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horas da manhã, no dia 21 dc M aio de 1899, que tive

No documento Santa Gema Galgani (Parte I) (páginas 105-144)

dc partir,

escreveu ela;

pedi. chorando, a benção à Supe­

riora. saüdci

as

religiosas e saí. M eu Deus, que dor!*

A pobre m e n in a e ntro u co nsternad íssim a em sua casa, a q u a l tão d ife re n te lhe pareceu d o co n v e n to q u e ju lg o u n ã o p o d e r v iv e r n e la. C o m o eram diferentes as ocupações, as pessoas, a s conversas. T o d a v ia , p ara c u m ­ p rir a v o n ta d e de D e u s . acom odou-se e entregou-se aos cu id ad o s dom ésticos co m o ard o r d c antes. V ia por o u tro la d o que estes c u id a d o s n ã o lhe desv iavam a a te n çã o d a s coisas celestes, as ú n ic a s q u e a p a ix o n a v a m o seu coração.

A b a fa n d o na a lm a as suas tristezas e a sua d o r. asp irav a ao c u m p rim e n to perfeito d o s seus deveres p ara com as tias e os irm ã o z in h o s . C onservava-se inteiram en te a o seu serviço, e com o exem plo anim ava-os à paciência n o n e io d a p enúria sem pre crescente d a sua tã o p r o ­ v a d a fa m ília .

E n tre as piedosas p rátic as d a san ta d o n ze la nesta época, conta-se a q u e v a m o s descrever.

S ab em o s q u ã o ternam ente a m a v a seu p ai. a q uem «n-.pre ccrcora de atenções filiais a té a o ú ltim o suspiro.

tp o is d a sua morte, êste afectcv traduziu-se por c o n tí­ n u o s s u frág io s pelo rep o uso de sua a lm a . D u r a n te a

C A P I T U L O V I S3 < i

estad a em casa d a tia de C a m a lo re . la m u ita s- v e ze s; a c o m p a n h a d a de sua p r im a , à ig re ja d a A b a d ia , co m o que em d e v o ta ro m a g e m , p a ra lá re c o m e n d a r à V ir g e m S a n tís s im a a a lm a d e seu p a i. D c v o lta a L u c a , n ã o d e i­ xou p a s s a r n e n h u m d ia d e festa sem ix a o ce m itério com s u a ir m ã J ú lia o rar sôb re as c a m p a s d e seus q ue rid o s pais.

E ag o ra,, d e v o lta d o co n v e n to d a V is ita ç ã o . G e m a retom a co m m ais fervor a m esm a p rá tic a d e p ie d a d e filial. D e p o is d e o u v ir m issa e de receber o P ã o E u ­ carístico, dirige-se co m a su a q u e rid a c o m p a n h e ira p a ra o ce m itério , s itu a d o fo ra d a c id a d e . A í p e rm a ­ necem a m b a s a té a o m eio-dia, h o ra a q u e se fe c h a m as portas.

E n tr e ta n to a sua p ie d a d e n ã o está a in d a satisfeita, e esperam fo ra a reabertura d o cem itério, silenciosas, re c o lh id a s e sem se im p o rta re m nem com c h u v a n e m com frio o u calo r.

U m d ia u m a v iz in h a pobre v iu d o seu casebre as d u as m e n in a s expostas n o c a m in h o p ú b lic o à s in te m p é ­ ries d a e stação . C o n v id o u - a s a abrigarem -se. e sab e n d o q u e estav am em je ju m , ofereceu-lhes u m a p e q u e n a re fe i­ ç ã o . V e n d o d e perto as d u a s irm ã s , n ã o ta r d o u a g anh ar- -Ihes a fe iç ã o e arrancou-lhes a prom essa de v ire m sem ­ pre re p o u sa r em sua h u m ild e c h o u p a n a . •

D e p o is d is to aconteceu m u ita s vezes à s piedosas m e n in a s e n c o n tra re m ausente a caridosa h o sp e d e ira; m u ito tím id a s p a ra irem b a te r a o u tra p o rta , ficavam sem a lim e n to a té a o fim d o d ia . E q u a n d o se retirav am n ã o ia m a in d a d ire c ta m e n te p a ra casa. O u v in d o os sinos d a c id a d e c h a m a r os fiéis à s ce rim ó n ias d a ta rd e . deti-

S4 ;

S A N T A G E M A G A L G A N I

\

n h a a - s c n a lg u m a ig re ja p a ra assistirem à b ê n ç ã o d o Santíssim o Sacram ento. . .

A ssim a c a b a v a m de sa n tific a r o d ia estes d o is a n jo s , depois de terem d a d o u m a in te ira sa tis fa ç ão ao s seus sentim entos d e p ie d a d e filial.*

D e s p e d in d o G e m a , a 21 de M a i o déste a n o , as V isi- tan d in a s n ã o lh e tin h a m tir a d o t ô d a a esperança de a tornar a receber, q u a n d o as d ific u ld a d e s q u e sobrevieram fóssem a p la n a d a s . A santa p o r s u a v i z , em bora n ã o encontrasse o seu id e a l neste c o n v e n to , a êle v o lta r ia de boa v o n tad e , a in d a que fósse s ò m e n te p a ra fu g ir à v id a secular.

A c o n s a g ra ç ã o a o S a g r a d o C o r a ç ã o , de q u e o S e ­ n h o r lhe t in h a fa la d o n o m o m e n to d a sua c u ra m ir a ­ culosa. interpretara- a ela n o s e n tid o d e c o n s a g ra ç ã o religiosa n u m m osteiro d a V is ita ç ã o . A f i n a l era sim p les­

mente um m eio de apressar a su a to ta l tra n s fo rm a ç ã o cm D e u s pela d o r e pelo am or. G e m a . p o ré m , to m a n d o á letra as p a la v ra s d o S a lv a d o r , s u s p ira v a a in d a e su s­

pirava ard e n te m e n te , pôsto q u e co m re sig n a ção , pela v id a c la iis tra l e reno vava sem se c a n s a r o p e d id o de ad m issão a o no viciado.

E n tr e ta n to as d ific u ld a d e s lo n g e de desaparecer, iam-se m u ltip lic a n d o . E x ig ia m a g o ra ce rtific a d o s d o m é ­ dico e n ã o sei que outros a te sta d o s d ifíc e is de o bter. A lé m disso, com o todo o seu d o te co nsistia única- mente n a s u a g ra n d e virtud e e em seus m odestos v e s tu á ­

rio*. as V is ita n d in a s , com o n o p r in c ip io n ã o tivessem txJo lito em consideração, j u l g a r ^ n e n c o n tra r a g o ra c o n o te m p o e com novas reflexões, u m o b s tác u lo in s u ­ perável.

A s a n ta m e n in a de-pressa c o m p re e n d e u a h esitação dessas bo as religiosas» m a s sem se p e rtu rb a r. C o m a sua c o n fia n ç a h a b itu a l voltou-se de n o v o p a ra o S e n h o r, q u e lh e d e u claram e n te a e n te n d e r d e sta vez q u e a m isteriosa c o n s a g ra ç ã o n ã o d iz ia respeito à v id a re lig io sa , pelo m enos n a o rd e m d a V is ita ç ã o . G e m a d e ix o u im e d ia ta ­

m ente de in s ta r e esperou n o seio de su a fa m ilia , com re sig n a ção e c a lm a , q u e se m a n ife sta sse m e lh o r a v o n ­ ta d e d o céu acêrca d o seu fu tu ro .

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P r o d íg io s d e c s tig m a tix a ç á o

— 8 ác JunKo i c tS^J’—

EPRODUZIR em sua p e sso a u m a p e rfe ita im a g e m d e Jesus, ta l e ra a su p re m a a s p ira ç ã o d e G e m a ; e co m o o F ilh o d e D e u s p a ra re s g a ta r as nossas a lm a s e g a n h a r m a is eficazm ente os n o sso s co raçõ e s a p a re c e u n o m u n d o , so b a fo rm a d a d o r, s u a fiel serva n ã o q u e r ia co n h e c e r s e n ã o a Jesus C r u c ific a d o .

O s m is té rio s d a s g r a n d e z a s d iv in a s p are c iam p r e o ­ c u p a r p o u c o o seu e sp írito . < A h l o m eu B em - A m ado. d iz ia e!a c o m a E s p ô s a d o s C a n ta re s , i p a ra m im u m feix e de m irra: n ão q u e ro considerar nêle o u tra coisa, p o rq ue f o i a p a rfe q u e escolheu. V i q uem q u iser c o n te m p là- lO n o T abor. eu fic o n o C a lv ário , em co m * p a n h ia de m in h a querida M ã i das D ores*. G e m a n ã o q u e r ia o u tra s im a g e n s de d e v o ç ã o a lé m d a s q u e r e p r e ­ s e n ta v a m a Je su s s o fre n d o p o r nós.

P e q u e n in a a in d a , o uvia-se d iz e r m u ita s vezes a s u a p ie d o s a m ã i: « M a m ã , falai-m e d a P aix S o d e Jesus*: e à s m estras d o in s titu to G u e r r a : tlr m ã s . cxplical-me

___ . . _ --- -- - - - W « I 4* u n *1 I r

a lg u m p o n to dos mistérios dolorosos de Jesus*. E bem sc r e c o rd a m d a s q u e era preciso ter u m a g ra n d e p ru d ê n c ia n a s a tis fa ç ã o dêste s.san to s desejos, co m receio d c q u e a v iv a e m o ção , sem p re p ro v o c a d a n e sta a lm a terna pela n a r r a tiv a dos so frim e n to s de seu B e m - A m a d o Jesus, lhe ca u s a sse q u a lq u e r p e rtu rb a ç ã o de sa ú d e .

T a is p rincíp io s, lo n g e de se d e sm e n tire m , pela v id a a d ia n te , de-pressa fo ra m seg uido s d e a d m iráv e is p r o d í­ g io s. q u e vieram revelar d u m m o d o e v id e n te e co roar, a c o m p le ta tr a n s fo r m a ç ã o d c G e m a e n Jesus C r u c i­

fic a d o .

V im o s co m o o S a lv a d o r , a-fim -de in fla m a r a d e v o ­ ç ã o d c su a serva p a ra com sua d o lo r o s a P aix ão , lh e a p a re c ia a lg u m a s veres to d o co berto d e sang ue e pela v is ta s u rp re e n d e n te d a s suas c h a g a s a b e rta s a estim ulava a a rn á - lO e a sofrer p o r Êle.

E ss a s visões so b re n atura is e in e fá v e is entrevistas d is p o s ta s com u m a p ro v id ê n c ia m u ito p articu lar, iam p r e p a r a n d o g ra d u a lm e n te a sua a lm a p a ra o do m in a ­ p re c iáv e l que lh e reservava o S a g r a d o C o ra ç ão .

D e p o is de ter saido d o c o n v e n to d a V is ita ç ã o . G e m a o u v iu um a vo z m isteriosa dize r- lh e com fòrça ao o u v id o : « V a m o s , ío m a coragem ; esquece tôdas as cria - tu ras: abandona-te sem reserva a D e u s . A m a - 0 m uito, n ã o op onh as nenhum obstáculo aos seus desígnios, e verás o cam inho que em pouco fe m p o fe fa r á percorrer, sem tu m esmo o notares. A fa s ta todo o tem or; o C oração de Jesus é o trono d a m isericórdia, em q u e ós miseráveis s ã o os m ais bem acolh idos».

R e c o n fo rta d a p o r estas p a la v ra s , a s a n ta , voltan- d o - jc p a r a u m a im ag e m d o S a g r a d o C o r a ç ã o , ex clam a:

C A P I T U L O ' . ‘ V 1 1 89

• » . %

* * . * l *

< ó m e u Jesus, q u e ria am ar-V os. m uito. m uito: m as

' r.ão sei*. . . • - .

c E a v o z s o b r e n a tu r a l c o n tin u o u : « Q u e r e s am ar v sem pre

a

Jesus? N S ó deixes u m m o m enío d e sofrer por

Ê le . A cruz é o trono dos verdadeiros am antes; a cruz é. nesta vida, o patrim ôn io dos escolhidos».

F in a lm e n te , um d ia o u v iu d e p o is d a S a n ta C o m u ­ n h ã o o p róp rio Jesus dizer-lhe: « G e m a , coragem ! espe- ro-te no C alvário, sòbre esta m o n ta n h a p ara a q u a l te d ir ig i>.

Ê realm ente p a ra éste nobre p o n to de r e ü n iâ o q u e a P ro v id ên c ia a tin h a e n c a m in h a d o p e las m ultíplices p ro v a s d a v id a d o m éstica , pelas a tro ze s dores de sua lo n g a d o e n ça , e recentem ente p o r u m retiro de trés sem a­ n a s na V is ita ç ã o , p o r u m a rre p e n d im e n to e x tra o rd in á rio de suas faltas, por u m a co n fissão g e ra l a c o m p a n h a d a de m u ita s lá g rim a s , pela recusa d a s m esm as V is ita n d in a s em a receber no n o v ic ia d o , n u m a p a la v r a , pelas g raças e x tra o rd in ária s p ro d ig a liz a d a s à v ir g e n z in h a d c L u ca . desde a sua cura p ro d ig io s a a té êste d ia . A g o r a q u e sua a lm a b rilh a com u m a p u re za id e a l. Jesus convida-a a o

C a lv á r io .

C ocxesponde. sim , a o seu co nv ite, p re d e stin ad a m e ­ n in a . e deixa-te tra n s fo rm a r em teu E s p ô s o C ru c ific a d o .

A & de Ju n h o de 1899. véspera d a g ra n d e festa d o S a g r a d o C o ração , a lg u n s m o m ento s d e p o is de c o m u n ­ g a r , d e u o S e n h o r a e ntend er à su a p r iv ile g ia d a serva q ue. nessa mesma tard e , u m fav o r in s ig n e lh e seria c o n ­ c e d id o . Sem perda de tem p o , corre a in fo r m a r d is to o seu co nfesso r e pede-lhe m a is u m a a b s o lv iç ã o d e suas faltas. D e p o is , co m o espírito ch eio d e santo s p en sam e n to s, o C oração a tran sb o rd ar de p az e d u m a a le g ria fo ra d o co stum e, entrou em casa. \ •

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' C A P. I. T U l O • V I 1

9 1 .’

* ' ' -

« A tarde, c o n ta ela. f u i tomada subitam ente, e m ais' j de-pressa que de costume, d um uivo arrependim ento dos m eus pecados, m as d u m arrependim ento tão v iv o que n ã o m ais experim entei semelhante, julgan do- m e a p o n to de morrer.

<Pcuco depois, tódas as potências d e m in h a alm a entraram num m isterioso recolhim ento: a inteligência somente via os m eus pecados e o horror d a ofensa de D e u s: a m em ória recordava-mos todos, a ssim c o m o os torm entos su p o rtad o s por Jesus para m e salvar; a v o n ­ tade detestava-os, prom etendo sofrer tu d o p a ra os expiar. O n d a s de sentim entos se c o m p rim ia m n o meu coração: sentim entos de dor, de am or. de e sp e ra n ça , de co rag e m , de tem or.

<A éste recolhim ento interior sucedeu cm breve a perda dos sentidos, e encontrei-me cm presença d c m inha A íõ i celeste. T in h a à sua direita o meu A n jo , q u e antes dc tudo me ordenou que recitasse o acto de contrição.

« Q u a n d o term inei, m inha M â i d ir ig iu -me estas pa- la v ra t: « M in h a filh a . Jesus quere fazer-te u m a g raça:

saberás tornar-te d ig n a d e la ? »

* A m inha m iscria não sabia que responder.

« M a r ia c o n tin u o u ; «S erei p ara ti u m a n ã i ; m ostrar- -te-ás p ara c o m ig o u m a v e rd ad e ira f ilh a ? »

E ste ndend o então o m anto cobriu-me com èle. N o m esm o in s ía n fe apareceu Jesus: suas chag as estavam abertas, m as n ã o saia sangue: saiam cham as ardentes. D e súbito estas cham as tocaram m inh as m ãos. m eus pés e o meu coração. Senti-me morrer e ia a cair. q u a n d o m inha M ã i me sustentou, conservando-me sem pre sob o seu m a n ío . F iq u e i m uitas horas nesta posição: cm se-

/-VI X J C M A ' . G T I X G Í 7 Í 7 < .

g u id a m in h a A /á t beijou-mc na fr o n te ,'e tu d o dcsapa- receu. Encontrei-m e a jo e lh a d a n o m eu q uarto .

* U m a fo rte dor persistia nas m ãos, nos pés. no coração, e notei, ao levantar-me. q u e destes lugares corria sangue. C ob ri o m elhor possível as partes d o lo ­ rosas: depois, a ju d a d a p e lo meu A n jo , p u d e su b ir para 0 leito*.

A s s im a d o r n a d a co m as jó ia s d iv in a s d o s d iv in o s estig m as. G e m a to m ava lu g a r ju n to d a c r u : entre as m ais belas e ele v a d as a lm a s , a o la d o d e S . F ra n c is c o de A s s is , de S a n t a C a ta r in a de S e n a , de S a n t a V e r ó n ic a G iu lia n i, ig u a lm e n te fav o re cid o s com éste d o m . P o d ia a p lic a r a si estas p a la v ra s d e S . P a u lo : «N in g u é m me seja molesto, porque trago cm meu corpo os estigm as d o m eu S en h or Jesus» (1 ).

Q u a n d o o S e ráfico P a tr ia r c a d e A s s is , recebeu a im p re ss ão d o s s a g ra d o s estig m as, sentiu-se c o m p le ta ­

m ente tr a n s fo r m a d o em D e u s pelo a m o r, m as o seu e m ­ b a ra ç o r.ão fo i p e q ue n o a o lem brar-se q u e n ã o p od eria o c u lta r aos o lh o s p ro fa n o s estas c h a g a s m isteriosas. P or co n se lho de se u s d iscíp u lo s d o A lv e r n e ( 2 ) . o S a n to 're so lv e u d issim ulá- las o m e lh o r possível.

P o d e ria G e m a to m a r se m e lh ante a titu d e , ela que iv iv ia. n ã o sôb re um m o n te s o litário , m as n o m eio do m u n d o e c e rc a d a de pessoas cu rio sas? N ã o p o d ia pri-

1 _

t1) O prodígio da esttgraatízaç5o deu-se. na casa n.* 13 da ^ u a BiscJooe onde Gema vivia eat3o com os seus.

(3) Moo te dos Aper.lr.os or.de S. Francisco recebeu o mira- W oso favor. '

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A P

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T u L Ô V I I * 98

/

. var-se d c ir à ig re ja , d e m a n h ã p à ra a S a n t a C o m u n h ã o c d e taede p a ra a v isita a o S a n tís s im o S a c r a m e n to . O r a . o s seus estig m as d e r r a m a v a m .s a n g u e em a b u n d â n c ia .* Q u e dev erá fa z e r ? T ô d a a n o ite sc in te r r o g o u a st m esm a sôb re èste p o n to .

Q u a n d o , a o rom per d o d ia . sc q u is le v a n ta r , m a l os seus pés to c ara m n o ch ão , e x p erim en to u u m a d o r in t o ­ le rável de q u e ju lg a v a m o rrer a c a d a in s ta n te .

C o n s e g u in d o em fim ter-se de pé. a jo v e m ca lço u as lu v a s p ara e sconde r as c h a g a s d a s m ãos c arrastou-se a tè à igreja.

D e v o k a a casa viu-se d u p la m e n te p e rp le x a : por u m la d o n ã o p o d ia c o n tin u a r a e n c o b rir o p ro d ig io . por o u tr o n ã o c o n h e c ia a sua s ig n ific a ç ã o precisa, nem sabia - se era fe n ó m e n o raro. se fre q üe nte e n tre as pessoas

piedosas.

S u p o n d o q u e tô d a s as a lm a s d e sp o sad a s co m C risto p e lo s votos de r e lig iã o recebiam estes sinais, fo i pregun- ta r a um a c a o u tra , com u m c o n s tr a n g im e n to cheio dc c a n d u r a , se a lg u m a s vezes lhes r.ão tin h a m s o b re v in d o feridas de tal e de ta l fo rm a. N e n h u m a re sp o sta a fir m a ­ tiv a . O u n a d a c o m p re e n d e m d o m o tiv o de su a s pregun- tas in g é n u a s , o u se riem d a sua s im p lic id a d e . •

E n tr e ta n to o s a n g u e corria sem pre p o r d e b aix o das lu v a s e G e m a decide-se a revelar o fe n ó m e n o a u m a de su a s tias. A p r e s e n ta n d o os braços e stend id os e as m ãos co bertas pelo m a n te lc te , d iz : < M in h a tia. vêde o que me f è : Jesus*. A tais p alav ra s e à vista da s p r o fu n d a s im ­

pressões s a n g re n ta s , a b o a senho ra fic o u estup efacta, t ã o lo ng e estav a d e ex p lic ar, co m o m a is ta rd e o fa r á . . t ã o estranh o m istério .

94 S A N T A G E M A G A L G A N I \

O leitor espera ce rtam ente p o r p a rtic u la rid a d e s sób re a n atu re za dos estigm as n a serva de D e u s , co m o é que apareceram , co m o e v o lu c io n a v a m e p o r q u e tem p o p erm an eciam . É o q u e passo a e x p o r, n o ta n d o antes de tu d o que êste fe n ó m e n o m ístico, e m b o ra raro , n ã o é n o v o

na v id a dos S a n to s . .

E m diferentes séculos fo i 'éle a d m ir a d o em m u ito s dos m aiores v u lto s d a Ig r e ja , a lg u n s dos q u a is , com o os já referidos, estão c a n o n iz a d o s . F o i v e rific a d o d u m m o d o p articu lar n o -último século p o r m ilh a re s de teste­ m u n h a s n a pessoa d a virgem b e lg a , L u íz a L a te a u , a q uem ex a m in aram , sob o p o n to d e v is ta fisio lóg ic o , s á ­ bios m édicos católicos e ra c io n a lista s e, sob o p o n to de v ista teológico, do uto re s ig u a lm e n te d is tin to s p o r sisa ciência e v irtu d e , que p u b lic a ra m sóbre éste caso p a r ti­ cu lar volum es inteiros.

N a virgem de L u c a a e s tig m a tiza ç ão . d e p o is de se ter m a n ife s ta d o a p rim e ira vez p e lo m o d o que ac ab a m o s de ler. reproduziu-se. d u r a n te d o is ano s, tõ d a s as s e m a ­ nas. em d ia e hora fixos, isto é. na q u in ta - fe ira pelas oito horps d a noite, p ara desaparecer n a sexta às três horas d e p o is d o meio-dia.

E x c e p tu a n d o o re c o lhim e nto p recu rso r d o êxtase, n e n h u m sintom a físico, n e n h u m a im p re ssão d o lo ro sa a n u n c ia v a a sua a p ro x im a ção . M a s de-repente. com o êxtase, via-se aparecer r.as costas d a s m ãos e n o centro das p a lm a s u m a m a n ch a v e rm elh a; p rog ressivam ente abria-se sob a epiderm e e n o vivo d a carne u m a fe n d a , irre g u la rm e n te circular n a s palm a$ e o b lo n g a n a face o p o sta. E m fim a ep iderm e rasgava-se, p o n d o a d e s ­ coberto u m a ch a g a v iv a d u n s b o n s d e z m ilím e tro s de

la rg o p o r v in te de c o m p r id o n a p a lm a , e sóm ente com d o is m ilím e tro s de la r g o n a s costas d a m ã o .

Esta. fe n d a , a lg u m a s vez.es m u ito sup e rficia l e m esm o q u á s i invisív el a õ lh o n u , a tin g ia d e o rd in á rio u m a g ra n d e p r o fu n d id a d e , p arecendo até atravessar tòda a espessura d a m ão . q u e se d iria tre sp assad a de lado a la d o . D iz e m o s parecendo até atravessar, porq ue , ver­ tendo as feridas s a n g u e em parte c o a g u la d o e fe c h an ­ do-se lo g o que o s a n g u e p a ra v a , seria preciso, p ara ter a certeza, s o n d á - la s 'c o m a u x ilio d u m estilete m édico, o que n u n c a se o u so u , p e lo tem or reverenciai q u e insp irava a extática neste estad o m isterioso.

A lé m disso a o p e ra ç ão seria d ifíc il: as m ãos intei- riçavam-se c o n v u ls iv a m e n te sob a o pre ssão d a d o r, e a ab e rtu ra d a s c h a g a s fic a v a coberta. n a face p a lm a r, por u m a p ro tu b e râ n c ia q u e à p rim eira v ista se ju lg a ria ser u m a r e iin iã o de g ru m o s de sang ue , m as q u e n a realidade era c a r n u d a e d u ra ; levantava-se nos b o rd o s, inteira­

m ente livres, a fe c ta n d o a fo rm a d u m a cabeça de prego de do is ce n tím e tro s e m eio de d iâm e tro .

O s estigm as d o s pés, m aiores e ceccados de côres lív id a s, a p re se n ta v a m , a o c o n trá rio d o s d a s m ãos. no peito d o pé u m d iâ m e tr o m a io r d o que n a p la n ta . A lé m disso, o d o p é e sq u e rd o era tã o la rg o n a face superior, com o o d o pé d ire ito n a p la n ta , o q u e é n a tu r a l se os pés d o R e d e n to r fo ram p re g a d o s à cruz p o r u m só cravo, te n d o o d ire ito so b re p o sto a o esquerdo.

A lg u m a s vezes, em lu g a r de se forrqarem pouco a pouco n o espaço d e cin c o a seis m in u to s , co m e ça n d o sob a pele o u epiderm e , as feridas abriam -se instantânea- m ente. c o m e ç a n d o d o exterior, co m o sob o im p u ls o vio-

S A N T A G E M A G A L G A N I

le n to d e cravos invisíveis. E ra e n tã o u m s u p lic io ver a q u e r id a m ártir, assim ferida de im p ro v iso , trem er de d o r em todos os m úsculos dos braço s, d a s pernas, de to d o o corpo.

À abertura d o la d o raram ente fo i o b se rv a d a e por p o u ca s pessoas. N in g u é m ousav a de sc o b rir, p a ra um a sim p les satisfação de curiosidade, a sua ca rne v irg in a l. F o i por isso que eu mesmo me privei d a c o n s o la ç ão de a v e r. M a s . a ju lg a r pela a g u d e z a d o so frim e n to , que pene­ tra v a a té ao m ais in tim o d o co ração , d e v ia êle a tin g ir ta m b é m esta viscera. D e m a is , sc o fim d o S e n h o r na r e a liz a ç ã o de tais p ro d íg io s é traçar em a lg u n s d o s seus servos p rivileg iado s u m a v iv a c p e rfe ita im a g e m de Jesus C r u c ific a d o , n ã o h á m o tiv o para su p o r que a re p ro d u ção n ã o s e ja com pleta.

F a z e n d o a au tóp sia d u m a serva d e D e u s ig u alm e n te e s tig m a tiz a d a , Jo a n a da C r u z . os ciru rg iõ e s no taram , co m e sp an to , qúe a ferida d o la d o atra v e ssav a o p u lm ão p a ra a tin g ir em cheio o coração. O m esm o teria sido v e r ific a d o em G e m a . se o p ro d íg io n ã o tivesse cessado p o r co m p le to do is ano s a n te s d a su a m orte.

N e s ta santa d o n ze la, o estigm a d o la d o ap re se nta va a fo r m a du m crescente, com as e x tre m id a d e s v o lta d a s p a ra c im a . O seu co m p rim ento em lin h a recta era de seis centím etros: a la rg u ra , no m eio. d c três m ilím etros: e a c u rv a tu ra ig u a la v a a d u m arco d o m e sm o tam ar.ho. te n d o u m a flecha de m eio centím etro.

A fo rm a de crescente, nova entre os e stig m a tiza d o s c o n h e c id o s, causava-me espanto, e m q u a n to n ã o vim a sab er. p e la leitura da v id a d a V e n e r á v e l D io m ir a A lle ­ g ri. flo rc n tin a , d o século' xvit, q u e esta serva d e D e u s

C A P t T U L Ò

V J I

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tin h a recebido u m estigm a d e asp ecto id ê n tic o , se g u n d o a d e c la ração , ce rtificada p o r ju r a m e n to , dos m édicos en carre g ad o s de a e x a m in a r c de m u ita s o utras teste­ m u n h a s oculares.

A ó .ic í.j efe Cem jíore. O exterior da igreja

U m a form a tão bem d e f in id a , reaparece ndo três séculos dep o is, perm ite a c re d ita r em u m a co n fo rm ação co rresp ond ente d o ferro d a la n ç a q u e atravessou o lado d o S a lv a d o r.

E s ta ferida produzia-se cm G e m a . u m a veres in s­ ta n ta n e a m e n te e d o exterior, co m o se fôsse ab erta por u m a la n ç a d a , o utras p ou co a p o u c o e co m e ça n d o d o in te ­ rior. N o ú ltim o caso viam -sc a p r in c ip io aparecer, era n ú m e r o sempre crescente, p e q u e n in o s o rificics verme-

98 S A N T A G E M A G A L G A N I *

lh o s ; depois a pele rasga'va-se, d e ix a n d o ver a c h a g a tã o im p re s s io n a n te jà d escrita.

O sangue corria em ta l a b u n d â n c ia que os vestidos in te rio re s ficavam e n s o p a d o s . A h u m ild e v irg e m esfo r­ çava- se o m ais possivel p o r encob ri- lo: a p lic a v a sôbre o

p e ito u m p an o d o b r a d o m u ita s vezes q u e lhe era preciso r e n o v a r freq üe ntem ente e q u e ela la v a v a em segredo.

T o d a v ia a flu ê n c ia d o s a n g u e n ã o era c o n tín u a . R e c o m e ç a v a com in te rv a lo s , m a is o u m enos longos, d u r a n te os q u a is a c h a g a secava a lg u m a s vezes, a p o n to d c . s e n d o la v a d a , parecer em v ia de c u r a . M a s . com o n ã o se tra ta v a d u m fe n ó m e n o n a tu r a l, a o p rim e iro in cê n d io <io fo g o m isterioso q u e se m a n tin h a n o in te rio r, a ferida in fla m a v a - se de n o v o e o s a n g u e c o rria em g ra n d e q u a n ­

tid a d e .

E m m uitas de suas ca rtas G e m a fa la d a chaga d o la d o : « E s fa m an h ã. pelas d e z horas, d iz ela. o m eu cora­ ç ã o batia, b a tia ... Sentia-m e e n fra q u e c e r... A dor d o c o ra ç ã o sucedeu urr.a d o r m u ito fo rte cm todos os m em ­

bros; m as o que precedia e u ltra p a s s a ra tu d o era a dor d o s meus pecados. C o m o é intensa esta d o r! Se aum en­

No documento Santa Gema Galgani (Parte I) (páginas 105-144)

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