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CYBERBULLYING: VIOLÊNCIA VIRTUAL E A TIPIFICAÇÃO PENAL NO BRASIL

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Academic year: 2020

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International Scientific Journal – ISSN: 1679-9844 Nº 2, volume 13, article nº 10, April/June 2018 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v13n2a10

Accepted: 19/03/2018 Published: 20/06/2018

CYBERBULLYING:

VIOLÊNCIA VIRTUAL E A TIPIFICAÇÃO PENAL NO BRASIL

CYBERBULLYING:

VIRTUAL VIOLENCE AND CRIMINAL TYPING IN BRAZIL

Igor Mendonça Lacerda Marcelo Fróes Padilha1, 2, Paulo Sérgio Pires do

Amaral3

1

Graduando em Direito pela Universidade Nova Iguaçu - Campus V Itaperuna-RJ..

2Doutorando em Direito Público, pela Universidade Nacional de La Plata – Nação Argentina;

Mestre em Direito, pela Universidade Iguaçu - UNIG ; Pós Graduado em Direito Tributário e Legislação de Impostos pela Universidade Estácio de Sá - UNESA; MBA em Gestão de Negócios Petróleo e Gás, pela Fundação Getúlio Vargas - FGV; Coordenador do Escritório

modelo - ESAJUR da UNIG – Campus V/Itaperuna/RJ; ; Professor Universitário (Direito tributário) da Universidade Iguaçu – Campus V; Advogado.Vic- Presidente da 11ª. Subseção da ordem do Advogados do Brasil, Seção Rio de Janeiro, Itaperuna-RJ. Email;

mfroespadilha@yahoo.com.br

3Mestre em Políticas Públicas e Processo. Procurador Municipal e Advogado. UNIG-

Universidade Iguaçu. Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas. Professor da disciplina Direito Processual Civil III, turma 2017, do Curso de Direito. UNIFAMINAS – Muriaé-MG. Faculdade de Direito. Professor da disciplina Direito Processual Civil I, turma 2017, do Curso de Direito. Presidente da 26ª. Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil

- Seção de Minas Gerais.

pamar2005@yahoo.com.br

Resumo: Com o mundo sempre em evolução, o direito se viu no dever de acompanhar, adequando ou criando suas normas de acordo com esse desenvolvimento. Com isso, a tecnologia não ficou de fora, o ambiente virtual também virou palco de condutas atípicas, que anda na contramão com as regras de convívio, necessitando de regulamentações com estas relações. O presente trabalho versa sobre a violência no mundo virtual, fazendo uma analogia ao bullying, que é uma variação do cyberbullying. Ao longo do trabalho, houve a

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necessidade de compreender essa agressão, que é um fenômeno realidade imerso na sociedade. O bullying virtual veio como um reflexo do que já existia se tornando um problema e necessitando de regulamentação, ou seja, os crimes virtuais se tornaram comum e no primeiro momento houve a adaptação do âmbito jurídico no que versa em seu conteúdo penal, passando por projetos de lei, mostrando a evolução e familiarização a respeito do assunto. Com isso, necessitando de uma resposta do Estado a respeito de uma legislação específica, foi criada a lei 12.737/2012, apelidada de Carolina Dieckmann, que busca combater crimes ocorridos no ciberespaço.

Palavras-chave: Violência; Bullying; Cyberbullying; Ciberespaço.

Abstract: With the world always evolving, the right was seen in the duty to follow, adapt or create its norms according to this development. With this, the technology was not left out, the virtual environment also became the stage of atypical conduct, which is contrary to the rules of living, necessitating regulations with these relations. The present work deals with violence in the virtual world, making an analogy to bullying, which is a variation of cyberbullying. Throughout the work, there was a need to understand this aggression, which is a reality phenomenon immersed in society. Virtual bullying came as a reflection of what already existed becoming a problem and needing regulation, that is, virtual crimes became common and at first there was the adaptation of the legal scope in what concerns its criminal content, passing through projects of law, showing the evolution and familiarization regarding the subject. Therefore, requiring a response from the State regarding specific legislation, Act 12.737 / 2012, nicknamed Carolina Dieckmann, was created, which seeks to combat crimes in cyberspace.

Keywords: Violence; Bullying; Cyberbullying; Cyberspace.

1 Introdução

O presente artigo refere-se a um estudo sobre o cyberbullying, bem como aborda em paralelo a prática do fenômeno bullying, também foi feita uma análise a respeito do surgimento da internet, usando como foco sua evolução, a chegada das redes sociais e suas consequências.

Antes de fazer a abordagem a respeito do tema, chama-se a atenção para o bullying, que é uma variante do bullying virtual, que atinge em sua maioria crianças e adolescentes, que ainda estão em maior convívio no ambiente escolar, lugar esse, responsável pelo alto índice de vítimas.

Logo, o papel das escolas em combater esse tipo de violência, foi visualizado como uma solução, que juntos ao Estado e as famílias, apresentam

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projetos antibullying, que além de ensinarem aos educadores a lidar com situações atípicas, desenvolvem projetos que atuam na prevenção.

Com os avanços tecnológicos, o bullying se viu migrando para o ciberespaço e foi apelidado de cyberbullying, fenômeno esse considerado mais grave, por contar com a atuação do anonimato e por ter a internet como principal aliada, ferramenta esta que permite a atuação dos agressores 24 horas sobre a vítima.

Diante disso, busca-se mostrar a incidência do cyberbullying na sociedade atual, analisando seu conceito, as formas de atuações e os recursos para as vítimas paralelo com as prevenções.

Neste sentido, foi feito uma análise a respeito da comunicação, mostrando sua evolução até a chegada da internet, dando ênfase a problemática surgida com a popularização deste veículo no mundo virtual.

Desse modo, foi traçado uma rápida classificação a respeito do bullying, mostrando a atuação da sociedade com a problemática, suas espécies e narrando brevemente as prevenções que o nosso ordenamento jurídico apresenta.

Em se tratando de cyberbullying, no primeiro momento foi analisado os conceitos doutrinários, as características dos agressores e das vítimas. Além disso, apresentou os locais de maiores índices e as ferramentas que ajudam no combate a violência virtual.

Por fim, foi esclarecida a ação da justiça, usando como parâmetro o crime de forma geral, se baseando na sua classificação, para com isso analisar o real significado de crime virtual, fazendo citações de princípios, artigos e apresentando perspectiva do código penal ao tratar da temática. Também foram feitas as apreciações de duas leis que fazem parte do nosso ordenamento jurídico.

2 A propagação do fenômeno internet

Diante de toda essa propagação e com a ajuda desse veículo, a internet virou mais uma ferramenta para o crime, onde, por exemplo, o anonimato virou arma para as ações nesse novo universo, chamado de cibernético e a liberdade de expressão quando tratada com irresponsabilidade se tornou um meio de abusar do direito.

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Além disso, o uso da internet tornou nossa vida pessoal capaz de ser totalmente escancarada e exposta para centenas de pessoas e com isso, nossa intimidade se ver acessível necessitando somente de um clique no mouse do computador. E infrações julgadas como comuns, podem ser executadas de maneira em que a vítima se quer saiba quem realmente praticou.

Conforme reportado, os crimes praticados no ambiente virtual, estimulado pela falsa sensação de anonimato, onde qualquer sujeito pode atribuir-se características que não são suas, alterando sua real idade, sua verdadeira localização, entre outras facetas que em primeiro momento é permitido pela internet, passando dessa forma uma falsa realidade aos outros usuários, fazendo disso um caminho para chegar até suas vítimas.

É de se imaginar que as infrações cometidas através da internet se dão por pessoas capacitadas no ramo da informática, o que não passa de um erro, pois com toda essa popularização e toda essa facilidade ao acesso, qualquer cidadão pode ser responsável pela prática desse crime, portando apenas um básico conhecimento perante essa área. Na concepção de Marco Aurélio Rodrigues da Costa os crimes de informáticas, são divididos em puro, misto e comum. Neste sentido, sintetiza Da Costa:

[...] Portanto, é crime de informática puro toda e qualquer conduta ilícita que tenha por objetivo exclusivo o sistema de computador, seja pelo atentado físico ou técnico do equipamento e seus componentes, inclusive dados e sistemas. É crime de informática misto porque incidiriam normas da lei penal comum e normas da lei penal de informática. São todas aquelas condutas em que o agente se utiliza do sistema de informática como mera ferramenta a perpetração de crime comum […] (DA COSTA, 2010).

Diante desses termos utilizados para conceituar os delitos praticados no ambiente virtual, vale ressaltar que inúmeros são os crimes virtuais, começando pela pirataria, caminhando por falsos e-mails que são enviados diariamente ou então pela violação de sua privacidade.

Não podemos deixar de citar o surgimento das diversas redes sociais, que se tornou um facilitador para obter informações da vida alheia, ou até mesmo ser mais um mecanismo na prática de crimes, por conseguir obter ou expor

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informações referentes a outrem. Devido toda essa popularização das redes sociais, crimes começam a ganhar forma com a força desse veículo, e casos começaram a surgir de maneira a preocupar o Direito em si, que diante de toda essa situação, se vê no dever de criar leis que possam amparar suas vítimas.

Nesse sentido, em virtude da competência que a internet junto as redes sociais dispões de propagar notícias, dados ao seu respeito, e associada a sua força, se torna fácil a prática de intimidar, violentar, diante desse ambiente. Com tudo isso, houve um reflexo em crimes como o de pornografia infantil, ou até mesmo do cyberbullying que conta com uma intimidação feita através da internet, assunto esse que será especialmente tratado em questão.

3 ENTENDENDO O BULLYING

Desde os primórdios os seres humanos se viram na necessidade de se relacionarem, e com o passar do tempo e com as diferenças existentes, essa relação foi encontrando obstáculos, onde as dessemelhanças tomaram lugar e com isso surgiram os conflitos. No momento atual não é diferente, a começar pela infância, no momento em que se começa a fase de socialização no ambiente escolar, instante esse, na qual se deparam com os primeiros contatos, com as primeiras divergências, sejam elas, no pensar, na aparência ou no agir.

Nessa sequência, surgem os primeiros indícios da intolerância para a diversidade, seja naquela brincadeira de mau gosto onde não se tem aparentemente a intenção de magoar a outrem ou numa postura intimidatória onde os limites não são observados e acaba gerando a violência.

O pesquisador Dan Olweus, que faz parte da Universidade de Bergen, que fica situado na Noruega, foi o percursor na criação dos elementos básicos para identificação do fenômeno que está sendo tratado. Na Noruega, o bullying é tratado com bastante cuidado, e tem sua atenção redobrada pelos pais das crianças e adolescentes, e conta também com a ajuda das escolas.

Nessa lógica, os Estados Unidos foi outro país que se viu preocupado com o bullying, pois o número de praticantes estava cada vez maior nas escolas. Em consequência disso, após várias pesquisas, chegaram à conclusão que se tratava de um fenômeno global, que em razão do seu crescimento no ambiente escolar, futuramente poderia crescer o número de adultos abusadores e delinquentes.

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No Brasil, o assunto ainda é pouco estudado, fato que dificulta obter uma percepção comparada aos outros países. O que podemos dizer, todavia, é que igualado aos outros Estados, estamos ainda leigos no conteúdo apresentado.

Bullying por sua essência traz como característica a violência, seja ela, verbal, física ou psicológica. Seguindo essa perspectiva, os ataques praticados são de maneira repetitiva, de modo a intimidar o ofendido sem motivo aparente. Entende-se como outra característica, a hierarquia de um poder, que através disso, permite a intimidação da vítima.

Apesar de suas variações advindas do vocabulário inglês para o português, no Brasil o tema não possui variante, e independente da forma, ficou conhecido como Bullying, nome também empregado na maioria dos outros países. Contudo, nem toda violência é bullying, e para ser taxado como tal, precisam obedecer algumas condições. Melo (2011, p.21 e 22) complementa:

Primeiro se faz necessário distinguir a violência eventual da violência habitual. Os maus-tratos ocasionados, pontuais ou contextualizados não caracterizam o fenômeno bullying. Podemos conceituar o fenômeno bullying como uma agressão física, psicológica, verbal, moral, sexual, material ou virtual; praticada por uma ou várias pessoas contra uma mesma vítima; de forma repetitiva; por um período prolongado de tempo; sem motivo aparente; baseada numa relação desigual de poder, dificultando a defesa da vítima, e que deixa sequelas, marcas, consequências.

É de importante destaque acentuar que todo esse ato deve contar com repetições, para que práticas habituais não caiam em equívocos e sejam tratados como tal. Assim, vale ressaltar, que os conflitos entre crianças ou adultos sempre existirão, e que é valido saber contornar e identificar essas situações cotidianas que nem sempre excedem os limites.

Faz-se importante destacar os bullies, um dos personagens principais, usando de uma denominação livre, são os praticantes do fenômeno bullying. Essas pessoas, utilizam do silêncio, da apatia dos ofendidos como técnicas de coação. Desta maneira, ganham controle sobre a vítima e que de maneira repetitiva vai aperfeiçoando suas habilidades de intimidação.

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A incidência do bullying pode ser encontrada da maneira direta ou indireta. O bullying na forma direta tem como característica a agressão física que conta com o uso da força, tornando-se a maneira mais comum entre os agressores do sexo masculino. O bullying indireto é um meio de agressão que leva a vítima se distanciar da sociedade, causando o isolamento social, tornando-se mais comum entre o sexo feminino.

Essa prática é baseada no que podemos chamar de tripé, que além dos bullies, figurinhas supramencionadas, temos também a vítima e o espectador.

As pessoas que são escolhidas como vítimas do fenômeno em destaque, normalmente são mais volúveis do que o agressor e sempre demonstram particularidades que os diferenciam, o que facilita na identificação.

Em relação ao perfil da vítima, pontua GUARESCHI et. al., (2008), as vítimas, de modo geral, possuem algumas características em comum, como por exemplo: aspecto físico mais frágil, timidez, ter poucos amigos, ser pouco sociável, ser quieto e encabulado.

As consequências para esses alvos do bullying são notórios e certos, como por exemplo, seu rendimento escolar começa a sofrer mudanças e suas qualidades em classe caem de maneira perceptível. Muitas vezes, optam por parar os estudos, chegando a descobrir sinais de depressão.

Identifica-se agressor na maioria das vezes, pessoas que não possuem empatia pelo próximo. Normalmente suas famílias não possuem estrutura e seu convívio com a mesma munido de pouco afeto e carinho.

Vale ressaltar, que esses agressores apresentam uma personalidade carregada de maldade e, que na maior parte do tempo, eles buscam a liderança, que é obtida através do bullying.

Intitula-se testemunha a figura do espectador, que tem como característica o silêncio e sua participação não se faz diretamente. Normalmente, essas testemunhas adotam a lei do silêncio por receio de serem os próximos a sofrerem com o bullying. Importante ressaltar, que as omissões diante desses atos se assemelham a omissão de socorro, o que torna uma ação onde fere a moral e pode vir a ser taxada como criminosa.

Dada a complexidade do problema, as buscas por soluções estão cada vez maiores, e foi pensando nisso que o vereador Mauro Zacher, da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desenvolveu um projeto antibullying, que foi

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aprovado pela Câmara Municipal, no dia 26 de março de 2011. A lei municipal nº 10.866, procura reprimir os atos violentos praticados a outrem seja no ambiente escolar ou fora.

A assembleia legislativa do estado do Rio Grande do Sul, seguindo a mesma linha de raciocínio, sancionou a lei número 13.474 que traz em seu texto atividades que contam com auxílio de entes públicos ou privados, isto é, as escolas. Esse texto, que foi aprovado por unanimidade, autoriza as escolas a documentarem todos os atos que tenham por natureza a violência e que caracterizam o bullying, apontando os agressores do mesmo.

As leis mencionadas acima trazem em seu corpo textual todo um plano de combate às práticas dessa violência, que pode ser tanto física quanto verbal. Outras ações também se fazem importante e com isso ressaltamos o notável papel dos educadores e das famílias nessa caminhada de prevenção e combate ao fenômeno bullying.

Preocupado com a falta de programas que buscam dar o incentivo aos professores e pais de alunos, foi criado em 2004 um programa intitulado Educar para a Paz, que tem como finalidade, por fim, no problema antes que agrave suas consequências.

Esse programa busca a conscientização dos alunos diante da problemática, focando sempre no fim da violência e na propagação da paz, além disso, ele traz também projetos que possibilite o trabalho em equipe, combatendo assim o individualismo, criando com isso um laço com o próximo, motivando a troca de ideias e com isso formando uma relação de respeito frente às diversidades de opiniões.

3 DO BULLYING AO CYBERBULLYING

O cyberbullying é visto por muitos como uma forma atual do bullying, que ultrapassa os limites do ambiente escolar, do ambiente de trabalho ou até mesmo naquele ambiente familiar, onde se vive maior parte do seu cotidiano na maioria das vezes.

Sua maior diferença, é que ele não se limita ao espaço, ele tem a capacidade de exceder as fronteiras territoriais. O cyberbullying pode ser classificado como uma forma mais cruel de violação e de exposição da vítima

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escolhida, pelo simples fato de conseguir isso em qualquer ambiente, bastando apenas um clique.

O cyberbullying é uma variante da palavra inglesa bullying e é usado para classificar a violência que utiliza do ambiente virtual para se propagar. Com uma melhor classificação, disserta Melo (2011, p.47), é uma forma de agressão ou assédio moral que se pratica e se propaga através da internet, celulares ou mediante o uso de novas tecnologias e meios de comunicação.

No ciberespaço os autores têm a falsa sensação de anonimato, no primeiro momento isso é um ponto chave para dar coragem às ações realizadas, o que no mundo real onde o bullying é praticado não ocorre, a diferenciação é nítida, onde os limites que são taxados pelo território, ajudam na identificação do agressor.

No bullying virtual os insultos costumam ter maiores repercussões, isso se dá porque o poder da internet faz com que as mensagens se propagam com maior velocidade e seus efeitos se tornam mais violentos e sua durabilidade imensurável.

Um ponto diferenciado do bullying para o cyber, é que aquele jovem que frente a sociedade passa uma imagem tímida, o que para o agressor é um ponto positivo, fazendo desse garoto tímido uma vítima, na internet ele surge com outra personalidade, onde sua raiva, seu descontentamento sofrido, vira motivo para refutar os ataques, invertendo seu papel, onde passa a provocar as pessoas e com isso fazendo vítimas.

Além do anonimato, fator esse que torna um atrativo para os agressores, o mundo virtual conta com uma população ilimitada, pois quanto maior a proporção que toma o aumento no número de espectadores, maior se torna porcentagem dos alvos das agressões virtuais, formando com isso uma desproporção, onde os agressores que vivem no anonimato saem sem qualquer punição por conta disso, e as vítimas feitas por eles, possuem seu perfil exposto e de fácil identificação.

Denomina-se vítima qualquer indivíduo, em especial aquelas que não usam a internet com cautela, se tornando figuras frágeis e favorecendo o acesso aos agressores até os seus alvos.

O autor abaixo nos ensina a respeito da vítima virtual:

Qualquer pessoa pode ser uma vítima em potencial; mas recai nas vítimas incautas as maiores chances de serem escolhidas. A

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imprudência, ingenuidade ou tolice favorecem o processo de vitimização. Isso não exclui os expertos, de serem transformados em vítimas. Mas é claro que, em qualquer circunstancias os precavidos, cautelosos ou temerários podem sofrer menos. (MELO, 2011, p.34)

As vítimas costumam sofrer danos que acabam mexendo com o seu valor, com seu psicológico, com sua autoconfiança e que na maioria das vezes são difíceis de reparar. Tudo isso se deve ao difícil acesso, embora toda dificuldade, os responsáveis são encontrados, o que quebra o mito do anonimato.

Aqueles que fazem o uso da internet ou outros meios similares são nomeados de agressores virtuais. Sua descrição se torna difícil, pois suas informações não são expostas e quando encontradas, aparentam sempre duvidosas ou alteradas.

Contudo, como já dito, vem se tornando lenda essa dificuldade para titular os autores das agressões, isso se dá com a popularização cada vez maior do que é como prevenir e os cuidados a serem tomados quanto ao cyberbullying.

Com isso, as denúncias aumentaram, onde através de um rastreador, agressores passam a ser identificados e através disso, passam a responderem pelo crime. Ainda sobre os personagens, os espectadores virtuais são figuras receptivas, eles apenas recebem as mensagens enviadas, ou seja, não se encaixam nem no papel de vítima e nem de agressor.

3.1 As causas motivadoras do bullying virtual e suas prevenções

As dissemelhanças presentes no mundo fazem parte dos fatores que contribuem para as agressões do bullying virtual, que são regidas por atitudes impiedosas e impopulares. O desrespeito com o próximo, a falta de educação, as crueldades realizadas com o semelhante, a intolerância com as diversidades, o preconceito, a homofobia, o racismo, tudo são fatores que incomodam os agressores que são avessos as diferenças.

Do exposto, chegamos a seguinte reflexão, de que as pessoas que fazem o uso dos recursos tecnológicos, pessoas ativas nesse ciberespaço, muita das vezes estão carentes de referências éticas, de orientações com conteúdo legal, planos de limitações e regras, carece também de empatia ao próximo, de

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transparência de quem usa o que contribui para a falsa sensação de anonimato e impunidade.

Outro fator inquietante é a ausência de denúncias, que vira um aspecto positivo para os praticantes dessa conduta ilícita no âmbito virtual, já que a carência de queixas estimula os agressores e proíbe que as autoridades intervenham nos casos, já que os mesmos necessitam de clareza para que se possa corretamente aplicar as sanções merecidas.

Ressalta-se que, o ciberespaço é um ambiente com um grande número de crianças e adolescentes como usuários, o que influência na falta de responsabilidade na utilização desse veículo.

Essa escassez no quesito comprometimento vira uma espécie de estímulo e dá espaço para as “brincadeiras” maldosas que terminam em práticas agressoras. A forma mais adequada para a precaução do bullying virtual ainda é a supervisão que se faz eficiente por parte da família e dos educadores.

O diálogo é um método simples e eficaz, onde através dele ocorre a conscientização dos usuários sobre os perigos do mau uso nesse ambiente e que as falhas na utilização desses recursos podem atrair agressores virtuais.

Vale lembrar que a escola é conhecida como uma segunda casa, pois ela faz parte do cotidiano por vários anos da vida humana, por isso, tanto se cobra essa parceria entre o ambiente escolar e os pais, buscando com isso um resultado eficaz que servirá de impulso para as futuras denúncias.

Importante dizer que ao mesmo tempo em que as mídias sociais têm seus fatores negativos e que contribuem com a prática do cyberbullying, elas também vêm se tornando um alicerce no combate do crime virtual, que vão desde incentivos através de anúncios que conscientiza os usuários sobre a problemática, até as opções de suporte que elas oferecem, proporcionando com isso maneiras rápidas e seguras de denúncia.

Considerando que entre os crimes mais comuns na internet, o de pedofilia vem ganhando força a cada dia, e por isso todos esses meios de proteção vem sempre reforçando o apoio pelas vítimas e a busca pelo fim dessa prática.

De acordo com Melo (2011, p.79), no Brasil são registradas mais de 2,5 mil denúncias de crimes cibernéticos do gênero todos os dias. Em geral, envolvendo crianças entre 4 e 12 anos.

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Importante salientar, que os agressores procuram vítimas dessa idade, pela facilidade de atrai-las, muitas vezes pela ingenuidade.

Apesar de todos esses recursos, a Polícia Federal salienta que geralmente os pais por medo da exposição dos seus filhos, deixam de efetuar a denúncia, e como já mencionado, isso é um erro, pois além de deixar os agressores sem punição, acaba virando também um incentivo para continuar fazendo vítimas.

4 CYBERBULLYING E A AÇÃO DA JUSTIÇA

Os crimes executados dentro do ciberespaço enfrentam grandes obstáculos para se moldarem de acordo com a legislação brasileira. Para definir o crime virtual, é feita uma analogia com as leis que são usadas para punir o comportamento dos agentes no âmbito real, ou seja, o que realmente importa nesses casos é se houve a ocorrência de um crime, não importando o local praticado.

É pertinente também compreender o significado de crime antes de chegar a uma conceituação do que seria o crime virtual. De igual modo, não pode ser declarado crime, sem antes existir uma lei que o exemplifique, trazendo nela as obrigações para serem cumpridas sob pena de sanções, contrário a isso, não há o que se falar de punição.

De acordo com Fernando Capez (2007, p. 113): […] Crime pode ser definido como todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade ou paz social. Neste sentido, importante ressaltar que todos os cuidados ficam em torno dos bens jurídicos, mostrando mais uma vez com isso, a possibilidade da classificação das leis no mundo virtual.

Para situar melhor os crimes acima mencionados, o código penal vem trazendo em seu texto suas previsões legais. Nesse contexto, quando o crime praticado tiver a intenção de ofender à honra, ele é denominado calúnia e tem sua definição tipificada pelo artigo 138 do CP; na divulgação de boatos, é apelidado como difamação e fica elencado no artigo 139 do CP; e o ato de atribuir característica negativa a outrem, configura injúria e pode ser encontrado no artigo 140 do Código Penal e por fim as ameaças, que tem sua previsão amparada pelo artigo 147.

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Quando os agressores são menores de idade, ficam denominados atos infracionais e tem sua previsão tipificada no E.C.A – Estatuto da criança e do adolescente (Lei Nº 8069/90), sendo assim, os pais ou os responsáveis legais ficarão no dever de responder por eles.

Tendo em vista que o fenômeno bullying necessitava de uma legislação específica, foi sancionada pela Presidente da República, no dia 06 de novembro de 2015, a norma denominada antibullying. A Lei nº 13.185/15 foi criada buscando como foco principal a prevenção, motivando com isso as redes de ensino a seguirem esse caminho, buscando ensinar aos jovens, maneiras de reprimir qualquer atitude com o próximo que remeta a violência, seja ela física, psicológica, moral, sexual, verbal ou virtual.

Embora o assunto já fosse tratado por alguns Estados e Municípios, a necessidade da criação de uma lei específica era evidente, tendo em vista, o aumento no número de casos. Como já mencionado, esses Estados já tinham programas de prevenções, contudo, a abrangência desses projetos não era a nível federal, mostrando mais uma vez, a importância da criação de uma norma que fosse de forma igualitária para todas as regiões.

De olho na necessidade e diante de uma problemática vivida, foi a partir da situação sofrida pela atriz Carolina Dienckmann, onde tudo começou com a invasão de seu computador que continham arquivos pessoais, onde eram armazenadas suas fotos íntimas, e que logo caíram na rede, despertando assim o interesse da mídia.

A atriz se viu no dever de abraçar a causa, concedendo assim, o direito de relacionar seu nome com a lei. É valido lembrar também que a norma em questão já tinha sido um projeto apresentado pelo Deputado Paulo Teixeira do PT-SP, que na época, chegou até questionar a respeito da segurança em se trata de privacidade no âmbito digital, a partir dai se viu a necessidade de uma lei que tratasse da questão.

A lei relatada em questão é a 12.737/2012 que foi editada no dia 31 de novembro de 2012, e teve sua publicação realizada no terceiro dia do mês de dezembro do mesmo ano, entretanto, contou com a presença do vacatio legis de 120 dias, transcorrido esse prazo, sua aplicabilidade teve efeito no dia 03 de abril de 2013.

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Importante dizer, que a lei foi criada com a intenção de suprir algumas lacunas que tinham sido deixadas na legislação penal, que servia de porta de entrada para os criminosos saírem sem as devidas punições, já que o ambiente virtual era carente de previsão legal.

5 Conclusão

A era digital impulsionou a comunicação e isso se deve a popularização das redes sociais, que se tornou uma ferramenta para o entretenimento. No entanto, seu uso requer cuidados, requer responsabilidade, pois a exposição excessiva e sem critérios no mundo virtual é visto como um facilitador para atrair os agressores reais para o ciberespaço.

O bullying é uma realidade vivida por muitas crianças e adolescentes, principais alvos dessa prática e sua proporção vem aumentando cada dia mais o que pode ser visto nos jornais, na televisão ou presenciado no cotidiano. As instituições de ensino em geral se tornaram palco das agressões e por isso, os programas antibullying são apostas criadas pelo Estado, a fim de proporcionar uma base dada aos educadores, para que eles saibam lidar com as situações que fogem dos padrões.

Nessa linha de raciocínio, as famílias ficam responsáveis por trabalhar juntos, dando apoio aos educadores, pois é de total consciência que a construção desses jovens, para uma socialização se dá no reflexo do que é vivido em seu lar e como consequência, servindo de base para seu comportamento com o próximo em um ambiente como a exemplo, o escolar, onde a socialização faz parte, assim como a interação, favorecendo a formação para cidadania.

O bullying evoluiu para o mundo virtual, sendo fruto do desenvolvimento tecnológico e sua atuação não se limita somente aos estudantes. Ele pode ser visto como um reflexo do uso indevido dos meios de comunicações atuais, gerando a violência virtual e fazendo vítimas. O comodismo dos agressores é um fator positivo para eles, que podem atrair vítimas sem precisar sair de casa e isso se dá pelo uso do computador, precisar portar apenas um básico conhecimento tecnológico.

Chegou-se à conclusão, que as campanhas antibullying iniciadas nas escolas, devem continuar no mundo virtual, essa percepção já pode ser vista

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através de prevenções oferecidas por sites, opções de denúncias que as próprias redes sociais oferecem e a conscientização que as mídias sociais propagam.

As condutas executadas no ambiente virtual, que fere a honra ou a liberdade pessoal, são amparadas pelo código penal e leis como a 12.737/2012 e a Lei Federal nº 13.185/2015, são amparos legais e específicos da nossa legislação brasileira, que visa o combate, a prevenção e a punição. E é de grande importância ressaltar esse avanço no Direito no que diz respeito aos crimes cometidos no âmbito virtual.

Ressalta-se que a tecnologia tem pontos positivos e negativos e que a comunicação proporcionou a propagação do cyberbullying, que escondido através de um anonimato, perseguem suas vítimas e trazem consequências cruéis e reais. Portanto, é de se reconhecer os avanços jurídicos, porém, não é de se negar que ainda possui lacunas para serem preenchidas e que os agressores cientes disso, continuam fazendo vítimas virtuais com danos existências.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei nº 10.866 de 26/03/2010. Disponível em:

<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=176933> Acesso em 20 Out. 2017. ______, Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm> Acesso em: 01 Nov. 2017.

______, Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm> Acesso em: 29 Out. 2017.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. 11. ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2007.

CASSANTI, Moisés de Oliveira. Crimes virtuais, vítimas reais. Rio de Janeiro: Brasport, 2014.

DA COSTA, Marco Aurélio Rodrigues. Crimes de informática: Introdução e História do Computador, 2010. Disponivel em:

<http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29402-29420-1-PB.pdf> Acesso em: 11 Setembro 2017.

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Referências

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