• Nenhum resultado encontrado

A UTILIZAÇÃO DO VTS NO CONTROLE DE TRÁFEGO MARÍTIMO NOS PORTOS BRASILEIROS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A UTILIZAÇÃO DO VTS NO CONTROLE DE TRÁFEGO MARÍTIMO NOS PORTOS BRASILEIROS"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

http://dx.doi.org/10.35265/2236-6717-204-9041

FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021.

A UTILIZAÇÃO DO VTS NO CONTROLE DE TRÁFEGO

MARÍTIMO NOS PORTOS BRASILEIROS

[ver artigo online]

Isadora Vieira Sathler Lage1

RESUMO

O transporte marítimo e o setor portuário são de extrema importância para a economia mundial. Diariamente, milhares de embarcações transitam nos interiores de áreas de jurisdição dos portos. Para o seguro gerenciamento da movimentação dessas embarcações foi criado o VTS – Vessel Traffic Service – um auxílio a navegação implementado para ampliar a segurança em áreas de intenso tráfego. No Brasil, o porto do Açu foi o pioneiro a adotar este sistema, representando um grande avanço tecnológico para o setor que conta com o incentivo público e privado para alcançar mais portos pelo país.

Palavras-chave: Tráfego, Embarcações, Segurança, Porto, VTS.

THE USE OF VTS IN THE CONTROL OF MARITIME VESSEL

TRAFFIC SERVICE IN BRAZILIAN PORTS

ABSTRACT

Maritime transport and the port sector are extremely important for the world economy. Daily, thousands of vessels pass through the interior of the port's areas. For the safe management of the movement of these vessels, the VTS was created- Vessel Traffic Service - a navigation aid implemented to increase safety in areas of intense traffic. In Brazil, the port of Açu was the pioneer in adopting this system, representing a major technological advance for the sector that has public and private incentives to reach more ports across the country.

Keywords: Traffic, Vessel, Safety, Port, VTS.

1 Oficial de Náutica – Bacharel em Ciências Náuticas pela Escola de Oficiais da Marinha Mercante (Centro de Instrução Almirante Graça Aranha) E-mail: Isadora_lage@hotmail.com

(2)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 2

INTRODUÇÃO

O transporte aquaviário possui expressiva participação na economia brasileira. O transporte marítimo é responsável por aproximadamente grande parte da movimentação de cargas no Brasil. É o mais utilizado no comércio internacional, sendo o porto, a porta de entrada e saída de mercadorias, pessoas, bens e serviços no país.

O crescimento das atividades aquaviárias passou a demandar o aumento da infraestrutura e da modernização do setor portuário nacional. Os estaleiros, que por muitos anos não recebiam encomendas, voltaram a construir, adaptar e reformar embarcações de todos os portes e propósitos. O principal destino dessas embarcações foi atender a demanda proveniente das descobertas das reservas do pré-sal, onde navios e plataformas passaram a visitar portos nacionais, aumentando a movimentação e o tráfego marítimo.

Em 2015, o Fórum Mundial Econômico apontou no Relatório de Competitividade Global que a qualidade da infraestrutura portuária de 144 países foi avaliada. O Brasil ficou, apenas, na 122ª posição, figurando atrás da maioria dos países da américa do sul, países de menor PIB e extensão territorial.

Um dos critérios avaliados no estudo do Fórum está relacionado a implantação de um sistema de monitoramento e controle do tráfego de embarcações no interior das áreas de jurisdição dos portos. A Confederação Nacional do Transportes apontou que até 2012, nenhum porto nacional possuía o “Vessel Traffic Management and Information System” (VTMIS) sendo este um dos pontos que contribui para o atraso do modelo de gestão dos portos nacionais. O presente artigo tem o objetivo de discutir a importância do VTS – Vessel Traffic Service – na segurança da operação de embarcações no interior dos portos nacionais, analisando o serviço desde sua criação até a chegada ao Brasil, apontando o panorama nacional em relação a implantação desta importante ferramenta de controle e gestão portuária.

1. O SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO VTS

Tradicionalmente, o comandante de um navio é responsável por seu curso e veloci-dade, auxiliado por um prático quando necessário. Os navios que se aproximavam de um porto anunciavam sua chegada usando sinais de bandeira.

(3)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 3

Com o desenvolvimento do rádio no final do século 19, o contato pelo rádio tornou-se mais importante. E com o desenvolvimento do radar durante a Segunda Guerra Mundial tornou possível monitorar e rastrear com precisão o tráfego de navios.

O primeiro radar de vigilância portuária do mundo foi inaugurado em Liverpool,

In-glaterra, em julho de 1948. No porto de Douglas, Ilha de Man, foi instalada a primeira estação de controle de tráfego marítimo, e em março de 1950, um sistema de vigilância por radar foi estabelecido em Long Beach, Califórnia - o primeiro sistema desse tipo nos Estados Unidos. Na década de 50, o sistema expandiu pela Europa e finalmente em 1997, ganhou normatização especifica através da Organização Marítima Internacional (IMO) com as “Diretrizes para Serviços de Trafego Marítimo” - Guidelines for Vessel Traffic Services.

A capacidade da autoridade costeira de rastrear o tráfego marítimo por radar, combi-nada com a facilidade de transmitir mensagens referentes à navegação a esses navios por rádio, constituíram, portanto, os primeiros sistemas VTS formais.

O conceito de VTS surgiu pela necessidade crescente de um único órgão para regular o tráfego de navios. À medida que as rotas marítimas se tornavam cada vez mais populares e povoadas, o número de acidentes nessas rotas trabalhadas também aumentava.

O valor do VTS na segurança da navegação foi reconhecido pela primeira vez pela IMO na Resolução A.158 (ES.IV) Recommendation on Port Advisory Systems (Recomendação sobre Sistemas de Aconselhamento Portuário) adotada em 1968, mas conforme a tecnologia

avançou e o equipamento para rastrear e monitorar o tráfego de navegação tornou-se mais so-fisticado, eram necessárias diretrizes claras sobre os procedimentos de padronização na confi-guração do VTS. Em particular, tornou-se aparente que havia uma necessidade de esclarecer quando um VTS poderia ser estabelecido e acalmar os temores em alguns setores de que um VTS pudesse interferir na responsabilidade do comandante do navio pela navegação do navio. Como resultado, em 1985, a IMO adotou a resolução A.578 (14)Guidelines for Vessel Traffic Service (Diretrizes para Serviços de Tráfego de Embarcações), que afirmava que o VTS

era particularmente apropriado nas abordagens e canais de acesso de um porto e em áreas com alta densidade de tráfego, movimentos de substâncias nocivas ou cargas perigosas, dificuldades de navegação, canais estreitos ou sensibilidade ambiental. As Diretrizes também deixavam

claro que as decisões relativas à navegação e manobra eficazes da embarcação cabiam ao comandante do navio.

(4)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 4

2. REGULAMENTAÇÃO VTS

Os serviços de tráfego de embarcações não foram especificamente referidos na Con-venção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS) de 1974, mas em junho de 1997 o Comitê de Segurança Marítima da IMO adotou um novo regulamento para o Capítulo V - Segurança da Navegação, que estabeleceu quando VTS pode ser implementado.

O capítulo V da SOLAS revisado sobre Segurança da Navegação foi adotado em de-zembro de 2000 e entrou em vigor em 1 de julho de 2002.

Em novembro de 1997 resolução A.578 (14) foi revogada e substituída pela A.857(20)

Guidelines for Vessel Traffic Service (Diretrizes para Serviços de Tráfego de Embarcações),

incluindo Diretrizes sobre Recrutamento, Qualificações e Treinamento de Operadores VTS

(Guidelines on Recruitment, Qualifications and Training of VTS Operators). Associado a essas

dire-trizes devem ser usadas em conjunto com:

▪ Resolução MSC.43(64) -Guidelines and Criteria for Ship Reporting Systems

▪ Resolução A.851(20) - General Principles for Ship Reporting Systems and Ships Reporting

Requirements, including Guidelines for Reporting Incidents Involving Dangerous Goods, Harmful Substances and/or Marine Pollutants

▪ Manual IALA VTS 2016, atualizado quadrienalmente

De acordo com o site da IMO o serviço do IALA/IMPA/IAPH/World VTS Guide foi encerrado pelo provedor de serviços.

No Brasil, o VTS é regulamentado pela Autoridade Marítima Brasileira através da NORMAM-26, seguindo padrões internacionais estabelecidos.

3. CONTROLE DE TRÁFEGO DE EMBARCAÇÕES

Os serviços de tráfego de embarcações incluem principalmente dispositivos para coletar e transmitir informações marítimas que incluem imagens de tráfego. Esta informação é poste-riormente transmitida a vários navios em uma determinada zona VTS. Isso ajuda os capitães dos navios a tomar melhores decisões de navegação e decidir suas rotas. Diversos dispositivos são utilizados com o objetivo de obter e transmitir essas informações.

Os serviços de tráfego vessel - VTS - são sistemas em terra que vão desde o fornecimento de mensagens simples de informação aos navios, como a posição de outro tráfego

(5)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 5

ou avisos de perigo metrológico, até a gestão extensiva do tráfego dentro de um porto ou via navegável.

Os navios na área de um VTS, devem manter vigilância em uma frequência específica para avisos de navegação ou outros, enquanto eles podem ser contatados diretamente pelo operador VTS se houver risco de um incidente ou, em áreas onde o fluxo de tráfego é regulamentado, para receber conselhos sobre quando proceder.

Pode-se destacar como modelo de sucesso, o VTS do porto de Rotterdan, Holanda, que é o maior e mais importante da Europa, onde em torno de 300 milhões de toneladas são por ali transportadas todos os anos, capaz de receber os maiores navios do mundo.

Em 2008, a Secretaria de Portos da Presidência da República manifestou a intenção de implantar o VTS no Brasil, nesse momento, mais de 500 estações VTS operavam pelos portos do mundo.

Um projeto de implantação de VTS no Brasil pode ser desenvolvido por iniciativa da Marinha do Brasil (MB), Autoridade Portuária (AP) ou de Operador Portuário de Terminais de Uso Privado (TUP) isolado (cujo acesso não atravesse a área de um porto organizado).

3.1. VTS - Vessel traffic services / serviço de tráfego de embarcações

De acordo com a Resolução A.857(20) da International Maritime Organization (IMO), “Guidelines for Vessel Traffic Services”, um VTS é um serviço “implementado por uma Autoridade Competente, projetado para melhorar a segurança e a eficiência do tráfego de embarcações e contribuir para a proteção do meio ambiente”. Tal serviço deve ter a capacidade de interagir com o tráfego e responder às situações de tráfego que se desenvolvam dentro da área de interesse VTS.

A Autoridade Marítima Brasileira define através da NORMAM 26/DHN, o seguinte:

“Serviço de Tráfego de Embarcações (VTS) é um auxílio eletrônico à navegação, com capacidade de prover monitorização ativa do tráfego aquaviário, cujo propósito é ampliar a segurança da vida humana no mar, a segurança da navegação e a proteção ao meio ambiente nas áreas em que haja intensa movimentação de embarcações ou risco de acidente de grandes proporções.”

O VTS permite o monitoramento de embarcações, em tempo real, para possibilitar a gestão segura e eficaz do tráfego na área marítima selecionada, incluindo o posicionamento das

(6)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 6

embarcações quanto à identificação imediata de incidentes que possam gerar riscos para as tripulações e ao meio ambiente. O sistema mostra em ambiente gráfico os movimentos das embarcações nas áreas de aproximação, colocando cada uma dessas embarcações sobrepostas a uma carta náutica digital, na sua posição geodésica real e informa a identificação de cada embarcação.

A estrutura necessária para implantação de um VTS deve constar um Radar para acompanhamento das embarcações, um Sistema de identificação Automático (AIS), um circuito fechado de TV (CCTV), estação de rádio VHF, sensores meteorológicos e ambientais, um sistema de gerenciamento dos dados e operadores qualificados de acordo com competência estabelecida pela lMO e pela Autoridade Marítima.

Tudo precisa estar integrado de forma que dentro de sua área de responsabilidade o VTS irá identificar e monitorar o tráfego marítimo, adotar ações de combate à poluição, planejar a movimentação de embarcações e divulgar informações ao navegante. Adicionalmente, pode fornecer informações que contribuam para o aumento da eficiência das operações portuárias, como atualização de horários de chegada e partida de embarcações e o gerenciamento das vias navegáveis por meio de esquemas especiais de separação de tráfego, dentre outras.

3.2. VTMS - Vessel traffic management systems / sistema de gerenciamento do tráfego de embarcações

A fim de aumentar a eficácia dos sistemas VTS, os mesmos foram suplementados com a inclusão e administração de módulos que auxiliam os operadores na tomada de decisão, o que se passou a denominar de Vessel Traffic Management Systems ou VTMS (PIETRZYKOWSKI; BORKOWSKI; WOŁEJSZA, 2012).

O VTMS deve combinar três serviços básicos do VTS: informação, assistência, e

gestão do tráfego de navegação. A amplitude das funções do sistema VTMS refere-se

principalmente às questões relacionadas à gestão do complexo portuário. As principais funcionalidades do VTMS, são:

• fusão e integração de dados de navegação disponíveis a bordo com um centro de apoio terrestre;

(7)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 7

• análise e avaliação de uma situação de navegação que pode ocasionar riscos de colisão, conforme regulamento estabelecido (Regulamentos de Colisão);

• geração automática de propostas de soluções para situações de colisão, baseadas em algoritmos computacionais, incluindo algoritmos de otimização; e

• fornecimento de subsídios para tomada de decisões relacionadas à navegação e a à realização de manobras, permitindo resolver situações que envolvam um grupo de embarcações em um mesmo canal, de acordo com os regulamentos em vigor.

Em resumo, o sistema Vessel Traffic Management Systems (VTMS) pode ser considerado um estágio mais avançado e evolutivo dos próprios sistemas VTS, integrando sistemas individuais e permitindo sua cooperação, possibilitando aos gestores das operações portuárias e costeiras subsídios para a tomada de decisões.

3.3. VTMIS - Vessel traffic management information system / sistema de gerenciamento de informações do tráfego de embarcações

O Vessel Traffic Management Information System (VTMIS) é um sistema de suporte à gestão e operação portuária, o qual contempla uma ampliação dos sistemas VTS e VTMS sob forma de integrador das funcionalidades anteriormente existentes, incorporando outros recursos como o de telemática, a fim de permitir aos serviços aliados e a outras agências interessadas o compartilhamento direto dos dados do VTS ou o acesso a determinados subsistemas.

A Autoridade Marítima Brasileira define através da NORMAM 26/DHN, o seguinte:

“O Sistema de Gerenciamento e Informação do Tráfego de Embarcações (VTMIS de Vessel Traffic Management Information System) é uma ampliação do VTS, na forma de um Sistema Integrado de Vigilância Marítima, que incorpora outros recursos de telemática a fim de permitir aos serviços aliados e outras agências interessadas o compartilhamento direto dos dados do VTS ou o acesso a determinados subsistemas, de forma a aumentar a efetividade das operações portuárias ou da atividade marítima como um todo, mas que não se relacionam com o propósito do VTS propriamente dito.” O MIS (Management Information System) é o sistema que detêm recursos de processamento inteligente das informações repassadas pelo VTS, ou alimentadas diretamente na sua base de dados. A eficiência do controle e monitoramento das atividades depende do tipo e do tratamento dado às diversas informações geradas. As informações coletadas por um

(8)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 8

sistema VTS devem ser processadas, detalhadas e disponibilizadas, de forma a melhorar e facilitar o desempenho de gerenciamento das atividades portuárias.

Um dos principais objetivos do VTMIS é aumentar a efetividade das operações portuárias ou da atividade marítima como um todo. Entre os recursos de um VTMIS podem ser citados:

▪ Sistemas de gerenciamento do Porto; ▪ Sistemas dedicados à segurança portuária; ▪ Sistemas de apoio da praticagem;

▪ Sistemas de gerenciamento de carga e da propriedade em geral; ▪ Planejamento de acostagem;

▪ Sistemas de cobrança de taxas portuárias;

▪ Controle de quarentena; Controle alfandegário; e

▪ Apoio às operações da Polícia Marítima, tais como repressão aos ilícitos contra navios, contrabando, narcotráfico, etc.

O VTMIS, por sua vez, é um sistema que utiliza os dados do VTS incorporando a outros sistemas de interesse da Autoridade Portuária. A eficiência do controle e monitoramento das atividades depende do tipo e do tratamento dado às diversas informações geradas.

“As diretrizes de utilização de um sistema VTS estabelecidas pela IMO deixam claro que as decisões relacionadas à operacionalidade da navegação e às manobras de um navio devem ficar, sobretudo, a cargo do comandante da embarcação e da praticagem. Portanto, o VTS pode ser considerado um sistema auxiliar e de suporte à navegação.” (ERIKSEN et al., 2006).

As atividades do VTMIS não devem interferir com a operação do VTS, de forma alguma. A Autoridade Marítima não tem papel a desempenhar com relação ao VTMIS.

4. TIPOS DE SERVIÇOS OFERECIDOS POR UM VTS

Existem sistemas gerenciamento de informações e de monitoramento de tráfego de embarcações que podem ser empregados em portos e terminais, tais como:

▪ NAS – Serviço de assistência à navegação ▪ TOS – Serviço de organização de tráfego ▪ INS – Serviço de Informações

(9)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 9

4.1 Serviço de informação (INS, Information service):

Provê informações essenciais e tempestivas para assistir os processos de tomada de decisão a bordo, não participando, em hipótese alguma, da manobra das embarcações. As informações de caráter genérico são transmitidas a intervalos regulares, ou por solicitação do navegante. Informações de caráter eventual, que envolvam a segurança da navegação, são transmitidas por iniciativa do operador de VTS, como no caso de navios que se desviem de suas rotas e se dirijam para áreas potencialmente perigosas.

Um Serviço de Informação é o mais básico dos serviços prestados por um VTS, sendo exemplos de informações que poderão tramitar entre o VTSO e usuários no INS:

▪ posição, identificação, intenção de movimentação e destino das embarcações;

▪ alterações e mudanças na área VTS, tais como limites, procedimentos, frequências de rádio, pontos de notificação etc;

▪ notificação obrigatória da movimentação de navios; condições meteorológicas e hidrológicas, avisos aos navegantes, estado dos auxílios à navegação;

▪ limitações das condições de manobrabilidade de navios que podem impor restrições à navegação; e

▪ outras informações relativas à segurança da navegação.

4.2- Serviço de organização de tráfego (TOS, Traffic organization service):

É responsável por zelar pela salvaguarda e pelo eficiente movimento do tráfego marítimo, cuidando do gerenciamento operacional e do planejamento das movimentações, de forma a evitar congestionamentos e situações potencialmente perigosas para a navegação.

Um Serviço de Organização de Tráfego é o mais elevado dos serviços prestados por um VTS e é particularmente relevante em situações onde haja grande densidade de tráfego, ou quando a movimentação de transportes especiais pode afetar o tráfego de outras embarcações. Um TOS provê informações essenciais e tempestivas para assistir os processos de tomada de decisão a bordo, por meio de orientações ou instruções para o tráfego como um todo. Um TOS tem autoridade para dirigir o movimento das embarcações, pela alteração das condições do tráfego, em casos excepcionais e sempre em prol da segurança da navegação, sendo que as circunstâncias em que isso pode ocorrer devem estar definidas nos procedimentos operacionais

(10)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 10

para cada área VTS. A autoridade de um TOS não supera a competência de um Comandante pela segurança de seu navio.

São exemplos de informações que poderão tramitar entre o VTSO e usuários no TOS: ▪ prioridade na movimentação de navios para evitar o congestionamento ou situações de

perigo;

▪ movimentação de embarcações com cargas perigosas ou poluentes que possam afetar o fluxo de navios;

▪ autorizações de tráfego ou planos de navegação; ▪ organização do espaço marítimo;

▪ notificação obrigatória de manobras na área VTS; - B - 1 - REV.3 NORMAM-26/DHN ▪ estabelecimento de rotas especiais;

▪ limites de velocidade que devem ser observados;

▪ situações em desenvolvimento que exigem coordenação do tráfego de navios; e

▪ atividades náuticas (Ex: regatas à vela) ou obras em andamento (Ex: dragagem ou colocação de cabos submarinos) que possam interferir com o fluxo de embarcações.

4.3 - Serviço de assistência à navegação (NAS, navigational assistance service):

É um serviço adicional para o INS e TOS, que provê informações relevantes para a navegação, a pedido de uma embarcação ou quando julgado necessário por um operador de VTS, de forma a contribuir para o processo de tomada de decisão a bordo. Este serviço é especialmente importante em casos de dificuldades devido a fenômenos meteorológicos ou de navegação, por defeito ou deficiência de algum equipamento.

Um NAS pode participar da manobra de forma indireta, mas não tem autoridade para interferir ou modificar as decisões tomadas a bordo, sendo importante que a embarcação envolvida seja positivamente identificada pelo operador VTS e esteja de acordo com o auxílio que lhe é prestado em um período de tempo claramente definido pelas partes.

São exemplos de informações que poderão tramitar entre o VTSO e usuários no NAS, devendo os procedimentos operacionais para cada VTS serem promulgados pelo Controlador VTS:

▪ risco de encalhe;

(11)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 11

▪ incerteza ou dificuldade de determinação da posição; ▪ desconhecimento ou incerteza da rota para o seu destino; ▪ procedimentos para fundeio;

▪ avaria em equipamento de navegação ou manobra;

▪ condições adversas (baixa visibilidade, ventos fortes etc); ▪ risco de colisão entre navios;

▪ risco de abalroamento de objetos fixos; e

▪ incapacidade inesperada de um membro-chave da tripulação.

Em cumprimento à legislação em vigor, cabe à Autoridade Marítima a homologação do tipo de serviço que uma estação VTS pode prestar, ressaltando que não está dentro da concepção dos serviços VTS a substituição dos serviços de praticagem em qualquer nível.

Os detalhes de execução da manobra devem ser deixados por conta do pessoal de bordo e deve haver cuidado para não interferir na responsabilidade do Comandante pela segurança da navegação de seu navio ou em seu tradicional relacionamento com os Práticos.

Por isso, é de todo recomendável que as instruções emitidas por um operador de VTS sejam orientadas para o “efeito desejado” da manobra, ou seja, em termos de resultado a alcançar (ex: há um alto-fundo pela proa e águas seguras encontram-se a bombordo).

Um NAS não disseminará orientações do tipo “ações a empreender” (ex: guinar para bombordo para evitar alto-fundo pela proa), salvo em circunstâncias excepcionais, quando solicitado pelo navegante ou em caso de perigo extremo, permanecendo, no entanto, a responsabilidade final da manobra a cargo do navegante.

5. RAZÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE VTS NO BRASIL E EM TODO MUNDO

A importância dos serviços de tráfego de navios pode ser melhor compreendida a partir das funções que desempenham no gerenciamento do tráfego de navios. A principal importância do VTS é o gerenciamento do tráfego de navios. Isso ajuda ainda mais a garantir a segurança dos navios, além de ajudar a atingir o fluxo máximo de tráfego.

Alguns fatores são importantes considerar para a implantação do VTS, isoladamente, ou combinado:

▪ Alta densidade de tráfego;

(12)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 12

▪ Padrões complexos e conflitantes de navegação; ▪ Condições adversas de elementos hidrográficos, ▪ hidrológicos e meteorológicos;

▪ Alterações batimétricas devido a fatores ambientais;

▪ Interferência do tráfego de navios com outras atividades marítimas; ▪ Estatística de acidentes em uma área durante um período determinado;

▪ Canais estreitos e sinuosos, configuração do porto, pontes, eclusas e áreas com tráfego restrito para a navegação.

O máximo retorno econômico possível de uma rota marítima pode ser obtido apenas com a ajuda desses serviços de tráfego que mantêm informações marítimas importantes dispo-níveis para todos os navegantes em todos os momentos. Ele ainda ajuda a controlar os movi-mentos de cargas não autorizadas, tornando as águas mais seguras e controladas. No entanto, uma das funções mais importantes desses serviços é atuar como localizador de embarcações. As informações coletadas, armazenadas e reproduzidas por vários sensores ajudam a manter um controle sobre os movimentos das embarcações em todos os momentos. Essas informações marítimas cruciais estão disponíveis em todos os momentos e podem ser usadas para encontrar uma embarcação se ela desaparecer.

É recomendável que a Autoridade Portuária, antes de considerar o estabelecimento de um novo VTS, ou a inclusão de NAS ou TOS nos VTS existentes, realize uma avaliação formal dos riscos que o tráfego marítimo local está submetido e os custos envolvidos da implantação. Tal procedimento poderá ser uma valiosa ferramenta de auxílio à decisão quanto a viabilidade de implantação do VTS como instrumento eficiente para controle do tráfego, aumento da segurança da navegação e proteção do meio ambiente marinho.

Ainda na fase de análise da necessidade de implantação de um VTS, deverá ser feita uma Avaliação Preliminar, ocasião em que serão coletadas informações para identificar requisitos funcionais que auxiliem a obtenção do nível desejado de segurança e eficiência para o tráfego marítimo.

O objetivo dos serviços de tráfego de embarcações é melhorar a segurança e eficiência da navegação, a segurança da vida no mar e a proteção do meio ambiente marinho e / ou da área costeira adjacente, locais de trabalho e instalações offshore de possíveis efeitos adversos do tráfego marítimo.

(13)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 13

Os benefícios da implementação de um VTS são permitir a identificação e monitora-mento de embarcações, o planejamonitora-mento estratégico dos movimonitora-mentos das embarcações e o for-necimento de informações e assistência à navegação. Também pode ajudar na prevenção da poluição e na coordenação da resposta à poluição. A eficiência de um VTS dependerá da con-fiabilidade e continuidade das comunicações e da capacidade de fornecer informações boas e não ambíguas. A qualidade das medidas de prevenção de acidentes dependerá da capacidade do sistema de detectar uma situação perigosa em desenvolvimento e da capacidade de fornecer aviso oportuno de tais perigos.

O Capítulo V da SOLAS (Segurança da Navegação) estabelece que os governos podem estabelecer VTS quando, em sua opinião, o volume de tráfego ou o grau de risco justificar tais serviços.

6. O PANORAMA ATUAL QUANTO A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA NO BRASIL

O VTS iintegra o Programa de Aceleração de crescimento (PAC) do Governo Federal, que colocou em vigor um projeto para viabilizar o serviço de monitoramento de tráfego de embarcações nos principais portos nacionais concebidos e explorados pela união. Seis portos brasileiros são estimados para as implantações, sendo eles: Rio de Janeiro (RJ), Itaguaí (RJ), Santos (SP), Salvador e Aratu (BA) e Vitória (ES).

Em 2016 foram concluídos os estudos de implantação para outros 10 portos: Rio Grande (RS), São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba (SC), Fortaleza (CE), Itaqui (MA), Suape (PE), Belém e Vila do Conde (PA) e Manaus (AM). Os estudos contemplam as especificações do Projeto de Implantação, em conformidade com a NORMAM 26-DHN da Marinha do Brasil. É importante destacar que a Secretaria de Portos participa de todas as fases de implantação do VTS/VTMIS: elabora os estudos técnicos; desenvolve o anteprojeto com elevado grau de especificação e composto da documentação técnica que dá suporte para o processo licitatório; elabora a minuta do edital; acompanha a licitação; acompanha a implantação do sistema - para verificar o cumprimento dos requisitos técnicos; e a homologação da Marinha.

Ainda após a implantação, a Secretária de Portos acompanhará a operação e a manutenção do sistema por dois anos. O objetivo é que, nesse período, o VTS/VTMIS demonstre sua eficiência e o porto consiga torná-lo autossustentável.

(14)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 14

6.1- Porto do açu

No Brasil, o pioneirismo do VTS, de caráter privado, ficou por conta do Porto do Açu, localizado em São João da Barra no Rio de Janeiro, com uma área de 130 km2, possui 9 terminais dedicados a navios de granéis sólidos, líquidos, carga geral, minério de ferro e petróleo.

O Porto é constituído de Terminais de uso privado (TUP) e a responsabilidade pela implantação do VTS foi da Prumo Logística, empresa responsável pela administração e gestão do porto. O VTS do porto foi homologado pela Autoridade Marítima em 2015, sendo o primeiro do Brasil a entrar em operação.

O gerenciamento do tráfego marítimo no Porto do Açu é realizado pelo Centro VTS, devidamente homologado pela Autoridade Marítima Brasileira. O Centro VTS do Porto do Açu foi estabelecido com o objetivo de prover uma estrutura de monitoramento de tráfego marítimo para observar e informar, em tempo real, as embarcações dentro da área de influência do porto. Desta forma, o Centro VTS contribui para o aumento da segurança da navegação, da vida humana no mar e da prevenção à poluição hídrica, impacta positivamente à eficiência das manobras de entrada e saída do porto, contribui para a preservação do meio ambiente e atua no apoio às medidas de segurança portuária implementadas pela Administração do Porto.

O Centro VTS do Porto do Açu é certificado para atuar no Serviço de Informação (INS), cabendo principalmente aos seus Operadores:

• Identificar e posicionar todas as embarcações que disponham de AIS A, assim como todas as embarcações de grande porte, com conhecimento da sua intenção de movimento e destino; • Identificar e posicionar todas as embarcações que disponham de AIS B, assim como todas as embarcações de médio porte, com conhecimento da sua intenção de movimento;

• Acompanhar o movimento das embarcações miúdas, de forma a verificar possíveis conflitos de tráfego com embarcações maiores;

• Divulgar alterações temporárias nos procedimentos promulgados para a área VTS (alteração de pontos de notificação, canais e frequências de comunicação etc.);

• Monitorar o desenvolvimento do tráfego e emitir alerta para embarcações em risco de colisão, desviadas de suas rotas, que se dirijam para onde não devem ou próximas a obstáculos submarinos;

(15)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 15

• Prover informação para o navegante, quando solicitado ou quando julgado necessário pelo operador de VTS, relativa à posição, identidade, intenções e restrições do tráfego das cercanias; • Divulgar avisos aos navegantes para a área VTS, situação do balizamento, condições meteorológicas e qualquer alteração nas vias navegáveis que possa influenciar na segurança da navegação;

• Contribuir, por requisição do Comando do 1º Distrito Naval (Com1ºDN) / Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ), para operações SAR no interior da área VTS, mas sem assumir a coordenação dos esforços e sem comprometer o serviço de VTS.

Para auxílio às suas atividades, os seguintes recursos encontram-se disponíveis no Centro VTS: RADAR Banda-X; Estação Base AIS classe “A”; Transceptor VHF; Circuito fechado de TV – CCTV; Estação meteoceanográfica; Sistema de gerenciamento do tráfego Navi Harbour

6.2. Vitória

O Porto de Vitória foi criado em 1906 e está sob a jurisdição da Companhia Docas do Espírito Santo - CODESA, que se constitui na Autoridade Portuária do Espírito Santo desde 1983. O Porto de Vitória tem catorze berços de atracação e opera mais de trinta tipos de cargas, entre importação e exportação, como contêiner, trigo, automóveis, produtos siderúrgicos, malte, rochas ornamentais, concentrado de cobre, fertilizantes, graneis líquidos, etc.

Em outubro de 2017, de acordo com a Portaria nº 191/DHN, O VTMIS do Porto de Vitória recebeu a autorização para entrar em operação. O primeiro do Brasil com investimento público. O sistema opera 24h por dia, todos os dias da semana com dois radares estrategicamente instalados: um no morro do Atalaia, que monitora o Canal e os berços do Porto de Vitória e outro no Morro do Moreno, que abrange a área de fundeio, a entrada do Canal, os portos de Praia Mole e Tubarão e área próximas ao fundeio.

A sala operacional fica em Capuaba e provê a cobertura de toda a área do Porto Organizado, Complexo Portuário de Tubarão (Terminal de Minérios); Porto de Praia Mole (Terminal de Carvão e Terminal de Produtos Siderúrgicos), Terminal de Produtos Diversos e Terminal de Granéis Líquidos), áreas de espera, de fundeio, canais de acesso e bacias de manobra, utilizando hardware e software de alto nível, base de dados, protocolos e WebService.

(16)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 16

O sistema monitora as embarcações por meio de sensores mareógrafos, câmeras, boias e estação meteorológica. A tecnologia melhora a segurança de tráfego, reduz o tempo inativo dos berços e ajuda a evitar acidentes ambientais. O número de incidentes em 2019 caiu pela metade: foram 12 ocorrências de situações de emergência a bordo, barco de pesca à deriva e uma situação de risco de colisão, a qual o Centro de Controle Operacional (CCO) do VTMIS intercedeu e evitou o imprevisto. Convém destacar que desde o início das operações do VTS Vitória, nenhum acidente foi registrado na área de fundeio, do canal e berços de atracação.

Um total de 2.316 embarcações movimentou os portos de Vitória, Tubarão e Praia Mole, representando aumento de 6,5% no volume de navios em comparação ao ano de 2019.

6.3 - CDRJ (Rio de janeiro, Itaguaí, Niterói e Angra dos reis.)

A Companhia Docas do Rio de Janeiro - CDRJ, empresa pública, vinculada ao Ministério de Infraestrutura, é a Autoridade Portuária responsável pela gestão do Complexo Portuário Fluminense, que compreende os Portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí, de Niterói e de Angra dos Reis.

Cabe à CDRJ gerir os espaços marítimos e terrestres dos portos, de modo a zelar para que as atividades, no âmbito de seu território, se integrem ao movimento econômico e ao processo de desenvolvimento de sua área de influência.

A primeira fase do Projeto do VTMIS prevê a implantação, no 1º Trimestre de 2021, de um Local Port Service (LPS) nos Portos do Rio de Janeiro e Itaguaí.

Câmeras vão ser instaladas em diversos locais estratégicos para visualização dos canais de acesso, bacias de manobra e áreas marítimas dos terminais arrendados e de fundeio na Baia da Guanabara. O LPS também contemplará a implantação de um moderno Sistema de Monitoramento Ambiental, com a instalação de estações meteorológicas, boias meteo-oceanográficas e marégrafos, além da integração de um radar da Marinha do Brasil (MB), a compra de estações base do Sistema de Identificação Automática (AIS) e toda uma gama de equipamentos e sistemas para melhoria do controle e da segurança do tráfego aquaviário.

Em Itaguaí, a implantação do VTMIS está no planejamento. O Porto de Itaguaí possui grande aptidão para a movimentação de granéis e carga geral, graças aos efeitos do pujante parque siderúrgico instalado no sul do Estado do Rio de Janeiro com as excepcionais condições locais de integração aos modais de transporte rodoviário e ferroviário. Destaca-se também pelos

(17)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 17

sucessivos incrementos registrados na movimentação de contêineres, demonstrando que o mesmo desfruta de notórias condições para assumir o papel de grande canal de escoamento da economia brasileira e principal porto concentrador de cargas do Mercosul. Os modernos terminais especializados do Porto de Itaguaí o tornam um dos principais polos de exportação de minério do país

6.4 VTMIS porto de santos

Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e o Consórcio Indra VTMIS San-tos são responsáveis pela implantação do VTMIS no Porto de SanSan-tos.

O VTMIS de Santos será composto por quatro torres de monitoramento e uma central de processamento e supervisão de dados. As quatro torres serão instaladas em pontos estratégicos do porto: Ilha da Moela, Ponta de Itaipu e Ilha do Barnabé. Cada uma das torres terá um radar, uma câmera de alta definição e um transponder AIS.

No entanto, o contrato firmado com o consórcio Indra VTMIS Santos foi encerrado sem que fossem construídas as torres de monitoramento necessárias para a implantação da tecnologia. Ainda não se sabe quanto tempo levará até que o VTMIS do Porto de Santos entre em operação, já que será necessária a elaboração de um termo de referência para a abertura da nova licitação.

(18)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indústria petrolífera e a maior inserção brasileira no cenário comercial internacional exigiram nas últimas décadas que o setor portuário investisse em tecnologia e infraestrutura para acompanhar o aumento da demanda de embarcações. Uma dessas medidas foi a necessidade de implantação do VTS nos portos, sejam públicos ou privados, um sistema cujo propósito é ampliar a segurança da vida humana no mar, a segurança da navegação e a proteção ao meio ambiente nas áreas em que haja intensa movimentação de embarcações ou risco de acidente de grandes proporções.

O presente artigo mostrou que embora o sistema VTS seja largamente utilizado nos principais portos mundiais, servindo não somente como incremento a segurança da navegação, como também por permitir um controle mais eficiente do tráfego e das operações de apoio a atividade marítima, ainda não está devidamente consolidado no Brasil, sendo realidade em apenas alguns portos, onde a maioria encontra entraves em processos licitatórios e outros obstáculos que retardam a implantação. Dessa forma, o pioneirismo ficou com o setor privado, que em 2015 obteve a homologação do VTS do porto do Açu, no Rio de Janeiro. Já dentre os portos controlados pela administração pública, o porto de Vitória, no Espirito Santo, foi o pri-meiro a obter a homologação e iniciar a operação do sistema. Apesar de estarem em fase adi-antada de projeto, os portos de Santos e de Itaguaí, ainda não possuem previsão para implemen-tação.

Ainda há muito o que ser feito para o desenvolvimento da atividade marítima-portuária no Brasil. Em um universo de centenas de terminais públicos ou privados, é preocupante cons-tatar que apenas dois portos utilizam um sistema que se faz presente, de forma essencial, nos principais portos do mundo. O Sistema VTS em portos e terminais brasileiros acarretará maior segurança nas operações portuárias, garantindo uma adequada consciência situacional nas respectivas áreas de atuação. Além disso, ao proporcionar melhor planejamento dessas opera-ções e integração com outros sistemas e serviços vinculados, o VTS resulta na otimização do emprego de meios disponíveis, com a consequente redução de custos para todos os envolvidos nos processos portuários.

(19)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Marinha do Brasil- Diretoria de Hidrografia e Navegação: “Normas da Autoridade Marítima para Serviços de Tráfego de Embarcações (VTS) - NORMAM - 26/DHN ”. CODESA. Implantação do VTMIS no Porto de Vitória. Disponível em:

http://www.codesa.gov.br/site/?p=noticias&noticia=1897. Acesso em 04 de Agosto de 2020. IALA: Disponível em:

https://www.iala-aism.org/product-category/publications/guidelines/vts/ Acesso em: 17 de Setembro de 2020 IMO. Vessel Traffic Services. Disponível em:

http://www.imo.org/en/OurWork/Safety/Navigation/Pages/VesselTrafficServices.aspx Acesso em 03 de Agosto de 2020.

MARINE INSIGHT: Disponível em: https://www.marineinsight.com/marine-navigation/what-are-vessel-traffic-services/ Acesso em: 16 de Setembro de 2020 MINISTERIO INFRAESTRUTURA: Disponível: https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transporte-aquaviario/conteudo-inteligencia-logistica/trafego-portuario-vtmis. Acesso em 04 de Agosto de 2020.

PORTOS DO BRASIL. Investimentos no Setor Portuário. Disponível em:

http://www.portosdobrasil.gov.br/home-1/noticias/setor-portuario-deve-receber-investimentos-de-ate-r-35-bi-em-tres-anos Acesso em 02 de Agosto de 2020. PORTO DO AÇU. Vessel Traffic Service. Disponível em:

https://portodoacu.com.br/en/SitePages/port-information/vessel-traffic-service.aspx. Acesso em 03 de Agosto de 2020.

PORTOS E NAVIOS. Disponível em: https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/vtmis-garante-seguranca-da-navegacao-em-2019. Acesso em 02 de Agosto de 2020. PORTO DO RIO. Disponível em: http://www.portosrio.gov.br/ Acesso em 06 de Agosto de 2020.

PORTO ITAGUAI. Disponível em: http://vtmis.itaguai.portosrio.gov.br/. Acesso em 11 de Agosto de 2020.

SHELTEMAR. Funcionamento do Sistema VTMIS. Disponível em:

https://www.sheltermar.com.br/vts/vtmis/ Acesso em 02 de Agosto de 2020.

RESOLUTION A.857(20) adopted on 27 November 1997- GUIDELINES FOR VESSEL TRAFFIC SERVICES. Acesso em: 17 de Setembro de 2020

(20)

REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 204. V.9. ANO 2021. 20

SOPESP: Disponível: https://sopesp.com.br/2020/03/05/grupo-de-trabalho-do-vtmis-da-cdrj-faz-visita-tecnica-ao-porto-de-vitoria/ Acesso em 04 de Agosto de 2020.

Referências

Documentos relacionados

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Por fim, na terceira parte, o artigo se propõe a apresentar uma perspectiva para o ensino de agroecologia, com aporte no marco teórico e epistemológico da abordagem

O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (BRASIL,

Aqui são propostas ações que visam a estimulação da Rede de Apoio para a promoção da inclusão educacional. Dentre todas, esta é considerada a mais ambiciosa,

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar