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Palavras-chave: cães, microbiota intestinal, diarreia, tratamento. Keywords: dogs, intestinal microbiota, diarrhea, treatment.

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE CÃES COM GASTRENTERITE HEMORRÁGICA SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL Lucas Alécio GOMES1; Giorgio Queiroz PEREIRA2; Iago Smaili SANTOS3 e Márcio

Carvalho da COSTA4

1 Professor Adjunto, Departamento de Clínicas Veterinárias, Universidade Estadual de Londrina – UEL, lucasalecio@gmail.com

2 Mestrando em Ciência Animal, UEL

3 Estudante de graduação e bolsista de Iniciação Científica em Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Londrina, UEL, iagosmaili@gmail.com

4 Bolsista Atração de Jovens Talentos – CNPq/CAPES

Resumo

O Transplante de Microbiota Fecal (TMF) tem sido utilizado com altas taxas de sucesso em humanos. A gastrenterite hemorrágica está entre os problemas mais comuns que acometem os cães. Assim sendo, o objetivo desse trabalho foi testar a segurança de um protocolo de TMF e sua eficácia na recuperação clínica de cães com gastrenterite hemorrágica. Foram avaliados 18 cães com gastrenterite hemorrágica, atendidos em um Hospital Veterinário Escola, nos quais foram realizados exame clínico periódico e exames laboratoriais. Estes foram submetidos ao TMF como tratamento adjuvante com a hipótese de que esse procedimento poderia contribuir para recuperação mais rápida dos animais quando comparado a animais que receberam o tratamento convencional a base de fluidoterapia, antibióticos, antieméticos e protetores de mucosa. Dos 18 cães que receberam o TMF, a média do Período de internamento foi de 4,5 dias o que não diferiu estatisticamente do grupo controle (P>0.005) que apresentou média de 4,7 dias. A resolução da diarreia foi alcançada em média após 3,5 de internamento. Não houve diferença na mortalidade do grupo tratado quando comparado ao controle (P>0.005). Os resultados deste trabalho, demonstram que o TMF é um procedimento seguro em cães e pode ser utilizado como um adjuvante no tratamento de animais com diarreia. Estudos futuros são necessários para se comprovar a eficiência do procedimento.

Palavras-chave: cães, microbiota intestinal, diarreia, tratamento. Keywords: dogs, intestinal microbiota, diarrhea, treatment. Introdução

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A diarreia está entre os problemas mais comuns que acometem os cães. No Brasil ela usualmente é causada por infecções virais (parvovírus e cinomose), entretanto, outras causas potenciais incluem bactérias, fungos, protozoários, alterações alimentares, parasitas helmintos e doença imunomediada (GARCIA, 2000; WILLARD, 2010). Em cães e em outras espécies, a microbiota intestinal beneficia o hospedeiro, agindo como barreira de defesa contra enteropatógenos, ajudando na digestão de fibras complexas, além de ser fundamental para o desenvolvimento e regulação do sistema imune do hospedeiro (SUNVOLD et al., 1995; HAND et al., 2013). No entanto, frente aos quadros de diarreia, acontece um desequilíbrio da microbiota normal e que tem consquências negativas para o paciente (HONNEFFER et al., 2014). Logo, várias estratégias tem sido utilizadas para se restaurar a microbiota em casos de diarreia, como por exemplo, o uso de probióticos, prebióticos e o transplante do ecossistema microbiano inteiro a partir de fezes de um indivíduo sadio, processo este denominado de “transplante de microbiota fecal” (TMF) ou “bacterioterapia” (GOUGH et al., 2011). O TMF visa transferir a microbiota saudável de um “doador” para o paciente, aumentando a diversidade e normalizando a estrutura global da comunidade bacteriana. O TMF se mostrou promissor para o tratamento de diarreia crônica em cães, sendo a resposta clínica consistente com uma mudança acentuada na microbiota dos animais tratados (WESSE et al., 2013). Assim sendo, o objetivo desse trabalho foi testar a segurança e eficácia do TMF em cães com gastrenterite hemorrágica.

Material e Métodos

No presente trabalho foram avaliados 18 cães com gastrenterite hemorrágica, provenientes do atendimento de rotina do Hospital Veterinário Escola da Universidade Estadual de Londrina (HV-UEL) não havendo restrição quanto ao sexo, raça e idade. O trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA). Os animais incluídos apresentavam gastrenterite hemorrágica ou pelo menos diarreia com sangue. As fezes para o TMF foram obtidas por \defecação espontânea de um cão macho, com seis anos de idade, da raça pit bull, alimentado exclusivamente com ração comercial premium para cães adultos e que não recebeu antibióticos nos seis meses antecedentes ao projeto. O animal selecionado foi avaliado clinicamente e por meio de exames laboratoriais incluindo hemograma, bioquímicos e coproparasitológico completo. Após a colheita, as fezes do doador

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foram mantidas a -20ºC e descongeladas a temperatura ambiente no momento do uso. Foram diluídos 10 gramas de fezes em 10 mL de solução de cloreto de sódio 0,9% e a mistura aspirada em seringa de 20 mL conectada a sonda uretral nº 08, que foi introduzida via anal e o conteúdo depositado na porção proximal do reto. O animal receptor foi mantido em decúbito lateral por dois minutos com a pelve discretamente elevada, para auxiliar por gravidade na difusão do conteúdo transplantado. O transplante foi realizado entre 12 a 18 horas pós-internamento e repetido a cada 48 horas até a resolução da diarreia ou por um total de no máximo três aplicações. Exames físicos dos pacientes foram realizados diariamente. Amostras sanguíneas para a realização de hemograma completo foram coletadas durante o exame inicial e no dia da alta hospitalar. Uma amostra de fezes foi coletada para exames coproparasitológicos. Um grupo controle de cães atendidos no hospital durante o mesmo período e que não recebeu o TMF foi selecionado retrospectivamente para se investigar a eficiência terapêutica do procedimento. O período de internamento e a taxa de mortalidade foram comparados entre os grupos pelo test t e Chi quadrado, respectivamente.

Resultados e Discussão

Dos 18 cães avaliados, a média da idade foi 119,11 dias, (± 54 dias); média de peso de 6,79kg (± 4,92kg). Exames coproparasitológicos foram realizados em 12 pacientes e todos apresentaram resultado negativo. Todos os cães apresentaram leucopenia com linfocitose relativa no hemograma inicial, sugerindo infecção viral, sendo a parvovirose a principal suspeita baseado na rotina do hospital e na época do ano. Os pacientes receberam uma terapia padrão com fluidoterapia, protetores gástricos, anti-eméticos, antibióticos de amplo espectro e, além disso, foi realizado o TMF nas primeiras 12 a 18 horas pós-internação o qual foi repetido a cada 48 horas até a alta ou óbito do animal.

A média de hospitalização do grupo tratado com TMF foi de 4,5 dias (±1,86) e de 4,7 dias (±1,83) dias no grupo controle (P>0.05). O tempo de hospitalização dos animais no geral não foi menor quando comparado a animais de rotina que são hospitalizados devido a gastrenterite hemorrágica, entretanto, houve casos em que o período de hospitalização após o TMF foi de apenas 24, 48 ou 72 horas.

Exames físicos foram realizados diariamente para acompanhar a evolução clínica de cada animal e, no momento da alta, o hemograma foi repetido em 8 dos 18 animais

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estudados, todos eles evidenciando melhora da leucopenia. Nenhum paciente precisou receber mais do que três TMFs. O TMF tem sido cada vez mais adotado em humanos com diarreia alcançando sucesso terapêutico de até 95% em casos de colite refratária a antibióticos (GOUGH et al., 2011). Em cães, apenas dois relatos podem ser encontrados na literatura, um utilizando apenas um animal (WEESE et al., 2013) e outro utilizando oito cães com diarreia (MURPHY et al., 2014). Assim, além deste estudo ter utilizado um número maior de animais, alguns parâmetros foram comparados a um grupo controle.

Não houve diferença estatística (P>0.05) na mortalidade entre os animais que receberam o TMF (17%) comparados ao grupo controle (17%). No entanto, estudos clínicos dessa natureza requerem um número amostral muito grande para que os efeitos benéficos da terapia possam de fato ser atribuídos a ela. Isso se dá devido ao grande número de variáveis e falta de uniformidade da população estudada com relação por exemplo a severidade da diarreia e desidratação na hora do internamento. Assim, a ausência de diferenças significativas entre os grupos pode ser devido ao número reduzido de animais usados nesse estudo. Apesar disso, estes resultados demonstram que a técnica de TMF é segura para ser utilizada em cães com diarreia aguda e pode vir a auxiliar na recuperação de desses animais. O TMF é uma técnica de baixo custo e fácil aplicação e que merece mais investigações como adjuvante na terapia a diarreia em cães.

A próxima etapa dessa pesquisa consiste em aumentar o número amostral, além de realizar estudos microbiológicos das consequências do TMF nesta espécie.

Conclusão

O TMF por meio de enema é um procedimento de fácil manejo e de baixo custo. Baseando-se na evolução clínica e o prognóstico reservado em casos de diarreia aguda em cães filhotes, conclui-se que a realização do TMF em associação com a terapia de suporte padrão pode auxiliar no controle da diarreia.

Referências

GARCIA, R.C.N.C. et al. Canine parvovirus infection in puppies with gastroenteritis in Niterói, Rio de Janeiro, Brazil from 1995 to 1997. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v.37, n.2, p.56-68, 2000.

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GOUGH, E.; SHAIKH, H.; MANGES, A.R. Systematic review of intestinal microbiota transplantation (fecal bacteriotherapy) for recurrent Clostridium difficile infection. Clinical Infectious Disease, v. 53, n. 10, p. 994-1002, nov, 2011.

HAND, D.; WALLIS, C.; COLYER, A.; PENN, C.W. Pyrosequencing the canine faecal microbiota: breadth and depth of biodiversity. PLoS ONE, v. 8, n. 1, e53115, jan. 2013. HONNEFFER, J.B.; MINAMOTO, Y.; SUCHODOLSKI, J.S. Microbiota alterations in acute and chronic gastrointestinal inflammation of cats and dogs. World Journal Gastroenterology, v. 20, n. 44, p. 16489-16497, nov. 2014.

MURPHY, T., CHAITMAN, J., HAN E.. Use of Fecal Transplant in Eight Dogs with Refractory Clostridium perfringens Associated Diarrhea. In: American College Veterinary Internal Medicine, 2014, Tennessee, Anais do ACVIM Forum, 2014, p. 1047.

SUNVOLD, G.D.; FAHEY, G.C.; MERCHEN, N.R.; TITGEMEYER, E.C.; BOURQUIN, L.D.; BAUER, L.L.; REINHART, G.A. Dietary fiber for dogs: IV. In vitro fermentation of selected fiber sources by dog fecal inoculum and in vivo digestion and metabolism of fibersupplemented diets. Journal of Animal Science, n. 73, p. 1099-1109, 1995.

WEESE, J.S.; COSTA, M.C.; WEBB, J. Preliminary Clinical and Microbiome Assessment of Stool Transplantation in the Dog and Cat. In: ACVIM Forum, 2013, Seattle. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 27. p. 705, 2013.

WILLARD, M.D. Manifestações Clínicas dos Distúrbios Gastrointestinais. In: Nelson, R.W.; Couto, G.C. Medicina Interna de Pequenos Animais, Rio de Janeiro, v. 4, p. 360-365, 2010.

Referências

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