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Relatório de Estágio Profissional - "A imprevisibilidade na minha Prática de Ensino Supervisionada"  

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Academic year: 2021

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A Imprevisibilidade na minha Prática de Ensino

Supervisionada

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº74/2006 de 24 de março e do Decreto-Decreto-lei nº43/2007 de 22 de fevereiro.

Jorge Miguel Martins da Costa

Orientadora: Mestre Mariana de Sena Amaral da Cunha

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II

Ficha de catalogação:

Costa, J. (2015). A Imprevisibilidade na minha Prática de Ensino Supervisionada: Relatório de Estágio Profissional. Porto: J. Costa. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL,

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III

AGRADECIMENTOS

O final desta jornada foi marcado por um caminho onde o trabalho, o esforço, mas também o divertimento estiveram presentes. Considero estes agradecimentos como uma forma de reconhecer importância a todos que estiveram presentes durante o caminho.

À minha família, por todo o apoio demonstrado, não olhando aos esforços para me fazer sentir bem. Muito Obrigado.

À Professora Orientadora, Mestre Mariana Cunha, por toda a ajuda, dedicação e disponibilidade demonstrada durante o ano letivo. O seu auxílio foi sem dúvida imprescindível.

À Professora Cooperante, Professora Júlia Gomes, pelo apoio, disponibilidade e proximidade que demonstrou durante o ano letivo.

Ao Núcleo de Estágio, Ana Martins, Diogo Sárria e Fábio Mota. Como é que seria este ano sem vocês? E sem as nossas discussões? Obrigado pelo enorme apoio e amizade demonstrado.

À Escola Cooperante, onde incluo toda a comunidade educativa, lugar onde me sentia em casa e caracterizada pela gentileza com que fui sempre tratado.

Aos Resistentes, que durante os dois últimos dois anos letivos, me apoiaram, me divertiram e me ajudaram a crescer. Obrigado pelos nossos momentos!

Aos meus amigos. Obrigado por TUDO.

A todos, os que direta ou indiretamente, positiva ou negativamente, me proporcionaram experiências que me fizeram crescer.

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V ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE FIGURAS ... IX

ÍNDICE DE QUADROS ... XI

ÍNDICE DE ANEXOS ... XIII

RESUMO ... XV

ABSTRACT ... XVII

Lista de Abreviaturas ... XIX

1. Introdução ... 1

2. Enquadramento Pessoal – Quem sou eu? ... 5

3. Enquadramento da Prática Profissional – Onde estou? ... 15

3.1 Entendimento do Estágio Profissional – O que é o Estágio Profissional?... 15

3.2 Enquadramento Legal e Institucional – Qual a estrutura do Estágio Profissional? 16 3.3 Enquadramento Funcional – Onde tudo aconteceu ... 19

3.3.1 A Escola Cooperante – O novo local de trabalho ... 19

3.3.2 O Grupo de Educação Física – Um lugar de auxílio ... 21

3.3.4 Pessoal não docente – Um apoio acrescido ... 21

3.3.5 Turma Titular – A minha responsabilidade pedagógica ... 22

4. Realização da Prática Profissional – O desenvolver da Prática de Ensino Supervisionada ... 25

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VI

4.1.1 Primeiros Contactos – A importância de conhecer para planear ... 26

4.1.1.1 Núcleo de Estágio – As primeiras definições ... 26

4.1.1.2 Escola Cooperante – Conhecer a minha nova casa ... 27

4.1.1.3 Grupo Educação Física – Interação com os novos colegas ... 28

4.1.2 Conceção do Ensino e da Educação Física – Análise dos documentos centrais e locais reguladores da prática ... 29

4.1.3 Planeamento do Ensino – Escolher o que ensinar e como ensinar ... 31

4.1.3.1 Nível Macro - Plano Anual... 33

4.1.3.2 Nível Meso - Unidade Didática ... 35

4.1.3.3 Nível Micro - Plano de Aula... 38

4.1.3.4 A imprevisibilidade na minha ação pedagógica – O que vai acontecer hoje? ... 39

4.1.4 Realização do Ensino – O desafio de mobilizar para a prática os conhecimentos . 42 4.1.4.1 O primeiro contacto com a turma - Um momento marcante ... 42

4.1.4.2 Modelos de Ensino – Qual aplicar? ... 44

4.1.4.2.1 A implementação dos Modelos - Modelo de Instrução Direta e do Teaching Games for Understanding ... 45

4.1.4.3 Disciplina na Aula – O desafio de controlar a turma ... 48

4.1.4.4 Clima de Aula – Um estímulo ao processo de Ensino Aprendizagem ... 50

4.1.4.5 Gestão da aula – Articulação entre tempo, alunos e material na procura do sucesso ... 52

4.1.4.6 A Instrução no processo ensino-aprendizagem – A diferença entre o que é transmitido e o que é percebido ... 55

4.1.4.6.1 Demonstração – A importância da imitação ... 58

4.1.4.6.2 O Feedback Pedagógico – Uma mais-valia para a aprendizagem do Aluno ... 59

4.1.5 Avaliação do Ensino – A “balança” do processo de Ensino Aprendizagem ... 61

4.1.5.1 Avaliação Inicial – A primeira recolha de informações ... 63

4.1.5.2 Avaliação Final – Imprimir um atributo ao processo de Ensino e Aprendizagem ... 64

4.2 Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade ... 63

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VII

4.2.2 O Desporto Escolar – Um ambiente de ensino diferente ... 66

4.2.3 A Turma Partilhada – Oportunidade de lecionar num Ciclo distinto ... 68

4.2.4 Atividades Enriquecimento Curricular – Mais uma oportunidade de ensino enriquecedora ... 71

4.2.5 Participação na Escola – Organização e participação de atividades pelo Núcleo de Estágio ... 73

4.2.5.1 O Corta Mato Escolar – Experienciar para aprender ... 73

4.2.5.2 O Torneio – Um momento emocionante ... 73

4.3 Área 3 – Desenvolvimento Profissional – Desenvolvimento de um profissional competente ... 76

4.3.1 O Professor Reflexivo - O papel da reflexão no desenvolvimento profissional do Professor ... 77

4.3.2 Observação das Aulas – Ver para aprender ... 77

4.3.3 Estudo de Investigação ... 82

5. Conclusão ... 111

6. Notas finais ... 115

7. Referências Bibliográficas ... 117

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IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Diferenças na avaliação do TRX ... 100

Figura 2 – Diferenças na avaliação da Bola Medicinal ... 100

Figura 3 – Diferenças na avaliação do Equilíbrio em Prancha ... 101

Figura 4 – Diferenças na avaliação do Kettlebell ... 101

Figura 5 – Diferenças na avaliação do Saltos à Corda ... 102

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XI

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Calendarização dos treinos (Diogo e Fábio) ... 93

Quadro 2 – Calendarização dos treinos (Jorge) ... 93

Quadro 3 – Protocolo do circuito de avaliação Fit School ... 94

Quadro 4 – Protocolo do circuito de avaliação Fit School (cont.) ... 95

Quadro 5 – Protocolo do circuito de TF ... 95

Quadro 6 – Protocolo do circuito de TF (cont.) ... 96

Quadro 7 – Apresentação dos dados do Fit School obtidos nos três momentos de avaliação ... 98

Quadro 8 – Apresentação dos resultados dos testes Fit School em função do momento de avaliação (inicial, intermédia e final) para o Ensino Regular e Ensino Vocacional ... 103

Quadro 9 – Múltipla comparação A posteriori para os três momentos de avaliação de EqP ... 104

Quadro 10 – Múltipla comparação A posteriori para os três momentos de avaliação com KT ... 105

Quadro 11 – Múltipla comparação A posteriori para os três momentos de avaliação de SC ... 105

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XIII

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I – Ficha de caracterização da turma ... XXI Anexo II – Ficha de caracterização da turma (cont.) ... XXII Anexo III – Exemplo de Plano de Aula ... XXIII Anexo IV – Exemplo de Plano de Aula (cont.) ... XXIV Anexo V – Exemplo de Grelha de Avaliação Inicial ... XXV

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XV

RESUMO

O presente relatório é realizado no âmbito do Estágio Profissional, unidade curricular inserida no terceiro e quarto semestres do 2º Ciclo de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto no ano letivo de 2014/2015. Tem como objetivo realizar uma reflexão acerca das atividades desenvolvidas durante o ano letivo, confrontando a realidade com a literatura específica e onde é possível encontrar referências aos problemas emergentes da prática de ensino supervisionada durante o ano letivo e as soluções encontradas, que permitiram, assim, tornar-me num profissional mais competente. O tornar-mesmo encontra-se dividido em seis grandes capítulos: (1) Introdução – breve caracterização acerca do Estágio Profissional, do propósito e estrutura do Relatório de Estágio; (2) Enquadramento Pessoal – partilha do meu percurso de vida e o porquê de querer ser Professor e o levantamento das expectativas iniciais face ao Estágio Profissional; (3) Enquadramento Institucional – apresentação do enquadramento, organização e funcionamento do Estágio Profissional, assim como caracterização do contexto onde a prática de ensino supervisionada se realizou; (4) Realização da Prática Profissional – este capítulo refere-se a uma reflexão acerca da prática pedagógica, nomeadamente na organização e gestão do processo de ensino e aprendizagem, participação do Estudante-Estagiário na escola e Desenvolvimento Profissional onde se encontra inserido o estudo de investigação intitulado “Desenvolvimento de uma Unidade de Trabalho de Condição Física na Escola” onde verifico os ganhos no nível de condição física dos alunos, através do desenvolvimento de um circuito de treino funcional; (5) Conclusão – resumo acerca do ano de estágio, na qual é possível encontrar a comparação entre as expectativas iniciais e as vivências reais, assim como a tentativa de traçar o perfil do Professor de Educação Física. Durante o desenrolar do Estágio Profissional fui construindo a minha identidade profissional, baseada nas experiências vivenciadas numa situação de contexto real.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL,

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XVII

ABSTRACT

The current report is the result of a Practicum Training, which is a curricular unit of the third and fourth semesters of the Master of Teaching Program at the Elementary and Secondary levels, from the Faculty of Sport of the University of Porto, in the school year of 2014/2015. The aim of the report is to reflect about the activities developed during the current year, confronting the reality with the literature where is possible to find the problems that I faced during the school year and the solutions that I found and that therefore allowed me to become a more qualified professional. The report is divided in five main chapters: (1) Introduction – short characterization about the Practicum Training and the Report; (2) Personal Framework – characterization about my life journey and why I want to become a Physical Education teacher as well as showing my initial expectative towards the Practicum Training; (3) Practicum Framework – presentation of the framework, organization and the procedure of the Practicum Training as well as the characterization of the context where the Practicum Training was developed; (4) Implementation of the Professional Practice – this chapter is related to the reflection about the pedagogical practice, namely the organization and management of the teaching and learning process, the participation in the school activities and the Professional Development, in which is included the research study named as "Development of a Physical Condition Work Unity in School” where I verify the improvements of the students physical condition by the development of a functional training circuit; (5) Conclusion – resume about the school year, where is possible to compare the initial expectative with what was faced during the school year, as well as an attempt to trace the profile of the Physical Education teacher. Throughout the Practicum Training I’ve built my professional identity, based on the experiences lived in a real context situation

KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, PRACTICUM TRAINIG, STUDENT

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XIX

Lista de Abreviaturas

AF Atividade Física

AC Avaliação Criterial

AEC Atividade Enriquecimento Curricular

AFi Avaliação Final

AtF Atividade Física

AI Avaliação Inicial

Aint Avaliação Intermédia

AN Avaliação Normativa

BM Bola Medicinal

BP Burpees

CF Condição Física

CNE Corpo Nacional de Escutas

DE Desporto Escolar

DT Diretor Turma

EC Escola Cooperante

EE Estudante Estagiário

EF Educação Física

EqP Equilíbrio em Prancha

EP Estágio Profissional

FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FCDEF-UC Faculdade Ciências do Desporto e Educação Física da

Universidade de Coimbra

HIIT High Intensivity Interval Training

MEC Modelo de Estrutura do Conhecimento

MED Modelo Educação Desportiva

MEEFEBS Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básicos e Secundário

MI Membros Inferiores

MID Modelo de Instrução Direta

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XX

NE Núcleo de Estágio

PA Plano de Aula

PC Professor Cooperante

PES Prática de Ensino Supervisionada

PO Professor Orientador

RE Relatório de Estágio

SC Saltos à Corda

SOCA Sistema de Observação do Comportamento do Aluno

SOCP Sistema de Observação do Comportamento do Professor

TAC Tomografia Axial Computorizada

TF Treino Funcional

TGfU Teaching Games for Understanding

UC Universidade de Coimbra

UD Unidade Didática

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1

1. Introdução

O presente relatório foi realizado no âmbito do Estágio Profissional (EP). Esta unidade curricular é composta pela realização do Relatório de Estágio (RE), em parceria com a Prática de Ensino Supervisionada (PES) e encontra-se inserida no terceiro e quarto semestres do Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (MEEFEBS) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). A sua estrutura e funcionamento são superiormente reguladas pelas orientações legais presentes no Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de março e no Decreto-lei nº43/2007, de 22 de fevereiro, assim como no Regulamento Geral dos Segundos Ciclos da Universidade do Porto (UP), Regulamento Geral dos Segundos Ciclos da FADEUP e Regulamento do Curso de Mestrado em EEFEBS, Regulamento da Unidade Curricular de Estágio Profissional e Normas Orientadoras do Estágio Profissional.

O EP surge como etapa final da formação inicial do Estudante-Estagiário (EE) e tem como objetivo “a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos novos docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão” (p.2)ii.

De acordo com Queirós (2014) o EP pode ser encarado como um local onde é construída uma profissão. Assim, cabe ao EE utilizar as valências associadas ao EP para construir a sua identidade profissional, baseada no desenvolvimento de uma ação competente. É através do EP que os EE vai passando de uma ação mais marginal para uma participação mais central e autónoma, no seio da comunidade docente, partindo de uma ação refletida, com o intuito de configurar e reconfigurar a sua identidade profissional (Batista & Queirós, 2013).

Enquanto EE, tinha como expectativas iniciais desenvolver as minhas capacidades enquanto profissional competente, já que o EP seria uma oportunidade de crescer de forma sustentada e refletida. Encarava também como desafio ter a missão de lecionar a uma turma onde todos os alunos eram repetentes e onde os comportamentos desviantes característicos. Pretendia

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assim, desenvolver as capacidades dos alunos nas quatro categorias transdisciplinares de Vickers (1990): habilidades motoras; cultura desportiva; condição física e conceitos psicossociais. Também tinha como objetivo desenvolver o gosto pela prática desportiva, contribuindo assim para a busca autónoma do exercício físico pelos alunos. Por fim, a nível da comunidade escolar, augurava ser tratado como um elemento do grupo. Assim, considerava importante a relação a desenvolver com os restantes professores.

O RE encontra-se dividido em cinco capítulos fundamentais: introdução; dimensão pessoal; caracterização da prática profissional; realização da prática profissional; conclusão. Segue-se uma explicação sumária dos conteúdos abordados em cada capítulo.

No primeiro capítulo realizo uma breve caracterização acerca do EP e do RE. Seguidamente, partilho a minha estória, onde refiro o meu percurso académico e desportivo, e também como surgiu o sonho de uma dia ser Professor de Educação Física (EF). Ainda neste capítulo são feitas referências às minhas expectativas iniciais em relação ao EP e seus intervenientes: alunos, Núcleo Estágio (NE), Professora Orientadora (PO) e Professora Cooperante (PC).

No terceiro capítulo faço uma caracterização da prática profissional, sob o ponto de vista legal e institucional. É também neste capítulo que se define funcionalmente o EP, através da análise do contexto onde se realiza o EP.

De seguida, no quarto capítulo, procedo a um confronto entre a prática desenvolvida pelos intervenientes e as evidências teóricas. Este capítulo encontra-se subdividido em três áreas distintas: Área 1- Organização e gestão do processo de ensino e aprendizagem; Área 2 – Participação na escola e relações com a comunidade; Área 3 – Desenvolvimento profissional. Na Área 1 encontram-se relatos sobre a análise dos documentos centrais e locais, e também sobre a conceção de ensino adotada. Ainda dentro desta área, partilho reflexões acerca do planeamento realizado nos três níveis: plano anual; unidade didática (UD) e plano de aula (PA). Após o planeamento discorro sobre a realização do ensino, os primeiros contactos com os elementos da comunidade educativa, as dimensões de intervenção pedagógica, os modelos de ensino

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aditados e a avaliação. Relato ainda sobre as experiências extracurriculares que vivenciei durante o ano letivo: assessoria à direção de turma, desporto escolar (DE), atividade de enriquecimento curricular (AEC) e as atividades onde o NE participou durante o ano letivo. Por fim, faço referência à importância da reflexão e da observação enquanto componentes marcantes da estrutura do EP e que tornam o EE um profissional mais competente. É também aqui neste grande capítulo que se encontra o estudo investigação desenvolvido em sede de NE.

Por fim, no último capítulo, concluo este relato com um resumo acerca do decorrer do ano letivo, onde realizo uma comparação entre as expectativas iniciais e aquilo que encontrei, bem como uma tentativa de caracterizar o perfil do Professor de Educação Física face às experiências em contexto real de ensino por mim vivenciadas.

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2. Enquadramento Pessoal – Quem sou eu?

A minha infância foi caracterizada por ser bastante ativa. O jogar futebol com o meu pai num jardim ou com os primos na praia durante as férias sempre foi prática comum na minha vida, ainda que não estruturada. Durante as férias, eu e os meus amigos juntávamo-nos todos os dias para jogar futebol ou para andar de bicicleta, atividades apenas interrompidas pelas refeições. Assim, fui adquirindo a paixão pela prática desportiva que ainda hoje mantenho. Mais tarde, comecei a jogar futebol no Sport Clube de Rio Tinto, mantendo-me na equipa durante quatro anos. Terminado esse período, continuei até aos dias de hoje a praticar desporto semanalmente com amigos, nomeadamente Escalada, Futsal e Natação, no entanto, de forma informal.

Face a este cenário é pertinente questionar o porquê do abandono de uma prática desportiva federada. Essa razão prendeu-se com uma atividade, que eu considero ser a mais marcante na formação da minha identidade, o Escutismo. Sou Escuteiro do Corpo Nacional de Escutas (CNE) há catorze anos, tendo passado por todas as secções e encontrando-me agora a retribuir tudo o que o Escutismo me deu, ao aceitar um cargo numa equipa de animação (Equipas de adultos responsáveis pela coordenação e supervisão de cada secção). Foi no CNE que fiz os meus melhores amigos e que cresci enquanto cidadão. “A missão do Escutismo consiste em contribuir para a educação dos jovens, partindo dum sistema de valores enunciado na lei e promessa escutistas” (World Scout Bureau, 2000). Esse sistema de valores pode ser caracterizado em três categorias distintas: dever para com Deus, dever para comos outros e dever para consigo próprio. Assim, os valores que o movimento representa são, na minha perspetiva, o que o tornam o melhor modelador de jovens. A escola também tem o desenvolvimento dos valores como objetivo. O Programa Educação Física do 3º Ciclo (2001) contempla o desenvolvimento de valores que se enquadram na categoria do “dever para com os outros” e “dever para consigo próprio” encontrado no Escutismo. Todas as experiencias passadas no Escutismo tornam um jovem, que se encontra em construção do seu “Eu”, uma pessoa mais completa, mais apta a lidar com as adversidades, mais criativa e mais solidária. Assim sendo, a minha identidade é fortemente marcada por estes dois polos:

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Desporto e Escutismo. Apesar de a tarefa de ser Professor e a de ser animador serem diferentes, sendo uma exclusivamente profissional e outra exclusivamente voluntária, elas apresentam bastantes semelhanças. O Escutismo define como seu objetivo de atuação o desenvolvimento completo de crianças e jovens ativas na sociedade. Desse modo, é possível observar claramente uma preocupação com o desenvolvimento de capacidades pessoais e sociais dos seus elementos. Cabe aos responsáveis promover esse desenvolvimento da melhor forma possível. Assim, podemos verificar a existência de um paralelismo entre a escola e o Escutismo, ao nível do desenvolvimento das capacidades sociais. Utilizando como ponto de partida esse objetivo, assumem-se vários domínios que acabam por também ser alvo de preocupação no Escutismo, como a gestão da disciplina, a gestão das emoções dos jovens, que muitas vezes veem no Escutismo uma escapatória do seu mundo cheio de problemas. Existe também uma preocupação com o desenvolvimento das capacidades individuais dos elementos, seguindo um Sistema de Progresso Pessoal definido a nível nacional e trabalhado individualmente e em grupo. O Escutismo acresce à escola conhecimentos que são de modalidades educativa não escolares (Palhares, s/d). Isto é, conhecimentos diferentes daqueles que são lecionados na escola. Podemos então concluir que o ensino no Escutismo não preconiza o desenvolvimento de conhecimentos escolares, mas antes define o seu próprio caminho. Assim, é possível concluir que apesar de dinâmicas bastante diferentes, o Escutismo e a Escola são complementares, no que toca ao objetivo fundamental de desenvolver crianças e jovens integralmente.

No que toca ao sonho de ser Professor, surgiu ainda no Ensino Básico, devido a excelentes Professores de EF com os quais interagi, que, aliado ao facto de ser naturalmente apaixonado pelo Desporto, acabaram por me guiar nessa direção. Felizmente fui um aluno com sorte, pois ao contrário de alguns colegas que tiveram o característico Professor de “calça de ganga”, que os põe a jogar futebol, contactei com Professores que se preocuparam com o nosso desenvolvimento. Recordo-me de, no 7º ano e 8º ano de um Professor que me marcou profundamente. Para além de cumprir com o programa, também se

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preocupava com a nossa formação. Lecionava aulas excecionais e desafiantes, mas era igualmente capaz de dar sempre uma palavra amiga e ter uma relação especial com os alunos. Isso tornou-o num exemplo para mim, e daí cresceu este sonho de ser Professor de EF, ainda que de forma algo inconsciente. Com efeito, Timmerman (2009) refere o impacto das experiências escolares modeladoras no desenvolvimento da identidade de um professor e do seu profissionalismo. Estas experiências podem ter um papel importante na decisão do indivíduo em tornar-se professor.

No ensino secundário ficou assente objetivo de seguir a área desportiva, quando ingressei no Curso Tecnológico de Desporto. Aqui, encontrei um espaço onde tive a oportunidade de aumentar os meus conhecimentos, nomeadamente a nível da organização de eventos. Tive a oportunidade de estagiar no Inatel-Porto, que considero uma ótima oportunidade, onde até desenvolvi o gosto pela organização de eventos Desportivos. Foi, todavia, no 12º ano, que tomei a decisão consciente de procurar ser professor de EF. Durante esse ano tive um professor que, no início do ano, não era do agrado da turma. No entanto, com o desenrolar do ano letivo, demonstrou capacidades didáticas na área do controlo e gestão, tornando-se líder sem se impor. Ao mesmo tempo, foi mobilizando os seus conhecimentos de forma a desenvolver o nível da turma, para estádios elevados. Relembro, particularmente, o exemplo da UD de Voleibol onde, numa disciplina que a priori não era do agrado da classe, os alunos iam mais cedo para as aulas para ter mais tempo de prática, acabando por alcançar um nível de jogo elevadíssimo, provavelmente superior ao que encontrei no Ensino Universitário. Durante esse ano, apesar de já saber que queria seguir a área do Desporto, foi quando decidi, “eu quero ser como ele”. Esse professor foi para mim um role

model, e uma parte importante na minha decisão de querer ser professor de EF.

Timmerman (2009) refere a ligação entre um professor modelo no ensino secundário e o futuro professor, assim como o desenvolver da sua forma de ensinar. A capacidade de combinar a mobilização de conhecimentos com a preocupação e interesse pessoal acerca dos seus alunos, são aspetos que acabam por influenciar positivamente os futuros professores.

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O passo lógico seguinte seria ingressar numa Licenciatura em Ciências do Desporto. E assim o foi. Entrei na Universidade de Coimbra (UC), sozinho e sem conhecer a cidade. Mais uma grande experiência que influenciou significativamente a minha personalidade. Coimbra foi uma lição de vida, que felizmente tive a oportunidade de viver e não a trocaria por nada. Durante este período da minha vida desenvolvi conhecimentos, assim como a minha personalidade. Tive assim a oportunidade de crescer enquanto pessoa, já que não me encontrava a viver em casa dos meus pais, mas sim sozinho numa cidade distante. Como experiência positiva destaco o processo de socialização que daí decorreu, onde fiz muitos amigos e conheci muitas realidades diferentes daquilo que estava habituado. Também tive que crescer enquanto indivíduo, tornando-me uma pessoa mais responsável. Considero o plano de estudo na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF-UC) completo e diversificado, onde tive a oportunidade, entre outros aspetos, de frequentar ao nível prático as unidades curriculares de Canoagem e Capoeira. Terminada a Licenciatura, surge um período de grandes dúvidas na minha vida. Qual seria a melhor opção: tentar entrar no mercado do trabalho ou prosseguir com o meu sonho? Acabei por decidir dar continuidade aos meus estudos e embarcar em mais uma aventura. Esta decisão prendeu-se com a impossibilidade de cumprir com o sonho de ser professor de EF caso não concluísse o 2º Ciclo de estudos em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário.

Durante o presente ano, acabei também por ingressar numa academia de formação de futebol, onde sou treinador de uma equipa de sub-6. Neste caso, os objetivos acabam também por ser algo semelhantes aos da escola, que são o de formar e ensinar. Em níveis de idade tão baixos o objetivo do treinador não deve ser pensar na competição, mas sim em formar e promover o melhor ambiente possível para o desenvolvimento das crianças. Segundo Marques (2004), até aos 6 anos de idade não se justifica a existência de quadro competitivos formais, devendo este ser substituídos por atividades auto organizadas. No entanto, o treinador deve transmitir aos atletas a importância de vencer, já que é esse o objetivo do desporto. Contudo, a sua preocupação deve

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estar orientada para a formação e não para a competição. Sinto que a minha atuação nos treinos é significativamente influenciada pelo primeiro ano de Mestrado. Os conhecimentos que adquiri foram bastantes úteis, permitindo-me ter uma perceção dos diferentes modelos de ensino e das suas valências. Assim, sou capaz de mediar a minha atuação nos treinos, tendo em conta os saberes adquiridos acerca dos modelos de ensino. Os entendimentos adquiridos na didática específica, também me permitem ser um profissional mais competente. Esses conhecimentos são sem dúvida um bónus, pois facilitam a minha ação tornando-me um profissional mais competente.

Hoje sinto que tomei a decisão acertada, porque sinto que no decurso do primeiro ano aprendi significativamente. Adquiri especificamente ferramentas que me auxiliaram a desenvolver competências profissionais, que acabam por apresentar transfere para diversas áreas onde me encontro inserido, sendo elas a escola, os escuteiros e os treinos. Fazendo uma autoanálise inicial, encontrei algumas potencialidades e também algumas dificuldades. Em primeiro lugar, senti ser bastante criativo e capaz de resolver situações imprevistas muito rapidamente, algo que desenvolvi através do Escutismo. Demonstro boas competências comunicativas na relação interpessoal e sou bastante preocupado, o que me levou a ter atenção aos detalhes na preparação dos diferentes níveis de planeamento. Apesar disso, inicialmente, senti que ainda tinha que melhorar no campo da disciplina, visto que não sabia bem como agir nessa dimensão da intervenção pedagógica do professor, fruto da inexperiência. Além disso, como é natural, existiam algumas modalidades onde não possuía vastos conhecimentos, ficando apenas pelo essencial e que necessitavam de um estudo e preparação prévios da minha parte. Curiosamente, durante o ano letivo, fui responsável por uma turma onde a característica mais importante do professor seria a disciplina. Iniciei o ano com uma postura mais fechada e assertiva, de modo a manter sempre o controlo da turma. Como era de esperar, tendo em conta as características da turma, foram recorrentes os comportamentos de indisciplina por parte dos alunos. Desse modo, desenvolvi mais a área do controlo e gestão da turma, numa fase inicial, de forma a responder às exigências colocadas pelo contexto.

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As minhas expectativas em relação ao EP eram altas. Esperava aprender e crescer significativamente durante este ano, nomeadamente no que concerne às tarefas e dimensões da intervenção pedagógica do professor. Ao nível da instrução, pretendia melhorar a intervenção do professor e o domínio do ensino. Já ao nível da disciplina, esperava ter a oportunidade de desenvolver o domínio do controlo e regulação do processo ensino-aprendizagem. No que toca ao domínio gestão, ambicionava melhorar a organização e coordenação do processo ensino e aprendizagem. Por fim, ao nível do clima, esperava desenvolver um ambiente de ensino e aprendizagem positivo. Achava que iria ser um período com um grande tumulto de emoções, mas que esses sentimentos não poderiam influenciar o meu trabalho que, como presumia, foi volumoso. Para mim este ano foi encarado como um "exame" à minha preparação para a vida profissional. Apesar de não ser remunerado, sei que apenas os "profissionais" executam o seu trabalho com grande qualidade e esperava corresponder a essas expectativas. Queria ser capaz de chegar ao final deste ano e dizer: "estou preparado para a realidade profissional". Além do “exame pessoal”, também sentia que devia ser encarado com um nível de exigência máxima, visto que, enquanto professores, já contribuímos diretamente para o desenvolvimento e maturação de jovens, sendo desse modo diretamente responsáveis pelo seu processo de ensino e aprendizagem. Assim, na minha ótica, o EP devia ser encarado como uma oportunidade única de aprendizagem, acompanhada pelo PC, PO e demais intervenientes. Esse mesmo entendimento é encontrado no artigo 2º do Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional: “O Estágio Profissional visa a integração no exercício da vida profissional de uma forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais, associadas a um ensino da Educação Física e Desporto de qualidade, reportam-se ao Perfil Geral de Desempenho do Educador e do Professor” (Matos, 2014)ii.

Durante EP, o EE tem um confronto com a realidade. É neste período que, pela primeira vez, é ele o responsável pela sua atuação. Apesar de durante a

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formação ter existido a possibilidade de lecionar algumas modalidades em diferentes escolas, e apesar de surtir efeitos positivos, acaba por não ser suficiente para o EE, levando a que, nos primeiros tempos do EP, exista um “choque de realidade” (Veenman, 1984), onde são levantadas as questões do que se deve fazer e o que deve ser (Braga, 2001). Esse “choque de realidade” fez-se sentir. O confronto com uma nova realidade esteve bem presente, no entanto, consegui lidar bem com os seus efeitos, devido ao background que possuo, que desde cedo me fez lidar com diferentes situações. Além disso, também me sentia bem preparado para o contacto com os jovens, visto que já tinha experiência na área.

Em relação aos alunos, uma vez que me foi atribuída uma turma de ensino Vocacional, depreendia que seriam alunos que me iam exigir muito trabalho a nível do controlo e disciplina, no entanto esperava que fossem também empenhados nas aulas de EF. A verdade é que nada me preparava para a realidade que estava prestes a enfrentar. O que encontrei foram alunos para os quais a Escola simplesmente não é importante, e que seguem uma postura de despreocupação e desinteresse acerca das possíveis repercussões dos seus atos. Durante o ano, foram recorrentes os casos de alunos a faltar à avaliação, ou mesmo a recusarem-se a fazer a mesma. Essa postura dificultou bastante o processo de ensino-aprendizagem durante o ano letivo. No entanto, existiram exceções. Essas exceções traduziram-se em alunos empenhados e acabaram por conseguir motivar um pouco os restantes alunos.

No que toca ao grupo de estágio, sabia que estariam sempre lá para me ajudar. Todos nós éramos já amigos e conhecíamo-nos bem. Assim, achava que podia contar com o seu apoio incondicional durante o ano. Essas expectativas acabaram por se confirmar. Todos nós nos damos bem, o que é um fator muito importante para um bom desenrolar do ano letivo. De acordo com Cunha et al. (2014), o trabalho e o bom relacionamento entre EE são manifestamente importantes, já que os colegas de estágio são considerados essenciais à melhoria de atuação e desenvolvimento profissional de um EE. Quando alguém sentia mais dúvidas ou dificuldades, tinha sempre um outro que se encontrava numa situação semelhante e era capaz de ajudar. As discussões que surgiam

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durante o ano eram manifestamente produtivas, sendo normalmente caracterizadas pela apresentação de diferentes pontos de vista, através do qual chegávamos a uma conclusão comum.

Já em relação ao grupo de EF, após as primeiras reuniões, os professores demonstraram ser acessíveis e, desse modo, esperava que estariam dispostos a transmitir os seus conhecimentos, sempre que interpelados com esse propósito. Tinha também como expectativa que não fossemos considerados como os "novatos", ou que nos pusessem de parte. Na verdade, esse desejo verificou-se. Fomos tratados como parte do Grupo e não como elementos estranhos à comunidade escolar. No entanto, não foram muito participativos durante o desenrolar do ano na nossa atuação e, assim, não transmitiram grandes conhecimentos ou experiências passadas. A comunidade educativa na primeira semana demonstrou-se bastante afável, principalmente os funcionários do pavilhão, que demonstram um grande carinho e preocupação por nós. Desse modo, esperava encontrar, também aqui, bastante apoio. Apoio esse que foi notório durante todo o ano. Os auxiliares foram muito prestáveis, estando quando necessário disponíveis a ajudar, desde os responsáveis pelo pavilhão até ao responsável pelas impressões. A diretora da escola também se demonstrou sempre recetiva às nossas atividades, encorajando-nos na sua realização.

Por fim, no que toca à PC e à PO, esperava que fossem, acima de tudo, justas e preocupadas. Justas na medida em que, fossem capazes de realizar criticas quando merecidas, mas também capazes de elogiar quando ajustado. O seu apoio era, para mim, visto como fundamental para a concretização do estágio. Esperava que, ao longo do ano letivo, fosse abalado por dúvidas e problemas que decorrem do processo de ensino e aprendizagem. Desse modo, desejava ter na PC e PO um apoio para me ajudar na procura de soluções. Considero que a par do NE, este foi o fator mais importante para o bom desenrolar das atividades. O apoio dado por ambas foi de profunda importância, acima de tudo a nível motivacional, pois quando as coisas se tornaram mais complicadas, era a elas que eu recorria e a quem expunha as maiores dúvidas.

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Assim, é possível verificar que o EP pretende aumentar o conhecimento dos futuros Professores, tornando-os mais completos e competentes, sendo auxiliados durante este processo. No meu caso, sinto que consegui aproveitar o máximo que o EP me ofereceu. Consolidei características que já se encontravam presentes, como a capacidade de comunicação e lidar com jovens e melhorei noutras áreas, nomeadamente, no controlo da turma e aplicação de castigos. Foi nestas áreas que sinto que existiu uma maior evolução da minha parte.

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3. Enquadramento da Prática Profissional – Onde estou?

3.1 Entendimento do Estágio Profissional – O que é o Estágio Profissional?

O EP é o primeiro contacto do EE com a realidade profissional, a escola. No começo demonstrei-me encantado com todas as valências associadas ao EP, mas ao mesmo tempo alarmado com a sua complexidade e exigência. Este choque inicial decorreu fruto do primeiro contacto autêntico dos EE com o EP. No entanto, com a entrada na escola, as preocupações foram esmorecendo e, com o decorrer do ano, fui obtendo mais conhecimentos que acabaram por me tornar num profissional mais competente, sendo auxiliado pelo NE, PC e PO.

Ao contrário de experiências anteriores, vivenciadas nas Didáticas Específicas, onde a oportunidade de prática pedagógica foi diminuída e simulada, sendo composta por um número reduzido de aulas lecionadas por grupos de 4 a 6 estudantes, no ano de EP tudo se alterou, passando o EE a ser responsável por todo o processo ensino e aprendizagem de uma turma. No entanto, esta responsabilidade não surge repentinamente, mas sim de forma progressiva e orientada (Matos, 2014)i, dando assim a possibilidade do EE

encarar a sua entrada na escola com a garantia de apoio à sua ação, tanto por parte do PC, como do PO. Assim sendo, o EP acaba por trazer amplos benefícios ao EE, não devendo ser um lugar onde se aplica conhecimento, mas sim um lugar onde se possam solidificar os requisitos da competência (Batista & Pereira, 2014).

O EP é visto como uma notável oportunidade para melhorar e crescer tanto a nível pessoal, como a nível profissional. A nível pessoal, o EE tem a oportunidade de se descobrir a si mesmo a um nível mais profundo, verificando as suas qualidades assim como as fragilidades e descobrindo os seus limites. É também uma oportunidade de desenvolver as suas relações sociais, já que vai ser confrontado com uma panóplia de personalidades, adaptando o seu modo de atuar a cada uma delas. Já a nível profissional, é o espaço onde o EE tem a oportunidade de mobilizar e desenvolver os conhecimentos adquiridos, tornando-se reflexivo acerca das suas ações, convertendo-se, assim, num profissional mais competente.

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Deste modo, o EP assume um papel privilegiado na formação de professores, já que é durante este período que se desenvolvem, de forma mais intensa, as competências associadas à profissão de docente (Paixão & Jorge, 2014). Por esse motivo, é expectável que o EP seja capaz de proporcionar aos EE oportunidades e experiências que o tornem um professor de EF competente. Um professor competente é aquele que promove em si uma identidade centrada na competência do conhecimento e competência da ética, auxiliada por uma competência pessoal, devendo também gozar de uma postura crítica e reflexiva (Batista & Pereira, 2014).

Face ao exposto, podemos concluir que a formação inicial tem um papel preponderante na preparação de futuros profissionais. Apesar de não ser possível estabelecer uma relação causal entre boa formação e bons profissionais, é possível afirmar que a competência de bons profissionais advém manifestamente da formação que estes tiveram (Batista & Queirós, 2013). Assim sendo, o EP tem um papel fundamental na formação de bons profissionais, devendo capacitar os alunos para um correto e competente desempenho da sua atividade profissional.

O EP na FADEUP está regulado pela convergência de aspetos legais, institucionais e funcionais que influenciam as condições sobre as quais as experiências são vividas pelo EE (Batista & Queirós, 2013), sendo desenvolvidos nos itens seguintes.

3.2 Enquadramento Legal e Institucional – Qual a estrutura do Estágio

Profissional?

O EP é superiormente regulado pelos princípios legais presentes no Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de Março e no Decreto-Decreto-Lei nº43/2007 de 22 de Fevereiro, que surgem respetivamente no âmbito do processo de Bolonha e especificam os requisitos de habilitação profissional para a docência pela obtenção do grau de Mestre.

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Em termos institucionais, encontra-se enquadrado de acordo com o Regulamento geral do 2.º ciclos da UP, o Regulamento geral do 2.º ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de MEEFEBSii .

O EP é uma unidade curricular situada no segundo ciclo de estudos conducente à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP. O mesmo integra o 3.º e 4.º Semestres e é composto por duas componentes: PES, realizada numa Escola Cooperante (EC), de acordo com o protocolo com a FADEUP e o RE, orientado por um Professor da Faculdade responsável pela supervisão do EE, no qual é relatada a experiência vivida na PES e defendido perante um júri em provas públicas (Batista & Queirós, 2013).

Esta unidade curricular tem como objetivo geral a “integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão” (p. 3)i.

De modo a operacionalizar a componente PES, a FADEUP cria protocolos com escolas cooperantes, onde é escolhido um professor de EF experiente e da confiança da faculdade, designado de PC. Reina (2013, p. 87) refere que “ser professor cooperante, é uma responsabilidade e um desafio e requer ter-se perfil”. O PC, como agente formativo, tem como função acolher e orientar um grupo de 2 a 4 EE (NE) durante um ano letivo. O PC é considerado um apoio ao EE, já que é a ele que este vai recorrer quando se encontra com dúvidas ou questões associadas ao EP. Assim, cabe ao PC um papel de acompanhamento do EE, estabelecendo a ponte entre este, a escola e a Faculdade. Ele tem também como responsabilidade supervisionar as ações do EE, no que diz respeito ao processo de conceção, planeamento, realização e avaliação (Batista & Queirós, 2013).

Cada um desses EE é responsável pelo processo de ensino e aprendizagem de uma turma da responsabilidade do PC. Em conjunto à lecionação por parte do EE da sua turma titular, o NE tem a seu cargo uma turma partilhada por todos os EE. Essa turma partilhada tem de ser de um ciclo distinto da sua turma titular.

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A lecionação é rotativa por todos os EE, sendo que cada um dos EE é responsável por um número de aulas definido, de modo a que, no conjunto de todas as atividades letivas, todos os EE tenham lecionado o mesmo número de aulas.

A cada NE foi também atribuído um PO, como elemento facilitador da operacionalização da PES, que é um professor da faculdade e que deve acompanhar, orientar e avaliar o processo de EP (Rodrigues, 2013). Para isso, deve instigar reuniões regulares entre os interventores no processo, facultar documentos orientadores e promover a participação em ações de formação organizados pela coordenação do EP. Desse modo, contribui para o estímulo de uma cultura de formação, assente na partilha de preocupações e perspetivas da escola, que acabam por desenvolver uma competência baseada na experiência refletida (Batista & Queirós, 2013).

O EP está dividido em três áreas de intervenção diferentes: Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem; Área 2 – Participação na escola e relações com a comunidade; e Área 3 – Desenvolvimento Profissional.

A primeira área tem como objetivo “construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física” (p.3) i, englobando

assim as tarefas de conceção, planeamento, realização e avaliação desenvolvidas pelo EE durante o ano letivo (Batista & Queirós, 2013).

Relativamente à segunda área de desempenho, esta engloba atividades não letivas e tem como objetivo “contribuir para a promoção do sucesso educativo, no reforço do papel do professor de Educação Física na escola e na comunidade local, bem como da disciplina de Educação Física, através de uma intervenção contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora” (p. 6)i. É, deste modo,

pretendida a integração do EE na comunidade educativa e envolvente, pelo que este deve procurar desenvolver um conhecimento do contexto, bem como envolver-se nas atividades que ultrapassam o âmbito da lecionação da turma que acompanha (Batista & Queirós, 2013).

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Por fim, a terceira área tem como objetivo “perceber a necessidade do desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional” (Matos, 2014, p. 7)i. Por conseguinte, é pretendido

que o EE investigue a sua atividade em toda a sua abrangência e desenvolva a sua competência profissional, na procura permanente do saber através criação de hábitos e processos de reflexão, investigação e ação (Batista & Queirós, 2013).

3.3 Enquadramento Funcional – Onde tudo aconteceu

3.3.1 A Escola Cooperante – O novo local de trabalho

A EC que me acolheu situa-se na cidade do Porto e é caracterizada por se encontrar num contexto socioeconómico heterogéneo. No entanto, é composta por alunos oriundos maioritariamente de estratos sociais mais baixos. Esse fator acaba por influenciar todo o contexto escolar, desde o desempenho dos alunos à intervenção dos professores no processo de ensino e aprendizagem, e até à atuação dos auxiliares de educação. Com efeito, são significativos os casos de alunos que demonstram falta de respeito, tanto pelos auxiliares de educação, como pelos professores.

Ao nível de uma caracterização do seu espaço, a EC ocupa uma área considerável perfazendo um total 200 m x 50 m,no que se conclui possuir uma área de 10000m 2. Os edifícios encontram-se em bom estado de conservação e

adequados ao ensino, não sendo entrave à aprendizagem. No entanto, não possui muitos espaços verdes, sendo que os que existem necessitam de manutenção. Contempla um campo exterior para a prática desportiva, com as dimensões formais contendo balizas e tabelas de basquetebol, assim como as respetivas marcações dos campos, sendo que estas já apresentam um estado de degradação. Comporta também um campo de andebol exterior, localizado num extremo após o final do campo exterior, com as marcações necessárias e

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respetivas balizas, usufruindo também de pista de atletismo exterior, adequada à prática.

Já o Pavilhão Desportivo encontra-se em melhores condições, principalmente na sua câmara principal, a qual apresenta um bom piso, bons balneários e acabamentos, que permitem a realização de aulas com normalidade, mesmo com chuva intensa. É constituído por um campo de dimensões oficiais, quatro tabelas de basquetebol, quatro balneários, dois quartos de banho, arrecadação de material e três gabinetes, designadamente um gabinete médico, um administrativo e uma sala de professores. Já na câmara mais pequena, destinada à prática de atividades gímnicas, existem problemas que impedem a sua integral utilização, obrigando a uma adaptação para um espaço mais curto, causado pelo levantamento do piso, fruto de infiltrações de água.

No que concerne ao material, a EC possui o material necessário à abordagem das distintas unidades temáticas. Não existiu nenhum caso em que as modalidades presentes no planeamento anual tivessem que ser alteradas por falta de material. Apesar disso, o estado em que o material se encontra não é o melhor. É possível observar bolas de basquetebol e andebol deformadas ou volantes de badmínton que se não se encontram nas condições ideais para a prática. Apesar de não ser um cenário ideal, este fator não influenciou negativamente a aprendizagem dos alunos, já que existiu material suficiente para substituir aquele que não se encontrava nas condições adequadas. A EC também não possui algum do material que consideramos necessário para a realização um circuito de treino funcional (TF) por nós criado. De modo a ultrapassar este obstáculo o NE teve que recorrer à criatividade. Através da análise dos materiais existentes da escola, foi possível verificar que através da adaptação/criação de materiais, seria possível aplicar o nosso circuito de TF. Assim, o NE criou um TRX com o material de escalada da escola. Fizemos também uma modificação num garrafão de água de 6 litros, convertendo-o num

kettlebell (KT). Durante a implementação do projeto de investigação, foi

requisitado material específico do TF à faculdade, de modo a realizar os momentos de avaliação.

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3.3.2 O Grupo de Educação Física – Um lugar de auxílio

O grupo de EF foi composto por nós EE, a PC e por mais quatro professores. Como éramos poucos e existiam poucas turmas, o roulement foi simplificado o que significou que existiram muitas ocasiões em que houve apenas uma turma por cada espaço, o que facilitou o ensino. Todo o grupo de EF se demonstrou disponível para nos auxiliar quando necessário.

3.3.3 O Núcleo de Estágio – Um grupo unido

No que diz respeito ao NE, este era composto por quatro EE. Todos nós somos extremamente próximos, tendo inclusive trabalhado juntos durante o primeiro ano do Mestrado. Considero que o NE foi o meu maior apoio durante o ano que findou. O facto de sermos todos amigos tornou o ambiente muito positivo e facilitador do trabalho a realizar. Foram regulares as conversas que tínhamos tanto informais, como de caráter formal e reflexivas, que nos ajudou a tornarmo-nos profissionais mais competentes. Entre nós subsistiu uma rede de inter ajuda que, em conjunto com a proximidade durante o ano letivo, permitiu ter numerosas discussões acerca dos planos de aula, das unidades didáticas e mesmo da adequabilidade das situações de aprendizagem. Foi neste clima positivo de reflexão, discussão e apoio que decorreu o ano letivo. Por conseguinte, o NE foi trabalhando em conjunto na concretização das suas tarefas. Apesar dos planeamentos terem sido adequados às circunstâncias específicas das suas turmas, foram trabalhados em conjunto com o propósito de produzir uma maior partilha de ideias, experiências e conhecimentos que em conjunto se complementam e fizeram o EE crescer.

3.3.4 Pessoal não docente – Um apoio acrescido

No que diz respeito aos auxiliares de educação, estes são caracterizados pela disponibilidade e simpatia que demonstram para com os EE, tendo-nos acolhido de uma forma amistosa. Os auxiliares demonstraram preocupação

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connosco, estando disponíveis para ajudar quando necessário. Na papelaria existiram casos em que era necessário imprimir algo e a auxiliar, de imediato, se demonstrava disponível. No pavilhão também se demonstraram constantemente úteis, questionando se precisávamos de algum material ou de alguma ajuda, mesmo quando estávamos a montar as situações de aprendizagem.

No entanto, é importante referir que existe falta de auxiliares na escola. Essa falta de elementos foi agravada sempre que um funcionário faltava, uma vez que os funcionários do pavilhão eram regularmente chamados para colmatar essa necessidade, acabando por pontualmente afetar as aulas de EF. A título de exemplo, aulas que se iniciavam às 10h10, tendiam a começar mais tarde, pois a essa mesma hora a funcionária ainda estava a sair do edifício principal. Desse modo, ocorreram aulas em que os alunos entravam mais tarde do que o esperado e que mesmo o EE só começava a preparar o espaço de aula cinco minutos após o toque.

3.3.5 Turma Titular – A minha responsabilidade pedagógica

De modo a perceber melhor o contexto da minha turma, realizei um estudo de turma através da administração de uma ficha biográfica, que foi elaborada em sede de NE (Anexo I). Esta ficha permitiu ao EE maximizar o seu conhecimento da turma, cumprindo o propósito de deixar o EE melhor preparado para adaptar o processo ensino e aprendizagem às potencialidades e aos constrangimentos da turma.

A turma do 8º ano de escolaridade era composta maioritariamente por elementos do sexo masculino (61%), com idades compreendidas entre os 15 anos e os 17 anos. Após a análise das respostas foi também possível concluir que a taxa de retenção na turma era de 100%, ocorrendo vários casos em que o número de retenções era superior a uma. Desse modo, prevalecia a possibilidade dos alunos evidenciarem problemas a nível disciplinar. Esse facto levou a que nas primeiras aulas destinasse maior foco da minha atenção ao controlo e gestão da turma. Apesar de não apresentar atitudes austeras, tentei manter um clima positivo, ainda que assertivo. O objetivo consistiu em

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demonstrar à turma a minha autoridade enquanto elemento dirigente da aula, mesmo que por vezes isso implicasse uma perda de tempo útil da mesma. Criei também rotinas com a turma que, aliadas às minhas preocupações com o controlo e gestão da turma, me permitiram facilmente exercer autoridade sobre os alunos, como é possível observar no seguinte excerto:

“O 8º ano já se encontra sob controlo. Já consigo exercer facilmente a minha autoridade e eles próprios já a reconhecem. Apesar de ainda terem comportamentos desadequados, já sabem que existem olhares em que não é preciso dizer mais nada, aos quais eles respondem com um 'Desculpe professor'.” (Diário de Bordo - Semana 7, Basquetebol, 16/10/2015, p. 1)

De forma a perceber melhor os dados antropométricos dos alunos, passíveis de influenciar o seu desempenho desportivo, analisei o peso e altura, aferindo desse modo qual o seu índice de massa corporal. Verifiquei também se existiam casos em que os alunos sofriam de lesões/doenças que tornassem a prática desportiva impossível ou limitada. Foi possível verificar que 50% dos alunos se encontra na área de “Baixo Peso” (Direção Geral Saúde [DGS], 2005) no que concerne ao índice de massa corporal. Assim, foi possível aferir que a musculatura dos alunos se encontrava pouco desenvolvida o que tem repercussões no seu desempenho motor, merecendo o trabalho de força particular atenção durante as aulas. Através da análise dos problemas de saúde dos alunos, verificou-se não existir nenhum caso de doença impeditiva da realização da aula, nem casos de lesões recorrentes. Apenas se registaram casos de asma e epilepsia, os quais mereceram maior atenção, caso os seus sintomas se manifestassem, mas não impeditivos à prática de EF.

No que concerne às preferências da turma, concluí que 55% dos alunos tinham como disciplina preferida a EF. Este fator demonstrou que, apesar do número de retenções da turma, eles gostavam da minha disciplina e que me cabia a mim criar aulas interessantes e desafiantes, de forma a conseguir que os alunos demonstrassem empenho. Já a nível de modalidades preferidas, as respostas dos alunos não foram muito díspares. As modalidades preferidas dos alunos são o Futebol (31%), o Andebol (17%) e o Voleibol (14%).

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Por fim, analisei a prática desportiva fora de contexto escolar. A percentagem de praticantes (44%) e não praticantes (56%) é próxima. Após análise deste facto, concluí que a turma apresentaria resultados heterogéneos a nível de capacidades físicas. Assim, coube-me o desafio de gerir essa heterogeneidade, sendo capaz de proporcionar aos não praticantes uma prática capaz de desenvolver as suas capacidades coordenativas e condicionais, sabendo que estes se encontram num estado de maturação propício ao desenvolvimento das mesmas. Durante as aulas, retirei vantagens do facto de 44% dos alunos serem praticantes. Esses alunos serviram como um exemplo a seguir pelos não praticantes. Nomeadamente na UD de Atletismo, esses alunos obtinham melhores resultados que os não praticantes e, consequentemente, desafiava os não praticantes a trabalharem de modo a conseguirem alcançar o nível dos praticantes. Nas UD em que existiam alunos praticantes da modalidade, socorri-me também dos alunos, utilizando-os como exemplo durante a demonstração.

O contexto da minha EC acabou por influenciar o meu planeamento. A nível anual, optei por abordar as modalidades que vão de encontro às preferências demonstradas pelos alunos. Além disso, dividi as três modalidades que reuniram maior preferência pelos três períodos, com o intuito de em cada período existir uma modalidade do agrado geral dos alunos. Fui também obrigado a adotar um planeamento anual diferente do comum, já que a minha turma era do ensino vocacional. Assim, em vez de as aulas terminarem no final do ano letivo, tive um planeamento anual para 65 horas anuais(Ministério Educação e Ciência [MEC], 2012) o que corresponderam 87 tempos letivos.

A nível dos PA, optei por dar em todas as aulas um circuito de treino funcional. Isto deveu-se ao facto da análise da turma ter demonstrado que existem alunos que não praticam atividade física desportiva fora do contexto escolar e assim, realizarem pelo menos um trabalho mais especificado de desenvolvimento das capacidades coordenativas e condicionais.

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4. Realização da Prática Profissional – O desenvolver da Prática de Ensino

Supervisionada

O presente capítulo tem como objetivo relatar as experiências do EE, em contexto de uma PES. Esta experiência visa a sua “ integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da PES em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafio e exigências da profissão” (Matos, 2014, p.2)ii.

De modo a operacionalizar este processo, a realização da prática profissional encontra-se dividida em três áreas de desempenho diferentes: Área 1, organização e gestão do ensino e da aprendizagem; Área 2, participação na escola e relações com a comunidade; Área 3, desenvolvimento profissional.

Na Área 1 são partilhados os aspetos vivenciados relativos à edificação do processo de ensino e aprendizagem, como as suas tarefas (conceber, planear, realizar e avaliar) e também as dimensões de intervenção pedagógica (disciplina de aula; clima de aula; gestão da aula; instrução). Por sua vez, na Área 2 são desenvolvidos os aspetos experienciados na participação na comunidade, nomeadamente do trabalho desenvolvido na assessoria à direção de turma, DE, AEC e turma partilhada, assim como a participação em atividades desenvolvidas na escola. Por fim, na Área 3 são demonstradas as vivências que permitiram um desenvolvimento de uma identidade e competência profissional, bem como o projeto de investigação desenvolvido pelo NE.

Assim, durante o presente capítulo vou retratar as experiências por mim vivenciadas durante o ano letivo, fazendo referência às principais dificuldades que encontrei e a forma como procurei soluciona-las.

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Processo de Ensino Aprendizagem

A presente área consiste no acompanhamento do processo ensino e aprendizagem de uma turma por parte do EE, sendo este confrontado com as exigências reais das contingências do contexto e da prática. O EE foi confrontado com os dilemas diários de um Professor, tendo que ter sido ser

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capaz de responder a esses dilemas colocando sempre a aprendizagem do aluno como principal preocupação.

Segundo Matos (2014)i a organização e gestão do processo ensino e

aprendizagem tem como objetivo “construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que (…) conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física” (p. 3). Estes objetivos devem ser cumpridos pelo EE e têm como finalidade o desenvolvimento de um processo ensino e aprendizagem com qualidade e preocupado com o desenvolvimento dos alunos.

4.1.1 Primeiros Contactos – A importância de conhecer para planear

Os primeiros contactos que são estabelecidos no início do EP são fundamentais para o EE. Considerando que se encontra a ingressar num mundo novo e desconhecido, o mundo profissional, a informação que conseguir retirar dos encontros iniciais vai moldar a sua atuação.

Deste modo, os primeiros contactos podem ser vistos como um aspeto fundamental da conceção e planeamento do Ensino, já que é através da influência destes que o EE inicia a sua ação no começo do ano letivo. De acordo com Bento (2003) “todo o projeto de planeamento deve encontrar o seu ponto de partida na concepção e conteúdos programáticos” (p. 7).

Durante este capítulo vou abordar a forma como se procederam os meus primeiros contactos, de acordo com a sua cronologia.

4.1.1.1 Núcleo de Estágio – As primeiras definições

O meu primeiro contacto foi com o NE. Como já conhecia os restantes EE, fruto de sermos todos amigos, já sabia o que esperar de cada um. Desse modo, foi com curiosidade que aguardava o primeiro contacto com a PC.

A primeira reunião de NE teve como objetivo transmitir o funcionamento do EP. Aqui, a postura da PC direcionou-se para o trabalho a realizar durante o ano letivo. Percebi desde logo que a PC era uma exímia gestora de emoções, já que

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no nosso primeiro contacto transpareceu uma imagem tranquilizadora e empreendedora.

Foi durante esta reunião que se definiu qual seria a turma titular de cada EE. Após discussão em sede de Núcleo, ficou definido que eu ficaria com a turma mais complexa da escola, que era caracterizada por alunos com elevada frequência de comportamentos desviantes. Esse fator acabou por influenciar a forma como o planeamento do ensino foi organizado. Estas influências encontram-se descritas no item 4.1.3 Planeamento do Ensino.

Foi também aqui que ficaram definidas as rotações dos EE pelas várias tarefas. Essa rotação era realizada pelas tarefas da turma partilhada, DE e AEC, de modo a, que no final do ano letivo, todos tivessem o mesmo número de aulas em cada uma das oportunidades de prática em níveis distintos de ensino ou escolaridade.

As tarefas a mim atribuídas foram distribuídas pelos seguintes períodos: AEC, desde 15 de setembro até 23 de janeiro; DE, desde 9 de fevereiro até 17 de abril; Turma Partilhada, de 15 de setembro a 5 de novembro e de 7 de Abril a 12 de junho, sendo que neste caso, apenas lecionava blocos de 45 minutos.

Coube-me a tarefa inicial de lecionar a turma partilhada e as AEC. No que concerne à turma partilhada, todo o NE possuía experiência passada durante a lecionação das Didáticas Específica, e sabíamos como realizar o planeamento. Já no que diz respeito às AEC, nenhum de nós tinha experiência nesse nível de ensino. Desse modo, tivemos que procurar informação acerca das atividades relativas às AEC, para elaborar um processo ensino e aprendizagem adequado.

4.1.1.2 Escola Cooperante – Conhecer a minha nova casa

Foi no primeiro contacto com a escola que averiguamos as condições materiais da mesma. Foi possível verificar que a nível de instalações, a escola tinha condições adequadas à prática desportiva, com um pavilhão, balneários e demais salas de apoio de qualidade. No entanto, foi possível também verificar que a sala de ginástica se encontrava em degradação, fruto de infiltrações, e que só seria possível utilizar metade desse pavilhão.

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