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ESTUDO DA ALÍQUOTA EFETIVA DO IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS DE ACORDO COM A PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES DO IBGE

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ESTUDO DA ALÍQUOTA EFETIVA DO IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS DE ACORDO COM A PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES DO

IBGE

Marlei Flávia Kessler1 Taís Dall’ Acqua2 Juciléia Giacomin3 Paulo Henrique Fassina4 RESUMO

Uma das fontes principais de recursos públicos é a arrecadação tributária. O Imposto de Renda das pessoas físicas é um tributo que incide sobre a renda e proventos de qualquer natureza. A correta aplicação das alíquotas sobre a renda é de importância significativa diante de um país onde as diferenças sociais são nítidas. O IRPF é cobrado por meio de uma tabela com alíquotas crescentes conforme a renda. Porém em relação às deduções legais não ocorre distinção entre os contribuintes. Desta forma o objetivo do presente trabalho foi analisar se existe coerência no cálculo da alíquota efetiva do IRPF entre os contribuintes, levando-se em consideração os perfis distintos da distribuição de renda e despesas tendo como premissa a pesquisa de orçamentos familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Quanto aos procedimentos a pesquisa caracteriza-se como bibliográfica. Em relação aos objetivos como um estudo descritivo com abordagem qualitativa. O cálculo da alíquota efetiva permitiu a visualização de que podem existir possíveis incoerências na cobrança do imposto de renda das pessoas físicas, ficando explícito quando apresentado os cálculos entre as faixas 9 e 10. Conclui-se que enquanto o valor nominal da renda tributável aumenta em 150%, a alíquota efetiva do imposto de renda pessoa física teve acréscimo de 8,67%.

Palavras-Chave: imposto de renda pessoa física – capacidade contributiva – alíquota efetiva.

1 INTRODUÇÃO

O assunto que hoje é discutido tanto por leigos como por especialistas é a reforma tributária, que visa à mudança da estrutura legislativa de impostos e outras contribuições. Segundo Souza (2008), as várias propostas de mudanças na legislação tributária são os diversos projetos no âmbito teórico, entre eles está o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), que é cobrado com alíquotas crescentes conforme a renda, permitindo assim a cobrança de tributos maior de quem tem mais renda e menor de quem tem menos renda. O Imposto de Renda permite

1 Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade Anglicana de Erechim. 2 Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade Anglicana de Erechim.

3 Mestre em Controladoria e Finanças pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). E-mail:

juci_giacomin@yahoo.com.br .

4 Mestre em Contabilidade pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). E-mail:

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dentro de um sistema tributário atribuir recursos, sendo um melhor instrumento de redistribuição de renda por meio das alíquotas progressivas.

Os impostos têm caráter pessoal e sua graduação é a capacidade econômica do contribuinte, identificando e respeitando os direitos individuais conforme os termos da lei. Em relação à renda é preciso definir a alíquota mais justa a ser aplicada, ou seja, que atenda os cofres públicos sem ferir o princípio tributário.

Essa alíquota é lançada por meio de uma tabela progressiva de acordo com a renda tributável, para assim estabelecer uma correta relação entre imposto devido e a capacidade contributiva.

A capacidade contributiva está ligada ao critério da progressividade que é a distribuição de riquezas (FREITAS, 2007), ou seja, um desmembramento do princípio da igualdade no Direito Tributário. Seu intuito em ordem jurídico-tributário é uma sociedade justa, que faz com que a maior tributação recaia sobre os que possuem riqueza maior.

O contribuinte que queira fazer uma simulação do valor de imposto que deve pagar em relação a sua renda total pode acessar o aplicativo da Receita Federal do Brasil (RFB) na sua página na internet. Porém, este cálculo é somente sobre a renda tributável total.

Na base de cálculo é subtraído a Contribuição Previdenciária, abatimentos de dependentes, pensão alimentícia, despesas médicas, dedução referente à instrução, e os outros benefícios que tem direito pelo total dos vencimentos. O valor que foi obtido aplica-se a alíquota correspondente, de acordo com a tabela do ano vigente.

A capacidade contributiva interessa para tributação como capacidade econômica e, o Fisco diminui os efeitos negativos de impostos na forma de alocação de recursos em classes com renda mais elevadas (FLORISSI; RIBEIRO, 2002). Portanto este estudo sobre a tabela progressiva e a capacidade contributiva faz-se necessário, para que o contribuinte entenda a real forma de aplicação das alíquotas em sua renda e se a mesma está sendo aplicada coerentemente.

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2.1 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA

A contabilidade tributária é o ramo da contabilidade que tem como objetivo principal adotar na prática as normas e princípios da legislação e da contabilidade em si, também estuda e apura os fatos geradores de informação e pagamentos de tributos (FABRETTI, 2013).

É conhecida também pelo termo de contabilidade fiscal, pois além de manter os impostos organizados, viabiliza os negócios. Fabretti (2013, p. 8), define os métodos da contabilidade tributária como:

a) adequado planejamento tributário (que exige conhecimento da legislação tributária);

b) relatórios contábeis eficazes que demonstrem a exata situação das contas do patrimônio e do resultado (que exige conhecimento de contabilidade);

c) controle apurado das despesas indedutíveis e das receitas não tributáveis, temporárias ou definitivas para apuração da base de cálculo.

Esses métodos são divididos em dois planejamentos, o planejamento tributário e o planejamento contábil. O planejamento tributário necessita de conhecimento das leis tributárias e bom senso do planejador, pois segundo Fabretti (2013) a relação custo/benefício deve ser muito bem avaliada. Não há magia em planejamento tributário, apenas alternativas, cujas relações custo/benefício variam muito em função dos valores envolvidos, da época, do local, dentre outros.

O planejamento contábil exige conhecimento da contabilidade, relatórios objetivos e atualizados, pois sem eles não é possível fazer um planejamento sério. “Por essa razão, o planejamento contábil necessita utilizar tecnologias modernas, adequadas às necessidades da empresa e acessíveis a sua capacidade financeira” (FABRETTI, 2013, p.10).

A contabilidade tributária é importante para obter-se melhores informações tanto para as pessoas jurídicas como para as pessoas físicas, em relação às legislações dos tributos como um todo.

2.2 TRIBUTOS

Conforme lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966, imposta no CTN como norma geral de direito tributário aplicável à União, Estados e Municípios sobre o sistema tributário nacional, regulamenta em seu artigo 3º, que “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda

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ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

Quadro 1 – Tipos de tributos de forma detalhada

Tipo de Tributo Descrições

Prestação pecuniária São prestações pagas ao Estado para a conquista de seus objetivos.

Compulsória O contribuinte ter vontade própria para efetuar o planejamento do tributo.

Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir O tributo tem que ser pago em moeda ao fisco e não sob a forma de bens ou mercadorias.

Que não constitua sanção de ato ilícito O tributo é um ato lícito, não podendo ser confundido com penalidades.

Tipo de Tributo Descrições

Instituída por lei Conforme art. 150, Inciso I da CF só a lei pode instituir o tributo.

Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

O tributo pode ser cobrado após ocorrência do fato gerador.

Fonte: Código Tributário Nacional (1966).

Logo, tributo é gênero e as espécies são impostos, taxas e contribuições. Fabretti (2013) define imposto como aquele que, uma vez instituída por lei, é devido, independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte. Portanto, não está vinculado a nenhuma prestação específica do estado ao sujeito passivo.

Os impostos no Brasil são valores pagos em reais, incidindo sobre a renda (salários, lucros, ganhos de capital) e também sobre o patrimônio que seriam os carros, casas, terrenos, etc., tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas. As taxas, conforme está definido no artigo 77 do CTN são cobradas pela união, pelos Estados, Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam ao imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.

A contribuição de melhoria é uma terceira espécie de tributo que pode ser cobrada em virtude de obra pública decorrente de valorização imobiliária para o contribuinte. O artigo 81 do CTN esclarece que:

“[…] no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.”.

Atualmente há vários impostos no Brasil, que não serão citados e explicados, por não se tratar do objeto da pesquisa, porém um deles é fundamental obter conhecimento mais

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aprofundado que é o caso do Imposto de Renda. Para um melhor embasamento teórico será apresentado uma breve história sobre o mesmo no Brasil e sua importância na arrecadação.

2.3 CONCEITO DE RENDA TRIBUTÁVEL E IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA

A renda tributável tem reflexo no cálculo do imposto a pagar, por isso é de extrema importância uma correta definição sobre a mesma. Conforme Souza (2008, p. 27) “o que hoje é tributado pelo imposto de renda, nem sempre pertenceu ao conceito de renda, assim como certos fatos econômicos foram excluídos da incidência do imposto”.

Para não haver mais discussões em relação ao conceito tão polêmico da renda o CTN define que “a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção” (CTN, artigo, 43 II § 1°).

A base legal do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza é formada por meio de um conjunto de leis, tanto as que estão ligadas diretamente ao IRPF quanto às legislações complementares SOUZA (2008). O imposto de renda está previsto na Constituição Federal de 1988 (CF/88), como imposto de competência federal com as seguintes características:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: III – renda e provento s de qualquer natureza; § 2° - o imposto previsto no inciso III:

I – será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

O CTN nos traz algumas especificidades para o imposto de renda em seus artigos 43 a 45. Porém, é no decreto n° 3.000 de 26 de março de 1999, que se encontra a regulamentação deste imposto. Conhecido como Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), sendo composto pelos livros: Livro I – Tributação das Pessoas Físicas, Livro II – Tributação das Pessoas Jurídicas, Livro III – Tributação na Fonte e Sobre Operações Financeiras e, Livro IV – Administração do Imposto, sendo que cada um contém seus respectivos artigos e composições.

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Conforme Neto (2003, p. 10) “capacidade contributiva pode ser conceituada como sendo a capacidade, relativa ao contribuinte, de arcar com o pagamento de tributos. Por outras palavras, é a capacidade econômica do individuo de suportar o ônus tributário.”

A Constituição Federal no artigo 145, parágrafo 1° diz que:

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Para atender as necessidades básicas uma pessoa precisa executar certa quantidade mínima de despesas. Teoricamente, este valor deveria ser equivalente ao salário mínimo do trabalhador, mas este é insuficiente. Segundo o Art. 7° da CF/88, é direito dos trabalhadores urbanos e rurais, dentre outros, um salário mínimo como segue:

Art. 7°, IV – Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação, para qualquer fim.

Desta forma, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), calcula mensalmente o valor do salário mínimo necessário, representando o valor correspondente ao suprimento das necessidades de uma família de quatro membros. A Tabela 1 apresenta estes valores, comparando-os com o salário mínimo oficial/nominal, nos últimos 24 meses.

Tabela 1- Salário mínimo nominal e salário mínimo necessário

Período Salário Mínimo

Nominal Salário Mínimo Necessário Período Salário Mínimo Nominal Salário Mínimo Necessário set/14 R$ 724,00 R$ 2.862,73 set/15 R$ 788,00 R$ 3.240,27 out/14 R$ 724,00 R$ 2.967,07 out/15 R$ 788,00 R$ 3.210,28 nov/14 R$ 724,00 R$ 2.923,22 nov/15 R$ 788,00 R$ 3.399,22 dez/14 R$ 724,00 R$ 2.975,55 dez/15 R$ 788,00 R$ 3.518,51 jan/15 R$ 788,00 R$ 3.118,62 jan/16 R$ 880,00 R$ 3.795,24 fev/15 R$ 788,00 R$ 3.182,81 fev/16 R$ 880,00 R$ 3.725,01 mar/15 R$ 788,00 R$ 3.186,92 mar/16 R$ 880,00 R$ 3.736,26 abr/15 R$ 788,00 R$ 3.251,61 abr/16 R$ 880,00 R$ 3.716,77 mai/15 R$ 788,00 R$ 3.377,62 mai/16 R$ 880,00 R$ 3.777,93 jun/15 R$ 788,00 R$ 3.299,66 jun/16 R$ 880,00 R$ 3.940,24

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Fonte: DIEESE (2016).

A Tabela 1 demonstra diferença significativa entre o valor do salário mínimo nominal e o valor do salário mínimo necessário, calculado pelo DIEESE. Percentualmente, a diferença do mês de agosto de 2016 equivaleria a 22% (vinte e dois por cento) do salário mínimo necessário.

2.5 PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES DO IBGE

A POF visa discriminar as estruturas de consumo, dos gastos, dos rendimentos e parte da variação patrimonial das famílias, possibilitando assim, projetar o perfil das condições de vida da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos (IBGE, 2010).

São investigadas várias características dos domicílios e das famílias, ampliando o potencial de utilização dos resultados da pesquisa. Também possibilita estudar a composição dos gastos das famílias segundo as classes de rendimentos, as desigualdades regionais, as áreas urbana e rural, a extensão do endividamento familiar, a difusão e o volume das transferências entre as classes de renda e a dimensão do mercado consumidor para grupos de produtos e serviços (IBGE, 2010).

Neste módulo, são apresentados conceitos relacionados com os resultados desta publicação, segundo as variáveis ou temas de domicílios, unidades de consumo, pessoas, despesas, rendimentos e antropometria (registro das particularidades físicas dos indivíduos). Precede aos temas a descrição das referências temporais inerentes ao levantamento e à qualidade das informações sobre orçamentos familiares (IBGE, 2010).

A POF é uma pesquisa realizada por amostragem, sendo investigados os domicílios permanentes – “habitação de uma ou mais pessoas, ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, sendo todo ou parte destinado à moradia” IBGE (2010, p. 16).

Para fornecer a estimação de orçamentos familiares que contemplam as alterações a que estão sujeitos ao longo do ano, as despesas e os rendimentos. Foi definido como período de duração da pesquisa 12 meses. Assim sendo, a pesquisa utilizou como referência durante 12 meses, o total de pessoas moradoras, idade, peso, altura e em relação ao sexo feminino foram classificadas em categorias: não gestante e não lactante; gestante e lactante (IBGE, 2010).

Para a realização da POF 2008-2009, o IBGE contou com a parceria do Ministério da

jul/15 R$ 788,00 R$ 3.325,37 jul/16 R$ 880,00 R$ 3.992,75 ago/15 R$ 788,00 R$ 3.258,16 ago/16 R$ 880,00 R$ 3.991,40

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Saúde, a cooperação do Banco Mundial e, apoio técnico disponibilizado, além de recursos financeiros e equipamentos para a pesquisa.

2.5.1 Rendimento monetário e não monetário

De acordo com o IBGE 2010, rendimento monetário é todo e qualquer tipo de ganho monetário, exceto a variação patrimonial, recebido durante o período de referência de 12 meses anteriores à data de realização da coleta das informações. Morador cuja participação no orçamento familiar representou qualquer tipo de ganho monetário - remuneração do trabalho, transferência, aluguel de imóvel, aplicações financeiras, dentre outros. Considerou-se como rendimento não monetário a parcela equivalente às despesas não monetárias, consideradas todas as pessoas que exercem algum tipo de trabalho não remunerado.

Tabela 2 - Despesas monetária e não monetária média mensal familiar (R$)

Tipos de despesa, número e tamanho médio

das famílias

Despesas monetárias e não monetária média mensal familiar (R$)

Total

Classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar (1)

Até 830 (2) Mais de 830 a 1 245 Mais de 1 245 a 2 490 Mais de 2 490 a 4 150 Mais de 4 150 a 6 225 Mais de 6 225 a 10 375 Mais de 10 375 Alimentação 421,72 207,15 279,02 378,83 522,66 655,45 842,79 1 198,14 Habitação 765,89 277,46 410,65 602,72 946,16 1 319,03 1 809,14 3 221,08 Vestuário 118,22 40,43 58,90 96,64 155,39 202,01 289,68 454,70 Transporte 419,19 72,07 124,41 247,73 518,84 835,58 1 428,28 2 491,54

Higiene e cuidados pessoais 51,02 20,60 30,17 46,92 66,52 83,96 109,14 146,29

Assistência à saúde 153,81 40,80 67,71 109,80 185,51 272,83 437,90 787,32 Educação 64,81 6,83 12,95 29,01 74,66 145,64 288,40 409,31 Recreação e cultura 42,76 8,38 14,67 27,81 51,53 86,70 133,22 239,57 Fumo 11,62 6,91 8,90 12,32 14,48 14,44 15,17 23,69 Serviços pessoais 23,85 5,60 8,99 17,32 30,73 47,76 70,54 108,93 Despesas diversas 61,87 13,01 18,85 36,70 71,54 120,28 202,05 389,00

Outras despesas correntes 285,00 22,96 49,11 115,25 271,54 515,71 997,08 2 804,47

Aumento do ativo 152,09 16,12 25,88 57,37 152,15 367,46 402,48 1 479,90

Diminuição do passivo 54,45 6,66 14,77 32,29 71,28 111,22 170,23 344,46

Número de famílias 57 816 604 12 503 385 10 069 184 16 972 311 8 890 463 4 181 485 2 994 837 2 204 938 Tamanho médio da família

(pessoas) 3,30 3,07 3,18 3,38 3,42 3,48 3,47 3,30

Fonte: (IBGE, 2010).

A Tabela 2 demonstra as despesas monetárias e não monetárias conforme estudo do POF – 2008-2009 em Reais, classificadas em sete faixas de rendimento e variação patrimonial mensal familiar.

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Tabela 3 - Distribuição das despesas monetária e não monetária média mensal familiar (%)

Tipos de despesa

Distribuição das despesas monetária e não monetária média mensal familiar (%)

Total

Classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar (R$) (1) Até 830 (2) Mais de 830 a 1 245 Mais de 1 245 a 2 490 Mais de 2 490 a 4 150 Mais de 4 150 a 6 225 Mais de 6 225 a 10 375 Mais de 10 375 Alimentação 16,1 27,8 24,8 20,9 16,7 13,7 11,7 8,5 Habitação 29,2 37,2 36,5 33,3 30,2 27,6 25,1 22,8 Vestuário 4,5 5,4 5,2 5,3 5,0 4,2 4,0 3,2 Transporte 16,0 9,7 11,1 13,7 16,6 17,5 19,8 17,7

Higiene e cuidados pessoais 1,9 2,8 2,7 2,6 2,1 1,8 1,5 1,0

Assistência à saúde 5,9 5,5 6,0 6,1 5,9 5,7 6,1 5,6 Educação 2,5 0,9 1,2 1,6 2,4 3,0 4,0 2,9 Recreação e cultura 1,6 1,1 1,3 1,5 1,6 1,8 1,9 1,7 (continua) (conclusão) Tipos de despesa

Distribuição das despesas monetária e não monetária média mensal familiar (%)

Total

Classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar (R$) (1) Até 830 (2) Mais de 830 a 1 245 Mais de 1 245 a 2 490 Mais de 2 490 a 4 150 Mais de 4 150 a 6 225 Mais de 6 225 a 10 375 Mais de 10 375 Fumo 0,4 0,9 0,8 0,7 0,5 0,3 0,2 0,2 Serviços pessoais 0,9 0,8 0,8 1,0 1,0 1,0 1,0 0,8 Despesas diversas 2,4 1,7 1,7 2,0 2,3 2,5 2,8 2,8

Outras despesas correntes 10,9 3,1 4,4 6,4 8,7 10,8 13,9 19,9

Aumento do ativo 5,8 2,2 2,3 3,2 4,9 7,7 5,6 10,5

Diminuição do passivo 2,1 0,9 1,3 1,8 2,3 2,3 2,4 2,4

Fonte: (IBGE, 2010).

A Tabela 3 demonstra em percentual a distribuição das despesas monetárias e não monetárias mensais familiares, sendo utilizados valores referentes à Tabela 2, com relação à pesquisa do POF – 2008-2009.

2.6 IMPOSTO DE RENDA NO BRASIL

As divergências de alguns autores quanto ao surgimento das discussões do imposto de renda no Brasil é evidente, porém todos têm as mesmas ideias quanto às principais preocupações ao tentar constituí-lo. Serão destacados relatos históricos a respeito, para assim fundamentar as análises no decorrer da pesquisa.

A primeira possível contribuição no Brasil surgiu no reinado de Dom Pedro II, editando assim a Lei nº 317 de 21 de outubro de 1843. O artigo 23 estabelece que seja cobrado um

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imposto progressivo sobre os vencimentos percebidos pelos cofres públicos. Com este movimento de cobrança sobre rendimentos dos cofres públicos, houve uma tamanha reação sendo que o mesmo foi imediatamente suprimido, mesmo assim foi o pioneiro na instituição do imposto de renda (NÓBREGA, 2014).

As tentativas de instituir o imposto sobre a renda no final no império não obteve grande êxito. No ano de 1867 o Visconde de Jequitinhonha expôs e defendeu a implementação, porém não conseguiu chegar a nenhum resultado. Já no ano de 1879, Afonso Celso Visconde de Ouro Preto, consultou os maiores financistas para assim poder instituir o imposto de renda, os mesmos apresentaram a proposta a Câmara dos Deputados constando o seguinte,

Cobrar-se-ão 5% sobre a renda dos contribuintes, que não pagarem o imposto de subsídios, de vencimentos, ou de indústria e profissões.

A arrecadação deste imposto terá por base a declaração da renda, feita pelo próprio contribuinte.

Somente a renda 400$ para cima está sujeita ao imposto.

No caso de recusar-se o contribuinte a fazer a devida declaração, substituirá a esta o cálculo da renda, feito pelos lançadores, que tomarão por base o valor locativo da casa de habitação e outros sinais exteriores de riqueza (NÓBREGA, 2014, p.26).

No ano de 1883 foi à vez do Conselheiro Lafayete, Ministro da Fazenda, acompanhado de uma comissão nomeada por ele para fazer um projeto em prol da instituição do imposto de renda. Segundo Nóbrega (2014, p. 26), essa comissão analisou as rendas gerais, provinciais e municipais e então criou um projeto com a ideia de que fosse aprovado e convertido em lei.

Art. 4º É criado no Império o imposto geral sobre a renda, fundado nas seguintes bases, podendo estabelecer-se diversas classes e subdivisões de taxas:

1º Da renda das terras, fazenda ou antes de todos os imóveis por natureza, cuja taxa deve ser paga pelo proprietário, 2%;

2º Da renda dos mesmos imóveis, pelo seu gozo, taxa paga pelo rendeiro, 1%; 3º Proventos ou lucros industriais, comerciais ou de outra natureza ou proveniência, juros de letras ou depósitos em caixas econômicas, somas dadas por empréstimos a particulares, ações de companhias (dispensadas estas de 1¹/2 % do imposto de indústrias), todos os salários ou ganhos, ou todas as percepções pessoais, a título de trabalho, ou indústria, 2%;

4º Pensões, anuidades, dividendos ou rendas sobre títulos de fundos públicos, 2%; 5º Subsídios de membros do poder legislativo, vencimentos de qualquer natureza, percebidas por funcionários e pensionistas do Estado, abolido o atual imposto de 2%, 1%.

§ 1º São isentas as rendas cujo conjunto for de 600$ para baixo.

Porém ambos os projetos foram vencidos pelos temores de que o país não estava preparado, sendo assim nenhum dos projetos converteu-se em lei. O primeiro-ministro Rui Barbosa no ano de 1891 defendeu arduamente algumas formas de aplicação do imposto, no entanto suas sugestões não foram postas em prática.

Nos anos de 1890 a 1898 houve várias tentativas de instituir o imposto, pois como o Brasil estava passando por uma crise econômica e precisava de soluções para equilibrar as suas

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contas, vários senadores da época, lembraram por diversas vezes do imposto de renda como uma das soluções para reduzir o déficit orçamentário, porém sem êxito.

Entre os anos de 1920 a 1922, preparava-se o cenário para a instituição do imposto de renda, com possíveis projetos do deputado Otávio Rocha e diversas opiniões positivas como a do Ministro da Fazenda Homero Batista que considerava o mais aconselhável à situação do Brasil. A arrecadação satisfatória que o imposto de renda alcançou em outros países, o Brasil conscientizava-se cada vez mais por tratar-se de um importante meio de angariar recursos. A partir da proposta do deputado Antônio Carlos, aproximava-se a adoção do imposto sobre a renda no Brasil.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A fim de atingir os objetivos apresentados neste estudo, esta pesquisa é caracterizada como um estudo descritivo, que na visão de Gil (2002) as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Quanto aos procedimentos, a pesquisa é do tipo bibliográfica e quanto à abordagem do problema, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa.

O presente estudo teve por objetivo analisar se existe coerência no cálculo da alíquota efetiva do IPRF entre os contribuintes, levando-se em consideração os perfis distintos da distribuição de renda e despesas, tendo como premissa a POF. Foram analisadas 10 faixas com valores de R$ 830,00 a R$ 50.000,00, sendo que as classes 1 até 7, são valores disponíveis na POF 2008-2009, já em relação às faixas 8, 9 e 10, foram incluídos valores fictícios para assim poder aprofundar a análise do estudo.

Para fins de cálculo do imposto de renda utilizou-se a tabela de incidência do ano calendário de 2009, pois os dados coletados foram da POF-IBGE 2008-2009, que demonstra as condições de vida da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos, fazendo assim com que os resultados obtivessem equivalência de valores de acordo com dados utilizados na época.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

(12)

Mensalmente, é descontado em folha de pagamento do empregado o IRRF, referente ao salário recebido, desde que este se enquadre em alguma das faixas da tabela progressiva. Salienta-se que os profissionais liberais e os autônomos também recolhem o IRRF por meio do carnê-leão.

Na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda, o contribuinte apura o montante total de imposto devido e confronta este valor com o que já foi pago mensalmente durante o ano. Se esse valor devido for maior que o já pago, será feito o recolhimento da diferença. Caso o valor pago durante o ano for maior que o valor devido apurado na Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte terá direito a restituição dessa diferença.

É importante ressaltar que a RFB devolve este valor da diferença em lotes, reajustados de acordo com a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC). O sistema da RFB, no momento do preenchimento da declaração do IRPF indica qual é a melhor opção para o contribuinte; sendo essas opções o modelo simplificado que é para contribuintes que não tem elevado valor de despesas a deduzir, no qual é concedido um desconto de 20% (vinte por cento) sobre a base de cálculo do imposto, e o modelo completo, indicado para pessoas que tem elevado valor de despesas a deduzir, como gastos com saúde, educação, dependentes, entre outras.

A RFB disponibiliza em seu site a metodologia para calcular o percentual da alíquota efetiva. Para os cálculos da presente pesquisa utilizou-se esta metodologia.

(13)

Figura 1 - Simulação da alíquota efetiva - 2009

Fonte: Receita Federal do Brasil (2016).

A Figura 4 é o modelo de simulação da alíquota efetiva conforme o site da RFB, sem preenchimento. Na Figura 5 têm-se uma simulação com valores fictícios.

(14)

Figura 2 - Simulação da alíquota afetiva preenchida - 2009

Fonte: Elaborado pelas autoras com base na Legislação do IRPF (2016).

O método de cálculo utilizado pela RFB demonstra que, as alíquotas incidem sobre a parcela respectiva do salário, e não diretamente sobre o valor total da renda tributável.

(15)

Os valores utilizados foram baseados em 1 contribuinte e 1 dependente, compondo-se de valores fictícios, apenas para a compreensão do cálculo da alíquota efetiva.

Como explicações têm-se:

a) Renda tributável de R$ 4.000,00 mensais, totalizando o montante de R$ 48.000,00; b) A dedução com previdência oficial totalizou o montante de R$ 5.280,00;

c) Dedução permitida por dependente no valor de R$ 1.665,88; d) Despesa com instrução no valor de R$ 2592,29;

e) Despesa médica no valor de R$ 1.000,00;

f) Obteve total de deduções no valor de R$ 10.528,17; g) A base de cálculo foi de R$ 37.471,83;

Chega-se ao valor do imposto devido em moeda, por meio das faixas do imposto de renda conforme a Tabela 6.

Tabela 4 - Demonstração da apuração do imposto

Faixa da Base de Cálculo Valor Alíquota Valor do Imposto

1ª faixa 16.473,72 Isento -

2ª faixa 16.445,28 15% 2.466,79 3ª faixa 4.552,83 27,5% 1.252,02 Total 37.471,83 - 3.718,81 Fonte: Elaborado pelas autoras através de dados da Receita Federal do Brasil (2016).

Os valores das faixas totalizam a base de cálculo, resultando o montante de imposto a pagar de R$ 3.718,81, dando uma alíquota efetiva de 7,74%.

Para um melhor entendimento de como funciona a tabela progressiva do IRPF será comparado à evolução da tabela progressiva de 2009 para a tabela vigente.

Tabela 5 - Tabela progressiva para o cálculo anual do Imposto de renda de pessoa física para o exercício de 2009, ano-calendário de 2008

Base de Cálculo Anual em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$

Até R$ 16.473,72 - -

De R$ 16.473,73 até R$ 32.919,00 15% 2.471,06

Acima de R$ 32.919,00 27,5% 6.585,93

(16)

Tabela 6 - Tabela progressiva para o cálculo anual do imposto de renda de pessoa física para o exercício de 2016, ano-calendário de 2015

Base de Cálculo Anual em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$

Até R$ 22.499,13 - -

De R$ 22.499,14 até R$ 33.477,72 7,5% 1.687,43

De R$ 33.477,73 até R$ 44.476,74 15% 4.198,26

De R$ 44.476,75 até R$ 55.373,55 22,5% 7.534,02

Acima de R$ 55.373,55 27,5% 10.302,70

Fonte: Receita Federal do Brasil (2016).

Nota-se que para as declarações do ano-calendário de 2008 exercício 2009, a tabela progressiva era composta por três faixas, já para as próximas declarações houve aumento nas faixas da tabela progressiva passando para 5 faixas até a atual tabela vigente. Outras mudanças que pode-se notar é que a cada tabela disponibilizada pela RFB altera-se a base de cálculo e a parcela a deduzir do IRPF. Como a presente pesquisa será a comparação dos dados da POF 2008-2009, utilizar-se-á a tabela progressiva do ano de 2009, conforme Tabela 7.

4.2 ESTUDO DA ALÍQUOTA EFETIVA

Foi elaborado o cálculo da alíquota efetiva com base na metodologia apresentada pela RFB, utilizando-se os percentuais de despesas obtidas na POF IBGE 2008-2009. Conforme a legislação do IR, apenas algumas despesas são dedutíveis. As despesas consideradas dedutíveis são referentes aos itens: saúde, instrução e previdência oficial. Utilizou-se os dados demonstrado na Tabela 8, sendo que as despesas grifadas são as dedutíveis e seus totais.

Tabela 7 - Composição das despesas dedutíveis

Tipos de despesa Até 830 (2) Mais de 830 a 1 245 Mais de 1 245 a 2 490 Mais de 2 490 a 4 150 Mais de 4 150 a 6 225 Mais de 6 225 a 10 375 Mais de 10 375 Assistência à saúde 5,5 6,0 6,1 5,9 5,7 6,1 5,6 Remédios 4,2 4,4 3,7 2,9 2,3 1,9 1,9 Plano/seguro-saúde 0,3 0,5 1,1 1,8 2,1 2,5 2,4

Consulta e tratamento dentário 0,1 0,1 0,2 0,3 0,3 0,4 0,4

Consulta médica 0,2 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2

Tratamento médico e ambulatorial 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,3

Serviços de cirurgia 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,5 0,1

Hospitalização 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0

Exames diversos 0,3 0,3 0,3 0,2 0,1 0,1 0,1

Material de tratamento 0,2 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2 0,2

(17)

DESPESAS DEDUTÍVEIS COM SAÚDE 1,0 1,3 2,0 2,7 3,1 3,8 3,5

Educação 0,9 1,2 1,6 2,4 3,0 4,0 2,9

Cursos regulares 0,1 0,2 0,3 0,4 0,8 1,3 0,9

Cursos superiores 0,1 0,2 0,4 0,9 1,0 1,3 0,9

Outros cursos e atividades 0,2 0,3 0,4 0,6 0,7 0,9 0,8

Livros didáticos e revistas técnicas 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

Artigos escolares 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,1

Outras 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,1

DESPESAS DEDUTÍVEIS COM INSTRUÇÃO 0,4 0,7 1,1 1,9 2,5 3,5 2,6

Outras despesas correntes 3,1 4,4 6,4 8,7 10,8 13,9 19,9

Impostos 1,4 1,4 2,1 3,0 4,3 6,1 10,0

Contribuições trabalhistas 0,8 1,6 2,3 3,1 3,5 3,8 4,1

Serviços bancários 0,1 0,2 0,3 0,5 0,4 0,5 0,4

Pensões, mesadas e doações 0,6 0,8 1,1 1,2 1,3 1,4 1,2

Previdência privada 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,2 0,6

Outras 0,2 0,4 0,5 0,8 1,2 1,9 3,6

DESPESAS COM PREVIDÊNCIA OFICIAL 0,8 1,6 2,3 3,1 3,5 3,8 4,1

Fonte: POF IBGE (2008-2009).

Conforme a Tabela 9 destaca-se que as despesas efetuadas com planos de saúde podem ser deduzidas, beneficiando assim aqueles que têm maior renda, pois a população de baixa renda, normalmente utiliza os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os valores da Tabela 9, intercalados de 830 a 1.245; 1.245 a 2.490 e, assim sucessivamente, são os intervalos de rendimentos, e toda composição de despesas dá-se em percentual.

Com relação às despesas com instrução, são dedutíveis apenas aquelas com cursos, por exemplo: ensino pré-escolar; fundamental; médio; graduação e pós-graduação, além de profissionalizante e especialização. Essas deduções beneficiam os que podem pagar educação privada, em detrimento daqueles que precisam recorrer ao ensino público. O limite individual das deduções com instrução por dependente no ano de 2009 é de R$ 2.592,29, sendo que um dos dependentes não atinja esse valor não é permitida a utilização para a compensação referente ao excesso de outro dependente.

Utilizou-se o item fornecido pela POF 2008-2009 sob a denominação de contribuições trabalhistas, na qual estão incluídas as despesas com previdência pública e com conselhos e associações de classe. Para a construção dos perfis a serem analisados na pesquisa, considerou-se o tamanho médio das famílias brasileiras de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do IBGE de 2009, que traz o valor de 3,3 (três vírgula três) pessoas por família.

(18)

O perfil para os cálculos é de 1 contribuinte com 2 dependentes, os quais foram observados do PNAD. Os valores utilizados para a renda mensal foram os das classes de renda da POF 2008-2009, compostas com valores de até R$ 830,00 mensais, sendo que a alíquota efetiva é 0% (zero por cento), após composta pelo valor de R$ 1.037,50, seguindo valores conforme Tabela 10. Na Tabela 11 o valor de R$ 10.375,00 é a última classe em relação à POF 2008-2009. Os valores R$ 15.000,00, 20.000,00 e R$ 50.000,00 pelas autoras a partir de valores fictícios.

Tabela 8 - Simulação da alíquota efetiva para rendas entre R$ 830,00 e R$ 5.187,50

Rendimento mensal 830,00 1.037,50 1.867,50 3.320,00 5.187,50

Rendimento tributável (anual) 9.960,00 12.450,00 22.410,00 39.840,00 62.250,00

Deduções

Previdência Oficial 79,68 199,20 515,43 1.235,04 2.178,75

Dependente (R$ 1.655,88 por dependente) 3.311,76 3.311,76 3.311,76 3.311,76 3.311,76

Despesa com Instrução (limite de R$ 2.592,29 pessoa) 39,84 87,15 246,51 756,96 1.556,25

Despesa Médica 99,60 161,85 448,20 1.075,68 1.929,75

Pensão Alimentícia Judicial - - - - -

Outras Deduções - - - - -

Total das Deduções 3.530,88 3.759,96 4.521,90 6.379,44 8.976,51

Base de Cálculo (rendim. tributável - total das deduções) 6.429,12 8.690,04 17.888,10 33.460,56 53.273,49

Imposto - - 212,15 2.615,71 8.064,27

Dedução de Incentivo - - - - -

Imposto Devido I (imposto - dedução de incentivo) - - 212,15 2.615,71 8.064,27

Contribuição Patronal Prev. Social Emp. Doméstica - - - - -

(continua)

(conclusão)

Rendimento mensal 830,00 1.037,50 1.867,50 3.320,00 5.187,50

Imposto Devido II (imposto devido - contr. patronal prev.) - - 212,15 2.615,71 8.064,27

Alíquota Efetiva (%) 0,94% 6,56% 12,95%

Fonte: Elaborada pelas autoras (2016). Valores acima em R$.

Tabela 9 - Simulação da alíquota efetiva para rendas entre R$ 8.300,00 e R$ 50.000,00

Rendimento mensal 8.300,00 10.375,00 15.000,00 20.000,00 50.000,00

Rendimento tributável (anual) 99.600,00 124.500,00 180.000,00 240.000,00 600.000,00

Deduções

Previdência Oficial 3.784,80 5.104,50 7.380,00 9.840,00 24.600,00

Dependente (R$ 1.655,88 por dependente) 3.311,76 3.311,76 3.311,76 3.311,76 3.311,76

Despesa com Instrução (limite de R$ 2.592,29 pessoa) 3.486,00 3.237,00 4.680,00 6.240,00 15.600,00

Despesa Médica 3.784,80 4.357,50 6.300,00 8.400,00 21.000,00

Pensão Alimentícia Judicial - - - - -

Outras Deduções - - - - -

Total das Deduções 14.367,36 16.010,76 21.671,76 27.791,76 64.511,76

Base de Cálculo (rendim. tributável - total das deduções) 85.232,64 108.489,24 158.328,24 212.208,24 535.488,24

Imposto 16.853,04 23.248,60 36.954,33 51.771,33 140.673,33

Dedução de Incentivo - - - - -

Imposto Devido I (imposto - dedução de incentivo) 16.853,04 23.248,60 36.954,33 51.771,33 140.673,33

(19)

Imposto Devido II (imposto devido - contr. patronal prev.) 16.853,04 23.248,60 36.954,33 51.771,33 140.673,33

Alíquota Efetiva (%) 16,92% 18,67% 20,53% 21,57% 23,44%

Fonte: Elaborada pelas autoras (2016). Valores acima em R$.

Para um melhor entendimento das Tabelas 10 e 11 segue um exemplo:

O cálculo de rendimento mensal de R$ 10.375,00, equivale ao total anual de R$ 124.500,00. Deste total anual diminuem-se as deduções, obtendo-se a base de cálculo no valor de R$ 108.489,24; após encontra-se o imposto devido, seguido logo abaixo de sua alíquota efetiva. Já para os rendimentos mensais de R$ 15.000,00, R$ 20.000,00 e R$ 50.000,00 as deduções são as mesmas do rendimento de R$ 10.375,00. Desta forma, para ajustar os resultados encontrados para estas rendas seria necessário um estudo estatístico da evolução de cada item de despesas ao longo das classes de rendimento, ou uma pesquisa no momento de coleta dos dados.

A Tabela 12 será baseada no salário mínimo do ano de 2009, o mesmo era no valor de R$ 465,00.

Tabela 10 – Total de salários mínimos nominais versus rendimento tributável IRPF

Faixa Salário Mínimo

Nominal (2009) Rendimento Tributável Anual Base de Cálculo IRPF Imposto Devido Alíquota Efetiva 1 21,42 9.960,00 6.429,12 - 0,00% 2 26,77 12.450,00 8.690,04 - 0,00% 3 48,19 22.410,00 17.888,10 212,15 0,94% 4 85,68 39.840,00 33.460,56 2.615,71 6,56% 5 133,87 62.250,00 53.273,49 8.064,27 12,95% 6 214,19 99.600,00 85.232,64 16.853,04 16,92% 7 267,74 124.500,00 108.489,24 23.248,60 18,67% 8 387,10 180.000,00 158.328,24 39.954,33 20,53% 9 516,13 240.000,00 212.208,24 51.771,33 21,57% 10 1.290,32 600.000,00 535.488,24 140.673,33 23,44% Fonte: Elaborada pelas autoras (2016).

Analisando a Tabela 12, verifica-se que os rendimentos tributáveis da faixa de renda inicial que compreende o valor de R$ 12.450,00 – equivale a 26,77 (vinte e seis vírgula setenta e sete) salários mínimos nominais – até o valor de R$ 22.410,00 – equivale a 48,19 (quarenta e oito vírgula dezenove) salários mínimos nominais –, o contribuinte começa a ter uma fatia do seu rendimento destinado ao imposto de renda, chegando à alíquota efetiva máxima de 0,94% (zero vírgula noventa e quatro por cento).

(20)

Dando sequência a análise da Tabela 12, começa-se a perceber as primeiras distorções entre a relação de salários mínimos nominais, rendimento tributável e alíquota efetiva. Vejamos as duas últimas faixas de rendimentos: houve um aumento de R$ 360.000,00 em valores nominais – aumento de 150% (cento e cinquenta por cento), e a alíquota efetiva do imposto de renda pessoa física teve acréscimo de 8,67% (oito vírgula sessenta e sete por cento), fazendo-nos crer que há incoerências tributáveis de imposto de renda em casos de renda mais elevada.

5 CONCLUSÃO

A presente pesquisa nos proporcionou uma visão ampla e social do IRPF, desde sua constituição até as alterações na legislação. Verificou-se com o desenvolvimento do estudo que o IRPF cumpre satisfatoriamente sua função social em harmonia com a sua função arrecadatória, sendo que recai o maior ônus sobre os contribuintes de maior renda do que sobre os de menor renda, principalmente nas faixas iniciais de rendimentos tributáveis.

Os perfis de despesas disponibilizados na POF 2008-2009 são pouco utilizados para o cálculo do IRPF em relação à legislação; referentes às despesas dedutíveis têm-se como exemplo os valores gastos com remédios. Sendo assim, a composição do orçamento familiar não é fator relevante comparando-se aos itens dedutíveis ou limites de deduções.

Portanto, analisando-se a coerência do cálculo da alíquota efetiva do IRPF entre os contribuintes, em consideração aos perfis distintos da distribuição de renda e de despesas, tendo como premissa a POF 2008-2009, conclui-se que em relação as faixa 1 a 8 existe coerência no cálculo da alíquota efetiva conforme demonstrado na Tabela 12.

Em relação às faixas 9 e 10 percebe-se que há incoerência no cálculo da alíquota efetiva, pois houve um aumento no rendimento tributável anual de 150% (cento e cinquenta por cento), enquanto a alíquota efetiva do imposto de renda teve apenas acréscimo de 8,67% (oito vírgula sessenta e sete por cento). Quanto as despesas dedutíveis as mesmas permanecem iguais em todas as faixas da tabela progressiva, como por exemplo, as despesas com instrução e dependentes, sendo que o contribuinte que tem menor rendimento tributário anual fica em desvantagem ao que tem maior renda tributável anual.

(21)

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SOUZA, Susany Mendonça de Imposto de Renda das Pessoas Físicas: Estuda da Alíquota Efetiva. Florianópolis, 2008. Disponível em: <http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis292249>. Acesso em: Nov. 2015.

Referências

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