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PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL. 1. Princípio significa começo, origem de algo, mas também significa preceito, regra, lei.

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PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 1. O QUE É UM PRINCÍPIO?

1. Princípio significa começo, origem de algo, mas também significa preceito, regra, lei.

2. Para Celso Antonio Bandeira de Melo (Elementos do Direito Administrativo, 1980, p. 230), princípios “são mandamentos nucleares de um sistema”.

3. A interpretação de regras é determinada pelos princípios.

4. Nas lições de De Plácido e Silva, princípios “significa as normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, ou como alicerce de alguma coisa. Revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica (23ª ed., p. 1095, 2003).

5. Os princípios orientam a atuação de outras normas.

6. São normas jurídicas primárias e nucleares, predefinem, orientam e vinculam a formação, a aplicação e a interpretação de todas as normas componentes da ordem jurídica.

7. A importância dos princípios é dada nas lições de Roque Antonio Carrazza (Princípios constitucionais tributários e competências tributárias, 1986, p. 13): “acutilar um princípio constitucional, é como destruir os mourões de uma ponte, fato que, por certo provocará seu desabamento. Já lanhar uma regra, corresponde a comprometer uma grade desta mesma ponte, que apesar de danificada, continuará em pé”.

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PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE

1. PRINCÍPIO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO

1.1 Significa que há um direito a que não se desequilibre significativamente o meio ambiente. 1.2 Deve-se conservar as propriedades e as funções naturais do meio ambiente, de forma a permitir “a existência, a evolução e o desenvolvimento dos seres vivos”.

1.3 A Constituição Federal, além de afirmar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, determina que incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, interditando as práticas que coloquem em risco sua função ecológica ou provoquem a extinção das espécies (art. 225, caput e seu § 1º, VII).

2. PRINCÍPIO DO DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA

2.1 Os seres humanos não têm somente o direito à vida, mas a uma vida saudável.

2.2 Toda pessoa tem direito de viver em meio ambiente sadio e a dispor dos serviços públicos básicos. Os Estados promoverão a proteção, preservação e melhoramento do meio ambiente.

3. PRINCÍPIO DO ACESSO EQUITATIVO AOS RECURSOS NATURAIS

3.1 Os bens que integram o meio ambiente planetário, como água, ar e solo, devem satisfazer as necessidades comuns de todos os habitantes da Terra.

3.2 A equidade deve orientar a fruição ou o uso da água, do ar e do solo.

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3.3 Os usuários só poderão usar os bens ambientais na proporção de suas necessidades presentes, e não futuras.

4. PRINCÍPIOS USUÁRIO-PAGADOR E POLUIDOR-PAGADOR

2.1 O princípio usuário-pagador significa que o utilizador do recurso deve suportar o conjunto dos custos destinados a tornar possível a utilização do recurso e os custos advindos de sua própria utilização. Este princípio tem por objetivo fazer com que estes custos não sejam suportados nem pelos Poderes Públicos, nem por terceiros, mas pelo utilizador. De outro lado, o princípio não justifica a imposição de taxas que tenham por efeito aumentar o preço do recurso ao ponto de ultrapassar seu custo real, após levarem-se em conta as externalidades e a raridade.

2.2 O princípio acima contém, ainda, o princípio do poluidor-pagador, isto é, aquele que obriga o poluidor a pagar a poluição que pode ser causada ou que já foi causada.

2.3 O princípio do usuário-pagador não é punição, devendo ser implementado mesmo no caso lícito de utilização dos recursos naturais.

2.4 Paga tanto a título de investimento na prevenção do uso de recurso natural como a título de responsabilização residual para reparar o dano. 2.5 Quem paga? O pagador é aquele que tem o poder de controle (inclusive poder tecnológico e econômico) sobre as condições que levam à ocorrência da poluição.

2.6 A compensação ambiental é uma das formas de se implementar o princípio do usuário-pagador. Tem aparência de transação: eu faço uma coisa – poluo, destruo ou desmato -, mas dou outra coisa em troca. Na verdade, busca-se o restabelecimento do equilíbrio.

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5. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

5.1 O princípio ensina que devemos evitar ou minimizar os danos ao meio ambiente. Quando houver incerteza científica diante da ameaça de redução ou de perda da diversidade biológica ou ameaça de danos causadores de mudanças climáticas, não se devem postergar medidas deste gênero.

5.2 Quando a ocorrência de um dano, ainda que incerto diante do estado dos conhecimentos científicos, possa afetar de modo grave e irreversível o meio ambiente, as autoridades públicas providenciarão, através da aplicação do princípio da precaução e nas áreas de suas atribuições, a implementação de procedimentos de avaliação de riscos e a adoção de medidas provisórias e proporcionais com a finalidade de evitar a realização do dano.

5.3 No Brasil, já foi intentada ação contra a União, Monsanto do Brasil Ltda e Monsoy Ltda, visando impedir a autorização para qualquer pedido de plantio de soja transgênica round up ready antes que se proceda à devida regulamentação da matéria e ao prévio Estudo de Impacto Ambiental. Tais pedidos foram liminarmente acolhidos, usando como fundamento, o princípio da precaução.

5.4 O princípio da precaução deve ser aplicado ainda que exista a incerteza sobre o dano ao meio ambiente. Na dúvida, aplica-se.

5.5 A invocação do princípio da precaução é uma decisão exercida quando a informação científica é insuficiente, não conclusiva ou incerta.

5.6 O Estado pode até suspender um direito ou uma liberdade constitucional, em nome do princípio da precaução, ainda mesmo que ele não possa apoiar sua decisão em uma certeza científica.

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5.7 Na aplicação do princípio da precaução, a realização do Estudo de Impacto Ambiental é muito importante, inclusive é o que diz a nossa Constituição Federal, no art. 225, § 1º, inciso IV: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a que se dará publicidade.

6. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

6.1 As convenções, declarações e sentenças de tribunais internacionais, bem como a maioria das legislações internacionais vêm preconizando o dever jurídico de evitar a consumação de danos ao meio ambiente.

6.2 Significa prever, prevenir e evitar na origem transformações prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

6.3 O art. 2º da Lei Federal nº. 6.938/81 dá implemento ao citado princípio, quando exalta que a Política Nacional do Meio Ambiente observará como princípios a “proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas representativas”, e “a proteção de áreas ameaçadas de degradação”. São indicações específicas de como aplicar o princípio da prevenção.

6.4 A prevenção não é estática e deve se atualizar do mesmo modo como se atualizam as formas de agressão ao meio ambiente.

6.5 Não adianta gastarmos milhões na recuperação de bens ambientais e perder vidas, se não fizermos um

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trabalho sério de prevenção, conscientização e educação ambiental antes do dano surgir, pois adianta muito pouco fazermos algo somente após o “estrago” feito, pois o dano poderá ser irreversível.

7. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO

No Brasil, adotou na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº. 6.938/81), a responsabilidade objetiva ambiental, tendo a Constituição Federal de 1988 considerando imprescindível a obrigação de reparação dos danos causados ao meio ambiente.

8. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO

8.1 Há ligação inegável entre o meio ambiente e o direito de ser informado.

8.2 Os dados ambientais devem ser publicados.

8.3 Deve haver intercâmbio de informações entre os países.

8.4 A amplitude do princípio revela que o povo deve ter acesso sobre os dados ambientais.

9. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO

9.1 As constituições dos diversos países estão evoluindo no sentido de dar aos cidadãos o direito de participar das decisões fundamentais sobre o meio ambiente.

9.2 Os indivíduos isolados, por mais competentes que sejam, não conseguem ser ouvidos facilmente pelos governos e pelas empresas. As ONGs devem intervir de formar complementar, contribuindo para instaurar e manter o Estado Ecológico de Direito.

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9.3 As ONGs devem ser independentes e não podem ser criadas e nem manipuladas pelo governo, o que não significa que não podem receber dinheiro público. 9.4 É importante a atuação das ONGs na tarefa pública de inspeção e monitoramento das fontes poluidoras.

9.5 Devem agir ao laudo do Ministério Público nos processos ambientais como ter condições para proporem ações neste sentido, inclusive devendo o Estado fornecer condições para tanto (assistência judiciária).

9.6 No mesmo sentido do item 9.5, o Estado deve promover condições para que qualquer cidadão vá a juízo para defender o meio ambiente.

9.7 Outro instrumento importante é a participação dos cidadãos nas matérias ambientais, através do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular.

10. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA INTERVENÇÃO DO PODER PÚBLICO

10.1 A gestão do meio ambiente não é matéria que diga respeito somente à sociedade civil, ou uma relação entre poluidores e vítimas da poluição. Os países, tanto no Direito interno como no internacional, têm que intervir ou atuar.

10.2 As dimensões da atuação de cada Estado, ou em que condições deve ser efetuadas, é assunto que vem sendo objeto de atenção das Constituições Nacionais, do Direito nacional infraconstitucional e das conferências internacionais.

10.3 Nos últimos anos, em que pese haver uma diminuição sensível da presença estatal no setor de produção, a exemplo da desestatização ocorrida em nosso país na era do governo Fernando Henrique Cardoso, o poder público não ficou ausente na

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questão ambiental. Neste passo, o Estado passou a ter as chamadas “agências reguladoras”, onde tem a obrigação de controlar a utilização dos recursos ambientais.

10.4 O poder público tem que atuar como um gestor dos bens comuns de uso do povo, como a água, o solo, ar, fauna e florestas. Esta gestão revela uma verdadeira obrigação do poder público prestar contas sobre a utilização dos bens acima.

10.5 A gestão ambiental é norteada por três idéias: eficiência, democracia e prestação de contas.

10.6 O Estado passa a ter responsabilidade em exercer um controle que dê bons resultados, e deve ser responsabilizado pela ineficiência na implementação de sua legislação.

10.7 A responsabilidade não é exclusiva do Estado, mas deve ser compartilhada com a sociedade civil. 10.8 A responsabilidade ambiental vem sendo trabalhado pelas Nações Unidas como uma responsabilidade internacional dos Estados, pois o dano pode irradiar seus efeitos para fora da fronteira do Estado.

10.9 O Estado tem o papel de garantir a liberdade. Mas o meio ambiente exige um Estado de Direito, em que existam normas, estruturas, laboratórios, pesquisas e funcionários, independentes e capazes. 10.10 Os Estados devem ser os curadores das gerações futuras, que não podem falar ou protestar. Fala-se, hoje, num Estado do Bem-Estar Ecológico, fundado na equidade.

Referências

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