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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Conceição e no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, EPE

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FARMÁCIA CONCEIÇÃO

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Conceição

novembro de 2017 a março de 2018

Fabiana Filipa Gradim Ruivo

Orientadora: Dra. Isabel Ferreira

Tutora FFUP: Prof.ª Dra. Glória Queiróz

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros

autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da

atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências

bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a

prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 2 de Abril de 2018

(4)

A

GRADECIMENTOS

A todos os que fizeram parte deste meu percurso académico e me ajudaram a enriquecer, tanto a nível profissional como a nível pessoal, deixo o meu mais sincero e profundo agradecimento:

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e à Comissão Orientadora de Estágios, por me terem acolhido durante os últimos cinco anos e contribuírem para a minha formação profissional, dando-me a oportunidade de me tornar farmacêutica.

À Dra. Isabel Ferreira, ao Dr. Nuno Lages e ao Dr. Alberto Mesquita, por tão bem me terem recebido na Farmácia Conceição, por me darem a conhecer e me permitirem desempenhar algumas funções do farmacêutico comunitário.

Por último, mas não menos importante, à minha família e ao Orlando, pois a vós devo o maior dos agradecimentos. Foram cinco anos com algumas pedras no caminho, mas que com o vosso apoio consegui caminhar em frente, sem nunca desistir, pois sempre demonstraram confiança e orgulho em mim, mesmo quando não me sentia capaz. A vossa companhia e as vossas palavras foram, e serão, o meu maior conforto.

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ÍNDICE

Parte 1 Pág.

1. Estágio profissionalizante...1

2. Farmácia Conceição……….1

2.1. Direção técnica, localização e horário de funcionamento………1

2.2. Composição, função e gestão dos recursos humanos……….1

2.2.1. Equipa profissional………..1 2.2.2. Sistema Kaizen………2 2.3. Espaço físico………3 2.4. Perfil de utente……….4 2.5. Sistema informático………5 2.6. Fontes de informação……….5 3. Gestão farmacêutica……….5 3.1. Gestão de stocks……….5 3.2. Gestão de encomendas……….6

3.2.1. Critérios de aquisição, fornecedores e grupos de compras………..6

3.2.2. Receção, conferência e armazenamento de encomendas………...7

3.2.3. Controlo dos prazos de validade e devoluções aos fornecedores..9

4. Aconselhamento e dispensa de medicamentos e produtos de saúde………..9

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica……….9

4.1.1. Receita médica………..10

4.1.2. Validação e dispensa da prescrição………...12

4.1.3. Entidade de comparticipação………..13

4.1.4. Conferência do receituário………...14

4.1.5. Faturação do receituário………..15

4.1.6. Informações a transmitir à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde………15

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica………...16

4.3. Outros produtos de saúde………...16

4.3.1. Produtos cosméticos e de higiene corporal………...16

4.3.2. Fitoterapia………..17

4.3.3. Suplementos alimentares………17

4.3.4. Homeopatia………18

4.3.5. Medicamentos e outros produtos de uso veterinário………18

(6)

4.3.7. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil…………..19

5. Produção e controlo de medicamentos………19

5.1. Medicamentos manipulados………...19

6. Prestação de cuidados de saúde………..20

6.1. Determinação da pressão arterial………..20

6.2. Determinação de parâmetros bioquímicos no sangue capilar: glicémia, colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico………20

6.3. VALORMED………..21

Parte 2 1. Atividades desenvolvidas no âmbito do estágio profissionalizante……….21

1.1. Reorganização das gavetas de armazenamento de medicamentos………21

1.2. Estratégias de Marketing……….22

1.2.1. Adesão à rede social Facebook®……….22

1.2.2. Execução da montra de Natal………22

1.3. Reestruturação e otimização do processo de reservas………..23

1.4. Projetos de educação para a saúde………..23

1.4.1. Comunicação oral para a comunidade idosa e folheto informativo com o tema “Os cuidados de saúde oral e o envelhecimento”…….24

1.4.1.1. Enquadramento………24

1.4.1.2. Objetivos da comunicação oral e do folheto informativo.24 1.4.1.3. Principais doenças orais nos idosos………..25

1.4.1.4. Fatores de risco para o aparecimento de doenças orais no idoso……….27

1.4.1.5. Cuidados orais a ter com os dentes naturais…………..27

1.4.1.6. Cuidados de higiene oral com as próteses dentárias….28 1.4.1.7. Uso de fixadores de próteses……….29

1.4.1.8. Medidas não farmacológicas aplicadas na sensação de boca seca………...30

1.4.1.9. Comunicação oral e folheto informativo – Métodos e resultados………..30

1.4.2. Folheto informativo e inquérito para a população de utentes da Farmácia Conceição sobre “Desparasitação animal”………31

1.4.2.1. Enquadramento………31

1.4.2.2. Objetivos do folheto informativo e do inquérito………...32

1.4.2.3. Importância da desparasitação e parasitas mais comuns………..32

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1.4.2.5. Desparasitação externa de animais de companhia…….35 1.4.2.6. Folheto informativo e inquérito – Métodos e resultados.35 Conclusão………..37 Referências bibliográficas………...………38 Anexos………43

(8)

R

ESUMO

O estágio profissionalizante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas proporciona ao estudante o contacto com a realidade profissional, tanto na área da farmácia comunitária como na farmácia hospitalar, o que permite ao estudante passar da teoria à prática.

O farmacêutico comunitário é um dos profissionais de saúde mais próximo dos utentes, e que tem como funções assegurar a qualidade, eficácia e segurança e promover o uso correto dos medicamentos, aplicando as boas práticas em farmácia comunitária e sendo responsável pela educação para a saúde da população.

No presente relatório descrevo as atividades desenvolvidas no estágio profissionalizante que realizei na Farmácia Conceição, no período de 2 de novembro a 2 de março, sob orientação da Dra. Isabel Ferreira. Este relatório encontra-se dividido em duas partes, a primeira consiste na descrição das atividades gerais desenvolvidas em farmácia comunitária, e a segunda na apresentação das atividades e projetos desenvolvidos durante o estágio, cujos temas são “Os cuidados de saúde oral e o envelhecimento” e “Desparasitação animal”, sendo referida a sua contextualização, os seus objetivos, como foi desenvolvido e o impacto desses projetos na farmácia e na comunidade.

(9)

LISTA

DE

ABREVIATURAS

CD Cárie(s) dentária(s)

DE Desparasitação externa

DI Desparasitação interna

FC Farmácia Conceição

MNSRM Medicamento não sujeito a receita médica MPS Medicamentos e produtos de saúde

PA Pressão arterial

PD Prótese(s) dentária(s)

PV Prazo(s) de validade

PVP Preço de venda ao público

RA Reações adversas

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LISTA

DE

ANEXOS

Pág. Anexo 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas, durante o estágio profissionalizante, na Farmácia Conceição………...43 Anexo 2 – Quadros do Kaizen………..……….. 44 Anexo 3 – Aparência exterior da Farmácia Conceição………45 Anexo 4 – Apresentação utilizada de suporte na comunicação oral “Os cuidados de saúde oral e o envelhecimento”………...46 Anexo 5 – Apresentação utilizada de suporte na comunicação oral “Os cuidados de saúde oral e o envelhecimento” (continuação)………...47 Anexo 6 – Público alvo da comunicação oral “Os cuidados de saúde oral e o envelhecimento” ………...48 Anexo 7 – Folheto informativo sobre “Os cuidados de saúde oral e o envelhecimento”………..………..49 Anexo 8 – Inquérito realizado na Farmácia Conceição sobre “Desparasitação animal”.50 Anexo 9 – Resultados do inquérito realizado aos donos de cães……….51 Anexo 10 – Resultados do inquérito realizados aos donos de gatos………52 Anexo 11 – Folheto informativo sobre “Desparasitação animal”……….53

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PARTE 1

1. Introdução

O percurso académico do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Porto, culmina na realização do estágio profissionalizante, que proporciona aos estudantes uma proximidade com a realidade profissional, e permite que estes adquiram as competências necessárias ao exercício da atividade farmacêutica. O estágio profissionalizante em farmácia comunitária pode ter a duração de 4 ou 6 meses, dependendo da realização, ou não, de estágio em farmácia hospitalar, respetivamente.

O meu estágio profissionalizante foi realizado na Farmácia Conceição (FC), sob orientação da farmacêutica e diretora técnica Dra. Isabel Ferreira, e decorreu de 2 de novembro a 2 de março, de segunda a sexta-feira, no horário das 9:00 h às 12:00 h e das 14:00 h às 19:00 h. As atividades e funções desempenhadas, bem como os projetos desenvolvidos encontram-se mencionados no Anexo 1.

2. Farmácia Conceição

A Farmácia Conceição iniciou a sua atividade em 1952 e, atualmente, serve, maioritariamente, os cidadãos de Silvalde, Espinho. Em 1992 foi adquirida, pela atual proprietária, a farmacêutica Dra. Isabel Ferreira. Desde então, tem havido um empenho crescente, por parte de toda a equipa, na melhoria do atendimento prestado aos seus utentes, bem como na modernização e funcionamento do espaço. A FC disponibiliza um atendimento e aconselhamento personalizado a cada utente bem como um leque variado de produtos e serviços [1].

2.1. Direção técnica, localização e horário de funcionamento

A direção técnica da FC é da responsabilidade da farmacêutica Dra. Isabel Maria Vieira Barbosa Andrade Ferreira. A FC localiza-se na Rua de São Tiago, na freguesia de Silvalde, concelho de Espinho, distrito de Aveiro. A farmácia encontra-se disponível para atendimento ao público, de segunda a sexta-feira das 9:00 h às 13:00 h e das 14:00 h às 20:00 h e ao sábado das 9:00 h às 14:00 h, de acordo com a Portaria n.º14/2013 de 11 de janeiro [1,2]. Encontra-se ainda em funcionamento durante todo o dia, nos dias em que se encontra de disponibilidade, o que ocorre de 9 em 9 dias. Neste caso, para atendimentos após as 00:00 h, o utente deve ligar para um número telefónico que se encontra visível na porta da farmácia, e será posteriormente atendido se apresentar receita médica.

2.2. Composição, função e gestão dos recursos humanos 2.2.1. Equipa profissional

Na FC o número de elementos que constituem o quadro farmacêutico está de acordo com a lei [3], uma vez que a equipa é constituída por 4 elementos: uma diretora técnica,

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um farmacêutico adjunto e 2 farmacêuticos. Todos os elementos colaboram nas tarefas, nomeadamente na aquisição, receção, conferência e armazenamento das encomendas e no atendimento ao público. Destaca-se nesta equipa profissionalismo, conhecimento, boa disposição, boa relação entre os membros da equipa e interajuda, o que demonstra a qualidade do grupo e proporciona melhorias nos cuidados de saúde prestados aos utentes.

2.2.2. Sistema Kaizen

O sistema Kaizen é um sistema de implementação gradual e de reavaliação constante, adaptável a qualquer tipo de negócio, que apresenta como objetivo a melhoria contínua de todas as pessoas, todos os dias e em todas as áreas. Desta forma, a missão é aumentar as vendas, a rentabilidade e o retorno de investimentos. Na FC, este sistema foi implementado com a presença de uma farmacêutica consultora da Glintt®, que faz visitas regulares, geralmente de 15 em 15 dias, de forma a avaliar o impacto das alterações efetuadas e implementar novas medidas, sempre com o objetivo da melhoria contínua [4,5].

Este sistema divide-se em duas fases, o Kaizen pessoal - permite aos elementos da equipa profissional o aperfeiçoamento das suas competências, através da dedicação, compromisso e respeito mútuo, resultando na superação individual e conjunta, em proveito da melhoria do clima entre os elementos e da eficiência do trabalho em equipa - e o Kaizen espacial – inclui a organização e limpeza do espaço físico, bem como a sua manutenção, de forma a criar um ambiente simples e funcional, resultando no aumento da produtividade e da qualidade dos serviços prestados.

Numa primeira fase, a equipa foi auxiliada no planeamento e desenvolvimento do quadro Kaizen (Anexo 2), que se encontra num local de rápido acesso e de fácil consulta e compreensão para todos os membros da equipa. Este quadro é constituído por várias secções:

• Missão e foto da equipa; • Mapa de presenças; • Calendário de eventos; • Campanhas;

• Indicadores de desempenho dos colaboradores e de gestão da farmácia; • Mapa de tarefas;

• PDCA (do inglês “Plan, Do, Check, Act”) – sistema de planeamento e desenvolvimento de tarefas adicionais, que são atribuídas a cada membro da equipa, num determinado momento;

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• Produtos sem consumo – na FC encontram-se em prateleiras, à parte do quadro, e permite, aos elementos da equipa, o acesso aos produtos cujo último movimento remonta ao ano anterior.

Durante a realização do estágio foram colocadas, em prática, algumas propostas da farmacêutica consultora da Glintt®, nomeadamente:

• Organização e delimitação do local para colocar os caixotes por rececionar e rececionados, bem como um espaço para as encomendas por rececionar que não são dos principais fornecedores da FC;

• Um quadro para recados ou informações importantes – como, por exemplo, passwords e outras informações que passam a estar facilmente acessíveis por qualquer elemento da equipa;

• Organização de prateleiras que continham muitos papéis, para a criação de prateleira com os catálogos disponíveis na farmácia;

• Organização das capas com documentos, uma vez que existia um grande número de capas nas prateleiras, o que por vezes dificultava a procura de uma capa, em específico;

• Adesão à rede social Facebook®, uma vez que as redes sociais são cada vez mais utilizadas e são uma boa forma de dar a conhecer os produtos e serviços, campanhas, descontos, rastreios, entre outras informações.

Todas as medidas, anteriormente mencionadas, mostram ter impacto positivo na FC, permitindo à equipa trabalhar mais, mas, essencialmente, desempenhar melhor as suas funções.

2.3. Espaço físico

A organização espacial interior e exterior da FC encontra-se de acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas para a farmácia comunitária (BPF) e a legislação em vigor [3,6]. Relativamente ao espaço exterior (Anexo 3), a FC encontra-se identificada por uma “cruz verde” que está iluminada durante o período de funcionamento da farmácia. Próximo da porta é visível uma placa com a denominação da farmácia e direção técnica, enquanto que o horário de funcionamento e a informação relativa à farmácia do concelho que se encontra em regime de disponibilidade se encontram afixados na porta. Na porta, existe ainda um postigo para os atendimentos realizados depois das 00:00 h em dias de serviço. A FC apresenta fácil acesso a crianças, idosos e cidadãos portadores de deficiência, dada a presença de uma rampa de acesso para este fim. Nas montras encontram-se afixados anúncios publicitários de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) adaptados à época do ano [3,6].

O espaço interior da FC cumpre todas as recomendações de informação, conforto e segurança dos utentes e possui as seguintes áreas:

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• Zona de atendimento ao público – zona ampla, iluminada, limpa e com temperatura e humidade adequadas, com a existência de um ambiente calmo e profissional, favorável ao adequado atendimento do utente. Nesta zona existem dois balcões de atendimento com três postos de trabalho, cada um deles equipado com computador, impressora, leitor ótico de código de barras e leitor de cartão de cidadão. Neste espaço encontra-se, à disponibilidade do utente, uma balança eletrónica e uma estante com revistas e folhetos informativos da área da saúde. Em torno desta zona, existem expostos, em prateleiras ou expositores, produtos cosméticos e de higiene corporal, suplementos alimentares, produtos de obstetrícia e puericultura, dispositivos médicos, produtos de uso veterinário e uma grande variedade de MNSRM;

• Gabinete do utente – esta divisão é utilizada para a determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos (pressão arterial (PA), glicose, colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico), administração de vacinas e realização de rastreios;

• Zona de receção e conferência de encomendas e de armazenamento de medicamentos e produtos de saúde (MPS) - esta área possui um balcão com um computador, um leitor ótico de códigos de barras, uma impressora de etiquetas e uma impressora normal. Nesta zona é feita a receção e conferência e, posteriormente, o armazenamento da encomenda. Para o armazenamento a FC dispõe de armários com gavetas, prateleiras (para os produtos excedentes ou com maior saída), um frigorífico e um armário com fechadura (para armazenamento de estupefacientes e psicotrópicos). Esta área dispõe também de um fax e um telefone;

• Gabinete da direção técnica - onde são desempenhadas as funções de gestão, contabilidade e faturação;

• Laboratório – onde se faz a preparação dos antibióticos e onde se encontram os contentores do VALORMED, dado que a FC não faz preparação de medicamentos manipulados;

• Copa – onde os farmacêuticos fazem pausas para as refeições e onde se encontram os armários pessoais dos elementos da equipa;

• Instalações sanitárias. 2.4. Perfil de utente

A FC possui um vasto leque de utentes fidelizados, sendo que da parte da manhã, recorrem, maioritariamente, à FC a população idosa, para o aviamento de medicação

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crónica, mas, foi visível a partir das 16:00 h /17:00 h que os utentes eram, essencialmente, adultos, com mais de 40 anos, tanto para aviar a sua medicação crónica, como medicação de situações agudas.

2.5. Sistema informático

Na FC o software utilizado é o Sifarma®. Trata-se de um software de gestão e atendimento [7] que permite, entre outras opções, realizar vendas, gerir stocks, fazer encomendas, e enviá-las diretamente ao fornecedor pretendido, rececionar encomendas, fazer devoluções, controlar o stock e monitorizar prazos de validade (PV). Permite, ainda, a otimização do ato da dispensa, disponibilizando uma grande quantidade de informação útil ao aconselhamento, como a indicação terapêutica, posologia, reações adversas (RA) possíveis, interações medicamentosas, contraindicações e composição qualitativa e quantitativa do medicamento.

2.6. Fontes de informação

No ato da dispensa muitas são as questões, relacionadas com a posologia, forma de administração, duração do tratamento, interações, efeitos secundários, entre outras, colocadas pelos utentes, às quais o farmacêutico tem de dar resposta. Para isso, tem de ter à sua disposição informação e documentação científica que auxiliem nestas situações. Na FC os farmacêuticos dispõem das fontes de informação de acesso obrigatório de acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas para a farmácia comunitária [6,8].

3. Gestão farmacêutica

As funções do farmacêutico comunitário vão para além do atendimento e aconselhamento ao balcão, participando, também, de forma ativa na gestão da farmácia, o que engloba a gestão de stock, encomendas, controlo dos PV, faturação e verificação do receituário.

Para o desempenho das funções de gestão, e também no atendimento, a FC utiliza o Sifarma®, um programa simples, mas completo, que permite a gestão de produtos, receção de encomendas, controlo da faturação, das vendas, dos stocks, dos inventários, fichas de clientes e fichas individuais para cada produto referindo todo o tipo de especificações que ao medicamento concernem.

3.1. Gestão de stocks

A gestão de stocks é essencial para o equilíbrio entre os produtos encomendados e os dispensados, assegurando o bom funcionamento do atendimento e, consequentemente, da farmácia, sendo um dos fatores que também contribui para a sua viabilidade financeira. O software utilizado pela FC permite definir um valor de stock mínimo (ponto de encomenda) e stock máximo na ficha de cada produto, tendo em conta os gráficos de compras e vendas do produto, de forma sazonal ou anual, acessível na

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ficha do mesmo. Quando a quantidade disponível, na farmácia, de um dado produto é inferior ao valor definido como stock mínimo, o próprio sistema gera automaticamente encomenda do número de unidades necessárias, para repor o stock definido como mínimo.

3.2. Gestão de encomendas

3.2.1. Critérios de aquisição, fornecedores e grupos de compras

Os MPS são adquiridos tendo em conta a capacidade de investimento, as condições de armazenamento da farmácia, os consumos e os níveis de stock mínimo e máximo dos produtos.

As encomendas podem ser realizadas diretamente ao laboratório, da indústria farmacêutica, ou ao fornecedor/distribuidor grossista. As encomendas realizadas diretamente ao laboratório são, habitualmente, denominadas por diretas e consistem em encomendas de muitas unidades de um pequeno grupo de produtos (sazonais, produtos de cosmética e higiene corporal, produtos veterinários, dispositivos médicos, entre outros). Estas encomendas são efetuadas ao respetivo delegado comercial ou através do grupo de compras (grupo FirstPharma®), e os produtos podem ser enviados através de um distribuidor grossista ou de uma transportadora que preste serviço ao laboratório.

As encomendas realizadas ao distribuidor grossista efetuam-se, geralmente, através do software da farmácia, por encomenda manual ou diária, e pontualmente, através do gadget do armazenista, no computador, e/ou por contacto telefónico, quando se pretende encomendar um produto de disponibilidade limitada e/ou que carece de confirmação, realizando uma encomenda instantânea. As encomendas manuais e diárias incluem, geralmente, poucas unidades de um grande grupo de produtos, uma vez que correspondem a MPS em falta, porque atingiram o ponto de encomenda ou entraram em rutura de stock.

A aquisição de estupefacientes e psicotrópicos é realizada conjuntamente com a dos restantes produtos, no entanto, requer o preenchimento de uma requisição aprovada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) ou de um documento emitido informaticamente de valor equivalente. Esta requisição é elaborada pelo armazenista, em duplicado, sendo depois enviada à FC, onde é devidamente assinada e autenticada pelo diretor técnico da farmácia, sendo que cada requisição deve ser utilizada para um só tipo de substância, ficando o primeiro exemplar na posse da farmácia e o segundo exemplar na posse do fornecedor [9].

Os laboratórios e distribuidores grossistas, são selecionados mediante a qualidade dos produtos, as condições comerciais e de transporte que propõem à farmácia. O principal distribuidor grossista da FC é a COOPROFAR®, mas realiza também encomendas à Alliance HealthCare®. Ambos os distribuidores efetuam duas entregas

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diárias, de manhã por volta das 10:00 h e à tarde por volta das 16:00 h, sendo que excecionalmente, em dias de serviço, realizam uma terceira encomenda por volta das 20:00 h.

No decorrer do estágio acompanhei o processo de aquisição de produtos por encomenda manual e diária, através do software da FC e, em contexto de atendimento ao público, efetuei algumas encomendas instantâneas através do gadget, da COOPROFAR®, e por contacto telefónico.

3.2.2. Receção, conferência e armazenamento de encomendas

Os produtos encomendados são enviados à FC devidamente acondicionados, em caixotes de papel ou plástico, para garantir o correto transporte das encomendas, sem danificar os produtos. Os produtos de frio são enviados em contentores térmicos devidamente identificados, devendo ser os primeiros a serem rececionados, conferidos e armazenados, para que não ocorram alterações bruscas de temperatura, ou imediatamente armazenados no frigorífico, a uma temperatura compreendida entre os 2 e os 8ºC [6], caso não seja possível a imediata receção da encomenda.

Uma vez na FC, as encomendas são colocadas no local respetivo, devidamente marcado com a inscrição “Caixotes por rececionar”, para que, assim que possível, o farmacêutico dê entrada da encomenda. Após a abertura dos caixotes, o farmacêutico deve retirar as faturas/guias de remessa, que acompanham a encomenda, e colocar os produtos no menor número de caixotes possível, para uma maior disponibilidade do espaço.

O Sifarma® permite a receção de encomendas, devendo selecionar-se o respetivo fornecedor, e, caso se trate de mais que uma encomenda, permite ao farmacêutico agrupar as encomendas. A receção informática da encomenda inicia-se pela colocação do número da guia de remessa e pelo valor total da encomenda. Em seguida, faz-se a leitura ótica dos códigos dos produtos, começando pelos produtos de frio, se houver, e conferência dos PV, colocando-se os produtos conferidos num novo caixote, que é, posteriormente, colocado no devido local que tem a inscrição “caixotes rececionados”. Feita a leitura, são conferidas quantidades pedidas e enviadas, o preço de venda à farmácia (PVF), imposto sobre o valor acrescentado (IVA), preço de venda ao público (PVP), e, se aplicável, eventuais bonificações, descontos adicionais e margem dos produtos de venda livre. No final, o valor total da encomenda tem de ser igual ao valor anteriormente introduzido, o que significa que o processo de receção foi bem efetuado e que não ocorreram erros de faturação da encomenda.

As encomendas que contêm estupefacientes e psicotrópicos vêm acompanhadas das respetivas requisições (em duplicado), devidamente numeradas, sendo necessário colocar o número da requisição, no sistema informático, antes de finalizar a receção da

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encomenda. Estas requisições são, posteriormente, datadas, assinadas pela diretora técnica e carimbadas, ficando o primeiro exemplar arquivado na farmácia e o segundo exemplar é enviado ao fornecedor [9].

Após a receção da encomenda são emitidas etiquetas para a marcação de preços dos produtos de venda livre. As guias de remessas e as faturas são arquivadas, na respetiva pasta, para posterior conferência por parte da contabilidade. Desta forma, conclui-se o processo de receção e conferência de encomendas.

Após a receção, os MPS são, devidamente, armazenados nos seus locais. Na FC os medicamentos de venda livre, sazonais, produtos cosméticos e de higiene corporal, produtos de puericultura, de veterinária, suplementos alimentares, dispositivos médicos, entre outros, são armazenados em prateleiras na zona de atendimento ao público, de acordo com as indicações terapêuticas, enquanto que os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) se encontram armazenados na zona de receção e conferência de encomendas. Nesta zona, existem armários com gavetas, sendo que estes medicamentos se encontram armazenadas de acordo com a divisão estabelecida pela farmácia (nome comercial, em comprimidos e cápsulas; genéricos, em comprimidos e cápsulas; soluções e suspensões orais; seringas e câmaras expansoras; cremes, pomadas, geles, emulsões; ampolas e injetáveis; sistemas transdérmicos; produtos do Protocolo da Diabetes; colírios e gotas; sprays e inaladores; pós e granulados, em saquetas e comprimidos efervescentes). Os excedentes de todos os produtos são armazenados em prateleiras, que rodeiam a zona de receção e conferência de encomendas. Nas gavetas e nas prateleiras, na zona mencionada anteriormente, os MPS são armazenados por ordem alfabética e PV, seguindo os princípios First In,First Out (FIFO), para os que não têm PV, e First Expire,First Out (FEFO), para os que têm PV, de modo a que a embalagem do produto mais antiga ou com o PV mais curto seja a primeira a ser dispensada. Estes MPS encontram-se armazenados sob condições de temperatura (inferior a 25ºC) e humidade (inferior a 60%) constantemente monitorizadas com recurso a sondas de temperatura e humidade, sendo que as condições de conservação dos produtos de frio também são constantemente monitorizadas [6].

No caso de encomendas diretas ou por contacto telefónico, é necessário criar, em primeiro lugar, a encomenda para, posteriormente, proceder à receção da mesma, que se deve realizar da mesma forma que as encomendas anteriormente mencionadas.

Durante o estágio fui a responsável por dar entrada das encomendas e auxiliei no armazenamento dos produtos, funções que se revelaram de elevada importância uma vez que me permitiu o primeiro contacto com os medicamentos, conhecer os seus nomes comerciais, formas farmacêuticas disponíveis no mercado e as condições de armazenamento.

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3.2.3. Controlo dos prazos de validade e devoluções aos fornecedores O controlo dos PV é fundamental para a garantia da qualidade, segurança e eficácia dos MPS dispensados. Na FC, este controlo é feito com recurso ao sistema informático que permite a emissão de listas de MPS cujo prazo expire dois meses depois. Com esta lista, verifica-se os MPS cujo prazo irá, efetivamente, expirar ou corrigir o PV, caso não se tenha feito a alteração e, portanto, o PV não irá expirar. Os MPS cujo PV irá expirar são retirados dos seus locais, sendo colocados num caixote. No fim da recolha e através do software da farmácia é efetuada a devolução. Para isto é necessário selecionar o fornecedor, a data e hora do transporte para o fornecedor, e fazer a leitura ótica dos códigos dos MPS. Posto isto, seleciona-se como motivo da devolução “Fora de prazo” e completa-se a devolução com o número de unidades do produto devolvidas e o número da fatura em que foram faturados. Após a conclusão da devolução, é impressa a nota de devolução em triplicado e devidamente assinada e carimbada, sendo que o original e duplicado são enviados ao fornecedor, juntamente com os MPS, e o triplicado fica arquivado na farmácia.

Existem ainda outras situações que determinam a devolução de um produto como é o caso do produto estar danificado, ter sido encomendado por engano ou encomendado em maior número que o necessário, por suspensão da sua comercialização pelo INFARMED ou a sua recolha voluntária pelo detentor da Autorização de Introdução no Mercado, entre outros.

Se o fornecedor autorizar a devolução, deve emitir uma nota de crédito, para posterior regularização desta nota pela farmácia, mas se a devolução não é permitida, os produtos são considerados quebras e são abatidos ao inventário da farmácia.

Durante o período de estágio estava responsável pela realização e regularização de devoluções e tive, ainda, a oportunidade de efetuar o controlo dos PV.

4. Aconselhamento e dispensa de medicamentos e produtos de saúde Embora os farmacêuticos desempenhem uma grande variedade de funções, o aconselhamento e a dispensa são as funções de maior notoriedade destes profissionais.

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Como o próprio nome indica, estes medicamentos são dispensados, apenas nas farmácias, mediante a apresentação de receita médica e designam medicamentos que: • podem constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, caso sejam utilizados sem vigilância médica, mesmo se usados para o fim a que se destinam;

• podem constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando usados com frequência e em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

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• contêm substâncias ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou RA seja necessário aprofundar;

• se destinem à administração por via parentérica [10]. 4.1.1. Receita médica

A receita médica designa o documento através do qual, um profissional devidamente habilitado, prescreve um ou mais medicamentos ou produtos para uso humano, podendo corresponder a um de três tipo possíveis: a manual, a eletrónica materializada (com papel) ou a eletrónica desmaterializada (sem papel) [11].

A receita manual é a forma mais antiga de prescrição de medicamentos, e consiste no preenchimento manual de um documento numerado pré-impresso com os dados do doente, da via de comparticipação, do prescritor e do medicamento (denominação comum internacional ou nome comercial, dosagem, forma farmacêutica, apresentação, número de embalagens, posologia e, se aplicável, justificações técnicas). A receita deve ainda conter as vinhetas do prescritor e do local de prescrição e, no final, ser datada e assinada pelo prescritor. Esta receita só permite a prescrição, por documento, de até duas embalagens de quatro medicamentos distintos e nunca ultrapassando o total de quatro embalagens de um medicamento. Este tipo de receita tem a validade de trinta dias, sendo que deve ser dispensada na totalidade para que o utente possa usufruir do regime de comparticipação atribuído a todos os medicamentos comparticipados que nela constem, não sendo possível emitir mais do que uma via do documento. A prescrição manual deve ser utilizada excecionalmente, devendo o prescritor assinalar a respetiva exceção legal que determinou a sua utilização: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou autorização para prescrição de até quarenta receitas manuais por mês. Os erros de dispensa associados à interpretação incorreta da caligrafia do prescritor e a limitação da quantidade de medicamentos prescritos, o que se revela incompatível com os regimes terapêuticos das doenças crónicas, representam as principais desvantagens da prescrição manual [11].

De forma a ultrapassar algumas das limitações da receita manual, no ano de 2012, foi implementada a prescrição/receita eletrónica materializada. Neste tipo de prescrição o processamento realiza-se por via informática, sendo necessária a introdução do Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), que agrupa a denominação comum internacional, a dosagem, a forma farmacêutica e a apresentação do medicamento, o que permite identificar o quinto preço mais baixo de venda ao público (PVP) dos medicamentos que dele constem [12]. A prescrição é então impressa e pode compreender um subtipo de prescrição de três vias, que apresenta validade de seis meses e permite que o utente avie, cada via, de acordo com as suas necessidades. Esta prescrição inclui ainda um guia de tratamento destacável, que

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contém o número da receita, os códigos de acesso e de direito de opção, indispensáveis à dispensa, informação do prescritor, do utente e do medicamento e os encargos monetários, para o utente, decorrentes da sua dispensa [11].

É obrigatória a impressão, no verso da receita manual ou eletrónica materializada, das seguintes informações: identificação da farmácia, identificação do(s) medicamento(s) dispensado e respetivo número de registo em código de barras, preço total de cada medicamento dispensado, valor total da dispensa, valor do encargo para o utente por medicamento e total da dispensa, valor da comparticipação do Estado por medicamento e total da dispensa e menção alusiva à justificação técnica (se aplicável), assinatura do farmacêutico e carimbo da farmácia, e data da dispensa. No verso das receitas mencionadas anteriormente, deve, também, constar a assinatura do utente, assumindo que lhe foram dispensados os medicamentos constantes na receita e os conselhos sobre a sua correta utilização [11].

Recentemente, em 2016, passou a ser obrigatório em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS) a prescrição através de receita eletrónica desmaterializada, ou seja, a prescrição de medicamentos e a dispensa da receita é feita sem recurso a papel [13]. Desta forma, a prescrição tornou-se um processo mais eficaz e seguro, dado o controlo de emissão e dispensa de prescrições, pois obriga a um acesso eletrónico autenticado, no caso dos profissionais. Os utentes recebem os dados da prescrição, Código de acesso e dispensa e Código de Direito de Opção, indispensáveis à sua dispensa, por mensagem no telemóvel ou por email. O prescritor pode facultar, ao utente, uma guia de tratamento que contém a mesma informação da mensagem ou email e, ainda, informação adicional, como a informação relativa a cada medicamento prescrito, justificações técnicas (se aplicável), encargos para o utente e data de validade da receita, podendo ser também usado para a dispensa da medicação. Neste tipo de receitas, não há limite para o tipo ou número de produtos prescritos no mesmo documento, no entanto, apenas podem ser prescritas duas embalagens de cada produto, ou, excecionalmente, seis embalagens de cada medicamento destinado a tratamentos prolongados. No que respeita à validade da prescrição, os medicamentos prescritos apresentam, geralmente, validade de trinta dias para a sua dispensa, à exceção dos medicamentos destinados a tratamentos crónicos que têm a validade de seis meses. Este sistema de prescrição apresenta vantagens para o utente, uma vez que todos os MPS prescritos são incluídos numa única receita e, uma vez que pode optar por aviar uma parte ou a totalidade dos medicamentos prescritos, de acordo com as suas necessidades [11,14].

As justificações técnicas devem ser escritas sempre que aplicável, sendo que o prescritor deve mencionar uma das três possíveis:

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• “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º – Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito”, sendo que estes medicamentos estão identificados numa lista definida pelo INFARMED, e o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que consta da receita;

• “Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º – Reação adversa prévia”, sendo que neste caso o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que consta da receita;

• “Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º – Continuidade de tratamento superior a 28 dias”, sendo que nesta situação o utente pode optar por medicamentos similares aos prescritos, desde que sejam de preço inferior, e o utente tem de demonstrar que exerceu o direito de opção [11].

4.1.2. Validação e dispensa da prescrição

Antes de proceder à dispensa da prescrição, o farmacêutico procede à sua validação. A receita manual e a receita eletrónica materializada apenas se encontram válidas quando apresentam todos os campos devidamente preenchidos, contêm as vinhetas/códigos do prescritor e do local de prescrição, se encontram datadas e assinadas e dentro do PV. Adicionalmente, as receitas manuais não podem apresentar rasuras ou diferentes caligrafias [11]. No caso da receita eletrónica desmaterializada, o acesso à receita é realizado informaticamente, devendo o farmacêutico verificar o PV de cada uma das linhas da prescrição.

Após a validação da prescrição, o farmacêutico procede, então, à dispensa da mesma. Se a receita for manual, é necessário primeiro inserir os produtos prescritos que o utente pretende aviar e só depois selecionar o regime de comparticipação, fazendo-se posteriormente a leitura do número da receita e do código do prescritor. Se as receitas forem eletrónicas, a primeira fase envolve o acesso informático da receita sendo necessário introduzir o número da receita e os Códigos de acesso e dispensa. Numa segunda fase, deve proceder-se à seleção dos produtos que o utente pretende aviar e, no caso de não existirem exceções a) ou b), informá-lo da existência de produtos similares aos prescritos de menor preço e do seu direito em optar por eles. Assim sendo, as farmácias devem ter disponíveis para venda, no mínimo, três medicamentos do mesmo grupo homogéneo de entre os cinco que apresentam o preço mais baixo e, caso não esteja disponível em stock o medicamento pretendido pelo utente, a farmácia tem doze horas para efetuar as diligências necessárias ao fornecimento desse mesmo medicamento [11].

A dispensa de psicotrópicos e estupefacientes obriga ao preenchimento de dados do utente e do aquirente, como nome completo, idade, morada e número do bilhete de

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respetivo documento de identificação. No final do ato de dispensa é emitido um documento onde consta toda a informação da venda, com os dados do utente e do adquirente, que é arquivado para conferência no final do mês.

No final da dispensa de receitas manuais e eletrónicas, deve ser impresso no verso da receita a informação da dispensa, sendo que o utente confirma através da sua assinatura. Quando, na comparticipação estão envolvidos outros planos de comparticipação, deve fotocopiar-se o respetivo cartão de beneficiário e proceder à impressão de um documento que comprova o uso desse plano, que deve ser assinado pelo utente.

Durante o ato de dispensa, o farmacêutico deve ainda verificar o plano terapêutico e o historial clínico do utente, de forma a detetar possíveis interações e RA medicamentosas e, caso seja a primeira vez que o utente administre o medicamento, o farmacêutico deve alertá-lo de todas as informações necessárias ao uso correto e racional do MPS dispensado, como sendo a posologia, as precauções de uso, as interações medicamento-alimento e medicamento-medicamento e as RA mais comuns. Caso o utente siga um esquema terapêutico crónico, é importante que o farmacêutico perceba se está a ser eficaz ou se provocou algum inconveniente.

4.1.3. Entidades de comparticipação

A atual legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos, através de um regime geral e de um regime especial, do qual podem usufruir utentes do Serviço Nacional de Saúde, beneficiários da Direção-Geral de Proteção Social e Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE) [15].

A Portaria n.º 195D/2015, de 30 de junho, estabelece os grupos e subgrupos terapêuticos de medicamentos que podem ser objeto de comparticipação, bem como os respetivos escalões de comparticipação: Escalão A – 90%, Escalão B - 69%, Escalão C – 37% e Escalão D – 15% [16].

O regime especial de comparticipação prevê dois tipos de comparticipação adicionais, em função dos beneficiários e em função de patologias ou grupos especiais de utentes sendo que, determina um acréscimo de 5% à percentagem de comparticipação pelo regime geral, em medicamentos do escalão A (totalizando 95%), e um acréscimo de 15% em medicamentos do escalão B, C e D (totalizando 84%, 52% e 30%, respetivamente), e verifica-se a atribuição do regime especial através da existência de um “R” no campo do regime de comparticipação nas receitas manual e eletrónica materializada. Para medicamentos com um PVP inferior ou igual ao quinto preço mais baixo do seu grupo homogéneo, está ainda prevista a comparticipação em 95% do PVP, independentemente do escalão em que estes se insiram [11]. A comparticipação dos medicamentos prescritos a utentes com alguma das patologias

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previstas na lei é variável (Paramiloidose, Lúpus, Hemofilia, Hemoglobinopatias, Doença de Alzheimer, Psicose maníaco-depressiva, Doença inflamatória intestinal, Artrite reumatoide espondilite anquilosante, Dor oncológica moderada a forte, Dor crónica não oncológica moderada a forte, Procriação medicamente assistida, Psoríase e Ictiose) [17], sendo definida pelo diploma/despacho ao abrigo do qual foram prescritas, e verificada a atribuição de um outro regime especial de comparticipação, através da existência de um “O” no campo do regime de comparticipação, nas receitas manual e eletrónica materializada, e do respetivo diploma/despacho junto da prescrição de cada um dos medicamentos.

Os produtos compreendidos no Protocolo da Diabetes são, igualmente, comparticipados, sendo que as tiras-teste de glicémia, cetonemia e cetonúria beneficiam de uma percentagem de comparticipação de 85% do PVP e as agulhas, seringas e lancetas de 100% do PVP [18].

Existem, ainda, outras entidades de comparticipação para além do SNS, como, por exemplo, os subsistemas de saúde de entidades privadas - Assistência na Doença a Militares, Caixa Geral de Depósitos, Savida, Sindicatos de Bancários do Norte e do Centro, Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários, Tranquilidade, entre outros - que complementam a comparticipação atribuída aos medicamentos pelo SNS e assumindo, em alguns casos, a totalidade do valor da despesa, e alguns laboratórios da indústria farmacêutica que dispõem de programas de apoio especial para a aquisição de alguns MPS, reduzindo os encargos ao utente através da comparticipação de uma parte do seu valor, complementar ou não à comparticipação pelo regime geral ou especial.

4.1.4. Conferência do receituário

O farmacêutico deve proceder à conferência do receituário posteriormente ao ato da dispensa. Este deve datar, carimbar e assinar o verso de todas as receitas manuais e eletrónicas materializadas, bem como verificar a conformidade da medicação dispensada com a da prescrição, de forma a verificar possíveis erros de impressão no verso e proceder à sua correção.

Os documentos/recibos de MPS adquiridos sob comparticipação dos subsistemas de saúde de entidades privadas também devem ser conferidos, a fim de garantir que se encontram assinados e com o número de beneficiário. No final, as receitas manuais, receitas eletrónicas materializadas e os recibos de produtos adquiridos sob comparticipação de outras entidades do SNS são entregues à diretora técnica para nova conferência e emissão da faturação. No caso das receitas eletrónicas sem papel, não se imprime no verso, uma vez que a comunicação do receituário é feita

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automaticamente, no entanto, é importante verificar se alguma receita entrou para o lote incorreto ou para o lote de erros, para a retificação da situação atempadamente.

4.1.5. Faturação do receituário

As receitas médicas são enviadas, organizadas em lotes, sendo que cada lote é constituído por trinta receitas, sendo que a atribuição do número do lote e da receita dentro desse lote se processa informaticamente e por ordem cronológica de dispensa, com exceção do lote de receitas médicas remanescentes desse mesmo tipo e de alguns subsistemas, que podem conter um número inferior. No final de cada mês procede-se ao fecho dos lotes, através do sistema informático, emitindo um Verbete de Identificação de Lote, que é carimbado e anexado ao lote correspondente. Posteriormente é impresso em triplicado, a cada entidade de comparticipação, a Relação Resumo de todos os lotes de cada organismo, que contém a mesma informação do verbete, mas para todos os lotes agrupados por organismo. No final, emite-se a fatura mensal de medicamentos, em quadruplicado para todos os organismos, que deve ser carimbada e assinada pela diretora técnica, sendo que três exemplares vão anexos ao receituário e outro destina-se à contabilidade da farmácia [19].

O receituário referente ao SNS é enviado ao Centro de Conferência de Faturas (CCF), localizado na Maia, até ao décimo dia do mês seguinte, via CTT. Ao Centro de Conferência de Faturas cabe a validação de toda a documentação, devendo comunicar à farmácia, posteriormente, o resultado dessa avaliação. A existência de erros de dispensa, data de validade expirada ou ausência de preenchimento de campos de informação pelo prescritor, entre outras razões, determinam a rejeição da receita pela entidade de comparticipação, por isso as receitas com erro são devolvidas à farmácia, acompanhadas do motivo que determinou a sua rejeição. A elaboração do receituário dos subsistemas, que têm acordos com a Associação Nacional das Farmácias, tem requisitos idênticos ao SNS, e é enviado à Associação Nacional das Farmácias, até ao décimo dia do mês seguinte, via CTT, que se encarrega de fazer a distribuição pelos respetivos organismos e são enviadas as faturas em triplicado [20].

Durante o meu período de estágio tive a oportunidade de proceder à conferência de algumas receitas manuais e receitas eletrónicas materializadas e de verificar a faturação dos lotes.

4.1.6. Informações a transmitir à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

A farmácia deve enviar para o INFARMED, por email e até ao oitavo dia do mês seguinte à dispensa, cópias das receitas manuais contendo medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, e as listas das restantes receitas dispensadas contendo estes medicamentos, que devem mencionar a identificação do prescritor, número da

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receita, identificação do medicamento dispensado, quantidade dispensada e identificação e idade do adquirente. Adicionalmente, até ao dia 31 de janeiro de cada ano, devem ser enviados nas mesmas condições o registo de entradas e saídas dos estupefacientes e psicotrópicos, obtido a partir do sistema informático, bem como as quantidades vendidas durante o ano e as que permanecem em stock [21].

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Medicamentos não sujeitos a receita médica são os que não preencham qualquer das condições exigidas para a classificação como medicamento sujeito a receita médica e, como o próprio nome indica, podem ser dispensados sem receita médica [10]. Estes tipos de medicamentos podem ser dispensados na farmácia ou em locais de venda de MNSRM devidamente autorizados, pelo que o utente pode, facilmente, adquiri-los e administrá-los sem a intervenção do farmacêutico, o que pode estimular a automedicação que é suscetível de gerar riscos, uma vez que pode mascarar sintomas, dificultar ou atrasar diagnósticos e respetivos tratamentos e favorecer a ocorrência de RA e interações medicamentosas. Dentro da classe dos MNSRM existem os medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia (MNSRM-EF), o que garante o acompanhamento do farmacêutico antes e durante a sua utilização [22].

O farmacêutico pode recorrer ao aconselhamento de MNSRM para o tratamento de afeções simples, autolimitadas e tratáveis num curto período do tempo, tendo sempre em atenção a história clínica do utente e a medicação que possa estar a tomar. O farmacêutico tem o dever de educar o utente para a automedicação responsável e para o uso racional do medicamento.

No período de estágio tive a oportunidade de dispensar e aconselhar diversos MNSRM, sobretudo medicamentos indicados no tratamento de sintomatologia gripal, dores e/ou inflamação da garganta, tosse com e sem expetoração, bem como analgésicos e anti-inflamatórios tópicos indicados no tratamento de dores musculares e reumatismais ligeiras.

4.3. Outros produtos de saúde

4.3.1. Produtos cosméticos e de higiene corporal

Como produto cosmético entende-se “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais” cuja finalidade seja exclusivamente “limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais” [23].

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A FC coloca ao dispor dos seus utentes diversas marcas e gamas de produtos cosméticos e de higiene corporal, sendo os mais procurados os produtos cosméticos e de higiene oral, mas também os fixadores de prótese dentária, seguidos dos produtos capilares e de lavagem/higiene íntima, os perfumes e os hidratantes. Durante o estágio foi-me solicitado algumas vezes o aconselhamento de produtos cosméticos e de higiene corporal, sendo que na maior parte das vezes solicitei o apoio e opinião dos farmacêuticos presentes.

4.3.2. Fitoterapia

A fitoterapia representa uma das sete terapêuticas não convencionais reconhecidas e regulamentadas pela legislação portuguesa [24]. Os produtos fitoterapêuticos são produtos à base de plantas destinados ao tratamento de afeções ligeiras do organismo. Os utentes designam, geralmente, estes produtos de “produtos naturais” e consideram-nos inócuos, mas é importante informá-los que não são isentos de risco, dado que por conterem princípios ativos podem interagir com medicamentos incluídos no regime terapêutico instituído, o que pode resultar numa redução da eficácia e/ou no aumento da toxicidade.

Na FC estão disponíveis diversos produtos fitoterapêuticos, sendo que os mais solicitados são os auxiliares de tratamento de distúrbios do sono e de distúrbios gastrointestinais. Durante o estágio tive oportunidade de dispensar alguns produtos fitoterápicos, principalmente os destinados aos distúrbios do sono.

4.3.3. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são “géneros alimentícios que se destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, estremes ou combinadas, comercializadas em forma doseada”, nas mais variadas formas farmacêuticas e que se “destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade reduzida” [25]. Uma vez que se tratam de géneros alimentícios e não medicamentos, o seu controlo é da responsabilidade da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária [26]. Os utentes devem ser sempre alertados de que os suplementos alimentares se destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal, não devendo, nunca, ser utilizados como substitutos de uma dieta variada.

A FC coloca ao dispor dos seus utentes uma grande variedade de suplementos alimentares, que são dispensados por indicação médica ou através de aconselhamento farmacêutico. Os mais solicitados são os que contém magnésio, para a prevenção de fadiga e cãibras musculares, os multivitamínicos, para auxiliar no cumprimento da dose diária recomendada de micronutrientes, os que contêm glucosamina e condroitina, para auxiliar no tratamento dos sintomas associados à osteoartrose, e os que contêm ácidos

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gordos ómega-3, para melhorar a saúde cardiovascular. Durante o período de estágio tive a oportunidade de dispensar alguns suplementos vitamínicos, quer por indicação médica, quer por aconselhamento farmacêutico, sobretudo de suplementos multivitamínicos, que contêm magnésio ou que contêm glucosamina e condroitina.

4.3.4. Homeopatia

Para além da fitoterapia, a homeopatia é uma terapêutica não convencional reconhecida e regulamentada pela legislação portuguesa [24]. Medicamento homeopático é qualquer “medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode conter vários princípios” [27].

Na FC estão disponíveis alguns medicamentos homeopáticos da Boiron®, e durante o estágio dispensei alguns produtos homeopáticos, nomeadamente os produtos indicados como auxiliares no tratamento da sintomatologia gripal, no tratamento da tosse e no tratamento da rouquidão.

4.3.5. Medicamentos e outros produtos de uso veterinário

Como medicamento veterinário entende-se “toda a substância ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica e metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [28]. Os medicamentos de uso veterinário dividem-se, tal como os de uso humano, em medicamentos sujeitos a receita médica e não sujeitos a receita médica. Também relativamente a estes produtos, deve o farmacêutico prestar os esclarecimentos necessários para uma correta utilização do medicamento veterinário e alertar para o seu impacto na saúde pública.

Na FC encontram-se disponíveis diversos medicamentos e produtos de uso veterinário, sendo os mais solicitados os antiparasitários externos e internos, para cães e gatos. Ocasionalmente, dispensei também medicamentos de uso humano, para uso veterinário mediante prescrição do médico-veterinário, nomeadamente antibióticos e protetores gástricos.

4.3.6. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos designam “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, (…), cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada

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por esses meios” [29]. É ainda de notar que os dispositivos médicos são utilizados com a finalidade de:

• “Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença; • Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou

de uma deficiência;

• Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; • Controlo da conceção” [29].

Na FC, os utentes podem encontrar disponíveis diversos dispositivos médicos, nomeadamente, pensos rápidos, ligaduras, gazes esterilizadas, fraldas para a incontinência urinária, meias de compressão, canadianas, bengalas, termómetros, medidores de PA e da glicémia, seringas com e sem agulhas, preservativos, sacos e pensos para ostomia, entre outros. Os dispositivos médicos mais procurados são o material de penso, os recipientes de colheita de urina, as seringas com e sem agulha, material para ostomizados e as meias de compressão. Adicionalmente, a FC dispõe também de diversos dispositivos médicos da Aboca®, como o Fitonasal®, NeoFitoroid® e Grintuss®, utilizados maioritariamente para a prevenção de afeções orgânicas ligeiras. Durante o estágio aconselhei e dispensei alguns dos dispositivos médicos, nomeadamente material de penso, termómetros, testes de gravidez e dispositivos médicos da Aboca®, principalmente para auxiliar no tratamento da tosse seca ou tosse com expetoração.

4.3.7. Produtos de obstetrícia, puericultura e nutrição infantil

Dado o seu perfil de utentes, a FC dispõe de um número reduzido deste tipo de produtos, sendo apenas de referir, nos produtos de obstetrícia, alguns cremes e óleos anti-estrias e cintas modeladoras pós-parto, nos produtos de puericultura, as chupetas, os biberões, as tetinas e alguns produtos cosméticos (cremes hidratantes, emolientes, apaziguantes e cicatrizantes) e produtos de higiene corporal (cremes e geles de duche), e nos produtos de nutrição infantil, os leites e as papas. Durante o estágio tive a oportunidade de dispensar algumas papas infantis e cremes para a muda da fralda.

5. Produção e controlo de medicamentos 5.1. Medicamentos manipulados

Os medicamentos manipulados estão sujeitos a prescrição médica, embora apenas alguns sejam comparticipados pelo SNS, nomeadamente os referidos na legislação em vigor [30].

Na FC não há produção de medicamentos manipulados. Estes são produzidos por outra farmácia no Porto e, posteriormente, enviados para a FC, para serem dispensados aos utentes. Juntamente com o medicamento manipulado, a FC recebe um documento no qual consta a informação de que o medicamento está conforme os padrões de

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qualidade e o PVP, que é posteriormente arquivado. Durante o estágio não tive a oportunidade de preparar nem observar a preparação de medicamentos manipulados, mas verifiquei a dispensa de 3 manipulados, essencialmente formas farmacêuticas líquidas e semissólidas.

6. Prestação de cuidados de saúde

A farmácia não é apenas um local de aconselhamento e dispensa de MPS, é também um espaço de saúde com impacto na instituição, adesão e monitorização da eficácia da terapêutica dos utentes, e na prevenção da doença, sendo por isso que disponibiliza aos seus utentes diversos serviços e cuidados de saúde. Desta forma, o farmacêutico estabelece uma relação de maior proximidade com o utente, aconselhando-o e informando-o acerca de medidas não farmacológicas e cuidados de saúde ou referenciando o utente para o profissional de saúde (médico, dentista, enfermeiro, psicólogo, entre outros) adequado.

6.1. Determinação da pressão arterial

Na FC há um número considerável de utentes que controlam regularmente a sua PA. A medição é totalmente gratuita para o utente, e é efetuada no gabinete do utente com a utilização do estetoscópio e esfigmomanómetro de mercúrio, proporcionando aos utentes resultados fidedignos, sendo que o farmacêutico deve ter a sensibilidade e acuidade necessárias para uma medição correta. O papel do farmacêutico neste campo é essencial, uma vez que deve prestar um aconselhamento útil após a medição da PA, no caso de valores anormais (PA sistólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou da PA diastólica igual ou superior a 90 mmHg) [31], em relação a hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo e estilos de vida saudáveis, alertando sempre para os riscos decorrentes de uma PA elevada e não controlada, aconselhando o utente para consultar o médico, quando achar pertinente.

Durante o estágio tive a oportunidade de proceder à medição da PA de vários utentes, sendo que perante resultados de PA elevados, informava-os de medidas não farmacológicas para um controlo adequado da PA.

6.2. Determinação de parâmetros bioquímicos no sangue capilar: glicémia, colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico

Para além da determinação da PA, a FC disponibiliza também serviços remunerados de determinação de parâmetros bioquímicos no sangue capilar, efetuados no gabinete do utente. A glicémia capilar é determinada com recurso a um glucómetro Element® Neo, enquanto que o colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico com recurso ao aparelho Reflotron® Plus da Roche®. Apesar da utilidade e qualidade destes serviços, são pouco os utentes que os solicitam. No entanto, ao fim de três meses de estágio tive

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a oportunidade de determinar, algumas vezes, todos os parâmetros bioquímicos anteriormente mencionados.

6.3. VALORMED

A VALORMED trata-se de uma sociedade sem fins lucrativos, que resultou da colaboração entre a indústria farmacêutica, distribuidores grossistas e farmácias em 1999, e tem a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso [32]. Os utentes devem ser informados para entregarem os medicamentos, fora de prazo ou que já não usam, na farmácia. O farmacêutico deve colocar estes medicamentos no contentor VALORMED que é, posteriormente, recolhido pelos distribuidores grossistas e enviados para a VALORMED para tratamento dos resíduos de medicamentos.

PARTE 2

1. Atividades desenvolvidas no âmbito do estágio profissionalizante

No decorrer do estágio profissionalizante em farmácia comunitária procurei desenvolver atividades que beneficiassem a FC, mas que acima de tudo beneficiassem os seus utentes. Por estas razões, tive a oportunidade de participar em alguns projetos de reorganização funcional e de divulgação da farmácia, bem como algumas atividades junto da população, para aumentar a proximidade entre a farmácia e a comunidade, em benefício da saúde pública.

1.1. Reorganização das gavetas de armazenamento de medicamentos A FC dispõe, na zona de receção e conferência de encomendas, de dois armários com várias gavetas onde estão armazenados os medicamentos, sendo que os medicamentos excedentes são armazenados em prateleiras, que se encontram em volta da zona mencionada.

Durante o estágio, os farmacêuticos verificaram que o espaço das gavetas não estava devidamente aproveitado e organizado, pelo que me incumbiram a tarefa de reorganização das mesmas. Dado que existiam vários medicamentos excedentes nas prateleiras, o objetivo da reorganização das gavetas passava por aproveitar o espaço disponível, nas gavetas, de forma a diminuir os excedentes, nas prateleiras.

Foi uma tarefa que teve uma longa duração, pois não foi um trabalho contínuo, tendo o auxílio do Dr. Nuno Lages. Comecei pela reorganização das seringas, com e sem agulha, e câmaras expansoras, na mesma gaveta. Posteriormente, passei à reorganização das gavetas dos cremes, pomadas e geles, seguindo-se as ampolas e injetáveis, sistemas transdérmicos, produtos do protocolo da Diabetes, gotas e colírios, sprays e inaladores, comprimidos efervescentes e saquetas, medicamentos genéricos em comprimido e cápsulas, tendo finalizado nos medicamentos de marca em comprimidos e cápsulas e ficando a faltar as soluções e suspensões orais.

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No final da reorganização efetuada, era bem visível a diminuição de excedentes nas prateleiras e o espaço das gavetas bem distribuído, tendo-se cumprido com o objetivo definido. Esta reorganização era importante, pois existiam medicamentos adquiridos recentemente que não tinham lugar definido nas gavetas, pelo que os farmacêuticos tinham o dobro do trabalho, visto que procuravam, os medicamentos, nas gavetas e nas prateleiras, o que levava ao aumento do tempo do atendimento.

1.2. Estratégias de Marketing

1.2.1. Adesão à rede social Facebook®

Atualmente existem muitas plataformas online que permitem a divulgação de todos os tipos de negócios. Desta forma, para as farmácias, as redes sociais permitem a divulgação das mesmas, dos seus serviços, campanhas, produtos, rastreios, consultas, mas permitem, também, que a farmácia esteja mais próxima dos seus utentes, uma vez que, nos dias que correm, muitos são os utentes que aderem e visitam com regularidade estas redes. Esta ideia surgiu numa sessão com a consultora da Glintt®, em que se verificavam outras hipóteses de divulgação dos serviços, produtos e campanhas da FC, não só para os utentes da farmácia, como para a população em geral.

O perfil e a página da farmácia foram criados no final do mês de janeiro, tendo atualmente mais de 1500 amigos e seguidores. No entanto, só a partir de 21 de fevereiro é que começamos efetivamente a utilizar a plataforma como meio de divulgação. Durante o período do estágio, fui responsável por colocar as informações da farmácia no perfil da mesma, e na divulgação dos produtos e campanhas em vigor. Considero que esta atividade foi uma mais valia para a FC, na medida em que a aproxima de toda a população em geral e que pode ajudar no aumento das vendas, devido à divulgação dos produtos e das campanhas, pois permite aos utentes estarem a par das novidades. No entanto, não foi possível observar o impacto desta medida nas vendas da farmácia, dada a proximidade da finalização do meu período de estágio.

1.2.2. Execução da montra de Natal

A execução das montras são uma das formas mais comuns de dar destaque às campanhas e aos produtos, que por vezes não têm muita saída, pretendidos pela farmácia, o que permite dar a conhecê-los aos utentes e a incitar a sua compra. As épocas festivas são exemplos de alturas em que as montras são renovadas, e na FC não foi exceção. Quando pensamos em Natal, pensamos na troca de presentes entre familiares e amigos, e a FC quis assinalar essa época, com uma montra especial de Natal, com sugestões de prendas para todas as idades. Auxiliei a diretora técnica na execução dessa montra, em que retiramos os produtos que estavam expostos e colocamos as sugestões que foram selecionadas por a mesma. Junto com as

Referências

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