• Nenhum resultado encontrado

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Flávia Daniela Meireles da Silva

Orientador: Prof. Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos-

Raposo

iii

Resumo

Apesar dos múltiplos benefícios da prática regular de atividade física, a compreensão de como as pessoas adotam um estilo de vida fisicamente ativo constitui um desafio para a investigação científica. O objetivo do presente estudo foi associar os benefícios da atividade física com a satisfação das necessidades psicológicas básicas. Participaram neste estudo 166 indivíduos, 78 do sexo masculino e 88 pertencem ao sexo feminino, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M= 21.73; DP= 1.81). Foram efetuadas comparações entre a satisfação das necessidades psicológicas básicas de acordo com o género, a idade e a prática de atividade física, com recurso à análise de variância univariada (MANOVA). Aplicou-se o Basic Psychological Needs in Exercise Scale (BPNES), traduzido e validado para a população portuguesa. Os resultados apresentados revelam uma maior satisfação das necessidades psicológicas básicas na relação social (M= 4.27; DP= 0.46), seguida da autonomia (M= 4.24; DP=0.35) e da competência (M= 4.07; DP= 0.40). O presente estudo identificou um impacto positivo da prática regular de atividade física na satisfação das necessidades psicológicas básicas. O aumento do tempo de prática influencia positivamente as perceções de autonomia, competência e relação social.

Palavras-chave: Benefícios da atividade física, teoria da autodeterminação, necessidades

v

Abstract

Despite the several benefits of regular physical activity, understanding how people adopt a physically active lifestyle is a challenge for scientific research. The objective of this study was to associate the benefits of physical activity with the satisfaction of basic psychological needs. The sample it was composed by 166 individuals, 78 males and 88 females, aged between 18 and 25 years (M = 21.73, SD = 1.81). Comparisons were made between the satisfaction of basic psychological needs according to gender, age and physical activity, using the analysis of variance (MANOVA). It was applied the Basic Psychological Needs in Exercise Scale (BPNES), translated and validated for the Portuguese population. The results presented show a greater satisfaction of basic psychological needs in the social relationship (M = 4.27, SD = 12:46), followed by autonomy (M = 4.24, SD = 12:35) and competence (M = 04.07, SD = 12:40). This study identified a positive impact of regular physical activity on satisfaction of basic psychological needs. The increased practice time positively influences the perceptions of autonomy, competence and social relationships.

Keywords: Benefits of physical activity, self - determination theory, basic psychological

1

Introdução

Até à relativamente pouco tempo, um dos principais entraves ao

desenvolvimento da investigação no sentido de associar a prática regular de atividade física aos inúmeros benefícios de ordem psicológica era a falta de instrumentos fiáveis e válidos capazes de caraterizar e avaliar o modo como os indivíduos percebem a sua dimensão física (Fonseca & Fox, 2002).

Atualmente, vários estudos têm vindo a provar o contrário. Segundo um estudo feito por Boiché e Sarrazin (2007), a prática de atividade física e recreativa pode estar associada a benefícios físicos, psicológicos e sociais. Comumente colocado por profissionais e pesquisadores da área da saúde como uma necessidade na rotina da sociedade, a atividade física é apresentada como um preditor para a promoção e manutenção de saúde e bem-estar, bem como um estímulo ao desenvolvimento da consciência corporal e da relação com o ambiente (Physical Activity Guidelines

Advisory Committee, 2008; Samulski, 2008; Serrano & Alves, 2015). Ascensão (2012) definiu este conceito como todo e qualquer movimento corporal produzido pela

contração músculo-esquelética resultante num gasto de energia (Ascenção, 2012). A promoção do bem-estar físico e psicológico é um dado adquirido,

primordialmente na melhoria da autoimagem, autoestima e motivação (Santos et al., 2015). Todavia, apesar do conhecimento generalizado sobre os efeitos positivos na saúde física e psicológica que a prática de atividade física regular demonstrou ter (American College of Sports Medicine - ASCM, 2009), uma grande percentagem da população no mundo desenvolvido é sedentária (Special Eurobarometer-412, 2014).

Serrano e Alves (2015) concluíram que muitas pessoas não conseguem manter a prática regular por extensos períodos, acabando por abandonar o plano de treino sem experimentarem os reais benefícios de um programa continuado de exercícios físicos.

Neste contexto, a psicologia do desporto e do exercício tem assumido como conteúdo de relevo o estudo das regulações motivacionais, tendo como primazia a compreensão dos fatores sociais e intraindividuais que prejudicam ou facilitam a adesão à prática de exercícios físicos (Blanchard, Mask, Vallerand, Sablonnière, & Provencher 2007).

A manutenção do bem-estar, saúde, stress e condição física são os fatores evidenciados como fatores mais importantes para a adesão de um programa continuado de exercícios (Serrano & Alves, 2015). A grande maioria dos indivíduos que iniciam a

2 prática de exercício num determinado ginásio, fazem-no com demarcados objetivos de frequência e participação, sendo que após alguns dias ou semanas, esses mesmos objetivos são reformulados e numa extensa maioria dos casos, num sentido desajustado à obtenção desses objetivos que uma prática regular proporciona aos praticantes, sejam eles físicos ou psicológicos (Ascensão, 2012). É com o intuito de proporcionar uma adequação dos programas de atividade física às expectativas dos praticantes que Moutão (2005) realça a importância dos técnicos conhecerem os motivos que levam os

indivíduos à prática de exercício e suas expectativas, aumentando assim a sua satisfação e consequente permanência.

Um estudo desenvolvido por Serrano, Mangana, Trindade e Semião (2005) confirmou que praticar exercício físico e manter a forma foram as principais motivações para ambos os géneros relativamente à prática desportiva em ginásios. As motivações do sexo masculino estavam relacionadas sobretudo com a condição física (ganhar massa muscular, manter a forma, praticar exercício). Do lado feminino, as principais

motivações prendiam-se com aspetos relacionados com a saúde, estética e perda de peso.

A Teoria da Autodeterminação (TDA) (Self Determination Theory – SDT) (Deci & Ryan, 1985; Ryan & Deci, 2000) é amplamente difundida e utilizada em diversos campos do conhecimento académico, de entre os quais o desporto e a atividade física (Balbinotti, et al., 2011). Propõe que a motivação das pessoas assenta num continuum motivacional que oscila entre formas autónomas (mais autodeterminadas) e formas controladas (menos autodeterminadas) de regulação comportamental (Pires, Cid, Borrego, Alves, & Silva, 2010; Santos et al., 2015;). O sujeito pode ser motivado intrinsecamente, ou seja, quando ingressa numa atividade por vontade própria, com o intuito de obter prazer e satisfação nas atividades que se propõe realizar (Ryan & Deci, 2000). A motivação extrínseca ocorre quando uma atividade é efetuada com outro objetivo que não o inerente à própria atividade (Viana, Andrade, & Matias, 2010). A TAD sugere que a motivação do sujeito é medida pela satisfação de “três

nutrientes psicológicos inatos que são essenciais para o contínuo crescimento, integridade e bem-estar psicológico” (Deci & Ryan, 2000, p.229), isto é, as

necessidades psicológicas básicas (NPB), subentendidas como disposições inatas, cuja satisfação serve de base à sobrevivência, ao crescimento e à integração do sujeito (Deci & Ryan, 2008). Em primeiro, a autonomia, que retrata o desejo de se envolver em

3 atividades escolhidas por si, controlo volitivo e assunção das consequências do próprio comportamento (Edmunds, Ntoumanis, & Duda, 2009; La Guardia & Patrick, 2008).

Para promover esta necessidade, os profissionais do exercício devem permitir que os praticantes participem na tomada de decisão sobre as atividades do seu programa de exercícios (Couto, 2012). A necessidade de relação envolve a orientação pessoal para estabelecer um elo de ligação com os outros, forte e duradouro, capaz de promover o sentido de aceitação e de compreensão por parte dos outros (Patrick, Knee, Canevello, & Lonsbary, 2007; Pires et al., 2010). A capacidade de estabelecer relacionamento com os aqueles que se identificam mais, aliado a um sentimento de vínculo afetivo, de modo a manter a relação de bem-estar, segurança e unidade com os membros em contexto de exercício físico é uma preocupação destes técnicos (Couto, 2012).

Por fim, a necessidade de competência, onde perante situações que se

apresentem como desafiantes, o sujeito tem a capacidade de desenvolver uma perceção e capacidade de sucesso (Edmund et al., 2009; Patrick et al., 2007). A promoção desta necessidade implica uma orientação das pessoas para procurarem desafios ajustados às suas capacidades, apelando sempre à melhoria das aprendizagens e superação pessoal (Couto, 2012). A tendência para satisfazer estas necessidades é inata, pelo que devem ser sustentadas pelo meio social (Moutão, 2010). Este autor acrescenta ainda que a satisfação destas necessidades promove o crescimento psicológico, a integridade e o bem-estar.

Completa ainda que a base do comportamento autodeterminado passa pela satisfação das necessidades psicológicas básicas de competência, autonomia e relação. Posto isto, este facto assume real importância uma vez que a motivação intrínseca pode estar entre os fatores mais importantes para a manutenção do exercício físico a longo prazo (Ryan & Deci, 2007). Este tipo de comportamentos por parte dos instrutores e profissionais do exercício em contexto de ginásio possibilitam a satisfação das necessidades psicológicas básicas, logo a promoção de um comportamento mais autodeterminado que é fundamental para a manutenção dos praticantes de exercício físico, acabando, muitas vezes por evitar que haja uma regressão de um comportamento com uma satisfatória autonomia para um comportamento com indicadores menos autodeterminados (Couto, 2012).

A satisfação das Necessidades Psicológicas Básicas assume um papel pertinente na atividade física. Sempre que elas são satisfeitas há uma resposta comportamental positiva ao exercício, ou seja, adesão e prazer na prática. Em contrapartida, a não

4 satisfação de alguma das necessidades poderá conduzir a uma forma mais controlada de regulação e incitar ao abandono da prática ou insatisfação (Edmunds et al., 2009). Deste modo, procura-se apurar os contras que influenciam a não motivação e (ou

desmotivação) que levam ao abandono da prática regular de atividade física (Batista, Chiara, Gugelmin, & Martins, 2003).

Um estudo desenvolvido por Santos et al. (2015) comprovou que existe uma relação negativa e significativa entre a satisfação das necessidades psicológicas e a desmotivação, isto é, quanto mais satisfeitas as necessidades psicológicas – perceções de autonomia, competência e relação social – menores os níveis de desmotivação nos praticantes de exercício físico.

Porém, para avaliar a importância das necessidades psicológicas básicas no contexto do exercício, bem como a sua influência no comportamento dos sujeitos foi desenvolvido um instrumento de medida específico para esse domínio o Basic

Psychological Needs in Exercise Scale (BPNES) (Moutão, Cid, Leitão, Alves, &

Vlachopoulos, 2009; Vlachopoulos & Karavani, 2009).

Como tal, esta investigação tem por objetivo geral analisar a associação entre os benefícios da atividade física e a satisfação das necessidades psicológicas básicas (Moutão, 2010; Serra, 2010), em frequentadores de ginásio e como objetivos específicos pretende-se:

i. Comparar o número de dias de prática de atividade física e a satisfação das necessidades psicológicas básicas.

ii. Comparar por sexo e idade a satisfação das necessidades psicológicas básicas.

Método

O presente estudo é de natureza quantitativa, sendo utilizado um questionário como instrumento de medida transversal porque a amostra foi recolhida num só

momento e quasi experimental devido ao facto de não haver manipulação das variáveis (Pais-Ribeiro, 2008).

Quanto às variáveis dependentes em análise são: satisfação necessidades psicológicas (autonomia, competência e relação social) e as variáveis independentes em análise são características sociodemográficas dos participantes (sexo, idade, residência); características quanto à prática de atividade física no ginásio (tempo de

5 ginásio, tipo de praticante de exercício, quanto dias pratica, duração treino);

características quanto à prática de outra atividade extra ginásio (pratica outra atividade, qual atividade, número de horas); características quanto ao objetivo do seu treino (estética, reabilitação, força, resistência, hipertrofia, saúde, qualidade de vida e condicionamento físico geral).

Participantes

No que se refere à caraterização da amostra, esta foi constituída por

frequentadores do ginásio da Região Norte de Portugal, de ambos os sexos. O critério para a constituição da amostra é o tipificador do termo de conveniência, uma vez que o objetivo é obter o maior número possível de sujeitos. No entanto, procederemos ao registo do número de frequentadores de ginásio que se neguem a participar no estudo, pois poderão representar consumidores que não pretendem dar a conhecer o seu comportamento, apesar de estarem assegurados todos os cuidados para salvaguardar o anonimato.

Participaram no presente estudo 166 participantes, 78 (47%) são do sexo

masculino e os restantes 88 (53%) do sexo feminino, a idade está compreendida entre os 18 e os 25 anos, com uma média de 21.73 anos (DP= 1.81). Quanto à área de residência, 46,4% provêm da zona rural e os restantes 53,6% da zona urbana (Tabela 1).

Tabela 1

Características sociodemográficas dos participantes

N % Sexo Masculino 78 47.0 Feminino 88 53.0 Idade <20 anos 43 25.9 21 a 23 anos 92 55.4 >23 31 18.7 Residência Rural 77 46.4 Urbana 89 53.6

No que concerne às características dos participantes quanto à prática de atividade física no ginásio, observa-se que 60 (36.1%) dos participantes frequentam o

6 ginásio há mais de um ano, 55 (33.1%) há mais de 6 meses a um ano e 51 (30.7%) até 6 meses. Quanto ao tipo de exercícios que praticam maioritariamente referem a

musculação, seguido de aulas de grupo 78 (47.0%) e por fim cardiofitness 76 (45.8%). Relativamente aos dias de prática observa-se que 101 (60.8%) praticam 3 a 4 dias por semana, 48 (28.9%) 5 ou mais e somente 17 (10.2%) praticam 1 a 2 vezes por semana sendo que quanto à duração do treino 57 (34.3%) referem que dura entre 60 a 90 minutos, 46 (27.7%) entre 90 a 120 minutos, 40 (24.1%) entre 30 a 60 minutos e por fim somente 23 (13.9%) mais de 120 minutos (Tabela 2).

Tabela 2

Características dos participantes quanto à prática de atividade física no ginásio

N %

Tempo de ginásio Até 6 meses 51 30.7

Mais de 6 meses a um ano 55 33.1

Mais de um ano 60 36.1 Tipo de praticante de exercício Musculação 117 70.5 Aulas de grupo 78 47.0 Cardiofitness 76 45.8

Quantos dias pratica 1 a 2 17 10.2

3 a 4 101 60.8 5 ou mais 48 28.9 Duração treino 30 – 60 40 24.1 Mais de 60 a 90 57 34.3 Mais de 90 a 120 46 27.7 Mais de 120 23 13.9

No que se refere às características dos participantes quanto à prática de outra atividade extra ginásio observa-se que 56 (33.7) praticam outra atividade, sendo que 31 (18.7%) destes participantes praticam corrida, 19 (11.4%) praticam mais de 4 ou mais horas (Tabela 3).

7 Tabela 3

Características dos participantes quanto à prática de outra atividade extra ginásio

N %

Pratica outra atividade Sim 56 33.7

Qual atividade Basquetebol 1 .6

Caminhadas 1 .6 Canoagem 1 .6 Corrida 31 18.7 Danças de salão 3 1.8 Futebol 16 9.6 Natação 3 1.8 Número de horas 1h 13 7.8 2h 11 6.6 3h 13 7.8 4h ou mais 19 11.4

Relativamente às características dos participantes, quanto ao objetivo do seu treino constata-se que 98 (59%) preocupam-se com a saúde, 95 (57.2%) com a

qualidade de vida, 92 (55.4%) com a estética, 79 (47.6%) com a força, 68 (41%) com a resistência, 60 (36.1%) com o condicionamento físico geral, 56 (33.7%) com

hipertrofia, por fim e somente 9 (5.4%) com a reabilitação (Tabela 4).

Tabela 4

Características dos participantes quanto ao objetivo do seu treino

N % Estética 92 55,4 Reabilitação 9 5,4 Força 79 47,6 Resistência 68 41,0 Hipertrofia 56 33,7 Saúde 98 59,0 Qualidade de vida 95 57,2

8

Instrumentos

Questionário de dados sociodemográficos

Para o levantamento das variáveis independentes e de dados sociodemográficos desenvolveu-se um questionário que incluiu questões relativamente às características sociodemográficas dos participantes (sexo, idade e zona de residência); caraterísticas quanto à prática de atividade física no ginásio (tempo de ginásio, tipo de praticante de exercício, quantos dias pratica, duração treino); caraterísticas quanto à prática de outra atividade extra ginásio (pratica outra atividade, qual atividade, número de horas); caraterísticas quanto ao objetivo do seu treino (estética, reabilitação, força, residência, hipertrofia, saúde, qualidade de vida e condicionamento físico geral).

Questionário da Satisfação das Necessidades Psicológicas Básicas

Para avaliarmos a Satisfação das Necessidades Psicológicas Básicas utilizamos o

Basic Psychological Needs in Exercise Scale (BPNES). Este questionário foi

desenvolvido originalmente por Vlachopoulos e Karavani (2009), sendo traduzido e validado para a população portuguesa por Moutão, Cid, Leitão, Alves e Vlachopoulos (2009). Neste estudo foi utilizada uma versão adaptada para Educação Física, validada por Pires, Cid, Borrego, Alves e Silva (2010), constituído por 12 itens numa escala do tipo Likert de 5 níveis, que variam entre 1 (“discordo totalmente”) e o 5 (“concordo totalmente”). Os itens agrupam-se posteriormente em 3 dimensões (com 4 itens cada), autonomia, competência e relação social. Por fim, através do alpha de cronbach observou-se que neste estudo o questionário apresentou bons níveis de consistência interna na subescala Competência (α= 0.64) e Relação Social (α= 0.74), contudo, não apresentou boa consistência interna na subescala Autonomia (α= 0.49), ou seja, <0.60, logo os resultados desta subescala devem ser lidos com reserva (Field, 2009).

Procedimentos

O projeto de pesquisa foi submetido à Comissão de Ética Institucional de Pesquisa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro obtendo parecer favorável à sua realização.

Após a elaboração dos questionários procedeu-se à entrega de uma autorização formal ao administrador do ginásio, a qual foi aprovada, prosseguindo-se

9 sendo prontamente informados que a participação neste projeto de investigação era voluntária, onde o anonimato e a confidencialidade foram salvaguardados e desde logo garantidos, bem como o direito de desistir ou de solicitarem o apoio do investigador, no decorrer da recolha de dados. O período de aplicação e recolha de dados decorreu na primeira quinzena de Março. O preenchimento do questionário demorou cerca de 10 minutos.

Análise Estatística

Após a fase de aplicação e de recolha de dados, os questionários foram organizados numa base de dados, utilizando-se para o efeito o Programa Estatístico SPSS, versão 23.0, através do qual se realizaram as análises estatísticas. O pressuposto da distribuição normal das variáveis dependentes foi verificado através do coeficiente de skewness (assimetria) e kurtosis (achatamento) que variou entre .-.099 a .977., deste modo iremos utilizar teste paramétrico.

De modo a comparar se o sexo, a idade e o número de dias de prática de

atividade física influencia a satisfação das necessidades psicológicas básicas recorreu-se a análises de variância multivariada (MANOVA) O pressuposto da homogeneidade de variâncias-covariâncias foi avaliado com o teste (MBox). Para medir o tamanho do efeito foi considerado o partial eta-squared (2),onde se considerou os valores <.01 - negligenciado/pequeno; <.04 – baixo; .04 a .06 - médio/moderado; .06 a .14-

moderado/elevado e >.14 - elevado. Quanto à potência do teste () foram respeitados os seguintes valores >.80 - indica um poder do teste adequado e <.80 poder do teste não adequado que pode significar que o tamanho da amostra é pequeno. Em todas as

análises estatísticas foram considerados valores de significância de p <.05 (Field, 2009; Marôco, 2011).

Resultados

O estudo da normalidade das distribuições foi concretizado através da análise das medidas de simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis). Uma vez que as

variáveis dependentes (satisfação necessidades psicológicas – autonomia, competência, relação social) revelaram uma distribuição normal, na medida em que os valores

10 absolutos dos coeficientes de assimetria e achatamento variaram entre -1 e 1 optou-se pela utilização de testes paramétricos (Marôco, 2011),

Os resultados começam com a apresentação das estatísticas descritivas das variáveis em estudo (satisfação das necessidades psicológicas básicas – autonomia, competência e relação social) (Tabela 5).

Foi possível observar que os participantes sentem uma maior satisfação das necessidades psicológicas básicas na relação social (M=4.27; DP= .46), seguida da dimensão autonomia (M=4.24; DP= .35) e a dimensão competência (M=4.07; DP= .40).

Tabela 5

Análise Descritiva das variáveis em estudo

Média DP Mínimo Máximo Satisfação necessidades psicológicas

Autonomia 4,24 ,35 3,50 5,00

Competência 4,07 ,40 3,00 5,00

Relação social 4,27 ,46 3,00 5,00

Nesta parte serão analisados os resultados de forma a responder ao objetivo geral e aos objetivos específicos do presente estudo.

Utilizou-se uma MANOVA para comparar o número de dias de prática de atividade física (1 a 2 dias, 3 a 4 dias, 5 dias) e a satisfação das necessidades psicológicas básicas dos participantes associados, observou-se -se que existe uma diferença estatisticamente significativa entre o número de dias de prática de atividade física e a satisfação das necessidades psicológicas (F (6, 322) = 2.665; p = .015, λ de

Wilks = .908, ηp2 = .047; potência observada (PO) = .861). Foi observada uma diferença significativa entre o número de dias de prática de atividade física na satisfação das necessidades psicológicas básicas dos participantes na dimensão autonomia (F(2,165) = 5.683, p = .004). O teste partial eta-squared revelou que a esta diferença corresponde a um tamanho do efeito moderado (ƞp2 = .065) e um poder do teste adequado (po=.858).

O teste post-hoc Turkey HSD revelou que as necessidades psicológicas básicas dos participantes na dimensão autonomia nos sujeitos que praticam atividade física 5 ou

11 mais dias por semana (M = 4.38, DP = .39) é significativamente maior do que quando praticam 3 a 4 dias (M = 4.20, DP = .32) e do que 1 a 2 dias (M = 4.10, DP = .33). Assim, estes resultados sugerem que as necessidades psicológicas básicas na dimensão autonomia dos indivíduos que praticam atividade física 5 ou mais dias por semana é significativamente superior aos que praticam 3 a 4 dias e 1 a 2 dias por semana.

Foi também observada uma diferença significativa na satisfação das

necessidades psicológicas básicas dos participantes na dimensão competência (F(2,165) = 5.379, p = .005). O teste partial eta-squared revelou que a esta diferença corresponde um tamanho do efeito moderado (ƞp2 =.062) e um poder do teste adequado (po=.837). O teste post-hoc Turkey HSD revelou que as necessidades psicológicas básicas dos

participantes na dimensão competência nos sujeitos que praticam atividade física 5 ou mais dias por semana (M = 4.22, DP =.37) é significativamente maior do que quando praticam 3 a 4 dias (M = 4.01, DP =.40) e do que 1 a 2 dias (M = 3.99, DP =.40). Assim, estes resultados sugerem que as necessidades psicológicas básicas na dimensão competência dos participantes que praticam atividade física 5 ou mais dias por semana é significativamente superior aos que praticam 3 a 4 dias e 1 a 2 dias por semana.

Por último também foi registada uma diferença significativa na satisfação das

Documentos relacionados