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O MANEJO DA PESCA DO PIRARUCU ARAPAIMA GIGAS NA FRONTEIRA PERU, BRASIL E COLÔMBIA.

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O MANEJO DA PESCA DO PIRARUCU ARAPAIMA GIGAS NA FRONTEIRA PERU, BRASIL E COLÔMBIA.

PIRARUCU ARAPAIMA GIGAS FISHERIES MANAGEMENT AT BRASIL, PERU AND COLôMBIA BORDER.

Serguei Aily Franco de Camargo Thaísa Rodrigues Lustosa de Camargo

RESUMO

A bacia Amazônica estende-se por nove países. Nesse caso, alguns estoques pesqueiros podem ser compartilhados por um ou mais países. A atividade pesqueira é desenvolvida tradicionalmente por comunidades ribeirinhas e o pescado é a principal fonte de proteína animal de toda essa população. Dentre as espécies mais apreciadas encontra-se o pirarucu Arapaima gigas, que atualmente encontra-se em risco de extinção comercial. A atividade pesqueira na região da fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia exerce intensa pressão de pesca sobre os estoques de pirarucu e possui pouca fiscalização, tanto na pesca como na comercialização interna ou externa. Este trabalho tem o objetivo de levantar a situação atual do marco regulatório internacional e nacional sobre o assunto. Resultados preliminares indicam que o Brasil avançou na gestão de recursos pesqueiros, principalmente através da implementação do sistema de gestão participativa da pesca, enquanto que ao nível internacional pouco se tem feito para regulamentar o aproveitamento de estoques pesqueiros comuns e fomentar o desenvolvimento regional sustentável. PALAVRAS-CHAVES: Manejo de pesca; Pirarucu Arapaima gigas; Fronteira Brasil, Peru e Colômbia.

ABSTRACT

The Amazonian basin is though nine countries. In this case, some fish stocks may be shared among two or more countries. Fishery activity is traditionally performed by riverine communities and the fish is the main source of animal protein of this population. Among the preferred species is the pirarucu Arapaima gigas, that nowadays suffers commercial extinction risk. Fishery activity at the Brasil, Peru and Colômbia border presents high effort levels over pirarucu stocks. In this case it is observed a lack of monitoring during the fisheries and later, during the internal and external trade. This paper aims to highlight the situation of international and Brazilian legislations related to fisheries and shared stocks. Preliminary results indicates that Brasil presented positive changes about fisheries management, mainly through the implementation of participatory fisheries management system, instead international level, where it was not observed any progress in support regional and sustainable development of the basin.

KEYWORDS: Fisheries management; Pirarucu Arapaima gigas; Brasil, Peru and Colômbia Border.

INTRODUÇÃO

O pirarucu Arapaima gigas é uma das espécies mais antigas de peixe de água doce do planeta. Possui respiração pulmonar e seus machos podem chegar a medir 450cm (Axelrod et al., 1991) e 200kg de peso (Wheeler, 1977).

Distribui-se pela bacia Amazônica. É extremamente apreciado pela população local e sofre pressão intensiva de pesca (FishBase, 2010), o que levou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) a restringir sua explotação. Atualmente, a pesca desta espécie é proibida no Estado do Amazonas, sendo permitida apenas em áreas de manejo (v.g. Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, localizada no município de Tefé-AM).

O comércio internacional desta espécie também é restrito desde 1975, conforme a “Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora” (CITES).

A região da tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia) possui deficiência de fiscalização, permitindo grande atividade de comércio ilegal (contrabando). Dentre os itens comercializados desta forma temos o pescado, combustíveis e drogas. O pescado serve, em muitos casos, como forma de disfarçar o tráfico.

Independente desta situação, observa-se em toda a calha Solimões-Amazonas a presença de comunidades ribeirinhas e organizações de base. Estas comunidades podem ser indígenas e não-indígenas, mas em todos os casos, a pesca é uma atividade importante à manutenção da segurança alimentar.

A organização do setor pesqueiro no Brasil é dada ao nível federal, por legislação própria. As colônias e capatazias de pesca continuam a se constituir em entidades de mobilização e defesa dos interesses da categoria dos pescadores profissionais. Por outro lado, as organizações de base, representando as comunidades tradicionais, passaram a ocupar importante lugar no cenário político e institucional ao garantirem ativa participação no sistema de gestão participativa da pesca. A atuação destas organizações de base está distribuída desde as ações ao nível (nas comunidades) local até o acompanhamento e fiscalização dos acordos de pesca.

Os acordos de pesca surgem como marco no sistema de gestão participativa. Apesar de não se poder falar em novidade, pois sua prática já era constatada antes da Instrução Normativa IBAMA 29/2002, passam a ser o foco de vários projetos de cooperação técnica internacional (v.g. Projeto Administração dos Recursos Pesqueiros do Médio Amazonas: Estados do Pará e Amazonas - IARA, Projeto Aproveitamento dos

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Recursos Naturais de Várzea - PróVárzea e Projeto de Aproveitamento Pesqueiro das Águas Interiores do Ceará - PAPEC), executados em contrapartida pelo IBAMA.

No caso específico da tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia, a situação do manejo pesqueiro se agrava. Além da pressão de mercado, impulsionada pela facilidade de comercialização (contrabando) e pela falta de fiscalização, ocorre a presença de estoques pesqueiros compartilhados. O pirarucu, apesar de sedentário, é uma dessas espécies.

A promoção do desenvolvimento regional, no âmbito da bacia Amazônica, é uma das diretrizes do Tratado de Cooperação Amazônico (TCA). A necessidade de articulação internacional para o estabelecimento de políticas setoriais e normatização faz-se presente. Iniciativas pontuais podem ser observadas no caso do manejo da pesca dos grandes bagres migradores (dourada Brachyplatystoma rousseauxii e piramutaba Brachyplatystoma vaillantii).

Neste contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar o marco regulatório da atividade pesqueira, nos níveis internacional e nacional, discutir o papel dos usuários no manejo dos estoques explotados (com ênfase sobre o pirarucu) e, ao final, propor alternativas para esta articulação internacional.

1. REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE PESQUEIRA NO BRASIL

Nos termos do art. 7° da Lei n° 11.959/09, o desenvolvimento da atividade pesqueira deve se dar de forma sustentável, através da gestão do acesso e uso dos recursos pesqueiros (I); da determinação de áreas especialmente protegidas (II); do controle e a fiscalização da atividade pesqueira (IX), entre outros.

Ao poder público compete a regulamentação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Atividade Pesqueira, devendo estabelecer, no que concerne aos recursos pesqueiros (art. 3°): os regimes de acesso (I); a captura total permissível (II); o esforço de pesca sustentável (III); os períodos de defeso (IV); as temporadas de pesca (V); os tamanhos de captura (VI); as áreas interditadas ou de reservas (VII); as artes, os aparelhos, os métodos e os sistemas de pesca e cultivo (VIII); a capacidade de suporte dos ambientes (IX); as necessárias ações de monitoramento, controle e fiscalização da atividade (X); a proteção de indivíduos em processo de reprodução ou recomposição de estoques (XI).

O ato autorizativo da atividade pesqueira deve assegurar (art. 5°): a proteção dos ecossistemas e a manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios de preservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais (I); a busca de mecanismos para a garantia da proteção e da seguridade do trabalhador e das populações com saberes tradicionais (II); e, por fim a busca da segurança alimentar e a sanidade dos alimentos produzidos (III).

A Lei nº 11.959/09, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aqüicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei nº 7.679/88, e dispositivos do Decreto-Lei nº 221/67.

A nova lei modificou o conceito de pesca, que era compreendida pelo Decreto-Lei 221/67, como “[...] todo ato tendente a capturar ou extrair elementos animais ou vegetais que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida” (art. 1°). Com a Lei n° 11.959/09, tem-se a pesca como “toda operação, ação ou ato tendente a extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros” (art. 2°, III).

Dessa forma, verifica-se a mudança da nomenclatura de “elementos animais ou vegetais” para “recursos pesqueiros”, tornando, assim, a legislação mais técnica e com conceitos específicos. Nos termos do inciso I do art. 2° da citada Lei, recursos pesqueiros são “os animais e os vegetais hidróbios passíveis de exploração, estudo ou pesquisa pela pesca amadora, de subsistência, científica, comercial e pela aqüicultura”. Referida Lei também trouxe a definição de atividade pesqueira, como “[...] todos os processos de pesca, explotação e exploração, cultivo, conservação, processamento, transporte, comercialização e pesquisa dos recursos pesqueiros”. (art. 4° da Lei n° 11.959/09). Dessa forma, toda a cadeia de pesca é englobada – captura, transporte, beneficiamento, estocagem e comercialização.

A Lei 11.959/09 estabeleceu ainda no art. 33 que a punição das condutas e atividades lesivas aos recursos pesqueiros e ao meio ambiente será feita nos termos da Lei n° 9.605/98, e de seu regulamento; além de prever que o estímulo às pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvem a atividade pesqueira será feito através dos benefícios da política agrícola, como o crédito rural, da capacitação da mão-de-obra, voltada ao desenvolvimento sustentável, e do estímulo à pesquisa.

2. HISTÓRICO DAS POLÍTICAS SETORIAIS DA PESCA NO BRASIL

A questão ambiental de modo geral, e a pesca mais especificamente, é assunto de competência de diversos órgãos executivos, cujas atribuições apresentam-se conflitantes em algumas oportunidades, e vagas em outras. Ao longo da construção da estrutura organizacional da República, houve a criação e a extinção de órgãos voltados à temática ambiental, bem como a modificação de suas competências.

Criado através da Lei nº 7.735/89, o IBAMA foi um marco na história brasileira, pois, pela primeira vez, a gestão ambiental passou a ser integrada. Antes, a temática era tratada por diferentes Ministérios. O

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Ministério do Interior, através da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), desde 1973 cuidava do trabalho político e de gestão de responsabilidade. Vinculados ao Ministério da Agricultura havia o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), responsável pela gestão das florestas; e a Superintendência de Pesca (SUDEPE), gestão do ordenamento pesqueiro. Por fim, atrelado ao Ministério da Indústria e Comércio, a Superintendência da Borracha (SUDHEVEA) tinha o objetivo era viabilizar a produção da borracha. A união destes quatro órgãos deu origem ao IBAMA.

Neste período de descentralização, deram-se importantes passos em matéria ambiental como a elaboração da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº 6.938/81, em que se estabeleceu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), único conselho com poder de legislar. Recepcionada pela Constituição Republica de 1988, a Lei ainda está em vigor.

Na década de 90, a questão ambiental cresceu em importância. Foi criado o Ministério do Meio Ambiente (1992); o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (1997); a Agência Nacional das Águas (2000); o Conselho Nacional de Recursos Genéticos (2001); o Serviço Florestal Brasileiro (2006) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (2007). Também houve o surgimento de novas legislações: Lei das Águas (1997); Lei dos Crimes Ambientais (1998); a lei que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental (1999); a que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (1999) e a Lei de Gestão de Florestas Públicas (2006).

Atualmente, têm-se, em nível federal, os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Meio Ambiente; da Pesca e Aqüicultura, além das autarquias - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes.

A fiscalização das atividades de aqüicultura e pesca é competência do MPA no âmbito de suas atribuições e competências (Lei n° 10.683/03, art. 27, XXIV, g). Contudo o poder de polícia ambiental pertence ao IBAMA (Lei n° 7.735/89, art. 2°, I), excetuando a fiscalização nas unidades de conservação instituídas pela União, onde passa ter um poder de polícia suplementar ao do Instituto Chico Mendes (Lei nº 11.516/07, art. 1°, IV).

Na prática, este tipo de distribuição de atribuições provoca problemas operacionais. Na região do Pantanal do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, quem fiscaliza a atividade de pesca esportiva são órgãos estaduais, que ignoram se os pescadores portam licenças federais (expedidas até então pelo IBAMA), exigindo apenas o porte das estaduais. Esta prática provoca evasão de divisas da esfera federal para as estaduais (Bernardino, 2009, comunicação pessoal).

3. MANEJO PESQUEIRO: GESTÃO PARTICIPATIVA E ACORDOS DE PESCA

O manejo comunitário da pesca compreende as ações de manejo tomadas ao nível local, pelos próprios usuários/comunitários. De acordo com Cerdeira (2009), o manejo comunitário de pesca na Amazônia é uma resposta da sociedade civil à falta de gestão adequada à região e à ausência de uma política pesqueira que atenda os anseios locais. Esta forma de manejo é uma alternativa ao modelo convencional imposto pelo poder público, que propõe um ordenamento local à pesca que sustente os modos de vida da população moradora. O modelo convencional para Ruffino (2005 apud Cerdeira, 2009) tem por base três idéias: i) os recursos pesqueiros são de domínio da união e devem ser acessíveis; ii) os usuários não tem capacidade de manejo do recurso sem a supervisão do Estado; e iii) o rendimento máximo sustentável pode ser estimado. O autor justifica que a incapacidade do Estado em regular efetivamente a pesca leva o recurso à condição de livre acesso, significando "sem controle"; que, com base nas afirmações de McGoodwin (1990 apud Cerdeira, 2009), apesar dos pescadores serem considerados sem capacidade de controle da pressão excessiva sobre o recurso e nem de conservá-lo por agências do governo, as experiências bem sucedidas com o manejo comunitário de pesca tem mostrado o contrário, as comunidades tem capacidade de controle social e baixa densidade populacional. Esta capacidade de controle social que permite o monitoramento e o desenvolvimento do manejo comunitário segundo Ruffino (2005 apud Cerdeira, 2009), somente é possível se as comunidades envolvidas no manejo apresentarem nível de organização adequado. Neste sentido, os estudos de Benatti et al. (2003 apud Cerdeira, 2009) confirmam esta idéia ao citar a organização social como fator de sucesso do manejo do pirarucu em Tefé; embora considerem, também, a organização comunitária frágil, sendo necessário a verificação dos fatores que influenciam esta organização, e seu desenvolvimento em nível de políticas públicas.

Cerdeira (2009) menciona que respostas sobre a eficácia do modelo de manejo comunitário para conservação dos estoques pesqueiros, principalmente os migradores, visto a abrangência geográfica limitada dos acordos de pesca, e os efeitos das medidas sobre os grupos usuários no que se refere ao seu desenvolvimento econômico e social são objetivos a serem alcançados em sistemas de monitoramento e avaliação dos impactos desses acordos. Alguns métodos nesse sentido foram aplicados, pelo menos, no que se refere ao esforço e produtividade pesqueiros em lagos manejado[1], a exemplo dos estudos de Almeida et al. (2006 apud Cerdeira, 2009) e Lorenzen (2006 apud Cerdeira, 2009) para a região do Baixo Amazonas.

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Isaac e Barthem (1995 apud Cerdeira, 2009) afirmam que o manejo comunitário de pesca pode ser eficiente na recuperação das espécies sedentárias como o pirarucu e o tucunaré que possuem grande valor econômico. Para as espécies migradoras que utilizam diferentes ambientes, Ruffino et al. (2000 apud Cerdeira, 2009) recomendam que o manejo seja tratado em escala macro-regional o que exigiria maiores níveis de organização dos usuários.

Nas décadas de 1960 e 70, a pesca na Amazônia recebia um grande estímulo do governo para o seu desenvolvimento por meio de incentivos fiscais (Mello, 1993; McGrath, 1993 apud Cerdeira, 2009), sem grandes preocupações no manejo dos recursos. A indicação de sobrepesca de algumas espécies e os conflitos gerados por disputas pelos territórios de pesca levaram o governo a basear o manejo dos recursos pesqueiros na Amazônia em medidas que restringem a captura das espécies comerciais, Barthem (2006 apud Cerdeira, 2009). Como exemplo destas medidas tem-se as restrições do defeso (Portaria IBAMA 48/2007); as determinações constantes da Portaria IBAMA no. 43/2004 para a pesca em águas continentais; e os acordos de pesca legalizados nas áreas de várzea. A Portaria IBAMA no 08/1996, art. 5o determina o tamanho mínimo de captura em 55 cm para o tambaqui; 150 cm para o pirarucu; e 80 cm para o surubim. Para as espécies como o jaraqui Semaprochilodus spp, matrinchã Brycon spp, curimatã Prochilodus nigricans, pacu Mylossoma spp e aracu Schizodon spp e Leporinus spp, a principal medida adotada é a proibição da captura comercial na época do período reprodutivo, conhecida como defeso. Neste sentido, a Portaria IBAMA no. 48/2007 determina vários períodos por trechos da bacia amazônica, de rios da Ilha do Marajó e outras bacias hidrográficas no estado do Amapá (Cerdeira, 2009).

4. A REGIÃO DA TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL, PERU E COLÔMBIA

De acordo com Faulhaber (2010), no fim do século XIX colocou-se em questão a linha de fronteira Brasil, Peru e Colômbia, que desde fins do século XVIII, já era objeto de divergências entre Portugal e Espanha. Chegou-se a um consenso sobre o interesse comum que viabilizou o caminho para o Atlântico por colombianos e peruanos, que resultou na aceitação da ocupação luso-brasileira do Solimões, Içá e Japurá (respectivamente Amazonas, Putumayo e Caquetá na Colômbia e no Peru), até então contestada por colombianos e peruanos. Nessa argumentação, a questão da exploração na extração do látex e da escravidão indígena apareceu a partir de observações dos conflitos étnicos e políticos concernentes ao estabelecimento de fronteiras.

Os conflitos territoriais na região foram documentados, além dos registros consulares, por uma literatura que, embora informada por uma polêmica de caráter racionalista, produziu informações com base na observação direta, que tornam-se fonte para a reflexão antropológica sobre o tecido social que constitui as representações sobre fronteira e identidade indígena no divisor de águas do Caquetá-Japurá e Putumayo-Içá (Faulhaber, 2010).

De acordo com Gomes e Albuquerque (2010), o pescado assume grande significado na alimentação humana, representando 70% da proteína animal consumida pela população. Em Santo Antonio do Içá (AM) é a principal fonte de alimentação. Este município situa-se na região do Alto Solimões, em sua margem esquerda, próximo a tríplice fronteira do Brasil, Colômbia e Peru.

Na economia do setor pesqueiro os que mais se destacam são: Pirarucu (Arapaima gigas), Piraíba (Brachyplathystoma filamentum), Tambaqui (Colossoma macropomum), Surubim (Pseudoplatystoma fasciatum), Pirara (Phracthocefalus hemeliopterus), Dourado (Brachyplastytoma roussearri), Piracatinga (Calophysus macopterus). Devido este comércio, a Colômbia está se tornando um dos maiores exportadores de peixes da América do Sul, graças ao Brasil. Anualmente, das 600 toneladas de pescado que são retirados de lagos e rios do Alto Solimões, 400 toneladas vão ilegalmente para aquele país. A proposta de realizar um estudo sobre o setor do comércio pesqueiro no Alto Solimões justifica-se face à necessidade de identificar os fatores que comprometem o manejo sustentado dessas espécies, em função do tráfico e do comércio ilegal na região de fronteira. A captura indiscriminada e a atividade comercial sem projeto de manejo têm proporcionado risco de extinção de muitas espécies. [...] Resultados preliminares, obtidos por meio de entrevistas abertas, visitas locais e pesquisa bibliográfica revelaram que o comércio de peixes na Amazônia ocidental é realizado quase que exclusivamente na cidade de Letícia-Colômbia, saindo do Brasil pela cidade de Tabatinga, no Amazonas.

Segundo Nogueira (2010), diversos municípios amazonenses exportam seu pescado, formando uma verdadeira rede de comercialização desses produtos com a Colômbia. Entre os maiores exportadores em 2003, têm-se: Tefé, Coari, Japurá, e Manaus.

De acordo com dados do IBGE (IBGE, 2010), o município de Tabatinga possui cerca de 49.000 habitantes, Benjamin Constant cerca de 30.000, o que indica a magnitude da população local, apenas do lado Brasileiro da região de fronteira.

Segundo Nogueira (2010), Tabatinga possui um papel de destaque na fronteira por ser o ponto de ligação entre o Brasil e a Colômbia, ou seja, o caminho de passagem, legal ou ilegal, de todo o pescado capturado no Alto Solimões e de outras regiões do Amazonas.

No entanto, a estrutura pesqueira da cidade enfrenta dificuldades, como a ausência de uma fábrica de gelo e de fiscalização pelos órgãos brasileiros. Conforme Nogueira (2010), a região do Alto Solimões não possui frigoríficos beneficiadores, como Médio Amazonas, dispondo apenas de câmaras frigoríficas,

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denominadas “Quartos Frios” ou “Bodegas”, que são usadas, em regra, para o congelamento e armazenamento do pescado. Neste caso, o pescado sofre apenas o evisceramento e o descabeçamento para ser congelado. Como conseqüência, os pescadores brasileiros vêem-se obrigados a adquirir o gelo colombiano, ficando sujeitos às especulações comerciais daquele mercado.

Outro efeito é que muitos barcos não passam pela fiscalização do IBAMA e da Receita Federal no porto de Tabatinga, sendo o pescado transportado sem nenhuma espécie de controle para Letícia (Colômbia).

A cidade de Letícia é a porta de entrada de boa parte do pescado proveniente do lado brasileiro da bacia, de onde é distribuído para outros locais, chegando até a Bogotá, e para exportação.

Os colombianos consomem peixes frescos e secos do Brasil e do Peru. Na fronteira, as nacionalidades se confundem. Colombianos e peruanos pescam em águas brasileiras. Embarcações frigoríficas de um país possuem tripulação de outro, sem, contudo, serem fiscalizados por órgãos de nenhum dos três paises.

Os peruanos, conforme noticiado amplamente pela imprensa local, comercializam uma série de itens menores, com destaque sobre os combustíveis. Adquiridos em Letícia por preços bem menores que os praticados no Brasil, acabam sendo comercializados informalmente em garrafas PET no lado brasileiro da fronteira.

4.1. TRATADO DE COOPERAÇÃO AMAZÔNICA

De acordo com Lobato (2009) o receio de investidas internacionais na apropriação da região e o interesse no desenvolvimento econômico foram as razões políticas que consubstanciaram a formalização do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), em 03 de julho de 1978, pelos oito (dos nove) países amazônicos, a saber: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Ficou excluída a Guiana Francesa que também está, geograficamente, em território amazônico.

Decorrente de proposta brasileira, o TCA tem como um de seus objetivos centrais a cooperação internacional e a afirmação da responsabilidade soberana dos países amazônicos na defesa do meio ambiente e patrimônio natural, no desenvolvimento sustentável da região e na melhoria da qualidade de vida da população, bem como a defesa do patrimônio natural.

Esse pacto coaduna com o propósito de integração da Amazônia transnacional e sul-americana. A união dos países amazônicos pode fortalecer projetos conjuntos quanto ao aproveitamento da biodiversidade e da água, inclusive nas áreas que já possuem equipamento territorial e intercâmbio, como é o caso das cidades gêmeas localizadas em pontos das fronteiras políticas (Becker, 2008).

Este processo levou a uma forte reativação das fronteiras políticas da Amazônia, consideradas, anteriormente, como fronteiras mortas. Em Tabatinga e Letícia pode-se constatar a vivificação das mesmas, o que vem a constituir um preocupação para todos os países.

O fato da globalização incidir na Amazônia dos países vizinhos através da presença militar, e no Brasil por intermédio da cooperação internacional, constitui uma diferença importante.

O Tratado de Cooperação Amazônica apresentou-se consistente e adequado não apenas como reação ao contexto internacional no final da década de 70, desfavorável ao Brasil em razão das políticas de ocupação e de exploração na Amazônia brasileira oriundas dos governos militares, mas igualmente visionário.

Lobato (2009) menciona que diante desse interesse e das manifestações, explícitas e implícitas do TCA, pode-se afirmar a necessidade: a) de utilizar todos os meios possíveis com objetivo de prevenir ou minorar danos ao meio ambiente; b) de utilizar os mecanismos do Direito Internacional vinculados ao meio ambiente, inclusive as iniciativas diplomáticas e consulares dos três países, para a conservação dos recursos naturais dispostos no ambiente transfronteiriços; c) da utilização dos instrumentos de Direito Interno dos mencionados países em favor da preservação ambiental e da harmoniosa convivência entre as nações; d) de, diante da poluição transfronteiriça, acionar a Comissão Especial do Meio Ambiente da Amazônia, conforme disposição do TCA, a fim de fomentar atos preventivos, inclusive de reparação, e atribuir responsabilidade por eventuais riscos de danos e danos aos recursos naturais da região.

4.1.1. Quadro normativo internacional bilateral

No que se refere ao quadro normativo internacional bilateral, interessa ressaltar o Acordo para a Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos do Brasil e da República da Colômbia (1973). Também destaca-se o Acordo de Cooperação Amazônica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Colômbia (1981).

Acerca das relações entre o Brasil e o Peru, em 1975 foi formalizado o Acordo para a Conservação da Flora e da Fauna dos Territórios Amazônicos do Brasil e do Peru.

Além de outros acordos que podem ser apresentados tais como: o Acordo de Pesca entre o Brasil e a Argentina (1967) e o Acordo de Pesca e Preservação de Recursos Vivos entre o Brasil e o Uruguai (1968).

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4.1.2. Ordenamento jurídico da Colômbia

De acordo com Lobato (2009), a Constituição Colombiana de 1991 (com alteração em 2005) faz referência expressa à obrigação do Estado e do povo de proteger as riquezas culturais e naturais (artigo 8º), bem como trata da saúde e saneamento ambiental (artigo 49). Contudo é com o artigo 78 (capítulo III), que trata, especificamente, do meio ambiente e dos direitos coletivos.

Lobato (2009) menciona também que na Colômbia, embora não exista regulamentação destinada ao controle do esforço de pesca, tem-se determinado comprimentos mínimos de captura para algumas espécies. No que se refere a pesca de consumo, a atividade está regulamentada por intermédio do Acordo 015/Inderena/1987 e 075/Iderena/1989, os quais restringem áreas de pesca, estabelecem áreas de reserva e regulamentam as artes de pesca. Essa legislação ainda apresenta as medidas de conservação para as espécies. Na categoria nacional de espécies ameaçadas, a dourada e a piramutaba encontram-se em perigo de extinção (VIEIRA, 2005).

4.1.3. Ordenamento jurídico do Peru

De acordo com Lobato (2009), a Constituição Peruana de 1993, com modificação de 2005, possui um capítulo sobre meio ambiente e recursos naturais, no qual estabelece que tanto os recursos renováveis como os não-renováveis são patrimônio da Nação. Determina, ainda, o mencionado texto constitucional que a política nacional do meio ambiente irá promover o uso sustentável desses recursos e estabelece a obrigação do Estado de proteger a biodiversidade e promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Lobato (2009) menciona também que no Peru os trabalhos atuais sobre o tamanho de primeira maturação de algumas espécies de bagres, entre as quais se destaca a dourada, têm conduzido as instituições envolvidas no manejo da pesca a iniciar os trabalhos para regular o tamanho de captura. As medidas de ordenamento aplicáveis à atividade pesqueira de grandes bagres amazônicos estão referidas nas disposições da Lei Geral de Pesca aprovada mediante o Decreto Lei n. 25.977 e seu regulamento aprovado por Decreto Supremo n. 1-94-PE. Essas leis foram atualizadas por meio da Resolução Ministerial n. 147-2001-PE. Não é permitido usar redes com malha menor que duas polegadas para peixes de escama e redes menores que oito polegadas nas pescarias comercias de grandes bagres e pirarucu. Na pesca é proibida qualquer modalidade de artes e procedimentos que atentem contra o recurso e meio ambiente como: tapagem de bocas de lagos, destruição de refúgios, agito da água, substâncias tóxicas e explosivos, sendo proibido, inclusive, conduzir nas embarcações (VIEIRA, 2005).

4.2. CONVENTION ON INTERNATIONAL TRADE IN ENDANGERED SPECIES OF WILD FAUNA AND FLORA (CITES)

A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites) foi assinada em 1973 por 175 países com o objetivo de, através da cooperação internacional, proteger certas espécies da fauna e da flora selvagem contra toda exploração pelo comércio internacional.

Em seu texto inicial, os Estados contratantes reconhecem que a fauna e a flora selvagem, em suas muitas belezas e variedade de formas, são uma parte insubstituível do sistema natural da Terra que devem ser protegidas por esta e pelas próximas gerações. Reconhecem também que a cooperação internacional é essencial para a proteção dessas espécies.

Assim, toda importação, exportação e re-exportação de animais e vegetais (bem como suas partes e derivados) cuja classificação esteja presente nos anexos da Convenção, precisa ser previamente autorizada. As espécies encontram-se distribuídas em três apêndices, de acordo com o grau de proteção considerado necessário.

Os apêndices I, II e III da Convenção listam as espécies protegidas sob diferentes níveis ou tipos de proteção contra a exploração descabida. O apêndice I apresenta as espécies ameaçadas de extinção, cuja comercialização internacional é proibida pela CITES, exceto para fins científicos. O apêndice II traz os nomes das espécies que não necessariamente estão em perigo de extinção, mas devem ter sua comercialização reduzida e controlada para sua conservação.

O comércio internacional das espécies do Apêndice II deve ser autorizado pelo outorgante da permissão de exportação ou do certificado de re-exportação (exportação de produto importado). A CITES não exige a permissão de importação para essas espécies, contudo, alguns países são mais rigorosos neste sentido. Permissões e certificados devem ser outorgadas apenas se autoridades superiores estiverem certas das condições encontradas, bem como que toda a comercialização não causará detrimento à sobrevivência da espécie em seu ambiente natural.

O Apêndice III é uma lista das espécies incluídas sob o requerimento de uma das Partes que já regulam sua comercialização e necessitam da cooperação de outros países para prevenir exploração não-sustentável ou ilegal. O comércio internacional dessas espécies é permitido apenas com a apresentação de

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permissões ou certificados apropriados.

Nomes de espécies podem ser acrescidos ou removidos dos Apêndices I, II e III, ou movimentados entre eles apenas por convenção das partes em encontro ordinário ou extraordinário com este fim. No entanto, espécies podem ser acrescidas ou removidas do Apêndice III a qualquer momento e por qualquer uma das partes unilateralmente.

Segundo informações disponibilizadas no site do IBAMA, o Brasil aderiu a Convenção em 1975 e tende a privilegiar os recursos/espécies constantes do Anexo II, promovendo o comércio da fauna e da flora selvagens em bases sustentáveis, viabilizando a conservação e reprodução de espécies cujo valor econômico é internacionalmente reconhecido. O Apêndice I ficaria restrito apenas aos casos de risco de extinção, quando a interrupção do comércio faz-se temporariamente necessária para a recuperação das populações ameaçadas.

A CITES estabelece apenas diretrizes orientadoras, cabendo a cada país definir legislações nacionais específicas para a proteção das espécies contempladas em seus anexos. No caso brasileiro, a legislação ambiental acolhe integralmente as diretrizes e demandas da Convenção, classificando o Brasil na categoria 1 em termos de implementação nacional do instrumento. Além disso, o Brasil antecipou-se na implementação de sistema de certificação eletrônica. Há quatro anos, o IBAMA economiza tempo e dinheiro com a concessão segura de licenças eletrônicas. No entanto, a CITES tem sua atuação restrita às transações que envolvem o comércio internacional. Não possui, mandato para tratar de outros fatores de ameaça, como o comércio ilegal dentro dos limites de cada país, por exemplo.

O piracuru, bem como as demais espécies incluídas no Apêndice II, deve ter sua comercialização em consonância com o estabelecido pela Convenção. Sua exportação deve obedecer as seguintes condições (art. IV, 2.): uma autoridade científica do ligada ao órgão competente para cuidar de assuntos relacionados a exportação, deve garantir que esta não prejudicará a sobrevivência da espécie; a autoridade executiva responsável pelas exportações deve garantir que os exemplares não foram obtidos em contravenção as leis de proteção da fauna e da flora, e que qualquer indivíduo vivo será transportado em condições mínimas que minimizem os riscos ao bem estar e a saúde.

CONCLUSÕES

No Brasil, antes da criação da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca e, posteriormente, do Ministério da Pesca e Aqüicultura, a atividade pesqueira estava ligada ao Ministério do Meio Ambiente, que possui visão mais conservacionista (incentivando o manejo adequado e a utilização racional desses recursos). Após o lançamento do Programa Fome Zero e o início das atividades da SEAP, a visão passa a ser produtivista, com enfoque maior sobre a aqüicultura e insumos de produção pesqueiros, principalmente sobre o fomento ao setor.

Com o Ministério da Pesca e Aqüicultura, a discussão em torno das competências toma maior relevância e especificidade, apesar da falta de clareza e incertezas futuras, posto que o MPA encontra-se em fase de estruturação.

Mesmo sabendo-se que a temática ambiental é única e que os recursos pesqueiros não podem ser observados e compreendidos separadamente do meio ambiente como um todo, as diversas previsões de ações conjuntas entre o MMA e o MPA ou das previsões de competências ministeriais simultâneas geram problemas práticos, como sobreposição de regras e/ou lacunas.

Um aspecto bastante positivo dessa transição da pesca e da aqüicultura para um ministério específico, é que o setor atinge um status superior ao que ocupava no passado, onde hierarquicamente, a pesca e a aqüicultura eram tratadas ao nível máximo de diretorias do IBAMA, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Agricultura.

A atual importância do setor e as competências materiais do MPA podem facilitar a articulação ministerial, principalmente com o Ministério das Relações Exteriores, visando o estabelecimento de uma agenda internacional entre os três países, num primeiro momento, a fim de se negociar parâmetros comuns para o manejo de estoques pesqueiros compartilhados.

No âmbito do TCA e da CITES, estes esforços podem ser facilitados e encontrar cenário favorável à discussões e formação de consenso. Deve se ter em vista não apenas o valor econômico dos estoques pesqueiros, mas a segurança alimentar das populações ribeirinhas, em um contexto de bacia.

A dificuldade de implementação de eventuais políticas públicas na região, esbarra em um relativo vazio demográfico (se comparado a outras regiões do Brasil), na precariedade das telecomunicações, transporte, infra-estrutura de beneficiamento e armazenagem de pescado, precariedade dos aspectos sanitários e fiscalização (ambiental, aduaneira e policial).

Por outro lado, toda esta ausência do aparelhamento estatal enseja o fortalecimento da gestão participativa. As comunidades ribeirinhas, tradicionalmente representadas por organizações de base, participam ativamente desse sistema. A eficácia do ordenamento pesqueiro depende do aspecto social.

A fragilidade desse sistema é a falta de amparo legislativo. O ordenamento pesqueiro praticado até

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recentemente pelo IBAMA, através da recepção dos acordos comunitários de pesca, era essencialmente de natureza administrativa. As alterações de competência material, com o advento do MPA e o fim dos grandes projetos de cooperação técnica internacional, que financiaram ações de ordenamento do IBAMA por muito tempo, deixaram uma lacuna prática.

A dúvida final que resta é se o sentimento de identidade comunitária e a cultura dos acordos de pesca e da gestão participativa são resilientes o bastante para continuarem existindo nesse novo cenário.

REFERÊNCIAS

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[1] Projeto IARA/IBAMA, 1995, lago do Maicá em Santarém (PA) e; ProVárzea/IBAMA, 2005 a 2006, lago do Maicá em Santarém (PA).

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