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POPULAÇÃO EM GEOGRAFIA: UMA ANÁLISE DOS PERIÓDICOS GEOGRÁFICOS

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POPULAÇÃO EM GEOGRAFIA: UMA ANÁLISE DOS PERIÓDICOS GEOGRÁFICOS

Filipe Rafael GRACIOLI Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP, estudante de graduação do curso de Geografia, Avenida 44 AB, 260, Jardim Ipê, Rio Claro – SP, filipe@rc.unesp.br

Juliana Corrêa ZAGUINI Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP, estudante de graduação do curso de Geografia, Rua Dr. Guilherme da Silva, 255, apto. 22, Cambuí, Campinas – SP

jucoza@uol.com.br

Resumo

O objetivo principal, neste estudo, é o de desenvolver uma análise de alguns periódicos geográficos científicos brasileiros, sobretudo no tratamento destes em relação aos estudos de população, percebendo como a Geografia atribui-lhes importância e significado e, além disso, apontar e discutir as tendências para o seu desenvolvimento nesta ciência.

Palavras-chave: Geografia, Demografia, periódicos geográficos, população.

Abstract

Population in Geography: an analysis of geographical periodicals

The main objective, in this study, consists on the development of analysis about some scientific geographic Brazilian periodicals, especially in relation to population studies, verifying how Geography attach them meaning and significance, besides to indicate and discuss trends for their development in this science.

Key-words: Geography, Demography, geographic periodicals, population.

INTRODUÇÃO

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geográfico nacional. Em vista disso, propomos neste estudo, perceber como a Geografia atribui significado e importância ao tema, ressaltando e discutindo as preocupações dos trabalhos que argumentam a população conforme o momento histórico de sua produção. Para iniciarmos o estudo, propomos uma breve fundamentação teórica que trate dos principais conceitos discutidos pelos teóricos mais evidentes da temática população na Demografia e na Geografia científicas a partir dos anos 70 do século XX, especialmente Alfred Sauvy e Jacqueline Beaujeu-Garnier no pensamento francês, e Francisco Scarlato na Geografia brasileira, entendendo como esta ciência interpreta este elemento componente do seu objeto de estudo.

Tomando como base esta fundamentação, partiremos para a exposição das metodologias empregadas no processo de investigação dos trabalhos contidos pelos periódicos geográficos selecionados, propondo uma interpretação de caráter quantitativo do observado, ajudada por uma análise qualitativa que dê suporte a estes resultados, percebendo como a perspectiva histórica dos fatos e eventos funciona enquanto fundadora e propulsora de ideias e de ideologias.

Por fim, as reflexões sobre o estudado resgatarão os conceitos discutidos na pesquisa, relacionando-os com as possíveis tendências adotadas pela Geografia em relação ao tema população. Compreender a maneira como os periódicos geográficos de caráter científico tratam o tema, desde a sua frequência até o enfoque dos objetos por eles discutidos, é o principal objetivo deste estudo.

POPULAÇÃO EM GEOGRAFIA: ASPECTOS GERAIS

O crescimento das populações mundiais nos últimos tempos, especialmente a partir dos séculos XIX e XX, trouxe consigo a urgência do pensar sobre a população. E a ciência, que também experimentou um prodigioso crescimento e desenvolvimento, sobretudo nos últimos duzentos anos, tratou logo de capturar a população como possível objeto de estudo e entendê-la em uma perspectiva experimental.

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comportar a quantidade de pessoas viventes?”, por exemplo, passam a fazer parte dos estudos populacionais.

Como nos aponta Beaujeu-Garnier (1980), os estudos de população na Geografia de caráter científico, adotam dois aspectos fundamentais complementares e, no limite,

indissociáveis. No aspecto demográfico, a população é tratada a partir de elementos

estatísticos que lhe atribuem uma dimensão quantificável; pelo aspecto geográfico, no entanto, a população é tratada como elemento historicamente constituído, e a Geografia participa de sua explicação a partir da descrição de seu ambiente atual, preocupando-se também com suas “causas e consequências” e com suas características sociais, econômicas e culturais.

Scarlato em “População” (2000), admite que “quase sempre a Geografia trabalha os fenômenos populacionais de forma abstrata, na qual os números substituem os indivíduos e os comportamentos humanos são relegados a segundo plano” (apud. ROSS, p.383). Contudo, quando o que se deseja é um tratamento mais crítico da população e de suas características históricas, a abordagem numérica revela-se insuficiente, já que não nos permite conhecer as condições concretas de vida dos indivíduos. Em outros termos, “a postura crítica deve procurar entender a maneira como as pessoas sentem e pensam sua condição material e espiritual no interior da sociedade,

incluindo suas tradições e as opções que lhe são oferecidas” (SCARLATO, apud.

ROSS, 2000, p.384).

De modo geral, o termo população, como argumenta Sauvy (1979), está para

“um conjunto de homens, animais, plantas ou mesmo objetos em permanente renovação” (p.15), sendo esta renovação dada sobretudo a partir dos movimentos dos indivíduos e dos grupos que compõem a população. Segundo o autor, os elementos de uma população não são, de fato, idênticos, e o essencial é que estes elementos sejam distintos, mas que possuam um caráter comum.

Neste sentido, a tônica da população está na sua relação com o espaço geográfico, ou mesmo com o território, sendo a fixação o elemento-chave nesta relação. Em Sauvy (1979), demograficamente, a população pode ser de dois tipos: fechada ou aberta; a população do tipo fechada está caracterizada sobretudo pela variação por dois fenômenos: os nascimentos e as mortes. Ao longo de um ano, uma população do tipo

fechada sofre três modificações: o aumento pelo número de nascimentos, a redução

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Também, a população em Sauvy pode ser vista como aberta. Além das modificações que a população fechada sofre, a população aberta varia ainda segundo a

influência de dois movimentos: as entradas e as saídas de pessoas de diversas idades.

Tanto para os indivíduos que entram, quanto para os indivíduos que saem de uma população, tem-se a sua contabilização na população de destino e não mais na de origem.

Os estudos de população em Geografia, fundados sobre as características da Demografia e da História (análises espaço-temporais), conforme aponta

Beaujeu-Garnier (1980), assumem três aspectos: o que trata da distribuição da população no

espaço geográfico (território), o que trata da evolução das sociedades humanas, e o que trata do grau de êxito alcançado por estas sociedades.

Quanto à distribuição espacial da população, para a autora, a disposição do elemento humano na superfície terrestre está intimamente ligada ao aspecto físico dos meios geográficos, especialmente o natural. Também, junto aos fenômenos de ordem física, exercem influência na distribuição das populações no espaço geográfico os fenômenos de ordem histórica, tais como as guerras, as epidemias, as migrações e as psicologias de massa, por exemplo, que atuam no sentido de direcionar as concentrações ou dispersões de indivíduos no território, exercendo consequente influência na disponibilidade e no acesso aos recursos básicos de sua sobrevivência.

O aspecto da evolução das sociedades humanas, por sua vez, está relacionado a duas possibilidades: a do desenvolvimento in situ das populações e a dos deslocamentos pelo desenvolvimento, que exercem influência considerável na presença do homem no lugar, caracterizada sobretudo pela transitoriedade e inconstância; e os fatores demográficos mais elementares, como a natalidade, as doenças, os casamentos, não podem ser explicados sem se considerar novamente os fatores físicos do meio, os fatores biológicos, os econômicos e os psicológicos, dados pelo desenvolvimento in situ das populações no que se refere ao aprimoramento técnico.

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as sociedades humanas existem e modificam-se, mas são também ativas em imprimir sua marca, com maior ou menor força, em seu próprio ambiente: casas, desflorestamentos, campos cultivados (...). Que são essas atividades? Como o homem

pode orientá-las para o sucesso? Como são distribuídas numa sociedade? (...). Para responder a essas perguntas é necessário conhecer não só a composição da idade e do sexo do grupo que está sendo estudado, como também algo de sua saúde, de suas aptidões físicas e de seu equipamento técnico e intelectual, e, além disso, a natureza e a amplitude de sua ação e o estado de sua realização (p.5 – grifo da autora).

Pragmaticamente, os estudos populacionais da modernidade atual estão relacionados a processos que envolvem a participação direta da população, especialmente a partir da elaboração dos recenseamentos e inquéritos. Segundo Sauvy (1979) “é através dos recenseamentos, que funcionam como fotografias, que se conhece o essencial sobre o estado da população. É uma operação pesada, de aparência anacrônica, mas indispensável, realizada geralmente a cada 5 ou 10 anos” (p.23).

Conforme o autor, as finalidades dos recenseamentos e inquéritos são especialmente as jurídicas, as científicas e as documentárias, e estes tipos de fontes demográficas nem sempre podem ser totalmente confiáveis, em vista do grau de exatidão que possuem, correspondente, sobretudo, a carência ou a imprecisão de informações. Conforme Beaujeu-Garnier (1980),

muitas são as causas de erros e inexatidões (...). Há, em primeiro lugar, as omissões e, inversamente, a duplicidade de dados, que decorrem de motivos muito variados: simples negligência ou deliberada intenção de enganar. Os motivos de ordem fiscal e eleitoral são quase sempre importantes. ________________..Os resultados de um recenseamento inadequado são muito comuns: omite-se a idade, o estado civil ou a data do nascimento (...). Algumas famílias não declaram o número de filhos, outras não informam sua idade. Muitas pessoas idosas exageram, declarando-se “centenárias” (...) (p.11).

(6)

Quanto aos estudos de população no Brasil, segundo Scarlato (2000), “o ano de 1889 pode ser considerado um marco significativo para os estudos da população brasileira” (apud. ROSS, p.387), dado que a partir desta data, com a consolidação da

República e com a separação entre o Estado e a Igreja, implantou-se o registro civil

obrigatório, cabendo ao Estado o controle dos registros de nascimentos, mortes e casamentos, até então organizados pela Igreja e pouco precisos, uma vez que baseados em estudos seculares de observadores e curiosos da população.

No século XX, por volta dos anos 40, a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – o IBGE, se torna evento significativo no direcionamento das atividades de organização e conhecimento da população do país. Até então, os recenseamentos, que eram realizados de maneira inconstante, passam a seguir uma ordem cronológica estável, sendo os anos terminados em “zero” os estabelecidos para a realização da contagem da população.

No Brasil, a pesquisa demográfica é realizada sobretudo pelo IBGE, sendo os estudos de população elaborados através de pesquisas com periodicidade decenal e também por pesquisas domiciliares, de periodicidade anual, o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), pelas quais são fornecidos dois boletins: um geral, chamado “não-amostra”, e outro específico, denominado “amostra”, ambos contendo os quesitos básicos necessários para o conhecimento da população brasileira.

Sobre os estudos de população em Geografia, conforme Damiani (1991), cabe completar:

Não é a geografia da distribuição diferenciada da população no globo terrestre que aspiramos (...). A que se vale da visualização de cores diferentes manchando cada país, ou cada lugar, para retratar, num mapa, seu “lugar” no universo das “diferentes” quantidades de população_________________________. A geografia, hoje, não se contenta mais com a leitura do espaço como invólucro de conteúdos indiferentes, que tardiamente a preenchem (p.7).

METODOLOGIAS DE PESQUISA

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de Geografia” (Rio de Janeiro: IBGE), “Revista DOCPOP – Resumos Sobre População no Brasil” (São Paulo: Fundação SEADE), “Revista do Departamento de Geografia” (São Paulo: EDUSP), “Revista de Geografia - São Paulo” (Editora

UNESP), “Revista Geografia” (AGETEO Rio Claro) e “Revista Geografia”

(Universidade Estadual de Londrina).

Deste total de seis revistas, optamos pela seleção de três títulos, tomando como período de análise o limite temporal compreendido pela década de 80 do século XX e a primeira década dos anos 2000. Denominamos “Revista 1” os volumes do periódico “Revista de Geografia - São Paulo” (Editora UNESP), publicados entre os anos de

1982 a 1997; como “Revista 2” denominamos os volumes do periódico “Revista

Geografia”, sediada no Departamento de Geografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) do campus da UNESP de Rio Claro, publicação de responsabilidade da AGETEO (Associação de Geografia Teorética), publicados entre os anos de 1982 a 2009; e por fim, demos a denominação de “Revista 3” aos volumes da “Revista Geografia” (Universidade Estadual de Londrina), compreendidos entre os anos de 1983 a 2005.

Na elaboração das análises dos artigos contidos pelos periódicos, adotamos uma perspectiva quali-quantitativa. De início, estabelecemos temáticas baseadas nos tópicos de classificação de temas propostos pela “Revista DOCPOP – Resumos Sobre

População no Brasil”, excluindo as temáticas que não nos interessavam e

acrescentando outras pertinentes. Em seguida, categorizamos os artigos (valendo-nos da subjetividade, inclusive) em uma ou duas temáticas de acordo com seu assunto principal, avaliando, assim, a quantidade de artigos encontrados em cada temática, o

número de artigos referentes ao tema população por revista, a quantidade e o tipo de

temática encontrado em cada revista, e também o número de artigos e os tipos de temáticas classificados por décadas.

A partir desta etapa, elaboramos os gráficos e as tabelas representativos das frequências e das proporções de ocorrência dos artigos, demonstrando o assunto dos artigos classificados em décadas, para cada uma das três revistas selecionadas para a pesquisa. Optamos por apresentar somente as tabelas mais relevantes para o estudo, dada a grande quantidade produzida.

(8)

interpretando o porquê da ocorrência mais ou menos acentuada de determinada temática em dado período.

Por fim, propomos algumas reflexões sobre os resultados que obtivemos na análise dos dados, resgatando conceitos, identificando e discutindo tendências apontadas pelos estudos de população em Geografia, avaliando a sua pertinência para esta ciência.

ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RESULTADOS

Para a análise quantitativa dos dados, estabelecemos temáticas que fizessem referência aos estudos populacionais. Após analisarmos as propostas de temas

encontradas na “Revista DOCPOP – Resumos Sobre População no Brasil”, decidimos

quais seriam os de maior utilidade para as análises; assim, 16 temáticas foram indicadas para que os artigos pudessem ser categorizados e melhor analisados. São elas: Teorias e métodos demográficos e estudos gerais de população; Coleta de dados, mensuração, tendências e projeções; Relações sócio-econômicas; Políticas, planos e programas; Dados Estatísticos; Demografia Histórica; Mortalidade; Fecundidade; Migração; Migração Interna; Migração Internacional; Distribuição Espacial; População Economicamente Ativa; Nupcialidade e Família; Características e

Necessidades da população; A Geografia e os Estudos Populacionais.

Deste modo, para a “Revista 1” (Revista de Geografia - São Paulo), encontramos em três volumes, três artigos referentes aos estudos de população, do total de 99 artigos dos 14 volumes analisados deste periódico, entre os anos de 1982 (exclusive) e 1997 (inclusive). Este dado nos dá uma porcentagem de apenas 3% de

artigos da revista que trabalham com a temática população, gerando o gráfico 1, que

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GRÁFICO 01

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

De acordo com as temáticas estabelecidas, foram trabalhadas pelos artigos

referentes aos estudos de população, três temáticas: Distribuição Espacial; Coleta de

dados, mensuração, tendências e projeções; e Relações Sócio-Econômicas, sendo que um dos artigos foi categorizado em duas temáticas, ou seja, dois assuntos principais.

O gráfico 2, que segue, ilustra a relação do número de artigos referentes aos estudos de população por temática, onde vemos a ocorrência de um artigo com a

temática Distribuição Espacial, dois artigos com a temática Coleta de dados,

mensuração, tendências e projeções, e um artigo, entre os três considerados, com a temática Relações Sócio-Econômicas.

GRÁFICO 02

(10)

Por fim, para a “Revista 1”, construímos uma tabela (tabela 1) que demonstra a relação entre os artigos identificados como estudos de população e as temáticas de classificação estabelecidas, tratando os artigos pelos títulos de publicação.

Tabela 1

Revista de Geografia - São Paulo - Publicação UNESP (1982 – 1997)

Artigos Referentes aos Estudos Populacionais X Temáticas Principais

TEMÁTICAS 1983 1996 1997

População Geral — — —

Teorias e métodos demográficos e estudos

gerais de população

— — —

Coleta de dados, mensuração, tendências e

projeções

"Análise Espacial de População: o caso da depressão demográfica na região da alta paulista

(Marília - SP)"

"O

Desenvolvimento: indicadores e

tentativa de avaliação" Relações

sócio-econômicas — "Geografia do Crime" —

Políticas, planos e

programas — — —

Dados Estatísticos — — —

Demografia Histórica — — —

Mortalidade — — —

Fecundidade — — —

Fecundidade Geral — — —

Controle da Fecundidade — — —

Migração — — —

Migração Interna — — —

Migração Internacional — — —

Distribuição Espacial

"Análise Espacial de População: o caso da depressão demográfica na região da alta paulista

(Marília - SP)"

— —

População

Economicamente Ativa — — —

Nupcialidade e Família — — —

A Geografia e os Estudos

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Características e Necessidades da

População

— — —

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

Para a “Revista 2” (Revista Geografia), encontramos um total de 742 artigos,

dispostos em 34 volumes. Do total de artigos encontrados, 41 faziam referência a estudos populacionais, ou seja, 5,52% dos artigos publicados na revista, distribuídos em 22 volumes. Esta porcentagem é mostrada mais claramente no gráfico 3, que segue.

GRÁFICO 03

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

Do total de 16 temáticas estabelecidas, 15 foram trabalhadas pelos artigos

referentes aos estudos de população (a única exceção foi a temática Fecundidade). A

seguir, o gráfico 4, ilustrativo da quantidade de artigos encontrados por temática na “Revista 2”.

(12)

15 9 5 5 5 4 4 3 3 3 2 2 2 1 1 0

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Distribuição Espacial Relações Sócio-Econômicas Demografia Histórica Migração Interna Políticas, Planos e Programas A Geografia e os Estudos Populacionais Características e Necessidades da População Migrações Nupcialidade e Família Teorias e métodos demográficos e estudos gerais Coleta de dados, mensuração, tendências e projeções Dados Estatísticos População Economicamente Ativa Migração Internacional Mortalidade Fecundidade

Número de Artigos

T e m á ti c a

Revista Geografia – Rio Claro (1982 – 2009) Temáticas X Número de Artigos

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

Cabe ressaltar que cada artigo pode ter sido categorizado em uma ou no máximo em duas temáticas como eixo principal. Além disso, evidencia-se uma considerável

quantidade de artigos (n=15) que tratam especificamente da questão da Distribuição

Espacial da população, e poucos que dizem respeito diretamente aos assuntos de “base”

dos estudos populacionais, como a Mortalidade, a Natalidade e a Fecundidade, por

exemplo.

Classificando os artigos encontrados em décadas, temos que, entre 1982 (exclusive) e 1992 (inclusive), a “Revista Geografia” publicou 23 artigos referentes à

temática população, distribuídos ao longo dos dez anos, sendo que em todo ano pelo

menos um artigo sobre população foi publicado. Para a década de 1993 (inclusive) a

2003 (inclusive), foram encontrados 12 artigos envolvendo a temática população,

distribuídos em sete anos. Por fim, na tabela 2, verificamos a ocorrência de seis artigos referentes à temática população em um período de cinco anos (entre 2004 - inclusive - a 2009 - exclusive). A tabela segue abaixo, identificando os artigos pelos títulos de publicação e relacionando-os com as temáticas envolvidas.

Tabela 2

Revista Geografia – Rio Claro (2004 - 2009)

Artigos Referentes aos Estudos Populacionais X Temática Principal

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"A Geografia e o Estudo da Segregação

Sócio-Espacial"

A Geografia e os Estudos Populacionais /Distribuição Espacial — — — — "Território da Desigualdade: pobreza, fome e

concentração fundiária no Brasil" — Características e Necessidades da População — — — "Mapeamento de Indicadores Sócio-econômicos do Município de Parnamirim (RN) utilizando técnicas de geoprocessamento — Dados Estatísticos/ Relações. sócio-econômicas — — — "Análise da densidade da ocupação do aglomerado urbano da região metropolitana de São Paulo pela

estimativa de dimensão fractal"

— — Distribuição

Espacial — —

"Qualidade de vida no espaço intra-urbano em Assis Chateaubriand/PR — — — Caracterís- ticas e Necessida- des da População/ Relações sócio-econômicas — "Fluxos Migratórios e Formação da Rede Urbana de

Roraima" — — — — Migrações Internas/ Distribui-ção Espacial

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

Por fim, para a “Revista 3” (Revista Geografia – Universidade Estadual de

Londrina), foram encontrados 25 artigos referentes aos estudos populacionais, do total

(14)

Estes números equivalem a um percentual de 11,31% dos artigos totais, distribuídos em

nove volumes. O gráfico 5 ilustra esta proporção.

GRÁFICO 05

11,31%

88,69%

Revista Geografia – Universidade Estadual de Londrina (1983 - 2005)

Artigos Ref erentes a Estudos Populacionais

Demais Artigos

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

A respeito das temáticas propostas, vimos que foram trabalhadas pelos artigos

nove temáticas principais, das 16 totais que estabelecemos inicialmente.

Novamente, pudemos notar o predomínio dos assuntos envolvendo a

Distribuição Espacial da população e a ausência de artigos que trataram diretamente

sobre os assuntos de “base” dos estudos populacionais. Também, é evidente a pouca

atenção dada aos estudos de população que trabalham com a discussão das Teorias e

Métodos Demográficos, assim como a reflexão epistemológica a respeito da Demografia “pura” enquanto ciência e mesmo da Demografia enquanto ciência auxiliar dos estudos geográficos.

A predominância de trabalhos centrados na criação, no desenvolvimento e na

aplicação de Políticas, Planos e Programas de atenção a população, bem como no

cuidado das suas Características e Necessidades básicas, revelam o viés bastante

funcional da Demografia enquanto elemento de subsídio à pesquisa geográfica. O

gráfico 6 figura estas considerações.

(15)

9 9 9 5 2 2 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0

0 2 4 6 8 10

Distribuição Espacial Relações Só cio-Econômicas Políticas, Planos e Pro gramas Características e Necessidades da Po pulação Demografia Histórica Migrações Pop ulação Economicamente Ativa Migração Interna Migração Internacional A Geografia e o s Estudos Po pulacionais Nupcialidade e Família Fecundidade Teorias e méto dos demográficos e estudos gerais Coleta d e dados, mensuração, ten dências e projeções Dad os Estatísticos Mortalidade

Número de Artigos

T e m á ti c a

Revista Geografia – Universidade Estadual de Londrina (1983 - 2005)

Temáticas X Número de Artigos

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

Ao analisarmos os assuntos discutidos pelos artigos nas décadas determinadas

para a “Revista 3”, encontramos, entre 1983 (exclusive) a 1993 (exclusive), sete artigos

identificados como estudos de população. Estes artigos foram publicados em três

volumes, compreendidos em um período de cinco anos (1985-1989). Na sequência, a

tabela 3, que demonstra cada temática discutida individualmente por cada artigo, sendo

estes artigos identificados por seu título e ano de publicação.

Tabela 3

Revista Geografia – Universidade Estadual de Londrina (1983 - 1993)

Artigos Referentes aos Estudos Populacionais X Temática Principal

ARTIGOS 1985/86 1987 1988/89

“Moradias no Paraná: Problemas e Soluções"

Relações Sócio-Econômicas/Características

e Necessidades da População

— —

"Produção e Reprodução do Espaço Urbano de Londrina - à

(16)

"Transformações na área central de Londrina

- um exemplo a partir das 'casas de madeira'"

— Relações Sócio-Econômicas/ Características e Necessidades da População —

"Setor Informal e crescimento urbano de Londrina. Um exemplo

a partir dos 'catadores de papel'” — Relações Sócio-Econômicas/ Características e Necessidades da População —

"Estado, Região e Planejamento: o Programa de apoio às cidades de fronteira da

Amazônia brasileira"

— — Políticas, Planos e

Programas

"Estratégia de crescimento local - industrialização de pequenas cidades paranaenses: o caso de

Toledo" — — Relações Sócio-Econômicas /Políticas, Planos e Programas "Imigrantes: o processo

material e diversidade cultural no Paraná"

— — Migração

Elaboração: Juliana Corrêa Zaguini, 2010

Para o período compreendido entre 1994 (exclusive) a 2005 (inclusive),

encontramos 19 artigos distribuídos em seis anos, sobretudo focados na Distribuição

Espacial da população (sete artigos) e na aplicação de Políticas, Planos e Programas de apoio a população (seis artigos), concentrando 68% dos estudos de população encontrados.

ANÁLISE QUALITATIVA DOS RESULTADOS

Para o tratamento qualitativo dos resultados, tomar-lhe-emos como significando o estudo individual de cada periódico, atentando para as possíveis relações temporais divisadas em seus trabalhos.

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Tais estudos demonstraram, em grande parte dos 99 artigos observados, certa preferência pelo uso do método do Positivismo Lógico na elaboração de seus argumentos, sendo a observação e a descrição as metodologias mais aplicadas na obtenção de resultados. Este predomínio, entendemos estar relacionado à influência da escola de Geografia Teorética, predominante no pensamento geográfico do momento, especialmente no que se refere aos anos iniciais da década de 80.

Do total de 99 artigos observados, apenas três se referiam aos estudos de população em Geografia, e ainda assim de modo bastante inicial (ver gráfico 1). Estes estudos revelaram a influência de uma Geografia Crítica, baseada sobretudo no método do Materialismo Histórico-Dialético, primando por análises menos demográficas e mais

geográficas dos assuntos que discutiam. A Distribuição Espacial, as Relações

Sócio-econômicas e a Coleta de Dados, Mensuração, Tendências e Projeções, foram as temáticas predominantes nestes estudos. De modo geral, podemos afirmar que estes trabalhos estão relacionados ao que Damiani (1991) chama de

transformação dos números em drama: “aquele do indivíduo, dos grupos, da humanidade inteira” (Lefebvre). Ou dramatização dos números. O drama humano e social que a geografia, refletindo sobre população, aspira alcançar; certamente, em alguns de seus elementos, diante de sua extensa complexidade (p.8).

Para o periódico que denominamos “Revista 2” (“Revista Geografia”), sediada no Departamento de Geografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) do campus da UNESP de Rio Claro, publicação de responsabilidade da AGETEO (Associação de Geografia Teorética), o período temporal trabalhado fora o compreendido pelos anos de 1982 e 2009. Nesta revista, a Geografia é tratada de modo “plural”, pelo que observamos nos estudos baseados nos métodos do Positivismo Lógico, do Materialismo Histórico-Dialético e também na Fenomenologia.

(18)

No período de 1990 a 2000, os estudos gerais observados referiram-se especialmente às temáticas “humanas” do espaço geográfico, notadamente as relacionadas à pobreza e suas dimensões e a concentração de renda e de terras (estudos rurais), especialmente relacionados a crise econômica da década de 80 e ao evento da abertura econômica brasileira ocorrida no período.

Por fim, entre os anos 2000 e 2009, observamos o equilíbrio na predominância entre os estudos de caráter “físico” e “humano” da Geografia do período, com a peculiaridade da influência das técnicas do Sensoriamento Remoto e do Geoprocessamento, além dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) como subsídio ao desenvolvimento dos estudos de observação e organização do território.

No que tange aos estudos de população propriamente, as temáticas predominantes observadas foram as relacionadas, necessariamente nesta ordem, à Distribuição Espacial da população, às Relações Sócio-econômicas, à Demografia Histórica, à Migração Interna e às Políticas, Planos e Programas de atenção a população, conforme apontou o gráfico 4. Estes estudos estiveram fortemente ligados a outras áreas do conhecimento científico, sobretudo a Economia, a Sociologia, a Antropologia e mesmo a Demografia acadêmica.

Relacionando os estudos de população do periódico geográfico analisado com as temáticas de classificação a eles propostas, temos o que nos diz Scarlato (2000), ao argumentar sobre a relevância destes trabalhos em sua aplicação prática:

Deslocando-se a questão para o plano interno das políticas governamentais de cada país, torna-se difícil pensar na elaboração de qualquer programa de desenvolvimento econômico sem os subsídios numéricos referentes à população. Por exemplo, o conhecimento da taxa de crescimento demográfico e da distribuição da população em suas diferentes faixas de idade é condição necessária para qualquer política de empregos e de educação, assim como para os programas habitacionais, de saneamentos básicos e outros (apud. ROSS, p.386 – adaptado).

Os estudos de população encontrados na investigação da “Revista Geografia”

(19)

neoliberalismo econômico, do fim do período da “Guerra-fria”, da crise econômica da década de 80, entre outros.

Por fim, para o periódico denominado “Revista 3” (Revista Geografia), publicação da Universidade Estadual de Londrina, tomamos como período de análise os anos compreendidos entre 1983 e 2005, notando uma Geografia de caráter preferencialmente “humano”, sendo a perspectiva do Materialismo Histórico-Dialético a mais empregada pelos estudos, em uma visão geral.

Os temas relacionados aos estudos Geomorfológicos, à Geografia Agrária, à Geografia Urbana e à Geografia de População, foram os mais evidentes, sempre em uma espacialidade vinculada ao local como área core de desenvolvimento das propostas de análise. O gráfico 6 resumiu as temáticas mais discutidas por estes estudos, que estiveram temporalmente concentrados sobretudo a partir dos anos 90 e anos 2000 e,

assim como na Revista Geografia (AGETEO - Rio Claro), também revelaram a

influência dos eventos históricos do momento em que foram publicados, especialmente

os relacionados a Reforma Agrária, ao neoliberalismo econômico, ao Plano Real e a

globalização e organização do território.

De modo geral, os estudos de população veiculados pela Revista Geografia da

Universidade Estadual de Londrina, estiveram frequentemente associados ao evento da

migração internacional ocorrida para o Brasil nos séculos XIX e XX, da qual a região

Sul participou como receptora de mão-de-obra. As pesquisas envolvendo a distribuição

espacial de migrantes japoneses e as relações sócio-econômicas travadas entre os

migrantes europeus e a produção agrícola na região, constituíram notas características

no tratamento da temática população neste periódico.

Sobre esta temática, Scarlato (2000) aponta:

(20)

Em linhas gerais, os periódicos geográficos analisados mostram uma tendência

de situação contextual dos trabalhos que englobam, em que as temáticas discutidas

revelam a vigência conceitual do momento histórico de sua elaboração/publicação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos estudos populacionais em periódicos geográficos, notamos

que os assuntos que tratam do tema população não apresentam grande relevância nas

revistas de Geografia, já que nestas os artigos que trabalham com a perspectiva “física” do espaço geográfico, por exemplo, aparecem com maior frequência.

Outro fator constatado foi que os artigos que discutem a temática população

seguem, nas três revistas pesquisadas, um padrão em relação ao assunto principal abordado, ou seja, as temáticas trabalhadas nos escritos para todas as revistas não apresentaram variação considerável, mantendo-se estes trabalhos capturados, principalmente, por assuntos tratantes da distribuição espacial da população, ressaltando esse tema no espaço geográfico.

Cabe ressaltar, também, que os estudos de população retratados nos artigos analisados, refletem a época e a situação da ciência geográfica em que foram escritos, variando conforme as escolas de pensamento predominantes, articulados com as ideias e conceitos vigentes.

A respeito da escala espacial geográfica trabalhada pelos artigos, esta se

mantém, especialmente, na grandeza do lugar, com estudos focados nas cidades, nos

bairros e nas comunidades, sobretudo, embora a região tenha também sido trabalhada. Por fim, após a análise das três revistas selecionadas, podemos entender que os estudos sobre população na ciência geográfica que trabalham com a perspectiva crítica de análise - entendida tal como aponta Beaujeu-Garnier (1980) ao argumentar a necessidade do diálogo entre a Demografia e o pensamento sobre o espaço geográfico - são bastante recentes, avultando-se, apenas, nos finais da década de 1980. De modo geral, os estudos de população em Geografia na modernidade atual carregam consigo as heranças de uma ciência notadamente quantitativa, embora enfatizem de maneira considerável a perspectiva da população como fenômeno humano.

REFERÊNCIAS

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BEAUJEU-GARNIER, Jacqueline. Fontes Demográficas e Dúvidas. In:

BEAUJEU-GARNIER, Jacqueline. Geografia de População. São Paulo: Cia. Editora Nacional,

1980. 2, p. 6 - 14.

BEAUJEU-GARNIER, Jacqueline. Que é Geografia de População? In:

BEAUJEU-GARNIER, Jacqueline. Geografia de População. São Paulo: Cia. Editora Nacional,

1980. 1, p. 3 - 5.

DAMIANI, Amélia. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 1991.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. MiniAurélio – O minidicionário da

Língua portuguesa.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002, 4ª. ed.

FERREIRA, Darlene Aparecida de Oliveira. Mundo Rural e Geografia – Geografia

Agrária no Brasil – 1930-1990. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

Revista de Geografia - São Paulo.São Paulo:Editora da UNESP, 1982 - 1997.

Revista Geografia. Rio Claro: AGETEO, 1982 - 2009. Vol. 7 - 34.

Revista Geografia. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 1983 - 2005. Vol. 1

– 14.

SAUVY, Alfred. Análise Demográfica. In: SAUVY, Alfred. Elementos de

Demografia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. 1, p. 15 - 48.

SCARLATO, Francisco Capuano. População. In: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches

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