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BRONQUITE INFECCIOSA DAS GALINHAS

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Academic year: 2021

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BRONQUITE INFECCIOSA DAS GALINHAS

Mário Sérgio Assayag

Méd. Vet., D.Sc., mario.assayag@intervet.com

A Doença

A bronquite infecciosa é uma doença viral, aguda e altamente contagiosa que acomete as galinhas (Galus gallus domesticus). É uma doença de distribuição universal (Back, 2002; Cavanagh, Naqi, 2003), com maior prevalência em regiões com maior densidade populacional.

É encontrada em praticamente todas as regiões produtoras avícolas do mundo, causando problemas em aves jovens e adultas. Acomete frangos de corte, poedeiras, matrizes leves e pesadas (Cardoso, 1999; Di Fabio, Rossini, 2000; Cook, 2001).

O sitio primário para a replicação do vírus de bronquite infecciosa das galinhas (VBIG) é o trato respiratório e, normalmente, a infecção respiratória é a primeira manifestação clínica em aves jovens, ocorrendo espirros, ronqueira e descarga nasal de muco (Cavanagh, Naqui, 2003; Cook, 2003). A morbidade é alta, podendo chegar a 100%, enquanto a mortalidade pode chegar a 20%, normalmente associada a contaminações secundárias (Back, 2002). Vírus nefropáticos também podem ser observados, acometendo o sistema urinário com lesões renais, diarréia moderada a severa e urolitíase (Ignjatovic, Sapats, Ashton, 1997; Wang, Wu, Huang, et al., 1997; Di Fábio, Rossini, Orbell et al., 2000; Gelb, Ladman, Tamayo, et al., 2001; Ignjatovic, Reece, Ashton, 2002).

Cook (2003) descreve que o fato de não existir a observação clínica de infecção respiratória, não significa a ausência do vírus da BIG. Pode ocorrer uma manifestação clínica não tradicional, ou seja, sem os sinais característicos. Estas situações estão ligadas a um bom programa de vacinação, bom manejo e também boa biossegurança.

Em aves adultas (aves de postura comercial e reprodutoras) podem ser observados os mesmos sinais de aves jovens (Cavanagh, Naqui, 2003), mas também lesões no sistema reprodutivo, com alterações de casca (fina e porosa) e no formato dos ovos (Di Fabio, Rossini, 2000; Cook, 2003). Queda na produção de ovos e alterações na qualidade do albúmem, também pode ser observadas (Di Fábio, Rossini, Orbell et al., 2000; Back, 2002; Cook, 2003).

A ocorrência de problemas renais também são freqüentes no Brasil, sendo descritos desde o final dos anos 80. Tem sido relatados vários surtos de BIG com lesões renais pelo mundo (Ignjatovic, Sapats, Ashton, 1997; Wang, Wu, Huang, et al., 1997; Ignjatovic, Ashton, Reece, et al., 2002; Ignjatovic, Reece, Ashton, et al., 2003; Zanella, Lavazza, Marchi, 2003). Atualmente, a nefrite causada pelo vírus da BIG é conhecido como um grande problema mundial (Cook, 2003).

Esta doença provoca grandes perdas econômicas devido à mortalidade, mal desenvolvimento dos lotes, queda de produção e na qualidade dos ovos (Cavanagh, Naqui, 2003).

A possibilidade da ocorrência de variantes de BIG, continua sendo uma grande preocupação em todas as partes do mundo (Cook, 2003). A existência de variantes está relacionada com a capacidade de variação antigênica do vírus da BIG. Isso ocorre

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em virtude da existência dos genes da região S, que é responsável por determinar os sorotipos dos vírus e induzir a resposta imune. (Cavanagh, Ellis, Cook, 1997; Souza, 1999; Di Fábio, Rossini, 2000; Cook, 2001; Santiago, 2001; Cavanagh, Naqi, 2003).

Devido à existência de diferentes sorotipos (Epiphanio, 1998) e o fato da imunidade poder ser específica a um sorotipo, pode não existir proteção cruzada total, dificultando o controle da BIG (Di Fábio, Rossini, Orbell et al., 2000).

Diferentes regiões de produção avícola em toda América Latina, continuam com problemas de BIG causados por diversos sorotipos (Cubillos, Ulloa, Cubillos, 1991; Cook et al., 1999; Di Fábio, Rossini, Orbell et al., 2000; Gelb, Ladman, Tamayo, et al., 2001; Cook, 2003). Muitos destes sorotipos são conhecidos e novos tem sido descrito recentemente (Cook, 1984; King, 1988; Cubillos, Ulloa, Cubillos, 1991; Wentz, 1992; Cook, Orbell, Woods, 1996; Gough, 1996). Em algumas situações, aves imunizadas com vacinas com amostras do sorotipo Massachusetts não ficaram devidamente protegidas, possibilitando o aparecimento de sinais clínicos e do isolamento do vírus 4/91 (793B), demonstrando assim que não existiu proteção cruzada entre as variantes (Adzhar, Shaw, Britton, et al., 1995; Cook, Orbell, Woods, 1996; Adzhar, Gough, Haydon, 1997; Capua, Minta, Karpinska, 1999).

No Brasil, alguns trabalhos indicam a existência de variantes antigênicas, mas não chegaram a concluir sobre a magnitude destes vírus nos plantéis (Miyaji, 1996; Souza, 1999; Abreu, 2000; Di Fábio, Rossini, Orbell et al., 2000).

Situação Atual da Big no Brasil

Os sinais clínicos e as sorologias realizadas indicam a existência de bronquite infecciosa. Essa enfermidade, causada por Coronavírus tipo 3, tem ocorrido com grande freqüência na Serra Gaúcha, oeste de Santa Catarina, sudoeste, oeste e norte do Paraná, além do sul e norte de São Paulo e Triângulo Mineiro.

Várias empresas relatam grandes prejuízos causados pelo aumento de problemas respiratórios em frangos de corte com mais de 28 dias de idade. Em muitos casos, os problemas respiratórios não são diagnosticados no campo, causando importantes perdas por condenação total e/ou parcial no momento do abate.

Também são relatados casos de lesões musculares em frangos de corte a partir do 30 dias de idade, aumentando as condenações nos abatedouros e comprometendo a qualidade da carne para o consumidor final.

Com grande freqüência, também são observados casos de urolitíase, com lesões renais em frangos de corte, matrizes e aves de postura comercial. Estes casos, muitas vezes são mal diagnosticados e freqüentemente subavaliados, pois, podem ser considerados decorrentes de desidratação que normalmente as aves apresentam e não como o principal sinal clínico.

Em matrizes pesadas, são observados quadros de necrose no músculo peitoral profundo a partir da 28a semana de idade, com quedas de produção significativas, causando um baixo número de pintos produzidos por ave alojada. São encontrados casos com queda na densidade de ovos, aumentando o número de ovos trincados e quebrados, além de liquefazer o albúmem, diminuindo a qualidade de pintos oriundos destes ovos.

Em matrizes pesadas e aves de postura comercial, observa-se um aumento significativo dos problemas de “cabeça inchada”, com recidivas das infecções

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secundárias como peritonites e salpingites. Em alguns quadros observa-se uma maior suscetibilidade aos quadros de enterite.

Todos estes casos descritos acarretam um aumento no consumo de antibióticos, aumentando as perdas financeiras, além de dificultar o manejo para conseguir respeitar o período de retirada das drogas recomendadas pela legislação em vigor.

Atualmente, observa-se também que as vacinas H-120 não estão mais conseguindo controlar todos os casos de bronquite infecciosa (Gelb, Ladman, Tamayo,

et al., 2001), além de aumentar grandemente o aumento do consumo da vacina Ma-5,

que apresenta proteção mais duradoura (Back, 2002) e maior antigenicidade que a H-120.

Assim, a Bronquite Infecciosa das Galinhas está presente em grande parte das empresas brasileiras e provavelmente é a enfermidade viral que está causando as maiores perdas econômicas da atualidade. Também, em várias regiões, o controle tem sido difícil, pois as vacinas disponíveis não se apresentam totalmente eficientes contra os vírus encontrados no campo, restando à pesquisa uma proposta futura de solução definitiva.

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