Prof. Dr. Paulo Roberto 1
Glicosídeos cardioativos
Disciplina: Farmacognosia
Prof. Dr. Paulo Roberto da Silva Ribeiro
3
oPeríodo de Farmácia
Faculdade de Imperatriz
FACIMP
O que são glicosídeos cardioativos?
O que são glicosídeos cardioativos?
•
compostos caracterizados pela ação altamente específica,homogênea e potente que exercem sobre o músculo cardíaco
Î medicamentos de escolha na insuficiência cardíaca. • glicosídeos esteroidais C23e C24Î genina derivada do núcleo fundamental tetracíclico
Prof. Dr. Paulo Roberto 3 porção açucarada (glicona) porção aglicona (genina) anel lactona
Prof. Dr. Paulo Roberto 4
Estrutura química:
Estrutura química:
2 tipos de genina, conforme ligante em C 17, β ( α é inativo) :
•cardenólido (C23): anel lactona com 5 membros (α , β insaturado)
• bufadienólido (C24): anel lactona com 6 membros (duplamente insaturado) A B C D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 23 22 21 20 O O D 13 14 15 16 17 18 20 21 22 23 24 o o cardenólido bufadienólido
Prof. Dr. Paulo Roberto 5
Estrutura química
Estrutura química (contin.):(contin.):
Devem possuir :
• OH secundária em 3 β e terciária em 14 β ; • configuração A/B e C/D cis e C/D trans.
cis trans A/B , C/D cis B/C trans A B C D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 23 22 21 20 O O Estrutura química
Estrutura química (contin.):(contin.):
configuração
cis / trans / cis
= molécula ativa configuração toda trans = molécula praticamente inativa A B C D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14 15 16 17 18 19 23 22 21 20 O O
Prof. Dr. Paulo Roberto 7
Estrutura química
Estrutura química (contin.):(contin.):
GENINAS 1 3 5 10 11 12 14 16 Cardenólidos Digitoxigenina OH H CH3 OH Gitoxigenina OH H CH3 OH OH Gitaloxigenina OH H CH3 OH OCHO Digoxigenina OH H CH3 OH OH Diginatigenina OH CH3 OH OH OH Estrofantina OH OH CHO OH Ouabagenina OH OH OH CH2OH OH OH Dienólidos Helebrigenina OH OH CHO OH Scilaridina A (scilarenina) OH H CH3 OH A B C D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 111213 14 15 16 17 18 19 23 22 21 20 O O
Prof. Dr. Paulo Roberto 8
Estrutura química
Estrutura química (contin.):(contin.):
Em relação à glicona :
• ligada à genina pelo C3, β ;
• geralmente oligossacarídeos (2 a 4 oses) unidos por
ligação β (1Æ 4);
• açúcares muito específicos (desoxihexoses);
• quando há glucose, se situa no extremo da molécula;
• permite a classificação em glicosídeos primários e
Prof. Dr. Paulo Roberto 9
Relação estrutura
Relação estrutura
-
-
atividade:
atividade:
Glicona não atua diretamente, e sim modula a atividade (aumenta a solubilidade e poder de fixação no miocárdio).
Atividade cardioativa Î genina. É fundamental:
•anel lactona em C 17, β ;
• configuração cis / trans / cis dos ciclos;
• substituintes: OH em C 3 e C 14 β .
Propriedades físico
Propriedades físico
-
-
químicas:
químicas:
•
mais ou menos solúveis em água dependendo do node OHna parte glicídicaÎ define a farmacocinética;
• solúveis em álcool e pouco solúveis em clorofórmio;
• insolúveis em solventes orgânicos apolares
(benzeno,éter);
• as agliconas livres são insolúveis em água e solúveis em
álcool e clorofórmio;
• o anel lactona confere sabor amargo e instabilidade em
meio básico (se hidrolisam facilmente em meio básico e o anel se abre).
Prof. Dr. Paulo Roberto 11
Métodos laboratoriais:
Métodos laboratoriais:
Reações por coloração
•
identificação dos açúcares (Keller-Kiliani, xantidrol);• identificação do núcleo esteroidal
(Liebermann-Burchard);
• identificação do anel lactona (Kedde, Baljet);
Reações de fluorescência ao ultravioleta
(Pesez)Cromatografia em CCD
.Prof. Dr. Paulo Roberto 12
Ações farmacológicas e uso:
Ações farmacológicas e uso:
Indicados no tratamento da insuficiência cardíaca
crônica (congestiva), ICC:
•doença de progressão lenta, caracterizada pela incapacidade dos ventrículos em bombear quantidades adequadas de sangue para manter as necessidades periféricas do organismo.
• é acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços,
retenção hídrica e redução da expectativa de vida.
• na tentativa de aumentar o débito cardíaco surgem
mecanismos compensatórios, como o aumento da freqüência cardíaca, da pressão diastólica final e da massa ventricular.
• principal causa de hospitalização do idoso e de mortalidade
Prof. Dr. Paulo Roberto 13
Mecanismo de ação:
Mecanismo de ação:
inibição da enzima Na+K+ATPase
estímulo da troca Na+/Ca++
aumento da força de contração do músculo cardíaco
K+ Na+ Na+ Ca++ célula interstício Mecanismo de ação
Mecanismo de ação (contin.):(contin.):
aumento no influxo de Ca++intracelular
estímulo da ligação entre actina e miosina
aumento da força de contração do músculo cardíaco
miosina actina troponina C tropomiosina Ca++ Ca++
Prof. Dr. Paulo Roberto 15
Efeitos:
Efeitos:
•
aumento da força de contração miocárdica (efeito inotrópico positivo);• aumento do débito cardíaco (esvaziamento mais completo
do coração);
• diminuição do tamanho do coração;
• diminuição da pressão venosa;
• diminuição do volume sangüíneo;
• diminuição da freqüência cardíaca;
• aumento da diurese (efeito indireto) Î alívio do edema.
Prof. Dr. Paulo Roberto 16
Intoxicação e efeitos secundários:
Intoxicação e efeitos secundários:
A margem terapêutica é bastante pequena Î intoxicações
são bastante comuns (20% dos pacientes).
Fatores que acentuam o risco: hipopotasemia, isquemia miocárdica, idade avançada, hipotireoidismo, uso de antiarrítmicos etc.
São efeitos secundários e/ou sinais de intoxicação:
•ritmo cardíaco anormal que produz tontura, palpitação, falta de ar, sudorese ou desmaio;
• alucinações confusão e alterações mentais (ex. depressão); • cansaço ou debilidade anormais;
• problemas de vista: visão borrada, dupla, percepção de
auréolas amarelas, verdes ou brancas;
Prof. Dr. Paulo Roberto 17
Interações medicamentosas:
Interações medicamentosas:
• medicamentos antiarrítmicos (ex. quinidina), β-bloqueadores,
β -estimulantes;
• medicamentos depletores de potássio: diuréticos de tiazida,
mineralocorticóides etc.;
• sais de cálcio ou alimentos com cálcio absorvível; • certos antibióticos e antifúngicos;
• certos ansiolíticos;
• medicamentos para o estômago ou úlceras; antiácidos; • medicamentos para diarréia (que contenham difenoxilato); • certos medicamentos contra o câncer;
• medicamentos para a colite;
• certos redutores do colesterol, especialmente a colestiramina.
DEDALEIRA
DEDALEIRA
- folhas de Digitalis purpurea L., SCROPHULARIACEAEPrincipais drogas
Prof. Dr. Paulo Roberto 19
DEDALEIRA
• comum no continente europeu.
• possue 3 glicosídeos primários principais que, após secagem e hidrólise, fornecem os glicosídeos secundários digitoxina, gitoxina e gitaloxina.
• a secagem deve ser rápida, em temperatura baixa, com ventilação intensa.
Prof. Dr. Paulo Roberto 20
DEDALEIRA GREGA
DEDALEIRA GREGA
- folhas de Digitalis lanata L., SCROPHULARIACEAEProf. Dr. Paulo Roberto 21
DEDALEIRA GREGA
•possui +/- 70 glicosídeos derivados de 5 geninas
(lanatosídeos A a E): 3 = D. purpurea + digoxigenina (Î
digoxina) e diginatigenina.
• glicosídeos primários são acetilados.
• digoxina é o digitálico + usado no mundo na ICC.
CILA
CILA
- bulbos de Urginea maritima (L.) Baker (Drimia maritima), LILIACEAEPrincipais drogas
Prof. Dr. Paulo Roberto 23
CILA
• é mediterrânea; possui 2 variedades: branca (Itália) e vermelha (Espanha) .
• contém cerca de 12 glicosídeos cardioativos, entre eles cilareno (ou cilarina) A e B.
• usada como expectorante e emética. • a variedade vermelha é raticida.