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Discute-se no presente a jornada de trabalho dos empregados da denunciada, que integram a categoria profissional dos aquaviários, haja vista as

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CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PROCESSO PGT/CCR/PP/N. 10245/2009

ORIGEM: PRT 1ª REGIÃO (PTM DE CABO FRIO)

PROCURADORA OFICIANTE: DRA. ISABELA MAUL MIRANDA DE MENDONÇA

INTERESSADO 1: PROCURADORIA REGIONAL DE CABO FRIO INTERESSADO 2: OPMAR SERVIÇOS MARÍTIMOS LTDA.

ASSUNTO: Trabalho Aquaviário (5.3.) – Jornada de Trabalho (9.6.2.)

TRABALHO AQUAVIÁRIO. JORNADA DE TRABALHO. De uma forma geral, restou

comprovado que a empresa cumpre o disposto na Orientação nº 17 da CONATPA, que trata do descanso do aquaviário a cada período de trabalho, assim como na norma específica da Marinha (Portaria 259/DPC, de 21/12/2011). Ademais, permanece sob investigação, em procedimento próprio, as condições do meio

ambiente de trabalho. Promoção de

arquivamento homologada.

I - RELATÓRIO

Discute-se no presente a jornada de trabalho dos empregados da denunciada, que integram a categoria profissional dos aquaviários, haja vista as

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condições especiais de trabalho a que estão sujeitos e as normas coletivas previstas no instrumento coletivo respectivo.

O processo, inicialmente, veio a esta Câmara para apreciação da promoção de arquivamento de fls. 38/42, não homologada, conforme decisão prolatada na sua 173ª reunião, na forma do voto por mim proferido, de fls. 48/55.

Em conseqüência, a investigação prosseguiu, sendo adotadas várias providências para a instrução do feito por parte do Órgão oficiante que, analisadas, deram ensejo à promoção de arquivamento de fls. 114/119.

Registre-se que, pelo despacho de fls. 105/107, o Órgão oficiante determinou o desmembramento dos autos originais, considerando “o aumento do

objeto da investigação, que passou a abranger, concomitantemente, jornada de trabalho e meio ambiente de trabalho..., dificultando o encerramento das investigações.”

Para melhor análise do feito, solicitou-se a manifestação da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário – CONATPA (fl. 127), que se encontra a fl. 129.

É, em síntese, o relatório.

II – VOTO

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da investigação, abarcando o presente feito apenas o tema jornada de trabalho, sendo determinado que os documentos relativos ao meio ambiente de trabalho fossem extraídos, para comporem procedimento específico.

Quanto ao tema remanescente, o Órgão oficiante entendeu, após a devida investigação, não haver, no caso, irregularidade sobre a matéria em questão, concluindo pelo arquivamento do feito, com apoio no Precedente nº 12 do CSMPT.

Teceu considerações quanto ao tema sob investigação, reportando-se para tanto às conclusões da plenária da CONATPA, em reunião realizada nos dias 17 e 18 de novembro de 2011, que, segundo noticia, culminaram na edição de nova orientação a respeito, uma vez suspensa a orientação anterior, que defendia a aplicação da CLT para os aquaviários.

Registre-se que, conforme ata da reunião plenária citada, houve apenas a deliberação pela criação de Comissão para o estudo do tema1, como desdobramento do deliberado na reunião plenária anterior, realizada em 22 de junho de 2011, em que se decidiu pela suspensão da orientação até então vigente sobre a matéria. É certo que, nessa ocasião, houve proposta de redação para orientação quanto à matéria, havendo notícia na intranet, no rol das orientações da CONATPA ali dispostas, da Orientação nº 17, do seguinte teor, verbis:

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Na reunião plenária que teve lugar nos dias 17 e 18 de novembro de 2011, restou deliberado, verbis: “Item 5. JORNADA DO TRABALHO DO AQUAVIÁRIO. Restou deliberado a formação de uma Comissão para estudar o tema de forma segmentada a fim de apresentar propostas de jornadas relativas às atividades de apoio portuário, embarcados, longo curso, fluviário, navegação de cabotagem, etc. A comissão será composta por Andréa Gondim (11ª), Augusto Meirinho (PTM Santos), Marselha Assis (PTM Santarém) e Flávia Bauler (PTM Cabo Frio). Os estudos deverão ser disponibilizados na lista da CONATPA 30 dias antes da próxima reunião.”

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“NAVEGAÇÃO. SERVIÇO DE QUARTO. DESCANSO. O trabalhador aquaviário, submetido a serviço de quarto, deve ter um mínimo de 10 (dez) horas de descanso em qualquer período de 24h. As horas de descanso podem ser divididas em até 2 períodos, um dos quais deverá ter pelo menos 6 horas de duração (convenção STCW). Nos demais casos, aplica-se a CLT.”

A partir da orientação em questão, o Órgão oficiante tece as seguintes considerações em sua promoção de arquivamento:

“Ressalta-se, desta forma, que o regime de serviço de quarto (revezamento da tripulação nas atividades marítimas) é previsto para que a tripulação reveze-se em equipes de trabalho de modo que a embarcação permaneça continuamente em operação e é obrigatório quando a duração da viagem for superior a 12 horas (inteligência da Portaria 259/DPC, de 21 de Dezembro de 2011, Marinha). Os empregados da empresa em epígrafe estão submetidos ao regime de revezamento de quarto, conforme demonstram os documentos acostados às fls. 48 e 91/159 do anexo I desses autos, os quais corroboram as informações prestadas pela empresa em audiência.

No caso em comento, a jornada de trabalho em turnos de 12 horas praticada pela empresa está em conformidade com a nova orientação da CONATPA, visto que resguardado o intervalo mínimo de 10 horas em cada período de 24 horas.” (fls. 115/116) Observa, ainda, que o regime de trabalho dos aquaviários é especial. Nesse sentido, o seguinte trecho de sua promoção de arquivamento:

“Cabe salientar que esse regime de trabalho especial decorre da impossibilidade de controle preciso do trabalho a bordo e a prolongada permanência a bordo em viagens. bem como em razão de outras condições peculiares ao trabalho aquaviário. Assim, não há como pretender que o regime de trabalho dos marítimos seja igual ao regime de trabalho do trabalhador comum, que labora, por exemplo, em estabelecimentos comerciais, eis que o primeiro é caracterizado por peculiaridades que merecem ser respeitadas.” (fl. 117)

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De fato, trata-se de uma atividade peculiar, com condições específicas de trabalho, haja vista a norma expedida pela autoridade marítima referida no presente (Norma da Autoridade Marítima para Embarcações Empregadas na Navegação de Mar Aberto – NORMAN-01/DPC). Ressalte-se que referida norma, ao tratar do descanso a cada jornada de trabalho, volta-se, em verdade, à preservação da saúde e segurança do trabalhador.

Nesse contexto, observo que os documentos juntados aos autos, embora revelem o cumprimento dos parâmetros mínimos traçados nessa norma, demonstram que, por vezes, esses parâmetros são ultrapassados. O documento de fls. 91/92, selecionado aleatoriamente, informa que o trabalhador Edemilson Costa, no período de 09.11.2010 a 06.12.2010, cumpriu, em sua maioria, jornada de trabalho de 12 (doze) horas diárias, divididas em dois períodos de 6 (seis) horas cada, com intervalo, nesse caso, de 12 (doze) horas de descanso no período de 24 (vinte e quatro) horas. Todavia, traz também a informação de que este trabalhador, por vezes, cumpriu jornada de 14 (quatorze) horas, e até mais, de forma ininterrupta, com intervalo de 9 (nove) horas de descanso, e até menos, no período de 24 (vinte e quatro) horas. Por outro lado, o mesmo documento mostra que foram realizadas no período 48 (quarenta e oito) horas extras, montante inferior ao previsto no instrumento coletivo da categoria (Cláusula Sexta da ACT 2009/2011), que estima em 80 (oitenta) o número de horas extras mensais a serem pagas independente de sua realização (fl. 19).

Registro, ainda, que, no caso, o descanso semanal (período de 7 dias) não chegou em nenhum momento às 77 (setenta e sete) horas preconizadas na norma em questão. O total de horas trabalhadas nas semanas que compõem o período assinalado acima são: 72, 70, 67 e 75 horas, respectivamente. De todo o modo, como observado, o trabalho extraordinário foi remunerado na forma

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prevista na norma coletiva da categoria. E, em havendo este, sem dúvida haverá repercussão nas horas de descanso do trabalhador.

Após essa constatação, foram examinados os documentos que tratam do registro da jornada de trabalho dos demais trabalhadores, ficando constatado que somente em relação a um trabalhador (fl. 14) houve o cumprimento de jornada de 14 (quatorze) horas no mesmo período, o que não mais se repetiu (fls. 93 e 95/159), salvo pequenas exceções.

Assim, em que pese o exposto, a situação é contemplada pelo acordo coletivo de trabalho da categoria, na cláusula relativa ao trabalho extraordinário, como antes mencionado. Enfatizo, ainda, que a questão relativa ao meio ambiente de trabalho está sendo objeto de investigação em procedimento específico. O órgão ministerial, portanto, está atento às condições de trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores da investigada, de forma a identificar situação irregular que resulte em prejuízo à sua saúde e segurança.

Por fim, assinalo a manifestação do Coordenador nacional da CONATPA, do seguinte teor, verbis:

“1. Primeiramente, informo que realmente os integrantes da CONATPA não possuem entendimento pacificado em relação à jornada de trabalho do aquaviário de um modo geral. Melhor explicando, existem duas teses, uma que considera a aplicação da jornada de trabalho de 08 horas diárias (art. 248 da CLT), e outra que considera as peculiaridades de cada atividade (v.g. mergulhadores, práticos, tripulação de apoio marítimo e portuário, tripulação de rebocadores, etc.) para analisar a legalidade de cláusulas convencionais que estipulem jornada de trabalho de forma distinta à ordinária; 2. Independentemente de tal dilema quanto à interpretação mais adequada a assegurar a proteção da saúde do trabalhador e respeitando o princípio da independência funcional advinda do princípio do promotor natural, se fosse o caso da existência de algum indício de irregularidade (que

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parece não ser o caso ora em análise), não restaria inviabilizada a investigação da jornada de trabalho porventura pactuada em sede de negociação coletiva em cotejo com a realidade da atividade profissional desempenhada, para fins de averiguar se é o caso de atuação do MPT ou não. 3. No mais, o arrazoado de fls. 114/119 não tem discrepância com o entendimento da CONATPA, considerando-se os fatos investigados na peça de informação – IC n. 1877.2009. 4. Por derradeiro, segue posicionamento da Regional em relatório de arquivamento que trata de situação similar a ora ventilada.”

(grifamos)

Nessas condições, considerando todo o relatado, homologo a promoção de arquivamento encaminhada.

III – CONCLUSÃO

Isto posto, homologo a promoção de arquivamento encaminhada. Brasília, 13 de setembro de 2012.

Eliane Araque dos Santos Relatora

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