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Santa Gema Galgani (Parte I)

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P* GERMANO DE SANTO ESTANISLAU

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Santa G e m a G a lg ani

A F L O R D A P A I X Ã O

íroduçÔD do Rcv.° P.* MATOS SOARES

T [ * C t l « A C D I Ç A O

Aurrcnícco e cctoslticdo

P t L O P.« JOSÉ 0 £ O L IV c IR A D IA S . S. J. S3* M I L H A R P O K I O

LIVRARIA APOSTOLADO DA iMrRENSA EUA Dc CEDOfEirA. 623 * .

(3)

N ImI f.bital Olyi'pcr»*, 3-2 -íÇ ^O P A U LU S D U R à O . S J. Pioep. Piov. Lvnl P ^ j* Imprim’#.i^. Pd:*.0 ió d t F«/.° <£♦ *«940. f A . A.f SISPO D O F C R TO

Todos os direitos ce piopriedcdo teservatioi

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E x p l i c a ç a o q u e s e i m p õ e

S T A n o va edição da vida d c S a n ta O c n u G a lg a .n i atendeu-se sobretudo a er.riquccéda com a b u n d a n te ilu s tr a ç ã o — i 2 iã o as feto- g r a r uras q u e a ad ornam — . a esclarecera com algum as notas o p o rtu n a s, a aetualirã-la c a com plctá- h . por.do-a cm dia com r. a d iç ã o das novos capítulos references à g lo rifica ção d a m ística P assiflo ra de /.« c a .

£ s t c tia b a lh o per err. com petia p e r todes cs titi:!os a o R ev." P .e h ia to s Scare*, a q uem sc deve a tradu ção desta en c an tad o ra biografia. C o m cia teve S u a R c v .' o m erecim ento d c to r r a r conhecida cm P o rtu g a!. d<: h ã 18 anes p ara cã. esta jói.i autêntica d a graça d ivina, cu jo nom e a u sp ic ie >i> J c i a d v jin iç â o perfeita da sua alm a.

M a s . a b s o rv id o actualm ente por um grand e e m ­ p re en dim en to d a g ló ria dc D eus. r.ão pode o R c v " ,*r.i d u to r ocupar-sc deste trabalho , para o q ua! n in g u ém

mais d o que cie estava naturalm ente indicado.

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V I

S A N T A G E M A G A L G A N l

fariam. sc não fôsse o que já estava feito. P o r isso ainda sc pode d í;c r que esta nova edição é obra do Sr. P.« M atos Soares, exceptuando as deficiências que o leitor nela encontrar.

Creio que a encantadora virgem dc Luca. que tanta influência, mostrou exercer no coração d o D iv in o C ru ­ cificado. não me levará a ma! que eu aqui lhe diga que o Rev." P .e M atos Soares, iniciador da sua devoção em Portugal, tem direito a tódas as bênçãos da Sua p ro ­ tecção para a grandiosa obra que nesta hora o preocupa.

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L M A G A L G A S I Sar.ta'

S ã o 05 prem id a s auspiciosas c u n ; p o n íi/ ú .i.fo <;ui' desponta esperançoso. cr-.bora s o b re : :t-

ta J o pels* c la rin s de M a rre . S ã o j s

c/.if/o c r - <ync desabroche:: o secuto X X . <yyf ri.i c. n ftr.jí.

c p riti'e ira santa do nosso século.

Gema santa! Sont.1 . cp.:e c r.::::%!e•

/rioro. que essa foi a fãtna que na u r u daxo:: ,:C ivor para o céu. V o x popi:!: vo\ Dei. COjí-t-.j d::ee-se. /’- </e- -facto. Sonto //:c co.T.eça a chamar r-.o;e a If .c .a /:.i jy.i espie r.d o rosa li tu rijia.

O p e ro » c::> nirn çrorulcs rr.orovilhos AçucSc <JtC i poderoso c c u jo nome c sorto. poJro ela ds:er. fa;çr.Jo-so eco da V irgem dc Naeaeè. Sim. também Gctr.a Gal- pant tir.ha o seu M agnifico: para cr.rear. l i entcou’o hoje. sob a majestosa cúpula de S. Pedro. pela i o : de Cristo repercutida r.os lábios de se.: \'igãrio. entifo- nciro augusto de tidas a< gerações que lhe hão dc

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cha-V III S A N T A G E M A G A L G A N I

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mar beni-avcntuiada. que hoje lhe começam a chamar santa.

Escuta, leitor, as harmonias disse Magnificat, reco­ lhe o j ecos dessa apoteose que transcende todos os encó- mios que na terra se podem tributar a unt simples mortal: «Para honra da Santíssima Trindade t dc cada uma das Pessoas Divinas, para exaltação da fé católica : aumento da religião cristã, per autoridade de N . S. Jesus C risto c dos bemaventurados Apóstolos Pedro c Paulo, depois dc madura deliberação c tendo reiteradas veres im plorado o socorro divino e tomado conselho com os C ardiais da Santa Igreja Romana. Patriarcas. Arce­ bispos e Bispos presentes nesta cidade de Rom a. D E ­ C L A R A M O S S A N T A A B E A T A G E M A G A L- G A N I. como tal a definimos c inscrevemos r.o catálogo dos Santos».

íi a r o : de Cri?to. tornado visirel no seu Pontífice. a anunciar ao mundo que em Gema Galgani operou dc- ■facto grandes maravilhas Aquêle que c pederoso e cujo nome c santo.

E queres saber, leitor, que maravilhai foram essas do poder e da santidade dc Deus?

Abre este Urro. que nele verás a angélica açucena de I.uca aliando a uma inocência imaculada os santos excessos duma penitência que nunca puderam saciar os seus anseios de expiação. Ve-la-is enreredando corajo­ samente pelos caminhos da santidade. M as a santidade dc Gema não foi ir.fusa. não. Também ela peccu cm Adão. e... não foi confirmada enf graça. Nem foi de rosas o caminho que seus pês trilharam. O s espinhos — . c dos mais dolorosos — foram a sua herança. Ô r f i

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P R E F A C I O IX

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desde menina, viu sôbre a sua. família, afeita a uma vida desafogada, desabar a ruina e a miséria.

A leitura destes contratempos n ão fará mais que aulncntar em ti o interesse que desperta uma vida tá o clieia de maravilhas.

Abre este livro, leitor: e. r.o meio da tantos vaivéns da fortuna, verás a jóia primorosa da família Galgani aureolada de refulgentes carismas. como o* que r:ais r.os assombram na vida dos maiores sar.tos. Vc-la-ás em frequentes êxtases que arrebatavam o seu espirito às alturas luminosas dum mundo sobrenatural e qt:e aca­ baram por fazer de tèda a sua vida cm continuo extase d : amor c de inefável contacto cem a Divindade.

Abre este livro e dc-pressa experimentarás esse magnetismo divir.o. essa irresistível atracção que no

mundo das almas r.áo cessa de exercer a gema virginal de I.uea. «cui r.oiv.cr. orr.cn». dis<c esta manhã o Augusto Pontífice r.o aureo panegírico engastaJo r.a homilia da Canor.i: i ;ão.

Verdadeira jóia d a graça, esplendorosa pérola do paraifO. o seu nome foi de-facto o auspicioso preságio da sua auréola de santa. f\ a atracção da virtude, c a in«.vjira>'.u' da santidade, são os castos er.levos duma can­ dura que extasu c cativa, começando por te despertar a admiração c terminando — quem sabe? c oxalá! — por

te arras/ar à imitação.

Folheia éste livro, c ser-te-á dado assistir a inefáveis ascensões duma alma que sobe de claridade cm claridade por todos os degraus da vida mística, dcsdc o recolhi- . n c n lo infuso, c da união extátiea até um inexprimível çontacto divino, até não sei que transfigurações será­

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X

S A N T A G E M A G A L G A N I

ficas, deliciosas fruiçccs do amor dirino. que nos dei­ xam a ilusão dc serem já beatíficas.

Observa atra ris destas despretenciosas páginas os passos da sua rida angelical, sobretudo nos últimos anos. c verás a grande apaixonada da Paixão do Salvador, ora bar.hada cm misterioso suor dc sangue, que lhe jorra copiosamente de todos os poros durante os seus êxtases, era ferida visivelmente, freqüentemente e dum modo cruento petos estigmas do D irino Crucificado, que se lhe reproduzem nas mãos. nos pés. no lado. eir.quar.to o espirito, transportado para as regiões Itimincsas dum mundo superior, se abisma na contemplação dos misté­ rios dc Getsemani. do Pretório, do Gólgota.

N i o e tudo. leitor. Para acabar de retratar cm Gema a fisionomia dolorosa do Salvador, são ainda as chagas da flagelação que misteriosamente se lhe abrem por todo o corpo, e nele cicatrizam não menos misterio­ samente: c a agonia mortal: c a cruenta coroação de espi­ nhos que lhe deixa tõda a cabeça cr irada dc inexpli- eàreis picadas, donde dimana o sangue em fio: são cmfim lágrimas de sangue que lhe bretam dos olhos e deslisam pela face. fenómeno inédito nos anais da agio- grafia mística. Efeitos assombrosos, originados da sim­

ples meditação da Paixão, cm que se abisma a alma compassiva da mistica P.issiHor.i dc Luca. ou Flor da

P.ii\5o. como hoje mesmo lhe chamara Pio X I I no acto . da canonização.

\'olta a página, leitor, prossegue na tua leitura. Peru fut.j j j confidir.cias da santa donzela, as intimida­ d a ,f.i «uj t-íJa angélica: e no santuário augusto dum rccar.ufo aposento, transformado em celeste mansão

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P R E F A ' C I O

X I

duma virgem candidissima. terás mil ocasiões dc a veres perdida na contemplação do Salvador. que. ora em apa­ rições sensíveis, ora em visões extáticas, se lhe apresenta c a entretém, já com ir.di:iveis comunicações c colóquios que te convido a saborear, já ccm revelações c caricias divinas que não te è dado ambicionar.

Nem deixarás de a aJir.ircr também. já sorrindo extaticamente para a Rainha das Virgens que visivel­ mente lhe serri. e a quem ela com encantadora familia­ ridade chama a sua qucrni.i n.im.V ; j recreada num esfsontãnco .V vonuác per alguns bem-ai-enturadot c es­ píritos angélicos que a vim visitar, já trava-.do a ti rela­ ções de fraternal convivência e vivendo, quási diria, de braço dado com o íc:i bom Anjo. que ser. c do correio visível para lhe levar a* cartas ao director da sua alma.

Penetra no santuário do seu espirito e vi-lo-ás com frequência iluminado de I::: profética descobrindo o f u ­ turo e o longínquo com a clarividência duma perfeita intuição e lendo r.o interior das almas o* seut mais recônditos segredos.

E que— se não sentirá extasiado d-ar.te dessa sim­ plicidade infantil, com que tão naturalmente a todos julgava dotados dot mesmos carismat que ela. a ponto de um dia pedir ao Senhor escondesse da vi-:a de outros o semblante demasiado severo do seu An:o Custódio* N ão e-.contrarás. leitor, exemplo de tZo sublime inge­ nuidade. como a que. ao sentir pela primeira ve: em suas mãos e pis os estigmas da crucifixão, fé: correr a inocente menina ccm as mãos abertas para sua tia. e di:cr-lhe: «Olhe o que n c fiz Jesus!»

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X I I S A N T A G E M A G A L G A S I

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N ão dês ainda por terminada o tua leitura. Tcris também ensejo dc presenciar episódios duma rida será­ fica. Estende a mâo sôbre esse peito incandescente. or.de palpita tin coração cm cachões. Bruscamente, ins­ tintivamente. fugindo <i veemência da combustão, terás de a retirar quasi a arder, como teve dc a retirar q:ien ousou fa:er a experiência. Labaredas inefáveis do amo: divino, qttc lhe deixaram o peito marcado Jc queimadura* bem viuveis e que tJo de-pressa a ca b j ram per lhe con­ sumir a existência'

Auscu’.t.i C' p u lg õ e s inauditas dêsse coração incen­ diado. e vè-la-is sublevar os pesados cobertores que o abafavam: vè-lo-á< encurvar violentamente as três vér­ tebras da caixa torácica que teimavam cm represar na sua cavidade natural o fogo dum coração que nenhuma fõrça humana podia reprimir. Coração dc virgem c cora­ ção de serafim, consumido por misteriosas chamas, que sujeito a uma autópsia indiscreta quar.do nêlc já não pal­ pitara a vida. deixo:: boquiaberta a ciência medica, ciên­ cia bem limitada que tar.to ambicionava proferir o seu oráculo e que teve de emudecer diante de maravilhas parJ ela incompreensíveis!

t\'a< paginas dêste livro te aparecerá cinda a figura imaculada de Gema C algani nimbada com a glória do Apostolado. /:. se o idea! da Acção Católico te sedu:. nela

c nos seus exemplos encontrarás o mais simpático esti­ mulo do :êlo das almas. Vitima dc expiação pelos peca­ dores mais empedernidos, também ela soube dar almas o Jesus. Mas o Salvador exigiu que ela lhas pagasse pelo mesmo preço por que P.le as comprara: oração, sacri­

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P R E F A C I O X I I I

nm-iíie suores de sangue. custaram-lhe as flagelações do Pretório, custaram-lhe a agonia do Getscmani. E porque assim cooperou apaixonada c crucntarr.cnte na ebra da Redenção, por isso sJo também sem conta as conversões por meio dela operadas r:.j m u n J .i gloriosa.

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Deva-:eios de fantasia exaltada tvJo o que ac3bas

de lerí Maravilhas de palácios encantados? Scnb.cs durr.a ilusa. duma histérica?

Também cu seria tentado a crê-h. se r.io sc tra­ tasse duma rida contemporânea cujos prodígios puderam see verificados. estudados, testemunhados e sujeitos à

critica mais exigente. Também cu me inclinaria a ver cn Gema Galgani uma simples figura lendária, se n.íc estivesse fresca air.da a tinta des seus escritos, retrato da sua bela alma. fresco o sangue dos seus estigmas e das suas transpirações, fresca a memória de tantas mar.1 -

vilhas: se durante mais de trinta anos a Igreia não tivesse intervindo com todo o rigor dos seus exames, sujeitando mais ir:p!ac.ivet j :itica a vida. as virtudes, os milagres e os escritos dc Gema. sem excluir a sua autobiografia, as suas i ai:as e os >eus êxtases.

F. depois de tri 'ta c três mos de exame severíssimo a Igreja acaba por colocá-la r.os altares. E a Igreja na canonização dos santos empenha rigorosamente a sua infalibilidade dogmática. E uma Igreja infalível não canoniza i/usas nem histéricas.

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A / r

5 A S T A G E M A G A L G A .V )

P or outro lado não /ui testemunhos que ofereçam garantia mais sólida que os desta biografia. E la não podia ter autor mais autorizado do que tece. Dir-se-ia difinam ente predestinado para escrever a vida desta alma assim co n o fera por Deus predestinado para a

dirigir.

O P y Germano de Santo Estanislati era o director espiritual c .i Santa, cuja alma foi para cie rnr. Urro aberto. E foi. além disso, testemunha ocular de muitas maravilhas que conta.

«/W io me foi preciso, d i; cie. interrogar traduces antigas. nem referir-me a testemunhos alheios para re­ constituir a vida da Ser\-a de Deus. Também nno corri

0 risco dc apresentar ao leitor, como verdades históricas,

impressões de estranhos. q:ie muitas rezes são menos justas. F u i eu próprio a testemunha. maior e a me­ lhor parte da vida mística de desenrolou-se sob os meus olhos, podendo repetir com verdade as palavras do Evangelista 5 . João vamos anunciar-vos o que vimos, o que o in iir.es, o cue apnlpàtr.os com as nossas m ãos. E o

meu testemunho não c o dum observador ordinário, que só rò a< cotsas superficialmente. mas C o da testemunha mais íntima que pede haver: d o confessor c director espi­

ritual a quem r.âo pedia escapar nenhum segredo duma alma tào cândida».

N ã o te escandalizem, leitor, estas últimas palavras. D os segredos que esse director espiritual revela, uns foram presenciados por ête. não coir.o confessor, mas

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P R E F A C I O . XV »

como testemunha, outros /er.i«i*//:c eonji.ide< fera :1a intim idade do fôro sacramental. tudo lhe fei comu­ nicado por escrito — <íc ordinário cm cortcsficndêr.cia epistolar— . c sobretudo êle recebeu da santa'dirigida autorização para de iõdas at m anifestares de cons­ ciência. f citas de qualquer modo que fôrse. fazer o u<o que a glória de Deus lhe inspiraste.

E m ccr.ehs.lo. ao autor desta biografia r..':o se pode assacar ignorância de causa, li fa!:a dc ra—.peter.cia. para interpretar objectivamente cs fenômenos extraordi­ nários dc que era teatro j ai ma da j dirigida, muito menos. file foi um dos homens mais eminentes que hon­ raram a Igreja e a benemérita Congregação de S. Paulo d a Cruz.

Arqueólogo ilustre. iniortalizeu-ie pelas excjraeôes que empreendeu c pelas interessantíssimas descobertas levadas a cabo no sub-selo da Basilica romana dos S a n ­ tos M ártires João c Paulo. Professor abalisado. ensinou com brilho quasi tôdas as ciências eclesiásticas, como se em cada uma se houvesse especializado, sen [alar dos seus profundos conhecimentos de pir.tura. escultura, ar­ quitectura. epigrafia e literatura. De tudo dâo testemu­ nho as numerosas obras que publicou.

A Ias i? sobretudo cm teologia i?::síh\i que êle te manifestou mestre consumado e merecedor do elogio que lhe tributou Pio X . cm carta assinada pelo Cardial M erry del V a i a i 9 do Seicir.bro de 1907.

A par desse conhecimento das ciências moticas. o P.e Qerm ano fo i um profundo conhecedor das ciências medicas, fisiológicas e patológicas.

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mis-A í 7

S A N T A G E M A G A L G A M

tic a c a mcdicina. foi o que lhe deu o autoridade c -1 com petência cabal dc guia dum a alnta que p a ira ra e n tão cleradas esferas da rida m iitica.

M a is d o que ninguém habilitado a discernir o fe n ó ­ meno m is tic o dos efeitos do histerismo e do hipnotism o. o s ib io Passior.i<ia. com um a intuição dc mestre que desde o principio acertou sempre, pede com clhar sereno

fazer a autópsia delicadíssima da alm a. cuja direcção D eus lhe confiara dur:: m odo tão m.tra ühoso.

P ara defender o seu ponto de rista. publicou três dissertações que rerelam cs mais sólidos conhecimentos de patologia e q::e foram tidas em grar.de apreço por

mcdicos eminentes. N elas ficaram refutadas as r.cscias interpretações de medicos materialistas, que tanto se «.*.%• forçaram por atribuir a cautas morbosas de histerismo e d c hipnotism o o< fenóm enos sobrenaturais renficitdos na rid a dc G em a G a lg a n i. l i a Igreja infah.-el. c a n o ­ n iza n d o a mistica pa» si flora dc Lu ca. deixou plenamente au to rizado o P s Germ ano, porque, digamo-lo outra re :. a Igreja não põe nos altares histéricas nem ilusas.

M a s há também no A u tor desta obra um a qualidade que o preserra dc precipitações e de entusiasmos des­ cabidos.

O s A póstolos obstinaram-se cm n ão acreditar na verdade da Ressurreição, em quanto a não rissem c a p a l­ passem. O P s G erm ano principiou por nem querer ir

re r e a p a lp a r, a-pesar-de instantemente solicitado pela S a n ta c por seu confessor Mor.s. V olpi. F o i necessário que seu. Superior Provincial interviesse, dando-lhe ordem

expressa de ir a Luca. t

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r-P R. K F A C I O X V / l

tuno acrescentar. â guita Je p arè n ta c . q-jc êstc

v ir tu e

-o Prelado, confessor dc Gema desde a mais tenra infànci,a.

n ão sc mostrou menos exigente c céptico. A /as tar.;réni ele. ccm o 7 'on:e. rc/u a cair Jc jcelhcs d;ar.sc da verdade- f: no falecer. a 1!) dc Junho dc 1921. quando ;a Üare-a: .i o.s horizontes do seu espirito a aurora da glorificação !e G em a G algani. qi-.is deixar em tc: tamer to te a farte da sua fortuna para sc levantar um templo A santidade -;j sua penitente.

• • t

C aro leiter. q u an d o ehegjret ao termo d a t a * pagt- rtes. n ão terãs a m enor dificuldade ern fazer i u j* j í j- rras d o F.ni.ri • C á rd ia ! i:r. A . Gau;::ct. O . S f í . a? pre­ fa c ia r a trad::-;.lo inglesa desta í iegraf-.j «Qv:ar.: -> a ~.:m.

n ã o conheço b io g ra fia dc santo pcrtcnccntc a qualquer cpoca da I$re;a que r.mfo tenha j;-ra\ ínado do -s.eu e s p irro o sch:-:na:i:ral. c o n o a bicara!;.» dc C e tra Ual- qan». cscrica pelo P.* G erm ano. C c n i:d e r o a v:da dc G c in a cc:r:o um daqueles .*ux*.!ics q . ç dc tftr.pcs a fc~- pos nos >ào da d o s p.v. i avijjerar a r.o v a t i e m .ií as nossas alm as dc D e u s...»

Assim c de-facto. /■ raro er.cer.ttae na ;:a ‘.a cristã um a rida tão a tu rad a dc sehe-aSura!. L).t■ c a que D eus quis inundar a <craftca d . do\ r u is extraordinários carismas, para que o r.o*so scc::\\ c um scculo de naturah-mc e de mater.a pudeste a r.::.':r o m u n d o sobrenatural. /: <e c j- .V .i a >arr i /a u :-n .V á o exercida pela n d a de G em a em todo o /-ando. S ã o exemplares d a >i:.i c ida que dc ano para ano se têm esgotado por dezenas de milhar cm edifões sucessivas:

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A T / / / S A N T A G E M A G A L G A N I

sáo traduçòcs que se multiplicam cm tódas as lir.guas conhecidas. Sáo graças c milagres, são conversões. que como chuva benéfica de bênçãos não cessam dc procla­ mar que verdadeiramente operou nela grandes maravi• "ias quem c poderoso c cujo nome c santo.

Ate os leitores sôfregos do sensacional tem encon­ trado nc>tdf páginas o que nem nas páginas tie novela r.crr. r.os filmes do cinema têm p-ydido saciar essa avide: de paladares estragados N ão c o sensacional mórbido, produzido por fantasia< r u í* cu menos engenhosas, o sensacional sempre mentiroso do romar.ee que encon­ trarás nestas páginas. It o sensacional que inspira os

grandes ideais da santidade, c sensacional que eleva ns r.lrr.a«. que as transfigura e arrasta até ao heroísmo da virtude, porque e o sensacional inimigo do fantástico, qtie só se alia com a realidade pura e simples: realidade empolgante, como as que mais o são. mas antes de tudo. realidade flagrante, realidade autêntica, realidade pal­ pitante.

Tais são as grandes realidades que sc desenrolam n e iti biografia e que tio salutares revoluções têm provo­

cado nas alrrjc generosas, desde que o nome de Gema G algani começou j ser prenunciado fora de I.u:a.

N a profusão de tão extraordinários carismas, que enriqueceram a alma de Gema. vê-se que de-facto non est abbreviate manus Domini.

£ porque o Senhor r.ào encolheu ainda a sua mão pródiga de dons sobrenaturais, praza ao céu que pela

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leitura duma rida que c tfda ela um n o numer.to levan- tado «i5 maravilhas do Altíssimo e uma epepeia d*s divi­ nas prodigalidades. sc suscitem em Portugal renovado pelas virtudes dos novos, r.ovas gemas. novas pérolas de igual quilate. jdias de refulgente sanridade. eomo a

que hoje. -ia apcteóse duma suprem* i k t n j J o , subiu glorificada ao altar de Deus. Em ve: dsma ónica es­ tréia. serà urr.a esplendorosa ccnstelaçSo a eintdar no firmamento da lgre;a

S’So te detenho r:ais. le:tcr. Oxalá untas atrai-és destas paginas palpitar o coração dc Gema Galgani. comunicando aos seus leitores os ir.cêndtcs de atncr d i- vir.o que ela experimentei:, comunicando-lhes etsat tuas instas dc amar. que te le .ario a dizer t a / w : foi uta ícraíim q-c passou p<!a terra.

Draga. 2 de M aio dc 19i0. , Feita da Ascensão do Senhor. t

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C A P í T • U i L o I

Nascimento c infância dc G e m a __Pre­ coces flores dc virtude — Doença e

morte de sua m5i

— i* : s . i«so

-AMIGUANO. pequena povoação virinha da ci- dadc de Luca. na Toscana, foi o berço da angélica virgem, cuja vida vou descrever. Nasceu a 12 de Março de 1S7S. Seu pai tinha fita d o residência com todos os seus. havia j* olguns enos. resta localidade, or.de exercia a profissão de farmacêutico. Chamava-se Hcr.rique G a lg a n i e era descendente por parte da r.ãi. scgur.do sc dir. da famiUa do Beato João Leonardo.

Sua mãi. Aurélia. pertencia A respective! casa dos Landi. Eram dois cristãos dc fé antiga. D o seu casa- r.ento nasceram oito filhos: cinco meninos, um dos quais morreu ainda no berço, c trés meninas: excepto três todos morreram no verdor dos anos. Gema era a mais vélha das meninas.

Segundo o costume de pais verdadeiramente cris­ tãos. os esposos Galgani eram solicitos em r.ão retardar aos recém-nascidos a graça sacramental. Por isso. no

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2

S A N T A G E M A G A L G A S i

dia seguinte ao do nascimento. levavam-nos à pia baptis­ mal para serem regenerados cm Cristo. O mesmo acon­ teceu com Gema, baptizada vinte c quatro horas depois dc nascer, na manhã do dia 13 dc Março, pelo P.f Pedro Q uilici. Pároco de S. M iguel (1).

N ão deixa de parecer singularmente providencial o nome que a menina rcccbcu. Ficava bem o nome de Gema a uma criança que pelo brilho das suas virtudes, devia ilustrar a sua familia c resplandecer na Igreja dc Deus como pccoh brilhantíssima (2). Seus pais escolhe­ ram-no. levados certamente pelo grande aíccto que

con-(1) Eis. por ordem crono!ógka. o r.orc dos filhos da casa Ga!$ar.l:

Cuido, nascido a 30 dc M aio de 1871: falecido perto de P;sa < !:a!ia) a 19 de Junho de 1922;

Heitor. nascido a ? ! de M arço de 157J; íaleciio no Brasil em 1927;

Euçtr.io. nascido a 5 de Junho de IS76; falecido em L u:a a I I de Setembro de 1S91;

C f f l i — M aria — llmberta —- Pia. r.ascida a 12 de Março ie 1S76. falecida a 11 de Abril de 1903;

Artòr.io. n a u (do a H dc M arço de ISSO; faleodo em Lu* a a 21 de Outubro de 1W2:

Ar.$e!a. rasc:ia a 30 de Setembro de ISSl; úr.ica sotievi­ ver, te & data da car.oniraçSo de Gema. V iveu na America do Su!. Actualmente viúva reside em Luca

Jú!ia. r.ascida a 30 de O utubro de 1SS3; falecida em Luca a 19 de A$ô*to de 1902.

Acfrca do cutro filho, falecido quási ao r.aKcr. r io temos noticias certas.

(2) Gemma em

I

taliar.o. do mesmo modo çue em portu^uff. significa pedra preciosa. (N ota do Revisor).

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c A

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1 3 sagravam a esta filha abençoada. Entre todos os seus irmâo:inhos Gema era a mais querida. Henrique G a l­ gani dizia muitas veses: «só tenho dois filho»: Eugênio c Goma».

A inda não era decorrido um m is depois do nas;i- ir.cnto da querida menina, quando Henrique Galgani. para ficar em condições dc d a : a seus filhos educação r.a is esmerada, fixou residência em Luca. cem tid s a sua familia.

H avia nesta cidade um per.s:onato para ac&r.os e meninas, magistralmente dirigido por duas Irsiis. *s Senhoras Emilia c Helena Valltai. H. Galgani. q je as tinha conhecido muito bem r.a sua pequena cidade tatal quando, ainda jovem, vivia cem seu pai Carlos, deuter e n medicina r.ão hesitou em lhes confiar E ugtm o e Gema. e depois sucessivamente António. Angela e Ju!»a. Gema freqüentou éste instituto durante cisco ano*, mdo para lã de manhã e sò voltando â tarde ao se;o de sua familia. domiciliada então r.a v e in k i rua dos Bctgh«. Do-pressa aprendeu as primeiras letras, assim ceno a prática de pequenos trabalhos manuais, prôprics d 3 seu sexo c da sua idade. Suas belas disposições morais, não menos que suas qualidades intelectuais, causaraa grande admiração às mestras que. alguns aros depois de Gema ter saido de casa. escreviam: « A querida Gema apenas tinha deis ar.es quando o pai nes conficu a sua cd^'a;ão. Mostrou desde lego uma inteligência preccce. parecendo até que a ra :ão ja tires se nela desabrochado. Si>uda. reflectida, grave en tjda a sua conduta, err. r.aJa se parecia com as companheiras, mesmo mais

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Nunca foi vista a chorar r.cm a discutir; a sua fitio. nomia respirara sempre uma sorridente serenidade. M os­ trava-se sempre a mesma, quer fôsse elogiada, quer [ósse repreendida. A sua resposta, cm tais circunstâncias, con­ sistia cm um modesto sorriso, cmquanto que a sua ati­ tude conservava uma calma imperturbável, embora fôsse dotada de um temperamento viro e ardente. Emquanto tiremos a felicidade de a possuir, nunca houve precisão de a castigar. Nas suas pequenas faltas, inevitáveis cm tão tenra idade, bastava uma ligeira observação para a fa:cr entrar logo na ordem.

<Deis irmãos e duas irmãs a acompanhavam à nossa cscola: só uma ve: foi surprendida em discussão com eles. Á nerenda privava-te cm seu favor da melhor fruta. A refeição do meio-dia preparada no instituto. Gema mostrava-se sempre satisfeita: nos lábios nunca lhe mur­ chava o seu perpétuo sorriso.

Aprendeu sem interrupção, e primeiro que os outros, as orações usadas cm nossa cscola. cuja recitação com­ pleta levava cerca de meia hora. Aos cinco anos lia o oficio de Nossa Senhora c dos defuntos com tanta faci­ lidade como uma pessoa grande: tal era a diligencia que tinha empregado no estudo do breviário, que já sabia ser um tecido de louvores ao Senhor, lira. além disso, assí­ dua no trabalho e dc-pressa compreendia tudo o que sc lhe queria ensinar, mesmo coisas acima do nivcl de sua idade. Tais qualidades tão raras cm uma tenra menina, faziam com que Gema fôsse amada em nosso instituto, especialmente per suas companheiras que parecia não poderem saciar-se de sua companhia».

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A inda h j pouco ( i ) tive ocasião dc ver confirmado pelas duas referidas senhoras tudo o que s« contém resta relação, a qual termina com o facto seguinte:

*Acérca desta inocente e virtuosa menina diremos mais que. por suas orações, alcançámos de Deus uma graça extraordinária. Tmha-se declarado na cidade a coqueluche, atingindo todos cs m cnbrot da r.ossa lami- ha. Um consciência nào pcdiarr.es. pelo peripo de con­ tágio. conserrar conr.csco os cinco filhos de 11. Ga!$am. N ào sabendo que fa:er. aconselha mo-no: con o Pareço da sua freguesia, o qual no< dnsc que não abtndonisse- mos .if pobres criancinhas: tar.to mais que sua rr. j i estaia graremente doente e em perigo de vida. Aceitámos o conselho e imediatamente, obedecendo aos nos tos dese­ jos. Gema começou a implorar os auxilies de Deus. desaparecendo a doer.ço sem ter atingido una só da« nossas educanda?. — Assinado: F.mili* e Helena

Vallin:».

H. Galgani. que contemplava com satisfarão os rápidos progressos da su.i Gema na virtude e nc estude, sentia aumentar cada ve: mais a sua ternura paternal para com ela. Nos dias feriados qucria-a incessante­ mente junto dc si. Sc era obrigado a ausentar-se. à r.c.tc quando voltava, as suas primeiras palavras exam q u áji sempre estas: «/: Gema. cr.dc estJ ela?». In d x avam-lhc então o estreito aposento ende a querida eeniaa sc recolhia habitualmente para estudar, trabalhar cu pedir

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a protecção do seu Jesus, passando quási despercebida na casa.

Era uir.a alegria para H . Galgani levar a passeio a sua querida filhinha pela cidade ou peto campo. E sc não era possível, cm (ais circunstâncias, chegar a casa A hora da refeição, encomendava para ela nos melhores hot&s as iguarias mais e.vquisitas; para ela também m an­ cava vir dos mais céjebres estabelecimentos os vestuá­ rios c enfeites.

Semelhante parcialidade, porém, por muito merecida que seja. não é para louvar num pai. sabendo-se quantas invejas c discórdias provoca quáíi sempre. A própria Gem a. cuja rectidão de espirito e de coração se m ani­ festou. podemos afirmá-lo. logo ao sair do bctço. cão agradava este procedimento do pai: e. embora os seus irmãorinhos não manifestassem sombra de inveja, ela queixava-se vivamente a seu pai. protestava que não merecia distinções c que não as queria. Q u an d o r.ào conseguia impedi-las. chorava dc desgosto.

Algum as veies êste pai afectuoso tomava a encan­ tadora criança sóbre os joelhos para a cumular dc cari­ cias c dc beijos. Encontrou sempre resistência e quási nunca levava a melhor. Aquéle anjo cm carne pensava, num a idade tão tenra, que não se deve fa:cr distinção entre as pessoas no que dir respeito à modéstia, c por isso. debatendo-se com suas pequenir.as forças, excla­ mava chorando: «iV jo mc toque. Papá.

— M as cu sou teu pai. replicava êle.

— Sim. Papá. mas cu nJo qjicro .«cr tocada por ninguen?. Para não a contristar o pai deixava-a logo em par. E embora ficasse descontente, terminava quási

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7 serr.pre por misturar suas lágrimas com as da filha, adm i­ rado de ver tanta virtude em tão tenra idade.

Conhecendo o poder mágico das suas lágrimas, o pequenina Gema. que foi sempre m uito atilada, sabia tê-las de reserva para casos inocentes em que o seu efeito era infalível.

A ternura da Sr.* G algani para com sua filha, não r.er.os profunda que a do pai. era de outra têmpera. Era esta senhora uma verdadeira saata c um dos mais perfeitos modelos dc mãi cristã. O ra v a incessantemente ç abeirava-se tòdas as manhãs da mesa eucarística, em­ bora o seu cs:ado dc saúde lhe r.ão permitisse ir & igreja scr.ão com grar.de dif:culáadc. Era o P ã o dos »ajos que n enchia de fórça e dc coragem para se desempenhar, com pontualidade c perfeição, de todos os seus deveres. Amava todos os filhos, mas o seu coração era atraído para Gema dum modo mais particular, porque nela. melhor que nos outros, se manifestava a predilecção do Senhor.

Efectivamente a graça do Altíssimo tinha começado tem ce io a formar esta alma aind a tenr*: manifesta- va-íc no seu carácter tão bom e tão dócil, no seu amor ò solidão e ao silêncio, no desprêzo de diversóes e de futí- lidades pueris, e numa tal ou qual majestade de porte que não se costuma encontrar na idade infantil.

Em vez de se expandir em vãs demonstrações de ternura sensível, a Sr.* G algani. cônscia do seu dever.

codos os cuidados na cultura dêstes gérmens pre­ coces de virtude c ccn*t!iuiu-jc. sem hesitar, directora e>pi:i(uj! de sua filha. Gem a recordava muitas vezes com reconhecimento as indústrias incessantes com que

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$c exercia éste magistério nntcrn.il. c declarava dever sobretudo a sua mãi o conhecimento de Deus c o amor da virtude.

A Sr.* Galgani tomava muitas vezes nos braços a querida menina e. apertando-a contra o seio que a tinha nutrido, dava-lhe santos ensinamentos, acompanhados ir.uitas veres dc lágrimas: «Pedi tanto .1 Jesus. lhe diria

ela. que me desse uma filha: ouriu-me. c certo, mas um pouco tarde. Estou doente c dentro cm breve terei de te deixar>.

Explicava-lhe as verdades da nossa santa fé. o valor da alma. a fealdade do pccado. a dita dc scr tôda de Deus e a vaidade das coisas déste raundo. Outras veres mostrava-lhe o crucifixo e diria: «Olha Gema. este querido Jesus morreu na cru: por r.ós■>: e. adaptan­ do-se à capacidade da menina, procurava farer-lhe com­ preender o mistério do amor de Deus para com os homens c o modo por que todo o cristão é obrigado a corrcsponder-lhc. Para lhe incutir o hábito da oração recitava com ela várias preces, de manhã ao levantar, á noite antes de se deitar c com freqüência durante o dia.

Todos sabem quanto custa ás crianças ouvir instru­ ções religiosas c recitar orações vocais, incaparcs como são dc estar atentas muito tempo, c inclinadas á dissi­ pação c aos brinquedos.

Gema nào era assim. A sua felicidade consistia nestes primeiros ensaios dc piedade cristã. Nunca se cansava de ouvir e dc orar. E quando sua n ã i a deixava, por causa dos cuidados doméSticos. a querida ir.enina agarrava-se-lhe aos vestidos, direndo: «A fam i. fale-me um pcuco mais de Jesus».

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Esta piedosa mãi. ã ircdtd.i que sc aproximava o fim da sua vida. com o aumento d e j sofrimentos, rodo- br.iva cíc zelo na educarão re3:g:csa do» filhos queridos. Todos os sibades acompanhava ou. não podendo, m an­ dava acompanhar os ma:s \elhcs i igreja para con­

fessarem.

Deste medo q-jeria hab^tu.S-lcs cedo à frequenoa dc tão salutar sacramento. Ela mesma c i preparava; e

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quar.do chegava a ver dc Gema. a vista da sua gravi­ dade. do seu recolhimento e da viva dor que sentia pelas suas pequeninas faltas, arrancava-lhe muitas Vezes lá ­ grimas.

Um dia disse-lhe a r.3i: « O h ! se cu pudesse lerar-tc comigol Querias rir?

— £ para or.de7 preguntou a menina.

— Pa:j o Paraiso a «Ver com Jesus c com os anjos». Estas palavras encheram a criança de grar.de alegria, c dcsdc èsse momento ateou-se em seu coração um ardente desejo dc ir para o céu. de»cjo que aumentou sempre, terminando por consumi-la.

«Foi minha ir.ãi. escreveu mais tarde Gema. que começou, sendo eu ainda pequenina, a fazer-me desejar o Paraiso>. E acrescentava com sua simplicidade habi­

tual. refcrindo-sc à proibição de pedir a morte: «Agora, se ainda desejo ir para o céu. c ros peço licença para isso. respond eis-me com um fortr.al não. E u tinha dito a minha mi t que sim. e rccordo-me que. depois de ela me ter d:to que quer/a lerar-me p<tra o Paraiso. a minha ro-:tjJe era não a ceixar mais. nem sair do seu quarto».

A doença de D. AurÜia era a tuberculose que h i cinco anos a ia consumindo. Logo que os médicos re­ conheceram a natureza do mal. foi proibido severamente aos filhos apro\imarem-sc do leito da pobre enfirtna.

Gema ficou muito aflita por sc ver assim dc-repente separada daquela que amava duplamente, como m ãi e como mestra. Pediu, chorou e com muito custo obteve que abrissem para ela utra excepção. E agora imagine o leitor como é que a fervorosa menina se aproveitaria da permissão obtida. Aproveitou-a bem: mas. a-pesar-disso.

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C A P Í T U L O ! II . >

mais tarde. farendo um cuidadoso exame de consciência, ficou muito aflita por lhe parecer que tinha desobede­ cido e que se tinha deixado levar pelo capricho. Ela mesmo nos vai d i:c r o que fa:ia junto do leito da e n­ ferma:

«7ot/as às r,o:tcs. ar.tcs dc me deitar. u junto dela para dizer as orações. ajcelhaia á cabeceira do leito c rezava». Sublime impulso de uma criança que nem sete anos completos tinha ainda!

Entretanto a tísica multiplicava os seus cvtragos. e o dia da suprema separação não podia tardar. A piedosa m ii teve o cuidado de fa:er com que G ena recebesse o Sacramento da C onfirm ação ( I ) . «Que melhor poderei cu fazer, pensava cia. do que ccr.fiar es ta querida fJhi- fi/u ao Espirito Sar.to antes de dar contas ao meu D e u if Quando cu lhe faltar, sei a quem fica entregue».

Ela mesmo a tinha jA ido prep.irar.do e afervorando para receber dignamente aquvle sacramento. Mas. r ã o satisfeita com isto. m andava vsr tòdas as tardes a sua casa uma mestra de do utrina p.ira aperícs-çoar a sua obra. Depois, na primeira ocasião que se ofereceu, a 26 de M aio dc ISS5. levaram a criança a basílica dc S. M iguel in Foro. onde o Sef.hor Arcebispo Nicolau G hilardi administrava o Crisma. U m pormenor, que escapou mais tarde à sua reserva, r.cs d a r i uma idea d n graça» de c!e:ção. dc que o E»p:r»to Santo a cumulou.

Terminada a cerimónia, as pessoas que a tir.han

(t) Na ItAJia. ic ro cn ir.c.tc» c«:r»t ,'j.k i catfÜcct. as ir.jr.ças f íctlv:n ti:« Sicrsxtr.'.o. ir.'.n pric*;ra co-.r.ur.h.3o.

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acompanhado quiseram ficar na igreja a ouvic missa em acção dc graças. Gcma alegrou-se com o pensamento dc poder consagrar êste tempo a Deus. recomendando- -Ihe sua pobre mái quási moribunda. <Eu ouvis, o melhor que me era possível. a santa missa, conta ela. e orara pela mamã: de-repente uma vo: diz-me ao coração: Q ue­ res dar-me tua mamã?

— Sim. respondi eu. mas com a condição de que também me levareis.

— Nào. replicou a voz. dá-me de boa vontade tua mamã. Conduzir-ta-ei ao céu. Dâs-ma dc boa vontade? Fui obrigaJa a dizer que sim.

Terminada a missa, corri para casa. Meu Deus! Permanecia junto da mamã e chorava. N ão pedia afa«- tar-me dela».

Foi esta. segundo os apontamentos dc que dispo­ nho. a'primeira comunicação sobrenatural com que Gcm a foi favorecida. A circunstância da descida do Eypirito Santo pelo Sacramento da Confirmação a uma alma tão pura c. por si mesma uma prova convincente dc que foi Ê lí o verdadeiro autor dêste colóquio, facto que os acon­ tecimentos futuros mostraram ser verdadeiro. Gcma tinha feito a Deus o sacrifício do que no mur.do lhe era mais querido; no céu lhe ficava certo o mérito.

D c volta a casa. entra no quarto dc sua mái e cncon- tra-a quási a expirar. Ajoelhando junto do leito, desata em soluços. re:a com o coração angustiado e declara que não sc afastará deste leito, porque quere recolher as últi­ mas palavras de sua mái. Embora conformada com a vontade divina generosamente aceita junto do altar. Gem a conservava a esperança secreta dc a seguir ao céu.

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Entretanto a doente experimentou certas melhoras efêmeras. Depois tomou a piorar, c perdcram-ie tòdas as esperanças. O pai. porem, temendo que a presença duma filha tão amada apressasse o f ia da moribunda, mandou-a sair c confiou-a. até nova ordem. a uma tia materna chamada Helena Landi.

Passado pouco tempo, a 19 de Setembro de 1556. D. Aurélia G algani expirava santamente na idade dc trinta c nove anos.

f.cvararr a triste r.ova a G cm a. que a?nda estava em casa da tia. A resignação desta criança dc oito anos foi tanto mais admirável, quar.to mais cruelmente a dor duma tal separação havia de ser sent.da pelo seu cora­ ção tão afectuoso.

£ assim. 6 r::cu Deus. que. para as desprender do nundo c as purificar sempre mais. Vos cotr.pra:e-.s cm abandonar ao martírio as almas que Vos são mais que- ndas c desde os seus mais \erdes anos!

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Começa a freqüentar o Instituto Guerra Primeira C om unhão e retiro preparatório

- i>io - i*»: —

inuito bca c piedeja que físse D . Helena Landi, não pcdta atenuar em Gema a saudade dc sua nsii. A «anta menina, que só sent>a cnconto nos exercícios dc piedade. experimentou bem dc-prcssa a íalta que lhe lèz sua querida mi». «Fo» entio. dtssc-mc ela um dia. çue tire ui:dâde$ do tempo en que a minha rr.ái rr.e fazia orar tanto*.

Desejava ir à igreja dc mar.hâ cedo e nm guírn a queria acompanhar Aquela hora. Desejava er.conirar-sc sòrinha para conversar ccm Deus e n io lhe deixavam u::i momento dc tranqüilidade. Grande p<cadcra como era. diria, tinha necessidade de se ccnfcssar todos cs dias: c raras xc:cs lhe concediam esta satisfação; tào manifesta era aos olhes de tedos a sua cAndtda inocén- cia. Privada dc director espiritual, ningutm lhe falava dc Jesus, único amor dc sua alma. A pobre menina sofria

pois c morria de desgôsto cm S. Januário.

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nha por suas maneiras ingênuas e graves, por sua mo­ déstia c esclarecida piedade, verdadeiramente excepcio­ nal em c ria ria de tão tenra idade, esperava obter a permissão de a conservar ainda muito tempo.

Informado deste projecto. Eugênio, irm ão de Gema. i» quem a ausência da irmã. desde alguns neses. parecia intolerável, fé : valer junto do pai todos os argumentos próprios para impedir uma separação mais prolongada. E o S: G algam não linha menos desejo de conservar cm casa a sua filhinha predilecta. Depois de madura reflexão sôbrc o melhor partido a tomar, cm seguida ã dor cruel que acabava de o ferir, chamou para junto dc si todos os filhos, dispersos por várias partes, a-fim-de olhar melhor pela sua instrução. Era nos fir.s de D e:cn- bra de I5S6

Gcm a entrou, pois. na casa paterna no meio das lágrimas dc alegria de tóda a familia e particularmente de seu irmão Eugênio.

N ão devia pcnsar-sc cm interná-la numa casa dc educação: um novo afastamento custaria muito ao cora­ ção terno de sou pai. Mandaram-na como externa ao instituto, tão célebre, das Irmãs de Santa Z ita . vulgar­ mente chamado instituto Guerra, do nome de sua fun­ dadora. Excelente lembrança a do Sr. G algani cm con­ fiar sua filha a estas mestras eminentes que d ão is meninas, juntamente com vastos conhecimentos literá­ rios c artísticos, uma intensa instrução religiosa, forman­ do-as r.uma sólida piedade.

Gcma exprimiu nestes têrmos ao seu director a ale­ gria que lhe causou esta determinação dc seu pai. inspi­ rado muito provávelmcnte por ela: cLogo que comecei a

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E x e rc id o de d<»<aho e prova « k h s j (d »ta d o ) de franc i s — extraídos d o caderno escolar de S on:a C err.a. ç-jar.do a '.u r j do

ír.sJituío C u e n -j

N. B. Neste [ac-sirr.iU a dstiafi-jenj períeitac-.er.se 01 erros de Gesiaiir.ha < ai corrccs®«M da ir.eitra

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C A P Í T U L O I I 17 . /

[requentar a escola das religiosas. C JÍirá no Paraíso». Efectivamente sob a direcção de mestras consagradas a Deu», entre tantos exercícios e prAticas dc piedade, sA- biamente distnouidas pelo decorrer do dia. com tar.tat instruções c exortações religiosas, a fervorosa menina, habituada por sua n á i a viver cais no céu que r.a terra, dev ii sem dúvida encontrar-se r.o seu elemento.

Logo que se viu neste instituto. G c = a solicitou o favor dc fa:er a sua primeira comur.hão JA desde h i muito, ferida r.o coração por Jesus c o a as setas do ma;s puro amor. como inocento potr.ba soltava gemidos e cor.- sumia-se com o desejo do se unir a Ê!e pelo Sacramenta da Eucaristia. Sua m ii querida tinha-lhe descoberto tòdas as doçuras e dado como que um ante-gâito diste manjar celcstc. Para intensificar mais e mais os seus ardores. condu:ia-a muitas veres ao pé do santo taber- r.iculo. donde o Senhor difunde os raios da sua graça c as chamas do seu amor sôbre os que O procuram, c principalmente sôbre as almas sisples e puras.

Excessivamente apaixonada pe!o Amigo Dtvinc. Goma queria-0 c. todos os. d:as. suplicava com lAgrimas ao seu confessor, a seu pai e a sua mestra que lh O dessem. Opunham-lhe o costume de não s< admitirem A comunhão crianças de tão pouca idade, u n t o ma:s que sua pequena estatura c membros dehcados mal aparen­ tavam seis anos. quanto mais nove.

Gema. porém, voltava incessantemente A carga, com argumentos sempre novos: * Dai-me Jesus e haveis de ver que serei mais sossegada: não farei nais pecados: não serei já o mesma. Dai-mo: sinto-me consumir e não posso ntais>.

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P e r a n te iã o e x tra o rd in ária s instâncias, o confessor, P .e V o lp i, q u e veiu a ser b is p o d e A re zzo , te rm in o u por ce dcr c disse a H e n riq u e G a lg a n i que. sc n ã o q ueria ver a s u a f iih a definhar de tristeza, era preciso autorizá- la sere d e m o ra a nutrir-se ccm o P ã o da rida.

Q u e m poderá descrever a alegria dèsse a n jo ao saber d e s ta dete rm inação? D e p o is de ard entes acções de ç r a ç a s a o Senhor c à S a n tís s im a V ir g e m , p rocuro u o m e lh o r m o d o dc sc p re p ara r p ara tã o in s ig n e favor, c to m o u , scir. deliberação c e m o ra d a . o p a r tid o dc se re­ co lh e r n o convento de suas m estras p a ra a i seguir, crc:

p a c ific a so lid ão , um curso re g u la r de exercícios espi­ rituais.

N ã o era fácil le var o p a i a aceitar este projecto, pois ju lg a v a n ã o poder ficar u m s6 d ia p riv a d o d a sua c u e r id a G e m a . E la porém fo i tã o insistente c tantas lá g r im a s derram ou q u e a in d a desta vez H e n r iq u e G a l ­ g a n i sc v iu o brigado a cedcr. O u çá m o - la : é ela mesmo q u e r.os v a i contar o re sultad o :

aQ btU 'c a permissão A far d c , e no dia seguinte de m a n h ã f u i sem perda de tempo p a ra o co/:rc/:(o. ende fiq ue : dez dias. D urante este tem po não r i ninguctn da m in h a fa m ília . M a s como eu estaca bem! que P a r also! A p e n a s me r i no con rente, ccrri â capela a agradecer a jesus e a pedir-lhe ardentem ente que me preparaste hem p ára a S a n ta C om unhão. N e s ie momento senti nas­ cer em m inha alma um g ra n d ç desejo de conhecer circunstanciadam ente tôda a vida de Jesus e a sua P a ixão >.

)á dissem os que G e m a tin h a sido in ic ia d a na m e d i­ ta ç ã o p o r sua própria m ãi. M a s q u e m tin h a e n sin a d o a

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C A P I T U L O ! I ID f

éste a n jo dc no ve anos q u e - o m istério da P aix ão d o S a lv a d o r está tã o in tim a m e n te liç a d o ao m istério da E u caristia, que o m elh o r c a m in h o p ara chegar ao se­ c u n d o 6 passar pelo p rim e iro ? C ertam ente o mesmo

C sp írito S anto , q u e a tin h a jA snund .ido dc tan ta lu : e in fla m a d o ce ta n to am o r p a ra com o A u g u s to S a c ra ­ m e n to do a lia r.

«A /a n :/e iíe j este deseje a m in.'ij m esit*. continua G e n a , c c/a começou im ediatam ente as sr.as r i ^ / i f j f c c í . U n a noite. era j.i f.irde. /d/ara-m e c/j da crucifixão, d.i coroação de espinhos, de todo* c< supiicios de Jem s: /<*.: um a pintura rã o r:Va q::c um a der inteniJi te apede* coa de mim, causando-mc r.o mesmo instante uma febre ardente que m c prendeu ao leito ledo o dia seguinte.

.As explicações foram-me s u p r im id a imediatamente. iS e g u ia as práticas na c a p d a . Tc-dcs os dias o p re­ g a d o r rjos dizia: c Q u e n se r.uíre dc fesus v ire tá da sua vida». Estas palavras cnchiam-me de grande cônscia;.ic. levavam-me a fa :e r este racscvin:'*? *Sendo assim, q u a n d o Jesus estiver com igo, r.jo viverei mais em mim, l isto que cm m im viverá. Jesus*. £: ard.a em d e s e ja de chegar ao m om ento em que pudesse d i;e r com t ó d j a verdade: <Jesus vire «.v.t rrirm». A lgum as v e :cs. m edi­ ta n d o cite pensam ento, passava tóds a r.oite a consu- mir-mc de desejos.

Preparei-me para a confissão gera! que f i: . indo por t:cs ve:es aos pes d o S enhor P / \ 'd p i. terminando-a no sábado, véspera d o ditoso d:a>.

fcste d ia fe li: foi o d ia 17 d e Ju n h o dc ISS7, íesta d o S ag rad o C o r a ç ã o de jesus. tran sfe rid a da sexta-feira

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antecedente. N a véspera. G cm a quis cscrev«r a seu pai. Inspirando-se no seu coração tão chcio dc celestes afec­ tos. fez só por si a carta seguinte, breve, porque, quanto mais o coração transborda, menos se fala:

«Querido papá. estamos na lêspera do dia dã pri­ meira comunhão, dia pa:a mim duma felicidade extrema. Resolvi escrever-vos estas poucas linhas para vos certi­ ficar do meu amor c vos di:er que peçais a Jesus a-fim-de

que. na sua primeira vinda à minha alma me encontre preparada para receber todas as graças que me tem des­ tinadas.

*Peço-vos perdão de tanta? desobediências e de todos os desgostos que vos causei; suplico-ix><. nesta

tarde. que esqueçais tudo.

Pedindo a vossa bênção, subscrevo-me vossa filha m uito afectuosa. G E M A * .

A ntes de sair do santo retiro. Gema pòs por escrito a s resoluções seguintes: */." Sempre rr.e confessarei e comungarei como se a morte devesse surpreender-me imediatamente depois; 2.* Visitarei muitas t ezes n Jesus Sacramentado sobretudo cm tempo de aflição: 3.* Pre­ parar-me-ei para cada festa da minha M J i celeste com Jilguma mortificação, c tôdas as noites lhe pedirei a bên­ ção ; -iS Quero conscri'ar-mc sempre na presença de D e u s; 5.’ Sempre que derem horas, direi très vezes: M e u Jesus. Misericórdia

G cm a teria desejado continuar as suas resoluções: mestra, porém, que a surpreendeu a escrevê-las. r.áo l h o permitiu, com receio de que. sobrecarregando-se «nuito . prejudicasse a saúde: pois sabia bem que a terna m e m n a . dotada dum a grande firmera de carácter c dum

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C A P I T U L O I I 21 t

fervor extraordinário, a p lic a r ia t ò d a s as e r.c tg iz a s d a sua alma ao cumprimento d c s u a s prorr.essas.

Chegou cmfim o d o m in g o d c m a n h i. c o n t i n u a com uma fc ardente a a d m ir á v e l c r ia n ç a . l e r a n i e i - m e com prontidão c corri a Jesus pe/a p rim e ira i t ; . . . s\ s m in h a s aspirações foram fin a lm e n te satisfeitas c c c m p r e e n d t então a promessa de Jesus: < A q u c :e que s e r-. u r r e de ir.ini rircrã da minha r id a » .

C> meu Pai. escreverá e ’ a m a is tarc c a o s e u c is r c c tc r * • espiritual, o que sc passou nesse m o m e n ta c r : rc~ J e s u s e

mim. eu não o poderei e x p rim ir. Je s u s fet-se s e n ta r - m u ito , tnaitissimj

ã

minha ahr.i

t

in d ig n a . E x p e r im e n t a r * nesse instante quanto as delicias c/o c e u diferem d a s d e l i c i a s da terra. Senti-me d o m in a d a p e ie desejo d c t o r r m ^ r c o n ­ tinua c>ta u-.ião com o m eu D e u s . Er.ccr.trai.-a -rr-s «r c ad a re: mais desprendida d o m u n d o c m ais d is p o s e jm rc- cdhimcnto.

Gcma quis fazer a s e g u n d a c e m u r .h â o r .o d i j se­ guinte. r a igreja p aro q u ial, a insi<?nc hasi!;c.» d e i ? . Frc- dtano. onde se conserva o p r e c io s o te so u ro d o * r e s to s mortais dc Santa Z ita .

A s celestes im pressões d e s u a p u e e i r a c o c i u n h ú o não sc apagaram nunca. «.*\ q u e r id a rr.cm ns. a t e s t a u m a de suas mestras, lembrara-se d è s tc belo d i a c o m um júbilo inexprímircl: nas h o ra s d c re creio f a la r a d j * p trras c suares delicias saboreadas n e ste s d ite se s mer n-z *rntos. Todos os anos quando c h e g a r a a época d a p r i rneira comunhão, sua alegria era e x tr e m a , c se g u i* cerrz e j p r i ­ meiros comungantes os e x e rc ício s d o r e tir e p r « rp a r a - tório*.

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02 i ‘ A .V T A O l i \1 A (i A I. G A N I

a q u e le d ia g ra n d e que ch am av a o d ia d a sua festa. A c a rta $ci:i:in!r d irig id a act s.-u d im .t o r c m 1901 no dia im e d ia to a um <lí*sfc.s anivcrsArios. vai-nes c : : c : que s e n ­ tim e n to s a a n im a v a m e n tão . T em d u a s partes: a p r i­ m eira. ir de p ió lo g o . fui escrita n u m desses êxtases i|-a.' a to m a v a n m uitas veies, m esm o em p re se n ça dos :.eus fam iliares.

t M e u P<‘i. n ã o sei se já vo< disse q u e o d ia da festa d » S a g ra d o C o rs ^ ã o dc Jesux é tam bém o d ia da m inha fc^ta. O f if r m r/cr um dia de P a ra ;so: esfire sempre com Jesus, /a/ei sempre dc jesus. fui ,'e/i< corn Jesus e c h o rd tam bém con2 jesus. O recolhimento interior rd e v c-me, r a a ií que de ordinário. unida ao /mcü bem-sm.ido Jesus... Ú frios pensamentos do m undo. afastai-cos de mim: cu r.ào quero c.*.'ir senão com Jesus, e jesus só». Ccncen- (rande-se neste m em ento cm si m esm a p a ra se hutr.iihar, co m o costum ava, depois dos s c-j s transp o rte s dc am or. c o r.tin n a : < M cu Jesus, c aind a n:c suportais? Q u a n t0 .•r:ar\v penso em meus deméritos, m ais c o n fu n d id a tico. e só encontro meio dc me tra n q ü iliza r recorrendo pron~ tem ente à vossa imer.sa misericórdia, ó compassivo Jesus!»

D e p o is desla ex p ansão dc a lm a . G e m a recupera os • r a t id o s e vi-sc com uma pena na m ã o d ia n te da carta ii'ii'.eçada. Retom a o seu assunto com a m a io r

scm-ceri-■ : .ó n i a : * P ‘ii. para or.de vai agora o m eu pensamento? / ’. r.i i> belo d ia de m inha primeira c c n iu n h ão . O ntem . f»"t. i .Zn ( dc Jesus, experimentei c e novo o júbilo deste mi f/i.-). O a íe m de novo gozei o Paraíso. M ax,

•' j , í o um só dia. qu an d o é cerro que mais tarde o </xK\ircr)io\ jMr.t ,vrri|irc?

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C A P I T u I O I I

i

c Q c ia da m inha primeira co>r;i:n/i.io /ot. posso .i/ír- m á - í o , a ç u é f c e/r: q a c o m e t i " c o r / ip ã o í c c n c o n f r o r j r/sa/s abrasado de am or por Jesus. C om o c u e r a q u a w / o r possuindo Jesus, p o d i a cxziam ur: Ú met: D eus. o vosso C oração é meu. O çu e [az a vossa felicidade potle tam ­ bém la ze r a m inha. Q u e fa lta ra cntào i: m inha felici­ dade? N a d o » .

E G c m a entra d z n o v o ctr. si pata sc h u m ilh a r : « Ó P a i P ai. m as r.em todos os dias se parecem: há elgitns e/r. que ter.h.o vergonha de mim. O h ! Q u a n ta* rezes tenho cedido aos atractivos do mur.de>! Q u e J a u s /•io tome de-pressa o c o r a fâ o c o guarde para si. sc v não quere ver a in d a bem cedo roubado pelos meus pecados».

N u n c a cu te rm in a ria sc quisesse re p ro d u s if por co m p le to os p ensam entos c sentim entos expressos nas carta* d e G c m a . ccni u m a e lo q üê n cia sem pre no va. sóbre o assun to d a sua prinícir.i co m u n h ão . O pouco que re- p rocu= i b a sta rá pnra m o stra r em que a h u r a p j.r a v a . J o n jc d a s b a ix e la s d a terra, o g ra n d e c o ta ç ã o deste ar.jo. desde a id a d e d o s nove anos.

D ito s a criança, bem cedo to

fei

c o n c e d id o conhccer

os

m istérios

do

reino

do

D e u s. ocultos

ã

m a ic r parte dos hom ens, c saborear a s u a v id a d e c e !« t c d o M .u m Li:<.n- rístico p re p a ra d o por A q u ê lc evie disse: « P que ú v m :r a m inha carne c beber o meu sangue terá a rida eterna.

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C a r á c te r de G e m a — Seu espírito dc p ie d a d e — M o r t e d c seu p a i e dc seu ir m ã o E u g ê n io • • • / — tíSS tSCH -« | ' - *

^ \ V E ? o :s das restas d a sua primeira co m u n h ão . G e m o re te m o u com ardor a v id a escolar. a---' M e stra s e a lu n a s , que tinhaci n o ta d o desde o p rin cip io as raras disp o siçõe s da recím -vinda. n ã o sc cansav am de a a d m ira r. E n tre ta n to a santa m cnir.a p r o ­ c u rav a d is s im u la r as suas q u alidad es p ara perm anecer desconhecida. N ã o o co nseg uia, de tal m o do tr a n s p a ­ recia a c a n d u ra cesta bela a 5c»a cm tôda a sua pessea e so b re tu d o nos olhos. « G o r a . Gem a. lhe disse um dia urr.a d a s suas m estras. .<e eu não lesse nos teus olhos não tc conhecia».

E m b o r a fõsse das m a is novas d a a u la. in sp irava ia l respeito q u e (òdas a tra ta v a m com o mais v íln a . « E r a a aí/na d a cscola. atesta u m a o utra mestra, e nada se fa zia ai sem c/a. T cdas as com panheiras a estimai-am c g o s - ía f a m de a associar às suas festas e brinquedos; e n ã o obstante G e m a fir /ia um a natureza pouco expansiva.

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'_'0 S A S T A G E M A C A L C A S } I

b re v id a d e d c palavras, acção decidida e m an d ra s p er rezes jparcnlc.T .ctilc rudes*.

A s s im sc m a n ife s ta v a n o exterior. M a s no exterior s ò n e n t c . p e rq u e o seu te m p e ra m e n to era m u ito dife re n te . C o n fe ss o u - m c rnvitas vezes que to m ava de p ro p ó sito

C a^ip ííano ■— Igreja paroquial dc S or.de o Santa foi

Referências

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