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Lixo hospitalar: na estrutura curricular de cursos superiores de saude na cidade de Imperatriz – MA

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LIXO HOSPITALAR: NA ESTRUTURA CURRICULAR DE CURSOS SUPERIORES DE SAÚDE NA CIDADE DE IMPERATRIZ –MA.

1. Dany Geraldo Kramer Cavalcanti e Silva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Núcleo de Ensino / Santa Cruz / RN. dgkcs@yahoo.com.br. R. Praia Alagamar 2193, Ponta Negra, Natal – RN, CEP: 59094-580.

2. Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior – Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Departamento de Análises Clínicas.

3. Aurean de Paula Carvalho – Doutorando da Universidade Federal de Campina Grande. Prof. da Escola Agrotécnica Federal de Araguatins – TO.

4. Anésio Mendes de Sousa. Prof. MSc – Escola Agroténica Federal de Araguatins – TO. 5. Bianca Caroline da Cunha Germano – Médica – INSS – RN.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar o grau de conhecimento do educando e as diferentes abordagens curriculares em cursos superiores na área de saúde (Enfermagem, Farmácia e Administração Hospitalar) em Imperatriz – MA, referente a itens sobre lixo hospitalar. Quando analisados os questionários e documentos pôde – se observar, que os cursos em análise necessitam rever suas abordagens e adotar novas práticas pedagógicas no tocante a elementos de gestão de resíduos hospitalares no serviço de saúde, visando a uma melhor formação dos futuros profissionais nessa área do conhecimento, principalmente no que se refere aos aspectos ligados à legislação e gestão minimizando riscos a saúde pública e ambiental.

Palavras-chave: Lixo Hospitalar; Estrutura curricular; Cursos de saúde;

Imperatriz/MA.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade, os maiores problemas de saúde que os homens enfrentaram sempre estiveram relacionados à natureza da vida em comunidade, seja ela urbana ou rural. O crescimento populacional levou ao aumento da demanda por serviços de saúde, fato que acabou contribuindo para ampliar as necessidades de recursos materiais e humanos num setor que reconhecidamente passa por constantes crises, carências, além de formações acadêmicas com diferentes níveis e deficiciências.

Com relação à oferta de vagas neste setor, tem-se observado um aumento no número de vagas nas mais variadas áreas de atuação, tanto em nível técnico como superior, principalmente no setor privado em anos recentes.

Em 2002 constava junto ao Ministério da Educação, registrado aproximadamente 1575 cursos superiores na área de saúde e bem estar em suas diversas modalidades, contudo, apresentando maior concentração na região sudeste, no entanto, o Estado do Maranhão apresentava apenas 16 cursos. Nos anos subseqüentes surgiram inúmeros cursos novos no país, incluindo-se a cidade de Imperatriz, que já apresentava mais de dez cursos na área de saúde e bem estar.

Cursos estes, em sua maioria, com organização curricular integrada, preconizando a formação generalista, crítica, reflexiva e transformadora da realidade. Contudo, observam-se as dificuldades na busca desenfreada para alcançar este perfil, uma vez que há uma tendência tecnicista, especializada, elitista e alienada da realidade do mundo do trabalho (LEMOS, 2004).

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Podemos observar que algumas destas dificuldades englobam também a gestão de resíduos do serviço de saúde (RSS), principalmente pela superficialidade que a temática é abordada e como vem sendo tratado na maioria dos cursos de saúde e bem estar.

Os Resíduos do Serviço de Saúde que podem ser comumente denominados como aqueles gerados por unidades prestadoras de serviços de saúde, como farmácias, laboratórios, hospitais, clínicas e áreas correlatas, apresentam grande importância por visto apresentar riscos que possa carrear aqueles que os manipulam, pois apresentam variada natureza, sendo, contudo em sua maioria resíduos comuns e de grande importância econômica, uma vez que os custos operacionais de gestão do mesmo (RSS) são de responsabilidade da unidade geradora em muitas cidades do país (IPT, 2000; WHO, 1999).

Estes resíduos apresentam crescente produção e grande preocupação junto às secretárias de saúde e meio ambiente dos municípios brasileiros, segundo Silva et al. (2003), é devido a suas propriedades químicas, físicas e biológicas que podem acarretar riscos à saúde pública e ao meio ambiente, bem como, a comunidade hospitalar (os funcionários, pacientes, manipuladores e catadores de lixo, e o público em geral), seja pela exposição direta ou indireta.

Neste contexto a presente trabalho de pesquisa teve como objetivo

verificar e analisar a estrutura curricular e o nível de conhecimento obtido por alunos dos cursos superiores da área de saúde, ministrados por Faculdades sediadas na cidade de Imperatriz – MA, referente à gestão de Resíduos do Serviço de Saúde.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Durante o século passado, houve crescimento populacional

acompanhado da prestação de serviços na área de saúde, acarretando um aumento do consumo de produtos equipamentos e serviços para o tratamento de pacientes, sejam estes intra ou extra-hospitalares, levando a uma maior produção de resíduos (PATIL, 2001). Exigindo-se, assim maior atenção e preparo por parte do profissional, e um rearranjo das unidades de saúde para lidar com seus resíduos, uma vez que leis como a RDC no 306/2004 da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) vêm aumentando as cobranças e as responsabilidades destas instituições.

Considerando estes aspectos, constatamos que tanto os profissionais destas unidades devem estar preparados para esta nova conjuntura ao exigirem das instituições de ensino, projetos pedagógicos educativos que proponham práticas pedagógicas enriquecedoras do processo de ensino-aprendizagem que vislumbres este novo cenário e possibilite que o estudante possa compreender criticamente e de forma contextualizada estabelecendo uma maior interação entre teoria e prática (LALUNA et al., 2003), incluindo-se os elementos de gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS).

Frankenberg et al. (2000) comentam a necessidade de inúmeras instituições atenderem ao binômio cliente/qualidade, buscando diferenciação de mercado, conformidades legais e ganhos de marketing através da preocupação institucional com o meio ambiente e melhoria de seus serviços prestados, incluindo-se destinação adequada de seus resíduos. O mesmo

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raciocínio se aplica às instituições de saúde, onde o adequado gerenciamento das operações, em especial as de hospitais, que no Brasil somam 5842 unidades credenciadas ao SUS, devem ser aplicados, levando-se em conta o tipo de serviço oferecido e o tipo de resíduo gerado (DATASUS, 2003).

O planejamento de um sistema de gestão para RSS deve cobrir não apenas os aspectos técnicos, tais como manipulação de resíduos, estoque, transporte, tratamento e disposição, mas também os recursos humanos, aspectos financeiros, definição de responsabilidades sócio-ambiental e o cumprimento dos papéis que definem a inspeção e controle de todos os componentes essenciais para sustentar as operações do sistema de gestão (WHO, 2002).

Existem no Brasil as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que norteiam padrões de classificações e práticas de gestão dos Resíduos Hospitalares, sendo a NBR 12808/93, delineia uma das classificações normativas. O Conselho Nacional de Meio Ambiente reformulou a Resolução No 283/2001, publicando em abril de 2005 a Resolução No

358/2005, dispondo sobre o tratamento e a disposição final dos Resíduos Hospitalares, bem como uma nova classificação destes resíduos em relação à resolução anterior.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) adotou a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC no 33 de 25 de fevereiro de 2003

-Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Esta RDC foi revista e publicou-se por necessidade de aprimoramento e revisão a RDC 306, em 07 de dezembro de 2004, na qual traça normas de gestão de Resíduos do Serviço de Saúde, cabendo as secretarias estaduais, municipais e do Distrito Federal, em conjunto com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – 6.05, no que lhe for pertinente divulgar, orientar e fiscalizar a aplicação deste regulamento.

Os resíduos hospitalares apresentam inúmeros riscos, entre os quais se destacam os de natureza química e toxicológica; infecciosos e radioativos. Quanto aos riscos infecciosos refere-se a matérias que tenham estado em contado com pacientes portadores de patologia infecciosa (LEE, 1996; MATO & KASEVA, 1999), devendo conter patógenos com suficiente virulência e quantidade, que resultem em doenças infecciosas quando expõem o homem ou animal a eles (OPAS, 1997).

Os resíduos radioativos de unidade de saúde podem estar no estado líquido, sólido e gasoso e serem produzidos, por exemplo, durante práticas de medicina nuclear, radio-imunoensaio e bacteriológicos entre outros (NHRMC, 1999).

3. RESÍDUOS HOSPITALARES NA CIDADE DE IMPERATRIZ-MA

O município de Imperatriz localiza-se no oeste do Estado do Maranhão, na microregião 38. Tendo como limites os municípios de Cidelândia, São Francisco do Brejão, João Lisboa, Davinópolis, Governador Edílson Lobão e com o Estado do Tocantins. “Está Situada a 639 quilômetros da capital com as coordenadas geográficas 5°31’32”; latitude; 47o26’35” longitude, com altitude média de 92 metros acima do nível do mar e área geográfica de 1.538,21 km2,

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A população da cidade de Imperatriz apresenta em torno de 232.256 habitantes, segundo dados coletados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2005). A infra-estrutura hospitalar é constituída de 26 hospitais, 08 postos de saúde municipais e 09 centros de saúde municipais. Os resíduos domésticos e hospitalares produzidos na cidade de Imperatriz tem sua coleta custeada pela prefeitura de Imperatriz/MA, não seguindo a recomendação da RDC no 306 da ANVISA.

Segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Infra-estrutura e Transporte de Imperatriz/MA, há uma produção diária de resíduos sólidos estimada em 280 toneladas, que equivale a 0,82 kg por habitantes dia, sendo maior que a média nacional que está próxima dos 0,65kg/hab.

Relacionado à produção dos resíduos do serviço de saúde, o município produz diariamente 1,5 toneladas aproximadamente, sendo recolhido, segundo a secretária municipal, por veículos tipo furgão adaptados e diariamente encaminhados para o depósito municipal de resíduos, localizado na zona de expansão Norte I, a 15 km do centro da cidade. Resíduos provenientes de hospitais, clínicas, postos de saúde e demais estabelecimentos do setor público e privado são transportados ao lixão pelos órgãos de limpeza municipal, sem contrapartida das fontes geradoras.

Observou-se a inexistência de legislações especificas para a regulamentação gerencial de resíduos sólidos no município, inclusive os de origem hospitalar, no entanto, faz uso do código de postura municipal (Lei no

850/97) como única referência local (IMPERATRIZ, 1997).

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

O objetivando desenvolver uma análise da estrutura curricular dos cursos da área de saúde oferecidos pelas Faculdades sediadas na cidade de Imperatriz, bem como, avaliar o nível de conhecimento de alunos destas faculdades através da aplicação de questionários de entrevista junto a alunos que cursavam pelo menos o 5º semestre, foram aplicados questionários envolvendo itens relacionados à gestão de resíduos hospitalares, seguido de pesquisa de campo com observação “in locu” no lixão municipal de Imperatriz -MA.

a. Análise bibliográfica

Definiu-se o como objeto de estudo a estrutura curricular de três Faculdades que oferecem cursos superiores da área de saúde, sendo eles (Administração Hospitalar, Enfermagem e Farmácia), onde foi avaliada a presença de disciplinas com enfoque ambiental ou de gestão de resíduos hospitalares.

A analise bibliográfica constituída por livros, periódicos, legislações e normas sobre a temática aludida fundamentaram os resultados deste estudo de pesquisa.

b. Pesquisa de campo

A pesquisa de campo e as informações técnicas obtidas por entrevistas aos estudantes, profissionais e coordenadores dos cursos foram de natureza

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exploratória para posterior interpretação e análise dos dados. Por fim visitou-se o lixão municipal.

4.1 Tabulação dos dados

Este estudo utilizou-se de dados primários e técnicas estatísticas para geração dos gráficos e tabelas representativas da varáveis observadas, as quais foram submetidas à análise estatísticas de clusters. Este estudo discute a percepção, características, ações ou opiniões de um determinado grupo de pessoas indicadas como representantes de uma população alvo por meio da aplicação de questionário e entrevistas como ferramenta de pesquisa (GIL, 1991; KVANLI et al. 1996).

a. População e amostra

Os participantes dessa pesquisa foram selecionados, preferencialmente, pela população discente e docente pertencente às faculdades da área de saúde sediadas em Imperatriz - MA. Sendo escolhidos cursos, com maior tempo de atividade.

O Curso de Administração hospitalar participou da pesquisa por estar dentro do perfil adequado à investigação e por assumir a responsabilidade gerencial das instituições de saúde. O curso de Enfermagem por formar profissionais ligados diretamente ao atendimento da população e atuam em diversos setores do hospital, fazendo inclusive parte da maioria das comissões internas destas instituições. E por fim, o terceiro curso foi o de farmácia, por serem profissionais envolvidos na gestão de medicamentos, saneantes e participarem comumente de comissões hospitalares.

Os cursos analisados somaram amostra total de 100 alunos, escolhendo-se as turmas em períodos mais avançados, que poderiam ter maior probabilidade de vivência com o tema abordado.

b. Instrumento de coleta de dados

O principal instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário constituído de perguntas do tipo “fechada” (com uma única resposta entre várias opções possíveis) formuladas em um modelo do tipo “Escala de Likert”, envolvendo onze pontos, ou seja, aquelas que devem ser analisadas dentro de um tipo de escala de mensuração, pois as prioridades variam de acordo com o posicionamento do entrevistado cuja qualificação das respostas possíveis foi variável em função de cada questionamento aplicado (CHIAMENTI, 2003; FREITAS et al. 2000; GIL, 1991.).

Neste estudo foram utilizadas 23 variáveis, separadas por grupos de forma a facilitar a análise, sendo assim definidas: Gestão de resíduos (GR) e perfil (PERFIL). Após recolhimento dos questionários os dados foram tabulados e analisados de forma descritiva com valores absolutos e dos percentuais obtidos, objetivando revelar a percepção dos entrevistados sobre os fatores de competitividade no setor estudado, abordados na forma de tabelas e gráficos baseados em dados amostrais coletados, onde foram considerados os vários atributos e suas respectivas dimensões.

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O trabalho foi desenvolvido em duas etapas. A primeira com levantamento e bibliográfico para confrontação dos dados pesquisados e aplicação de um teste piloto com 10 alunos de cursos de saúde escolhidos aleatoriamente. A segunda etapa seguida da distribuição e posterior coleta dos questionários junto à população estudada.

Tratando-se de pesquisa survey, a análise dessa fase da pesquisa demandou procedimentos pertinentes, destacando-se a análise estatística de cluster, correlaciona as diversas variáveis pertinentes ao estudo e sendo apresentados os resultados em gráficos e tabelas e a partir do software S-Plus statistic versão 6.0.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dentre os 100 alunos entrevistados que correspondem ao universo pesquisado, foram recolhidos 92 questionários, sendo que seis (06) foram devolvidos em branco e dois (02) com menos de 50% das variáveis respondidas, o que se levou a desconsiderá-los do grupo estudado, obtendo-se desta forma uma taxa de retorno de 92%, mostrando-se estatisticamente excelente para este tipo de pesquisa que se enquadra em torno de 15%.

5.1 Resultados da pesquisa de campo

a. Pesquisa de campo (análise da gestão de resíduos)

A infra-estrutura hospitalar do Município de Imperatriz/MA é constituída de 26 hospitais, 08 postos de saúde municipais e 09 centros de saúde municipais, com uma produção diária de resíduos de 1500 quilos aproximadamente, sendo recolhido, segundo a secretária municipal, por veículos tipo furgão adaptados diariamente e encaminhados para o depósito municipal de resíduos, localizado na zona de expansão Norte I, a 15 km do centro da cidade.

A legislação recomenda inúmeras ações relativas à gestão adequada destes resíduos, tais como coleta separada dos demais grupos, separação do material perfurocortantes em recipientes adequados, disposição em locais isolados sem acesso de catadores ou curiosos, coleta sob responsabilidade das instituições de saúde e identificação dos sacos coletores como lixo hospitalar.

Contudo, pouco destas práticas foram observadas durante a pesquisa de campo no município de Imperatriz/MA. Em primeiro lugar não se observou existência de legislações locais específicas para regulamentação da gestão deste tipo de resíduo, mostrando-se uma deficiência a ser corrigida, pois permitiria o norteamento legal destas práticas. A coleta hospitalar é custeada exclusivamente pelo município, e encaminhado ao lixão municipal, onde se verificou falhas de acondicionamento, transporte, descarte e queima destes resíduos.

b. Pesquisa de campo (análise curricular e entrevista)

Em visita a duas faculdades obtivemos as grades curriculares dos três cursos em estudo (Farmácia, Administração Hospitalar e Enfermagem) para posterior análise. Os coordenadores nas respectivas faculdades foram questionados a cerca de aspectos ligados a gestão de resíduos hospitalares,

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os mesmos demonstraram bastante interesse e preocupação com relação à formação de seus alunos.

Na análise da grade curricular do curso de farmácia não há disciplinas especificas ao meio ambiente ou para a gestão de resíduos hospitalares, sendo, no entanto abordados alguns aspectos durante o curso em algumas disciplinas da grade.

O curso de Enfermagem apresenta uma disciplina relacionada a Ecologia que aborda alguns aspectos deste tópico, mas também não apresenta disciplinas específicas para a gestão de resíduos ou gestão ambiental.

O curso de administração hospitalar também não apresentou disciplinas especificas voltadas as gestões de resíduos hospitalares, sendo também um item abordado ao longo dos períodos.

Pode-se inferir que estes cursos não apresentam tópicos específicos de formação acadêmica voltadas a elementos de gestão de resíduos hospitalares, o que naturalmente poderia contribuir muito para mudança de comportamento e ações nos profissionais de saúde da região, uma vez que, serão eles os agentes de ação dentro destas instituições no futuro. Pode assim, auxiliá-las na implantação de um sistema de gestão de resíduos, com:

- redução dos indicies de infecção hospitalar;

- redução do volume final de resíduos contaminados quando segregados adequadamente;

- redução dos acidentes de trabalho com estes tipos de resíduos;

- redução de custos com tratamento de infecções e com gestão de resíduos; - redução de riscos ambientais e a saúde pública.

5.2 Análise descritiva dos dados amostrais tabulados

Na análise descritiva se definiu o perfil dos 92 entrevistados, quanto ao sexo; faixa etária; renda salarial; curso e período do curso. Relacionado ao sexo cerca de 78% dos entrevistados foram do sexo feminino, já a faixa etária dos alunos entrevistados apresenta-se por volta de 61,53% com menos de 20 anos caracterizando-se um universo predominante do sexo feminino e jovens com até os 20 anos.

Quanto aos percentuais de entrevistados por curso obteve-se: Farmácia (34,78%), Enfermagem (29,34%) e Administração Hospitalar (35,88%). A renda salarial predominante, dentre os respondentes, manteve-se entre 1000 a 3000 R$ com 40,50%.

Quanto ao tempo de curso, os alunos de enfermagem e farmácia, há um predomínio de alunos do terceiro ano, já os de administração hospitalar predominou com alunos no quarto ano, sendo estes escolhidos por serem as turmas mais avançadas em termos de disciplinas nas faculdades analisadas.

Quando questionados sobre o número de hospitais que estagiaram, cerca de 93,47%, responderam não ter estagiado ou ter estagiado uma vez, mostrando assim, pouco contato por parte do grupo investigado com a rede de saúde local.

Mesmo com pouca vivência hospitalar, 95,65% dos entrevistados consideraram o sistema de gestão de resíduos do serviço de saúde em Imperatriz precário, fato observado em diferentes pontos pela equipe de pesquisa, principalmente referente a prática de descarte final inadequada e ausência de legislação especifica para tal.

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Os entrevistados foram questionados quanto ao nível de aprendizado, numa escala de 0 a 4 (0-baixo; 1-regular; 2-médio, 3-bom e 4-ótimo), nos seus cursos de graduação quanto a identificação dos tipos de resíduos (A tip rss); Legislações nacionais e locais aplicadas ao lixo hospitalar (A Leg rss); Riscos a saúde pública e ao meio ambiente advindas do lixo hospitalar (A risco) e possibilidade de treinamento e capacitação de pessoal para manejo de resíduos (A tr e ca).

Observou-se que a maioria dos entrevistados respondeu não ter bom ou ótimo aprendizado para estes itens, como ilustrado na figura 01. Este dado mostra a necessidade de abordagens mais aprofundadas nos cursos de saúde da cidade de imperatriz, no que se refere à gestão de resíduos, para que estes profissionais possam auxiliar no manejo adequado destes resíduos nas instituições que prestarão serviços.

Fig. 01: Percentual dos entrevistados quanto ao Nível de aprendizado sobre tipos de resíduos (A tip rss); Legislações nacionais e locais (A Leg rss); Riscos a saúde pública e ao meio ambiente dos RSS (A risco) e treinamento e capacitação (A tr e ca).

Os entrevistados responderam, ainda, quanto ao nível de aprendizado, numa escala de 0 a 4 (0-baixo; 1-regular; 2-médio, 3-bom e 4-ótimo), nos seus cursos de graduação quanto a segregação de resíduos (A seg rss); Tratamento de resíduos (A T rss); Acondicionamento de resíduos hospitalares (A Ac res) e descarte destes resíduos (A des res). Em todas estas variáveis o nível de aprendizado citado pelos entrevistados foram considerados baixos, perfazendo mais de 70% sem aprendizado adequado (Fig. 2).

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Fig. 2: Percentual dos entrevistados quanto ao Nível de aprendizado nos cursos de graduação quanto à segregação de resíduos (A seg rss); Tratamento de resíduos (A T rss); Acondicionamento de resíduos hospitalares (A Ac res) e descarte destes resíduos (A des res).

Questionou-se ainda a importância de uma disciplina voltada a gestão de resíduos para a formação profissional dos entrevistados (Imp dis ges); o nível de facilidade que eles teriam para elaborar um plano de gestão de resíduos hospitalares (Ela Gest) e o nível de conhecimento sobre a RDC no 306

da ANVISA (Conhe RDC), na mesma escala de análise anterior (0-4).

A importância de uma disciplina voltada à gestão de resíduos foi apontada por 95% dos entrevistados como importante para a formação profissional, mostrando assim a necessidade de modificações nas abordagens das estruturas curriculares com o intuito de possibilitar uma melhor formação por parte das faculdades de saúde.

Quando nos referimos à elaboração de um plano de gestão de resíduos, apenas 18% alegaram ter facilidade em desenvolvê-lo caso requisitado, somando-se a isso apenas 12% alegaram ter um grau de conhecimento satisfatório da RDC no 306 da ANVISA, o que reforça o dado anterior de oferta

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Fig. 3: Nível de aprendizado dos alunos dos cursos de graduação quanto a importância de uma disciplina de gestão de RSS (Imp dis ges); o nível de facilidade de elaborar um plano de gestão de rss (Ela Gest) e o nível de conhecimento sobre a RDC no 306 da ANVISA (Conhe RDC)

Alguns questionamentos sobre possibilidades de práticas (0 Incineração; 1 Reciclagem; 2 Compostagem; 3 Descarte e 4 -Esterilização) foram feitas para os seguintes itens: resíduos radioativos (Prat Res Rad); resíduos de cozinha (Prat res da coz); resíduos de escritórios (Prat res de esc) e resíduos biológicos (Prat res bio).

A maioria dos entrevistados alegou que todos estes grupos deveriam ser encaminhados para incineração ou para reciclagem, confirmando uma resposta inadequada com a prática recomendada pelas legislações vigentes.

5.3 Análise de grupo

Como forma de análise de agrupamento, foi utilizada a análise de cluster, sendo estudadas 17 variáveis do questionário, comparando-as entre si, utilizou-se como critério de significância para composição dos agrupamentos (clusters) o nível de probabilidade p  0,05, as demais variáveis presentes no questionário não foram comparadas por não serem escalonadas de 0 a 04.

Pela análise de variância podemos observar que as variáveis, A TIP RSS; A LEG RSS; A RISCO; A TR E CA; A SEG RSS; A T RSS; A AC RES; A DES RES; CONHE RDC; e PRAT RES DA COZ, apresentaram nível de probabilidade p  0,05. Pelo critério de significância adotado, essas variáveis constituem-se em 02 grupos de clusters selecionados. Com esse conjunto de variáveis, realizou-se nova análise de variância estando a variável PRAT RES DA COZ com P = 0,450519, estando portanto fora do padrão estabelecido.

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Uma terceira análise de variância foi efetivada, com as demais variáveis restantes, obtendo-se o padrão esperado, permitindo assim a análise de cluster, onde se observa dois clusters (Fig.04).

O Cluster 1 constituído de 58 casos, caracteriza-se por apresentarem níveis de baixo nível de aprendizado sobre as práticas de gestão de resíduos durante o curso de graduação, além de pouco conhecimento sobre a RDC no

306 da ANVISA. O cluster 2, constituído de 27 casos, caracteriza-se por apresentarem médio nível de conhecimento sobre os itens supracitados.

Fig. 04: Análises de cluster 01

Essa análise confirma a avaliação feita na parte descritiva, mostrando,

necessidade de melhor formação desses profissionais no que se refere a gestão de resíduos hospitalares. Novas análises de variâncias foram desenvolvidas, buscando-se correlacionar a interação entre outras variáveis, observou-se correlação entre as variáveis A LEG RSS; ELA GEST e CONHE RDC.

Observou-se com esta interação a formação de dois novos clusters: cluster 2 (51casos) e Cluster 1 (39 casos) – (FIG. 05). O Cluster 1 se caracteriza por conter indivíduos com médio conhecimento sobre legislação de resíduos hospitalares (A LEG RSS), média facilidade de elaborar plano de gestão de resíduos (ELA GEST) e médio conhecimento sobre RDC no 306 da

ANVISA.

O cluster 1 apresenta baixo nível de conhecimento sobre legislação de resíduos, incluso a RDC no 306 e baixa facilidade para elaboração de um plano

de gestão de resíduos hospitalares. O cluster 2 apresenta níveis ainda mais baixo relacionado as variareis citadas anteriormente.

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Fig. 05: Análises de cluster 02 6. CONCLUSÕES

Podemos concluir que o sistema de gestão de resíduos hospitalares da cidade de Imperatriz/MA, apresenta falhas, com necessidade de criação de normas regulamentadoras locais, estimulo a gestão intra hospitalar com segregação e acondicionamento adequado, além de descarte apropriado, uma vez que no lixão observou-se o despejo destes resíduos sem a recomendação adequada e cumprimento das normas existentes no país.

Relacionado a análise curricular dos três cursos estudados a partir de entrevistas com coordenadores destes cursos, verificou-se que existe a preocupação destas faculdades na formação multidisciplinar de seus alunos, contudo ainda faz-se necessário ajustes visando melhor formação relacionada a elementos de gestão de resíduos do serviço de saúde, fato comprovado com análise dos questionários aplicados aos alunos.

A maioria dos estudantes teve pouca vivencia hospitalar, necessitando de maior número de estágios durante sua formação, embora aleguem baixa qualidade da gestão de resíduos hospitalares desenvolvidos na cidade de Imperatriz.

No tocante ao aprendizado sobre diversos elementos de gestão de resíduos hospitalares, durante seus cursos de graduação, a maioria apresenta pouco aprendizado. Os mesmos citam ser muito importante a oferta de disciplinas voltadas a gestão destes resíduos para a sua formação profissional. Os resultados da análise apontam para o baixo aprendizado dos alunos dos cursos de saúde avaliado, pois a maioria citou ter desconhecimento de legislações aplicadas a gestão de resíduos, sobre práticas corretas a serem aplicados a determinados tipos de resíduos hospitalares bem como dificuldade para treinamento de pessoal e elaboração de manual de gestão de resíduos hospitalares.

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Portanto, os cursos de superiores analisados precisam buscar a adoção de novas práticas pedagógicas no tocante a elementos de gestão de resíduos do serviço de saúde, buscando-se a formação de profissionais aptos a atuar de forma apropriada nas instituições hospitalares no município e região, diagnosticando, revendo práticas pedagógicas, implantando e sugerindo novas ações de práticas de gestão de resíduos que culminem em ganhos ambientais, sociais e econômicos para as instituições de saúde e a comunidade em geral.

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Referências

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