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O Teste de Cloze na Avaliação de Ferramentas Educativas em Saúde

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O Teste de Cloze na Avaliação de Ferramentas Educativas em Saúde

Lorrayne Cristina de Oliveira Thomaz1, Claudia da Silva de Medeiros2, Cláudia Maria Messias3, Geilsa Soraia

Valente Cavalcanti4, Patrícia Salles Damasceno de Matos5 e Paula Cristina do Vale Lopes Pissarra6 1, 2Universidade Castelo Branco – UCB Rio de Janeiro-Brasil; 3Departamento Materno Infantil e Psquiátrica-MEP-Universidade Federal Fluminense/UFF- Niterói Brasil; 4Universidade Federal Fluminense/UFF- Niterói Brasil; 5Universidade

Estadual do Rio de Janeiro – UERJ-Hospital da Mulher Fernando de Magalhães; 6Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda-Portugal

Resumo. O estudo avalia ferramentas educacionais do programa de saúde para o conhecimento do impacto, no incentivo boas práticas de saúde. Objetivo: Analisar o teste CLOZE para a avaliação da ferramenta impressa instrucional de Educação em Saúde desenvolvida na perspectiva da promoção da saúde dos participantes da pesquisa. Método: pesquisa qualitativa, observacional transversal com o emprego da técnica Cloze com a análise de conteúdo. Resultado: Participaram 20 usuários dos Centros Municipais de Saúde, onde 55% são mulheres, com o grupo de faixa etária predominante entre 18 a 30 anos, 35%. Todos são moradores da zona oeste do Rio de Janeiro. Os participantes com o ensino médio foram mais frequentes com 45%. Conclusão: Este estudo trouxe novas informações sobre a viabilidade de utilização da técnica de Cloze, reafirmando sua boa qualidade como instrumento para a avaliação de compreensão em leitura tecnologias educacionais em saúde.

Palavras- chave: enfermagem, educação em saúde, conhecimento

The cloud technique in the evaluation of educational materials in health

Abstract. Abstract. The study evaluates educational tools of the health program for changes of indicators, encouraging good health practices. Objective: To analyze the CLOZE test for the evaluation of the instructional health education tool developed with a view to promoting the health of the research participants. Method: qualitative, cross-sectional observational research using the Cloze technique with content analysis. Outcome: Twenty users of the Municipal Health Centers participated, where 55% are women, with the predominant age group between 18 and 30 years old, 35%. All are residents of the western zone of Rio de Janeiro. The participants with high school were more frequent with 45%. Conclusion: This study brought new information on the feasibility of using the Cloze technique, reaffirming its good quality as an instrument for the evaluation of comprehension in reading health education technologies. Keywords: nursing, health education, knowledge

1 Introdução

A Educação em Saúde dispõe-se a atender os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) por mediação da promoção da saúde e a percepção do homem e da sociedade com a finalidade de assegurar uma construção cidadã e política. Consequentemente, a junção de recursos que unem educação e saúde, determinando o impulso da emancipação dos indivíduos na preferência de estilos de vida saudáveis que auxiliem na atenuação dos agravos e proporcionem uma vida com muita saúde (Campos De Azevedo et al., 2014). Partimos do pressuposto de que o espaço da avaliação vem progressivamente se destacando dos demais, dotando-se de formas que o caracterizariam como um universo particular, um microcosmo social com relativa autonomia em relação às demais subáreas que compõem a Saúde Coletiva no Brasil. Ainda que certa diferenciação e contornos caracterize a

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avaliação em Saúde em nosso país, resta saber se teríamos ali algo que possa ser compreendido como um “campo” na acepção desenvolvida por Bourdieu.

O autor desenvolveu o conceito de campo para lidar com a permanente diferenciação social do mundo moderno. Um dado campo, na perspectiva bourdieusiana, atrai agentes com disposições mentais, corporais e modos de pensar, perceber, interpretar classificar e agir semelhantes, ao mesmo tempo em que reforça esses mesmos modos. Nesse sentido, é esperado que integrantes de um mesmo campo apresentem habitus comuns (F. Bourdieu ,2010). À guisa, as orientações destinadas aos indivíduos devem ser sensíveis culturalmente para que haja a assimilação do conteúdo da informação que é dada. Verificar as melhores formas de abordagens dos clientes e adaptar as orientações para atender as necessidades dos mesmos facilita a consecução dos resultados de orientação. Fatores socioculturais, valores e tradições, geralmente influenciam na importância em que a sociedade dará aos tópicos de orientação em saúde e a preferência de uma abordagem de aprendizagem em detrimento da outra. Nos casos em que o cliente não fala o mesmo idioma dos materiais escritos ou esses não são culturalmente do mesmo nível, estão a cima das habilidades de leitura do cliente, os esforços para que se tenha uma orientação eficaz se torna extremamente desafiadores (Potter PA, 2009). Corroborando, a Organização Mundial de Saúde tenta traçar a proporção em que as Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) atingiram mundialmente, para levar dados ao governo com parâmetros realistas com o intuito de fazer com que haja o planejamento das ações governamentais, informações quanto à prevalência das IST no mundo se torna difícil de ser fornecido, devido à deficiência dos sistemas de vigilância. No entanto, alguns dos impactos causados pelas IST são relativamente conhecidos para a saúde da reprodução feminina e masculina, saúde sexual e outros impactos socioeconômicos na população (Villela & Pinto, 2015). Logo, na situação das IST’s, a prevenção é vista como primordial por meio da IEC (tecnologias de Informação, Educação e Comunicação) nas políticas de saúde atuais no Brasil. Este método educativo tem como base a distribuição de artefatos impressos para a população, sendo reconhecidos como ferramentas atuantes na disseminação de informações de saúde para a população, com o intuito de fazer com que adotem comportamentos saudáveis (Freitas & Waechter, 2014). Neste âmbito as atividades e serviços da atenção básica precisam ser estruturados com o propósito de responder às demandas da população dos estados e municípios a elas vinculadas, certificando assim o acesso à

equidade e a integralidade do cuidado com a saúde(E. C. da Silva & Gomes, 2014). Historicamente as

propostas educativas vêm-se caracterizando enquanto transferência de informações, de conhecimentos com pouco impacto na realidade dos sujeitos e da sociedade. Em um estudo realizado pelo programa de extensão universitária da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) intitulado Acolhe-Onco: interdisciplinaridade no cuidado integral do paciente com câncer, um grupo de docentes e estudantes de diferentes níveis de formação em saúde (graduação, lato e stricto sensu) deu início à construção coletiva de folhetos educativos que prima por proporcionar cuidado interdisciplinar e educação para o autogerenciamento da condição de saúde-doença-cuidado aos usuários dos ambulatórios de oncologia de um hospital público universitário (Birelo Lopes De Domenico et al., 2013).

O estudo mostrou-se relevante pela necessidade de conhecer as percepções dos usuários sobre o material educativo e a efetividade dos folhetos educativos utilizados como material de apoio, na perspectiva dos usuários, onde o mesmo norteou a formulação: Qual é a apreensão do usuário diante da ferramenta impressa de educação em saúde para a prevenção de IST/ AIDS adotada pelo SUS?

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Em consonância, o referido estudo objetivou: realizar diagnóstico situacional da compreensão dos usuários do folder impresso desenvolvido pelo Ministério da Saúde/Brasil para prevenção de IST/AIDS baseado no teste CLOZE.

2 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo de campo com o emprego do teste Cloze.

O Teste de Cloze

O teste supracitado consiste em sua forma original, em eliminar palavras de um texto escrito, no caso o quinto vocábulo, como forma mais adequada para o diagnóstico da compreensão deixando lacunas para que sejam preenchidas pelo participante que o teste será aplicado. Em nossa pesquisa, optamos pela palavra no sentido literal, ou seja, os participantes deverão preencher de acordo com os vocábulos originais do texto de português utilizado. Assim, quanto mais lacunas, maior a dificuldade. No Cloze há uma classificação de acordo com a compreensão dos sujeitos por níveis, que são: o nível de frustração (com percentual de compreensão até 44%), nível instrucional (entre 45% e 57%) e nível independente (acima de 57%), do qual, na proposta original do autor. Os participantes devem preencher a lacuna com a palavra que julgarem ser a mais apropriada para a constituição de uma mensagem coerente e compreensiva. Os escores são obtidos somando-se os números de lacunas preenchidas corretamente. Essa técnica tem se mostrado bastante eficaz, tanto do ponto de vista prático, tendo em vista a facilidade de elaboração, aplicação e correção, em função dos altos índices de correlação positiva de seus resultados com o desempenho (Bastable, 2003). A escolha da forma de teste Cloze para esta pesquisa foi a Cloze pós leitura oral: a organização desse tipo de teste é igual à do Cloze tradicional, a única diferença é que, antes de iniciar o preenchimento das lacunas, o leitor deve fazer uma leitura oral de todo o texto original para então começar. O participante, individualmente, é orientado a realizar a leitura, e, em seguida, deverá preencher as lacunas. Os cenários foram dois Centros Municipais de Saúde (CMS), Centro Municipal de Saúde Waldyr Franco e Centro Municipal de Saúde Prof. Masao Goto, pertencentes a Área Programática 5.1 localizadas na zona oeste do estado do Rio de Janeiro/Brasil.As duas unidadesdesenvolvem o programa IST/AIDS que acontece de forma individual, em grupo e de forma transversal, onde os usuários levam as orientações dentro dos grupos já existentes na unidade. Tratando da questão da abordagem dos participantes durante a pesquisa, o que colaborou foi o fato dos usuários ficarem em grupos nas salas de espera e por haver um fluxo cotidiano de usuários dos programas de IST/AIDS. Foram 20 participantes entre homens e mulheres, cadastrados nas unidades de saúde, na faixa etária entre 18 e 60 anos de idade. Os critérios de inclusão: participantes cadastrados nas unidades de saúde, alfabetizados, que aceitassem participar da pesquisa. A coleta de dados foi desenvolvida em duas etapas: A primeira etapa com visita as unidades de saúde selecionadas para ambientação e organização do local de coleta de dados. Durante a coleta de dados, na sala de espera utilizando a estratégia de aproximação dos participantes durante o tempo de espera para o atendimento. No primeiro contato com o participante, após toda tramitação ética e explicação sobre pesquisa iniciou-se a entrevista iniciou-semiestruturada composta por 12 perguntas divididas no perfil dos participantes e a aproximação com a temática. Foram disponibilizados aos participantes os dois folders, sendo o

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primeiro o material educativo impresso de uso oficial do Ministério da Saúde nas campanhas sobre IST/AIDS e o segundo folder organizado pelas autorasbaseado no teste CLOZE. Foi solicitadoaos participantes fizessem a leitura do folder modificado, e após a leitura, abordados sobre a compreensão da leitura do folder com ausência das palavras, os participantes foram questionados sobre a clareza da leitura, a linguagem do texto e a compressão dele a respeito dos materiais impressos. As respostas foram colhidas com um gravador no formato de mp3, onde foram transcritas e analisadas. A técnica utilizada para análise de dados foi a análise de conteúdo segundo Bardin (2011), a qual permite a quantificação e a qualificação dos dados.

1º Folder: do Ministério Da Saúde 2º Folder: Instrumento de Coleta- Folder com do Brasil a aplicação do método CLOZE.

4 Resultados e Discussões

Caracterizações dos participantes:

Tabela 1: Perfil sociodemográfico dos participantes

Identificação dos Participantes Gênero Faixa Etária Morador da Zona Oeste

Escolaridade

P1 Masc. 18 a 30 anos Sim Ens. Médio

P2 Masc. 18 a 30 anos Sim Ens. Superior

P3 Fem. 51 a 60 anos Sim Ens. Fundamental

P4 Masc. 51 a 60 anos Sim Ens. Médio

P5 Fem. 18 a 30 anos Sim Ens. Fundamental

P6 Masc. 41 a 50 anos Sim Ens. Médio

P7 Masc. 31 a 40 anos Sim Ens. Fundamental

P8 Masc. 18 a 30 anos Sim Ens. Médio

P9 Fem. 18 a 30 anos Sim Ens. Superior

P10 Fem. 41 a 50 anos Sim Ens. Superior

P11 Fem. 51 a 60 anos Sim Ens. Fundamental

P12 Masc. 51 a 60 anos Sim Ens. Fundamental

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P14 Fem. 41 a 50 anos Sim Ens. Superior

P15 Masc. 18 a 30 anos Sim Ens. Médio

P16 Fem. 31 a 40 anos Sim Ens. Médio

P17 Fem. 31 a 40 anos Sim Ens. Fundamental

P18 Fem. 41 a 50 anos Sim Ens. Médio

P19 Fem. 41 a 50 anos Sim Ens. Médio

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Com base na tabela 2, o perfil dos participantes tratou-se de 20 usuários dos Centros Municipais de Saúde, onde 55% são mulheres e 45% homens, com o grupo de faixa etária de 18 a 30 anos sendo a maior porcentagem, 35%, no qual 100% são moradores da zona oeste e apresentam em maior número, os participantes com o nível de escolaridade, ensino médio, 45%. Os resultados desse estudo revelam que pessoas com menor escolaridade apresentam maiores prevalências para o adoecimento. Resultados similares foram observados em outros estudos observaram, em um estudo realizado na Suécia, que quando comparados aossujeitos que tinham doze anos ou mais de escolaridade, os indivíduos de menorescolaridade tinham mais chances de referir maior falta de conhecimento de ações promotoras de saúde. Outras evidências no mesmo sentido foram observadas em investigações realizadas nosEstados Unidos , na África do Sul , no Paquistão, na Itália e no Brasil (Honjo et al., 2016). A escolaridade configura-se como a mais importante dimensão do capitalhumano e sua relação com a saúde refere-se ao seu papel de preditor de melhorescondições econômicas, como emprego, renda, posse de bens e acesso a serviços. Alémdisso, maior nível educacional facilita o acesso e a compreensão de mecanismos deprevenção, controle e recuperação de condições de saúde doença45. Por outro lado,baixa escolaridade está associada morbidade, mortalidade precoce e comportamentos não saudáveis (Cremonese, Backers, Olinto, & Pattussi, 2010).

Categorias:

Por meio da pesquisa realizada, a análise dos dados e conteúdos propiciou a elaboração de duas categorias baseadas nas perguntas do questionário e no resultado obtido através do teste Cloze. 1º Categoria: Nível de apreensão do folder modificado para prevenção de IST/AIDS baseada no teste CLOZE.

A compreensão em leitura, tal como exigida no teste de Cloze, depende, entre outras variáveis, da habilidade do leitor em estabelecer relações entre os elementos do texto e, também, de sua capacidade em desenvolver associações apropriadas entre o conhecimento anteriormente adquirido e a informação expressa (Bispo, 2016). A tipologia predominante é a narrativa, porém a descrição se faz bem presente, os verbos apresentam-se no pretérito, marcado por sequenciadores temporais. 57,6% das lacunas respondidas corresponderam ao resultado desejado - nível independe, considerando o percentual de corte supracitado de 56%. Ao passo que 42,4% não corresponderam as expectativas. A coluna, abaixo corresponde às lacunas que não atingiram o percentual de corte. Assim é possível perceber que as lacunas 3, 7, 15, 16, 17, 22 podem ser encaixadas no nível satisfatórios15% dos participantes obtiveram resposta corretas, pois a média atingida foi acima de 60% do total. Outros 15% dos participantes alcançaram entre 40 a 60%, o que indica que os participantes precisam de instrução complementar e 70% tiveram resultados abaixo de 40% o que aponta que o material escrito é difícil demais para o participante entender. A atual categoria relaciona-se com o nível de compreensão do participante, apresentados os resultados presentes, a ordem da tabela segue de acordo com a ordem da nomenclatura. A atual categoria relaciona-se com o entendimento que o participante teve mediante ao material instrucional a ele apresentado durante a entrevista, segundo relatos dos mesmos. Assim foram escolhidas quatro falas, com base na

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aproximação que as respostas tiveram com o tema proposto na categoria e quantitativamente foram apresentados os resultados presentes na Tabela 2 com base no teste CLOZE, a ordem da tabela segue de acordo com a ordem da nomenclatura. Para a construção da tabela nos baseamos no cálculo do teste de CLOZE. O escore bruto correspondente ao número exato de reposição das palavras. Para chegar ao escore final foi dividido o escore bruto pelo número de espaços em branco para determinar a porcentagem das respostas corretas.

Tabela 2: Resultado do Teste Cloze. Nomenclatura Escore

bruto/número de acertos

Escore Final Porcentagem

Participante 01 12 O,54 54% Participante 02 16 0,72 72% Participante 03 18 0,81 81% Participante 04 15 0,68 68% Participante 05 0 0 0 Participante 06 22 1 100% Participante 07 0 0 0 Participante 08 22 1 100% Participante 09 22 1 100% Participante 10 14 0,63 63% Participante 11 2 0,09 9% Participante 12 0 0 0 Participante 13 4 0,18 18% Participante 14 6 0,27 27% Participante 15 2 0,09 9% Participante 16 4 0,18 18% Participante 17 6 0,27 27% Participante 18 5 0,22 22% Participante 19 4 0,18 18% Participante 20 5 0,22 22%

Fonte: Pelas autoras, nos Centros Municipais de Saúde, em outubro de 2017.

Dentre os participantes 15% obtiveram resultados satisfatórios, pois a média atingida foi acima de 60% do total. Outros 15% dos participantes alcançaram entre 40 a 60%, o que indica que os participantes precisam de instrução complementar e 70% tiveram resultados abaixo de 40% o que aponta que o material escrito é difícil demais para a compreensão das orientações de prevenção da IST/AIDS do folder. Outro sim, os resultados indicaram ainda que a compreensão só se torna efetiva se o informante aliar o conhecimento linguístico a outros conhecimentos. Para que isso aconteçade forma mais eficaz é importante que o indivíduo amplie seu vocabulário e obtenha oconhecimento prévio adequado por meio de estratégias de leitura aliados ao conhecimento sistêmico da língua (Kleiman, 2012).

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1329 Perguntas norteadoras da categoria:

1-Você conhece o programa do ministério da saúde sobre IST/AIDS? 2-Se sim, como ficou sabendo?

3-Sabe como são transmitidas as IST? 4-Se sim, como?

“Nunca ouvi falarem dessas coisas nos postinhos...” (P3) “Desconheço esse programa...” (P5)

“Eu nunca ouvi falar em sífilis e HPV, mas lendo esse papel, eu acredito que eu possa ter uma delas, já que tenho dores quando vou ter relações, até mesmo quando ponho a mão e sinto que tem uma bolinha na entrada, ela vai e volta...” (P8)

“Muito difícil de entender viu? Pois elas são parecidas demais. E eu nunca fui informada por ninguém aqui no posto que tenha esse programa e olha que faço preventivos, meus exames tudo aqui...” (P14) A leitura representa ferramenta fundamental para a formação social e cognitiva do sujeito, o que o qualifica para sua inserção na cultura. A habilidade de leitura ocupa papel importante na vida humana. Constatou-se que partes dos participantes alegam não conhecer o programa do Ministério da Saúde, o que gerou estranheza ao lerem o material utilizado na pesquisa, fora a colocações feitas pelos mesmos, com relação à falta de compreensão a respeito das infecções sexualmente transmissíveis. Quanto à percepção dos usuários uma parte dos participantes demonstrou interesse pelo assunto, mas apresentam pouco conhecimento sobre o tema, não se preocupando em realizar os cuidados de prevenção. Com o alicerce teórico apresentado, podemos pensar sobre possibilidades de ampliação do cuidar, fundamentada na premissa de que todas as oportunidades que compreendem a comunicação entre os usuários e os profissionais dos serviços de saúde devem ser vistos como uma oportunidade para potencializar as intervenções de educação em saúde14.

Assim sendo, analisaremos a avaliação em saúde como espaço social, por meio de estudo empírico baseado em análise documental e elaboração da trajetória de importantes agentes envolvidos no desenvolvimento dessa área. (F.Bourdieu, 2010)

A partir disto, que a habilidade avaliada por este tipo de Cloze associa-se à recuperação do vocabulário disponível na memória de longo prazo. Por outro lado, quando as lacunas são construídas por um procedimento racional (eliminação de palavras que necessariamente requerem o uso dos elementos contextuais claramente identificáveis), a complexidade associou-se principalmente ao fator, a distância entre a lacuna e o contexto relevante ao seu preenchimento. 2 º Categoria: Impacto do material instrucional, no dia a dia de promoção em saúde do participante.

Esta categoria tem por objetivo descrever o impacto que o material instrucional trouxe no momento em que o participante passou a ter ciência do conteúdo nele exposto, se a linguagem é adequada e se o mesmo terá novos comportamentos mediante a prevenção. Com base nisso foram escolhidos quatro discursos, baseando-se na aproximação que as respostas tiveram com o tema proposto na categoria.

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1330 Perguntas norteadoras da categoria:

1-As informações contidas no folder te ajudaram a ter novos conhecimentos ou esclarecer dúvidas sobre as IST?

2-A partir das informações contidas no folder, você teria novas atitudes e comportamentos de prevenção às IST no seu dia a dia?

3-O texto e as imagens presentes no material impresso facilitam ou dificultam seu entendimento?

4-Sobre a linguagem utilizada, você se sentiu confortável? O material usa a linguagem/estilo do seu dia a dia em textos e imagens?

“A linguagem é muito difícil e a imagem não deixa claro o que quer ser passado.” (P1)

“Eu acredito que a divulgação deva ser contínua sabe? Porque as pessoas devem saber mais sobre a prevenção dessas doenças, eu particularmente estou por fora, então não tenho certa noção de como me prevenir totalmente...” (P7)

“... Essa fita me lembra câncer de mama, não entendi o porquê dela está nesse papel...” (P12)

“Achei fácil a leitura e agora que li esse material vou mudar algumas atitudes, passar a usar preservativo...” (P6)

Atestou-se que os participantes quando questionados de como o material sensibilizoucerca da prevenção das IST/AIDS, todos tinham a consciência da importância sobre o tema, e também a questão da ausência de informações complementares ao folder distribuídos na unidade, nas quais deveria ter sido passada a eles, pelos profissionais da saúde. Bourdieu (2010), refere que o modelo de relações proposto entre as noções de habitus e campo, fornecendo aos profissionais de maneira rigorosa avaliação de programas, serviços e tecnologias de educação em saúde podendo ser compreendida como a abordagem sistemática de determinadas práticas sociais (saúde incluída) visando realizar um julgamento dentre muitos possíveis – o que equivale a reconhecer que há muitas outras formas de estabelecer juízos em tornos das práticas em saúde. É fato reconhecido que parte do insucesso alcançado pelas campanhas educativas com material impresso, se deve a que se parte do princípio de que o receptor da mensagem é aquele que nada sabe sobre o tema em questão. Expropriados de seus valores, expectativas, crenças e saberes, os profissionais da saúde e a comunidade tornam-se objeto do processo, uma folha em branco, na qual se pretende imprimir um comportamento desejado (Moraes et al., 2013). O fracasso das práticas desenvolvidas sem o envolvimento da população-alvo revela, na verdade, o profundo desconhecimento dos planejadores da saúde sobre o universo de representações do indivíduo, sua forma de conceber a vida, o trabalho, a saúde e o seu conhecimento prévio sobre o tema a ser ensinado (Siqueira & Zimmer, 2006).

A experiência proposta para observar os aspectos cognitivos e ou metacognitivos de leitura a partir da aplicação do teste Cloze foi inovadora, com o uso de um instrumento simples e eficiente para desenvolver ashabilidades leitoras dos usuários das unidades e averiguar o nível de proficiência de cada um (Dias, Fernanda Goulart Ritii, Silveira, 2014).

Considerando a relevância da ferramenta e as contribuições expressivas para odesvelado processo que a leitura, aproveito para indicá-la a todos os profissionais quetrabalham com a educação em saúde, em especial aos da área de saúde preventiva. A experiência mostrou que épossível e viável realizar um diagnóstico da compreensão leitora a partir desse instrumento. Enfim, o diagnóstico de

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leitura deve ser imprescindível, quer seja através do teste cloze, quer seja por meio das questões de múltiplas escolhas - usadas em larga escala- oumesmo por meio do protocolo verbal para estabelecer um pano estratégico de intervençãono sentido de contribuir para reverter os índices baixos no processamento de leitura e dacompreensão e na busca continua e incessante por formar leitores independentes, autônomos,críticos e criativos.

5 Considerações Finais

Diante do exposto pode-se dizer que a educação em saúde tem de cooperar para que haja um processo de qualificação da população para que possam atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, abrangendo uma participação maior na administração desse processo. Esse conceito direciona a população a deixar de ser vista somente como alvo dos programas, passando a apropriar-se de um posicionamento de atuante nos problemas a apropriar-serem enfrentados.

Contudo, de acordo com os resultados obtidos nas entrevistas com os usuários dos Centros Municipais de Saúde, as ações que compõem a realidade ainda são extremamente influenciadas pelo padrão do modelo biomédico tradicional que se trata de diagnosticar e tratar a doença, já que grande parte dos participantes não tinha conhecimento de prevenção, ou de conhecimento básico necessário sobre as IST/AIDS.

O estudo trouxe novas informações sobre a viabilidade de utilização da técnica de Cloze, reafirmando sua boa qualidade como instrumento para a avaliação de compreensão em leitura. Como alternativa para esse processo avaliativo, será importante que as avaliações permitam contemplar as variáveis de contexto da saúde para identificar/testar ajustes na oferta de serviços e na organização dos programas e sistemas de saúde que contemplem as especificidades da construção das redes e regiões de saúde de acordo com as realidades locais.

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