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Biblioteca pública brasileira : desempenho e perspectiva

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BIBLIO TECA PÚBLICA BRASILEIRA desempenho e perspectivas

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EMIR JOSÉ SUAIDEN

Biblioteca Pública Brasileira:

desempenho e perspectivas

Lisa

Livros Irradiantes S.A.

Em c o n v ê n io com o INSTITUTO N A C IO N A L DO LIVRO M IN ISTÉ R IO D A E D U C A Ç Ã O E CULTURA

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Capa:

Regina B. T racanella M aria Teresa A. Jorge

CIP-Brasil

Suaiden, E m ir José, 1946-

S932b Biblioteca pública brasileira : desem penho e perspectivas / E m ir José Suaiden. — São Paulo : LISA ; [Brasília] : INL, 1980.

Originalm ente apresentada como dissertação de mestrado à U niversidade Federal da Paraíba.

Bibliografia.

1. Bibliotecas públicas 2. Bibliotecas públicas — Brasil I. Instituto N acional do Livro. II. Título.

C D D :027.481 :027.4

CCF/CBL/SP-80-0524 CD U :027.4(81)

índices p ara o catálogo sistemático (CDD): 1. Bibliotecas públicas 027.4

2. Brasil : Bibliotecas públicas 027.481

T odos os direitos reservados por

LISA — Livros Irradiantes S /A

Sede própria — Edifício Lisa

R ua C astro Alves, 131 - L iberdade - C E P 01532 - S. Paulo - SP - BRASIL C aixa Postal, 7873. End. telegr.: LISA LIV ROS

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Dados biográficos

E m ir José Suaiden nasceu em M andaguari, P araná, a 13 de agosto d e 1946.

Sua instrução prim ária e secundária foi adquirida no P aran á e em São Paulo. R ad icad o em Brasília desde 1965, concluiu, em 1971, o C urso Superior de Biblioteconom ia no D epartam ento de B iblioteconom ia da U niversidade de Brasília.

E m 1972 foi adm itido no quadro da Biblioteca C entral da U niversidade de Brasília, tendo ali exercido sucessivam ente as chefias das Seções de C irculação, A quisição, R eferência e In te r­ câm bio.

E m 1973 foi requisitado para o M inistério da E ducação e C ultura, a fim de ocupar o cargo de A ssessor do Program a de Bi­ bliotecas, do Instituto N acional do Livro. Nessa qualidade, sua atuação se tem pro jetad o por to d o o País, alcançando desde a im ­ plantação de serviços bibliotecários na região da Transam azônica, com o supervisor do projeto do IN L , até a eficaz e decisiva partici­ p ação na elaboração do plano do Sistema N acional de Bibliotecas. E m ir José Suaiden, que já exerceu a Presidência do C o n ­ selho R egional de Biblioteconom ia — 1.“ Região, é dinâm ico ba- talh ad o r pelas reivindicações da classe, sendo assiduam ente con­ vidado para prestar sua colaboração a todos os conclaves e encon­ tros dos Bibliotecários.

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V I BIBLIOTECA PÚBLICA BRA SILEIRA : D ES EM PEN H O E PERSPECTIVAS

P or iniciativa da U N ESC O , fez estágios nos E stados Unidos, na Jam aica e na D inam arca, ocasião em que estendeu a sua viagem de observação a outros países da E uropa, com o E spanha, F ran ça e Inglaterra.

P articipou do X X X IX Congresso e Conferência da F ede­ ração Internacional de D ocum entação, realizado no M éxico, no período de 22 a 29 de setem bro de 1976, apresentando em colabo­ ração com H erb erto Sales o trab alh o intitulado: O Sistem a N a ­

cional d e B ibliotecas Públicas com o m eta básica para o desen­ volvim ento brasileiro.

E m 1978 foi eleito “Bibliotecário do A n o ” pela Federação B rasileira de A ssociações de Bibliotecários e, em 1980, concluiu o M estrado em B iblioteconom ia na U niversidade F ederal da P a ­ raíba.

O A u to r do presente livro tem proferido, no Brasil e no exte­ rior, num erosas palestras e conferências sobre tem as de sua espe­ cialidade, entre os quais se salientam o intercâm bio em bibliote­ cas, bibliotecas públicas e o livro n o Brasil.

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Prefácio

MESTRE SUAIDEN

Suaiden, seu sobrenom e, pelo qual me habituei a cham ar-lhe desde que em 5 de abril de 1974 assum i a direção do Instituto N acional d o Livro, a convite do então M inistro da E ducação e C ultura, hoje governador do P araná, N ey Braga. Seus colegas, bibliotecários, que em 1978, através da Federação B rasileira de A ssociações de B ibliotecários, o elegeram “Bibliotecário do A n o ”, lhe ch am am pelo prenom e: Em ir. A gora, depois da defesa da tese que ora se publica neste volum e, coroam ento do seu m es­ tra d o em B iblioteconom ia, já lhe posso cham ar M estre Suaiden. E o faço por gosto, com especial contentam ento, quase com um a p o n ta de vaidade, p o rq u e se de algum a coisa posso me envaide­ cer em tu d o isso é de haver propiciado a Suaiden, que já era u m m estre, em seu dedicado e com petente trab alh o no IN L , condições p a ra q ue passasse a ser m estre por título, de fato e lei, com o reconhecim ento oficial de sua m estria.

Seu grau de m estre foi conquistado no C urso de M estrado em Sistemas de Bibliotecas Públicas, prom ovido pela U niversida­ de Federal da P araíba, em convênio com o In stitu to N acional do L ivro, num dos projetos m ais significativos levados a efeito por esse órgão n a área de recursos hum anos. A U niversidade F ederal da P araíb a vivia então um a fase de intensa atividade, não apenas de ro tin a universitária, m as de criatividade universitária

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V I I I BIBLIOTECA PC B LIC A B RA SILEIRA . D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

com largo envolvim ento cultural, inclusive n o setor de publica­ ções. Credite-se isto à ação do reitor L ynaldo Cavalcanti, hom em de cultura e inteligência, que sabe que nenhum país pode p roje­ tar-se culturalm ente com o nacionalidade sem o fortalecim ento de suas políticas culturais regionais.

O C urso de M estrado em Sistemas de Bibliotecas Públicas co n ­ tou com a p articipação docente de especialistas nacionais e es­ trangeiros, que n a U niversidade F ederal da P araíb a cum priram — uns, apenas seu ciclo ou program a específico de aulas, como a norte-am ericana E sther Dyer, de New Y ork, grande conhece­ do ra da área de bibliotecas escolares e bibliotecas de lazer para crianças, n ão fosse ela tam bém um a consum ada perita em litera­ tu ra infantil “to u t co u rt” ; outros, que acom panharam todo o curso e até m esm o integraram a banca exam inadora, com o o inglês L aw rence Hallewell, Ph.D. em Biblioteconom ia pela U ni­ versidade de Essex, nosso conhecido de um encontro do SA- L A L M (Sem inary Acquisition L atin A m erican M aterial) em B o­ gotá, p a ra não falar no orientador da tese propriam ente dito: o professor chileno R oberto Jarry R ichardson, Ph.D. em Educação pela U niversidade de Stanford, E stados Unidos. Sob a presi­ dência deste, contou ainda a banca exam inadora com a presença da Professora M aria das G raças de L im a Melo, Livre-docente de B iblioteconom ia na U niversidade F ederal de Pernam buco.

A dissertação de m estrado de M estre E m ir Suaiden, intitulada

Biblioteca Pública Brasileira: desem penho e perspectivas, foi de­

senvolvida de form a b astante abrangente, a p artir de um a síntese histórica dos prim eiros serviços bibliotecários no Brasil, até a mais atualizada abordagem deles, com ênfase de pesquisa em entre­ vistas diretam ente colhidas em 23 bibliotecas públicas estaduais, e nas atividades bibliotecárias do In stitu to N acional do Livro, desenvolvidas em todo o território nacional, através de convê­ nios que incluem desde as doações bibliográficas até o trein a­ m ento de pessoal p a ra operar com plem entarm ente as bibliotecas convenentes. De resto, a sistem ática de todas as atividades do IN L se acham estudadas e detalhadas nesta m agnífica disserta­ ção de M estre Suaiden.

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PREFA CIO IX

Suaiden nasceu no P araná; m uito jovem ainda foi com os pais p ara São Paulo, e sua form ação seria paulista se, a rigor, não fosse brasiliense: em Brasília foi que com pletou os seus estudos e afinal encontrou o seu destino. Form ou-se em Biblioteconom ia e, já com o bibliotecário, foi trab alh ar no Instituto N acional do Livro, então com petentem ente dirigido por m inha amiga e cole­ ga de literatura — escritora M aria Alice B arroso. N o IN L o encontrei, e no IN L ele perm anece. A dm irador de seu trabalho, foi com prazer que o vi am pliar seus conhecim entos profissio­ nais em estágios n o exterior, n a área de sistem as de bibliotecas públicas, nos E stados U nidos, Jam aica e D inam arca. E m 1976, aliás, tive oportunidade de com ele participar do X X X IX C o n ­ gresso e C onferência da F ederação Internacional de D ocum en­ tação, na capital do M éxico, apresentando em colaboração com ele o inform e intitulado O Sistem a N acional d e Bibliotecas Pú­

blicas co m o m eta básica para o desenvolvim ento brasileiro. O tí­

tulo do inform e pode p arecer pom poso, m as, em verdade, Suai­ den e eu form am os ao lado de todos aqueles que não acreditam em desenvolvim ento de um país sem que esse país desenvolva qualitativam ente seu povo, pela educação e pela cultura. O que vale dizer que nenhum povo se desenvolverá qualitativam ente sem o apoio de um a política bibliotecária que efetivam ente p ro ­ m ova a dem ocratização da leitura e d o conhecim ento, com o fato ­ res de progresso pessoal e bem -estar social. Neste sentido, esta­ m os no cam inho certo. Se ainda tem os m uito que fazer, reco- nheça-se que m uito já fizem os em m atéria de política bibliote­ cária. O titular da p asta a que M estre Suaiden e eu servimos, servindo ao m esm o tem po ao livro brasileiro, tam bém pensa do m esm o m odo. A final, m uito antes de ele ser M inistro eu já co­ nhecia com o seu am igo o pensam ento dele a esse respeito. N u n ­ ca foi outro o pensam ento do escritor E d u a rd o Portella, expres­ são legítim a e alta da E ducação e da C ultura no Brasil.

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Sumário

C apítulo 1 C apítulo 2 C apítulo 3 Capítulo 4 C apítulo 5 C apítulo 6 Anexo 1 Anexo 2 A nexo 3 Anexo 4 Introdução

Uma visão retrospectiva M etodologia

Bibliotecas públicas: características gerais Bibliotecas públicas: desigualdades regionais Conclusões

Uma política de desenvolvim ento para bi­ bliotecas públicas

Referências bibliográficas

A N EX O S

Relação das bibliotecas públicas onde se co­ lheram as entrevistas

R oteiro da entrevista Tabulação de dados

M anifesto da U N E SC O sobre a Biblioteca Pública

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Introdução

A s bibliotecas públicas nos países desenvolvidos são as res­ ponsáveis, em grande parte, pela form ação de hábitos de leitura na com unidade e a principal fonte de estím ulo ao desenvolvi­ m ento da indústria editorial.

H á m uito vem sendo reconhecido pelas autoridades o valor das bibliotecas públicas e o dever dos governantes em oferecer esse serviço à com unidade. N os E stados U nidos da A m érica do N orte, desde 1917, a biblioteca pública assum iu um papel de sum a im portância e, em 1949, com a publicação do M anifesto da

U N E SC O sobre B ibliotecas Públicas, esse tem a despertou enorm e

interesse, dando grande im pulso, em diversos países, aos serviços prestados pelas bibliotecas públicas. O utras atividades im portan­ tes e que contribuíram decisivam ente p ara esse avanço foram aquelas desenvolvidas, durante as últim as décadas, pela F ed era­ ção Internacional de Associações de Bibliotecários (F IA B ). P o ­ dem os citar, com o exem plo, a declaração geral das norm as a p ro ­ vadas em M adri, em 1958, e as n o rm as p ara edifícios de biblio­ tecas públicas, aprovadas em V arsóvia, em 1959. O m anifesto da U N E SC O foi revisado em 1972 e as norm as da F IA B em 1973. O s novos textos aproveitaram a experiência adquirida na p reparação d e n o rm as nacionais.

N o Brasil, m uitos foram os esforços despendidos pelas suces­ sivas adm inistrações brasileiras, a p a rtir de 1808, visando à criação de bibliotecas de diferentes tipos.

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2 BIBLIO TECA PÚBLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

N a área das bibliotecas públicas, cada vez m ais se com prova que esse tip o de prestação de serviços é m issão indeclinável do E stado. O livre acesso ao conhecim ento registrado é pré-requisito p ara a form ação de com unidades autoconscientes, integradas na cultura de sua nação, ajustadas ao seu tem po e aptas a encontrar o equilíbrio na síntese das ideologias possíveis, que tornam tão v ariad as as opções de vida n a sociedade contem porânea. A fu n ­ ção social da biblioteca está integrada com a da com unidade e a da escola. B iblioteca e escola se com plem entam , se sucedem em diferentes etapas da vida do indivíduo e o m arcam p ara sempre.

H erb erto Sales, D iretor do Instituto N acional do Livro, afirm a que: “A biblioteca pública, com o núcleo de irradiação cultural n a com unidade, com o agência de inform ação e pesquisa, como centro de aperfeiçoam ento intelectual, enfim, com o meio, por excelência, de dem ocratização da leitura e do conhecim ento, assu­ m e p ap el de m aio r im portância n a vida de um país e n a vida do hom em , porque, à m edida que o hom em se realizar no saber e na cultura, m elh o r se entenderá com os outros hom ens, e os povos com outros povos, num m undo de trabalho construtivo, de pros­ p erid ad e social, d e liberdade e p az” .

A p esar dos esforços do governo brasileiro e do trabalho inces­ sante de organizações internacionais, com o a U N E SC O e a O E A , favorecendo u m a política de desenvolvim ento de bibliotecas p ú ­ blicas, a carência bibliográfica, sobretudo n o Brasil, é m uito g ran ­ de, im possibilitando o levantam ento da situação em que se encon­ tram as bibliotecas públicas brasileiras.

V isando a um conhecim ento dessa situação, não apenas pelo nosso interesse profissional, m as sobretudo, pelo que as bibliote­ cas públicas representam p ara o desenvolvim ento da nação, foi escolhido o tem a desta m onografia, “Biblioteca P ública B rasilei­ ra: desem penho e perspectivas” , que será desenvolvido confor­ m e p la n o descrito a seguir:

A pós as páginas prelim inares convencionais, é apresentado o capítulo prim eiro, que se refere a um a visão retrospectiva das bibliotecas públicas no Brasil.

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IN TRO D U Ç Ã O 3

O segundo capítulo é relativo à m etodologia utilizada no p re­ sente trabalho.

O terceiro capítulo aborda as características gerais das biblio­ tecas públicas.

O q u a rto cap ítu lo é um a' análise das desigualdades regionais. O q u in to capítulo é referente às conclusões.

O sexto capítulo é a abordagem de um a política de desenvolvi­ m ento p a ra bibliotecas públicas.

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Uma visão retrospectiva

A prim eira biblioteca pública fu n d ad a no B rasil foi a Biblio­ teca P ública da B ahia, inaugurada n o dia 4 de agosto de 1811. A s bibliotecas fundadas anteriorm ente, com o as dos conventos, n ão eram públicas, e a B iblioteca R eal do R io de Janeiro já existia em L isboa, havendo, portanto, n o caso, apenas a transfe­ rência de sede.

É im p o rtan te salientar que a fundação da Biblioteca Pública da B ahia n ão se efetivou através de um a iniciativa governam en­ tal. E la foi criada p o r iniciativa dos cidadãos.

P edro G om es F e rrã o de Castello B ranco encam inhou um p ro ­ jeto, d a ta d o de 5 de fevereiro de 1811, ao C onde dos A rcos, governador da C apitania da B ahia, solicitando a aprovação do p lan o p a ra a fundação da biblioteca.

O projeto p a ra o funcionam ento da biblioteca, contendo as idéias de C astello B ranco, intitulava-se: Plano para o estabeleci­

m en to de h u m a bibliotheca pública na cidade de S. Salvador B ahia d e todos os Santos, oferecido à aprovação do Illustríssim o e '’E xcelen tíssim o Senhor C onde dos Arcos, Governador, e Capi­ tão G eneral desta Capitania. 17 <*•

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6 B IBLIO TECA PÚ BLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

Ele solicitou ao governador apenas a aprovação do projeto, pois a biblioteca seria m antida através da cooperação de todos os cidadãos que desejassem dela fazer parte. Castello B ranco con­ cebeu a biblioteca com o um a instituição p ara prom over a instru­ ção d o povo.

A idéia de C astello B ranco era com eçar com subscritores de um plano coletivo de assinaturas de revistas e, com as sobras financeiras, ad q u irir livros p a ra fo rm ar um a biblioteca. Castello B ranco propôs, ainda, que, “para que destes elem entçs se possa form ar com m ais brevidade um a biblioteca am pla e capaz de preencher os fins de um a geral instrução, serão convidados os subscritores a entrarem p ara este estabelecim ento com suas livra­ rias particulares ou com aquelas obras que podem dispensar do seu uso ordinário, as quais serão encam inhadas por doação ou p o r em préstim o, de que se lhe d ará um a clareza, e far-se-ão os assentos necessários. A doação ou em préstim o far-se-á pública por m eio da im prensa e um a cópia dela será rem etida ao illustrís- sim o e excellentíssim o senhor general desta C apitania com o nom e do q ue a houver feito com o um benfeitor do Público, Am igo da P átria e zeloso dos verdadeiros interesses do Soberano” .

E m seguida, aventa m edidas p ara a escolha do local da biblio­ teca e recru tam en to dos funcionários: “T om ar-se-há um a casa sufficiente, p a ra os fins propostos, a qual deve ser d en tro da cidade, em sítio agradável, bem arejado, e n ã o m uito próxim o aos lugares m ais freqüentados. E sta casa será ordenada com a possível decência e sem pre de m odo que se possa estar nella com aceio e satisfação. N a sala principal h av erá um a grande m esa com assentos ao redor sobre a qual estarão as G azetas m ais re­ centes, pincel e tu d o m ais necessário p ara a escripta. Os Officiaes da C asa por agora serão uniccam ente hum bibliotecário, hum m oço servente, hum porteiro e hum m oço em pregado em a trazer sem pre n o m aior aceio. C riar-se-hão depois os m ais Officiaes que os subscritores julguem necessários. O B ibliothecário deverá ser hum sujeito de m uito bo a conducta que saiba bem ler, escre­ ver e contar, sendo m uito p ara desejar-se que tenha conheci­ m en to das linguas, principalm ente L atina. F ranceza e Ingleza.

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U M A VISÃO R ETRO SPEC TIVA 7

Os m oços serventes deverão tam bém saber ler, escrever e contar O porteiro terá as m esm as qualidades” .

O C onde dos A rcos aprovou o Plano e, elogiando a iniciativa do seu autor, deu-lhe “a D ireção de todos os objetos, trabalhos interm ediários até a perfeição daquele estabelecim ento” .

A biblioteca foi inaugurada no antigo Colégio dos Jesuítas, em 4 de agosto de 1811.

Posteriorm ente, a 29 de setem bro de 1829, foi fundada a Bi­ blioteca P ública do E stad o do M aranhão, cuja abertura oficial ao público se deu no dia 3 de m aio de 1831, ocupando a p arte supe­ rior d o C onvento do C arm o, na R u a do Egito.

E m 1851 foi anexada ao L iceu M aranhense, e, através da Lei n.° 752, d ata d a de 1.” de ju nho de 1866, passou a Biblioteca P ú ­ blica Provincial a ficar a cargo e sob a guarda do Instituto L iterá­ rio M aranhense.

D e acordo com a L ei n.° 991, datad a de 10 de junho de 1872, foi confiada à Sociedade O nze de A gosto, situada no pavim ento superior d o prédio da R u a do Egito. E m 4 de abril de 1883, foi reab erta ao público n a Igreja da Fé, retornando depois ao C onvento d o C arm o, em 1886.

D epois de várias m udanças, o governador Sebastião A rcher da Silva resolveu construir sua sede atual, cuja inauguração se deu n o dia 29 de janeiro de 1951, localizada na P raça do P anteon.

A B iblioteca P ública do M aranhão, posteriorm ente denom ina­ da Biblioteca Pública B enedito Leite, com eçou a contar com profissionais bibliotecários na direção, a partir de agosto de 1973.

A seguir, e sem pre através de iniciativa do governo, foram fundadas as seguintes bibliotecas públicas estaduais:

— Biblioteca Pública do E stad o de Sergipe, em 1848, a tu al­ m ente denom inada B iblioteca Pública E p iphânio D ória;

— Biblioteca Pública d o E stado de Pernam buco, em 1852, atualm ente denom inada B iblioteca Pública Presidente Castello B ranco;

— B iblioteca Pública d o E stad o de Santa C atarina, em 1855; — B iblioteca Pública do E spírito Santo, em 1855;

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8 BIBLIOTECA PÚBLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

— Biblioteca Pública do P araná, em 1857;

— Biblioteca Pública do E stado de A lagoas, em 1865; — B iblioteca Pública do E stad o do C eará, em 1867, atu al­

m ente denom inada Biblioteca Pública G overnador M enezes Pim entel;

— Biblioteca Pública do E stad o do A m azonas, em 1870; — Biblioteca Pública do E stad o do R io G rande do Sul, em

1871;

— Biblioteca e A rquivo Público do P ará, em 1871; — Biblioteca E stad u al do R io de Janeiro, em 1873;

— Biblioteca E stadual do Piauí, em 1883, atualm ente deno­ m inada Biblioteca E stadual D esem bargador Crom well C ar­ valho;

— Biblioteca Pública E stadual do M ato G rosso, em 1912; — Biblioteca M unicipal d e São P aulo, em 1926, atualm ente

d enom inada Biblioteca M unicipal M ário de A ndrade. — Biblioteca Pública do A m apá, em 1945;

— Biblioteca Pública do A cre, em 1948;

— B iblioteca Pública do E stado de M inas G erais, em 1954, atualm ente denom inada C entro de E ducação Perm anente Prof. Luís de Bessa;

— Biblioteca P ública C âm ara Cascudo, do E stad o do R io G ran d e do N orte, em 1963;

— Biblioteca Pública E stadual de G oiás, em 1967;

— B iblioteca Pública Dr. José Pontes Pinto, de R ondônia, em 1969.

É im portante salientar que a m aioria dessas bibliotecas públi­ cas foi criada sem possuir sede p rópria e que ocuparam diversos locais diferentes. M uitas, só na década de 1970 construíram um edifício ap ro p riad o ao funcionam ento dos serviços, com o a Bi­ blioteca Pública da Bahia, que atualm ente se cham a Biblioteca C entral da B ahia, a Biblioteca Pública do E spírito Santo, a B i­ blioteca Pública E piphânio D ória, de Sergipe, etc.

E xem plo do destino andejo de nossas bibliotecas é a Biblioteca Pública G overnador M enezes Pim entel, do C eará, que, antes da construção de sua sede própria, inaugurada em 1975, ocupou os

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U M A VISÃO R ET RO SPECTIVA 9

seguintes locais: P raça M arquês de H erval (1867 a 1873); R u a Sena M adureira, esquina da V isconde de Sabóia (1904 a 1926); ex-edifício da A ssem bléia Legislativa, na R u a F loriano Peixoto (1926 a 1952); R u a Solon Pinheiro, n.° 76 (1967 a 1970); no antigo P alácio da Luz, n a R u a Sena M adureira (1970 a 1974); e R u a T ristão Gonçalves, n.° 920.

M esm o n o século X X , apenas alguns prédios de bibliotecas públicas foram construídos com assessoram ento de bibliotecá­ rios. A s Bibliotecas Públicas do P araná, Pernam buco, B ahia e a M unicipal de São P aulo são desses raro s exemplos. A tualm ente, está em processo de construção o novo prédio da Biblioteca M u­ nicipal M ário de A ndrade, em São P aulo, e o da Biblioteca P ú ­ blica do E stad o do P ará. Os dois projetos contam com assessora­ m ento de bibliotecários.

In au g u rad a em 1926, a B iblioteca Pública M unicipal M ário de A n d rad e foi um m arco im portante n a B iblioteconom ia brasileira e um exem plo p ara a A m érica Latina. O cupando um a área de 15.000 m 2, está localizada n o centro de São Paulo, sendo um verdadeiro m onum ento à cultura.

Sua p rim eira diretora, A delpha de Figueiredo, foi um a das prim eiras bibliotecárias brasileiras, form ada pela U niversidade de C olum bia, em N ova Y ork. R ubens B orba de M oraes foi o segundo diretor (período de 1935 a 1943), e a ele deve a B iblio­ teca sua reorganização, cujo p lan o foi dividido em quatro p o n ­ tos:

1. reorganização com pleta dos serviços técnicos; 2. adoção de esquem a de expansão bibliotecária; 3. form ação de pessoal habilitado;

4. cooperação com outros institutos.

O terceiro diretor (1943 a 1959) foi o escritor, crítico literário e de artes plásticas, Sérgio Milliet.

Segundo E dson N ery da Fonseca, “os nossos prim eiros bibliote­ cários tinham de ser influenciados pela E uropa, com o o foram os nossos prim eiros escritores, artistas e cientistas. A essa cons­ tan te d a cultura brasileira não escapou — nem poderia escapar

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10 BIBLIO TECA PÚBLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

— a Biblioteconom ia. F o ram europeus os prim eiros tratad o s e m anuais de B iblioteconom ia lidos no Brasil. N am ur, Cim, M aire, Delisle, Cousin, M orei, Petzholdt, G raesel, L aborde, C onstantin e Peignot são nom es que encontram os freqüentem ente n o s rela­ tórios e catálogos das bibliotecas m ais antigas. E m uitos biblio­ tecários foram à E u ro p a — com o hoje vão aos E stados U nidos — com o fim de estudar a organização e a adm inistração de bibliotecas. O prim eiro foi B enjam in F ranklin R am iz G alvão, cujo relatório, apresentado ao M inistro dos Negócios do Im p é­ rio, em 31 de dezem bro de 1874, ainda hoje pode ser lido com proveito, pois em vez de um a descrição enfadonha — com o o título e a condição de relatório poderiam fazer supor — contém críticas m uito justas e observações de interesse perm anente” . 28 N o âm bito federal, em 1937, o governo criou, com a finalidade de propiciar m eios p a ra a produção, o aprim oram ento do livro e a m elhoria dos serviços bibliotecários, o Instituto N acional do L ivro, passan d o esse órgão do então M inistério da E d ucação e Saúde, depois M inistério da E ducação e C ultura, a d ar p rio rid a­ de, em seu trab alh o , à form ação de bibliotecas públicas em todo o territó rio nacional.

M ário de A nd rad e, em 1939, assim se expressava a respeito do assunto: “A criação de bibliotecas populares me parece um a das atividades mais atualm ente necessárias para o desenvolvim ento da cultura brasileira. N ão que essas bibliotecas venham resolver q u alquer dos dolorosos problem as da nossa cultura, o da alfabeti­ zação, o da criação de professores de ensino secundário, por exem plo. . . M as a dissem inação, no povo, do h áb ito de ler, se bem orientada criará fatalm ente um a população urb an a mais esclarecida, m ais capaz de vontade p rópria, m enos indiferente à vida nacional. Será talvez esse um passo agigantado p a ra a estabilização de um a entidade racial, que, coitada, se acha tão desprovida de outras forças de unificação” . 2

E m 1961, o Decreto-lei n.° 51.223, d atad o de 22 de agosto, criou, no M inistério da E d u cação e C ultura, o Serviço N acional de Bibliotecas. Esse órgão tinha p o r finalidades: a) incentivar as diferentes form as de intercâm bio bibliográfico entre as

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biblio-U M A VISÃO R ETRO SPECTIVA 11

tecas d o País; b) estim ular a criação de bibliotecas públicas e, especialm ente, de sistem as regionais de bibliotecas; c) colabo­ rar n a m an utenção dos sistem as regionais de bibliotecas; d ) p ro ­ m over o estabelecim ento de um a rede de inform ações bibliográ­ ficas qu e servisse a todo o território nacional.

E n tretan to , devido a um a série de fatores adversos, o Serviço N acional de Bibliotecas não conseguiu cum prir seus objetivos, e o D ecreto-Lei n.° 62.239, de 8 de fevereiro de 1968, incorporou-o ao In stitu to N acional d o Livro, passando este a coordenar a p olí­ tica nacional de bibliotecas, tendo com o m eta prioritária a biblio­ teca pública.

Posteriorm ente, o In stitu to N acional do Livro adotou, entre outras, duas m edidas de fundam ental im portância. A prim eira foi firm ar convênios com as prefeituras m unicipais p a ra m an u ­ tenção d e bibliotecas públicas, nos quais ficaram definidas as obrigações d o IN L e a co n trap artid a dos m unicípios. A segunda foi ad o tar o sistem a de co-edição em lugar da simples com pra de livros a serem enviados às bibliotecas públicas m unicipais.

O utro fator im portante foi a im plantação da Lei n.° 5.692/71, que reform ou o ensino de 1.° e 2.° graus, to rn an d o obrigatória a pesquisa p o r p arte do estudante. E m razão da im possibilidade de se m anterem bibliotecas em to d as as escolas, a biblioteca p ú ­ blica com eçou a ser vista pelas autoridades com dupla im portân­ cia, p o rq u an to passou a servir aos estudantes e à população em geral, to rn an d o -se instituição indispensável à form ação educacio­ nal e à cultural da com unidade.

O Sistem a N acional de Bibliotecas Públicas, cuja im plantação foi iniciada em 1977, pelo In stitu to N acional do Livro, é de fu n ­ dam ental im portância p ara o desenvolvim ento das bibliotecas p ú ­ blicas e, até o m om ento, beneficiou os seguintes E stados: R io G ran d e do Sul, P araná, São Paulo, M inas G erais, R io d e Janeiro, E sp írito Santo, D istrito Federal, Pernam buco, R io G ran d e do N orte, C eará, Paraíba, Santa C atarin a e Pará. E m todos esses E stados está havendo um a transform ação nas atividades exerci­ das pela Biblioteca Pública E stadual, n o sentido de assistir às bibliotecas m unicipais, deixando de ser, portanto, com o até então

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12 BIBLIO TECA PÜBLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

haviam sido, m eras bibliotecas públicas servindo apenas ao m u ­ nicípio sede da C apital.

O Sistem a N acional de Bibliotecas Públicas, coordenado pelo Instituto N acional do Livro, tem possibilitado o increm ento de recursos financeiros, hum anos e de m ateriais necessários à pres­ tação de eficaz assistência às bibliotecas públicas estaduais, a fim de que possam vir a desem penhar suas funções de cabeça ou centro dos Sistemas E staduais de Bibliotecas Públicas. P ara p a r­ ticipar do referido Sistema, governos de diversos E stados passa­ ram a dar um apoio m aior, em term os de recursos hum anos e financeiros, às suas bibliotecas públicas estaduais.

N os E stados d o Pará, A cre e E spírito Santo, estão sendo cons­ truídos m odernos prédios de bibliotecas públicas estaduais, aten ­ dendo aos objetivos básicos do Sistem a N acional de Bibliotecas Públicas. N o E stado do P aran á, um prédio foi adaptado, o qual servirá com o B iblioteca M odelo, e no R io G ran d e do Sul a Se­ cretaria de E d u cação conseguiu um a área que está sendo utilizada com o anexo da Biblioteca d o E stado.

O Sistema em causa tem com o objetivo geral colocar à disposição dos usuários bibliotecas públicas racionalm ente estruturadas, fa­ vorecendo a form ação de h ábitos de leitura e estim ulando a co­ m unidade a acom panhar o desenvolvim ento sócio-cultural do País.

N essa síntese histórica das bibliotecas públicas brasileiras p o ­ de-se n o ta r que n a década de 1970 houve um m aior desenvolvi­ m ento dessas bibliotecas, pelo fa to de terem elas passado a fazer parte da políticas governam entais de E ducação e C ultura.

C ontudo, são poucos os trab alh o s que se referem à situação das bibliotecas públicas brasileiras. N as páginas seguintes será apresentada um a descrição detalhada dessa situação, com especial ênfase ao estudo com parativo p o r m acro-região.

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2

Metodologia

E sta pesquisa se baseia n o estudo descritivo da situação das bibliotecas públicas estaduais brasileiras.

Foi escolhida a entrevista com o instrum ento p ara a coleta de dados, um a vez que esta m odalidade foi considerada com o a que m aior flexibilidade dá, n o sentido de form ular questões ou acres­ centar outras, p a ra esclarecer respostas anteriores, além da possi­ bilidade de observar o que diz o entrevistado e com o o diz, bem como observar o am biente e condições das quais o respondente participa.

A idéia inicial era de aplicar a entrevista em todas as bibliote­ cas públicas oficiais nas sedes das U nidades F ederadas. M as, logo no início da seleção das bibliotecas, foi observado no C a­ dastro de Bibliotecas do IN L que:

a. a B iblioteca Pública do T erritório F ederal de R oraim a havia sido extinta;

b. n ã o havia biblioteca pública no T erritório de F ern an d o de

N oronha;

c. n o D istrito F ederal n ão h á biblioteca pública pertencente ao E stado; a única existente, dessa categoria, é a Biblioteca D em onstrativa do Instituto N acional do Livro. C om o um dos critérios adotados p ara a entrevista foi o de que

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so-1 4 BIBLIOTECA PÚBLICA BRA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

m ente as bibliotecas públicas d a esfera estadual participa- ' riam da pesquisa, n ão foi incluída essa U n idade Federada;

d. n o E stad o de São P aulo n ão existe biblioteca pública esta­

dual, m as, dad a a im portância da B iblioteca M unicipal M ário de A ndrade, esta foi incluída n a pesquisa.

A o todo, foram entrevistados bibliotecários responsáveis por 23 bibliotecas. P ara conseguir o endereço das bibliotecas foi u ti­ lizado o C adastro de Bibliotecas do IN L . A relação das biblio­ tecas e o ro teiro da entrevista estão anexados no final do presente trabalho.

P ara to d o s os efeitos, os dados solicitados são referentes ao ano de 1978. A penas, p a ra estudo com parativo foram solicitados dados referentes a 1976, 1977 e 1978 nas variáveis relativas a recursos financeiros, acervo docum ental e circulação.

N a im possibilidade de o A u to r realizar a entrevista em todas as U nidades Federadas, foram selecionados os representantes estaduais d o In stitu to N acional do L ivro p ara se encarregarem dela. N a reu n ião dos representantes estaduais, todos eles foram devidam ente instruídos n o sentido de assegurar na pesquisa o sucesso d o trabalho. Sendo todos eles bibliotecários, houve faci­ lidade na execução técnica do trabalho, que abrange as variáveis relacionadas abaixo:

a. D ependência adm inistrativa — É a esfera adm inistrativa à

qual pertence a biblioteca. P ode ser federal, estadual, m u ­ nicipal ou particular.

b. Subordinação — E stad o de dependência em relação a um a

hierarquia. G eralm ente, as bibliotecas públicas estaduais estão subordinadas às S ecretarias de E ducação e /o u C u l­ tura.

c. H istórico — D ata da fundação da biblioteca e desenvolvi­

m en to das atividades.

d. M óveis — M óveis utilizados n a biblioteca, com o cadeiras,

m esas, assentos, etc.

e. C onservação — E stad o de conservação não ap en as do p ré ­

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M ETO D O LO G IA 15

f. R ecu rso s h u m a n o s — Pessoal adm inistrativo que trabalha

na biblioteca; dá-se ênfase aos auxiliares e bibliotecários form ados.

g. R ecu rso s financeiros — V erba que é utilizada na biblio­

teca e d estinada à aquisição de m aterial bibliográfico, equi­ pam ento, reform a, móveis, etc.

h. A cervo — T o d o m aterial bibliográfico ou audiovisual exis­

tente n a biblioteca.

i. Serviço ao público — T odos os serviços da biblioteca des­

tin ad o s aos usuários, tais com o, consultas, em préstim o d o ­ m iciliar, etc.

j. Serviço d e extensão — A população distante d a biblioteca

é atendida pelo serviço de extensão. G eralm ente, essa ati­ vidade é desenvolvida através de carros-biblioteca e /o u caixas-estantes, e as populações atendidas são as localiza­ das fora do p erím etro u rbano, ou seja, em zonas su b u rb a­ nas e rurais.

/. Sistem a N acional d e B ibliotecas Públicas — Sistem a im ­ p lan tad o pelo In stitu to N acional do Livro, objetivando a im plantação de subsistem as em cada U n id ad e F ederada e encabeçado pela Biblioteca Pública do E stado. T odas as atividades técnicas são centralizadas pela Biblioteca do E stado, que passa a ter o controle e a assistir às bibliotecas m unicipais.

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3

Bibliotecas públicas:

características gerais

N este item foi efetuada um a análise envolvendo um a descrição geral das bibliotecas pesquisadas, referente às seguintes variáveiü: instalações, recursos hum anos, recursos financeiros, acervo, ser­ viço de extensão, Sistem a N acional de Bibliotecas Públicas e p u ­ blicações das bibliotecas.

Instalações

Com referência às instalações, os dados foram analisados le­ vando-se em consideração a área ocupada, os móveis disponíveis e o estado de conservação da biblioteca.

TABELA 1

Área ocupada pelas bibliotecas

ÁR E A BIBLIOTECAS %

até 3.000 m 2 16 70,00

3.001- 6.000 m 2 2 8,50

6.001-12.000 m 2 3 13,00

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1 8 BIBLIO TECA PÚBLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

É fácil observar que o percentual m aior (7 0 % ) incide sobre as bibliotecas públicas que ocupam área de até 3.000 m 2; de 3.001 a 6.000 m 2 encontram -se duas; de 6.001 a 12.000 m 2, três; pos­ suindo as duas restantes área superior a 12.000 m 2.

E ssas bibliotecas pesquisadas estão localizadas nas capitais das U n id ad es F ed erad as e, m esm o atendendo apenas a essas p o p u ­ lações, pode-se afirm ar que as áreas destinadas às bibliotecas públicas n ão estão de acordo com os padrões internacionais m í­ nimos. A penas duas, com área superior a 12.000 m 2, são as bi­ bliotecas públicas que apresentam condições p a ra eficiente aten ­ dim ento dos seus usuários. C om o a presente pesquisa desconhe­ ce a área exclusiva dedicada aos usuários, a situação p ode ser m ais insatisfatória ainda.

N o tocante aos m óveis disponíveis, as vinte e três bibliotecas apresentam 1.235 m esas e 4.158 assentos. A m édia diária de consultas nessas bibliotecas é de m ais de 10.000, o que significa q ue p a ra oito leitores existe um a m esa e p ara m ais de dois leito­ res h á apenas um assento.

É, p o rtan to , n atu ral a reclam ação dos leitores contra a falta de acom odações nas bibliotecas.

V ale ressaltar que foi constatada a existência de outros tipos de m óveis, com o, por exem plo, carteiras escolares, cabines, etc., m as o n ú m ero desses móveis é absolutam ente insignificante.

Q u an to ao estado de conservação das bibliotecas, foram obti­ dos dois tipos de inform ação: a opinião do chefe da biblioteca e a d o entrevistador. Isto foi feito com a intenção de co n trastar a o pinião m ais subjetiva do chefe da biblioteca com a opinião co n ­ siderada m ais im parcial, com o é a do entrevistador. N o entanto, com o as duas opiniões foram praticam ente iguais, os totais finais acusaram que 50% das bibliotecas estão em bom estado de con­ servação, 3 0 % regular, enq u an to 2 0 % estão em péssim o estado de conservação. P ara se chegar a estes totais foram analisados o estado dos prédios, dos móveis, dos equipam entos, lim peza e ilum inação.

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BIBLIOTECAS PÚBLICAS: C A RA CTERÍSTICA S G ER A IS 19

Recursos Humanos

As vinte e três bibliotecas possuem 310 bibliotecários com cu r­ so de g rad u ação e 1.073 funcionários sem curso de Biblioteco­ nomia.

C onsiderando que n o B rasil há cerca d e 10.000 bibliotecários graduados pelas 30 escolas de Biblioteconom ia existentes, con­ clui-se que o n ú m ero de bibliotecários absorvidos pelas biblio­ tecas públicas é absolutam ente insignificante. Isso dem onstra uma falta de interesse por p a rte das autoridades p a ra m elhorar os serviços prestados por essas instituições, pois n ã o aproveitam os recursos h u m an o s disponíveis.

Q uanto à relação d o núm ero de bibliotecários exercendo ativi­ dades em bibliotecas públicas e as populações a serem atendidas, a situação é m uito grave. Se for considerada apenas a população dos m unicípios-sede das bibliotecas públicas pesquisadas — que em 1975 era estim ada pelo IB G E em 23.275 187 — , terem os 75.081 hab itan tes p o r bibliotecário, com provando-se, portanto, que é insignificante o núm ero de bibliotecários.

Q uanto ao salário desses profissionais, apenas um a biblioteca não inform ou a rem uneração do seu único bibliotecário.

TABELA 2

Salário mensal dos bibliotecários

S A L Á R IO M E N S A L Cr$ BIBLIO TECÁRIOS %

até 10.000,00 124 40

10.001,00-16.000,00 168 54

acima de 16.000,00 17 6

O m aior percentual de bibliotecários está n a faixa salarial de Cr$ 10.000,00 a Cr$ 16.000,00. A seguir, 40% recebem até Cr$ 10.000,00 m ensalm ente e apenas 6 % recebem acim a de Cr$ 16.000,00.

Cabe destacar que, no m ínim o, seis bibliotecários, no cargo de diretor da biblioteca, recebem m enos que Cr$ 16.000,00, tendo

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2 0 BIBLIOTECA PÚBLICA BRA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

sobre si toda a responsabilidade adm inistrativa, além das tarefas profissionais que o cargo exige.

C o m p aran d o at m ediana salarial dos bibliotecários (Cr$ 11.080,00) com aquela que geralm ente recebem outros profis­ sionais de nível superior no serviço público estadual, tais como econom istas, adm inistradores, jornalistas, etc., o salário do bibliote­ cário apresenta-se relativam ente satisfatório. M as, se for consi­ derad o que o bibliotecário, a exem plo dos profissionais acim a citados, é um técnico g rad u ad o em instituições do ensino supe­ rior, e cuja form ação deve ser reconhecida pelas autoridades, che- ga-se à conclusão que o bibliotecário está num a situação salarial que n ão condiz com sua form ação profissional.

Recursos Financeiros

A m aioria das bibliotecas encontrou dificuldade em inform ar sobre recursos financeiros. G eralm ente os recursos são geridos pela Secretaria, ou órgão hierarquicam ente superior, e com isso as bibliotecas n ão têm controle dos recursos financeiros. E ntre as inform antes, p ara 1976, os recursos financeiros totalizaram Cr$ 13.645.915,00, e para 1978, C r$ 17.221.860,00. Estes totais são referentes aos recursos aplicados em: com pra, construção, reform a d e imóvel, aquisição de móveis, m áquinas, equipam en­ tos, aquisição de m aterial bibliográfico, audiovisual e encad ern a­ ção, n ã o incluindo pagam ento de pessoal.

D as vinte e três bibliotecas que prestaram inform ações, doze n ão tiveram recursos financeiros p ara aplicar n o s fins acima m encionados, nem em 1976, nem em 1978. Som ente um a aplicou recursos financeiros em 1976, e q uatro o fizeram apenas em 1978; seis bibliotecas contaram com recursos duran te os anos de 1976 e 1978.

D e m aneira geral, os recursos financeiros aplicados nas biblio­ tecas são insuficientes, o que tem prejudicado os usuários, oca­ sionando a desatualização do acervo e dificultando a aquisição d e m óveis, equipam entos, etc.

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BIBLIOTECAS PÚBLICAS: C A RA CTERÍSTICA S G ERA IS 21 Acervo TABELA 3 Acervo ACERVO 1976 BIBLIOTECAS 1978 Livros 1.789.223 15 23 2.400.794 F olhetos 9.662 12 19 25.875 P e rió d ico s 2.306 14 18 11.716 O u tro s 14.053 10 15 24.735

Com relação ao acervo em livros, oito bibliotecas n ão conse­ guiram inform ar o n ú m ero de volum es existentes em 1976. A s quinze restantes totalizaram 1.789.223 livros. E m 1978 todas as bibliotecas inform aram o acervo, som ando um total de 2.400.794 livros. C om o as bibliotecas que em 1978 apenas inform aram o acervo são m enores, pode-se afirm ar que houve um aum ento considerável, quase duplicando o acervo de livros existentes.

N a ap u ração do to tal de folhetos existentes, houve m uita difi­ culdade em conseguir essas inform ações. M uitas bibliotecas não num eram ou tom bam os folhetos, e em razão desse problem a as p róprias bibliotecas n ã o conseguiram inform ar o total de folhetos existentes.

Igualm ente, as bibliotecas pesquisadas encontraram tam bém m uitas dificuldades em inform ar sobre periódicos. Portanto, as cifras que aparecem na tabela não representam a situação real, mas apenas um a estim ativa.

Organização das Coleções

Com referência à organização das coleções, é a seguinte a p ro ­ porção do acervo catalogado e classificado, quer dizer, à dispo­ sição d o público, de acordo com a T abela 4 a seguir.

De acordo com essa tabela, a situação das bibliotecas em rela­ ção à organização das coleções é b astan te deficitária. N um total de onze bibliotecas é de m enos de 50% o acervo processado, o que im pede o acesso do público ao acervo global, num país onde as oportunidades de leitura são ain d a m uito restritas. A carência de pessoal, principalm ente de bibliotecários, é apontada como fator responsável pelo baixo percentual de coleções organizadas.

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2 2 BIBLIOTECA PÚBLICA BRA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

TABELA 4

Organização das coleções

BIBLIOTECAS % 2 Total 7 76-99% 3 51-75% 5 50-26% 6 -25% — N enhum Circulação

O Serviço de Circulação é, sem som bra de dúvida, o m ais im ­ p ortante da biblioteca, porque é através dele que ela atinge o seu objetivo m aior, que é o de assistir com eficiência ao leitor.

Infelizm ente, m uitas das bibliotecas tiveram grande dificulda­ de em fornecer as inform ações referentes ao presente item.

TABELA 5 Circulação

U S U Á R I O S E M P R É S T I M O S PERÍODO B ib lio te c a s B ib lio te c a s M éd ia

in fo rm a n te s In s c rito s in fo rm a n te s m ensal

1976 10 29.420 9 28.855

1978 14 47.653 14 38.375

C O N S U L T A S F R E Q Ü Ê N C I A PERÍODO B ib lio te c a s M édia B ib lio te c a s

in fo rm a n te s m ensal in fo rm a n te s Total

1976 16 215.433 16 140.921

1978 22 300.927 21 202.563

A ssim , apenas dez bibliotecas conseguiram inform ar o to tal de usuários inscritos em 1976, que foi de 29.420. E m 1978, quatorze bibliotecas tiveram 47.653 usuários inscritos. Estes dados mais

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BIBLIOTECAS PÚBLICAS: CA RA CTERÍSTICA S G ERA IS 23

um a vez confirm am a situação lastim ável da grande m aioria das bibliotecas descritas no presente trabalho, particularm ente no que se refere à inform ação de sua estrutura e atividade.

A pesar de n ão ter havido constância de inform ações entre b i­ bliotecas que forneceram estatísticas, pode-se n o tar que, de ano para ano, as bibliotecas assistem a um núm ero m aior de usuários. M esmo que esses núm eros sejam inexpressivos em relação às p o ­ pulações, o aum ento gradativo da dem anda significa que cada vez m ais as pessoas entendem que o direito de ler representa igualm ente o direito de desenvolver as capacidades intelectuais, bem com o o direito de aprender e progredir.

Serviço de Extensão

As bibliotecas públicas no Brasil utilizam o serviço de extensão para realizar o atendim ento bibliográfico às populações suburba­ nas e rurais, que n ão têm acesso ao prédio onde está instalada a biblioteca. Essse tipo de atendim ento é realizado atravé de car- ros-biblioteca e /o u caixas-estantes.

Com referência aos carros-biblioteca, ficou constatado que doze bibliotecas possuem vinte e quatro desses veículos e as onze bibliotecas restantes n ão dispõem deste serviço.

A penas seis bibliotecas trabalham com caixas-estantes, p erfa­ zendo um to tal de 171 caixas.

A U N E SC O reconhece a extraordinária im portância do serviço de extensão em bibliotecas públicas, principalm ente nos países em desenvolvimento. O ato de levar livro às populações m enos favo­ recidas é fundam ental num país com o o Brasil, com um núm ero muito grande de analfabetos e um percentual baixo de pessoas com hábito de leitura.

É bem reduzido o núm ero de U nidades F ederadas que desen­ volve essa program ação. A frota de carros-biblioteca existente, bem com o o núm ero de caixas-estantes em atividade, são, ainda, inexpressivos p ara um país de dim ensões continentais com o o Brasil.

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2 4 BIBLIOTECA PÚBLICA BRASILEIRA: D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas

D as vinte e três bibliotecas públicas, treze iniciaram a im plan­ tação do Sistem a de Bibliotecas Públicas, beneficiando um total de 718 m unicípios.

C onsiderando que a im plantação do Sistema foi iniciada em 1977 e que essas treze U nidades tiveram que criar infra-estrutura p ara desenvolver a program ação exigida pelo Instituto N acional do L ivro, pode-se considerar razoável o desenvolvim ento do Sis­ tem a N acional de B ibliotecas Públicas. U m a análise mais deta­ lhada do referido Sistema é apresentada no últim o capítulo.

Publicações

D as vinte e três bibliotecas, nove publicam regularm ente bole­ tins e bibliografias, três publicam catálogos e seis publicam anais e inform ativos da Biblioteca.

A divulgação periódica da bibliografia estadual é função prio­ ritária da biblioteca pública. N o entanto, é m uito baixo o p er­ centual de bibliotecas que realizam essa atividade.

A lém de representar estím ulo à indústria editorial, a publicação corrente da bibliografia local possibilita efetivo controle biblio­ gráfico, facilitando, portanto, a seleção de livros, tan to p ara as bibliotecas quanto para os seus usuários.

A análise realizada neste capítulo torna possível concluir que a situação geral das bibliotecas públicas no Brasil ainda é la­ m entavelm ente crítica, particularm ente com referência à área fí­ sica ocupada, aos móveis e equipam entos, aos recursos hum anos, sobretudo n o que se refere aos bibliotecários, aos recursos finan­ ceiros, ao acervo, à organização das coleções e ao Serviço de C irculação.

N as páginas seguintes será analisada a situação dessas biblio­ tecas públicas, segundo as regiões geográficas.

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4

Bibliotecas públicas:

desigualdades regionais

N esta etapa do tra b alh o procura-se efetuar a análise com p ara­ tiva com variáveis pesquisadas nas bibliotecas públicas por ma- cro-região. A s variáveis são as seguintes: área, m óveis disponí­ veis, recursos hum anos, recursos financeiros, acervo e circulação. As m acro-regiões no Brasil são form adas por diferentes núm e­ ros de E stados. A ssim , a região N orte está representada no p re­ sente tra b alh o por cinco E stados (R ondônia, A m azonas, P ará, A m apá e A cre), a região N ordeste por nove (M aranhão, Piauí, Ceará, R io G rande do N orte, Paraíba, Pernam buco, A lagoas, Sergipe e B ahia) a região Sul por três (P araná, Santa C atarina e Rio G rande do S ul), a região Sudeste p o r quatro (M inas G erais, Espírito Santo, R io de Jan eiro e São Paulo) e a região C entro- Oeste por dois (M ato G rosso e G o iás). Isto dificulta a com pa­ ração, não obstante perm ita estabelecer as desigualdades quanto à infra-estrutura dos serviços bibliotecários nessas regiões.

A T abela 6 apresenta um a distribuição regional referente à área, aos m óveis disponíveis e à m édia m ensal de consultas.

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2 6 BIBLIO TECA PÚBLICA BRA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

TABELA 6

Área, móveis disponíveis e média mensal de consultas

REGIÕES ÁREA m 2 M Ó VEIS DISPONÍVEIS M É D IA M EN SA L DE CONSULTAS M ESAS ASSENTOS N o rte 8.302 82 319 15.521 N o rd e s te 37.976 452 1.772 94.291 Sul 8.855 400 923 133.057 S u d e ste 23.903 282 998 50.658 C e n tro -O e s te 3.250 19 146 7.400

A região N ordeste, representada por um núm ero m aior de E stados, dispõe da m aior área (37.976 m 2) e do m aior núm ero de m óveis d o País (2.224). N ão obstante, não apresenta a m aior m édia de consultas. Isto leva a pensar que a eficiência da biblio­ teca só em p arte depende dos móveis disponíveis, o que fica com provado pela situação das bibliotecas da região Sul, que em ­ bo ra com m enos móveis disponíveis, apresentam a m elhor m édia m ensal de consultas.

C abe salientar que a região Centro-O este, que não inclui o D istrito F ederal, com o já foi dito, está em piores condições, ta n ­ to quanto à área, quanto aos móveis disponíveis e à m édia mensal de consultas. Com prova-se, portanto, a pouca im portância da biblioteca pública n esta região.

É im portante destacar que a região N ordeste dispõe da m aior área, visto que nela está situada a B iblioteca C entral da Bahia, com um a área total de 20.000 m 2, o que representa m ais de 50% em relação às o u tras bibliotecas daquela região. Portanto, é ta m ­ bém crítica a situação das bibliotecas dos outros E stados do N or­ deste em relação à situação física da Biblioteca.

E m todas as regiões há sem pre um a ou outra biblioteca que se destaca pela área ocupada, total de móveis disponíveis ou m édia m ensal de consultas. M as, em term os regionais, a situação é grave, pois a m aioria das bibliotecas não se atualiza p a ra acom ­ p an h ar o aum ento da população e diversificação de interesses dos usuários.

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BIBLIOTECAS PÚBLICAS: D ESIG U A LD A D ES R EG IO N A IS 2 7

Recursos Humanos e Salários

A tabela seguinte perm ite estabelecer diferenças im portantes entre o núm ero de bibliotecários e a m édia salarial em cada re­ gião. D e acordo com a lógica da realidade sócio-econôm ica de cada região, a m elhor situação é apresentada pelas bibliotecas do Sudeste e a pior pelas do Centro-O este. Essas duas regiões apresentam diferenças m arcantes entre o núm ero de bibliotecá­ rios e as m édias salariais, em detrim ento da região Centro-O este.

TABELA 7

Recursos humanos e salários

REGIÕES N.o BIBLIOTECÁRIO S M É D IA S A L A R IA L Cr$

N orte 37 11.140,00

N ordeste 102 8.229,00

Sul 57 11.700,00

Sudeste 111 12.400,00

C e n tro -O e ste 3 6.950,00

A região N ordeste aparece em segundo lugar, no que diz res­ peito ao n ú m ero de bibliotecários, m as com um a m édia salarial inferior à das regiões Sul e N orte, e superior à da região Sudeste, o que tam bém reflete a situação econôm ica dessa região.

Se, de um lado, o salário é razoável, pois equivale ao de outras profissões de nível superior trab alh an d o na adm inistração esta­ dual, o núm ero de bibliotecários é ainda insignificante p ara um país com a população do Brasil, que precisa desenvolver-se e p ro ­ gredir, tan to do ponto de vista social, quan to do ponto de vista econômico e cultural. A lém disso, os salários n ão são condizen­ tes com as funções e a responsabilidade do bibliotecário.

Recursos Financeiros e Freqüência

E m term os de recursos financeiros, a liderança da região Su­ deste é m arcante com um total superior à som a de todas as outras regiões. N o entanto, a freqüência de usuários que utilizam as

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2 8 BIBLIO TECA PÜ BLICA BRA SILEIR A : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

TABELA 8

Recursos financeiros e freqüência

REGIÕES RECURSOS FIN ANCEIRO S Cr$ FREQÜÊNCIA

N o rte 620.356,00 16.544

N o rd e s te 4.046.547,00 89.321

Sul 2.322.185,00 18.307

S u d e ste 10.192.772,00 74.127

C e n tro -O e s te 40.000,00 4.264

bibliotecas públicas é inferior à do N ordeste. Assim , com pro­ va-se q ue a alocação de recursos financeiros, ao m enos na região Sudeste, n ã o está sendo aproveitada p ara m elhorar o uso da B i­ blioteca por p a rte da população. O N ordeste conta com m enos da m etade dos recursos financeiros do Sudeste, m as com um a freqüência m aior de usuários, podendo-se concluir que os recur­ sos daquela região estão sendo m elhor aproveitados na prestação de serviços às com unidades.

A região C entro-O este ocupa o últim o lugar, e os seus recursos não chegam a 1 % dos aplicados na região Sudeste. Com exceção desta região, os recursos financeiros alocados p a ra as bibliotecas são insuficientes e até ridículos, com o os recursos das regiões N o rte e C entro-O este. Isso provoca sérios obstáculos, que im pe­ dem o desenvolvim ento da Biblioteca, prejudicando, portanto, os usuários e com provando a pouca im portância dessa entidade nas políticas de desenvolvim ento cultural das U nidades Federadas.

É válido ressaltar que os recursos financeiros estão concentra­ dos em algum as U nidades Federadas e n ã o propriam ente na R e ­ gião. N o Sudeste, por exem plo, a Biblioteca M ário de A ndrade, d o m unicípio de São Paulo, conta com cerca de 90% dos recursos aplicados na região. A firm ação idêntica pode-se fazer em rela­ ção à Biblioteca Pública Presidente Castello B ranco, de P ernam ­ buco, em relação ao N ordeste. P ortanto, nessas duas regiões, a situação das outras bibliotecas é m uito precária n o tocante aos recursos financeiros.

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BIBLIOTECAS PÚBLICAS: D ESIG U A LD A D ES R EG IO N A IS 2 9

Acervo TABELA 9 Acervo

REGIÕES LIVROS FOLHETOS PERIÓDICOS OUTROS

N orte 234.831 9.253 99 327

N o rdeste 491.197 8.724 3.319 6.326

Sul 309.840 2.271 313 2.098

Sudeste 1.330.810 3.877 7.948 15.981

C e n tro -O e ste 33.816 750 37 8

A região Sudeste aparece novam ente num a posição de desta­ que e seu acervo é superior ao to tal registrado em todas as re­ giões. A firm ação idêntica pode-se fazer em relação aos títulos de periódicos e a outros m ateriais. R elacionando estes dados com os anteriores, de consultas e freqüência, chega-se à conclusão que esta região n ão está aproveitando to d o o seu potencial p ara poder beneficiar um n ú m ero m aior de usuários.

Q uanto ao acervo de folhetos, preferiu-se n ão analisá-lo, pois esse m aterial, geralm ente, não é registrado nas bibliotecas.

Com exceção da região Sudeste, o acervo existente nas outras regiões é insuficiente. A carência de recursos financeiros p ara aquisição de m aterial bibliográfico é apontada com o o principal fator que im pede o desenvolvim ento e a atualização dos acervos dessas bibliotecas. Circulação TABELA 10 Circulação REGIÕES USU ÁR IO S INSCRITOS EMPRÉSTIMOS M EN SA IS FREQÜÊNCIA M É D IA M ENSAL CONSULTAS Norte 389 854 16.544 15.521 N ordeste 18.754 4.540 89.321 94.291 Sul 17.035 19.024 18.307 133.057 Sudeste 11.475 13.957 74.127 50.658 C entro-O este — — 4.264 7.400

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3 0 BIBLIOTECA PÚBLICA B RA SILEIRA : D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

O controle do Serviço de C irculação não é eficiente em m uitas bibliotecas pesquisadas, pois cerca de 50% delas n ão consegui­ ram apresentar inform ações sobre essa atividade.

O m aior núm ero de usuários inscritos é da região N ordeste, vindo a seguir, respectivam ente, as regiões Sul, Sudeste e N orte. N enhum a biblioteca da região C entro-O este forneceu o núm ero de usuários inscritos.

A região N ordeste está em prim eiro lugar em relação à fre­ qüência de leitores, seguida pela Sudeste. Pode-se afirm ar que em relação às outras, é bom o núm ero de leitores que freqüenta as bibliotecas dessas duas regiões.

A região Sul se apresenta com o a mais eficiente, com referência à m édia m ensal em em préstim os e consultas. N as regiões N orte e C entro-O este a freqüência é m uito baixa e, nesta últim a, insig­ nificante.

E m term os gerais, não existe coerência n o Serviço de C ircula­ ção das Bibliotecas; um as são m ais eficientes em alguns aspectos do que as outras.

D e acordo com as inform ações apresentadas neste trabalho, a região Sudeste é m enos eficiente em relação a outras regiões nos aspectos aqui levantados. A s regiões Sul e N ordeste são mais eficientes com referência ao Serviço de C irculação: a prim eira, quanto à freqüência e usuários inscritos, e a segunda, quanto a em préstim os e consultas.

Acervo Total e Área Ocupada pela Biblioteca

P a ra m edir a relação acervo e área, dividiu-se o acervo total existente em cada U nidade F ederada pelo to tal d a área ocupada na respectiva biblioteca. Foi incluído esse indicador p o r consi­ d erar-se im portante, em term os de possibilidades de expansão e m anuseio de acervo, conhecer o núm ero de livros por m 2. A m e­ dida n ão é exata, pois n ão se tem a área exclusiva do acervo. N ão obstante, perm ite ter um a idéia geral da situação de cada biblioteca.

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B IBLIOTECAS PÚBLICAS: D ESIG U A LD A D ES REG IO N A IS 31

TABELA 11

Acervo e área ocupada

NORTE ACERVO ÁREA m 2 L IV R O S /m 2

RO 7.446 320 24 A M 157.650 6.074 260 PA 56.954 1.300 44 AP 11.359 482 24 A C 11.101 126 88 S ubtotal 244.510 8.302 29 NORDESTE ACERVO AR E A m 2 L IV R O S /m 2 M A 125.384 2.400 52 PI 25.334 1.300 19 CE 32.210 2.772 12 RN 28.480 1.150 25 PB 17.406 450 39 PE 127.823 5.041 25 AL 15.912 170 94 SE 56.637 4.693 12 BA 80.380 20.000 4 Subtotal 509.566 37.976 13 SUL ACERVO ÁR E A m 2 L IV R O S /m 2 PR 172.189 6.200 28 SC 30.663 855 36 RS 111.665 1.800 62 S ubtotal 314.517 8.855 36 SUDESTE ACERVO ÁR E A m 2 L IV R O S /m 2 MG 209.460 5.140 41 ES 26.531 847 31 RJ 180.071 2.916 62 SP 942.554 15.000 63 Subtotal 1.358.816 23.903 57

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3 2 BIBLIOTECA PÚBLICA BRASILEIRA: D ESEM PEN H O E PERSPECTIVAS

CENTRO-OESTE ACERVO ÁREA m 2 L IV R O S /m 2

MT 21.025 3.000 7

GO 13.586 250 54

S u b to ta l 34.611 3.250 11

TOTAL GERAL 2.462.020 82.286 30

R oger B astide5 afirm a que o B rasil é um país de contrastes m arcantes. E sta afirm ação, além de ser aceita n o cam po sócio- cultural, é tam bém aceita na área estrita das bibliotecas.

O s contrastes são tão m arcantes, em bibliotecas que fazem p arte d a m esm a região, que tornam praticam ente impossível um a análise de eficiência por região.

M esm o considerando que a área em m 2, fornecida pelas bibliotecas, é destinada n ão som ente ao acervo m as tam bém aos móveis, leitores e funcionários, resolveu-se fazer esse estudo, que consiste na divisão do total de acervo pela área ocupada pela Bi­ blioteca. Assim, tem-se o total do acervo por m 2 em cada biblio­ teca e região.

A m elhor taxa de aproveitam ento da área em relação ao acervo é o da região Sudeste, com 57 volum es por m 2. A seguir, a região Sul, com 36 por m 2; em terceiro lugar a região N orte, com 29 p o r m 2; e em quarto, a região Nordeste, com 13 por m 2; em últim o lugar a região Centro-O este, com 11 volum es por m 2. Os contrastes m ais acentuados estão na região N ordeste. E n ­ quanto a Biblioteca C entral de Bahia, a m aior biblioteca pública do País, tem um acervo estim ado em 80.380 volum es, p ara uma área de 20.000 m 2 apresentando, portanto, um a tax a de 4 livros p o r m 2, a Biblioteca Pública de A lagoas possui um acervo de 15.912 volumes, em um a área de 170 m 2, apresentando um a taxa de 94 volum es p o r m 2.

P or esse exem plo é fácil chegar à conclusão que no caso da B ahia o acervo é pequeno em relação ao prédio, e que no caso de A lagoas o acervo estaria a exigir um prédio com área com ­ patível.

Imagem

TABELA  5 Circulação

Referências

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