 27,9% relataram sentir algum desses sintomas. Em relação à necessidade de atendimento, 30,4% dos idosos mineiros disseram que precisaram de atendimento de saúde nos últimos 30 dias (24,6% precisaram e procuraram, 5,9% precisaram mas não o fizeram), conforme o gráfico 31.

A tabela 45 apresenta algumas especificações relativas ao atendimento de saúde nos últimos 30 dias relatado pelos idosos. Daqueles que procuraram atendimento, 93,3% foram

atendidos por um médico, 4,6% por um enfermeiro e 1,8% por outros profissionais de saúde. O principal local de busca por atendimento foi o posto de saúde (47,3%). Ele foi seguido

pelo hospital (26,9%) e consultório médico particular (19,5%). Outros locais somaram 6,3%. Para 82,2% desses idosos, o atendimento recebido foi avaliado positivamente: bom (58,5%) ou muito bom (23,8%). Dos atendimentos, 71,7% foram realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Dezessete por cento das intervenções de saúde se deram em outro município. Dessas, o meio de transporte mais empregado foi carro ou moto particular (49,3%), seguido de ônibus ou van de linha (23,7%) e ambulância ou transporte do SUS (17,3%). Além disso, metrô e fretamento foram citados.

Fica evidente a falência do sistema de acompanhamento por agente de saúde em casa, posto que menos de 2% dos idosos que necessitaram de tal trabalho foram atendidos por agentes. Fora de postos de saúde, clínicas e hospitais, a média de atendimento do idoso é de 6,3%. Além disso, outro dado de destaque é que 71,7% foram atendidos pelo SUS e 82,2% desses se disseram satisfeitos.

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Dois dados que chamam a atenção, o atendimento do SUS ao idoso foi considerado satisfatório e o programa de saúde em casa não obtém resultados sequer estimáveis.

Quase a totalidade dos idosos entrevistados já realizou a medida da pressão arterial, glicemia e colesterol, sendo que a maioria o fez no último ano. Dos idosos com hipertensão

arterial, 96% aferiram a pressão arterial no último ano e 81,5%, o colesterol. A medida do

colesterol no último ano também foi realizada por 87,2% dos idosos cardíacos. Entre os diabéticos, 88,5% mediram a glicemia no último ano (tabela 46).

Embora seja louvável que quase totalidade dos idosos façam exames de glicemia, colesterol e hipertensão, existem ainda entre 1 e 3% de idosos que nunca fizeram qualquer tipo de exame. Outro dado relevante é que entre as pessoas que sabidamente possuem doenças crônicas, o acompanhamento é mais frequente do que os que não possuem. Isso

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denota que a profilaxia ainda é maior do que a prevenção.

Metade das mulheres do Vale do Jequitinhonha nunca realizou exame de mamografia. Salta aos olhos também o fato de que 18,2% das mulheres do Triângulo Mineiro nunca terem feito uma mamografia, sendo esta a região onde se nota o menor número de mulheres que nunca realizou tal exame, ou seja, o número de mulheres idosas que nunca realizou uma mamografia é muito alto em Minas Gerais (28,3%). Apenas 36% realizaram mamografia no último ano. Um quarto das idosas de Minas nunca fez o exame clínico de mama enquanto 18,2% nunca fez um exame de “papa nicolau”.

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acompanhamento muito deficitário.

Sobre orientação nutricional, apenas 22,8% dos idosos já receberam alguma orientação. Desses, 87,2% declararam ter seguido a orientação nutricional (39,7% totalmente e 47,6% parcialmente). De acordo com Organização Mundial de Saúde, o consumo desses alimentos pode ser considerado um fator importante de proteção para doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Estima-se que mais de 2,7 milhões de mortes poderiam ser evitadas anualmente com a ingestão regular de frutas, verduras e legumes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

Observa-se que, em Minas Gerais, em 2011, 71,7% da população acima de 60 anos possuíam o hábito de consumir frutas, legumes e verdura regularmente (tabela 48). Enquanto que 93,4% da população acima de 60 anos consumiam carne vermelha e 94,1% carne de frango. Em relação ao consumo de carnes com excesso de gorduras, 36,9% dos idosos declararam não remover a gordura visível da carne, seja vermelha e/ou de frango (tabela 48). Dos idosos entrevistados, 84% referiram ter o hábito de consumir leite.

Quanto a atividades físicas, 17,1% dos idosos fez pelo menos 30 minutos de atividade física nos últimos 3 meses. Entre os que praticam exercícios físicos, a caminhada foi o principal tipo de atividade (71,3%), seguida da ginástica ou musculação (11,9%) e hidroginástica (5,2%). As demais atividades somadas chegaram a 11,5%.

O baixo índice de aderência à prática de atividades físicas pelos idosos sinaliza que existem demandas reais nessa área e que políticas públicas voltadas aos idosos e ao

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envelhecimento saudável devem considerar essa questão. Apesar da importância dos

exercícios físicos, a maioria dos idosos mineiros mantêm um estilo de vida sedentário.

Importante notar que grande maioria dos idosos se alimenta com carne vermelha, boa parte não separa a gordura visível, e uma quantidade ínfima se exercita, ou seja, a pouca preocupação com a prevenção fica novamente escancarada ao passo que os idosos não buscam hábitos diários para manter a saúde.

Na população idosa entrevistada, 72% declararam que nunca fumaram, 16,4% eram ex fumantes e 11,6% fumantes (tabela 49). Entre os idosos que eram fumantes ou ex-fumantes, a idade média do primeiro cigarro foi de 15,6 anos. Em relação à quantidade, a maioria dos fumantes (59,5%) declarou que fuma de um a dez cigarros por dia, já 30,4% consomem de 11 a 20 cigarros e 9,7% 21 cigarros ou mais. Quanto às diferenças entre as regiões de planejamento, observa-se que as maiores proporções de idosos fumantes estavam no Noroeste (15,8%) e Sul (15,7%), de ex-fumantes no Jequitinhonha/Mucuri (20,9%) e de pessoas que nunca fumaram no Centro Oeste (76,7%) e Norte (76,4%).

Esse dado alerta que 88,4% dos idosos não fumam. Mas evidencia a potencialidade do cigarro, pois apenas 16,4% dos idosos são compostos por ex-fumantes. De se alarmar ainda que 11,6% dos idosos continuam fumando e 13,6% continuam bebendo.

Segundo os dados sobre consumo de álcool obtidos pela PAD-MG 2011, aproximadamente 13,7% dos idosos do estado consumiam bebidas alcoólicas, mesmo que esporadicamente ou em pouca quantidade (tabela 49). Esse hábito era mais frequente no Norte (15,5%), na RMBH (15,0%) e no Jequitinhonha/Mucuri (14,8%). Entre as pessoas acima de 60 anos que declararam consumir bebidas alcoólicas, a frequência foi baixa na maioria dos casos, conforme a tabela 50.

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5. CONCLUSÕES SOBRE O PERFIL DEMOGRÁFICO DO IDOSO EM MINAS GERAIS

Em Minas Gerais, a população idosa representava 11,8% da população total em 2011, o que corresponde a cerca de 2 MILHÕES E TREZENTOS MIL IDOSOS EM 2011.

O índice de envelhecimento, razão entre a população de 60 anos ou mais de idade e a população jovem (0 a 14 anos), mostra que, em Minas Gerais, para cada 100 pessoas jovens havia 52,4 idosos em 2011.

Concomitante ao processo de envelhecimento da população ocorre o da feminização da população idosa, caracterizado por uma proporção bem maior de idosas do que de idosos, consequência da maior longevidade das mulheres. Dessa forma, enquanto, para o grupo etário de 0 a 59 anos, para cada 100 mulheres havia 99,2 homens, entre os idosos essa relação é de 100 para 80,2. Para a população com mais de 80 anos a relação é de 100 para 71,1.

Quando se analisa a condição do idoso no domicílio e a sua estrutura domiciliar, percebe-se que percebe-seu papel é central. Em Minas Gerais, 88,7% dos idosos eram os responsáveis pelo domicílio, seja na condição de chefe (65,9%) ou na de cônjuge (22,8%). Percebe-se, porém, que a situação dos idosos no domicílio é bem diferente para homens e mulheres. A porcentagem de idosos chefes é bem maior que de idosas chefes, o que também ocorre para a população total.

Com relação ao estado civil do idoso, observa-se que a maioria é casada (52,3%), seguidos dos viúvos (30,3%) e solteiros (10,0%).

Quanto ao arranjo domiciliar, o mais frequente em Minas Gerais é idoso corresidindo com adulto (45,5%), seguido de idoso morando apenas com idoso (21,1%), idoso corresidindo com adulto ou criança (17,2%) e idosos morando sozinhos (14,6%). Apesar de a maioria dos idosos morarem com outras pessoas adultas, a relação no domicílio parece não ser caracterizada por uma relação de dependência, já que quase 90% desses idosos são chefes ou cônjuges. Somado a isso, 35,7% dos idosos residem em domicílios sem a presença de pessoas de outras idades, ou seja, moram sozinhos ou apenas com outros idosos.

Encontra-se uma alta proporção de idosos analfabetos (29,9%), alta proporção de analfabetos funcionais (57,7%) e baixa média de anos de estudo (3,6 anos).

Com relação ao trabalho dos idosos, 16,6% da população mineira com idades superiores a 60 anos exerceram alguma atividade de trabalho. Dessa população, 16,9%

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mantinham vinculações formais como empregados assalariados com registro em carteira de trabalho no setor privado de atividade, enquanto 49,3% eram trabalhadores por conta própria.

Ainda, 42,6% eram contribuintes da previdência e um número importante dos idosos, 31%, exercia atividades laborais em lojas, oficinas, fábricas, escritórios, escolas ou repartições públicas. Entre a população de Minas Gerais, com idades superiores a 60 anos, que mantém algum tipo de vinculo ou relação de trabalho, 49,2% dedica, semanalmente, entre 21 e 40 horas semanais ao trabalho não doméstico. Finalmente, 72,7% dos rendimentos dos idosos mineiros são provenientes de aposentadorias e pensões, 21,1%, de atividades laborais, e 6,2%, de outros tipos de fonte.

A maior parte da população idosa habita em domicílios localizados em ruas asfaltadas, o que (55,3%) dos domicílios nos quais moram idosos. No que diz respeito ao tipo de posse do domicílio de moradia, a população idosa se distingue de maneira importante do restante da população do estado de Minas Gerais. Deste modo, por exemplo, enquanto 84,9% dos indivíduos com idades superiores a 60 anos habitam em domicílios próprios e já pagos,

este percentual corresponde a 65,3% dos indivíduos com idades entre 15 e 59 anos e a 58,1% dos indivíduos com idades entre 0 e 14 anos.

Neste sentido, 88,3% dos indivíduos idosos residem em domicílios edificados em terrenos de sua propriedade. Ainda, um percentual correspondente a 87,6% dos indivíduos com idades superiores a 60 anos habitam em domicílios edificados em terrenos em que há posse de escritura ou outro documento de título de posse.

Verifica-se que 1,6% dos idosos com idades superiores a 60 anos habita em domicílios que não contam com instalação sanitária alguma. Enquanto que outros 73,6% residem em lar com esgoto encanado. Maior parte da população reside em casas com apenas um banheiro.

Em Minas Gerais, em 2011, aproximadamente três em cada quatro pessoas acima de 60 anos apresentava pelo menos uma doença crônica, num total de dez investigadas na pesquisa. A hipertensão arterial era a patologia que mais acometia os idosos (58,3%). Ela é seguida dos problemas de coluna (30%), doenças cardíacas (20,0%), diabetes (18,3%) e artrite ou reumatismo (18,3%).

Em relação às diferenças entre os sexos, observa-se que as enfermidades crônicas são mais prevalentes na população idosa feminina: 81,4% das mulheres apresentam pelo menos uma doença crônica contra 72,0% dos homens. Enquanto na RMBH um terço dos idosos estavam

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cobertos por planos de saúde, apenas 8,5% no Jequitinhonha/Mucuri declararam contar com esse benefício. No estado, 26,1% da população idosa possuíam plano de saúde.

A proporção de idosos que teve gastos nos últimos 30 dias com medicamentos de uso contínuo foi de 38,7%. A dos que gastaram com medicamentos de uso ocasional, de 22,6%. Quase a metade dos portadores de doenças crônicas teve gastos com medicamentos de uso contínuo. Cerca de 60% deles com depressão, doenças cardíacas, bronquite ou asma relataram gastos com esse tipo de medicação.

Em 2011, 49,6% dos idosos mineiros avaliaram sua saúde de forma positiva (muito boa ou boa), 40,8% como regular e apenas 9,6% perceberam-na como ruim ou muito ruim. A maioria dos livres de doenças crônicas avaliou sua saúde de forma positiva (84,1%). Aqueles com pelo menos uma enfermidade crônica, 39,5% mencionaram que sua saúde era muito boa ou boa.

Em relação à necessidade de atendimento de saúde, 30,4% dos idosos mineiros disseram ter precisado de atendimento de saúde nos últimos 30 dias (24,5% precisaram e procuraram atendimento, 5,9% precisaram e não o buscaram). Entre todos aqueles que não buscaram atendimento de saúde, 87% alegaram que não tiveram problemas de saúde e 8,9% disseram que, apesar de terem tido, não sentiram necessidade de serem atendidos. Apenas 4,1% apontaram outros motivos: demora no atendimento (1,2%) ou falta de especialista (0,5%).

O principal local de busca por atendimento foi o posto de saúde (47,3%). Foi seguido de hospital (26,9%) e consultório médico particular (19,5%). Outros locais somaram 6,3%. Dos atendimentos, 71,7% foram realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Apenas

17,3% das intervenções de saúde se deram em outro município. Por aqui se nota o quanto é importante a proximidade para o atendimento do idoso.

Em relação às internações, 10,8% dos idosos declararam ter sido internados no último ano. Desses, 64,8% passaram por tratamentos clínicos, 27,5% por cirurgias, 6,7%, por exames e 1,0% passou por tratamentos psiquiátricos.

Quase a totalidade dos idosos entrevistados já teve medida a pressão arterial, a glicemia e o colesterol. A maioria o fez no último ano. Entre as mulheres com 60 anos ou mais, 76,7% declararam já terem se submetido ao exame de Papanicolau, 71,5% ao exame clínico das mamas e 67,4% ao de mamografia. O destaque negativo foi da região de planejamento Jequitinhonha/Mucuri, na qual 36,5% delas nunca realizaram o exame de Papanicolau, 47,5% o

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exame clínico das mamas e 50,5% a mamografia. O número de mulheres idosas que nunca

realizou uma mamografia é muito alto em Minas Gerais (28,3%). Apenas 36% realizaram mamografia no último ano. Um quarto das idosas de Minas nunca fez o exame clínico de mama enquanto 18,2% nunca fez um exame de “papa nicolau”.

No que se refere à prevenção ao Câncer, nota-se que entre os idosos, há ainda um acompanhamento muito deficitário.

O consumo regular de frutas, legumes e verduras foi estimado tomando como base uma frequência de cinco ou mais dias da semana. Observa-se que 71,7% da população idosa têm esse hábito. Em relação ao consumo de carnes com excesso de gorduras, 36,9% dos idosos declararam não remover a gordura visível da carne, seja vermelha e/ou de frango. Das pessoas acima de 60 anos, 84% referiram ter o hábito de beber leite. Já o consumo de leite com algum teor de gordura foi declarado por dois em cada três idosos.

Em Minas Gerais, em 2011, apenas 13,4% da população acima de 60 anos de idade praticavam atividade física de forma suficiente, 3,7% exercitavam-se de forma insuficiente e

82,9% não realizavam atividade física no tempo livre.

O baixo índice de aderência à prática de atividades físicas pelos idosos sinaliza que existem demandas reais nessa área e que políticas públicas voltadas aos idosos e ao envelhecimento saudável devem considerar essa questão. Apesar da importância da realização de exercícios físicos, a maioria dos idosos mineiros mantêm um estilo de vida sedentário.

Da população idosa entrevistada, 72% declararam nunca terem fumado, 16,4% eram ex fumantes e 11,6% fumantes. No que diz respeito ao consumo de álcool, aproximadamente 13,7% dos idosos do estado consumiam bebidas alcoólicas, mesmo que esporadicamente ou em pouca quantidade. Entre os consumidores de álcool, o consumo foi baixo na maior parte dos casos.

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2 – QUADRO SOBRE A EXISTÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O

IDOSO NO ANO DE 2010 EM MINAS GERAIS:

Note que 2/3 dos municípios fizeram algum programa para promover a saúde dos idosos. Em sua maioria, programas de iniciativa federal aliados ao SUS. Contudo, apenas 287 municípios tinham programas de enfrentamento à violência em Minas Gerais, menos da metade tinham programas para acessibilidade e espaços de lazer e esporte, apenas 158 tinham programas de acessibilidade e transporte público para idosos e 133 para capacitação de cuidador de idosos.

O número de programas para idosos ainda é muito baixo e não atende a essa população, que, conforme se vê, é extremamente carente de políticas públicas, mesmo podendo atingir um quinto da população nos próximos 30 anos.

Com relação aos direitos do idosos como meia entrada em espetáculos públicos, nota-se que um número ínfimo de municípios realizaram leis e programas a meia entrada para idosos em espetáculos culturais.

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Tudo isso é ampliado pelo baixíssimo número de conselhos municipais dos direitos dos idosos nas cidades de Minas Gerais. Aproximadamente 70,80% das cidades mineiras ainda não possuem Conselhos Municipais dos Idosos, o que dificulta muito a elaboração de políticas públicas para os idosos.

→ todos os gráficos são resultantes dessa fonte: Fonte: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO — FJP. Índice Mineiro de Responsabilidade Social. Belo Horizonte, 2011. Aplicativo disponível em: http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/indicadores-sociais/-imrs-indice-mineiro-de-responsabilidade-social. Acesso em: 20 fev. 2013. Fonte primária: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA — IBGE. Pesquisa de Informações Municipais: Perfil dos municípios brasileiros - Suplementos Especiais, 2005 e 2009.

No que se referem às dotações orçamentárias para implantação de políticas voltadas ao Idoso em Minas Gerais, nota-se que muito pouco foi investido em tais políticas em 2015, e dos valor destinado, uma fração ainda menor foi utilizada e efetivamente se tornou programa, conforme dados do Governo de Minas Gerais para o período entre JAN/15 a ABR/15:

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No Programa “Saúde Integrada”, foram orçados aproximadamente R$ 19,5 milhões e apenas 24,1% de tal valor chegou a ser realizado. Nas Redes Integradas de Serviços de Saúde foram orçados aproximadamente R$ 14,8 milhões e nada foi realizado com tais valores. A Assistência Social para os Idosos polariza grande volume do orçamento do Estado para o período, correspondendo a aproximadamente R$ 64 milhões, sendo que 21% dos valores orçados foram utilizados. Já o programa Leite pela Vida que entrega leite pasteurizado a idosos, teve dotação de R$ 3 milhões e apenas 3,4% da dotação realizada.

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Note que pouco foi orçado para políticas públicas que atendam aos idosos, sendo que deste pouco, maioria esmagadora se refere à assistência social. Outro ponto que se observa é que apenas uma parcela ínfima desse pouco que foi orçado, chegou a ser realizada pelo Estado.

Inobstante, salta aos olhos os valores orçados à gestão da política do Idoso, para apoio aos Municípios e entidades nos serviços de atendimento aos direitos da pessoa idosa. Para este fim, foram orçados R$ 1.000,00 (mil reais). E nada foi realizado. Apenas para constar no orçamento.

3. APONTAMENTOS DO BANCO MUNDIAL SOBRE ENVELHECIMENTO

DA POPULAÇÃO

O Brasil se encontra no meio de uma profunda transformação sócio-econômica impulsionada pela mudança demográfica. As taxas de mortalidade começaram a diminuir e a expectativa de vida ao nascer aumentou consideravelmente. Com o passar do tempo houve uma transição demográfica.

Esse período é caracterizado por uma menor razão de dependência (relação entre o

número de dependentes e pessoas em idade ativa). A razão de dependência, que tem declinado

desde 1965, atingirá seu valor mínimo em 2020 e então começará a subir.

A velocidade de envelhecimento no Brasil se dará de maneira mais acentuada que ocorreu nos países em desenvolvimento. O Banco Mundial espera que a população idosa irá mais do que triplicar nas próximas quatro décadas, de menos de 20 milhões em 2010 para aproximadamente 65 milhões em 2050.

A população idosa aumentará de 11% da população em idade ativa em 2005 para 49% em 2050, enquanto que a população em idade escolar diminuirá de 50% para 29% no mesmo período. Essas variações na estrutura etária da população resultarão em maiores pressões fiscais sobre os sistemas públicos de saúde e previdência, enquanto as pressões fiscais sobre o sistema educacional financiado pelo governo diminuirão.

A

tendência de queda no tamanho da população em idade escolar cria uma oportunidade única de aumentar o investimento por aluno para níveis comparáveis aos dos países mais desenvolvidos sem aumentar as pressões nas finanças públicas.

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Gastos em saúde provavelmente aumentarão substancialmente. De fato, cuidados com saúde tendem a emergir como um dos maiores desafios fiscais nas próximas décadas no Brasil. Existem duas forças por trás da projeção de aumento dos gastos com saúde: o aumento da proporção de idosos na população, e o aumento da intensidade do uso dos serviços de saúde pelos idosos.

Segundo o Banco Mundial, as transferências públicas de renda no Brasil têm sido muito eficazes para reduzir a pobreza entre os idosos. A pobreza entre os idosos vem diminuindo sistematicamente pela atuação do LOAS, da Previdência Pública e de programas como Bolsa Família. Mas estes programas possuem um custo muito grande que com o aumento dos idosos tende a se multiplicar.

O baixo limite de idade e a existência da aposentadoria por tempo de trabalho sem idade mínima levam à aposentadoria precoce. Além de incentivar a informalidade, especialmente entre os trabalhadores menos qualificados. Devido à forte associação entre o comportamento econômico das pessoas e o ciclo de vida, as variações na estrutura etária da população têm um impacto significativo no desenvolvimento econômico. A oferta de trabalho aumenta conforme as crianças nascidas durante os períodos de alta fecundidade entram na força de trabalho (primeiro dividendo demográfico). Ao mesmo tempo, conforme a fecundidade diminui, a força de trabalho feminina tende a aumentar. A poupança também tende a aumentar, já que há mais indivíduos em idade ativa que esperam viver por mais tempo. Isso leva a um aumento do capital físico (segundo dividendo demográfico). Com menos filhos, os pais podem investir mais na educação das crianças. Além disso, são menor pessoas ingressando no mercado de trabalho.

Após meados de 2020, a taxa de crescimento do grupo etário de 15-59 anos irá se tornar negativa e o crescimento da população será puxado somente pelo aumento no número de idosos. Além disso, poderão ocorrer efeitos negativos na produtividade no nível micro, já que uma fração maior da força de trabalho estará além do seu pico de produtividade. Contudo, embora o pico de produtividade diminua, o nível salarial só tende a aumentar, tornando a produção mais cara e diminuindo a competitividade e os lucros.

A tendência é que as firmas possam disponibilizar cursos para que os funcionários mais velhos passem experiência aos mais novos e recebam treinamento específico sobre novas técnicas.

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No Brasil, a poupança agregada aumentará com o envelhecimento da população. Os idosos geralmente poupam parte de sua renda e com os programas de transferência de renda, a tendência, ao contrário dos outros países, é o aumento da poupança agregada.

O Brasil precisa aproveitar a oportunidade atual e se preparar para as mudanças estruturais que enfrentará nas próximas décadas. A perspectiva de envelhecimento da população no Brasil, assim como para a maioria dos países de média renda (e mais ainda para a maioria dos países de baixa renda), é uma fonte de preocupação por duas razões: (i) ela pode obstruir a sustentabilidade fiscal e barrar o crescimento econômico; e (ii) ela pode ser prejudicial às instituições existentes (como previdência, SUS, etc.).

Há urgência em adotar o quadro institucional e de políticas públicas correto por duas razões principais: (i) instituições demoram para mudar; e (ii) os idosos de 2050 estão entrando na força de trabalho hoje e as regras do sistema atual estão influenciando suas decisões.

A organização do sistema de saúde precisa ser ajustada para os diferentes perfis demográficos e epidemiológicos decorrentes do aumento da população idosa no Brasil. A magnitude do aumento dos gastos em saúde com a população idosa dependerá essencialmente se esses anos a mais serão saudáveis ou de enfermidades e dependência. A prevenção e o retardamento de doenças e deficiências e a manutenção da saúde, independência, e mobilidade em uma população mais velha serão os maiores desafios relacionados à saúde decorrentes do envelhecimento da população.

Alternativas aos cuidados domiciliares precisam ser desenvolvidas para enfrentar a demanda de cuidados de longo prazo de um número crescente de idosos que não poderão ser sustentados por seus familiares. O fortalecimento da capacidade do Programa Saúde da Família é uma estratégia possível, mas isso demandará foco e esforços adicionais.

O sistema previdenciário pode se tornar mais eficiente, especialmente com relação aos incentivos que levam à aposentadoria precoce, taxas de rotatividade excessivamente altas e recebimento de múltiplos benefícios. Por exemplo, pode-se considerar uma política estrutural em que haja uma relação entre o aumento na expectativa de vida e a idade de aposentadoria compulsória (ou de direito a ela). Isso pode impulsionar a oferta de trabalho e reduzir os custos fiscais do envelhecimento. As políticas econômicas poderiam ser direcionadas para aproveitar os dividendos demográficos. Por exemplo, o mercado de trabalho precisa criar oportunidades suficientes para a crescente população em idade ativa no curto prazo.

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Em 1950, os idosos representavam apenas 4,9% da população total. Com um crescimento anual de 3,4% comparados a 2,2% da população em geral, em 2010 os idosos já eram 19,6 milhões e representavam 10,2% da população (em Minas, 11,8%). Nos próximos 40 anos, esse grupo crescerá a uma taxa de 3,2% ao ano, comparada a 0,3% da população total. Como resultado, haverá 64 milhões de idosos em 2050, 29,7% da população total. De fato, a partir de 2025, o crescimento demográfico será guiado pela população idosa. A população mais jovem começou a declinar no começo de 1990, enquanto que a população em idade ativa – entre 15 e 59 anos – começará a declinar. Assim, qualquer aumento demográfico será puxado pelo crescimento da população de idosos.

A população idosa no Brasil irá triplicar nas próximas quatro décadas e o rápido ritmo de envelhecimento afetará todos os aspectos da sociedade – desde a seguridade social e assistência de saúde até o planejamento urbano, oportunidades educacionais e o mercado de trabalho – com tempo limitado para ajustes.

Conforme se nota, a pirâmide demográfica no Brasil vem sofrendo um processo de inversão constante. Hoje a população é bastante homogênea, mas a tendência é haver uma grande inversão, ou seja, em 2050, os idosos serão maioria da população (figura 4).

Na figura 6 se nota que a relação entre pessoas economicamente ativas (15 a 59 anos), jovens (0 a 14 anos) e idosos (mais de 60 anos) também vem se alterando. Hoje temos as condições adequadas para produção (população economicamente ativa maior na pirâmide), mas brevemente, teremos um grande número de pessoas consideradas dependentes, ou seja, que não geram renda para a previdência mas se utilizam dela (jovens e idosos) em detrimento ao número de contribuintes.

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Segundo dados estatísticos do Banco Mundial, dos Idosos brasileiros que recebem algum tipo de provento ou ajuda assistencial, apenas 4,2% estão abaixo da linha de pobreza (US$ 2,5 p/dia). Entre os que não recebem nenhum benefício, o índice aumenta para 49,3%. Ou seja, para o idoso, a diferença entre estar na linha de pobreza ou não, basicamente, passa por receber adequadamente seus benefícios e ajudas governamentais.

Comparado a 1981, a incidência da pobreza é muito menor entre os idosos (13,6%)

do que entre as crianças (40,8%). A análise contra-factual sugere que o fator principal na redução da pobreza entre os idosos é a expansão dos benefícios de seguridade social; sem transferências públicas, a incidência das taxas de pobreza seria quatro vezes maior.

As taxas de pobreza declinaram para todas as idades em 2008 (Figura 11). O desenvolvimento e expansão dos programas de transferência condicional de renda (Bolsa Família) para as famílias pobres reduziram a porcentagem de crianças vivendo na pobreza em pelo menos cinco pontos percentuais (Figura 11). No entanto, a expansão contínua da proteção social aos idosos, particularmente através do aumento dos benefícios não contributivos (BPC), ampliou a diferença relativa da incidência de pobreza por idade. Para cada idoso na pobreza ainda havia quase 16 crianças na mesma condição em 2008.

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Contudo, deve ser feito um alerta urgente. Hoje já se gasta mais com previdência do que com educação. Um volume muito maior. Com a tendência de elevação no número de idosos, o gasto irá explodir em alguns anos e não haverá como manter o sistema previdenciário sem retirada de outras áreas de política pública.

Note que hoje, gastamos mais de 10% do PIB com Previdência e menos de 4% com educação. Este quadro apenas reflete a atual situação onde se gasta muito mais com aposentados do que com programas educacionais e com as crianças. Contudo, note que este valor refere-se a aposentadorias e pensões e não em políticas públicas para melhor condição de vida dos idosos.

Se o que for considerado for apenas o gasto público por nível etário per capta, têm-se que o gasto com idosos supera em muito os demais níveis etários. Contudo, conforme se verifica, estes gastos são em sua maioria absoluta com relação a previdência. Os gastos com saúde também são consideráveis, mas os gastos com previdência são absurdos. Esta observação é alarmante porque hoje nossa previdência encontra-se em situação dificultosa, e brevemente o número de idosos irá explodir, tornando impossível a manutenção da previdência.

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Segundo o Banco Mundial, temos que nos preocupar HOJE, e de forma muito atenta, às mudanças econômicas que serão advindas dessa modificação demográfica que ocorrerá no nosso país, não só o que se refere à previdência mas à perda de população economicamente ativa, salários mais altos nas linhas de produção, trabalhadores fora do pico de produção, altos valores retidos em cadernetas de poupança, que significa diretamente menos dinheiro no mercado e redução da inflação, diminuição do PIB, desaceleração da economia, falta de recursos para programas de transferência de renda e outras políticas públicas, necessidade proeminente de investimentos em acessibilidade e em profilaxia, menos contribuintes, envelhecimento da linha de produção e consequente aumento no tempo de serviço, possibilidade de aumento de investimento per capta na educação.

Salta aos olhos a necessidade de investimento em prevenção na área da saúde. Isso porque o número de idosos tende a aumentar muito e embora as condições de saúde hoje sejam melhores que antes, implica que um número muito grande de pessoas chegará aos 60 anos. Não que envelhecer signifique adoecer, mas por uma questão lógica, se existem mais pessoas idosas, existirão mais pessoas idosas que estejam doentes.

Além disso, pesquisa apresentada nesse trabalho aduz que maioria esmagadora dos idosos possui ao menos uma doença crônica, o que lhe obriga a procurar rotineiramente o sistema de saúde. Agora imagine, se a população de idosos em Minas chegar realmente a 4 milhões de idosos nos próximos anos e cerca de 75% desses possuem alguma doença crônica, significa um volume de aproximadamente 3 milhões de idosos procurando atendimento médico constantemente em alguns anos.

A saída seria implementação de políticas públicas mais efetivas em prevenção e melhores hábitos físicos e alimentares. A política de saúde em família deve ser ampliada e valorizada, principalmente na população de idade produtiva (14 a 59 anos) que brevemente será população idosa, bem como na população idosa. Deve se ter em mente que os programas para aguardar a vinda desse número significativo de idosos devam ser realizados agora como maneira de um planejamento mais eficaz.

São várias mudanças econômicas que nos aguardam nos próximos anos e até o momento nada vem sendo feito para que sejam absorvidas futuramente. Este é um dos desafios de quem milita na área.

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