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Caraterização do perfil de consumidores de suplementos alimentares, orientações motivacionais e cognitivas dos utilizadores praticantes de atividades desportivas e recreativas e o papel da participação nestas atividades para a satisfação das necessidades

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Caraterização do perfil de consumidores de suplementos

alimentares, orientações motivacionais e cognitivas dos

utilizadores praticantes de atividades desportivas e recreativas e o

papel da participação nestas atividades para a satisfação das

necessidades psicológicas básicas

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Flávia Daniela Meireles da Silva

Orientador: Prof. Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos-

Raposo

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Caraterização do perfil de consumidores de suplementos alimentares,

orientações motivacionais e cognitivas dos utilizadores praticantes de

atividades desportivas e recreativas e o papel da participação nestas

atividades para a satisfação das necessidades psicológicas básicas

Flávia Daniela Meireles da Silva

Composição do júri:

Professor Doutor Ricardo Nuno Serralheiro Gonçalves Barroso Professora Doutora Alice Margarida Martins Santos Simões Professor Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos - Raposo

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iii Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica, sob a orientação de José Vasconcelos Raposo – Professor Catedrático.

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Agradecimentos

Após a elaboração do presente estudo e findo este longo percurso académico, que tanto trabalho, responsabilidade e ensinamentos proporcionou, surge o momento ideal de demonstrar o meu “MUITO OBRIGADO” a todos aqueles que me acompanharam e me ajudaram a traçar este percurso, permitindo assim a concretização de um sonho. Agradeço em especial: ao professor Catedrático José Vasconcelos-Raposo pela disponibilidade, paciência e incentivo, pelo apoio prestado e pela sabedoria partilhada. A todo o staff do ginásio da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a todos os participantes que tornaram possível a recolha de dados, fundamental para a elaboração deste trabalho. À minha grande amiga Andreia Leite que merece igualmente todo o sucesso por me ter acompanhado e aturado ao longo destes 5 anos, por ser companheira, conselheira e por estar sempre do meu lado, nos bons e maus momentos. Obrigada por seres a melhor amiga! À minha amiga Paula Ribeiro, colega de supervisão e amiga sempre presente em todo o meu percurso académico. Por partilhar comigo medos e receios. Por acreditar em nós, mesmo nos momentos mais alarmantes. Obrigada por estares sempre comigo. A todas as minhas amigas que de uma forma ou de outra se cruzaram comigo em Vila Real e tornaram estes anos ainda mais especiais. Ao meu namorado, Sérgio Marques, por acreditar em mim, às vezes mais do que eu. Pelo carinho, pelo caloroso abraço, pelo sorriso reconfortante, pela paciência e apoio demonstrado ao longo deste projeto. Pelo trabalho que tens e por conseguires lutar pelos teus objetivos e pelos meus. Obrigada a ti por seres um namorado incrível, mereces o maior sucesso do mundo! Por fim, ao meu irmão por acreditar em mim e pela força que sempre me deu e, em especial, aos meus pais. Sem eles não seria possível chegar até aqui. Sem eles não seria possível lutar pelo meu sonho. Obrigada por abdicarem muitas vezes dos vossos sonhos e pelos sacrifícios que fizeram no decorrer desta caminhada, para que nada me faltasse. A vocês, obrigada pela compreensão, pelo exemplo que são de trabalho e persistência, pela força e pelo apoio que nunca me faltou na minha formação académica. Adoro-vos!

A todos e a todas,

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vii

Índice

Agradecimentos ...v

Lista de tabelas ... ix

Lista de siglas e acrónimos ... xi

Preâmbulo ... xiii Resumo ... iii Abstract...v Introdução ...1 Método ...4 Participantes...5 Instrumentos ...7

Questionário para dados sociodemográficos ... 7

Questionário de Orientação Motivacional no Desporto ... 7

Procedimentos ...8 Análise Estatística ...8 Resultados...9 Discussão ...15 Conclusão ...19 Referências bibliográficas ...21 Resumo ... iii Abstract...v Introdução ...1 Método ...4 Participantes...5 Instrumentos ...8

Questionário de dados sociodemográficos ... 8

Questionário da Satisfação das Necessidades Psicológicas Básicas ... 8

Procedimentos ...8

Análise Estatística ...9

Resultados...9

Discussão ...12

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viii Referências Bibliográficas ...17 Epílogo ...21 Referências bibliográficas ...23

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ix

Lista de tabelas

Artigo I

Tabela 1 – Caraterísticas sociodemográficas dos participantes

Tabela 2 - Caraterísticas dos participantes quanto à ingestão de suplementos

Tabela 3 – Análise descritiva das variáveis em estudo

Artigo II

Tabela 1 – Caraterísticas sociodemográficas dos participantes

Tabela 2 – Caraterísticas dos participantes quanto à prática de atividade física no ginásio

Tabela 3 – Caraterísticas dos participantes quanto à prática de outra atividade extra ginásio

Tabela 4 – Caraterísticas dos participantes quanto ao objetivo do seu treino

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Lista de siglas e acrónimos

AF- Atividade Física

APARD – Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares

BPNES – Psychological Needs in Exercise Scale

EF – Exercício Físico

Et al. – et alii, e outros

FDA – Food and Drug Administration

NPB – Necessidades Psicológicas Básicas

OMS – Organização Mundial de Saúde

SA – Suplementos Alimentares

SDT – Self Determination Theory

TAD – Teoria da Autodeterminação

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Preâmbulo

A acomodação e o sedentarismo são condições cada vez mais preocupantes nos nossos dias. A população torna-se cada vez mais inativa, preocupada com outras

questões pessoais nomeadamente associadas ao emprego, e relegam para segundo plano a necessidade de manterem uma vida ativa e saudável (Martins, 2014). Ainda assim, com a influência dos meios de comunicação, cresce o número de pessoas preocupadas com a imagem corporal e que procuram obter resultados milagrosos em ginásios e academias (Albuquerque, 2012).

O padrão de beleza valorizado na sociedade associado à magreza extrema acaba por salientar os aspetos relacionados com a forma, desconsiderando a diversidade das constituições físicas que estão presentes na população e também questões de saúde, nomeadamente distúrbios alimentares (bulimia, anorexia nervosa e obesidade mórbida) e dismorfias musculares (Fermino, Pezzini, & Reis, 2010). A procura de um corpo “perfeito” e um ótimo rendimento nos exercícios físicos leva a que uma elevada

percentagem de pessoas adotem estratégias radicais, que nem sempre estão relacionadas com a promoção de saúde, uma vez que a falta de conhecimento sobre uma dieta

adequada ao treino e a forte influência dos meios de comunicação e a pressão por parte dos treinadores leva a que muitos indivíduos consumam suplementos alimentares (Bertulucci, Schembri, Pinheiro, & Navarro, 2010) e adotem um comportamento alimentar nem sempre ajustado aos seus objetivos (Carvalho, 2003).

Este trabalho procura estudar as caraterísticas dos consumidores de suplementos alimentares associadas à prática de atividade física em ginásios (Gomes, 2010), aspetos motivacionais e cognitivos (Massuça, Fragoso, & Rosado, 2011), adjacentes à

satisfação das necessidades psicológicas básicas, autonomia, competência e relação social (Lettnin, Davoglio, Cid, & Stobaus, 2013).

Ligada à promoção da qualidade de vida, bem-estar e saúde física e mental, a prática regular de atividade física tem vindo a aumentar nos últimos anos,

principalmente dentro dos ginásios e academias de fitness (Carvalho & Orsano, 2007; Gomes, 2010). Fermino et al. (2010) verificaram que o exercício possibilita a

diminuição da depressão, melhoria do bem-estar psicológico, sendo que indivíduos ativos apresentam uma imagem corporal mais positiva, independentemente da idade e sexo. Esta, quando executada regularmente, oferece efeitos benéficos ao metabolismo, como redução da gordura corporal, aumento da massa magra, aceleração metabólica,

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xiv diminuição do risco de doenças cardiovasculares, controle da pressão arterial, melhora do perfil lipídico e do condicionamento físico (Hisrschbruch & Carvalho, 2008).

A procura de objetivos mais específicos e com a profissionalização das

atividades desportivas cresce a necessidade de procurar novos recursos para melhorarem a performance física e obter resultados mais rápidos e eficazes (Albuquerque, 2012).

Paralelo à prática de Atividade Física (AF), a utilização de suplementos alimentares tem vindo a aumentar constantemente, uma vez que estes produtos apresentam promessas de diminuição da massa gorda, hipertrofia e melhoria do desempenho desportivo (Costa, Rocha, & Quintão, 2013).

Tornando-se assim uma prática comum entre frequentadores de ginásios, o consumo destes nutrientes tem vindo a aumentar nos últimos anos, não só pela grande variedade lançada no mercado, mas também fruto da publicidade dos meios de

comunicação social (Fontes & Navarro, 2010), com o propósito de aumentar a

performance dos consumidores, não só em desportos de competição, mas também em atividades recreativas (Gomes, Degiovanni, Garlipp, Chiarello, & Jordão, 2008).

Inicialmente, usados como auxiliares para melhorar a performance de atletas profissionais, os suplementos alimentares são hoje quase indispensáveis para um melhor desempenho desportivo e uma melhor aparência estética (Carvalho & Orsano, 2007). Os suplementos alimentares (SA) são definidos como produtos feitos à base de vitaminas, minerais, produtos herbais, extratos de tecidos, proteínas e aminoácidos e outros

produtos, consumidos com o desígnio de melhorar a saúde e prevenir doenças (Carvalho & Orsano, 2007). A Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares (APARD) (2016) alega ainda que estes produtos têm uma ação fisiológica inequívoca e são utilizados como complemento à dieta alimentar normal, preenchendo as necessidades orgânicas que a vida agitada do quotidiano impõe. Em Portugal, suplementos

alimentares são genéricos alimentícios que têm como finalidade complementar e/ou suplementar uma alimentação normal (Durão, 2008). O consumo de alguns tipos de suplementos pode influenciar o desempenho desportivo, ainda que não sejam totalmente conhecidos os efeitos colaterais de algumas destas substâncias (Bertulucci et al. 2010).

Atualmente há uma elevada procura pela compreensão e explicação do comportamento dos praticantes de atividade física, bem como dos motivos da sua participação em diferentes contextos de prática de exercício físico regular (Martins, 2014).

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xv A motivação é um conceito que se invoca com frequência para explicar as variações de determinados comportamentos e, sem dúvida, apresenta uma grande importância para a compreensão do comportamento humano (Balbinotti & Capozzoli, 2008). Sendo uma das variáveis cognitivas determinantes na adoção e manutenção de hábitos desportivos (Buckworth & Dishman, 2007), é representada por forças externas e internas que produzem a iniciação, direção, intensidade e persistência de um

determinado comportamento direcionado a um objetivo específico.

Para Vasconcelos-Raposo, Moreira e Teixeira (2013), um atleta com elevados níveis motivacionais aplica a sua energia para estabelecer objetivos e cumpri-los, empenha-se em resolver os problemas, patenteia elevados níveis de atenção e concentração e manifesta entusiasmo e gosto pela participação em atividades

desportivas. Entender a motivação é um ponto fulcral dos psicólogos e da psicologia do desporto, assumindo os treinadores e instrutores um papel preponderante na

estruturação de atividades de acordo com os gostos e expectativas dos praticantes. Martins (2014) acrescenta ainda que este contributo de profissionais permite um maior empenho individual que visa a maximização da performance, evitando portanto

situações de abandono precoce.

Os técnicos de exercício físico têm um papel primordial na motivação infundida nos praticantes de AF (Arrenega, 2014), uma vez que são eles os responsáveis pela avaliação, programação, orientação e supervisão técnica dos praticantes de AF e ainda pelo incentivo à prática de exercício físico. Ter conhecimento das motivações que levam as pessoas a fazerem exercício físico é essencial para o aumento do grau de comprometimento e adesão aos programas incrementados pelos profissionais. (Gimeno & García-Mas, 2010). Para compreender melhor a importância da motivação no

contexto desportivo e consequente relação com o uso de suplementos, têm surgido algumas teorias, nomeadamente a Teoria da Autodeterminação (TAD) (Deci & Ryan, 1985; Ryan & Deci, 2000; Silva, Matias, Viana, & Andrade, 2012).

De acordo com Balbinotti, Saldanha e Balbinotti, (2009), esta teoria

motivacional não se reduz ao resultado de uma única caraterística interna relacionada com a personalidade do indivíduo, contudo é vista como uma variável unidimensional, ou seja, é uma integração dinâmica com diversas intensidades entre diferentes aspetos de variáveis internas e externas do indivíduo.

Para finalizar, a motivação é subentendida sob dois prismas. Por um lado, a motivação intrínseca estará mais alistada à realização de uma atividade por vontade

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xvi própria, pelo prazer e pela satisfação que pode proporcionar. Aliada a este tipo de motivação está a promoção do bem-estar psicológico, o interesse, a alegria e a disposição em relação à tarefa (Capozzoli, 2010). Por outro lado, indivíduos extrinsecamente motivados principiam numa atividade por esperarem resultados favoráveis ou outras contingências que nem sempre estão relacionadas com a atividade (Moraes, 2014). O elemento chave desta teoria é a inter-relação da motivação intrínseca com a premiação extrínseca (Martins, 2014). Moraes (2014) propõe ainda que a

satisfação das NPB, entendidas como a necessidade de competência, de relação entre pares e de autonomia são fundamentais para que as ações comportamentais

intrinsecamente motivadas aconteçam.

São vários os benefícios psicológicos que asseguram a importância da atividade física para um estilo de vida saudável. De entre tantos, Berger, Pargman e Weinberg (2002) ressalvam a melhoria dos estados de humor, nomeadamente redução da depressão, raiva e confusão, tensão, vigor e clareza e alargamento da vitalidade. Complementam ainda com a redução de stress, oportunidade de experienciar prazer, melhoria da autoestima e benefícios terapêuticos, especificamente no tratamento da depressão e ansiedade.

Para que a prática de atividade física tenha efeitos benéficos na nossa saúde e bem-estar é necessário que esta seja efetuada de forma regular. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2002), a frequência de prática pode ir de moderada, corresponde a uma regularidade de 5 dias por semana, num mínimo de 30 minutos, a vigorosa, pelo menos 3 dias por semana, num mínimo de 60 minutos (Dumith, 2009). O ambiente que é desenvolvido nos ginásios é determinante para a manutenção dos

praticantes de exercício físico e fundamental para o crescimento e integração de um comportamento cada vez mais autónomo e autodeterminado por parte dos sujeitos (Couto, 2012).

Deste modo, a presente dissertação é constituída por duas partes, sendo que nelas estão apresentados dois objetivos de natureza empírica. No primeiro estudo objetivou-se verificar os fatores motivacionais que estavam associados à prática de atividade física, estabelecendo uma comparação com o consumo ou não consumo de suplementos alimentares. No segundo estudo pretendeu-se estabelecer um termo comparativo entre os benefícios da prática de atividade física com a satisfação das necessidades psicológicas básicas, ao nível da competência, autonomia e relação social.

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Consumo de suplementos alimentares, orientações

motivacionais e cognitivas dos utilizadores praticantes de

atividade física

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Flávia Daniela Meireles da Silva

Orientador: Prof. Catedrático José Jacinto Branco

Vasconcelos-Raposo

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Resumo

O objetivo do presente estudo foi comparar por sexo, idade e consumo de suplementos alimentares ao nível das orientações motivacionais/ cognitivas associadas à prática de atividade física e com os motivos para o consumo ou não de suplementos alimentares. A amostra consistiu de 166 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos. Destes, 66 são consumidores e 100 não consumidores de suplementos alimentares. De modo a comparar se o consumo ou não de suplementos alimentares influencia as orientações motivacionais dos praticantes de atividade física recorreu-se a análises de variância multivariada (MANOVA). Através da aplicação do Questionário de Orientação Motivacional no Desporto (QOMD – TEOSQ), os resultados indicaram que os praticantes de atividade física deste estudo apresentam uma orientação para a tarefa comparativamente com a orientação para o ego. Concluiu-se que existem diferenças significativas nos consumidores de suplementos alimentares, entre homens e mulheres, sendo que os do sexo masculino apresentam valores mais altos na orientação para o ego.

Palavras-chave: Atividade Física, Suplementos Alimentares, Motivação, Orientação Ego

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v

Abstract

The purpose of the present study was to compare, by sex, age and consumption of dietary supplements at the level of motivational / cognitive orientations associated with the practice of physical activity and the consumption of supplements. The sample consisted of 166 individuals aged between 18 and 25 years old. Of these, 66 are consumers and 100 are not consumers of dietary supplements. In order to compare whether or not the consumption of dietary supplements influences the motivational orientations of physical activity practitioners, a multivariate analysis of variance (MANOVA) was used. Through the application of the Motivational Guidance Questionnaire in Sport (QOMD - TEOSQ), the results indicated that the practitioners of physical activity in this study present a task orientation in comparison to the ego orientation. It was concluded that there are significant differences in the consumers of dietary supplements, between men and women, with the males having higher values in the ego orientation.

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1

Introdução

A tendência mundial pela procura de uma forma física adequada e da qualidade de vida é hoje uma realidade que atravessa todas as faixas etárias e é independente do sexo ou classe social (Samulski, 2009). A prática de atividade física em jovens universitários prende-se com fatores extrínsecos, nomeadamente na prevenção de doenças, controle do peso corporal e aparência física e fatores de ordem intrínseca, como controle do stress, o prazer pelo exercício e o bem-estar físico e psicológico (Legnani, 2009; Legnani, Guedes, Legnani, Filho, & Campos, 2011).

A motivação dos jovens para a prática de exercício físico (EF) é extremamente importante para a manutenção da qualidade de vida nos anos subsequentes. Para Lopes (2009), fatores como ter prazer no exercício, intenção para o exercício, percepções de autoeficácia (acreditar na própria capacidade para ser ativo), nível percebido de saúde e aptidão física, auto-motivação, aceitação social, os amigos, o prazer, o estar em forma, o ser saudável, a boa aparência (Weiss & Ferrer-Caja, 2002), o bem-estar mental, as necessidades sociais e o desenvolvimento de capacidades (McDonald, Milne, & Hong, 2002) são os principais fatores que levam à iniciação da prática desportiva. Motivos como o físico, a redução de stress, a agressividade, o conhecimento, a estética, o

desenvolvimento de valores e o risco de doenças são apontados por Weiss e Ferrer-Caja (2002) como fatores motivacionais para a prática de atividade física.

O cuidado com a estética e a aparência podem levar ao consumo indiscriminado de suplementos alimentares nos ginásios (Durão, 2008) ou associações desportivas (Gomes, Degiovanni, Garlipp, Chiarello, & Jordão, 2008). O desejo de um corpo idealmente perfeito tem levado muitas pessoas a adotarem estratégias radicais que nem sempre estão associadas à promoção de saúde (Albuquerque, 2012; Hirschbruch, Fisberg, & Mochizuki, 2008). Existe, portanto, uma relação positiva entre a prática de atividade física e o uso de suplementos.

Os suplementos não são considerados drogas; segundo a Food And Drug

Administration (FDA, 2016) são produtos com vitaminas, minerais, plantas e substância

derivadas de plantas, aminoácidos e concentrados, metabolitos, bem como constituintes e extratos dessas substâncias. Têm o poder de suprir a carência de certas substâncias não ingeridas como consequência da ausência do consumo de algum grupo alimentar,

obtendo uma melhoria considerável nos treinos de praticantes de atividade física e atletas de competição (Alves & Navarro, 2010). Na maioria dos casos são consumidos

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2 por via oral, em comprimidos, cápsulas, pastilhas ou líquidos e nunca utilizados como alimento convencional, nem como único constituinte de uma refeição ou da alimentação (Durão, 2008). Diversos estudos demonstram uma utilização crescente destas

substâncias por parte dos atletas das mais diversas modalidades desportivas (Gomes, 2010).

De um modo geral, são anunciados e oferecidos com o intuito de melhorar algum aspeto do desempenho físico, designadamente massa muscular, redução da gordura corporal, aumento da capacidade aeróbica, estimulação da recuperação ou promoção de alguma caraterística que melhore o desempenho desportivo (Santos, Oliveira, Freitas, & Navarro, 2013). Praticantes de atividades desportivas,

tendencialmente, são indivíduos com elevado grau de escolaridade, instrução

motivacional e recursos para a prática de exercício físico instruído e acesso a todo um leque de informação para uma alimentação saudável (Albuquerque, 2012).

Uma alimentação equilibrada e bem orientada pode ajudar a reduzir a fadiga dos treinos bem como na recuperação pós-treino, sendo que os suplementos apresentam-se muitas vezes como uma solução para uma alimentação pobre em nutrientes e pretendem complementar com calorias ou quando a dieta requer uma suplementação (Albuquerque, 2012), podendo por isso abreviar o tempo necessário para alcançar os resultados

esperados da atividade física (Bertulucci, Schembri, Pinheiro, & Navarro, 2010). A procura por exercícios que visam o aumento de massa muscular e a perda de gordura está inerentemente relacionada com o consumo de suplementos à base de proteína (Hirschbruch et al., 2008). Segundo Carvalho e Orsano (2007) têm sido citados na literatura especializada alguns relatos sobre o uso de suplementos por atletas de elite de várias modalidades desportivas, no entanto poucos trabalhos apresentam informações sobre o consumo destes produtos por praticantes de desporto ou pela população em geral.

Além disso, quando consumidos devidamente, podem melhorar o rendimento das atividades físicas bem como a garantia de maior disposição para a realização das tarefas do quotidiano (Costa, Rocha, & Quintão, 2013). A compra de algum suplemento após o início da prática de exercício físico é recorrente, principalmente aqueles que prometem hipertrofia muscular, pelo que os indivíduos acreditam que o suplemento será o principal responsável pelo sucesso do treino e a quantidade é proporcional ao

desempenho (Rigon & Rossi, 2012). No entanto, o consumo abusivo destes

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3 maioria das vezes, a orientação de nutricionistas ou médicos desportistas (Gomes et al., 2008; Hernandez & Nahas, 2009; Hirschbruch et al., 2008). Estas substâncias são facilmente compradas em farmácias e ginásios sem receita médica (Gomes, 2010). Maioritariamente, os suplementos são comercializados como recursos ergogénicos, caraterizados como substâncias, processos ou procedimentos que podem melhorar o desempenho desportivo (Bertulucci et al., 2010).

O sucesso de qualquer programa de exercícios físicos está relacionado com a motivação dos seus praticantes (Gomes, 2010). De acordo com Murcia e Coll (2006), a motivação é um fator preponderante e determinante no comportamento do ser humano – desperta, fornece energia diária, dirige e regula. O motivo que leva alguém a praticar atividade física é a razão que leva o organismo a agir; é o estado do organismo pelo qual a energia é mobilizada e dirigida a determinados elementos do meio (Ascensão, 2012).

A motivação representa forças internas e externas capazes de produzir a

inibição, direção, intensidade e persistência de um comportamento direcionado para um objetivo específico e apresenta-se como uma das variáveis cognitivas determinantes na adoção e manutenção de hábitos desportivos (Buckworth & Dishman, 2007). Os

indivíduos praticantes de atividade física motivam-se por fatores diversos, por um lado, pela necessidade de libertarem energia e de se movimentarem, por outro procuram a própria afirmação, através do êxito pessoal de cada ação. Porém existem ainda os que usam o desporto como compensação dos fracassos familiares ou escolares (Araújo, 2015).

Quando motivados intrinsecamente, os indivíduos, por si, só conseguem realizar determinada atividade, possuindo uma capacidade suficiente para a realizar, controlar e desfrutar da mesma (Balbinotti & Capozzoli, 2008). Amorim (2010) acrescenta ainda que esta motivação pode ser acentuada se as pessoas possuírem autocontrolo, autonomia e autodeterminação para a realização da mesma tarefa. A motivação extrínseca ocorre quando uma atividade é realizada com outro objetivo que não o inerente à própria pessoa. Relaciona-se com razões fora da atividade, como o reconhecimento de alguém, evitar castigos ou receber recompensas pela integração em determinado grupo

(Amorim, 2010).

Posto isto, diferenciam-se dois tipos de orientações motivacionais: a orientação para o ego e a orientação para a tarefa. Segundo Vasconcelos-Raposo e Mahl (2005), a orientação para a tarefa define-se como a preocupação do atleta no desenvolvimento da sua competência e das suas habilidades na melhoria de uma tarefa. Ao invés, um

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4 indivíduo orientado para o ego visa superar os outros em vez de superar-se a si mesmo. Ou seja, o indivíduo sente a necessidade de se superiorizar perante os colegas e a sua percepção de sucesso baseia-se na comparação com os demais (Massuça, Fragoso, & Rosado, 2011).

Estudos realizados anteriormente por Gonçalves e Silva (2004) apontam que a orientação para a tarefa está associada ao divertimento durante a prática desportiva e ao desenvolvimento da sociabilidade por parte dos atletas. Além disso, atletas orientados para a tarefa reportam maiores níveis de prazer e melhores habilidades técnicas, bem como maior motivação intrínseca e maior esforço na realização das atividades (Ferrer-Caja & Weiss, 2000). Cruz (2005) completa ainda que estes indivíduos despendem a maior parte do seu tempo livre a treinar e conferem maior importância ao seu esforço. O mesmo autor refere que, atletas motivados extrinsecamente procuram incessantemente destacar-se dos seus colegas e adversários, onde se denota grandes motivações

extrínsecas, isto é, criação de um ambiente desportivo que visa a superiorização da sua performance.

O presente estudo tem por objetivo geral comparar os fatores motivacionais associados à prática de atividade física com o consumo de suplementos alimentares, como objetivos específicos pretende-se:

i. Comparar por sexo e idade os fatores motivacionais dos participantes que consomem suplementos alimentares associados à prática de atividade física;

ii. Comparar por sexo e idade os níveis de consumo de suplementos alimentares;

iii. Comparar por sexo e idade os motivos para o consumo de suplementos alimentares;

iv. Comparar por sexo e idade sobre os motivos para o não consumo de suplementos.

Método

Este estudo é de natureza quantitativa, pelo que foi utilizado um questionário como instrumento de medida transversal uma vez que a amostra foi recolhida num só momento e quasi experimental por não haver manipulação das variáveis (Pais-Ribeiro, 2008)

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5 e tarefa) e por variáveis independentes temos as características sociodemográficas dos participantes (sexo, idade, residência); características quanto à ingestão de suplementos (consumo ou não de suplementos alimentares, como iniciou, com que regularidade consome (consumiu) suplementos, geralmente o consumo ocorre, local de aquisição)

Participantes

Relativamente à caraterização da amostra, foi constituída por frequentadores do ginásio da região Norte de Portugal, de ambos os sexos. Para a constituição da amostra utilizou-se como critério o tipificador do termo de conveniência, dado que o objetivo é obter o maior número possível de sujeitos. Contudo, procederemos ao registo do número de frequentadores de ginásio que se oponham a participar no estudo, uma vez que poderão representar consumidores que não pretendem dar a conhecer o seu comportamento, ainda que estejam assegurados todos os cuidados para salvaguardar o anonimato.

Participaram no presente estudo 166 participantes, sendo que 66 ingerem suplementos alimentares, 78 (47%) são do sexo masculino e os restantes 88 (53%) do sexo feminino, verifica-se que a idade está compreendida entre os 18 e os 25 anos, com uma média de 21.73 anos (DP= 1.81). Quanto à área de residência, 46,4% provêm da zona rural e os restantes 53,6% da zona urbana. (Tabela 1).

Tabela 1

Características sociodemográficas dos participantes

N % Sexo Masculino 78 47.0 Feminino 88 53.0 Idade <20 anos 43 25.9 21 a 23 anos 92 55.4 >23 31 18.7 Residência Rural 77 46.4 Urbana 89 53.6

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6 Quanto à ingestão de suplementos, dos 100 (60.2%) participantes que não

ingerem suplementos alimentares a maioria 65 (39.2%) referem que não consideram necessário, porque têm uma alimentação equilibrada, 17 (10.2%) relatam que querem usar, mas ainda não receberam indicações e 15 (9.0%) indicam que têm receio dos efeitos colaterais ou desconhecem os benefícios dos suplementos alimentares. Por outro lado, 66 (39.8%) dizem que ingerem suplementos referindo os principais motivos de otimizar os resultados 44 (26.5%) e aumentar a energia diária e performance atlética 40 (24.1%).

A ingestão de suplementos começou por iniciativa própria 37 (22.3%), e por aconselhamento dos amigos 25 (15.1%), sendo que 34 (20.5%), consumem

suplementos/vitaminas diariamente, 16 (9.6%) mais de três vezes por semana e 12 (7.2%) 2 a 3 vezes por semana. Geralmente o consumo ocorre maioritariamente após o treino 52 (31.3%), antes do treino 31 (18.7%) e durante o treino e após a refeição 10 (6.0%). Quanto à sua aquisição, esta é mais expressiva via internet 44 (26.5%), seguida de loja de desporto 23 (13.9%) (Tabela 2).

Tabela 2

Características dos participantes quanto à ingestão de suplementos alimentares

N %

Ingere suplementos Sim 66 39.8

Não 100 60.2

Se Não porque motivos Não considero necessário, tenho alimentação equilibrada 65 39.2

Tenho problemas de saúde 1 .6

Desconheço os benefícios suplementos alimentares 15 9.0 Não tenho condições financeiras para comprar 9 5.4

Desconheço os efeitos colaterais 8 4.8

Tenho receio dos efeitos colaterais 15 9.0 Quero usar, mas ainda não recebi indicações 17 10.2

Se Sim porque motivos Qualidade de vida 16 9.6

Prevenir doenças 2 1.2

Aumentar a energia diária e performance atlética 40 24.1

Diminuir tempo de recuperação 22 13.3

Compensar deficiências da alimentação 20 12.0

Otimizar os resultados 44 26.5

(33)

7

Aconselhamento dos amigos 25 15.1

Iniciativa própria 37 22.3

Recomendação do treinador 9 5.4

Com que regularidade consome (consumiu) suplementos

Diariamente 34 20.5

1-2 vezes por semana 4 2.4

2-3 vezes por semana 12 7.2

+3 vezes por semana 16 9.6

Geralmente o consumo ocorre Antes do treino 31 18.7

Durante o treino 10 6.0

Depois do treino 52 31.3

Antes da refeição 10 6.0

Durante a refeição 1 .6

Depois da refeição 3 1.8

Local de aquisição Ginásio 1 .6

Internet 44 26.5

Loja de desporto 23 13.9

Farmácia 4 2.4

Instrumentos

Questionário para dados sociodemográficos

Para o levantamento das variáveis independentes e de dados sociodemográficos desenvolveu-se um questionário que incluiu questões relativamente às características sociodemográficas dos participantes (sexo, idade, residência); características quanto à ingestão de suplementos (como iniciou, com que regularidade consome (consumiu) suplementos, geralmente o consumo ocorre, local de aquisição).

Questionário de Orientação Motivacional no Desporto

O Questionário de Orientação Motivacional no Desporto (QOMD-TEOSQ) é específico para atletas e é uma versão do Task and Ego Orientation in Sport

Questionnaire (TEOSQ) traduzida e adaptada para a língua portuguesa por f e Serpa

(1997). O questionário permite avaliar a orientação motivacional para a tarefa e/ou para o ego em contextos desportivos (Massuça et al., 2011). Este instrumento é constituído por 13 itens que se distribuem por duas subescalas: sete itens medem a orientação motivacional para a tarefa (eg. “…faço o meu melhor”); e seis medem a orientação

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8 motivacional para o “ego” (eg. “…sou o melhor.”). De forma a avaliar cada item, foi utilizada uma escala de Likert, que varia de 1 (Discordo totalmente) a 5 (Concordo totalmente), que indica o grau de acordo ou desacordo, em relação às diversas afirmações acerca do significado do sucesso desportivo. O resultado é obtido, calculando o valor médio de cada sub-escala. Através do alfa de Cronbach este

questionário apresentou bons níveis de consistência interna para a dimensão orientação motivacional para o “ego” (α=0.78) e orientação motivacional para a tarefa (α=0.75) (Field, 2009).

Procedimentos

O projeto de pesquisa foi submetido à Comissão de Ética Institucional de Pesquisa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro obtendo parecer favorável à sua realização.

Após a elaboração dos questionários, procedeu-se à entrega de uma autorização formal ao administrador do ginásio, a qual foi aprovada, prosseguindo-se

posteriormente à entrega aleatória dos questionários aos frequentadores do ginásio, sendo prontamente informados que a participação neste projeto de investigação era voluntária, onde o anonimato e a confidencialidade foram salvaguardados e desde logo garantidos, bem como o direito de desistir ou de solicitarem o apoio do investigador, no decorrer da recolha de dados. O período de aplicação e recolha de dados decorreu na primeira quinzena de Março. O preenchimento do questionário demorou cerca de 10 minutos.

Análise Estatística

Após a fase de aplicação e de recolha de dados, os questionários foram organizados numa base de dados, utilizando-se para o efeito o Programa Estatístico SPSS, versão 23.0, através do qual se realizaram as análises estatísticas. O pressuposto da distribuição normal das variáveis dependentes foi verificado através coeficiente de simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis) tendo-se como valores de referência -1 e 1.

De modo a comparar se o consumo ou não de suplementos alimentares

influencia as orientações motivacionais dos praticantes de atividade física recorreu-se a análises de variância multivariada (MANOVA). O pressuposto da homogeneidade de

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9 variâncias-covariâncias foi avaliado com o teste (MBox). Para medir o tamanho do efeito foi considerado o partial eta-squared (2),onde se considerou os valores <.01 - negligenciado/pequeno; <.04 – baixo; .04 a .06 - médio/moderado; .06 a .14-

moderado/elevado e >.14 - elevado. Quanto à potência do teste (PO) foram respeitados os seguintes valores >.80 - indica um poder do teste adequado e <.80 poder do teste não adequado que pode significar que o tamanho da amostra é pequeno.

De modo a verificar se existiam diferenças estatisticamente significativas nos níveis de consumo e nos motivos de consumo de suplementos alimentares, em função do sexo foi efetuado um teste de chi-square, uma vez que as duas variáveis são do tipo nominal. Por outro lado, para verificar se existiam diferenças estatisticamente

significativas nos níveis de consumo e nos motivos de consumo de suplementos alimentares, em função da idade foi efetuado o teste Tau de Kendal devido ao tipo de variáveis (nominal e ordinal). Para medir o tamanho do efeito foi considerado o phi,(

rPhi) e tau (T) onde se considerou os valores <.20 – negligenciado /pequeno;. .20 –

mínimo; .50 - médio/moderado; .80 moderado/ elevado. Em todas as análises

estatísticas foram considerados valores de significância de p <.05 (Field, 2009; Marôco, 2011).

Resultados

O estudo da normalidade das distribuições foi concretizado através da análise das medidas de simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis). Uma vez que as

variáveis dependentes (orientações motivacionais e cognitivas – ego e tarefa) revelaram uma distribuição normal, na medida em que os valores absolutos dos coeficientes de assimetria e achatamento variaram entre -1 e 1, optou-se pela utilização de testes paramétricos (Marôco, 2011)

Os resultados começam com a apresentação das estatísticas descritivas das variáveis em estudo (orientações motivacionais e cognitivas – ego e tarefa). Na tabela 3 é possível observar que os participantes revelaram uma forte orientação para a tarefa quando comparada com a dimensão ego que tem uma média inferior.

(36)

10 Tabela 3

Análise Descritiva das variáveis em estudo

Média DP Mínimo Máximo

Orientações motivacionais e cognitivas

Ego 2,22 ,64 1,00 4,67

Tarefa 3,96 ,43 2,43 5,00

Nesta parte serão analisados os resultados de forma a responder ao objetivo geral e aos objetivos específicos do presente estudo. O primeiro objetivo pretendeu comparar por sexo os fatores motivacionais dos participantes que consomem suplementos

alimentares associados à prática de atividade física. Dos 66 participantes que consomem suplementos alimentares, 49 (74%) são do sexo masculino. Através do teste MANOVA, constatou-se que existe uma diferença estatisticamente significativa entre sexo nas orientações motivacionais dos consumidores de suplementos alimentares (F (2, 63) = 3.161; p =.049, λ de Wilks =.909, ηp2 =.091; potência observada (PO) = .586).

Verificou-se que existem diferenças estatisticamente significativas entre sexo nas orientações motivacionais – ego dos consumidores de suplementos alimentares (F(1, 64 = 6.390; p = .014), com um partial eta-squared de efeito moderado (ηp2 = .091) e potência observada de .702. Esta diferença é mais elevada no sexo masculino uma vez que, estes revelam maior orientação motivacional para o “ego” (M = 2.4, DP = .64) do que os participantes do sexo feminino (M = 1.95, DP = .60). Relativamente à orientação motivacional para a tarefa dos consumidores de suplementos alimentares não foi

observado um efeito significativo de acordo com o sexo, estes resultados podem ser devido ao poder do teste bem como ao baixo tamanho do efeito.

Na comparação por idade dos fatores motivacionais dos participantes que consomem suplementos alimentares associados à prática de atividade física, dos 66 participantes, 39 (59%) tem entre 21 e 23 anos, 18 (27%) tem mais de 23 anos e os restantes 9 (14%) tem menos de 20 anos. Através do teste MANOVA, não foi possível observar diferença estatisticamente significativa entre a idade nas orientações

motivacionais (ego e tarefa) dos consumidores de suplementos alimentares (F (4, 124) = 1.339; p = .259, λ de Wilks = .919, ηp2 = .041; potência observada (PO) = .408.

Quanto ao segundo objetivo pretendeu-se comparar por sexo os níveis de consumo de suplementos alimentares, dos 166 participantes, 78 (47%) eram do sexo

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11 feminino. Destes, 17 (10.2%) revelaram ingerir suplementos alimentares. Dos

participantes do sexo masculino, 49 (29.5%) revelaram ingerir suplementos alimentares. Observaram-se diferenças estatisticamente significativa, Chi-Quadrado (1) = 19.825, p ≤ .001. O coeficiente de correlação de Phi foi utilizado como teste do tamanho do efeito. Observou-se um efeito mínimo, rPhi = -.346, 95% BCa [-.488 - -.203], p ≤ .001. Deste modo pode inferir-se que o sexo masculino tem níveis de consumo de suplementos alimentares mais elevados do que os do sexo feminino.

Na comparação por idade dos níveis de consumo de suplementos alimentares, observou-se que 9 (5.4%) dos participantes que consomem suplementos alimentares apresentam idade inferior a 20 anos, 39 (23.59%) têm entre 21 e 23 anos e 18 (10.8%) mais de 23 anos. Observaram-se diferenças estatisticamente significativa entre a idade e a proporção de casos de consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) = 10.968, p = .004. Verificou-se um efeito mínimo, T = -.244, 95% BCa [-.374 - -.113], p ≤ .0014. Podemos concluir que os indivíduos com menos de 20 anos têm níveis de consumo de suplementos alimentares mais baixos quando comparados com as outras faixas etárias.

Quanto ao terceiro objetivo comparou-se ainda por sexo os motivos para o consumo de suplementos alimentares, sendo que das 66 pessoas que consomem

suplementos alimentares, 16 afirmaram que o fazem para melhorar a qualidade de vida. Destas, 11 (16.7%) são do sexo masculino. Existe 1 célula com valores esperados menores do que 5 e a frequência mínima esperada é 4.12. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “qualidade de vida” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.333, p = .564. Somente 2 participantes afirmaram que consomem para prevenir doenças e ambos são do sexo masculino. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “prevenir doenças” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.716, p = .398. Observou-se que 40 participantes afirmaram que consomem suplementos alimentares para aumentar energia diária / performance. Destes, 31 (47%) são do sexo masculino. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “aumentar energia diária / performance” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.563, p =.453.

Verificou-se que 22 participantes afirmaram que consomem suplementos alimentares para diminuir o tempo de recuperação. Destes, 18 (27.3%) são do sexo

(38)

12 masculino. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “diminuir tempo de recuperação” para o consumo de suplementos alimentares. Chi-Quadrado (1) =.990, p =.320.

Observou-se que 20 (30.3%) participantes afirmaram que o fazem como

complemento alimentar. Destas, 14 (21.2%) são do sexo masculino. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativa entre o sexo e a proporção de casos de motivo “compensar deficiências na alimentação” para o consumo de suplementos alimentares. Chi-Quadrado (1) =.270, p = .603. Dos 44 (66.7%) participantes que afirmaram que consomem complementos alimentares como otimização de resultados, 34 (51.5%) são do sexo masculino. Não foi possível registar diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “otimização de resultados” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.634, p =.426.

Na comparação por idade dos motivos que levam ao consumo de suplementos alimentares, das 66 pessoas consumidoras, 16 (24%) afirmaram que o fazem para melhorar a qualidade de vida. Destas, 2 (3%) apresentam idade inferior a 20 anos, 9 (13.6%) têm entre 21 e 23 anos e 5 (7.6%) mais de 23 anos. Não se verificaram

diferenças estatisticamente significativa entre a idade e a proporção de casos de motivo “qualidade de vida” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) =.171, p = .918. Dois participantes afirmaram que o motivo para o consumo de suplementos alimentares foi prevenir doenças. Não se registaram diferenças

estatisticamente significativa entre a idade e a proporção de casos de motivo “prevenir doenças” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) =.701, p = .704.

Observou-se que 40 (60.6%) participantes afirmaram que consomem

suplementos alimentares para aumentar energia diária / performance. Destas, 7 (10.6%) apresentam idade inferior a 20 anos, 25 (37.9%) têm entre 21 e 23 anos e 8 (12.1%) mais de 23 anos. Não se confirmaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “aumentar energia diária / performance” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) = 3.280, p =.194.

Verificou-se que 22 participantes afirmaram que consomem suplementos alimentares para diminuir o tempo de recuperação. Destes, 5 (7.6%) apresentam idade inferior a 20 anos, 13 (19.7%) têm entre 21 e 23 anos e 4 (6.1%) mais de 23 anos. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “diminuir tempo de recuperação” para o consumo de suplementos

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13 alimentares, Chi-Quadrado (2) = 3.000, p = .223. Observou-se que 20 participantes afirmaram que o fazem como complemento alimentar. Destes, 4 (6.1%) apresentam idade inferior a 20 anos, 12 (18.1%) têm entre 21 e 23 anos e 4 (6.1%) mais de 23 anos. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “complemento alimentar” para o consumo de suplementos

alimentares, Chi-Quadrado (2) = 1.413, p = .493.

Dos 44 participantes que afirmaram que consomem complementos alimentares como otimização de resultados, 7 (10.6%) apresentam idade inferior a 20 anos, 25 (37.9%) têm entre 21 e 23 anos e 12 (18.2%) mais de 23 anos. Não se atestaram

diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “otimização de resultados” para o consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) =.615, p = .735.

Atendendo ao último objetivo específico, comparar por sexo os motivos para o NÃO consumo de suplementos alimentares, dos 100 participantes que não consomem suplementos alimentares, 65 afirmaram que não o fazem porque não necessitam, uma vez que têm uma alimentação equilibrada e 41 deste são do sexo feminino. Não existem células com valores esperados menores do que 5 e a frequência mínima esperada é de 13.65. Não se apuraram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “porque têm alimentação equilibrada” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.337, p = .562. Um dos participantes, do sexo feminino, afirmou que não o faz porque tem problemas de saúde. Não se verificou diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “prevenir doenças” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.646, p = .422.

Observou-se que 15 participantes afirmaram que não consomem suplementos alimentares porque desconhecem os benefícios. Destes, 12 são do sexo feminino. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “desconhecem benefícios” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) = 2.678, p = .102.

Confirmou-se que 9 participantes afirmaram que não consomem suplementos alimentares devido a condições financeiras e 6 destes são do sexo feminino. Não

existem diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “condições financeiras” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.133, p =.715.

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14 Oito participantes afirmaram que não consomem suplementos alimentares

porque desconhecem o efeito colateral, sendo que 6 são do sexo feminino. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “desconhecem o efeito colateral” para o não consumo de suplementos

alimentares, Chi-Quadrado (1) =.716, p = .397.

Dos 15 participantes que afirmaram que não consomem suplementos alimentares devido ao receio dos efeitos colaterais, 10 são do sexo feminino. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “receio do efeito colateral” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) =.238, p =.626.

Por último, dos 17 participantes que afirmaram que não consomem suplementos alimentares porque pretendem indicação de um profissional, 13 são do sexo masculino. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre o sexo e a proporção de casos de motivo “pretenderem indicação de um profissional” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) = 12.088, p =.001. Observou-se um efeito mínimo, rPhi = 348, 95% BCa [.159 - 525], p =.001. Deste modo, pode inferir-se que o sexo masculino tem níveis de não consumo de suplementos alimentares porque

pretendem indicação de um profissional mais elevados do que os do sexo feminino. Finalmente, comparou-se por idade os motivos para o NÃO consumo de suplementos alimentares, dos 100 participantes que não consomem suplementos alimentares, 65 afirmaram que não o fazem porque não necessitam, pois têm uma alimentação equilibrada, apresentando idade inferior a 20 anos, 37 têm entre 21 e 23 anos e 9 mais de 23 anos. Não se confirmaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “porque têm uma alimentação

equilibrada” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) = 1.884, p = .390.

Somente 1 participante afirmou que não o faz porque tem problemas de saúde e tem idade inferior a 20 anos. Não existem diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “prevenir doenças” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) = 1.961, p = .375.

Observou-se que 15 participantes afirmaram que não consomem suplementos alimentares porque desconhecem os seus benefícios. Destes, oito apresentam idade inferior a 20 anos, seis têm entre 21 e 23 anos e um mais de 23 anos. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo

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15 “desconhecem os seus benefícios” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) = 3.047, p = .218.

Averiguou-se ainda que 9 participantes afirmaram que não consomem

suplementos alimentares devido a condições financeiras, sendo que 2 apresentam idade inferior a 20 anos, 5 têm entre 21 e 23 anos e 2 mais de 23 anos. Não se comprovaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “condições financeiras” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) = 1.063, p = .588. Observou-se que 8 participantes afirmaram que não consomem suplementos alimentares porque desconhecem os efeitos colaterais. Destes, 3

apresentam idade inferior a 20 anos, 4 têm entre 21 e 23 anos e 1 mais de 23 anos. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “desconhecem o efeito colateral” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (2) =.048, p = .976.

Dos 15 participantes que afirmaram que não consomem suplementos alimentares devido ao receio dos efeitos colaterais, 5 apresentam idade inferior a 20 anos e, os restantes têm entre 21 e 23 anos. Não existem diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “receio dos efeitos colaterais” para o não consumo de suplementos alimentares, Chi-Quadrado (1) = 2.918, p = .232.

Por fim, dos 17 participantes que afirmaram que não consomem suplementos alimentares devido a pretenderem indicação de um profissional, 8 apresentam idade inferior a 20 anos, 6 têm entre 21 e 23 anos e 3 mais de 23 anos. Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a proporção de casos de motivo “pretenderem indicação de um profissional” para o não consumo de suplementos

alimentares, Chi-Quadrado (2) = 2.579, p =.275.

Discussão

O presente estudo teve como objetivo principal comparar os fatores

motivacionais associados à prática de atividade física, com o consumo de suplementos alimentares, sendo que, os suplementos alimentares, nas suas mais variadas formas, têm vindo a aumentar no meio desportivo, levando a um aumento do seu consumo, não só pelos atletas, como também por todos os frequentadores de ginásio, que procuram, através da prática de atividade física, garantir a sua saúde e bem-estar, ainda que sejam escassos os seus efeitos benéficos comprovados cientificamente.

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16 Em Portugal, são praticamente inexistentes os estudos sobre esta temática, pelo que os dados serão comparados com os resultados obtidos em diversos estudos

realizados, maioritariamente internacionais. De acordo com os resultados obtidos foi possível observar que, os participantes revelaram uma forte orientação para a tarefa, deste modo, a orientação para o ego tem uma média inferior à orientação para a tarefa o que vai de encontro ao estudo de Fernandes, Vasconcelos-Raposo, Moreira e Costa (2007). A motivação para a tarefa visa o progresso pessoal, ou seja, os indivíduos percecionam o seu sucesso em função do seu esforço. Por outro lado, a motivação para o ego foca-se essencialmente nos resultados comparando o seu sucesso com o dos outros (Boyd, Weinmann, & Yin, 2002; Kilpatrick, Bartholomew, & Riemer, 2003).

Relativamente ao primeiro objetivo que visa comparar por sexo e idade os fatores motivacionais dos participantes que consomem suplementos alimentares associados à prática de atividade física, através dos dados obtidos verificou-se que os participantes do sexo masculino revelam maior orientação motivacional para o “ego” do que os participantes do sexo feminino, o que vai de encontro aos resultados de estudos anteriores, que referem que os elementos do sexo feminino concordam menos do que os elementos masculinos, em demonstrar atitudes antidesportistas, revelando assim uma menor orientação para o ego (Fernandes et al., 2007). Num outro estudo (Lemyre, Roberts, & Ommundsen, 2002), os rapazes concordam mais que as raparigas em comportamentos relacionados com condutas antidesportivas e orientação para o ego, o que sugere que os rapazes aceitam com mais facilidade certos comportamentos ilegais, como sendo perfeitamente legítimos, face aos objetivos pretendidos na competição em causa. Em parte, esta predisposição poderá ser o reflexo de os homens se sentirem socialmente mais pressionados a se apresentarem com uma imagem corporal tida como estando em maior conformidade com as expectativas sociais ou face aos indivíduos do género sexual de que desejam ser alvo das atenções. Quanto às orientações para a tarefa, não se encontraram diferenças em ambas as variáveis de orientação cognitiva (ego e tarefa), o que pode sugerir que as orientações motivacionais poderão estar associadas às expectativas que tipificam cada modalidade (Rodrigues, Lázaro, Fernandes, &

Vasconcelos-Raposo, 2009).

No que se refere às comparações por idade, não foram encontradas diferenças ao nível dos fatores motivacionais entre os participantes que consomem suplementos alimentares quer fosse ao nível da orientação para a tarefa como para o ego. Estes resultados corroboram os do estudo de Borlido (2006), cujos resultados demonstraram

(43)

17 que as diferentes faixas etárias não se diferenciam estatisticamente ao nível das

orientações para a “tarefa” ou para o “ego”.

No que concerne ao segundo objetivo que visou comparar por sexo e idade, os níveis de consumo de suplementos alimentares, verificou-se que o sexo masculino apresenta níveis de consumo de suplementos alimentares mais elevados do que os do sexo feminino. Estes resultados vão ao encontro da literatura que sugere que os homens ingerem mais suplementos alimentares do que as mulheres (Carvalho & Orsano, 2007; Hirschbruch et al., 2008). Num outro estudo (Nogueira, Souza, & Brito, 2013)

verificou-se uma predominância do sexo masculino na utilização de suplementos alimentares, confirmandoque a procura para o uso desses produtos é maior entre os homens. De acordo com Ronsen, Sundgot-Borgen e Machlum (1999), os indivíduos do sexo masculino tendem a utilizar suplementos de maneira mais regular, enquanto que as mulheres os utilizam de modo mais ocasional. Por outro lado, Santos et al. (2013) obtiveram resultados que contrariam a generalidade dos estudos na medida em que no seu estudo as mulheres consumiam mais suplementos alimentares do que os homens. Os autores sugerem que tal facto poderá sugerir que estamos num processo de mudança devido à crescente inscrição do sexo feminino nas academias de ginástica e o consumo de suplementos por estas se deve ao facto de as mulheres terem mais dificuldade em atingir um corpo musculado e que por essa razão recorrem aos suplementos.

Quanto a comparar por idade, os níveis de consumo de suplementos alimentares, verificou-se que os indivíduos com menos de 20 anos têm níveis de consumo de suplementos alimentares mais baixos, comparativamente com as outras faixas etárias. Posto isto, estes resultados não vão de encontro aos de outros estudos que mencionam que os mais jovens tendem a ceder mais facilmente às publicidades de suplementos, uma vez que nessa idade o desejo por resultados rápidos é maior

(Hirschbruch et al., 2008). Os nossos resultados estão em linha com os do no estudo de Gomes (2010) que sugere que a maioria dos frequentadores de ginásio e que consome suplementos pertence ao grupo etário dos 20 aos 24 anos, seguindo-se os indivíduos dos 25-29 anos.

Relativamente ao terceiro objetivo que visou comparar por sexo e idade os motivos para o consumo de suplementos alimentares, constatamos diferenças estatisticamente significativas entre o sexo bem como a idade e os motivos de

“qualidade de vida, prevenir doenças, aumentar energia diária/ performance, diminuir tempo de recuperação, compensar deficiências na alimentação, otimização de resultados

(44)

18 para o consumo de suplementos alimentares, os resultados obtidos não corroboram com a literatura encontrada uma vez que a maioria dos frequentadores de ginásio do sexo masculino referem como principal objetivo do consumo de suplementos, o aumento da massa muscular, enquanto os do sexo feminino referem o bem-estar, ou seja, fazem exercício com o objetivo de controlar o peso e não para melhorar a forma física (Gomes, 2010).

Do mesmo modo, o motivo do consumo de suplementos está associado ao aumento da massa muscular, aumento da energia e performance atlética e compensação de deficiências alimentares (Albuquerque, 2012). Num outro estudo (Costa, et al., 2013) verificou-se que os motivos mais relatados no uso dos suplementos alimentares foram o ganho de massa muscular e a performance. De igual modo, observou-se que o motivo principal para o uso de suplementos alimentares foi o de emagrecer e por outro lado a definição muscular e ganho de massa muscular (Rigon & Rossi, 2012).

Concomitantemente, outros resultados apontaram que a maioria dos

participantes consomem suplementos alimentares por motivos de estética e saúde, assim como para ganhar massa muscular e perder gordura (Hirschbruch et al., 2008). No estudo de Santos et al. (2013), os fatores motivacionais relacionados à utilização de suplementos alimentares mais mencionados na pesquisa foram as possíveis melhoras no treino, seguido de possíveis alterações estéticas. Por fim, num estudo de Santos (2011), o motivo com maior relevância foi o de otimizar os resultados, de realçar que nenhum dos participantes afirmou pelo motivo de prevenção de doenças ou qualidade de vida.

Por último, e no que se refere ao quarto objetivo, que visava comparar por sexo e idade, os motivos para o não consumo de suplementos, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre o sexo bem como a idade, exceto num motivo “quero usar, mas não recebi indicações de um profissional” com maior destaque para o sexo masculino. Os restantes motivos “tenho uma alimentação equilibrada”,

“desconheço os benefícios dos suplementos”, “não tenho condições financeiras”, “desconheço efeitos colaterais” e “tenho receio dos efeitos” foram apontados pelos participantes, mas sem revelarem diferenças estatisticamente significativas para o não consumo de suplementos alimentares. Os resultados obtidos comprovam estudos

anteriores que demonstram que os não consumidores, 56,58% eram do sexo masculino e 43,42% do sexo feminino (Albino, Campos, & Martins, 2009). Os motivos principais que levam os participantes ao não consumo de suplementos são “não gostar”, “não ter havido necessidade”, “por terem uma alimentação suficiente” (Rocha & Pereira, 1998).

(45)

19 Do mesmo modo, um outro estudo indica a crença no “medo de ficar forte”, e “não

quer obter definição” (Hirschbruch et al., 2008) como motivo para não consumir. Por

outro lado, Santos (2011) referiu que o não uso de suplementos alimentares se deve ao facto de os sujeitos afirmarem não considerarem necessário, pois possuírem uma dieta equilibrada.

Nos últimos anos o incentivo à prática de atividade física e à adoção de um estilo de vida saudável é recorrente. Nem sempre é possível delinear uma dieta equilibrada aliada às ambições dos praticantes de AF e, consequentemente, o consumo de suplementos é visto como uma solução para se atingir as percentagens de perda de gordura corporal ou, então, para melhorar o desempenho físico (Costa et al., 2013; Rigon & Rossi, 2012). O facto de os homens serem os maiores consumidores de suplementos pode dever-se à forte participação dos mesmos em ginásios e centros de

fitness e, consequentemente, a uma maior preocupação com o padrão estético que para

ser atingido requer uma alimentação diferenciada, incluindo certos suplementos que ajudam a aumentar a massa muscular e a força/energia diária (Gomes, 2010). Ainda na opinião deste autor, estes consumos podem constituir-se como riscos para a saúde dos consumidores uma vez que na maioria dos casos estes ingerem suplementos sem nenhuma indicação especializada e sem verificarem a verdadeira necessidade destes produtos, bem como os seus efeitos no desempenho desportivo. A falta de estudos conclusivos sobre o consumo de suplementos alimentares por praticantes de atividade física prende-se pelo facto de ser um assunto recente e ainda pouco desenvolvido.

Algumas limitações importam ser apontadas e discutidas. O primeiro ponto refere-se à dimensão da amostra e que resulta do facto de a recolha de dados ter sido realizada no ginásio. De forma recorrente as pessoas manifestavam pouca

disponibilidade, face à declarada escassez de tempo de que disponham para o fazer naquele momento, nada em que o viam com sendo algo que lhes diminuía o tempo útil para a prática.

Conclusão

A presente investigação permite apresentar algumas conclusões. As

comparações por sexo e idade ao nível dos fatores motivacionais dos participantes que consomem suplementos alimentares associados à prática de atividade física, evidenciou que os participantes do sexo masculino estão mais orientados para o ego do que as

(46)

20 mulheres. No que concerne à idade dos participantes que consomem suplementos

alimentares não se verificaram diferenças estatisticamente significativas nas orientações motivacionais.

As comparações por sexo e idade demonstraram que os homens consomem mais que as mulheres e que são os mais novos os que mais ingerem suplementos alimentares. Entre as razões apontadas pelos consumidores destacara-se as seguintes: “otimizar resultados”, seguido de “aumentar a energia diária” e “diminuir o tempo de

recuperação”. Ao nível dos motivos para o consumo não se encontraram diferenças entre os sexos e grupos etários.

No que se refere ao grupo dos não consumidores de suplementos a maioria (100) afirmou que não o fazia porque: “têm uma alimentação equilibrada”, seguida de

“pretenderiam ter a indicação de um profissional” e “desconhecem/ receio dos efeitos colaterais”. Na comparação entre os sexos estas preocupações foram mais acentuadas nos homens do que nas mulheres.

Como recomendação para estudos futuros ressalve-se a ausência de estudos similares nesta área sugerimos que sejam contemplados os níveis de consumo de suplementos alimentares assim como o tipo de produtos ingeridos.

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