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Investimento e custo de produção de peixes nativos em sistema de policultivo e monocultivo-estudo de caso / Investment and cost of production of native fish in polyculture and monoculture system-case study

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Academic year: 2020

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Investimento e custo de produção de peixes nativos em sistema de policultivo e

monocultivo-estudo de caso

Investment and cost of production of native fish in polyculture and monoculture

system-case study

DOI:10.34117/bjdv6n3-489

Recebimento dos originais: 25/02/2020 Aceitação para publicação: 31/03/2020

Adriana Fernandes de Barros

Doutora em Aquicultura de Águas Continentais pela Universidade Estadual Paulista Docente da Faculdade de Linguagem, Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas, Universidade do

Estado de Mato Grosso

Rodovia BR-174, km 277, CEP: 78250-000, Zona Rural, Pontes e Lacerda, MT, Brasil E-mail: adrianabarros@unemat.br

Ana Carla Carvalho Silva

Doutoranda em Ciência Animal pela Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso

Bolsista CAPES/MEC - FAMEZ/UFMS

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Av. Senador Filinto Müller, 2443, CEP: 79074-460, Universitário, Campo Grande,MS, Brasil

E-mail: zootec.carla@gmail.com

Pamella Rebeca Jesus Santo

Graduada em Zootecnia pela Universidade do Estado de Mato Grosso

Faculdade de Linguagem, Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas, Universidade do Estado de Mato Grosso

Rodovia BR-174, km 277, CEP: 78250-000, Zona Rural, Pontes e Lacerda, MT, Brasil E-mail: pamellarjs7525@gmail.com

Osmar Félix de Barros

Graduado em Zootecnia pela Universidade do Estado de Mato Grosso

Faculdade de Linguagem, Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas, Universidade do Estado de Mato Grosso

Rodovia BR-174 km, 277, CEP: 78250-000, Zona Rural, Pontes e Lacerda, MT, Brasil E-mail: h_osmar7@yahoo.com.br

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho obter investimento de implantação de uma piscicultura com 27 ha de lâmina d’água ecusto de produção de espécies nativas em sistemas de policultivo e monocultivo, de forma analisar economicamente a viabilidade do sistema de produção. A piscicultura foi implantada no estado de Mato Grosso onde foram construídos três tanques, dois com 6,2 e 11,0 ha de lâmina d’água que foram utilizados em seu primeiro ciclo de produção em sistema de policultivo com Tambatinga, Pintado da Amazônia e Piauçu, e um tanque de 9,8 ha usado com monocultivo de Matrinxã. Foram coletados dados mensalmente in locodos itens de investimentos, despesas e controle

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zootécnico durante período de 24 meses, que compreendeu período de implantação da piscicultura e primeiro ciclo de produção de peixes da fazenda. Para cálculo de custo de produção do quilograma de peixe foram empregadas as metodologias de Custo Operacional Total (COT) e Custo Total de Produção (CTP). Também foram determinados os indicadores zootécnicos: biomassa de estocagem, conversão alimentar aparente, taxa de sobrevivência, peso médio final e ciclo de criação. Para definir os resultados de rentabilidade foi utilizada Lucro Operacional (LO) e Lucro Líquido (LL). O investimento com aquisição de terra, construção dos tanques, benfeitorias de apoio, automóvel e equipamentos usados na piscicultura totalizaram R$ 60.344,42 ha-1 de lâmina d’água. Os COT e CTP médio, LO e LL foram respectivamente de: nos tanques de 6,2 ha e 11,0 ha de lâmina d’água utilizando policultivo R$ 5,29 kg-1 e R$ 2,94 kg-1, R$ 6,81 kg-1 e R$ 3,80 kg-1, R$ 8.307,88 ha-1 e R$ 16.592,39 ha-1, -R$ 111,82 ha-1 e R$ 10.208,38 ha-1; e no tanque de 9,8 ha com monocultivo foram R$ 5,42 kg-1, R$ 6,88 kg-1, R$ 8.871,23 ha-1 e -R$ 691,77 ha-1. Apesar do Lucro Líquido

negativo em dois tanques, verificou-se que Lucro Operacional foi positivo, indicando que a atividade se mantém a longo prazo, pois saldou totalmente todas despesas e depreciação, e parcialmente a remuneração dos custos de oportunidade. Análise de sensibilidade foi realizada com possível obtenção de melhor desempenho zootécnico, viabilizando economicamente a produçãotanto no policultivo como no monocultivo.

Palavras-chave: indicadores zootécnicos. peixe redondo. surubim. viabilidade econômica.

ABSTRACT

The objective of this work was to obtain investment in the implementation of a fish farming with 27 ha of water slide and the cost of production of native species in polyculture and monoculture systems in order to economically analyze the viability of the production system. Fish farming was implanted in the state of Mato Grosso, where three tanks were built, two with 6.2 and 11.0 ha of water slide that were used in their first production cycle in a polyculture system with Tambatinga, Painted from the Amazon and Piauçu, and one 9.8 ha tank used with Matrinxã monoculture. Monthly data were collected on site of investments, expenses and zootechnical control over a period of 24 months, which comprised the construction period of the tanks and the first cycle of fish production of the farm. The methodologies of Total Operating Cost (TOC) and Total Production Cost (TPC) were used to calculate the production cost of the kilogram of fish. Zootechnical indicators were also determined: storage biomass, apparent feed conversion, survival rate, final average weight and breeding cycle. To define profitability results, Operating Profit (OP) and Net Profit (NT) were used. The investment with land acquisition, construction of tanks, support improvements, automobile and equipment used in fish farming totaled R$ 60,344.42 ha-1 of water slide. The TOC and mean TPC, OP and NP were

respectively: in the tanks of 6.2 ha and 11.0 ha of water depth using polyculture R$ 5.29 kg-1 and

R$ 2.94 kg-1, R$ 6.81 kg-1 and R$ 3.80 kg-1, R$ 8,307.88 ha-1 and R$ 16,592.39 ha-1, -R$ 111.82 ha

-1 and R$ 10,208.38 ha-1; and in the tank of 9.8 ha with monoculture were R$ 5.42 kg-1, R$ 6.88 kg-1,

R$ 8,871.23 ha-1 and -R$ 691.77 ha-1. Despite negative Net Profit in two tanks, it was found that

Operating Profit was positive, indicating that the activity remains long-term, because it fully balanced all expenses and depreciation, and partly the remuneration of opportunity costs. Sensitivity analysis was performed, with possible achievement of better zootechnical performance, economically enabling production in polyculture and monoculture.

Keywords:economic viability. round fish. surubim. zootechnical indicators.

1. INTRODUÇÃO

O gerenciamento da piscicultura com controle zootécnico e determinação do custo de produção é essencial, pois torna possível identificar com precisão os eventuais entraves e potencialidades do

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sistema de produção, e, consequentemente, possibilita tomada de decisões que garantam a viabilidade econômica do empreendimento, tornando-o mais competitivo e preparado para instabilidades do mercado.

Atualmente, o Mato Grosso é o 5° colocado no ranking da piscicultura brasileira, com produção de 49.400 toneladas de peixes cultivados (PEIXE BR, 2020). Deste total,93,48 % da produção da piscicultura mato-grossense são de espécies nativas como Tambaqui (Colossoma macropomum), Pacu (Piaractus mesopotamicus), Pirapitinga (Piaractus brachypomus) e seus híbridos, especialmente a Tambatinga (C. macropomum xP. brachypomus). Além desses, há de se destacar também os Surubins, representados pelo Pintado(Pseudoplastytoma corruscans), Cachara (Pseudoplastytoma fasciatum) e híbrido Pintado Amazônico (P. fasciatum x Leiarius marmoratus), e Brycons como Matrinxã (Brycon amazonicus) e Piraputanga (Brycon microlepis). Sendo que naprodução total brasileira em 2018 o grupo dos Peixes Redondos, Surubins e Brycons, apresentaram respectivamente,156.831.418 toneladas, 11.504.958 toneladas e 7.195.713 toneladas (IBGE, 2020). Dado aumento da produção de peixes nativos no Brasil e no estado de Mato Grosso, tem-se a necessidade de determinação do seu custo de produção, não somente em sistemas de monocultivo, comumente praticado no país, mas também em policultivo, para que se possa verificar se os custos e/ou sistemas de produção estão compatíveis com o preço de comercialização praticado, que garanta a piscicultura como oportunidade rentável dentro do agronegócio.

Apesar de ser pouco utilizado no Estado, Rosa et al. (2016),justificaram que a utilização do policultivo é para aproveitar espaço e alimento, pois na piscicultura convencional 30% dos nutrientes oferecidos na ração são retidos como biomassa e o restante se perde nos sedimentos como matéria orgânica. Nunes; Lazzaro; Peret (2006) acrescentaram que o policultivo auxilia na ciclagemdessa matéria orgânica do tanque, na produtividade natural e nas principais etapas do metabolismo aquático. Para isso, a densidade de cada espécie deve ser baseada na melhor utilização do alimento artificial e natural, comdiferentes hábitos alimentares, que tenham mesma faixa de tolerância à temperatura, tamanho e crescimento similares.

Essa técnicapode elevar a produtividade do sistema por aproveitar totalmente a cadeia trófica, diminuindo o custo em ração com maior produção em quilogramas de pescado,pois as variadas espécies utilizadas ocupam diferentes nichos ecológicos por apresentar hábito alimentar distinto, e assim, maior eficiência da alimentação, bem comoaumento da renda dos produtores(SILVA et al., 2006; ALMEIDA et al., 2015).

No entanto, além da piscicultura ser uma prática agropecuária com menor tempo inserção de mercado quando comparada com outras atividades (bovinocultura, suinocultura e avicultura), a utilização da produção de peixes em sistema de policultivo é ainda menos praticada. Todos esses

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fatoressomadosas crises econômicas, oscilações de mercado e competitividade do setor, torna-se mais evidente a necessidade de gerenciamento eficiente do sistema.

Apesar de algumas vantagens apresentadas, o que determina o uso ou não de um sistema de produção é sua viabilidade econômica. Neste sentido, objetivou-se com este trabalho obter qual valor de investimento de implantação de uma piscicultura com 27 ha de lâmina d’água e o custo de produção de espécies nativas em sistemas de policultivo e monocultivo, de forma analisar economicamente a viabilidade do sistema de produção.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O local do estudo foiem uma fazenda localizada na região do Oeste do estado de Mato Grosso (14º32’11.06”S, 59º32’48.97”O), comextensão territorial de 3.100 ha tendo como atividade principal a agricultura,sendo destinados para implantação dapiscicultura uma área de 40 ha onde foram construídos no período,27 ha de lâmina d’água divididos em3 tanques escavados de 6,2 ha, 11,0 ha e 9,8 ha de lâmina d’água.

Para planejamento e análise econômico-financeira da produção de peixes, foram coletados dados mensalmente in loco durante um período de 24 meses, que compreendeu aimplantação da pisciculturae primeiro ciclo de produção de peixes na fazenda, possibilitando obter valores de todos os itens investidos direta e indiretamente na atividade, em benfeitorias, máquinas, equipamentos, elaboração do projeto e acompanhamento de implantação, taxas com licenciamento e montante da área utilizada, com seus respectivos valores de mercado correspondentes ao mês de dezembro de 2018, considerando para fins de conversão R$ 3,87 = US$ 1. Todos os dados de investimento, despesas, receitas e controle zootécnico foram tabulados utilizando o programa Excel.

As espécies produzidas foram Tambatinga (fêmea de TambaquiColossoma macropomumx macho de PirapitingaPiaractus brachypomus), Pintado da Amazônia (fêmeade Pseudoplatystoma spp. xmachode Jundiá Leiarius marmoratus), Piauçu (Leporinus spp.) e Matrinxã (Bryconspp.), divididos por tanque sob a proporcionalidade total da espécie principal, de acordo com descrições da Tabela 1, caracterizando sistema de policultivo nos tanques que foram utilizadas mais de uma espécie.

Tabela 1. Espécies produzidas e suas proporções calculadas sob a espécie principal de criação, tipos e proporção de

ração utilizada em cada tanque.

Área de lâmina d’água 6,2 ha 11,0 ha 9,8 ha

Pintado da Amazônia 100% 10,0% -

Tambatinga 25,5% 100% -

Piauçu 6,7% 10,0% -

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Ração40% PB 2-4 mm 2,4% 1,4% 6,0%

Ração 40% PB 4-6 mm - 4,2% 5,8%

Ração 32% PB 4-6 mm 5,5% - -

Ração 32% PB 6-8 mm 25,9% 66,8% 30,9%

Ração 32% PB 8-10 mm 66,2% 27,5% 57,3%

Fonte:Elaborado pelos autores.

Como foi o primeiro ciclo de produção e a piscicultura não dispunha no momento de tanques de recria, os peixes foram colocados diretamente nos tanques de engorda nos seguintes tamanhos: Pintado da Amazônia 12,0 à 14,0 cm, Tambatinga e Piauçu com 6,0 a 8,0 cm e Matrinxã com 7,0 a 9,0 cm.

Para determinação dos indicadores zootécnicos do sistema de produção foram utilizados os seguintes cálculos:

-Biomassa de estocagem (BE): quantidade em quilograma de peso vivo por metro quadrado de lâmina d’água (kg m-²);

-Peso médio final: obtido pelo cálculo do peso total despescado dividido pelo número de peixes, expresso em kg;

-Conversão alimentar aparente (CAA): quantidade de ração consumida dividido pelo ganho de peso no período;

-Taxa de sobrevivência: calculada através do número de animais despescados dividido pelo número de animais estocados multiplicados por 100, expresso em porcentagem.

Para determinação do custo de produção foram adotadas duas metodologias descrita por Matsunaga et al. (1976), em que se determinam Custo Total de Produção (CTP) e Custo Operacional Total (COT). Esse último é composto por Custo Operacional Efetivo (COE-mão de obra, ração, combustível, energia elétrica, juvenis, insumos em geral, taxas e impostos, despesas administrativas e eventuais, manutenção de máquinas e benfeitorias) mais depreciação.

No entanto, o COT não considera os custos de oportunidade da terra, empresário, capital fixo e circulante, a qual os mesmos autores utilizam na determinação do Custo Total de Produção, que possibilita maior acurácia na tomada de decisão por remunerar todos os fatores de produção.

O cálculo do CTP é o somatório dos Custos Variáveis (CV) acrescido dos Custos Fixos (CF). Os CV compreendem o COE mais remuneração do capital circulante. O CF é composto pela depreciação e custos de oportunidade, que são remuneração do empresário e do capital fixo. Ainda foram levados em consideração para alguns itens os seguintes critérios:

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-Para mão de obra contratada considerou-se 1,5 salários mínimo, somada aos encargos sociais, como décimo terceiro, férias, Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) entre outros, que correspondem a 45,59 % do salário, de acordo com CONAB (2010);

-O método escolhido para remuneração do capital fixo foi com base nas taxas de crédito de investimento do Fundo Constitucional de Financiamento (FCO), com juros de 6,70% a.a. incidindo sob o valor total do capital investido;

-Na remuneração do capital circulante, utilizou-se o valor médio, recaindo sob o mesmo a taxa de crédito de custeio, também do FCO com juros de 7,03% a.a.;

-Pelo método linear, considerando o valor de sucata igual a zero, foi determinado depreciação das benfeitorias, máquinas e equipamentos;

-Reparos e manutenção dos equipamentos foram determinados a taxa de 5,00% ao ano sobre o valor de aquisição do bem; para benfeitorias, essa taxa foi de 2,00% ao ano do valor das benfeitorias (MARTIN et al., 1995);

-Ainda foi considerada taxa de 1,00% sobre o valor das despesas efetivas, para eventualidades e/ou com finalidade de cobrir alguma falha de informação;

-Foram considerados valores para cadastramento ambiental rural e de aquicultura; licenças prévia, de instalação e operação; autocade, mapa, taxa de infiltração e georreferenciamento; formulação e implantação do projeto,sendo calculado em 2,50% do valor total do investimento.

Para análise de rentabilidade foram empregados os seguintes indicadores:

-Custo Médio (COEMe, COTMe, CFMe, CTPMe): referem-se aos custos por unidade de produção, expressos pela relação entre os custos e a quantidade produzida (Q), ou seja, CMe/Q, expresso em R$ kg-1;

-Receita Bruta (RB): quantidade de peixes produzidos versus preço de venda no mercado, ou seja, RB = q * p, sendo q a quantidade comercializada e p o preço de venda;

-Lucro Operacional (LO) = RB-COT; -Lucro Líquido (LL) = RB-CTP;

-Índice de Lucratividade (IL) = relação entre o Lucro e Receita Bruta, expressa em percentual o valor disponível após o pagamento do custo total de produção.

Também foi consideradoos indicadores denominados de ponto de nivelamento, somente para o monocultivo da Matrinxã, que aponta qual seria a produção mínima necessária para cobrir o nível do custo de produção, dado o preço de venda unitário para o produto. Assim foram considerados pontos de nivelamento do COE, COT e CTP obtidos por meio do custo total desses pelo preço médio de comercialização, expresso em quilograma (MARTIN et al., 1998). Nos tanques com utilização do policultivo não foi possível realizar esse tipo de análise em função de ter mais de uma espécie sendo

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produzida nos tanques de criação, e assim não sendo possível dividir os custos por seus preços de comercialização que são diferentes.

No entanto, foram realizadas simulações para os três tanquescom diferentes cenários por meio do método de análise de sensibilidade (HAMBY, 1994), com a finalidade de demonstrar quanto que variações nos parâmetros zootécnicos influenciam os indicadores econômicos, e dessa maneira permite ao produtor prever situações e ajudá-lo a tomar decisões que garantam viabilidade do empreendimento piscícola.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o rateio dos valores apresentado na Tabela 2,referente aos investimentos realizados direta e indiretamente na propriedade com benfeitorias, máquinas, equipamentos e aquisição de terra, pode-se verificar que desses, foram investidos exclusivamente na piscicultura R$ 1.629.299,32, que representa R$ 60.344,42 ha-1de lâmina d’água. Desse valor, R$ 43.274,37 (71,71%) correspondem exclusivamente a construção dos tanques escavados. Essa tendência de maior proporção do investimento em implantação dos tanques também foi verificada em outros trabalhos(BARROS; MARTINS, 2012; VILELA et al., 2013; BARROS et al., 2016; TROMBETA; BUENO; MATTOS, 2017).

Esses resultados mostram a importância em se obter maior eficiência de utilização das horas máquinas utilizadas, que pode ser obtida com contratação de operadores experientes e terrenos propícios a construção de tanques. Barros et al. (2010) explicaram que pode ocorrer variação de até 60% da necessidade de investimento em hora máquina, podendo ser influenciada também pelo tamanho do tanque e dos taludes, e sistema de barragens. Feitoza, Sonoda e Souza (2018) ainda acrescentaram que o valor do investimento pode variar também em função da região, apresentando para a propriedade típica do estado do Amazonas valor de investimentos de R$ 66.594,17 ha-1, para Rondônia valor de investimento de R$ 49.080,19 ha-1 e para Roraima valor de investimento de

R$ 43.777,18 ha-1.

Tabela 2. Relação e valores dos itens investidos na instalação de uma piscicultura com 27 hectares de lâmina d’água

em sistemas de tanques escavados, estado de Mato Grosso, Brasil. Valores em reais para o mês de dezembro de 2018 (US$ 1 = R$ 3,87).

Item Especificações Quantidade Valor Total

(R$) Vida Útil (Anos) Rateio Depósito 50mx20mx5m (m²) Pré-moldado/Telha zincada 1.000 70.000,00 35 20%

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Construção de 3 tanques escavados (Hora máquina)

Escavadeira PC 1.200 330.000,00 35 100% Pá carregadeira 1.800 396.000,00 100% Rolo compactador 360 72.000,00 100% Trator de esteiras 700 154.000,00 100%

Diária Caminhão basculante 90 49.500,00 35 100%

Canos PAD Barra 6m 400 mm 34 40.120,00 15 100%

Barra 6 m 300 mm 8 6.800,00 100%

Sistema de drenagem Pré moldados 3 96.590,00 15 100%

4 23.398,00 100%

Casa sede alvenaria (m²) Forro pinus/telha de barro 80 57.600,00 35 10%

Poço artesiano (m) Profundidade 100 18.000,00 35 5%

Instalação elétrica Monofásica 30.000,00 15 5%

Barco Alumínio - 6 m/2017 1 6.000,00 15 100%

Motor de barco Yamaha 15 HP/2018 1 6.500,00 10 100%

Rabeta curta Gasolina/5.5 HP 1 1.150,00 5 100%

Carreta para barco Ferro 1 3.000,00 10 100%

Roçadeira still 220 1 2.400,00 5 100%

Quadriciclo TRX 420 Fourtrax/2016 1 24.500,00 15 100%

Automóvel utilitário Strada Working/2015 1 36.500,00 10 30%

Motocicleta Broz Honda/NXR/2016 1 12.500,00 10 30%

Balança toledo digital Pêndulo/2.500 kg/Prix 1 7.000,00 5 100%

Pêndulo/25 kg 1 25,00 3 100%

Rede despesca

250 x 12 x 70 mm fio 72 1 13.770,00 2 100%

70 x 5 x 8mm fio 40 1 2.300,00 3 100%

50 x 8,20 x 12mm fio 70 1 3.600,00 3 100%

Fish bag Papel moeda/1000 kg 2 9.600,00 10 100%

Caixas de fibra Fortlev/1000 L 10 3.430,00 2 100%

Oxímetro YSI 550A/Bernauer/2016 1 3.950,00 7 100%

Outros* 74.011,65 17 74%

Valor da área (ha) Soja/Pasto 3.100 46.500.000,00 0,4%

Eng. Florestal Georreferenciamento 15.000,00 100%

Licenças prévia, instalação, operação e outorga Protocolos 25.000,00 100% Projeto Implantação 42.000,00 100% TOTAL 48.136.244,65

*Itens que não foram discriminados. Fonte: Elaborado pelosautores.

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Na Tabela 3 estão apresentados os indicadores zootécnicos e econômicos da produção da piscicultura utilizando dois tanques em sistema de policultivo e um com produção exclusiva de Matrinxã. Com esses resultados foi possível observar que houve diferenças nos indicadores zootécnicos, e consequentemente, nos indicadores econômicos.

Verificou-se que o ciclo de produção da Matrinxã foi 5,0 meses maior (40,98%) do que o ciclo do tanque(11,0 ha) com policultivo da Tambatinga + Piauçu + Pintado da Amazônia (12,2 meses), ocorrido devidoa tentativa do produtor em obter um peixe de tamanho superior. No entanto, essefator gerou consequentementemaior custo de produção, pois existe um custo mensal fixo (depreciação, remuneração do empresário e da capital fixo, mão de obra e manutenção)de R$ 956,42 ha-1 mês,

independente se o tanque está produzindo ou não. Dessa forma, no presente estudo, foi constatado que não foi adequado estender o período de cultivoda Matrinxã,no esforço de obterpeixes com maior peso final, uma vez que acarretoulucro líquido (LL) negativo.

Outra razão que pode ter favorecido no melhor LL dos outros tanques é a criação ter sido em sistema de policultivo, com preço de comercialização maior para o Pintado e Piauçu, contribuindo para a viabilidade econômica do sistema. Mesmo que o policultivo com o Pintado da Amazônia como espécie principal também não tenha apresentado LL positivo (Tabela 3), este foi melhor que o valor de LL da criação da Matrinxã.

Sendo assim, é preciso ressaltar a relevância do preço de comercialização das espécies utilizadas e de acordo com outros autores (RITTER et al., 2013; BRITO et al., 2014; ALMEIDA et al., 2015), a importância da proporção das espécies usadas no policultivo, visando melhor aproveitamento do alimento disponível no ambiente, que colabora para aumento da produtividade do sistema, como observado no tanque de 11,0 ha com policultivo da Tambatinga (100%), que apresentou LL positivo.

A biomassa de estocagem (BE) é um indicador zootécnico que contribui para diluir os custos fixos mensais. Isso ficou evidenciado no tanque (6,2 ha) do Pintado da Amazônia + Piauçu + Tambatinga, que apesar de não ter apresentado o maior ciclo (15,93 meses), apresentou menor BE (0,555 kg-1), fazendo com que obtivesse maior custo fixo médio de R$ 1,89 kg -1. Isso mostra que, juntos, ciclo de produção e BE influenciam diretamente o custo fixo médio, com

maior influência da BE. Contudo, deve-se ter em conta que para um sistema de produção ser viável é necessário que haja equilíbrio entre o tempo do ciclo de produção e a BE, não detendo atenção de forma isolada. Isso pode ser facilmente observado no tanque de 11,0 ha, com utilização do menor ciclo de produção e maior BE, que obteve menor custo fixo médio.

Outro fator que contribuiu para o melhor resultado econômico do tanque de 11,0 ha com criação de Tambatinga como espécie principal foi obtenção da melhor CAA (1,25). Esse valor foi

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melhor do que vários resultados obtidos em outros trabalhos (BARROS; MARTINS, 2012; BARROS et al., 2016; FEITOZA; SONODA; SOUZA, 2018; SILVA et al., 2013) com espécies do grupo dos peixes redondos, o que realça sua potencialidade. O uso do policultivo com proporções adequadas de determinadas espécies, de acordo com Silva et al. (2006), possibilita a utilização mais eficiente dos recursos ecológicos disponíveis, como as fontes alimentares e o espaço de cultivo e, consequentemente, aumento de produtividade.

A Conversão Alimentar Aparente (CAA) é um indicador de grande valor, pois a ração é o item que teve maior representatividade nas despesas, com 59,28%, como é comumente encontrada em outros trabalhos (BARROS et al., 2016; FEITOZA; SONODA; SOUZA, 2018; LEONARDO et al., 2018). Devido sua importância, Trombeta, Bueno e Mattos (2017) acrescentaram que é necessário que o piscicultor tenha boas práticas de manejo para melhor eficiência de produção, como fornecer a quantidade de ração correta para cada fase, manter adequada as características físico-químicas da água e cessar o arraçoamento em períodos de baixa temperatura ou se a água estiver eutrofizada. Outras maneiras de se obter economia na despesa com ração são pesquisar preços mais favoráveis disponíveis no mercado, adquirir rações de qualidade, realizar compra em conjunto com outros produtores e armazenar o estoque de rações de forma apropriada.

Tabela 3.Indicadores zootécnicos e econômicos da produção em sistema de mono e policultivo de espécies nativas, em

tanques escavados totalizando 27 ha de lâmina d’água, estado de Mato Grosso, Brasil. Valores em reais para o mês de dezembro de 2018 (US$ 1 = R$ 3,87).

Indicadores Zootécnicos e Econômicos Un 6,2 ha 11,0 ha 9,8 ha

Ciclo de Produção Meses 15,93 12,20 17,20

Biomassa de Estocagem kg m-2

0,555 0,747 0,656

Conversão Alimentar Aparente kg 1,92 1,25 1,99

Taxa de Sobrevivência % 65,44 93,68 95,87

Peso Médio Final kg 3,330 2,436 0,958

Produção Pintado da Amazônia

kg

21.366 3.225

Produção Tambatinga 11.756 76.442

Produção Piauçu 1.311 2.493

Produção Matrinxã 64.274

Custo Operacional Efetivo Médio

R$ kg-1

4,69 2,60 4,87

Custo Operacional Total Médio 5,29 2,94 5,42

Custo Fixo de Produção Médio 1,89 1,06 1,77

Custo Total Produção 6,81 3,80 6,88

Preço Médio Pintado

R$ kg-1

7,77

Preço Médio Tambatinga 5,00

Preço Médio Piauçu 6,86

Preço Médio Matrinxã 6,78

(11)

Lucro Operacional (RB-COT) 72.392,71 210.463,99 122.533,18

Lucro Líquido (RB-CTP) -693,27 112.292,21 -6.779,33

Índice de Lucratividade (IL) % -0,30% 26,46% -1,56%

Ponto de Nivelamento (COE)

kg

46.188

Ponto de Nivelamento (COT) 51.442

Ponto de Nivelamento (CTP) 65.275

Fonte: Elaborado pelosautores.

O hábito alimentar das espécies podem ter resultado em piores CAA obtida nos tanques de 6,2 ha e de 9,8 ha, tendo o Pintado da Amazônia (espécie principal do tanque com 6,2 ha) e a Matrinxã (espécie única do tanque com 9,8 ha) maior exigência em proteína bruta, assim como a utilização de maior ciclo de produção, sendo necessário maior tempo de oferta de alimento.

A pior taxa de sobrevivência foi obtida no tanque de 6,2 ha, que pode ter sido ocasionada devido ao hábito alimentar noturno da espécie Pintado da Amazônia, que fica na parte superficial de lâmina d’água a noite, facilitando a predação por morcegos e por ser espécie que pratica canibalismo, sendo necessário lotes uniformes, uma vez que não houve nenhuma seleção durante o ciclo de produção. Obter melhores taxa de sobrevivência para essa espécie é importante, pois aquisição de alevinos correspondeu pela terceira maior despesa no custo de produção, em queo juvenil de Pintado da Amazônia teve preço 500% maior, quando comparado com juvenil de Tambatinga.

O maior COE médio foi obtido no tanque de 9,8 ha das Matrinxãs, decorrente do maior ciclo de produção, aumentandoconsequentemente desembolso com mão de obra, que representou segunda maior despesa com 17,3%.Mas, principalmente em função da pior CAA, sendo a ração responsável pela maior demanda de capital de giro da empresa. Esses dois fatores associadoscontribuíram para que o COE médio fosse 87,01% maior com a criação da Matrinxã do que o tanque de 11,0 ha de lâmina d’água com produção principal de Tambatinga, onde foram obtidos menores ciclos e melhor CAA, como demostrado na Tabela 3.

O COT observado no presente estudo no tanque de 11,0 hacom policultivo da Tambatinga foi menor ao encontrado anteriormente por Souza et al. (2014) que obtiveram valor de COT de R$ 3,85 kg-1 com o cultivo do Tambaqui em tanquesrede e por Costa et al. (2018), que alcançaram

COT de R$ 5,40 kg-1 utilizando o Tambaqui criado em tanques escavados. Isso pode ter ocorrido devido à utilização do policultivo no presente estudo, que proporcionou aumento da produtividade do sistema com o uso das espécies secundárias.

Consequentemente, o policultivo (Tambatinga 100% + Pintado da Amazônia 10% + Piauçu 10%) utilizado no tanque de 11,0 ha obteveo menor custo de produção total médio, que foi de R$ 3,80 kg-1, associadoaos preços médio de comercialização para cada espécie

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26,46%, equivalente a R$ 10.208,38 ha-1, uma vez que as espécies secundárias utilizadas apresentaram valor comercial maior do que a espécie principal

Porém, no policultivo (Pintado da Amazônia100% + Tambatinga 25,5% + Piauçu 6,85%) utilizado no tanque de 6,2 ha e no monocultivo do tanque de 9,8 ha (Matrinxã 100%) o LL foi negativo, devido seus indicadores zootécnicos menos favoráveis. No tanque de Matrinxã seu ponto de nivelamento para o CTP seria de 65.275 kg (acréscimo de 2%), suficiente para cobrir todos os custos e assim obter LL positivo, restituindo todos os fatores de produção.

Apesar do LL negativo, verifica-se que o LO foi positivo nos dois tanques, indicando que com apenas reajustes de manejo o LL também pode se tornar positivo e a atividade pode vir a remunerar todos os custos de oportunidade (remuneração do capital circulante, fixo e do empresário), pois saldou no LOtodas as despesas e depreciação.

Resultados promissores também foram verificados na região do Médio Paranapanema em São Paulo, no qual Furlaneto et al. (2009) relataram que o cultivo do Pacu com o Piauçu em tanques escavados demostrou viabilidade econômica a partir de 0,5 ha de lâmina d’água, sendo uma alternativa de renda para empreendedores rurais regionais.

Apesar do cultivo de dois tanques terem apresentado índice de lucratividade negativo, devemos considerar que foi primeiro ciclo de produção da piscicultura, sendo assim os resultados das simulações (Tabela 4) evidenciam que melhores indicadores zootécnicos obtidos com boas práticas de manejo, maior experiência do produtor e gerenciamento adequadopodem apresentar resultados ainda mais atrativos.

Dessa forma, observou-se que, se a despesca total tivesse sido realizada um mês antes no tanque do policultivo com o Pintado da Amazônia como espécie principal, o sistema teriatambémLLpositivo, passandopara R$ 909,55. Caso os demais indicadores zootécnicos permanecessem e fosse utilizado ciclo de criação em 12 meses conforme obtido em outros trabalhos com Pintado Amazônico (SABAINI; CASAGRANDE; BARROS, 2015; BARROS et al., 2016) essa melhoria seria de R$ 24.131,73,e aindacom redução do custo fixo em 24% e economia com despesas efetivas em R$ 10.687,30.

Uma outra opção para o tanque de 6,2 ha utilizado com policultivo do Pintado da Amazônia como espécie principal, seria com aumento na taxa de sobrevivência em 1% (66,1%) somente, melhorando, consequentemente CAA e BE, e assim o LL passaria a ser positivo. Caso a taxa de sobrevivência fosse de 75,0%, a BE aumentaria em 0,081 kg e a CAA melhoraria em 0,271 kg (14,1%), o CTP médio diminuiria em 13,4%. Nessas condições, lucro líquido aumentaria consideravelmente para R$ 5.396,14 ha-1.

(13)

Ainda seria possível aumentar essa taxa de sobrevivência em até 25,0% passando para 81,80%, com melhora na CAA em 20,1% e na BE em 14,6%. É relevante destacar a importância desse cenário, uma vez que esses indicadores zootécnicos e econômicos podem ser obtidos no setor produtivo, com valores ainda superiores, como demonstrado em outros trabalhos utilizando surubins em diferentes sistemas de produção (HONORATO et al., 2015; SABAINI; CASAGRANDE; BARROS, 2015; FANTINI et al., 2017).

Tabela 4. Simulações com possíveis indicadores zootécnicos e financeiros em piscicultura com 27 ha de lâmina

d’água em tanques escavados, com produção de monocultivo e policultivo de espécies nativas, estado de Mato Grosso. Valores em reais para o mês de dezembro de 2018 (US$ 1 = R$ 3,87).

Indicadores BE kg m-2 CAA kg TS % COTM R$ kg-1 CFPM R$ kg-1 CTPM R$ kg-1 LO R$ LL R$ Tanque 6,2 ha Policultivo com Pintado da Amazônia (100%)

CR 0,555 1,92 65,4 5,29 1,89 6,81 51.508,83 -693,27 Ciclo menor em 1 mês 0,555 1,92 65,4 5,19 1,77 6,62 55.078,33 5.639,21 TSM em 1% 0,561 1,91 66,1 5,24 1,87 6,74 53.846,23 1.644,12 TSM em 14,61% 0,637 1,65 75,0 4,62 1,65 5,94 85.658,19 33.456,09 TSM em 25% 0,694 1,54 81,8 4,23 1,51 5,45 109.943,74 57.741,64

Tanque 11,0 ha Policultivo com Tambatinga (100%)

CR 0,747 1,25 93,7 2,94 1,06 3,80 182.516,27 112.292,21 CAA máxima 0,747 2,19 93,7 4,24 1,06 5,16 75.636,90 28,08

Tanque 9,8 ha Monocultivo com Matrinxã

CR 0,656 1,99 95,8 5,42 1,77 6,88 86.938,06 -6.779,33 Ciclo menor

em 2% 0,656 1,99 95,8 5,37 1,70 6,77 90.494,05 26,65

CAA mínima 0,656 1,93 95,8 5,32 1,77 6,77 93.424,86 34,29 Fonte: Elaborado pelos autores.

CR: Cenário real; BE: biomassa de estocagem; CAA: conversão alimentar aparente; TSM: taxa de sobrevivência menor; COTM: custo operacional total médio; CFPM: custo fixo de produção médio; CTPM: custo total de produção médio; LO: lucro operacional; LL: lucro líquido.

A simulação com CAA máxima no tanque de 11,0 ha com policultivo da Tambatinga como espécie principal teve como finalidade demonstrar o quanto que o sistema de produção suporta variações deste indicador. Nesta circunstância, o sistema poderia piora em até 75,3% na CAA, passando para 2,19, o que reduziria o lucro operacional e lucro líquido em 58,6% e 100,0% respectivamente, e ainda assim todos os fatores de produção estariam remunerados. A conversão obtida nesta simulação é semelhante ao que foi obtido para o Tambaqui no trabalho de Souza et al.

(14)

(2014), que obtiveram CAA de 2,1 em tanques redes por 12 meses de cultivo, e por Costa et al. (2018) em viveiros escavados por 12,8 meses com CAA média de 2,04.

Para o monocultivo da Matrinxã, também foi realizada simulação considerando redução do ciclo de criação em 2%, passando de 17,20 para 16,83 meses, diminuindo em 3,7% o CF, passando o LL para R$ 26,65, com melhora de 100% com relação à cenário real da piscicultura. Dessa forma, a produção da Matrinxã conseguiria remunerar todos os custos de oportunidade, mostrando a influência que o ciclo de produção exerce sobre o custo fixo. O que nos leva enfatizar mais uma vez a respeito dos indicadores zootécnicos e econômicos, que calculados periodicamente, favorece gerenciamento adequado dos empreendimentos piscícola.

Uma outra forma de tornar o LL positivo do monocultivo da Matrinxã seria com melhora de 3,0% (0,06 g) na CAA, passando oCOE médio para R$ 4,77 kg-1,com melhora de 2,1%. Os valores

de CAA obtido e simulado estão dentro da faixa encontrada por Arbeláez-Rojas, Fracalossi e Fim(2002), no cultivo da Matrinxã em sistema intensivo em canal de igarapé (1,90) e sistema semi-intensivo em viveiros escavados (2,14) durante 170 dias de cultivo. Mas, pior do que os valores (1,26 até 1,46) obtidos por Mattos et al. (2013), avaliando diferentes densidades de estocagem da Matrinxã em tanques redes. Isso demonstra a variação que pode ocorrer nos sistemas de produção e ao mesmo tempo a influência da CAA sob os indicadores econômicos.

4. CONCLUSÃO

O sistema de policultivo utilizando a Tambatinga como espécie principal apresentou os melhores indicadores zootécnicos e financeiros, com viabilidade econômica para o investimento realizado, remunerando inclusive todos os custos de oportunidade. No entanto, o policultivo utilizando Pintado da Amazônia como espécie principal e o monocultivo de Matrinxã, apresentaram somente lucro operacional positivo, sendo necessário reajustes dos indicadores zootécnicos nos próximos ciclos de produção para obtenção do lucro líquido no sistema.

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Tabela 1. Espécies produzidas e suas proporções calculadas sob a espécie principal de criação, tipos e proporção de  ração utilizada em cada tanque
Tabela 3.Indicadores zootécnicos e econômicos da produção em sistema de mono e policultivo de espécies nativas, em  tanques escavados totalizando 27 ha de lâmina d’água, estado de Mato Grosso, Brasil
Tabela  4.  Simulações  com  possíveis  indicadores  zootécnicos  e  financeiros  em  piscicultura  com  27  ha  de  lâmina  d’água em tanques escavados, com produção de monocultivo e policultivo de espécies nativas, estado de Mato Grosso

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