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Reflexão Pessoal. O behaviorismo de John Watson e o seu contributo para a psicologia

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Academic year: 2021

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Reflexão Pessoal

O behaviorismo de John Watson e o seu contributo para a psicologia

Neste primeiro tema, começamos por estudar a origem da psicologia até à sua afirmação quanto ciência autónoma. Verificámos que no final do século XIX com o investigador alemão Wundt houve um esforço para tornar a psicologia uma investigação objetiva da consciência, adotando métodos e técnicas próprias das ciências experimentais. Houve uma tentativa de separação em relação á filosofia mas fracassou por causa do método introspetivo, demasiado incerto e subjetivista. Por outro lado, houve uma nova teoria criada por Freud, chamada psicanálise, que levou a psicologia para o estudo do inconsciente da vida mental, interessando-se pelos estudos de pessoas que sofrem de perturbações psicológicas: as neuroses. A psicologia recebeu ainda um contributo importante por parte do investigador suíço Jean Piaget: o desenvolvimento infantil no que diz respeito à inteligência (construtivismo), outra escola da psicologia, chamada Gestaltismo, afirmou que o objeto de estudo desta nova ciência era composto pela perceção e operações de pensamento, defendendo uma abordagem holista, contra a perspetiva associacionista de Wundt. Por último, a definição da psicologia como estudo do comportamento do Homem e do animal foi concebida pelo psicólogo norte-americano John Watson. O problema desta nova teoria, derivada do termo inglês “behaviour”, era a exclusão dos processos mentais, pois estes não eram diretamente observáveis. Podemos afirmar que a ciência da psicologia surge com a teoria de behaviorista de Watson, pois consegue garantir uma separação clara entre o sujeito observador e o objeto observado. No entanto, como irei explicar, a teoria de Watson não é perfeita.

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Nesta reflexão pessoal vou fazer então uma apresentação mais detalhada da perspetiva behaviorista de John Watson. Este psicólogo norte-americano afirmava que os indivíduos são produtos do meio social em que vivem e o seu comportamento é o resultado das influências e aprendizagens. Ao deslocar o interesse do estudo da mente para o comportamento, aquilo que as pessoas fazem e é observável empiricamente, Watson revelou o seu contributo para a psicologia.

John Watson é considerado o pai da psicologia científica, pois demarcou-se de forma radical de toda a psicologia tradicional, que tinha por objetivo o estudo da consciência e por método a introspeção. Não nega a existência da consciência nem a possibilidade do indivíduo se auto-observar, mas considera que os estados de espírito, bem como a procura das suas causas, só podem interessar ao sujeito no âmbito da sua vida pessoal.

Watson considera que com Wundt a psicologia teve uma falsa partida pois este não foi capaz de romper com as conceções tradicionais. Para se constituir como ciência, a psicologia teve de cortar com todo o passado e constituir-se como ramo objetivo e experimental da ciência. Watson pretendia para a psicologia o mesmo estatuto da biologia. Logo, para se constituir como ciência rigorosa e objetiva, o psicólogo terá de assumir a atitude do cientista, trabalhando com dados que resultam de observações objetivas e acessíveis a qualquer outro observador. O psicólogo terá de renunciar à introspeção e limitar-se à observação externa, à semelhança das outras ciências.

Só se pode estudar diretamente o comportamento observável, isto é, a resposta (R) de um indivíduo a um dado estimulo (E) do ambiente. Para Watson, o comportamento é, assim, toda e qualquer resposta observável de um organismo a um determinado estímulo, ou seja, é o conjunto de respostas observáveis a estímulos igualmente observáveis do meio em que um organismo se insere. Por estímulo, entende-se todo o objeto do meio geral e toda a modificação dos tecidos devido à condição fisiológica do animal, tal como a modificação que surge se um qualquer organismo for

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privado de atividade sexual ou de comida, ou de construir o seu refúgio.

Por resposta, entende-se tudo o que o animal faz, como aproximar-se ou afastar-se de um objeto, estremecer a um ruído, ou então atividades mais organizadas, tais como a construção de um prédio, a procriação dos filhos ou ainda a redação de livros.

Watson chegou mesmo a estabelecer uma fórmula que prevê o comportamento: R=f(s), isto é, a resposta (R) depende da situação (S). O estabelecimento de leis do comportamento resulta do estudo das variações das respostas em função da situação. O Psicólogo deverá ser capaz de, conhecendo o estímulo, prever a resposta e, inversamente, conhecendo a resposta, deverá identificar o estímulo ou situação (conjunto de estímulos) que provocou essa resposta. O behaviorismo não é apenas uma psicologia de reação, mas uma ciência do comportamento, que recorre ao método das ciências objetivas, como os da medição e observação exterior sistemática. O comportamento supõe adaptações ou ajustamentos constantes. Estas adaptações têm uma série de aspetos que dizem respeito tanto ao meio interno (fisiológico) como ao meio externo (social).

Para defender a sua teoria, Watson afirmou que os fatores ambientais e educacionais têm grande poder no nosso comportamento, ao contrário do fator hereditário, que tem pouca relevância.

Watson defendeu que todo o nosso comportamento é exclusivamente influenciado pela experiência, por fatores sociais e educativos, ou seja, somos produtos do meio e por ele somos modelados. A observação do que fazemos permite, com uma certa segurança, prever o que faremos. Como o comportamento humano é determinado pelo meio, alterando as situações, poderemos modificar os comportamentos.

Watson declara insignificante a influência dos fatores hereditários no comportamento humano, ao contrário do que foi afirmado por psicólogos no início do séc. XX, como por exemplo Arnold Gesell

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com a teoria maturacionista. Para John Watson era inaceitável conceber o desenvolvimento como uma sequência geneticamente determinada, em grande parte alheia às influências ambientais. A teoria ou modelo mecanicista defendida por Watson não atribuía importância alguma ao processo maturacional. O desenvolvimento é modelado pela experiência, estimulado pelo meio, resultando a aquisição de novas competências da ação de fatores externos.

Para Watson o desenvolvimento individual é um processo lento, gradual, cumulativo, sem alterações bruscas de ritmo. Esta forma de conceber o desenvolvimento acentua a mudança quantitativa: o desenvolvimento é contínuo, ou seja, conhecimentos, aptidões, competências e habilidades acrescentam-se gradualmente a um ritmo relativamente uniforme e deste modo se produzem mudanças significativas.

Assim, é possível afirmar que John Watson contribuiu significativamente para a psicologia, mais precisamente para a sua definição como cientifica.

Contudo esta perspetiva foi criticada. Os behavioristas não pretenderam ser apenas meros observadores imparciais dos comportamentos, das atividades dos seres que estudavam. Agrupando os factos e experimentando, quiseram controlar a conduta, considerando que as reações dos seres humanos podem ser previstas e manipuladas como outras reações naturais.

Esta escola psicológica norte-americana negligenciou aspetos relacionados com a hereditariedade, como já acima referimos, um facto que é relevante, pois em tom de crítica ao behaviorismo radical de Watson podemos afirmar que há uma componente genética bem marcante em muitos aspectos do comportamento. A preocupação dos behavioristas em reduzir a investigação que é observável e mensurável levou a uma abordagem cada vez mais molecular, onde os problemas estudados se tornavam cada vez menos significativos. Existem alguns processos, como os cognitivos, que não são diretamente observáveis e nem por isso tal implica que eles não possam ser investigados.

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Depois de exposta a teoria do Behaviorismo/Comportamentalismo, de John Watson, exponho a minha opinião afirmando que estou de acordo com este psicólogo em relação ao seu ponto de partida da investigação. Com base nas suas pesquisas e estudos, Watson demonstrou que o comportamento dos seres humanos é exclusivamente influenciado pela experiência, por fatores sociais e educativos. O homem é um produto social.

A experiência de Watson com «Little Albert», demonstra o primeiro humano cujo comportamento foi condicionado numa experiência laboratorial. No meu portefólio em formato digital apresento um vídeo sobre esta experiência behaviorista e indico nesse local os problemas inerentes à aplicação rígida dos princípios behavioristas, além das questões éticas delicadas que a própria experimentação de Watson colocou.

Outros exemplos que demonstram que o comportamento não é influenciado pelo fator hereditário são, por exemplo, o de crianças que são abandonadas pelos progenitores e recebem influência dos animais que as acolhem, no seu período de maturação infantil, como já foi visionado em reportagens e objeto de estudos científicos. Estas circunstâncias extremas, casos que podemos designar de «experiência invocada», revelam que as chamadas «crianças selvagens» comportam-se de um modo inigualável ao do Homem, pois foram sujeitas a condições ambientais, sociais e educativas totalmente diferentes. Também podemos supor uma situação inversa, a saber, que há casos em que as condições ambientais não representam fatores determinantes para as aquisições comportamentais e traços psicológicos de personalidade, por exemplo, as crianças cujos pais são pedófilos ou assassinos, que acabam por se tornar polícias ou paladinos, defensores, agentes do bem, pois a personalidade ou os valores dos seus progenitores não se transmitem hereditariamente. O comportamento é um conjunto de respostas observáveis a estímulos igualmente observáveis provenientes do meio em que um organismo se insere, como é explicado na teoria behaviorista de John Watson. Contudo, creio que um erro que podemos apontar à teoria behaviorista é a tentação

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de explicar causalmente, assumindo uma relação de causa-efeito de tipo necessitante e determinista.

Em suma, o Behaviorismo ou Comportamentalismo procura dar o estatuto de ciência à Psicologia voltando-se, unicamente, à investigação do comportamento observável. Isto, no meu entender, não acontece sem erros – a teoria de Watson tem ainda várias debilidades e acima expus algumas delas que considero sérias acusações para a sua credibilidade.

Com esta reflexão crítica e pessoal, pode-se concluir que os conceitos behavioristas têm sido usados em várias áreas como acontece, por exemplo, no sistema de educação e nos métodos de ensino programado, o controlo e a organização das situações de aprendizagem, entre outros. No entanto, são muitas as críticas apontadas para estas teorias da aprendizagem, sobretudo porque parecem reduzir a explicação comportamental a um nexo causal demasiado simplista e redutor – a explicação mecanicista do comportamento, a que não é estranha a influência do reflexologista russo Ivan Pavlov, parece conduzir a psicologia humana ao nível básico de explicação que só encontra paralelo na psicologia animal. Por muito interessante que seja o behaviorismo de Watson, a dimensão mental e cognitiva dos processos de pensamento, as emoções, as estratégias de raciocínio individualizadas próprias de cada sujeito, devem ser consideradas na investigação comportamental. O ponto de partida das condutas observáveis é razoável, contudo, não posso considerar que se trate de uma teoria conclusiva e suficiente para captar toda a vida mental dos sujeitos psicológicos.

Referências bibliográficas:

 RODRIGUES,Luís(2009).Psicologia-B 12ºano - Unidade 2.Lisboa:Plátano

Editora

 ROCHA,Ana;Fidalgo,Zilda(1998).PSICOLOGIA – 12ºANO.Lisboa:Texto

Editora

Luís Caetano nº6

12ºB

Referências

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