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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Campos & Salvador e na Unidade de Saúde Local de Matosinhos, Hospital Pedro Hispano E.P.E

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Farmácia Campos & Salvador

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Campos & Salvador

Novembro de 2015 a Fevereiro de 2016

Anita de Azevedo Dourado

Orientador: Dr.(a) Maria Filomena Couto de Campos

____ ______________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Helena Vasconcelos

__________________________________________

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Declaração de Integridade

Eu, Anita de Azevedo Dourado, abaixo assinado, nº 201104830, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 30 de Março de 2016

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Agradecimentos

Começo por agradecer à Dr.ª Filomena Campos, diretora técnica da Farmácia Campos & Salvador, por me ter proporcionado a realização do estágio curricular e pela simpatia e carinho com que me acolheu durante esses quatro meses.

Um enorme e sincero obrigada a toda a equipa, sem referenciar qualquer nome, pelo profissionalismo excelente que demonstraram, pela forma como me integraram no seio da equipa, pelo bom e alegre ambiente de trabalho e espírito de equipa, por todos os conhecimentos transmitidos e apoio incondicional prestado.

Um agradecimento à Comissão de estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e, principalmente à minha tutora, Professora Helena Vasconcelos, pela disponibilidade e orientação concedidas e à Professora Susana Casal por todos os esclarecimentos e disponibilidade prestados durante o estágio.

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v

Resumo

O estágio curricular integrado no plano de estudos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas tem como objetivo a aplicação e consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso e permitir o contacto do estudante com a realidade do que é ser farmacêutico, percebendo a sua importância na sociedade e a sua prática profissional.

O presente relatório, realizado no âmbito da Unidade Curricular Estágio, tem como objetivo a apresentação das atividades e temas desenvolvidos durante o mesmo.

Como tal e para facilitar a sua compreensão e análise estará dividido em duas partes, parte 1 a parte 2, sendo que a primeira corresponde ao relatório de estágio propriamente dito com as atividades realizadas durante o mesmo e a segunda parte incide na apresentação, resultados e discussão dos temas desenvolvidos e avaliados durante o estágio. Assim sendo, os temas incidem sobre hipertensão arterial, automedicação na gripe sazonal e afeções dermatológicas – eczema atópico. Apesar de serem temas que rotineiramente ouvimos falar, ainda há uma grande parte da população que os desconhece. Perante isto, achei relevante abordar estes temas na farmácia e salientar junto do utente algumas medidas e indicações para que este ficasse mais esclarecido.

Estes trabalhos visam salientar a importância do farmacêutico comunitário como profissional de saúde, que intervém nas mais variadas patologias e como o primeiro ponto de ajuda para a população.

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Índice

Declaração de Integridade ... iii

Agradecimentos ... iv

Resumo ... v

Lista de Abreviaturas ... ix

Índice de Figuras ... x

Índice de Tabelas ... xi

Índice de Anexos ... xii

Introdução ... 1

PARTE 1 – Descrição das Atividade desenvolvidas no estágio ... 2

1. Características e organização do espaço físico e funcional da Farmácia Campos & Salvador 2 2. Encomendas e aprovisionamento ... 2

2.1. Realização de encomendas ... 2

2.2. Receção de encomendas ... 3

2.3. Armazenamento ... 3

2.4. Controlo da temperatura e humidade e calibração do aparelho de medição do colesterol e triglicerídeos ... 4

2.5. Marcação de preços ... 4

2.6. Prazos de validade e devolução de medicamentos ... 4

3. Classificação e distinção dos medicamentos e outros produtos existentes na farmácia ... 5

3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica e medicamentos não sujeitos a receita médica 5 3.1. Medicamentos manipulados ... 5

3.1.1. Fórmula magistral ... 5

3.1.2. Preparado oficinal ... 5

3.2. Medicamentos homeopáticos ... 5

3.3. Produtos dietéticos e produtos para alimentação especial ... 6

3.4. Produtos fitofarmacêuticos ... 6

3.5. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos ... 6

3.6. Produtos e medicamentos veterinários ... 6

3.7. Dispositivos médicos ... 6

4. Dispensa de medicamentos e outros produtos farmacêuticos ao público ... 7

4.1. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 8

4.1.1. Modelos de receita médica ... 8

4.1.2. Receção da prescrição médica e validação da mesma ... 9

4.1.3. Interpretação, avaliação farmacêutica, verificação de possíveis interações e dispensa do (s) medicamento (s) propriamente dito (s) ... 11

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vii

4.1.4. Sistemas de comparticipação ... 13

4.1.5. Programa Nacional da Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus ... 14

4.1.6. Dispensa de Psicotrópicos e/ou Estupefacientes ... 14

4.2. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 15

4.2.1. Automedicação ... 15

4.3. Medicamentos homeopáticos ... 15

4.5. Medicamentos manipulados ... 16

4.6. Produtos de dermofarmácia, higiene e cosmética ... 16

4.7. Produtos dietéticos para alimentação especial e pediátrica ... 17

4.8. Fitoterapia e suplementos nutricionais ... 17

4.9. Dispositivos médicos ... 17

5. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ... 18

5.1. Determinação da pressão arterial ... 18

5.2. Determinação do colesterol total, triglicerídeos e glicémia capilar ... 18

5.3. Determinação do peso, altura e índice de massa corporal ... 19

5.4. Administração de vacinas ... 19

5.5. Testes de gravidez ... 19

6. Contabilidade e gestão na farmácia ... 19

6.1. Receituário ... 19

6.2. Gestão de psicotrópicos e estupefacientes ... 19

6.3. Faturação ... 20 6.4. Devolução de Receitas ... 20 6.5. A informática ... 20 7. Marketing ... 20 8. Valormed ... 21 Conclusão ... 21

PARTE 2 – Apresentação dos temas desenvolvidos... 22

1. Enquadramento do tema: Hipertensão Arterial ... 22

1.1. Estratégias de tratamento: terapêutica não farmacológica ... 23

1.1.1. Mudanças no estilo de vida: ... 23

1.1.2. Restrição de sal ... 24

1.1.3. Consumo de vegetais e fruta ... 24

1.1.4. Exercício físico ... 24

1.2. Estratégias de tratamento: terapêutica farmacológica ... 24

1.3. Objetivos e Métodos aplicados ... 25

1.4. Resultados obtidos e discussão dos mesmos ... 25

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viii

2. Enquadramento do tema: Automedicação na gripe sazonal. ... 31

2.1. Objetivos e Métodos ... 33

2.2. Resultados obtidos e discussão dos mesmos ... 34

2.2. Conclusão... 36

3. Enquadramento do tema: Afeções dermatológicas – Eczema Atópico ... 36

3.1. Objetivos e Métodos ... 38

3.2. Conclusão... 38

Referências Bibliográficas ... 40

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Lista de Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado ARA – Antagonista dos Recetores da Angiotensina BA – Boletim de análise

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos CV – Cardiovascular

DCI – Denominação Comum Internacional DCV – Doença Cardiovascular

DT – Diretora Técnica EA – Eczema Atópico EVC – Evento Cardiovascular FF – Forma farmacêutica HTA – Hipertensão Arterial

IECA – Inibidor da Enzima Conversora da Angiotensina

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde MM – Medicamento Manipulado

MNSRM – Medicamento não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão Arterial Diastólica PAS – Pressão Arterial Sistólica

PCHC – Produto Cosmético e de Higiene Corporal PV – Prazo de validade

PVP – Preço de venda a público PD – Pressão diastólica

PS – Pressão sistólica SA – Substância ativa

SNS – Sistema Nacional de Saúde RC – Ritmo Cardíaco

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Índice de Figuras

Figura 1 - Resultados obtidos para a pressão sistólica. ... 26

Figura 2 - Resultados obtidos para a pressão diastólica. ... 27

Figura 3 - Resultados obtidos para o ritmo cardíaco. ... 28

Figura 4 - Comparação das diferentes classes de anti-hipertensores por sexo ... 28

Figura 5 - Comparação das diferentes classes de anti-hipertensores por faixa etária. ... 29

Figura 6 -Relação entre o nº de inquiridos com a prática de exercício físico.Os resultados obtidos englobam os 35 inquéritos realizados. ... 29

Figura 7 - Relação entre o nº de inquiridos com a frequência da mediação da tensão. Estes valores foram obtidos analisando os 35 inquéritos realizados. ... 30

Figura 8 - Evolução da taxa de incidência semanal provisória de síndroma gripal (SG) no ano 2015/2016, adaptado de [39]. ... 33

Figura 9 - Relação entre a idade e a frequência de automedicação. ... 34

Figura 10- Relação entre o nº de inquiridos e a frequência de automedicação. ... 35

Figura11- O que influenciou o indivíduo a automedicar-se. ... 35

Figura 12 - Esquema representativo da escolha entre monoterapia ou terapia combinada consoante os valores de PA e o risco CV do indivíduo e as diversas opções utilizadas, retirado de [3]. ... 48

Figura 13 - Combinações entre as várias classes de fármacos, sendo que a linha a ver representa as combinações preferenciais, a linha verde tracejada uma combinação útil, a linha preta tracejada uma combinação possíveis, mas pouco testada e a linha vermelha combinações não recomendadas, retirado de [3]. ... 49

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xi

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Requisitos de envio obrigatório ao INFARMED dos Estupefacientes e psicotrópicos 20

Tabela 2 - Classificação da pressão arterial, adaptado de [28]. ... 22

Tabela 3 - Valores de P obtidos para a pressão sistólica, usando o t test não paramétrico. ... 26

Tabela 4 - Valores de P obtidos para a pressão diastólica, usando o t test não paramétrico. ... 27

Tabela 5 - Valores de P obtidos para o ritmo cardíaco, usando o t test não paramétrico. ... 28

Tabela 6 - Cronograma das atividade desenvolvidas em farmácia comunitária. ... 43

Tabela 7 - Comparticipação em função das patologias ou de grupos especiais de utentes. .... 45

Tabela 8 - Risco de mortalidade devido a um evento cardiovascular em 10 anos relacionando a

hipertensão arterial, principal risco, com outros fatores de risco associados, retirado de [3]. . 46

Tabela 9 - Início do tratamento com anti-hipertensores e implementação de medidas não

farmacológicas, retirado de [3]. ... 47

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Índice de Anexos

Anexo I - Cronograma das atividades desenvolvidas em farmácia comunitária

Anexo II - Comparticipação em função das patologias ou de grupos especiais de utentes

Anexo III - Quadro onde é possível verificar o risco de sofrer um evento CV associado aos fatores de risco

Anexo IV - Quadro onde é possível verificar o início do tratamento baseado nos fatores de risco e nos valores de pressão arterial do indivíduo.

Anexo V - Esquema representativo das diferentes opções de escolha para iniciar a terapêutica anti-hipertensora

Anexo VI - Representação das possíveis combinações de fármacos

Anexo VII - Tabela com as classes de fármaco prescritas consoante a condição do doente. Anexo VIII- Inquérito realizado no âmbito do tema Hipertensão Arterial.

Anexo IX – Situações passíveis de automedicação

Anexo X - Inquérito realizado no âmbito do tema Automedicação na Gripe Sazonal. Anexo XI - Panfleto informativo sobre o Eczema Atópico.

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1

Introdução

O estágio curricular em farmácia comunitária é importante para a formação do estudante, tornando-o apto para desenvolver funções nesta área. Assim sendo, realizei um estágio curricular na duração de quatro meses na Farmácia Campos & Salvador, na Póvoa de Varzim, uma vez que nos dois meses restantes optei por realizar um estágio em farmácia hospitalar.

O presente relatório estará dividido em duas partes fundamentais, sendo que na primeira parte estarão descritas todas as atividades desenvolvidas durante o estágio, bem como algumas experiências vividas; na segunda parte são apresentados os temas selecionados para desenvolver na farmácia, nomeadamente hipertensão arterial, automedicação na gripe sazonal e afeções dermatológicas - eczema atópico, bem como o seu enquadramento em farmácia comunitária, métodos aplicados para o seu estudo e discussão dos resultados obtidos.

No que respeita a hipertensão arterial estão mencionados alguns dados sobre esta doença que pode causar danos graves no indivíduo, sendo considerada como o principal fator de risco de doenças cardiovasculares. Por isso são apresentadas algumas medidas que nos ajudam a controlar os valores da pressão arterial, como a alimentação variada e o exercício físico.

Em relação à automedicação, prática comummente realizada, são salientados os seus inconvenientes e riscos para a saúde, bem com a importância de contactar um profissional de saúde para qualquer esclarecimento que surja. A sua associação à gripe justifica-se pela elevada incidência desta situação clínica durante os meses de inverno, período da realização do estágio.

No eczema atópico são abordadas algumas medidas não farmacológicas para o tratamento e alívio dos sintomas causados por esta afeção dermatológica, bem como os fatores que a desencadeiam.

O cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio está presente no Anexo I.

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PARTE 1 – Descrição das Atividade desenvolvidas no estágio

1. Características e organização do espaço físico e funcional da Farmácia Campos &

Salvador

A Farmácia Campos & Salvador localiza-se na Póvoa de Varzim e foi o local escolhido para a realização do estágio curricular.

No que respeita ao horário de funcionamento, está aberta continuamente das 9h às 19h30, exceto ao sábado que funciona das 9h às 13h. Nos dias em que a farmácia está de serviço, funciona durante 24h das 9h às 9h do dia seguinte, sendo que a partir das 22h até às 9h do dia seguinte o atendimento é efetuado pelo postigo de atendimento.

Em relação aos recursos humanos, a Farmácia Campos & Salvador dispõe de uma equipa de trabalho constituída por 3 farmacêuticos e 4 técnicos de farmácia, sendo a direção técnica assumida pela Dr.ª Filomena Campos. Todos os elementos da farmácia se encontram devidamente identificados. Como diretora técnica (DT) e, de acordo com o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto - Regime jurídico das farmácias de oficina, capítulo 3, artigo 20º, assume a responsabilidade pelos atos farmacêuticos praticados na farmácia, promove o uso racional do medicamento, esclarecendo os utentes sobre o modo de utilização dos mesmos e garante que estes são dispensados em bom estado de conservação. É responsável pela gestão da farmácia e toda a burocracia a ela inerente e, por fim, tem como função zelar pelo bom funcionamento da farmácia [1]. Na sua ausência, é substituída pela Dr.ª Sofia Costa ou pela Dr.ª Anabela Falcão, farmacêuticas adjuntas, garantindo assim a presença de pelo menos um farmacêutico em permanência na farmácia.

A Farmácia Campos & Salvador dispõe de um grande área de atendimento com quatro postos de atendimento. Apresenta um espaço com produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC), uma zona de puericultura destinada aos bebés e crianças com várias marcas e gamas de fácil acesso ao público e também uma zona com os medicamentos de venda livre. O espaço físico interior cumpre os requisitos discriminados pelo Decreto-Lei acima citado, uma vez que dispõe além da sala de atendimento ao público, um armazém, um laboratório e instalações sanitárias. Além disso, é constituída por um gabinete de atendimento personalizado onde são feitas as determinações da glicemia, triglicerídeos, colesterol total e prestados outros cuidados de saúde, um espaço designado pelo gabinete da DT, um espaço para descanso e uma área de receção de encomendas. Encontra-se adaptada e com condições para indivíduos portadores de deficiência. O espaço físico exterior também se encontra de acordo com o Decreto-Lei 307/2007, de 31 de Agosto - Regime jurídico das farmácias de oficina.

2. Encomendas e aprovisionamento

A aquisição de produtos pode ser efetuada aos distribuidores grossistas, sendo que a OCP e a COOPROFAR são os principais distribuidores desta farmácia, ou diretamente ao laboratório consoante o produto em questão.

2.1. Realização de encomendas

Diariamente, são efetuadas quatro encomendas aos fornecedores grossistas, designadas por ―encomenda diária‖. Quando um produto é vendido o sistema informático

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atualiza automaticamente o stock. Para cada produto existe um stock máximo e mínimo, que é definido consoante a saída do produto, cujo objetivo é garantir a existência de produto na farmácia. Através do SIFARMA 2000, programa informático atualmente utilizado na farmácia, é possível obter informação sobre a saída mensal de determinado produto, facilitando a definição dos valores do stock máximo e mínimo. Quando o produto atinge o stock mínimo entra automaticamente na proposta de encomenda, sendo posteriormente feita uma análise, avaliando-se a necessidade de diminuir, aumentar ou até mesmo cancelar o produto. Após esta análise, a encomenda é então enviada ao fornecedor.

2.2. Receção de encomendas

A encomenda é entregue na farmácia, pelos distribuidores grossistas, em caixas apropriadas, identificadas com o nome da farmácia e com a fatura em duplicado. O funcionário que recebe a encomenda assina no dispositivo de cada fornecedor, comprovando assim a sua entrega na farmácia e verifica o número de caixas entregues. O primeiro passo é acondicionar os produtos de frio no frigorífico, até se dar entrada da encomenda.

Na receção da encomenda coloca-se o número da fatura e o montante correspondente a essa encomenda e, seguidamente, dá-se entrada dos produtos, verificando o estado de conservação da embalagem secundária, o prazo de validade (PV), o preço marcado na embalagem, se a quantidade pedida corresponde à quantidade faturada, o preço de fatura e a margem de cada produto, no caso daqueles que não tem preço de venda a público (PVP) marcado, ou sejam, os de venda livre, que normalmente a farmácia aplica uma margem de 25%, excetuando papas e leites cuja margem aplicada é de 15% e 10%, respetivamente. Na receção de matérias-primas ou produtos químicos verifica-se a presença do boletim de análise (BA). No caso de psicotrópicos, estupefacientes e benzodiazepinas, juntamente com a fatura da encomenda, é enviada a requisição dos mesmos que é datada e rubricada pela DT. Quando se faz uma encomenda diretamente ao laboratório, por exemplo à Mylan, a farmácia fica em arquivo com uma nota de encomenda com todos os produtos que foram pedidos e, antes de se dar entrada da encomenda confere-se se o que vem na fatura de encomenda é igual ao que está na nota de encomenda e com o que foi enviado. Após confirmação de todos estas etapas, aplica-se todo o processo descrito anteriormente.

2.3. Armazenamento

No fim de todo o processo acima mencionado, procede-se ao armazenamento correto dos produtos farmacêuticos. Estes devem ser armazenados tendo em conta o prazo de validade – os que têm PV mais curto à frente, de modo a que estes sejam dispensados primeiro, evitando, assim, que se ultrapasse o PV, cumprindo-se o estabelecido no princípio FEFO ―First expired, First out‖. De uma forma geral, são armazenados em gavetas deslizantes, pela forma farmacêutica e ordem alfabética, estando os medicamentos genéricos separados dos de marca. Quando não é possível colocar todos nas gavetas deslizantes, são armazenados no stock, no armazém. No entanto, existem alguns produtos que necessitam de ser armazenados no frigorífico, com uma temperatura que pode variar entre 2ºC a 8ºC, como o caso da insulinas e vacinas. Os medicamentos que contêm substâncias ativas classificadas

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como estupefacientes ou psicotrópicos, contidas nas tabelas I e II do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro, e n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Regulamentar n.º 61/94, de 12 de Outubro, não podem ser armazenados juntamente com os restantes medicamentos, estando dispostos por forma farmacêutica e por ordem alfabética, num armário fechado e de acesso mais restrito.

2.4. Controlo da temperatura e humidade e calibração do aparelho de medição do colesterol e triglicerídeos

É importante o controlo da temperatura e humidade para permitir a conservação dos produtos, garantindo a sua qualidade, eficácia e segurança. Para tal, existe um termohigrómetro no frigorífico, no armazém, laboratório e área de atendimento que permite o registo dos valores de temperatura e humidade. Semanalmente, de preferência à segunda-feira, permitindo assim detetar qualquer anomalia que ocorra durante o fim-de-semana, são impressos estes valores e posteriormente analisados verificando a existência de alguma irregularidade. Caso exista, procede-se à ação corretiva mais adequada e respetiva justificação na folha em causa. É também calibrado o aparelho de medição do colesterol e triglicerídeos, com registo dos valores obtidos. Estes documentos são arquivados na farmácia.

2.5. Marcação de preços

O Decreto-Lei n.º 25/2011, de 16 de Junho, ―estabelece a obrigatoriedade da indicação do preço de venda ao público (PVP) na rotulagem dos medicamentos‖ através de impressão, etiqueta ou carimbo [2]. O PVP de um medicamento, segundo o Decreto-Lei n.º 97/2015, de 1 de Junho é calculado tendo em conta o preço de venda ao armazenista, a margem de comercialização do distribuidor grossista, a margem de comercialização do retalhista, a taxa sobre a comercialização de medicamentos e o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) [3].

2.6. Prazos de validade e devolução de medicamentos

Mensalmente é criada e emitida, através do SIFARMA, a lista de controlo de prazos de validade. Os produtos cujo PV expira após os três meses seguintes são recolhidos, armazenados no armazém e devolvidos ao fornecedor a que foram adquiridos, fazendo-se acompanhar da respetiva nota de devolução [4].Este controlo é muito importante para evitar que sejam armazenados produtos com PV expirado ou mesmo dispensar ao utente um produto cujo PV esteja a expirar.

Durante o estágio tive oportunidade de estar algum tempo na receção de encomendas. Nesta fase, verifiquei os PV, o stock de determinado produto farmacêutico e medicamento, o estado da embalagem de um produto e caso esta não estivesse íntegra era devolvido ao fornecedor no prazo de 72h. O primeiro passo é, então ligar ao fornecedor correspondente e perguntar se é possível devolver o produto em questão. Seguidamente, num caderno destinado ao efeito registei todos os dados relativos à devolução e informaticamente emiti a nota de devolução que é enviada juntamente com os produtos a serem devolvidos. No caso de ser faturada uma quantidade de produto superior àquela que realmente foi entregue contacta-se o fornecedor e explica-se o sucedido, pede-se o crédito ou o produto em falta e regista-se no caderno acima mencionado. Posteriormente é enviada a nota de crédito ou o produto e a devolução é regularizada informaticamente, sendo também colocado um visto no registo

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manual. Estas situações foram as que me sucederam mais frequentemente. Ao longo de todo o estágio procedi ao armazenamento de vários produtos farmacêuticos, sendo esta etapa de maior importância na fase inicial permitindo-me um conhecimento dos locais onde se acondicionam os diferentes produtos. Além disso, calibrei o aparelho de medição do colesterol e triglicerídeos, procedi à impressão dos dados relativos à temperatura e humidade tanto do frigorífico, como das zonas acima citadas. Nos produtos de venda livre, procedi também à marcação do respetivo preço e, por fim, realizei o controlo dos prazos de validade.

3. Classificação e distinção dos medicamentos e outros produtos existentes na farmácia

3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica e medicamentos não sujeitos a receita médica

Segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, medicamento define-se como ―toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas‖ [5]. Como tal, existem os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), cuja dispensa ao doente será efetuada mediante a apresentação de receita médica e os não sujeitos a receita médica (MNSRM), que não necessitam de receita médica para a sua dispensa.

3.1. Medicamentos manipulados

Segundo a portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho que aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, entende-se por medicamento manipulado ― qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico‖ [6].

3.1.1. Fórmula magistral

―Medicamento preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares segundo receita que especifica o doente a quem o medicamento se destina‖.

3.1.2. Preparado oficinal

―Qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado directamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço‖.

3.2. Medicamentos homeopáticos

Conforme o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto define-se medicamento homeopático como ―medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode conter vários princípios‖ [5].

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3.3. Produtos dietéticos e produtos para alimentação especial

Os produtos dietéticos são destinados especialmente a pessoas com necessidades fisiológicas especiais, substituindo na totalidade ou complementando a dieta. Segundo o decreto-lei n.º 74/2010 de 21 de Junho consideram-se géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial ―os géneros alimentícios que, devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, são adequados ao objectivo nutricional pretendido e comercializados com a indicação de que correspondem a esse objectivo‖. A alimentação especial é destinada a indivíduos cujo metabolismo se encontre alterado, pessoas se encontrem em condições fisiológicas especiais e crianças e lactentes em bom estado de saúde, de modo a satisfazer as necessidades nutricionais destes indivíduos [7].

3.4. Produtos fitofarmacêuticos

Como definido no Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto um medicamento à base de plantas é ―qualquer medicamento que tenha exclusivamente como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas‖ [5].

3.5. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos

O Decreto-Lei n.º 296/98, de 25 de Setembro define como produto cosmético e de higiene corporal ―qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspecto e ou proteger ou os manter em bom estado e ou de corrigir os odores corporais‖ [8].

3.6. Produtos e medicamentos veterinários

Entende-se por produto de uso veterinário ―a substância ou mistura de substâncias destinadas quer aos animais, para tratamento ou prevenção das doenças e dos seus sintomas, maneio zootécnico, promoção do bem-estar e estado hígio-sanitário, correção ou modificação das funções orgânicas ou para diagnóstico médico, quer às instalações dos animais e ambiente que os rodeia ou a atividades relacionadas com estes ou com os produtos de origem animal‖, como descrito no Decreto-Lei n.º 232/99, de 24 de Junho [9]. Esta definição difere da de medicamento de uso veterinário descrita no Decreto-Lei n.º 184/97, de 26 de Julho como ― toda a substância ou composição que possua propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos seus sintomas, no animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções orgânicas‖ [10].

3.7. Dispositivos médicos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de Junho, dispositivo médico é ―qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário para o

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bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de:

i) Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;

ii) Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência;

iii) Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; iv) Controlo da conceção‖.

Os dispositivos médicos podem ser classificados em quatro grupos consoante o seu grau de risco:

 Dispositivos médicos de classe I - baixo risco

 Dispositivos médicos de classe IIa - médio risco

 Dispositivos médicos classe IIb - médio risco

 Dispositivos médicos classe III - alto risco

Esta classificação é baseada nas regras estabelecidas no Decreto-Lei n º 145/2009, de 17 de Junho [11, 12].

4. Dispensa de medicamentos e outros produtos farmacêuticos ao público

A dispensa de medicamentos, de acordo com as Boas Práticas de Fabrico para a Farmácia Comunitária, pode ser definida como o ―ato profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos‖ [13]. O farmacêutico desempenha um papel muito importante neste ato uma vez que tem o dever de promover o uso racional do medicamento e uma adesão à terapêutica, informando os doentes e consumidores sobre o uso correto e adequado dos medicamentos.

Quanto à dispensa ao público, os medicamentos são classificados em:

 Medicamentos sujeitos a receita médica, que podem vir prescritos em:  Receita médica renovável;

 Receita médica não renovável;  Receita médica especial;

 Os medicamentos sujeitos a receita médica especial preenchem uma das seguintes condições:

 ―Contenham, em dose sujeita a receita médica, uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, nos termos da legislação aplicável;

 Possam, em caso de utilização anormal, dar origem a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais;

 Contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, se considere, por precaução, que deve ser incluída nas situações previstas na alínea anterior‖.

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 Medicamentos não sujeitos a receita médica.

4.1. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

 ―Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Destinem-se a ser administrados por via parentérica‖ [5]. 4.1.1. Modelos de receita médica

Em relação os modelos de receita médica, estas podem ser receitas materializadas, sendo que estas são impressas em papel e podem ser eletrónicas ou manuais, ou desmaterializadas.

As receitas eletrónicas podem classificar-se:

 Receita médica renovável: os medicamentos prescritos destinam-se a tratamentos prolongados, podendo assim ser adquiridos mais do que uma vez. Contém até 3 vias, estando mencionado o número da respetiva via: 1.ª via, 2.ª via, 3.ª via. Cada via possui um prazo de validade de 6 meses, contada a partir da data de emissão e possui um número de receita diferente para cada via.

 Receita médica não renovável: tem uma validade de 30 dias, contada a partir da data de emissão, sendo apenas constituída por uma só via.

A receita eletrónica é acompanhada pela ―Guia de Tratamento‖ que é destinada ao utente e contém todas as informações necessárias no que respeita ao número da receita, local de prescrição, médico prescritor, ao (s) medicamento (s) prescritos, informação dos preços dos medicamentos, o código de acesso e dispensa e o código do direito de opção.

As receitas manuais não contêm guia de tratamento, sendo constituídas apenas por uma via cuja validade é de 30 dias [14,15].

Mais recentemente surgiu um novo modelo de dispensa de medicamentos, sendo que a prescrição médica se encontra no cartão de cidadão. Este é inserido no dispositivo de leitura do cartão de cidadão, introduz-se o código de acesso e dispensa e o farmacêutico tem acesso a toda a medicação prescrita pelo médico. O utente pode optar por levantar toda a medicação ou apenas a que precisar, sendo que esta fica disponível para levantar noutra farmácia, sendo uma das vantagens em relação aos outros tipos de receitas. O processo de dispensa é semelhante aos outros modelos. Durante o estágio tive oportunidade de observar uma vez todo o processo associado a este novo modelo de dispensa.

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4.1.2. Receção da prescrição médica e validação da mesma

Após receção da prescrição médica, o farmacêutico procede à análise de um conjunto de parâmetros que vão permitir validar ou não a receita médica. Assim sendo, uma receita materializada eletrónica só é válida se estiver presentes os seguintes dados:

 Número da receita;

 Identificação do médico prescritor e local de prescrição;

 Dados do utente:

 Nome e número de utente do Sistema Nacional de saúde (SNS);

 Número de beneficiário da entidade financeira responsável, quando aplicável.  Regime especial de comparticipação de medicamentos, representado pelas letras

―R‖ e ―O‖, se aplicável. Quando a prescrição se destina a utentes pensionistas abrangidos pelo regime especial de comparticipação, deve ser mencionada a letra ―R‖. A letra ―O‖ aplica-se aos utentes abrangidos por outro regime especial de comparticipação.

 Entidade financeira responsável;

 Identificação do medicamento:

 Prescrição por denominação comum internacional (DCI), onde deve constar a DCI, forma farmacêutica (FF), dosagem, dimensão da embalagem, Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), posologia e número de embalagens.

 Número de embalagens;

 Data da prescrição;

 Validade da prescrição;

 Assinatura do médico prescritor manuscrita.

Em cada receita eletrónica deve constar a referência ao tipo de receita:

 RN – prescrição de medicamentos;

 RE – prescrição de psicotrópicos e estupefacientes sujeitos a controlo;

 MM – prescrição de medicamentos manipulados;

 MA – prescrição de medicamentos alergénios destinados a um doente específico;

 UE – prescrição de medicamentos para aquisição noutro Estado-membro;

 MDT – prescrição de produtos dietéticos;

 MDB – prescrição de produtos para autocontrolo da diabetes mellitus;

 CE - prescrição de câmaras expansoras;

 OUT – prescrição de outros produtos (ex. produtos cosméticos, suplementos alimentares, etc.).

No caso de ser uma receita materializada manual, existem algumas especificidades que o farmacêutico tem que verificar para dispensar os medicamentos prescritos, além dos mencionados acima para a receita eletrónica:

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 Vinheta do local de prescrição, se aplicável. Caso a prescrição se destine a um doente pensionista abrangido pelo regime especial, a cor da vinheta deverá ser verde.

 A farmácia deve verificar se, no canto superior direito da receita, está assinalada a exceção legal:

 Falência informática;  Inadaptação do prescritor;  Prescrição no domicílio;  Até 40 receitas/mês.

 As receitas não podem conter rasuras, caligrafias diferentes e não podem ser prescritas com canetas diferentes ou a lápis;

 Não é permitida mais do que uma via da receita manual.

No que respeita ao número de embalagens em cada receita, quer eletrónica quer manual, podem ser prescritos até quatro medicamentos diferentes, nunca ultrapassando o limite de duas embalagens por medicamento. No caso de serem medicamentos prescritos sob a forma de embalagem unitária, isto é, que contém uma unidade de forma farmacêutica na dosagem média usual para uma administração em quantidade individualizada, podem ser prescritas até quatro embalagens do mesmo medicamento por receita no caso de receita manual ou eletrónica, ou por linha de receita no caso de receita desmaterializada.

Excecionalmente, a prescrição pode incluir a denominação comercial do medicamento, por marca ou indicação do nome do titular da autorização de introdução no mercado (AIM), caso:

 Não exista medicamento genérico similar comparticipado para a substância ativa (SA);

 Justificação técnica do prescritor quanto à insuscetibilidade de substituição do medicamento prescrito. Nestes casos a prescrição deve conter:

 Nome comercial do medicamento;

 Código do medicamento representado em dígitos e em código de barras (em vez do CNPEM).

No que respeita a justificações técnicas:

 Margem ou índice terapêutico estreito (alínea a): na receita tem que estar mencionado ―Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º‖.

 Reação adversa prévia (alínea b): na receita tem que estar mencionado ―Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º - reação adversa prévia‖.

 Continuidade de tratamento superior a 28 dias (alínea c): na receita tem de estar indicado ―Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º - continuidade de tratamento superior a 28 dias‖. O médico pode prescrever com indicação da marca ou nome do titular em tratamentos com duração estimada superior a 28 dias [14,15].

Nesta fase do atendimento, detetei algumas receitas consideradas não válidas uma vez que não estavam assinadas pelo médico prescritor ou se encontram com a validade da prescrição ultrapassada, explicando ao utente que aquela receita não podia ser aviada.

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4.1.3. Interpretação, avaliação farmacêutica, verificação de possíveis interações e

dispensa do (s) medicamento (s) propriamente dito (s)

Após validação da receita médica, o farmacêutico deve interpretar e avaliar do ponto de vista farmacoterapêutico juntamente com o doente a necessidade do medicamento, se é adequado ao doente (contra-indicações, interações, alergias, intolerâncias, etc.), a adequação da posologia (dose, frequência e duração do tratamento) e as condições do doente/sistema para administrar o medicamento. Caso haja necessidade de um esclarecimento o farmacêutico deve contactar o médico prescritor [13].

O doente deve ser informado pelo farmacêutico, dos medicamentos existentes na farmácia com a mesma SA, FF, apresentação e dosagem do medicamento prescrito, ou seja dos medicamentos similares, cujo CNPEM é o mesmo, salientando os que são comparticipados pelo SNS e o de preço mais baixo disponível no mercado. Para disponibilizar esta informação, as farmácias devem ter sempre disponíveis para venda no mínimo três medicamentos com a mesma SA, FF e dosagem, dentro dos que têm os cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, sendo dispensado ao doente o medicamento de menor preço, exceto se o mesmo não o pretender. Além disso, o doente tem direito de escolher qualquer medicamento que contenha a mesma DCI, SA, FF e dosagem do medicamento prescrito, exceto se não existir medicamento genérico com aquela SA ou o médico prescritor justificar tecnicamente a insuscetibilidade de substituição do medicamento prescrito, nos termos das alíneas a) e b) do n.º 3 do artigo 120º. Se estiver mencionada a exceção c) o doente tem direito de escolha do medicamento apenas de preço inferior ao do medicamento prescrito, não sendo permitido à farmácia, dispensar um medicamento de preço superior. No caso de ser prescrito um medicamento de marca sem similar ou que não disponha de medicamento genérico similar comparticipado, o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que consta na receita. Pode acontecer também que o utente não queira todos os produtos prescritos na receita médica, devendo o farmacêutico, na presença do utente, riscar esses mesmos produtos. O utente pode também pedir um número de embalagens inferior ao número prescrito. Nas receitas manuais, por vezes, não é especificada a quantidade de unidades da embalagem sendo que, nesta situação, o farmacêutico dispensa a embalagem com menos unidades. Quando o medicamento da dimensão pretendida se encontra esgotado, o farmacêutico pode dispensá-lo sob outra dimensão justificando este ato no verso da receita. As embalagens de 56 e 60 unidades, não consideradas de dimensão diferente uma vez que têm o mesmo CNPEM [5,14,15]. Na maioria das situações, o utente já sabe que medicamentos costuma tomar, pois já se trata de medicação crónica ou já sabe especificamente o que pretende, estando todo o processo acima descrita bastante mais facilitado para o farmacêutico.

Após avaliar todos estes parâmetros, o farmacêutico encarrega-se de ir buscar os produtos pretendidos. Deve assegurar-se das condições de estabilidade do medicamento e ainda verificar o estado da embalagem e o PV [12]. Além disso, deve salientar a posologia e o modo de administração e, se necessário, escrever na própria embalagem, promovendo assim o uso racional do medicamento. O farmacêutico deve ainda fornecer informações no que respeita

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a possíveis reações adversas ou contra-indicações. Ainda mais importante, deve obter um ―feedback‖ por parte do utente em relação à informação fornecida, cujo objetivo é promover uma maior adesão à terapêutica.

É da competência do farmacêutico informar os utentes das condições de conservação domiciliária dos medicamentos, de modo a garantir a eficácia e estabilidade dos mesmos. Assim sendo é imprescindível recomendar que os medicamentos estejam ao abrigo da luz, em local seco e fora do alcance das crianças. É importante recomendar a conservação no frio se os medicamentos assim o exigirem, como é o caso das insulinas e alguns antibióticos. Ainda neste último grupo, nunca é demais recomendar que sejam agitados antes da toma, quando se tratam de suspensões. Todas estas indicações foram também fornecidas por mim.

Durante o atendimento surgiram algumas situações que passo a descrever: numa das situações, numa receita estava prescrito TRITICUM®100mg (Angelini Farmacêutica, Lda.), no entanto a posologia era 1/3 de comprimido, pelo que não estava de acordo com o medicamento prescrito. Juntamente com outro colaborador da farmácia, verificamos que essa posologia era adequada a outro medicamento com a mesma SA mas com uma dosagem diferente, pelo que explicámos a situação à senhora, recomendando que fosse ao médico confirmar a prescrição.

Numa outra situação, exatamente com a mesma substância ativa acima referida, numa receita manual estava prescrito TRITICUM AC ® 300mg (Angelini Farmacêutica, Lda.), no entanto este medicamento não existe. Por isso, expliquei ao utente as várias opções, escrevendo também em papel, disponíveis no mercado: TRITICUM AC ® 150mg (Angelini Farmacêutica, Lda.), TRITICUM OD ® 150mg (Angelini Farmacêutica, Lda.)e TRITICUM OD ® 300mg (Angelini Farmacêutica, Lda.) e recomendei ao utente que se deslocasse ao médico para esclarecer a situação e para que este precrevesse o medicamento correto.

Atendi também um senhor que sofria da doença de Alzheimer. Neste caso em particular senti a dificuldade de atender/comunicar uma pessoa com esta doença, uma vez, que depois de ter explicado tudo ao utente, tanto oralmente como por escrito onde escrevi toda a informação nas caixas dos medicamentos, continuava insistentemente a perguntar qual a indicação terapêutica dos medicamentos. Além disso, umas receitas estavam com a validade ultrapassada pelo que dei a indicação de ir ao médico pedir novas receitas. O utente estava constantemente a dizer que aquelas receitas eram para aviar e que se tinha esquecido de me dar, ao qual calmamente lhe explicava que não e o motivo.

Durante a dispensa de um medicamento para uso em veterinária estava prescrita uma Gabapentina 200mg, no entanto não existe esta dosagem no mercado, pelo que o procedimento efetuado foi ligar para a clínica veterinária em questão, falar com o médico prescritor e esclarecer se a dosagem seria inferior ou superior, sendo que neste caso a dosagem correta seria a de 100mg.

4.1.3.1. Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência

Um medicamento genérico é um ―medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com

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o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados‖ [5]. Têm como identificação na embalagem exterior do medicamento a sigla MG e estão sujeitos às mesmas normas legais dos outros medicamentos [15].

Uma das grandes vantagens dos medicamentos genéricos é o facto de serem 20 ou 35% mais baratos que o medicamento de referência, com a mesma FF e dosagem caso não exista grupo homogéneo, sendo vantajoso tanto para o utente uma vez que fica mais económico como para o SNS porque permite uma melhor gestão dos recursos disponíveis. Caso exista grupo homogéneo, o preço é igual ou inferior ao preço de referência desse grupo. Além disso, a obtenção da AIM é bastante mais rápida devido a uma simplificação de todo o processo. É importante salientar ao utente, caso este questione o porquê de numa situação não pagar um medicamento genérico e mais tarde o mesmo não acontecer, que os preços dos medicamentos são revistos de três em três meses, podendo assim haver alteração da comparticipação para os utentes pensionistas [16].

O sistema de preços de referência (SPR) inclui os medicamentos comparticipados e para os quais já existem medicamentos genéricos autorizados, comercializados e comparticipados. Estabelece um valor máximo a ser comparticipado, tendo como base os escalões correspondentes ou o regime de comparticipação aplicável.

Segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, o preço de venda ao público (PVP) dos medicamentos genéricos a introduzir no mercado nacional é inferior no mínimo em 50 % ao PVP do medicamento de referência, com igual dosagem e na mesma forma farmacêutica.

4.1.4. Sistemas de comparticipação

4.1.4.1. Regime geral de comparticipação de medicamentos

O Decreto-Lei n.º 48-A/2010 de 13 de Maio aprova o regime geral das comparticipações do Estado no preço dos medicamentos, tendo sido alterado pelo Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de Outubro [17]. A comparticipação do estado no preço dos medicamentos está de acordo com os seguintes escalões:

 O escalão A é de 90 % do preço de venda ao público dos medicamentos;

 O escalão B é de 69 % do preço de venda ao público dos medicamentos;

 O escalão C é de 37 % do preço de venda ao público dos medicamentos;  O escalão D é de 15 % do preço de venda ao público dos medicamentos.

Os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos que estão incluídos nos diferentes escalões de comparticipação estão apresentados na Portaria n.º 924-A/2010, de 17 de Setembro [18].

4.1.4.2. Regime especial de comparticipação

O mesmo Decreto-Lei acima mencionado estabelece que a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos tem um acréscimo de 5% para o escalão A e de 15% para os escalões B, C e D no caso dos pensionistas, cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal. Estes têm também comparticipação de 100% nos medicamentos cujo PVP corresponda a um dos cinco preços mais baixos dentro do grupo homogéneo [17].

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4.1.4.3. Comparticipação em função das patologias ou de grupos

especiais de utentes

Para determinas patologias ou para grupos especiais de utentes, a comparticipação é definida por despachos, sendo possível, no Anexo II, observar o valor da comparticipação em função da patologia em causa e o medicamentos ou despachos contendo a lista de medicamentos abrangidos [19].

4.1.4.4. Acordos existentes com o SNS e outras entidades: Subsistemas de saúde

Quando o utente é beneficiário de um subsistema de saúde, apresenta o respetivo cartão ao farmacêutico, onde é feita a respetiva complementaridade selecionando o organismo correspondente. O cartão é então fotocopiado juntamente com a receita, sendo que a receita original é enviada para o SNS e fotocópia enviada à entidade de comparticipação complementar. Durante o estágio tive oportunidade de contactar com várias entidades complementares de comparticipação, nomeadamente o

Serviços de Assistência Médico-Social

do Sindicato dos Bancários (

SAMS),

Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos

Quadros e Técnicos Bancários (

SAMS QUADROS) e

Serviços Sociais da Caixa Geral de

Depósitos (SSCGD).

4.1.5. Programa Nacional da Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus

No sentido de aumentar a vigilância da doença, que afeta um número cada vez maior da população, foi instituído o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus, com o objetivo de tornar mais fácil o acesso aos dispositivos necessários no controlo desta doença. Para isso e segundo a Portaria n.º 364/2010, de 23 de Junho, foi definida a comparticipação do Estado em 85% do PVP no custo de aquisição das tiras-testes e em 100% do PVP no caso das agulhas, seringas e lancetas destinadas aos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e sistemas públicos. Esta medida permitiu uma maior adesão à prevenção e autocontrolo da Diabetes Mellitus [20]. No caso de prescrição eletrónica ou manual, estes produtos têm de ser prescritos isoladamente para serem comparticipados (organismo DS) [14].

4.1.6. Dispensa de Psicotrópicos e/ou Estupefacientes

Os medicamentos que contêm substâncias ativas classificadas como estupefacientes ou psicotrópicos, contidas nas tabelas I e II do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro, e n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Regulamentar n.º 61/94, de 12 de Outubro, seguem as mesmas regras de prescrição descritas anteriormente no capítulo 4.1. Quando se trata de uma prescrição eletrónica materializada ou manual, estes medicamentos têm de ser prescritos isoladamente. A prescrição eletrónica materializada deve conter a referência RE. A dispensa destes medicamentos só é feita mediante a apresentação de receita médica e documento de identificação de quem adquire a medicação. No ato da dispensa destes medicamentos é aberta automaticamente uma janela de preenchimento obrigatório no que respeita a dados do médico prescritor, do doente e de quem adquire a medicação. É necessário fotocopiar a receita médica e, no final da venda, são impressos dois documentos de psicotrópicos, sendo ambos anexados à fotocópia e armazenados na farmácia durante um período de 3 anos [14].

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4.2. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

A dispensa de MNSRM está associado a uma ato farmacêutico designado por indicação farmacêutica, que é definido como ―ato profissional pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um medicamento não sujeito a receita médica ou de um produto de saúde, e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com o objectivo de tratar um problema de saúde considerado como um transtorno menor, entendido como problema de saúde de carácter não grave, auto-limitado, de curta duração, que não apresente relação com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente, após avaliação clínica pelo farmacêutico‖.

O doente dirige-se à farmácia expondo os sintomas e procurando um aconselhamento especializado. É importante que o farmacêutico realize uma pequena ―entrevista‖ ao doente na procura da informação adequada sobres os sintomas da situação clínica, a duração dos mesmos, outros problemas de saúde e medicação habitual e se o doente já tomou algum medicamento para os sintomas manifestados. Após obter a informação necessária o farmacêutico pode dispensar um medicamento ao doente fornecendo todas as indicações para o seu uso correto e adequado ou se achar que se trata de uma situação fora do seu alcance de atuação, encaminha o doente para o médico especializado. Além disso, pode ainda sugerir medidas não farmacológicas, se o achar necessário e aplicável [21]. Este ato farmacêutico é bastante comum pelo que é imprescindível um diagnóstico adequado para que o tratamento também o seja.

Diariamente, e porque os casos de gripe e constipação se acentuam nos meses de inverno, eram dispensados MNSRM para estas situações clínicas. Além disso, eram também dispensados anti-inflamatórios, antitússicos, expetorantes, laxantes, analgésicos tópicos, entre outros consoante a sintomatologia do doente.

4.2.1. Automedicação

A automedicação está diretamente associada à dispensa de MNSRM por parte do farmacêutico, no entanto este tema, que é uma prática que integra o sistema de saúde, estará mais pormenorizadamente abordada na parte dois do presente relatório.

4.3. Medicamentos homeopáticos

A Farmácia Campos & Salvador contém uma oferta muito restrita deste tipo de medicamentos, devido a pouca procura pelos utentes. Os que estão disponíveis na farmácia são o Oscillococcinum®, destinado a estados gripes, o Stodal® utilizado no tratamento da tosse e o Homeovox® em situações de cansaço das cordas vocais, perda de voz, rouquidão, laringites. No entanto, tive oportunidade de dispensar o Oscillococcinum® e o Stodal®, ambos a pedido do utente.

4.4. Medicamentos e produtos veterinários

Existe uma variedade considerável de produtos e medicamentos veterinários na farmácia, sendo solicitados frequentemente principalmente para cães e gatos. Na maioria das situações a procura incide-se nos desparasitantes internos e externos.

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4.5. Medicamentos manipulados

A preparação de medicamentos manipulados (MM) fica a cargo do farmacêutico diretor técnico ou sob a sua supervisão e controlo. A sua preparação permite colmatar algumas falhas da indústria farmacêutica, especialmente na área da pediatria e dermatologia.

No que respeita às matérias-primas, no ato da receção, o farmacêutico deve certificar-se de que esta é acompanhada pelo BA, confirmar certificar-se corresponde à matéria-prima encomendada e verificar a embalagem quanto à sua integridade. Só podem ser utilizadas matérias-primas inscritas na Farmacopeia Portuguesa, nas farmacopeias de outros Estados Partes na Convenção Relativa à Elaboração de Uma Farmacopeia Europeia, na Farmacopeia Europeia ou na documentação científica compendial. O INFARMED define, por deliberação, o conjunto de substâncias que não são permitidas na preparação de MM.

A manipulação exige o cumprimento de várias regras de higiene, instalações e equipamento necessário, estando este limpo, em bom estado de funcionamento e calibrado.

A documentação é uma componente integrante do sistema de garantia de qualidade e tem como principal objetivo estabelecer procedimentos gerais e específicos e reconstituir o histórico da preparação, sendo imprescindível a elaboração de fichas de preparação. Os materiais de embalagem usados para acondicionar o MM devem satisfazer as exigências da Farmacopeia Portuguesa. Por fim, deve proceder-se ao controlo de qualidade do MM verificando os caracteres organoléticos e à rotulagem com toda a informação necessária ao doente [6,22]. O preço de venda ao público de um MM é calculado segundo a seguinte fórmula:

 O PVP (MM) = (Valor dos honorários + Valor das matérias-primas + Valor dos materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o valor do IVA à taxa em vigor [23].

Durante o estágio não tive oportunidade de preparar nem observar nenhum MM, uma vez que não são muito solicitados na Farmácia Campos & Salvador.

4.6. Produtos de dermofarmácia, higiene e cosmética

É grande a variedade de produtos desta área uma vez que a procura é bastante significativa pelas diferentes faixas etárias e géneros, tanto na secção dos bebés e crianças como na zona de produtos cosméticos. Como tal, é indispensável um conhecimento geral de cada uma das marcas para que a dispensa ao utente seja a mais adequada e que este realmente fique satisfeito com o produto. Para isso, foram-me explicadas as diferentes marcas existentes, as várias gamas dentro de cada marca e as diferenças entre si, através de ―formações‖ orientadas pela Drª Sofia Campos e Cátia Silva, contando também com todo o apoio dos restantes colaboradores da farmácia. Para a dispensa deste tipo de produtos é fundamental saber o fim a que se destina o produto, o tipo de pele e idade do indivíduo. Alguns exemplos de aconselhamento efetuados foram nomeadamente:

 A nível capilar, onde havia uma procura de produtos no combate à queda do cabelo, sendo importante salientar que é importante um tratamento prolongado e coadjuvado com um champô destinado para o efeito sendo importante também o fortalecimento do cabelo;

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 Cremes anti-rugas, sendo relevante informar a pessoa da importância da aplicação de um sérum, que permite uma maior hidratação da pele, uma vez que atua nas camadas mais profundas da pele.

 Outros produtos de perfumaria e higiene corporal.

Numa das situações, atendi uma senhora se descolou à farmácia depois de uma consulta de dermatologia para comprar um champô e uns cremes específicos para o seu tipo de pele. No entanto após conversa com a senhora, percebi que a mesma tinha uma enormidade de alergias aos excipientes que existem nos produtos cosméticos em geral, devido a um tratamento que erradamente fez no passado e que tinha sempre consigo uma lista para os quais era alérgica. Perante esta situação, pediu-me que lhe descrevesse todos os excipientes do champô e cremes recomendados pelo médico, pelo que pedi ajuda a um colaborador da farmácia. Após esta análise, verificamos que o champô que o médico recomendou ainda possuía alguns excipientes que a senhora não tolerava, no entanto era dos mais simples existentes na farmácia, pelo que a mesma optou por levar e experimentar. Foi também entregue uma amostra de uma outra marca também obedecendo aos requisitos impostos para a senhora experimentar. Foi sem dúvida uma situação em que as pessoas valorizam o papel do farmacêutico e onde este tem uma forte intervenção junto da população.

4.7. Produtos dietéticos para alimentação especial e pediátrica

Nesta área está também disponível alguma variedade de produtos para nutrição infantil, nomeadamente, leite para as diversas situações clínicas dos bebés, como cólicas, obstipação, regurgitação entre outros e também de acordo com a idade, papas e boiões (fruta, carne e peixe). Em relação a produtos para alimentação especial, a farmácia dispõe de espessantes alimentares Nutilis®, suplementos nutricionais orais hipercalóricos Fortimel® e o Bi-OralSuero® é um suplemento alimentar que contribui para reidratar e restabelecer a flora intestinal. Normalmente, efetuei a dispensa destes produtos a pedido específico do utente.

4.8. Fitoterapia e suplementos nutricionais

A Farmácia Campos & Salvador, na área de fitoterapia dispõe apenas de chás da marca FITOS®, Bekunis® e chá Manasul indicado para emagrecimento, regulação do funcionamento intestinal e eliminação dos excessos do organismo, sendo que raramente eram solicitados este tipo de produtos.

Em relação aos suplementos nutricionais, já tinham um maior procura para diferentes faixas etárias e especialmente para o sexo feminino. Eram dispensados especialmente Centrum®, BioAtivo®, Magnesium B® e Magnesium OK® e ainda suplementos para estudantes, como o Memofante®, do qual o utente pediu um esclarecimento mais aprofundado acerca deste suplemento. Recentemente foram introduzidos na farmácia suplementos da marca NUTREOV® e LAXEOV®, cuja adesão tem sido bastante positiva por parte dos utentes.

4.9. Dispositivos médicos

Na farmácia está disponível uma grande diversidade de dispositivos médicos desde óticos, acústicos, pediátrico, higiénico, artigos de penso, sutura de drenagem, material para

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ostomizados e urostomizados, de modo a satisfazer as necessidades dos utentes, com os quais me fui familiarizando ao longo do estágio.

5. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

A determinação de parâmetros físicos e fisiológicos permite avaliar o estado de saúde do doente. Atualmente e, enquanto espaço de saúde, a farmácia reúne as condições necessárias para a oferta destes serviços ao utente [13].

5.1. Determinação da pressão arterial

A monitorização regular da pressão arterial é extremamente importante principalmente em indivíduos hipertensos uma vez que a hipertensão constitui o principal fator de risco das doenças cardiovasculares. De uma forma geral para o tratamento da hipertensão arterial (HTA) podem-se adoptar inicialmente medidas não farmacológicas como diminuição no consumo de sal e álcool, praticar exercício físico e variar a alimentação e quando, estas não resultam, iniciar tratamento anti-hipertensor. A hipertensão arterial será abordada mais detalhadamente na segunda parte do relatório, uma vez que fez parte dos temas escolhidos para estudar durante o estágio.

Durante o estágio tive oportunidade de avaliar a tensão arterial a vários utentes, percebendo como costumam variar os valores e incutindo na maioria dos casos medidas não farmacológicas e salientando a importância da toma correta e adequada da medicação, quando aplicável, para se obterem valores estáveis e adequados a cada indivíduo em particular. Avaliei a tensão arterial e um senhor cujo valor estava acima do normal e que me disse que tomava um anti-hipertensor. Perante aqueles valores, perguntei se cumpria corretamente a posologia prescrita, de uma toma diária, ao que me respondeu que tomava ―quando se lembrava‖, pois achava que não era necessária a toma diária. Expliquei ao senhor que isso não era o procedimento mais adequado e por isso é que os valores estavam elevados, ao que recomendei a toma correta, para conseguir controlar os valores. Além disso, recomendei também medidas não farmacológicas como complemento. Sem dúvida que o farmacêutico tem um papel cada vez mais pertinente na mudança do estilo de vida da população, promovendo uma melhor qualidade de vida.

5.2. Determinação do colesterol total, triglicerídeos e glicémia capilar

Estes três fatores, tanto isolados como em associação, aumentam o risco de desenvolver um evento cardiovascular (ECV). A redução dos seus níveis está associada a uma diminuição do risco de cardiovascular, pelo que devem ser adotadas várias medidas para a sua redução, como praticar exercício físico, diminuir o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e açucares, deixar de fumar e cumprir a prescrição médica, se aplicável.

Para a população em geral, recomenda-se um valor de colesterol <190mg/dl, de triglicerídeos <150mg/dl e de glicémia capilar entre 70 – 110 mg/dl, em jejum.

Durante o estágio realizei algumas medições destes parâmetros, questionando inicialmente o utente se estava o utente sob jejum, uma vez que assim os resultados são mais fidedignos. Perante os resultados obtidos questionava também os seus hábitos alimentares, prática de exercício físico, e se fazia tratamento farmacológico. Perante os dados fornecidos

Referências

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