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PALAVRAS - CHAVE saúde; peso corpóreo; obesidade; perda de peso. ABSTRACT. health; corporal weight; obesity; loss of weight.

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Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.19 n 2 - maio/agosto 2016

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CORPÓREA EM

CÃES UTILIZANDO O INDICE DE MASSA

CORPÓREA (IMC) E ESCORE DE CONDIÇÃO

CORPÓREA (ECC)

BODY CONDITION EVALUATION IN DOGS

USING BODY MASS INDEX (BMI) AND BODY

CONDITION SCORE (BCE)

Fabiana Ferreira GAMA1, Manara Alves da Silva LEITE1, Pierre, Barnabé ESCODRO2, Marcia Kikuyo NOTOMI2

PA L AV R A S - C H AV E saúde; peso corpóreo; obesidade; perda de peso.

RESUMO

A manutenção do peso ideal do cão pode prevenir inúmeras doenças. O objetivo deste trabalho foi avaliar a condição corporal em cães Labrador Retriever utilizando-se o índice de massa corporal e o escore corporal. Os dados foram co-letados de cães utilizando-se a metodologia relatada na literatura. Dos 30 animais avaliados, 11 eram fêmeas e 19 eram machos; com a idade média 3,6. O peso dos animais variou de 23,0 a 54,0 kg com valor médio de 33,7 kg, 34,1 kg para os ma-chos e 35,1 kg para fêmeas. Apenas 8 cães, seis mama-chos e duas fêmeas eram cas-trados. Após a análise dos dados, os 30 animais avaliados foram distribuídos em 4 categorias, de acordo com o ECC 23,3% (7/30) dos cães foram considerados como obesos, 43,3% (13/30) gordos, 23,3% (7/30) ideal e 10% (3/30) de animais magros. De acordo com IMCC a avaliação teve média de 15,5 com variação de 11,8 a 21,1. Segundo os valores de referência de IMCC, um dos animais apresentavam-se abai-xo do peso, 14 cães apresentavam-se com o peso ideal, 14 com sobrepeso e apenas um obeso. A avaliação da condição corpórea através da técnica do IMCC é de fácil de realização e interpretação. Entretanto, a comparação entre os métodos de ECC e IMCC apresentou diferenças de classificação em 46,7% dos animais.

1 Graduando (a) do curso de Me-dicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). 2 Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Fede-ral de Alagoas (UFAL).

ABSTRACT

The maintenance of ideal dog weight may prevent many diseases. This stu-dy goal to evaluate the bostu-dy condition in Labrador Retriever dogs using the bostu-dy mass index and body score. Data were collected from dogs using the methodology reported in the literature. 30 animals evaluated, 11 were females and 19 were males; with a mean age 3.6. The weight of the animals ranged from 23.0 to 54.0 kg with a mean value of 33.7 kg, 34.1 kg for males and 35.1 kg for females. Only 8 dogs, six males and two females were castrated. After data analyzing, 30 animals were evaluated and divided into four categories, according to the ECC 23.3% (7/30) dogs were considered to be obese, 43.3% (13/30) fatty, 23, 3% (7/30) ideal and 10% (3/30) of lean animals. According to IMCC evaluation averaged 15.5 with a range from 11.8 to 21.1. According to IMCC reference values, one of the animals had to underweight, 14 dogs were presented with the ideal weight, 14 overweight and only one obese. Condition body evaluation by IMCC technique is easy to perform and interpret. However, the comparison between both methods ECC and IMCC presen-ted different classification in 46.7% of the animals.

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INTRODUÇÃO

Uma nutrição apropriada é um dos pré-re-quisitos mais importantes para a saúde e o bem-es-tar animal (GUIMARÃES e TUDURY, 2006). A dieta oferecida pode ajudar a tratar ou diminuir o risco de doenças, ou provocá-las com alimentos ou manejo inadequados (CHANDLER e TAKASHI-MA, 2014). O equilíbrio energético do organismo do animal está relacionado a uma condição corpo-ral (CC) adequada (GUIMARÃES e TUDURY, 2006).

A avaliação da CC possibilita a identifica-ção de animais subalimentados ou sobrealimenta-dos, ou seja, aqueles não pertencentes ao intervalo de condição corporal ideal (RODRIGUES, 2011). Incorporar avaliação nutricional nos cuidados roti-neiros dos animais é essencial para manter a saúde dos animais de estimação, bem como a sua respos-ta a doenças e ferimentos. A avaliação exige pouco tempo e tem um baixo custo adicional (BALDWIN et al, 2010).

O pronto reconhecimento de alterações na CC do paciente possibilita a implantação de supor-te nutricional supor-terapêutico, repondo os nutriensupor-tes necessários para manutenção e recuperação do pa-ciente. O suporte nutricional oferece benefícios aos animais hospitalizados que melhoram sua capaci-dade de resposta, otimizam o tratamento e, conse-quentemente, diminuem o período de permanência em ambiente hospitalar (OLIVEIRA et al, 2008). Também é fundamental no acompanhamento de enfermidades crônicas, como nefropatias, hepato-patias, ou diabetes em felinos, como também no subsídio da introdução de dietas terapêuticas para estes pacientes (CHANDLER e TAKASHIMA, 2014).

O acompanhamento nutricional também é necessário em animais saudáveis, porém, com exi-gência metabólica diferenciada, como animais de esporte e trabalho que apresentam um elevado con-sumo calórico principalmente em condições climá-ticas mais frias (WAKSHLAG, SHMALBERG, 2014), animais gestantes, em lactação, em cresci-mento ou idosos (BALDWIN et al, 2010).

A obesidade é uma preocupação crescente na me-dicina veterinária dos animais de companhia e o aumento na incidência parece estar refletindo a tendência observada em seres humanos. Estudos de diferentes partes do mundo verificaram uma

incidência entre 33 a 40% na população de cães, onde diferentes fatores de risco estão envolvidos, dentre eles a genética, a castração e a redução da atividade física pela mudança no estilo de vida dos animais não se exercitam por estar vivendo em ambientes menores e a quantidade de energia da dieta (GERMAN, 2006). O reconhecimento pre-coce da obesidade evita o aparecimento de sérias implicações médicas, como problemas articulares e locomotores, alterações endócrinas, alterações cardiorrespiratórias, doença de pele, reprodutivas, risco aumentado de neoplasias, pancreatite entre outros (GERMAN, 2006; GUIMARÃES e TU-DURY, 2006).

Existem diferentes técnicas para a avalia-ção da condiavalia-ção corpórea em humanos, entretanto, com limitações de uso em animais, além da dificul-dade de validação diante da grande diversidificul-dade de raças e das suas peculiaridades anatômicas e mor-fológicas (RODRIGUES, 2011).

A pesagem pode ser utilizada como método de estimativa do estado nutricional quando o peso é comparado ao padrão da raça, com a desvanta-gem de ser somente utilizado em raças puras, e no acompanhamento de ganho ou perda de peso com registro de pesos anteriores (CASE et al., 1998). A determinação do peso ideal em cães é difícil, pois existem diferenças entre animais com relação à massa corporal, além de variações dentro das raças (WOLFSHEIMER, 1994).

As técnicas de absorciometria de raios-x de dupla energia (DEXA) e bioimpedância corporal (BIC) avaliam a composição corporal, entretanto de uso ainda restrito a centros de pesquisa. A DEXA avalia de forma não invasiva a proporção de teci-do ósseo, magro e de gordura corporal (GERMAN et al., 2010; GUIMARÃES e TUDURY, 2006) e a BIC registra a quantidade de água e de gordura pre-sentes no corpo através da passagem de corrente elétrica de baixa intensidade, e estimando a massa magra a partir destes dados (CINTRA et al, 2010). O parâmetro mais utilizado para avaliar o estado nutricional em cães é o escore de condição corporal (ECC) o avaliador através da inspeção e palpação do animal e segundo as características observadas quanto a presença ou ausência de depó-sitos de gordura, pontas ósseas e massa muscular determina um escore que dependendo da escala o

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ECC utilizada, cães e gatos podem ser classificado em 5, 6 7 ou 9 diferentes escores (BALDWIN et al., 2010). Apesar de frequentemente utilizado na avaliação da condição corporal em cães pela sua praticidade, tem como desvantagem a sua subjeti-vidade (RODRIGUES, 2011).

A morfometria utiliza mensurações de dobras cutâ-neas, circunferências e diâmetros ósseos em vários segmentos corporais (CINTRA et al, 2010). Com a vantagem de ser menos subjetivas, estudos ava-liam mensurações de diferentes locais que possam correlacionar com a condição corpórea do animal, como altura da cernelha (AC), comprimento cor-poral (CC), membro pélvico direito (MP), perí-metro abdominal (PA), períperí-metro torácico (PT) e perímetro da coxa (PC) (BURKHOLDER e TOLL, 2000; CARCIOFI et al, 2005; BORGES, 2006). O índice de massa corporal (IMC) é como padrão internacional reconhecido para avaliar o grau de obesidade em humanos e (MULLER et al. (2008) adaptaram o IMC humano para cães, o índice de massa corporal canina (IMCC). O IMC é obtido a partir da formula IMC = peso (Kg) / altura2 (m) e o estudo verificou que a medida da coluna vertebral adicionada ao comprimento do membro pélvico é um parâmetro viável para substituir a altura utiliza-da em humanos.

Bons métodos de avaliação corporal devem ser rápidos, de fácil realização, de baixo custo e principalmente confiáveis (ELLIOT, 2006). Como o escore de condição corporal (ECC) é um méto-do subjetivo e semi-quantitativo (LAFLAMME, 1997), o IMCC pode ser uma alternativa acessível para a identificação da condição corpórea de cães, acessível tanto a clínica médica, como a proprietá-rios dos animais.

Neste escopo, este estudo avaliou o IMCC e o ECC de cães da raça Labrador de diferentes condições corpóreas.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram estudados 30 cães adultos da raça Labrador, 19 machos e 11 fêmeas com diferen-tes condições corpóreas, proveniendiferen-tes de canis de criadores da raça e proprietários particulares. In-formações sobre a identificação do proprietário e dos animais, como peso corporal, sexo, idade, tipo

de alimentação recebida (ração comercial ou comi-da caseira ou a associação de ambos) e seu estado reprodutivo foram coletadas para análise com os índices da massa corpórea.

Os animais foram avaliados através do Es-core da Condição Corporal (ECC) quanto a pre-sença ou ausência de massa muscular, almofadas de gordura e estrutura óssea visível e/ou palpáveis, classificando-os em caquético, magro, normal, gordo e obeso (1-5) segundo a proposta de (BAL-DWIN et al. 2010).

A avaliação do IMC canino (Tabela 1) foi realizada conforme descrito por (MÜLLER et al. 2007). Para a mensuração considerou-se como pontos de referência a extensão entre a base da nuca (articulação atlanto-occipital) e o solo ime-diatamente atrás dos membros posteriores, passan-do e apoianpassan-do a fita sobre a base da cauda (última vértebra sacral), passando a fita exatamente medial às tuberosidades ilíacas, sobre o dorso do animal, conforme (Figura 1). Posteriormente foi realizada a pesagem do animal em uma balança digital com capacidade de até 100 quilos. Depois de obtidos os dados foram utilizados na formula de IMC = peso corporal (kg) (estatura em m)². Dessa forma, foi possível realizar um cruzamento de dados, corre-lacionando o IMCC obtido e a avaliação subjetiva. O autor sugere a utilização de um fator de correção para animais com mais de 25kg, porque o IMCC para as raças de grande porte apresenta um acrésci-mo de 20% do IMCC daqueles de médio porte.

O projeto foi aprovado pela comissão de éti-ca animal (CEUA) da UFAL, processo n° 047-15.

Figura 1 - Medida da estatura do cão para o cálculo do índice de massa corporal canino (MÜLLER et al., 2007).

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RESULTADOS

Foram estudados 19 machos e 11 fêmeas com a idade média 3,65 anos (valor máximo de 14 anos e mínimo de 1 ano), os machos com idade média de 3,60 anos e fêmeas de 3,72 anos. O peso dos animais variou de 23,0 kg a 54,0 kg com va-lor médio de 33,73 kg, 34,14 kg para os machos e 35,14 kg para fêmeas. Os 26,7% (8/30) dos cães eram castrados, seis machos e duas fêmeas. Com relação a alimentação recebida, 43,3% (13/30) re-cebiam uma dieta restrita de ração e 56,7% (17/30) recebiam ração e outros petiscos,

Na avaliação do ECC, 23,3% (7/30) dos cães foram considerados como obesos, 43,3% (13/30) como gordos, 23,3% (7/30) como ideal e 10% (3/30) animais como magro (Figura 2). A comida mista era consumida por 40% (4/10) dos animais magros e os de condição corpórea ideal, e 65% (13/20) dos animais gordos e obesos.

A avaliação do IMCC variou de 11,78 a 21,13, com média de 15,49. Segundo os valores de referência de IMCC, um dos animais apresen-tavam-se abaixo do peso, 14 cães apresenapresen-tavam-se com o peso ideal, 14 com sobrepeso e apenas um obeso (Figura 2). Pelo IMCC, a comida mista era consumida por 40% (6/15) dos animais magros e os de condição corpórea ideal, e 73% (11/15) dos animais gordos e obesos.

A média do IMCC dos animais que se ali-mentam de ração foi de 18,40, superior aos 16,08 dos animais que comem comida mista. Os animais castrados apresentaram o IMCC (16,53) discreta-mente superior aos animais não castrados (15,11). Na comparação entre a avaliação ECC e o IMCC foi observado que 53,3% (16/30) dos animais receberam a mesma classificação entre os dois métodos, o número de animais magros e obesos parece subestimada pelo método de IMCC quando comparada ao ECC (Tabela 1).

Apesar dos machos apresentarem médias de peso e altura superior à das fêmeas, não foi ob-servada diferença estatística na comparação dos gêneros. Também não foi observada diferença na comparação das médias obtidas no ECC e IMCC entre machos e fêmeas da raça Labrador.

Tabela 2 - Dados individuais sobre o sexo, peso, classifica-ção do índice de massa corporal canina (IMCC) e do esco-re de condição c orpóesco-rea (ECC) dos cães da raça Labrador.

Figura 2 - Comparação da condição da condição dos cães da raça Labrador identificados como magro, ideal, gor-do e obese segungor-do a classificação por ECC e IMCC.

Tabela 1- Índice de massa corporal canina.

CONDIÇÃO FAIXA DE VARIAÇÃO

Abaixo do peso Abaixo de 11,7

Peso ideal Entre 11,8 e 15

Acima do peso Entre 15,1 e 18,6

Obeso Acima de 18,7

Animal N° SEXO PESO IMCC

(corrigido)

IMCC (classificação)

ECC

1 Fêmea 33,1 17,78 Gordo Gordo

2 Fêmea1 41 17,48 Gordo2 Obeso

3 Fêmea 29,4 16,89 Gordo Gordo

4 Fêmea 24 13,11 Ideal2 Magro

5 Macho 30 14,20 Ideal Ideal

6 Macho 30 12,24 Ideal Ideal

7 Macho 35 17,92 Gordo Gordo

8 Fêmea 32,6 18,11 Gordo Gordo

9 Fêmea 26 13,97 Ideal2 Magro

10 Fêmea 23 13,21 Ideal2 Magro

11 Macho 29,5 15,35 Gordo Gordo

12 Macho1 39 16,38 Gordo2 Obeso

13 Fêmea 28,5 14,36 Ideal Ideal

14 Macho 36,6 15,15 Gordo Gordo

15 Fêmea1 40 18,09 Gordo2 Obeso

16 Macho 32 16,65 Gordo Gordo

17 Macho1 31,5 13,62 Ideal Ideal

18 Macho 28 14,11 Ideal Ideal

19 Macho 32 14,26 Ideal2 Gordo

20 Fêmea 28,8 14,51 Ideal2 Gordo

21 Macho1 33,3 13,40 Ideal2 Gordo

22 Macho 42 17,14 Gordo2 Obeso

23 Macho1 54 21,13 Obeso obeso

24 Fêmea 38 16,20 Gordo gordo

25 Macho1 44,9 18,33 Gordo2 obeso

26 Macho 30 14,42 Ideal ideal

27 Macho 29,7 11,78 Magro magro

28 Macho1 34 13,88 Ideal2 gordo

29 Macho 36,2 14,99 Ideal2 gordo

30 Macho 40 16,10 Gordo2 obeso

1castrados, 2animal em discordância entre os dois método

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Figura 2 - Comparação da condição corpórea dos cães da raça Labrador identificados como magro,

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ideal, gordo e obeso segundo a classificação por ECC e IMCC

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DISCUSSÃO

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O estudo avaliou a condição corpórea cães da raça Labrador através dos métodos de ECC e

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o IMCC e na comparação foi observado a concordância na classificação em pouco mais da metade

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dos animais avaliados. A aplicação do fator de correção para cães com mais de 25 kg, foi

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importante para a utilização da referência apresentada por (MULLER et al. 2008), entretanto houve

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discordância em 46,7% dos casos estudados.

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Estudo realizado por (ARAÚJO, 2011) avaliou o IMC de cães, porém não utilizou um outro

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método de avaliação da condição corpórea para comparação. Diferentemente de (MULLER et al.,

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2008) que utilizou cães de diferentes raças, o uso de uma única raça, o Labrador retriever, pode ter

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influenciado nesta discrepância, influenciados pelas variações da anatomia existente entre as raças.

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Avaliar IMCC separadamente por raça, pode ser importante por padronizar características e

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acentuando diferenças diluídas em análises de múltiplas raças ao mesmo tempo. No entanto, há

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limitações no uso das diferentes técnicas existentes devido a diversidade de raças e suas

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peculiaridades (RODRIGUES, 2011).

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Outro fator que deve ser considerado é a composição do corpo ou a distribuição de gordura

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corporal. Mais especificamente, na massa muscular e o aumento de volume plasmático induzido

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pelo treinamento com exercícios e que afetam os números da equação para o IMCC. Um IMC alto

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poderia dar origem a uma interpretação incorreta de gordura excessiva em indivíduos magros,

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DISCUSSÃO

O estudo avaliou a condição corpórea cães da raça Labrador através dos métodos de ECC e o IMCC e na comparação foi observado a concor-dância na classificação em pouco mais da metade dos animais avaliados. A aplicação do fator de cor-reção para cães com mais de 25 kg, foi importan-te para a utilização da referência apresentada por (MULLER et al. 2008), entretanto houve discor-dância em 46,7% dos casos estudados.

Estudo realizado por (ARAÚJO, 2011) avaliou o IMC de cães, porém não utilizou um ou-tro método de avaliação da condição corpórea para comparação. Diferentemente de (MULLER et al., 2008) que utilizou cães de diferentes raças, o uso de uma única raça, o Labrador retriever, pode ter influenciado nesta discrepância, influenciados pe-las variações da anatomia existente entre as raças. Avaliar IMCC separadamente por raça, pode ser importante por padronizar características e acentu-ando diferenças diluídas em análises de múltiplas raças ao mesmo tempo. No entanto, há limitações no uso das diferentes técnicas existentes devido a diversidade de raças e suas peculiaridades (RO-DRIGUES, 2011).

Outro fator que deve ser considerado é a composição do corpo ou a distribuição de gordu-ra corpogordu-ral. Mais especificamente, na massa mus-cular e o aumento de volume plasmático induzido pelo treinamento com exercícios e que afetam os números da equação para o IMCC. Um IMC alto poderia dar origem a uma interpretação incorreta de gordura excessiva em indivíduos magros, po-rém com musculatura excessiva, em virtude da constituição genética ou do treinamento com exer-cícios (MULLER et al., 2008). Um exemplo disso são os atletas fisiculturistas, que possuem um IMC elevado, caracterizando obesidade, porém apresen-tam porcentagens de gordura corporal abaixo dos níveis normais (MCARDLE et al., 2003).

Apesar da obesidade em fêmeas ser mais comum do que em machos (GROSSELIN et al., 2007), em consequência da menor concentração de hormônios andrógenos e da menor taxa metabólica basal nas fêmeas (McGREEVY et al., 2005), não foram observadas diferenças no IMCC. entre ma-chos e fêmeas.

Semelhante ao relatado por (SILVA 2014), este

tra-balho também observou um IMCC discretamente maior nos animais castrados quando comparados a não castrados. Os animais castrados possuem maior tendência a serem obesos devido a uma al-teração no comportamento alimentar que conduz ao aumento da ingestão de alimentos e diminuição da atividade física (GERMAN, 2006; CASE et al., 1998). A raça Labrador Retriever, possui o agra-vante de apresentar uma predisposição à obesidade (BURKHOLDER E TOLL, 2000; McGREEVY et al., 2005; JERICÓ et al., 2009).

Foi observada que a maioria dos animais recebiam dietas mistas que é compatível aos relatos de (VEIGA, 2005) e (GONZÁLEZ et al., 2003), que observou que a combinação de comida casei-ra com casei-ração comercial constitui-se na principal fonte de alimentação oferecida pelos proprietários, sendo esta a mais consumida pelos animais que se apresentam com excesso de peso e/ou obesos. Dentre as ferramentas disponíveis para avaliar o estado nutricional, o IMCC apresenta-se como uma grande contribuição na medicina veterinária em função do conhecimento de quantos quilos o animal deve perder ou ganhar, tornando-se mais palpável para o proprietário a meta da dieta. Para o veterinário se tem a importância de um dado quan-titativo para auxiliar na avaliação, e não apenas interpretações subjetivas (MULLER et al., 2008).

Os dois métodos utilizados nesta pesquisa têm sua importância no que diz respeito à preven-ção da obesidade e as consequências que podem surgir em função do excessivo ganho de peso. Am-bos os métodos são rápidos e podem ser usados na rotina clínica para melhor subsidiar a avaliação do médico veterinário. No entanto, o ECC ainda apre-senta como limitação o fato de ter sido desenvolvi-do para avaliar os depósitos de massa adiposa e não para detectar perdas de massa muscular, devendo ser empregado com atenção (MICHEL, 2005). Já o uso da técnica de IMCC é factível porém ainda necessita de mais estudos comparativos para sua validação.

CONCLUSÃO

A avaliação da condição corpórea através da técnica do IMCC foi de fácil realização e inter-pretação em cães da raça Labrador Retriever e por ser um método quantitativo, a sua utilização

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elimi-naria a subjetividade do ECC, o método mais uti-lizado atualmente. Entretanto, a comparação entre os métodos de ECC e IMCC apresentou diferenças de classificação em um grande número de animais. Apesar destas variações de resultados, somente a avaliação da composição corporal poderia confir-mar qual dos métodos representa melhor a condi-ção corpórea do cão.

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Referências

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